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Ijuí (RS)
2019
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Ijuí (RS)
2019
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AGRADECIMENTOS
RESUMO
ABSTRACT
The purpose of the present study is to analyze the right to privacy in the face of digital
daily violation and thus to verify the meaning of privacy and the differences between
privacy and intimacy, according to the Federal Constitution of 1988 and the
infraconstitutional legislation. With regard to the violation of the principle of the dignity
of the human person, it is sought to demonstrate from the misuse of someone else's
computer device, the need to know what legal measures exist to protect privacy in the
face of exposure on the Internet. The work reflects on the right to privacy and use of
the internet: legal protection measures, studying the violation of the right to privacy and
the use of the internet, as well as the violation of alien computer devices and the right
to privacy. Finally, the objective is to evaluate the digital daily life and the regulation of
coexistence in the virtual society and the preservation of the right to privacy (Law
12.965 / 2014) and the legal protection measures and the position of the Superior
Courts
Keywords: Right to privacy; Principle of the dignity of the human person; Use of the
internet; Digital daily life.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO............................................................................................................ 8
CONCLUSÃO............................................................................................................ 36
REFERÊNCIAS......................................................................................................... 38
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INTRODUÇÃO
O presente estudo teve como objetivo geral analisar o direito à privacidade face
à sua violação no cotidiano digital, por isso a pesquisa, no que tange à análise
bibliográfica, será do tipo exploratório. Utilizou-se no seu delineamento a coleta de
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Para dar início ao debate sobre esta questão se faz necessário compreender
efetivamente o conceito de intimidade e o conceito de privacidade, que como já se
afirmou, são diferentes. Intimidade vem do latim intimus enquanto que privado, de
privatus, sendo que a primeira carrega a concepção de confidencial, de interior,
considerando que está acompanhada de sentido subjetivo, relacionada a desejos e
pensamentos, e o segunda relaciona-se com o que pertence, sempre acompanhado
da perspectiva de particular, próprio (NOVELINO, 2013).
Desta forma, portanto, quando se discute intimidade estão envolvidos temas
como o caráter e também as qualidades de uma pessoa, além do que pode ser de
conhecimento somente do próprio indivíduo, sem publicidade. Aqui estão relações
subjetivas incluindo relações familiares e amizades. Se considerar privacidade, sem
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Este debate permite inferir que existe uma permissão à informação que
somente pode ser concedida por este, então fatos íntimos, vida familiar, lugar de
morar, vida amorosa, lembranças de família, estão entre os elementos que somente
poderão ser disponibilizados mediante permissão, evitando assim embaraço e
constrangimento, conforme lições de Sarlet et al., 2017). Neste ponto, ainda se discute
o interesse coletivo e o interesse individual e são aspectos que precisam ser
analisados e estar em constante discussão, pois a cada dia, mais e mais casos
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surgem de violação, via internet, da vida privada e intimidade das pessoas, sem que
estas deem seu consentimento.
Em primeiro lugar, deve-se mencionar que o direito à privacidade faz parte dos
direitos e garantias fundamentais constantes no ordenamento jurídico internacional e
nacional. Significa que, dentre os direitos fundamentais “[...] que dizem respeito à
proteção da dignidade e personalidades humanas, o direito à privacidade (ou vida
privada) é um dos mais relevantes, embora nem sempre tenha sido contemplado nas
constituições, ao menos, não expressamente.” (SARLET, 2017, p. 445). A Declaração
do Homem e do Cidadão de 1789 estabelece que:
Para tal proteção, a Constituição Federal, como ainda ocorre com grande parte
das Constituições em vigor, embora faça referência no art. 5º, XII, ao sigilo das
comunicações de dados, não contempla expressamente um direito humano
fundamental à proteção e livre disposição de dados pelo respectivo titular. A proteção
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de dados pessoais, por outro lado, encontra salvaguarda parcial e indireta mediante a
previsão da ação de habeas data (art. 5º, LXXII, da CF) (SARLET et.al, 2017).
A exposição exagerada nas redes sociais, de modo geral, hoje em dia,
extrapola limites e direitos com relação à privacidade, à inviolabilidade, à liberdade, e,
consequentemente, à proteção à vida privada, sendo cada vez difícil delimitar de que
forma assegurar tais direitos sem infringir outros (SARLET et.al., 2017). De modo a
assegurar a proteção à vida privada em todas as dimensões que envolvem a coleta,
armazenamento, tratamento, utilização e transmissão de dados pessoais, é possível
afirmar que o direito à proteção dos dados pessoais abarca as seguintes posições
jurídicas:
onde começa o direito do outro. A privacidade consiste num direito individual de cada
um, intocável, ou seja, na proteção de uma esfera da vida privada, na qual o indivíduo
possa desenvolver sua individualidade, inclusive, e especialmente, no sentido da
garantia de um espaço para seu recolhimento e reflexão, sem que ele seja compelido
a determinados comportamentos socialmente esperados (SARLET et.al., 2017).
Como se pode ver, a legislação protege o direito à privacidade, porém esse
direito ainda, na prática, não é respeitado, sendo imprescindível, para tanto, leis mais
rigorosas que protejam as pessoas de atos ilícitos e exposições da vida privada que
podem trazer danos irreparáveis as pessoas. Um aspecto fundamental diz respeito a
proteção jurídica da intimidade que está conectada com a estrutura da sociedade, bem
com a necessidade de assegurar que esse direito não seja violado, uma vez que tanto
no âmbito internacional e nacional vários documentos o tutelam, e mesmo assim, há
constante violação do direito à privacidade, explica Sarlet et. al. (2017). É indubitável
que os textos constitucionais brasileiros, também servem de referência para esta
pesquisa, pois não há como estudar sobre a intimidade e privacidade sem mencioná-
los, sendo o que se faz a seguir.
Sem sombra de dúvidas, as Constituições brasileiras, de 1824, 1891, 1934,
1937 e a de 1967/69 que antecederam a Constituição de 1988 apresentam em seus
textos o direito a intimidade, mesmo que de forma indireta. A Carta Imperial, também
conhecida como a Constituição do Império, de 1824, reconhece a “inviolabilidade do
domicílio e da correspondência, prevendo a responsabilidade pelos abusos cometidos
no exercício do direito à informação”, inferindo que a intimidade deveria ser
preservada (COSTA JR., 1995).
Já, a primeira Constituição republicana, denominada Constituição da República
dos Estados unidos do Brasil, 1891, mesmo em outro contexto histórico, não modifica
o que já constava na Constituição anterior, dispondo dentre os direitos fundamentais,
o direito à intimidade que foi garantido juntamente com a inviolabilidade do domicílio
e da correspondência, demonstrando pouco interesse na tutela de um direito tão
importante para o cidadão (COSTA JR., 1995).
Segundo Paulo José da Costa Jr. (1995, pp. 252-253) em 1934, a Constituição
estabeleceu que “a tutela da liberdade de consciência e de crença, a inviolabilidade
do sigilo da correspondência e do domicílio, bem como dos direitos relativos à
segurança individual”, demonstrando também que a intimidade e a privacidade, ainda,
não eram consideradas como direitos que pudessem ser violados diretamente.
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Não se pode deixar de mencionar que tanto o Código Civil de 1916, como, a
lei 6368, de 21 de outubro de 1976, ao tratar sobre o tema, determinavam o respeito
ao direito à intimidade a partir da proteção da imagem das pessoas envolvidas no
tráfico de drogas (BRASIL, 1916;1976).
Após um período de muita repressão, a Constituição de 1988, considerada
Constituição Cidadã1, consagra o direito à intimidade e privacidade e de forma muito
evidente assegura textualmente “o direito à intimidade, à vida privada, à honra e a
imagem, resguardando o direito à indenização por danos material ou moral em
decorrência de possível violação (artigo 5º, inciso X)”. Denota-se assim que o cidadão
brasileiro e estrangeiro residente no país, gozam do direito a intimidade e privacidade,
pois a sociedade brasileira está fundamentada no princípio democrático, republicano
e da legalidade.
Ainda, cabe registrar que a vida privada está relacionada com o modo de viver
de cada pessoa, e a interferência do mundo externo deve ser o mínimo possível,
porém, varia de acordo com a evolução da própria sociedade.
1 Constituição Cidadão- expressão utilizada por Ulisses Guimarães, em seu discurso, quando da
promulgação da Constituição Federal de 1988 (BRASIL, 1988).
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Fica muito claro que a dignidade humana é uma qualidade inseparável de cada
pessoa, diz respeito ao próprio ser. Do mesmo modo, expressa-se Alexandre de
Moraes (2009, p, 234), quando afirma que:
.
A dignidade está vinculada a concepção democrática e nesta o
homem não pode ser considerado somente como elemento na
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Com efeito, sem dignidade não se sobrevive, não se vive e não se convive,
ressalta BULOS (2009). Isso exige que se entenda o conceito do princípio da
dignidade humana e sus dimensões.
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Considerando que a dignidade humana é uma qualidade que faz parte do ser
humano, deve-se assinalar que não pode ser menosprezada, uma vez que sua
finalidade ao ser introduzida no Texto Constitucional brasileiro e na legislação
internacional, sem sombra de dúvidas é, segundo Schreiber (2013, p. 8) “[...] proteger
a condição humana, em seus mais genuínos aspectos e manifestações, tomando a
pessoa sempre como um fim em si mesma e não um meio”.
Na mesma direção é o entendimento do Supremo Tribunal Federal que em
várias decisões, com destaque para o julgamento referente às células – tronco
embrionárias, em 2008, na Ação Direta de Inconstitucionalidade 3510/DF, Rel. Min.
Ayres Britto, julgada em 29.5.2008, quando o min. Menezes Direito e min.
Lewandowski concluíram que a dignidade humana é:
Ainda nesta linha de entendimento, houve até quem afirmasse que a dignidade
representa “O valor absoluto de cada ser humano, que, não sendo indispensável, é
insubstituível, o que, por si só, não afasta necessariamente a possibilidade de uma
abordagem de cunho crítico e não inviabiliza, ao menos não por si só, eventual
relativização da dignidade, notadamente na sua condição jurídico-normativa “ou seja,
na condição de princípio jurídico e em alguma de suas facetas, temática que, todavia,
não será explorada nesse estudo.
A dimensão comunicativa e relacional refere-se ao reconhecimento do outro
como pessoa, no qual cada um tem suas características próprias e particularidades e
independe de sua situação econômica, social ou política. SARLET (2009, p. 125).
Utilizando-se dos ensinamentos de Hannah Arendt refere Sarlet (2009, p.25) que:
Constata-se diante dessa dimensão duplicada que o ser humano não pode ser
dissociado de seus aspectos intersubjetivos, pois comporta valores, direitos e
deveres.
Não se pode negar que foi no final do Sec. XX que a expansão da internet
tomou vulto e as pessoas ganharam um novo espaço para publicar suas
manifestações e interagir com grupos sociais e profissionais. “A internet abriu uma
nova arena de diálogos, modificando e ampliando a maneira de interagir e nos
oferecendo acesso a uma quantidade infinita de informações”. A conexão via internet
passou a fazer parte do cotidiano de todos nós e é quase impossível viver sem esse
tipo de comunicação (CANCELIER, 2017, p. 227).
No entendimento de Greenwald citando por Cancelier (2017, p. 227) a internet
não é
Como é sabido, a internet faz parte do dia a dia das pessoas e quase sempre
é utilizada uma finalidade de comunicar-se com os outros, expondo sua vida pessoal,
amorosa, social, profissional, sem no entanto levar em consideração que esta
exposição pode vir a ser violada por outros, ofendendo a privacidade, a intimidade, a
honra e a sua própria imagem (CF, art. 5°, X, 1988). Diante disso, é necessário
relembrar que a liberdade de informação e de expressão são direitos fundamentais e
individuais, porém, Luís Roberto Barroso (2007, p.80, sic) registra que:
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Assim, além do caráter subjetivo que a internet apresenta, pode se dizer que o
caráter objetivo está presente quando a legislação constitucional e infraconstitucional
é utilizada para resolução de conflitos. É possível pensar a partir deste contexto que
a violação da privacidade ocorre em um ambiente propicio para que tal situação
aconteça, devido “as novas técnicas da informática e a publicação de cadastros que
podem armazenar um número quase ilimitado de informações” sobre os indivíduos e,
estes precisam contar com a tutela jurídica para preservar a sua intimidade.
(LIMBERGER, 2007, p. 58). Os meios de comunicação interativos modificam o
comportamento das pessoas que ante uma exposição demasiada sobre sua vida
pessoal, social e profissional colocam em risco o direito à privacidade e a intimidade.
Sem sombra de dúvida a faculdade de autodeterminação informativa pode
gerar limitações por meio de dispositivos constitucionais e legais, uma vez que a
dignidade da pessoa humana e o desenvolvimento de sua personalidade devem ser
restringidas para evitar danos maiores a sua própria vida (LIMBERGER, 2007). De
acordo com o exposto, é possível sustentar que o direito à privacidade se apresenta
com um novo significado na sociedade informatizada, no entanto não pode ser
encarado como algo que pode ser violado ou utilizado sem a devida autorização do
usuário.
Com relação ao bem jurídico protegido pelo direito, deve-se destacar que
além da privacidade, protege a liberdade individual, bem como o sigilo, a intimidade
e a vida privada. Nesse sentido Assis, (2007) assevera que:
Nessa perspectiva, pode-se afirmar que o cotidiano digital traz benefícios aos
indivíduos, mas por outro lado, o prejuízo pela utilização indevida se sobrepõe aos
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uma vez que o conflito entre princípios e direitos são solucionados por meio do poder
judiciário, que se utiliza da técnica da ponderação para fazer justiça ao caso concreto.
a crime)”. É nesse último sentido que o Art. 154-A foi inserido no rol
de crimes do Código Penal, estabelecendo assim o chamado crime
de informática puro, aquele que a conduta ilícita, segundo Marco
Aurélio Rodrigues da Costa[2], “tenha por objetivo exclusivo o
sistema de computador, seja pelo atentado físico ou técnico do
equipamento e seus componentes, inclusive dados e sistemas.
“arma” para atingir o objetivo de ser eleito(a), ambos os partidos que estavam no
pleito, visto isso, os eleitores estavam no meio de um emaranhado de informações
distorcidas, que visavam somente atingir o maior público possível.
Essa é a onda do futuro das futuras eleições, não só no Brasil, mas no mundo,
uma pratica cada vez mais presente e de difícil controle pelas autoridades, que em
conjunto dos meios de comunicação vem tentado eliminar perfis falsos que divulgam
conteúdos tanto de ódio, como enganoso, o uso de robôs virtuais tem ajudado para
disseminar as fake News em grande massa, os sistemas eleitorais estarão buscando
formas de coibir ou ao menos diminuir essa pratica futura. (HOLZHACKER, 2019).
Das eleições no Brasil em 2018, o que se pode observar foi a dominação do
mundo virtual, tato se comprova o álibi que o atual Presidente eleito praticamente não
compareceu em debates em outros meios de comunicação a não ser por meio de suas
redes sociais, tanto quanto polemico o assunto, foram as declarações de ordem do
mesmo, que acabaram por cativar a maior parte do povo brasileiro, com a política de
mudança e honra aos bons costumes, com isso, Bolsonaro atingiu 54% dos votos
válidos no segundo turno das eleições, chegando ao Posto de Presidente do País.
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CONCLUSÃO
vida pessoal e vida privada, partindo da premissa que o direito de cada um acaba
onde começa o direito do outro.
Outro ponto que se constatou com relação a privacidade é que esta consiste
num direito individual de cada, intocável, ou seja, na proteção de uma esfera da vida
privada, na qual o indivíduo possa desenvolver sua individualidade, inclusive, e
especialmente, no sentido da garantia de um espaço para seu recolhimento e reflexão,
sem que ele seja compelido a determinados comportamentos socialmente esperados.
Por derradeiro como se pode ver, a legislação protege o direito à privacidade,
porém esse direito ainda, na prática, não é respeitado, sendo imprescindível, para
tanto, leis mais rigorosas que protejam as pessoas de atos ilícitos e exposições da
vida privada que podem trazer danos irreparáveis as pessoas.
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REFERÊNCIAS
BELÉM, Euler de França. Redes sociais deram estrutura para Bolsonaro ganhar
de Haddad no 1° turno. Disponível em https://www.jornalopcao.com.br/colunas-e-
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no-1o-turno-143228/. Acesso em: 12 out. 2019.
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2008.
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2009.
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COSTA Jr., Paulo José da. O direito de estar só: tutela penal da intimidade. São
Paulo: RT, 1995.
HOLZHACKER, Denilde de Oliveira. O impacto das “fake news” nas eleições. Disponível em:
https://www.infomoney.com.br/colunistas/pensando-politica/o-impacto-das-fake-
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