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UNIJUÌ - UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO


GRANDE DO SUL

JONATHAN HAMILTON STOQUERA

REFLEXÕES ACERCA DO DIREITO À PRIVACIDADE E USO DA INTERNET:


MEDIDAS JURÍDICAS DE PROTEÇÃO

Ijuí (RS)
2019
1

JONATHAN HAMILTON STOQUERA

REFLEXÕES ACERCA DO DIREITO À PRIVACIDADE E USO DA INTERNET:


MEDIDAS JURÍDICAS DE PROTEÇÃO

Monografia final apresentada ao curso de


Graduação em Direito, requisito parcial
para aprovação no componente curricular
Trabalho de Conclusão – TCC
UNIJUÍ - Universidade Regional do
Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul.
DCJS - Departamento de Ciências
Jurídicas e Sociais.

Orientador: Prof. MSc. Carlos Probst

Ijuí (RS)
2019
2

À minha família, por acreditar е investir


em mim. Mãe, sеυ cuidado е dedicação
fоі que deram, em alguns momentos, а
esperança para seguir. Pai, sυа presença
significou segurança е certeza de qυе não
estou sozinho nessa caminhada.
3

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus e ao meu Anjo da Guarda por sempre me


protegerem e nunca me desampararem, por me proporcionarem todas as coisas
maravilhosas que ocorreram na minha vida e durante a faculdade.
Aos meus pais e irmã, Milton, Elisete e Dienifer, que nunca mediram esforços
para me ajudar. A você mãe, sei que sempre intercede por mim em suas orações e
sempre zelosa ao me cuidar. Ao meu pai, um exemplo de ser humano, de amor
incondicional, de sabedoria e inteligência, sempre sábio em seus conselhos, meu
espelho, meu herói! A minha irmã, que é e sempre será minha “nenê”, não tenho
palavras pra lhes agradecer, eu os amo incondicionalmente.
Ao professor, amigo e orientador Mestre Carlos Probst, pela orientação ao
longo deste trabalho, por responder meus e-mails com a maior rapidez possível, por
se mostrar sempre prestativo e disponível para nossas reuniões e conversas.
Obrigada, pois sem sua confiança e apoio, não teria conseguido.
Agradeço também a Eloísa Nair de Andrade Argerich, que sempre atendeu
minhas ligações com o maior bom humor, sempre disposta a ajudar compartilhando
comigo seu material de pesquisa, seu conhecimento. Obrigada pela confiança e
amizade.
Aos meus amigos, que sempre foram compreensivos quando me fiz ausente,
amizade significa que independentemente de estar perto ou longe, nunca esquecer
um do outro. Em especial ao meu amigo Lázaro Vâldes, que sempre deu um apoio
nos momentos de fraqueza, essa amizade levo pra vida .
Por fim, a todos quede alguma forma participaram da minha trajetória, o meu
muito obrigado.
4

RESUMO

O presente estudo tem por finalidade analisar o direito à privacidade em face à


violação no cotidiano digital e desta forma verificar o significado de privacidade e
diferenças existentes entre privacidade e intimidade, segundo a Constituição Federal
de 1988 e a legislação infraconstitucional. Busca-se, ainda, no que tange a violação
do princípio da dignidade da pessoa humana, demonstrar a partir do uso indevido de
dispositivo informático alheio, a necessidade de conhecer quais as medidas jurídicas
existentes para proteção à privacidade diante da exposição na internet. O trabalho
realiza reflexões acerca do direito à privacidade e uso da internet: medidas jurídicas
de proteção, estudando a violação do direito à privacidade e o uso da internet, bem
como, a violação de dispositivos informáticos alheios e direito à privacidade. Por
último, objetiva-se avaliar o cotidiano digital e a regulamentação da convivência na
sociedade virtual e a preservação do direito à privacidade (Lei 12.965/2014) e as
medidas jurídicas de proteção e a posição dos Tribunais Superiores.

Palavras-Chave: Direito à privacidade; Princípio da dignidade da pessoa humana;


Uso da internet; Cotidiano digital.
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ABSTRACT

The purpose of the present study is to analyze the right to privacy in the face of digital
daily violation and thus to verify the meaning of privacy and the differences between
privacy and intimacy, according to the Federal Constitution of 1988 and the
infraconstitutional legislation. With regard to the violation of the principle of the dignity
of the human person, it is sought to demonstrate from the misuse of someone else's
computer device, the need to know what legal measures exist to protect privacy in the
face of exposure on the Internet. The work reflects on the right to privacy and use of
the internet: legal protection measures, studying the violation of the right to privacy and
the use of the internet, as well as the violation of alien computer devices and the right
to privacy. Finally, the objective is to evaluate the digital daily life and the regulation of
coexistence in the virtual society and the preservation of the right to privacy (Law
12.965 / 2014) and the legal protection measures and the position of the Superior
Courts

Keywords: Right to privacy; Principle of the dignity of the human person; Use of the
internet; Digital daily life.
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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO............................................................................................................ 8

1 ANÁLISE DO DIREITO À PRIVACIDADE NO ORDENAMENTO JURÍDICO


NACIONAL................................................................................................................ 10
Conceito, características e diferenças entre privacidade e intimidade............... 11
1.1.1 Dimensões ética e jurídica do direito à privacidade..................................... 12
1.1.2 Direito à privacidade e a legislação internacional........................................ 14
1.1.3 Evolução do direito à privacidade nas Constituições
brasileiras................................................................................................................. 16
1.2 Violação do direito à privacidade e o princípio da dignidade da pessoa
humana..................................................................................................................... 20
1.2.1 Conceito e dimensões do princípio da dignidade da pessoa
humana..................................................................................................................... 22
1.4 A violação do princípio da dignidade da pessoa humana no cotidiano
digital........................................................................................................................ 25

2 REFLEXÕES ACERCA DO DIREITO À PRIVACIDADE E USO DA INTERNET:


MEDIDAS JURÍDICAS DE PROTEÇÃO................................................................... 27
2.1 A violação do direito à privacidade e o uso da internet................................. 27
2.2 A violação de dispositivos informáticos alheios e direito à
privacidade............................................................................................................... 29
2.3 O cotidiano digital e a regulamentação da convivência na sociedade virtual
e a preservação do direito à privacidade................................................................ 30
7

2.4 Medidas jurídicas de proteção e a posição dos Tribunais


Superiores................................................................................................................ 31
2.4.1 Lei Carolina Dieckmann.................................................................................. 32
2.4.2 Eleições 2018. Bolsonaro X Redes Sociais................................................... 34

CONCLUSÃO............................................................................................................ 36

REFERÊNCIAS......................................................................................................... 38
8

INTRODUÇÃO

O avanço das comunicações via internet possibilitou que as pessoas interajam


de forma mais ampla, facilitando a comunicação, no entanto, esta exposição
apresenta-se, muitas vezes, violadora do direito à privacidade, ferindo as dimensões
ética e jurídica. A partir dessas considerações, há necessidade de se questionar: À
luz da Constituição da República Federativa do Brasil, artigo 5º, inciso X, se a
intimidade à vida privada são invioláveis, e o uso da internet facilita a sua violação.

Na atualidade, o direito à privacidade apresenta uma dimensão ética e jurídica,


no entanto se tem observado que a utilização das redes sociais, no cotidiano digital,
no qual as pessoas expõem sua vida privada, muitas vezes há violação ao princípio
da dignidade humana. O direito à privacidade e o modo como ele tem sido aplicado e
compreendido pelo ordenamento jurídico nacional mostra que o exercício desse
direito, diante das ferramentas tecnológicas disponíveis na atualidade, não tem sido
observado conforme prevê o texto Constitucional. Percebe-se que o uso cotidiano das
redes sociais, por exemplo, facebook e instagram, possibilitam a exposição e
visibilidade de uma forma imensurável do indivíduo, permitindo a violação do direito à
privacidade. Quando da violação do direito à privacidade, o ordenamento jurídico
nacional possibilita que aquele que teve seu direito infringido possa ter assegurada a
sua proteção por meio de medidas judiciais e análise do caso pelo Poder Judiciário.

O presente estudo teve como objetivo geral analisar o direito à privacidade face
à sua violação no cotidiano digital, por isso a pesquisa, no que tange à análise
bibliográfica, será do tipo exploratório. Utilizou-se no seu delineamento a coleta de
9

dados em fontes bibliográficas disponíveis em meios físicos e na rede de


computadores.

O trabalho foi dividido em dois capítulos. Inicialmente, o primeiro capitulo faz


uma abordagem acerca do direito à privacidade no ordenamento jurídico nacional,
bem como explorou o conceito, características e diferenças entre privacidade e
intimidade, suas dimensões ética e jurídica do direito à privacidade, enfocando a
legislação internacional e a evolução do direito à privacidade nas Constituições
brasileiras. Também, abordou-se aspectos gerais referentes à Violação do direito à
privacidade e o princípio da dignidade da pessoa humana, conceito e dimensões do
princípio da dignidade da pessoa humana e sua violação no cotidiano digital.

O segundo e último capitulo buscou realizar reflexões acerca do direito à


privacidade e uso da internet: medidas jurídicas de proteção, analisando
posicionamento dos Tribunais superiores e as medidas jurídicas de proteção da
liberdade de expressão e da privacidade por meio da Lei Carolina Dieckmann
demostrando que o desrespeito aos direitos fundamentais, tais como intimidade,
privacidade, honra e imagem quando violados necessitam de proteção jurídica.
10

1 ANÁLISE DO DIREITO À PRIVACIDADE NO ORDENAMENTO JURÍDICO


NACIONAL

O avanço das comunicações via internet possibilita que as pessoas interajam


de forma mais ampla, facilitando a comunicação, no entanto, esta exposição
apresenta-se, muitas vezes, violadora do direito à privacidade, ferindo as dimensões
ética e jurídica. O direito à privacidade e o modo como ele tem sido aplicado e
compreendido pelo ordenamento jurídico nacional mostra que o exercício desse
direito, diante das ferramentas tecnológicas disponíveis na atualidade, não tem sido
observado conforme prevê o texto Constitucional.
Percebe-se que o uso cotidiano das redes sociais, por exemplo, facebook e
instagram, possibilitam a exposição e visibilidade de uma forma imensurável do
indivíduo, permitindo a violação do direito à privacidade. Quando da violação do direito
à privacidade, o ordenamento jurídico nacional possibilita que aquele que teve seu
direito infringido possa ter assegurada a sua proteção por meio de medidas judiciais
e análise do caso pelo Poder Judiciário.
Por meio da leitura do art. 5º da Constituição Federal de 1988 (CF/88), inciso
X, que distinguiu a intimidade da vida privada e privacidade é uma tarefa dificultosa
distinguir intimidade de privacidade. Observa-se que a violação do direito à
privacidade tem infringido o princípio da dignidade da pessoa humana, uma vez que
abrange a totalidade dos valores da pessoa, enquanto dotada de sentimentos. Desta
forma, é imprescindível pensar sobre o direito à privacidade e uso da internet e quais
as medidas jurídicas de proteção existentes no Brasil. Nesse prisma, o estudo do
direito à privacidade exige que se abordem as dimensões éticas e jurídicas para
verificar como esse direito tem sido tutelado na esfera internacional e nacional.
Visando aprofundar o conhecimento e no intuito de melhor situar o leitor sobre
estes assuntos, há necessidade de compreender a evolução do direito à privacidade
nas Constituições brasileiras, bem como ocorre a violação do direito à privacidade e
o princípio da dignidade da pessoa humana no cotidiano digital.
A partir destas considerações, neste capitulo desenvolvem-se aspectos
referentes ao conceito, características e diferenças entre privacidade e intimidade,
bem como as dimensões ética e jurídica do direito à privacidade, para posteriormente
abordar o direito à privacidade e a legislação internacional evolução do direito à
privacidade nas Constituições brasileiras
11

1.1 Conceito, características e diferenças entre privacidade e intimidade

Privacidade e intimidade são direitos e necessitam assim serem percebidos,


este é o primeiro elemento a ser sempre considerado. Necessitam igualmente,
independentemente do contexto de seu uso, compreendidos de forma diferente sem
jamais serem confundidos.
A Constituição Federal de 1988, em seu principal capítulo, refere-se à
privacidade e à intimidade com as seguintes palavras: “são invioláveis a intimidade, a
vida privada, a honra e a imagem das pessoas” (art. 5º, item X). Da mesma forma, o
artigo 21 do Código Civil qualifica como inviolável a vida privada da pessoa natural
(BRASIL,1988). Observa-se que, a privacidade, estabelecida na Constituição Federal
de 1988, como um direito fundamental necessita ser preservada para que não seja
violada. Existem perspectivas diferentes quando o tema é privacidade e intimidade.
Ainda, existem alguns autores que a conceituam como se tratasse do mesmo assunto.
Mesmo que aparentemente possam se misturar e serem confundidos, o primeiro
aspecto a ser considerado é de que

À vida privada é mais ampla do que a intimidade da pessoa. A vida


privada é composta de informações em que somente a pessoa pode
escolher se as divulga ou não. Já a intimidade diz respeito ao modo
de ser da pessoa, à sua identidade, que pode, muitas vezes, ser
confundido com a vida privada. Podemos dizer, assim, que dentro da
vida privada ainda há a intimidade da pessoa (NOVELINO, 2013. p.
257).

Para dar início ao debate sobre esta questão se faz necessário compreender
efetivamente o conceito de intimidade e o conceito de privacidade, que como já se
afirmou, são diferentes. Intimidade vem do latim intimus enquanto que privado, de
privatus, sendo que a primeira carrega a concepção de confidencial, de interior,
considerando que está acompanhada de sentido subjetivo, relacionada a desejos e
pensamentos, e o segunda relaciona-se com o que pertence, sempre acompanhado
da perspectiva de particular, próprio (NOVELINO, 2013).
Desta forma, portanto, quando se discute intimidade estão envolvidos temas
como o caráter e também as qualidades de uma pessoa, além do que pode ser de
conhecimento somente do próprio indivíduo, sem publicidade. Aqui estão relações
subjetivas incluindo relações familiares e amizades. Se considerar privacidade, sem
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haver contradição, existe visibilidade como direito, igualmente, sem necessariamente


estar à vista do que se coloca como esfera pública, aqui estão relações de comércio,
relações de trabalho. Existe uma interligação entre estes direitos, mas diferenciam-se
através da amplitude que assumem. São conceitos que se apresentam consideradas
relações humanas. O cidadão, o indivíduo, tem a possibilidade de decidir de quem
pode ou não ter acesso a informações sobre sua vida e suas relações. Estes
conceitos, aplicados, evidenciam esta condição de quem decide e do que pode ou não
estar à disposição pública (NOVELINO, 2013).
Evidencia-se que tanto a privacidade e intimidade de uma pessoa estão
relacionadas as dimensões éticas e jurídicas e, portanto, apresenta-se aspectos que
fazem parte destas.

1.1.1 Dimensões ética e jurídica do direito à privacidade

O direito à privacidade se define na lei, mas sempre está acompanhada de uma


reflexão que considera o tempo e o espaço, quer dizer, o lugar em questão e as
características históricas e sociais. Portanto, os valores considerados por cada cultura
aparecem no conceito e na aplicação da lei. Não há como fugir deste ponto. Em cada
período histórico há uma forma de ver e perceber a intimidade e a privacidade.
Aparece nas relações e na lei, portanto, estão ligadas sempre a dimensão ética
(SARLET et al., 2017).
Para alguns autores, entre eles Ingo Wolfgang Sarlet et al. (2017, p. 442)

Esta dimensão ética, assim como o direito à privacidade também


devem considerar o lugar deste cidadão, o seu trabalho e a sua
atuação, o que não significa que se pode permitir que o acesso de
outro a elementos e informações da vida de um indivíduo.

Este debate permite inferir que existe uma permissão à informação que
somente pode ser concedida por este, então fatos íntimos, vida familiar, lugar de
morar, vida amorosa, lembranças de família, estão entre os elementos que somente
poderão ser disponibilizados mediante permissão, evitando assim embaraço e
constrangimento, conforme lições de Sarlet et al., 2017). Neste ponto, ainda se discute
o interesse coletivo e o interesse individual e são aspectos que precisam ser
analisados e estar em constante discussão, pois a cada dia, mais e mais casos
13

surgem de violação, via internet, da vida privada e intimidade das pessoas, sem que
estas deem seu consentimento.

Privacidade, então, deve ser vista antes de tudo como exercício de


uma liberdade da pessoa, uma necessidade humana. Parte-se para
uma visão da privacidade que é interna ao sujeito, faz parte dele,
formando-o como ser humano. Seja trabalhando a privacidade como
o estar só ou numa perspectiva mais contemporânea de controle
informacional, não se pode perder o vínculo com a pessoa, como
forma de manifestação da personalidade. Ter privacidade é
fundamental ao indivíduo, não apenas em oposição ao público, mas
numa relação interna, visto que não será possível a assunção de seus
desejos sem a construção de seu espaço íntimo (CANCELIER, 2017,
p. 220).

Na verdade, a privacidade envolve a intimidade da pessoa, direito fundamental


e de personalidade, ou seja, “[...]a privacidade, então, deve ser vista antes de tudo
como exercício de uma liberdade da pessoa, uma necessidade humana”. Nesta
perspectiva pode-se afirmar que a privacidade “[...] é interna ao sujeito, faz parte dele,
formando-o como ser humano”, e assim, não pode dissociar-se de sua intimidade
(CANCELIER, 2017, 220). Neste sentido, Mikhail Vieira de Lorenzi Cancelier (2017,
p. 223) baseado em outros doutrinadores, manifesta-se sobre o tema, esclarecendo
que:
Independentemente da forma como é designada, quando se tutela a
privacidade busca-se contemplar “atributos da personalidade humana
merecedores de proteção jurídica”, ou seja, o que “muda é tão
somente o plano em que a personalidade humana se manifesta
(SCHREIBER, 2013, p. 13).

Então, nas dimensões ética e jurídica a proteção ocorre na mesma maneira,


pois não há como separar aspectos da vida privada da intimidade, pois ambas se
complementam. Na dimensão ética, a intimidade diz respeito ao desejos, anseios,
emoções, que fazem parte do mundo intrapsíquico do sujeito (CANCELIER (2017).
Já na dimensão jurídica, a legislação não dissocia a vida privada da intimidade,
inclusive, são direitos tuteladas no âmbito constitucional, infraconstitucional, e também
no âmbito internacional. Para uma compreensão mais abrangente, para além do artigo
5º, inciso X da Constituição Federal de 1988a, já citada, buscam-se igualmente
referências e apoio em documentos internacionais amplamente divulgados, como a
Declaração do Homem e do Cidadão de 1789, a Declaração Universal dos Direitos
Humanos de 1948, entre outros
14

1.1.2 Direito à privacidade e a legislação internacional

Em primeiro lugar, deve-se mencionar que o direito à privacidade faz parte dos
direitos e garantias fundamentais constantes no ordenamento jurídico internacional e
nacional. Significa que, dentre os direitos fundamentais “[...] que dizem respeito à
proteção da dignidade e personalidades humanas, o direito à privacidade (ou vida
privada) é um dos mais relevantes, embora nem sempre tenha sido contemplado nas
constituições, ao menos, não expressamente.” (SARLET, 2017, p. 445). A Declaração
do Homem e do Cidadão de 1789 estabelece que:

Artigo 11º. A livre comunicação dos pensamentos e das opiniões é um


dos mais preciosos direitos do Homem; todo o cidadão pode, portanto,
falar, escrever, imprimir livremente, respondendo, todavia, pelos
abusos desta liberdade nos termos previstos na Lei. (ONU, 2019).

Já naquele período verificava-se que era assegurado aos homens e cidadãos


o direito à privacidade, mesmo que de forma indireta, e a violação desse direito
acarretaria a responsabilidade pelo ato praticado. Inclusive, Flavia Piovesan (2012, p.
204) esclarece que “A Declaração Universal de 1948 objetiva delinear uma ordem
pública mundial fundada no respeito à dignidade humana, ao consagrar valores
básicos universais.”
A esse propósito, destaca que a Declaração Universal dos Direitos Humanos,
aprovada pela Assembleia Geral da ONU em 1948, visa, “além da universalidade dos
direitos humanos, [...] introduziu a indivisibilidade desses direitos”, portanto, esse
documento mostra que o direito à privacidade é tão importante quanto os demais
direitos econômicos, sociais e culturais. Significa, por outra ótica, um sustentáculo da
democracia, conforme descreve o artigo XII, da referida Declaração:

Ninguém será sujeito a interferências em sua vida privada, em sua


família, em seu lar ou em sua correspondência, nem a ataques à sua
honra e reputação. Todo ser humano tem direito à proteção da lei
contra tais interferências ou ataques” (PIOVESAN, 2012, p. 470).

A esse propósito, destaca-se a Declaração Universal dos Direitos Humanos,


aprovada pela Assembleia Geral da ONU em 1948 reitera que esse direito é um dos
fundamentos que sustentam a democracia. Veja-se:
15

A PRESENTE DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS


HUMANOS como o ideal comum a ser atingido por todos os povos e
todas as nações, com o objetivo de que cada indivíduo e cada órgão
da sociedade, tendo sempre em mente esta Declaração, se esforce,
através do ensino e da educação, por promover o respeito a esses
direitos e liberdades, e, pela adoção de medidas progressivas de
caráter nacional e internacional, por assegurar o seu reconhecimento
e a sua observância universal e efetiva, tanto entre os povos dos
próprios Estados-Membros, quanto entre os povos dos territórios sob
sua jurisdição.
Artigo III. Todo ser humano tem direito à vida, à liberdade e à
segurança pessoal.
Artigo XVIII Todo ser humano tem direito à liberdade de pensamento,
consciência e religião; este direito inclui a liberdade de mudar de
religião ou crença e a liberdade de manifestar essa religião ou crença,
pelo ensino, pela prática, pelo culto e pela observância, em público ou
em particular.
Artigo XIX Todo ser humano tem direito à liberdade de opinião e
expressão; este direito inclui a liberdade de, sem interferência, ter
opiniões e de procurar, receber e transmitir informações e idéias por
quaisquer meios e independentemente de fronteiras (sic). (ONU,
2019).

Evidencia-se, assim, o quanto a liberdade é garantida a todos os cidadãos


do mundo, pois é reconhecida internacionalmente, sendo essencial que os direitos
humanos sejam protegidos pelos Estados - parte.
Outro documento de muita relevância é o Pacto Internacional das Nações
Unidas sobre os Direitos Civis e Políticos, que também apresenta aspectos
importantes sobre as liberdades e Piovesan (2012, p. 481) transcreve o “Artigo 19, 1
que estabelece: “Ninguém poderá ser molestado por suas opiniões”, e ainda,
conforme o art. 2ª:

A liberdade de procurar, receber e difundir informações e idéias de


qualquer natureza, independentemente de considerações de
fronteiras, verbalmente ou por escrito, de forma impressa ou artística,
ou por qualquer meio de sua escolha” (sic).

À luz do Pacto Internacional das Nações Unidas sobre os Direitos Civis e


Políticos e nas lições de Piovesan (2012), é possível afirmar que em maio de 2011,
mais de 160 Estados-partes já haviam aderido a seu texto, incluindo-se o Brasil, e a
partir daí os direitos civis, políticos, econômicos e sociais passam a fazer parte dos
direitos e garantias fundamentais das Constituições nacionais.
16

1.1.3 Evolução do direito à privacidade nas Constituições brasileiras

Imprescindível também incluir uma compreensão história não só do movimento


da evolução dos direitos humanos no âmbito internacional, mas como também da
evolução do direito à privacidade nas Constituições brasileiras, pois estas são
consideradas documentos de supremacia hierárquica, as quais apresentam
elementos de organização de governo, limitação de poderes e assegurador de direitos
e garantias fundamentais. A Constituição Federal de 1988 reitera, em seu artigo 5º,
inciso X, que: “São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das
pessoas, assegurando o direito à indenização pelo dano material ou moral decorrente
de sua violação” (BRASIL,1988).
Dessa forma, a Constituição Federal, segundo Sarlet et. al. (2017), revela que
o direito à privacidade é um dos mais relevantes da Constituição brasileira, articulada
com outros direitos fundamentais, como o da proteção à intimidade e à inviolabilidade.
Todavia, ambas dimensões (privacidade e intimidade) devem ser analisadas sob a
mesma ótica, pois tratam de esferas (níveis) relacionadas ao direito à vida privada.
Contudo, nos tempos modernos, devido ao avanço da tecnologia e o uso da
internet, essa linha tênue entre privacidade e inviolabilidade contrapõem-se, e sua
violação é cada vez mais comum. As consequências disso envolvem esferas jurídicas
e éticas. No âmbito da inviolabilidade da correspondência e o sigilo das comunicações
da presente análise, encontra-se inserido, no Título II, da Constituição Federal, os
direitos da pessoa, intitulado “dos Direitos e Garantias Fundamentais”. No caso da
Constituição Federal, o sigilo das comunicações está protegido expressamente no art.
5º, XII, que reza:

[...] é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações


telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no
último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei
estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual
penal. (SARLET et.al., 2017, p. 465).

Para tal proteção, a Constituição Federal, como ainda ocorre com grande parte
das Constituições em vigor, embora faça referência no art. 5º, XII, ao sigilo das
comunicações de dados, não contempla expressamente um direito humano
fundamental à proteção e livre disposição de dados pelo respectivo titular. A proteção
17

de dados pessoais, por outro lado, encontra salvaguarda parcial e indireta mediante a
previsão da ação de habeas data (art. 5º, LXXII, da CF) (SARLET et.al, 2017).
A exposição exagerada nas redes sociais, de modo geral, hoje em dia,
extrapola limites e direitos com relação à privacidade, à inviolabilidade, à liberdade, e,
consequentemente, à proteção à vida privada, sendo cada vez difícil delimitar de que
forma assegurar tais direitos sem infringir outros (SARLET et.al., 2017). De modo a
assegurar a proteção à vida privada em todas as dimensões que envolvem a coleta,
armazenamento, tratamento, utilização e transmissão de dados pessoais, é possível
afirmar que o direito à proteção dos dados pessoais abarca as seguintes posições
jurídicas:

(a) o direito ao acesso e ao conhecimento dos dados pessoais


existentes em registros (banco de dados) públicos ou privados;
(b) o direito ao não conhecimento, tratamento e utilização e difusão de
determinados dados pessoais pelo Estado ou por terceiros, aqui
incluído um direito de sigilo quanto aos dados pessoais;
(c) o direito ao conhecimento da identidade dos responsáveis pela
coleta, armazenamento, tratamento e utilização dos dados;
(d) o direito ao conhecimento da finalidade da coleta e da eventual
utilização dos dados;
(e) o direito à retificação e, a depender do caso, à exclusão de dados
pessoais armazenados em bancos de dados (SARLET et.al., 2017, pp.
473-474).

Ainda, no contexto do direito à privacidade, da proteção de dados pessoais e


seus respectivos limites, assume crescente relevo o problema da colisão de tais
direitos com outros direitos fundamentais, notadamente no âmbito da assim chamada
“sociedade de vigilância” e no ambiente da internet (SARLET et.al., 2017). Diante
disto, é de fundamental importância a busca por uma maneira legítima e eficaz de
proteger, garantir e, principalmente, controlar a inviolabilidade à privacidade das
pessoas para evitar a ocorrência de danos que podem se tornar irreparáveis, assim
como o caso da famosa atriz Carolina Dieckman (SARLET et. al., 2017).
Este caso, devido a uma exposição e ataque à vida privada da referida atriz,
teve enorme repercussão, tanto na vida pessoal como profissional, fazendo com que
se editasse a Lei nº 12.737/02 (Lei Carolina Dieckmann), que trouxe à tona toda essa
discussão (BRASIL, 2002). Procura-se então, alternativas para controlar a violação à
privacidade dos indivíduos, buscando o equilíbrio entre direitos e deveres, além da
vida pessoal e vida privada, partindo da premissa que o direito de cada um acaba
18

onde começa o direito do outro. A privacidade consiste num direito individual de cada
um, intocável, ou seja, na proteção de uma esfera da vida privada, na qual o indivíduo
possa desenvolver sua individualidade, inclusive, e especialmente, no sentido da
garantia de um espaço para seu recolhimento e reflexão, sem que ele seja compelido
a determinados comportamentos socialmente esperados (SARLET et.al., 2017).
Como se pode ver, a legislação protege o direito à privacidade, porém esse
direito ainda, na prática, não é respeitado, sendo imprescindível, para tanto, leis mais
rigorosas que protejam as pessoas de atos ilícitos e exposições da vida privada que
podem trazer danos irreparáveis as pessoas. Um aspecto fundamental diz respeito a
proteção jurídica da intimidade que está conectada com a estrutura da sociedade, bem
com a necessidade de assegurar que esse direito não seja violado, uma vez que tanto
no âmbito internacional e nacional vários documentos o tutelam, e mesmo assim, há
constante violação do direito à privacidade, explica Sarlet et. al. (2017). É indubitável
que os textos constitucionais brasileiros, também servem de referência para esta
pesquisa, pois não há como estudar sobre a intimidade e privacidade sem mencioná-
los, sendo o que se faz a seguir.
Sem sombra de dúvidas, as Constituições brasileiras, de 1824, 1891, 1934,
1937 e a de 1967/69 que antecederam a Constituição de 1988 apresentam em seus
textos o direito a intimidade, mesmo que de forma indireta. A Carta Imperial, também
conhecida como a Constituição do Império, de 1824, reconhece a “inviolabilidade do
domicílio e da correspondência, prevendo a responsabilidade pelos abusos cometidos
no exercício do direito à informação”, inferindo que a intimidade deveria ser
preservada (COSTA JR., 1995).
Já, a primeira Constituição republicana, denominada Constituição da República
dos Estados unidos do Brasil, 1891, mesmo em outro contexto histórico, não modifica
o que já constava na Constituição anterior, dispondo dentre os direitos fundamentais,
o direito à intimidade que foi garantido juntamente com a inviolabilidade do domicílio
e da correspondência, demonstrando pouco interesse na tutela de um direito tão
importante para o cidadão (COSTA JR., 1995).
Segundo Paulo José da Costa Jr. (1995, pp. 252-253) em 1934, a Constituição
estabeleceu que “a tutela da liberdade de consciência e de crença, a inviolabilidade
do sigilo da correspondência e do domicílio, bem como dos direitos relativos à
segurança individual”, demonstrando também que a intimidade e a privacidade, ainda,
não eram consideradas como direitos que pudessem ser violados diretamente.
19

Registra-se que, neste período não havia restrição à inviolabilidade de domicilio


e de correspondência, sendo que só vai ser inserida como restrição em 1937, com a
outorga da Constituição de 1937, elaborada no decorrer da implantação do Estado
Novo, considerada autoritária (COSTA JR. 1995). Neste sentido, Costa JR. (1995 pp.
252-253) assevera que a Constituição 1937 “[...] assegurou o direito de resposta face
aos abusos cometidos pela imprensa na divulgação de informações que viessem a
lesar a reputação dos indivíduos”.
A Constituição 1937 perdurou por 40 anos, no entanto em 1967, foi outorgada
a nova Constituição que mesmo em um período obscuro para a sociedade brasileira,
pois vivia-se na ditadura militar desde 1964, de forma indireta, no §9º do artigo 150,
conforme entendimento de Costa Jr. (1995, pp. 252-253) apresentava sobre

À inviolabilidade de correspondência, das comunicações telefônicas e


telegráficas e do domicílio. A imagem, também amparada pela tutela
à intimidade, não gozava de proteção expressa.

Não se pode deixar de mencionar que tanto o Código Civil de 1916, como, a
lei 6368, de 21 de outubro de 1976, ao tratar sobre o tema, determinavam o respeito
ao direito à intimidade a partir da proteção da imagem das pessoas envolvidas no
tráfico de drogas (BRASIL, 1916;1976).
Após um período de muita repressão, a Constituição de 1988, considerada
Constituição Cidadã1, consagra o direito à intimidade e privacidade e de forma muito
evidente assegura textualmente “o direito à intimidade, à vida privada, à honra e a
imagem, resguardando o direito à indenização por danos material ou moral em
decorrência de possível violação (artigo 5º, inciso X)”. Denota-se assim que o cidadão
brasileiro e estrangeiro residente no país, gozam do direito a intimidade e privacidade,
pois a sociedade brasileira está fundamentada no princípio democrático, republicano
e da legalidade.
Ainda, cabe registrar que a vida privada está relacionada com o modo de viver
de cada pessoa, e a interferência do mundo externo deve ser o mínimo possível,
porém, varia de acordo com a evolução da própria sociedade.

1 Constituição Cidadão- expressão utilizada por Ulisses Guimarães, em seu discurso, quando da
promulgação da Constituição Federal de 1988 (BRASIL, 1988).
20

Vida privada é um conceito mutável, varia conforme cultura, época e


costumes de um povo, uma sociedade. À privacidade deve-se
proteção, em relação ao Estado ou a particulares, que por algum
determinado interesse podem “perfurar” a barreira entre o público e o
íntimo do indivíduo (NASCIMENTO, 2009, p. 23-24)

Ressalta-se, então que a vida privada, a intimidade com proteção internacional,


constitucional e infraconstitucional são partes integrante da dignidade da pessoa
humana e merecedoras de respeito.

1.2 Violação do direito à privacidade e o princípio da dignidade da pessoa


humana

A dignidade da pessoa humana é um conceito amplo, portanto, às vezes se


encontra uma certa dificuldade em elaborar um conceito jurídico objetivo, pois se
vários elementos não forem considerados, tais como elementos socais e econômicos
que se fazem presentes em suas vidas, as dificuldades se ampliam. Dignidade é uma
palavra derivada de uma expressão que remete a virtude, honra e consideração. E
são estes os elementos que determinarão as ações de um indivíduo e que
determinarão a forma como estará se relacionando com os demais e como estes se
relacionam com ele. Assim, em qualquer tempo e em qualquer lugar (SARLET, 2011).

Neste sentido, Plácido e Silva (1967, p. 526) assevera que:

Dignidade é a palavra derivada do latim dignitas (virtude, honra,


consideração), em regra se entende a qualidade moral, que, possuída
por uma pessoa serve de base ao próprio respeito em que é tida:
compreende-se também como o próprio procedimento da pessoa pelo
qual se faz merecedor do conceito público; em sentido jurídico,
também se estende como a dignidade a distinção ou a honraria
conferida a uma pessoa, consistente em cargo ou título de alta
graduação; no Direito Canônico, indica-se o benefício ou prerrogativa
de um cargo eclesiástico.

Fica muito claro que a dignidade humana é uma qualidade inseparável de cada
pessoa, diz respeito ao próprio ser. Do mesmo modo, expressa-se Alexandre de
Moraes (2009, p, 234), quando afirma que:
.
A dignidade está vinculada a concepção democrática e nesta o
homem não pode ser considerado somente como elemento na
21

engrenagem produtiva no campo econômico, mas na sua realização


como pessoa. No Estado Democrático de Direito está presente o
reconhecimento e aplicação de direitos fundamentais e a sua ausência
permitiria a existência de abusos e injustiças sociais que impediriam o
desenvolvimento deste cidadão.

A dignidade da pessoa humana, como já foi dito, assim como o direito à


privacidade e a intimidade, dependem de elementos que se constituem a partir
também de subjetividades, mas ainda aparece diante de algumas situações um
entendimento demasiadamente simplista do termo, com o desconhecimento do real
sentido do conceito, por vezes, como já foi destacado, privilegiando-se determinado
campo, como o econômico. (MENDES, 2008)

As conquistas que vieram no campo jurídico, e especialmente a partir


da Constituição Federal de 1988, tem se apresentado como essenciais
para o desenvolvimento de uma perspectiva de dignidade da pessoa
humana como indispensável para um desenvolvimento social, político
e econômico da sociedade como um todo. Viver com dignidade é
essencial para o desenvolvimento da totalidade de sociedade
(MENDES, 2008, p. 566)

Consigna-se que, no Brasil, a partir da aprovação da Constituição Federal de


1988 os direitos fundamentais tiveram um grande e efetivo avanço, sendo
considerados como núcleo da proteção da dignidade da pessoa humana. Respeitar a
dignidade da pessoa humana deve ser elemento importante nas relações em qualquer
âmbito, sejam no trabalho ou em qualquer outro espaço onde se estabeleçam
relações entre as pessoas (MENDES, 2008). Neste sentido, Gilmar Ferreira Mendes
(2008, pp. 567-568) explica que:

A violação do direito à privacidade é elemento de rompimento com a


dignidade da pessoa humana porque cada indivíduo tem direito de
estabelecer relações que garantem a sua possibilidade de viver em
uma sociedade democrática

Com efeito, sem dignidade não se sobrevive, não se vive e não se convive,
ressalta BULOS (2009). Isso exige que se entenda o conceito do princípio da
dignidade humana e sus dimensões.
22

1.2.1 Conceito e dimensões do princípio da dignidade da pessoa humana

Qual o entendimento doutrinária e jurisprudencial sobre o princípio da dignidade


da pessoa humana e suas dimensões? Qual sua relação com o direito à privacidade
e intimidade?
Muitas respostas são oferecidas pela doutrina e jurisprudência, muitos autores
tratam do tema, mas salvo melhor juízo, todas têm seu grau de importância, mas como
não se quer exaurir o assunto, apresenta-se, entre outros, o entendimento de
Anderson Schreiber (2013, p. 8)

A dignidade humana não corresponde, portanto, a algum ponto


específico da condição humana, mas exprime, isto sim, ‘uma
qualidade tida como inerente a todo e qualquer ser humano’, sendo
frequentemente apresentada como o valor próprio que identifica o ser
humano como tal’. Seu conceito pode ser formulado nos seguintes
termos: a dignidade humana é o valor-síntese que reúne as esferas
essenciais de desenvolvimento e realização da pessoa humana. Seu
conteúdo não pode ser descrito de modo rígido; deve ser apreendido
por cada sociedade e cada momento histórico, a partir de seu próprio
substrato cultural.

Considerando que a dignidade humana é uma qualidade que faz parte do ser
humano, deve-se assinalar que não pode ser menosprezada, uma vez que sua
finalidade ao ser introduzida no Texto Constitucional brasileiro e na legislação
internacional, sem sombra de dúvidas é, segundo Schreiber (2013, p. 8) “[...] proteger
a condição humana, em seus mais genuínos aspectos e manifestações, tomando a
pessoa sempre como um fim em si mesma e não um meio”.
Na mesma direção é o entendimento do Supremo Tribunal Federal que em
várias decisões, com destaque para o julgamento referente às células – tronco
embrionárias, em 2008, na Ação Direta de Inconstitucionalidade 3510/DF, Rel. Min.
Ayres Britto, julgada em 29.5.2008, quando o min. Menezes Direito e min.
Lewandowski concluíram que a dignidade humana é:

[...] um valor que transcende a pessoa compreendida como ente


individual, consubstanciando verdadeiro parâmetro ético de
observância obrigatória em todas as interações sociais E que
representa significativo vetor interpretativo, verdadeiro valor-fonte que
conforma e inspira todo o ordenamento constitucional vigente em
nosso País e traduz, de modo expressivo, um dos fundamentos em
23

que se assenta, entre nós, a ordem republicana e democrática


consagrada pelo sistema de direito constitucional positivo (STF, 2008).

Denota-se, assim, que o princípio da dignidade humana é um valor


insubstituível e que sua violação pode ocorre em qualquer ambiente, seja, familiar,
profissional, escolar. Em razão do avanço das tecnologias informacionais, se está
muito mais vulnerável à violação da privacidade e intimidade, notadamente na mídia
digital, na qual a exposição é diária e as pessoas se expõem sem medir as
consequências de seus atos.
Quando se trata de entender a dignidade humana, em suas mais variadas
dimensões, é indispensável trazer a tonas as lições de Sarlet (2009). Quando este
aborda as dimensões ontológicas, comunicativa e relacional e a dignidade como limite
e tarefa em sua dupla dimensão negativa e prestacional. Cumpre salientar que ao
tratar da dimensão ontológica, Sarlet (2009, p. 20) explica que:

Que a dignidade, como qualidade intrínseca da pessoa humana,


é irrenunciável e inalienável, constituindo elemento que qualifica
o ser humano como tal e dele não pode ser destacado, de tal
sorte que não se pode cogitar na possibilidade de determinada
pessoa ser titular de uma pretensão a que lhe seja concedida a
dignidade.

Ainda nesta linha de entendimento, houve até quem afirmasse que a dignidade
representa “O valor absoluto de cada ser humano, que, não sendo indispensável, é
insubstituível, o que, por si só, não afasta necessariamente a possibilidade de uma
abordagem de cunho crítico e não inviabiliza, ao menos não por si só, eventual
relativização da dignidade, notadamente na sua condição jurídico-normativa “ou seja,
na condição de princípio jurídico e em alguma de suas facetas, temática que, todavia,
não será explorada nesse estudo.
A dimensão comunicativa e relacional refere-se ao reconhecimento do outro
como pessoa, no qual cada um tem suas características próprias e particularidades e
independe de sua situação econômica, social ou política. SARLET (2009, p. 125).
Utilizando-se dos ensinamentos de Hannah Arendt refere Sarlet (2009, p.25) que:

A própria existência e condição humana, sem prejuízo de sua


dimensão ontológica e, de certa forma, justamente em razão de se
tratar do valor próprio de cada uma e de todas as pessoas, apenas faz
sentido do âmbito da intersubjetividade e da pluralidade.
24

Aliás, também por esta razão é que se impõem o seu reconhecimento e


proteção pela ordem jurídica que deve zelar para que todos recebam igual (já que
todos são iguais em dignidade) consideração e respeito por parte do Estado e da
comunidade, o que, de resto, aponta para a dimensão política da dignidade, por outro
lado, na perspectiva histórica cultural, o referido autor (2009, p. 24) continua
sustentando que:

Já por esta razão, há quem aponte para o fato de que a dignidade da


pessoa não deve ser considerada exclusivamente como algo inerente
à natureza humana (no sentido de uma qualidade inata pura e
simplesmente), isto na medida em que a dignidade possui também um
sentido cultural, sendo fruto do trabalho de diversas gerações e da
humanidade em seu todo, razão pelas qual as dimensões natural e
cultural da dignidade da pessoa se complementar e interagem
mutuamente, guardando, além disso relação direta com o que se
poderá designar de dimensão prestacional (ou positiva) da dignidade
(SARLET, 2009, p.28).

Desde logo, percebe-se que a dignidade humana é indispensável ao ser


humano, uma condição conquistada pela decorrência da ação de cada um de nós
(SARLET, 2009). Desse modo, a perspectiva da dignidade como tarefa e limite
possibilita que possa ser compreendida, segundo o entendimento do supra referido
autor (2009, p.30), como aquela

[...] que a dignidade possui uma dimensão dúplice, que se manifesta


enquanto simultaneamente expressão da autotomia da pessoa
humana (vinculada a ideia de autodeterminação no que diz com as
decisões essenciais a respeito da própria existência), bem como da
necessidade de sua proteção (assistência) por parte da comunidade
do Estado especialmente quando fragilizada ou até mesmo – e
principalmente – quando ausente a capacidade de autodeterminação.

Constata-se diante dessa dimensão duplicada que o ser humano não pode ser
dissociado de seus aspectos intersubjetivos, pois comporta valores, direitos e
deveres.

É justamente nesse sentido que assume particular relevância a


constatação de que a dignidade da pessoa humana é
simultaneamente limite e tarefa dos poderes estatais e, no nosso
sentir, da comunidade em geral, de todos e de cada um, condição
dúplice esta que também aponta para uma paralela e conexa
dimensão defensiva e prestacional da dignidade, como limite, a
dignidade implica não apenas que a pessoa não pode ser reduzida a
condição de mero objeto de ação própria e terceiros, mas também o
fato de a dignidade gera direitos fundamentais (negativos) contratos
25

que a violem ou a expõem a graves ameaças, como tarefa, da previsão


constitucional (explicita ou implícita) da dignidade da pessoa humana,
dela decorrem deveres concretos de tutela por parte dos órgãos
estatais, no sentido de proteger a dignidade de todos, assegurando-
lhe também por meio de medidas positivas (prestações) o devido
respeito e promoção.

A partir do exposto, é indispensável ressaltar que muitas situações vivenciadas


pela pessoa podem levar a violação da sua dignidade, principalmente, quando se
refere a utilização das redes sociais, notadamente o Facebook, Instagram, entre
outras mídias que fazem parte do cotidiano de qualquer um.

1.4 A violação do princípio da dignidade da pessoa humana no cotidiano digital

Não se pode negar que foi no final do Sec. XX que a expansão da internet
tomou vulto e as pessoas ganharam um novo espaço para publicar suas
manifestações e interagir com grupos sociais e profissionais. “A internet abriu uma
nova arena de diálogos, modificando e ampliando a maneira de interagir e nos
oferecendo acesso a uma quantidade infinita de informações”. A conexão via internet
passou a fazer parte do cotidiano de todos nós e é quase impossível viver sem esse
tipo de comunicação (CANCELIER, 2017, p. 227).
No entendimento de Greenwald citando por Cancelier (2017, p. 227) a internet
não é

[...] apenas um meio de comunicação como o correio ou o telefone; ela


acabou por tornar-se “[...] o lugar onde quase tudo acontece [...]” e “[...]
é lá que são criados e armazenados os dados mais particulares de
cada um. É na internet que desenvolvemos e expressamos nossa
personalidade e individualidade”.

Como é sabido, a internet faz parte do dia a dia das pessoas e quase sempre
é utilizada uma finalidade de comunicar-se com os outros, expondo sua vida pessoal,
amorosa, social, profissional, sem no entanto levar em consideração que esta
exposição pode vir a ser violada por outros, ofendendo a privacidade, a intimidade, a
honra e a sua própria imagem (CF, art. 5°, X, 1988). Diante disso, é necessário
relembrar que a liberdade de informação e de expressão são direitos fundamentais e
individuais, porém, Luís Roberto Barroso (2007, p.80, sic) registra que:
26

[...] a primeira diz respeito ao direito individual de comunicar livremente


fatos e ao direito difuso de ser deles infomado; a liberdade de
expressão, por seu turno, destina-se a tutelar o direito de externar
idéias, opiniões, juízos de valor, em suma, qualquer manifestação do
pensamento humano.

Com efeito, é de entendimento geral que a liberdade de comunicação se


interconecta com a liberdade de expressão e muitas vezes geram problemas
relacionados com a divulgação de fatos ou notícias, atendendo o interesse de alguns
e não da pessoa que está envolvida. De fato, no cotidiano digital, as informações
circulam de uma forma muito rápida e não se consegue acompanhar tudo aquilo que
é registrado nas mídias sociais. Ocorre, porém que muitos conteúdos divulgados
podem ser considerados fake News, conflitando com a verdade e induzindo a
equívocos que podem ocasionar danos morais ou até materiais as pessoas que
tiverem seu direito violado.
Um último aspecto a destacar diz respeito a importância que a internet assume
em nossas vidas, em razão da velocidade com que, hoje, se consegue realizar
transações comerciais e interagir online com qualquer pessoa em qualquer lugar do
mundo. Inclusive “A viralização da informação tornou-se um dos principais atrativos e,
ao mesmo tempo, um dos maiores perigos da rede”, pois aquilo que se posta não se
apaga, tornando-se as vezes como um problema (CANCELIER, 2017, p.28). Nesse
sentido, Barroso (2007) salienta que a CF/88, em seu regime republicano, tem como
característica a liberdade, mas com responsabilidade, uma vez que o uso abusivo de
informações constantes nas redes sociais pode gerar a responsabilização de quem
fez uso indevido, violando a dignidade da pessoa humana.
Encerrado o exame da questão da liberdade de informação, expressão e
manifestação sob a ótica constitucional, é essencial realizar reflexões acerca do direito
à privacidade e uso da internet: medidas jurídicas de proteção, o que será abordado
no segundo capítulo.
27

2 REFLEXÕES ACERCA DO DIREITO À PRIVACIDADE E USO DA INTERNET:


MEDIDAS JURÍDICAS DE PROTEÇÃO

Realizar reflexões acerca do direito à privacidade e o uso da internet, hoje, não


é uma tarefa das mais fáceis, pois o impacto das novas ferramentas de interação
social vem provocando transformações comportamentais que se refletem de uma
forma muito direta nas relações sociais, políticas e jurídicas.
Como já foi mencionado anteriormente, o direito à privacidade, direito
fundamental individual necessita ser preservado para que não seja violado. E, ante o
desenvolvimento tecnológico que ocorre em alta velocidade, o arcabouço jurídico,
mesmo possuindo diversos mecanismos e institutos normativos que visam conferir
proteção à referido direito fundamental, não tem conseguido acompanhar esses
avanços e concretizar a referida proteção.
Por isso, analisar aspectos referentes à violação do direito à privacidade e o
uso da internet, bem como a violação de dispositivos informáticos alheios e direito à
privacidade são fundamentais para a compreensão da regulamentação da
convivência na sociedade virtual (Lei 12.965/2014).

2.1 A violação do direito à privacidade e o uso da internet

O principal desafio hoje, não é justificar o direito à privacidade, mas


principalmente com relação ao uso da internet e a violação dos direitos de
personalidade. Para garantir a efetividade do direito à privacidade na era digital, não
é uma tarefa das mais fáceis, pois o mundo digital está presente na vida cotidiana,
seja quando há postagem de fotos, notícias, fatos relacionados a festas, como
também, em casos de utilização das redes sociais na área profissional.
Surge daí a interferência na vida privada, na intimidade e nos cadastros com
dados pessoais, ocasionando uma serie de constrangimentos e a violação da
privacidade se torna alvo de pessoas inescrupulosas que desrespeitam as regras
sociais e jurídicas.

Considerando que a informática está presente em todo o mundo e


ocasionou uma modificação nos costumes, há o enfrentamento da
questão pelo poder judiciário, o qual constantemente está sendo
exigido a encontrar soluções para os problemas que podem resultar
28

da relação entre a informática e a intimidade. (LIMBERGER, 2007, p.


31)

Assim, além do caráter subjetivo que a internet apresenta, pode se dizer que o
caráter objetivo está presente quando a legislação constitucional e infraconstitucional
é utilizada para resolução de conflitos. É possível pensar a partir deste contexto que
a violação da privacidade ocorre em um ambiente propicio para que tal situação
aconteça, devido “as novas técnicas da informática e a publicação de cadastros que
podem armazenar um número quase ilimitado de informações” sobre os indivíduos e,
estes precisam contar com a tutela jurídica para preservar a sua intimidade.
(LIMBERGER, 2007, p. 58). Os meios de comunicação interativos modificam o
comportamento das pessoas que ante uma exposição demasiada sobre sua vida
pessoal, social e profissional colocam em risco o direito à privacidade e a intimidade.
Sem sombra de dúvida a faculdade de autodeterminação informativa pode
gerar limitações por meio de dispositivos constitucionais e legais, uma vez que a
dignidade da pessoa humana e o desenvolvimento de sua personalidade devem ser
restringidas para evitar danos maiores a sua própria vida (LIMBERGER, 2007). De
acordo com o exposto, é possível sustentar que o direito à privacidade se apresenta
com um novo significado na sociedade informatizada, no entanto não pode ser
encarado como algo que pode ser violado ou utilizado sem a devida autorização do
usuário.

Inegavelmente, a Internet representa um dos principais avanços


tecnológicos do nosso mundo contemporâneo, permitindo a
globalização de informação e conhecimento, diminuindo distancias
entre culturas e países que antes pouco ou nada sabiam a respeito
um do outro. A utilização e a dependência dos serviços da internet
alteraram significantemente a rotina e o comportamento das
sociedades.
Por conseguinte, esta transformação da sociedade trouxe grandes
conseqüências ao direito, contudo, estamos ainda em prelúdios deste
moderno objeto de estudo, pois, boa parte dos operadores de direito
ainda não possui grande intimidade com o tema da Internet, ficando
esse tema restrito a profissionais que possuem maior afinidade com o
mundo cibernético e lidam com essa tecnologia habitualmente,
pessoal e profissionalmente. (José Francisco de Assis, 2019, s.p, sic)

Da análise das considerações de José Francisco de Assis (2019) destaca-se


que na atualidade o judiciário tem se manifestado seguidamente quando há violação
29

de dispositivos informáticos alheios e direito à privacidade, pois o avanço tecnológico


não pode ser utilizado contra princípios constitucionais e humanos.

2.2 A violação de dispositivos informáticos alheios e direito à privacidade

O direito à privacidade visa a preservação da esfera pessoal de intromissões


ilegítimas, ou seja, possui como objetivo defender seu titular contra-ataques contrários
ao seu interesse e que se constituem em violação desse direito. Quando se fala em
violação de dispositivos informáticos alheios se esta caracterizando um tipo de crime, ou
seja, conforme a Lei 12.737/2012, que será abordada no próximo item, significa:

Invadir dispositivo informático alheio, conectado ou não à rede de


computadores, mediante violação indevida de mecanismo de
segurança e com o fim de obter, adulterar ou destruir dados ou
informações sem autorização expressa ou tácita do titular do
dispositivo ou instalar vulnerabilidades para obter vantagem ilícita.
(BRASIL, 2012).

Desta forma, percebe-se que o legislador apresenta no texto legal a


exigência de alguns elementos para caracterização do referido crime. Destaca-se
que os elementos exigíveis são os seguintes :

a) o núcleo invadir; b) dispositivo informático alheio; c) conectado ou


não à rede de computadores; d) mediante violação indevida de
mecanismo de segurança; e) com o fim de obter, adulterar ou destruir
dados ou informações sem autorização expressa ou tácita do titular
do dispositivo; f) ou instalar vulnerabilidades para obter vantagem
ilícita. (art. 154 -a)

Com relação ao bem jurídico protegido pelo direito, deve-se destacar que
além da privacidade, protege a liberdade individual, bem como o sigilo, a intimidade
e a vida privada. Nesse sentido Assis, (2007) assevera que:

O bem jurídico tutelado pela norma é a liberdade individual e a


privacidade que engloba o sigilo, a intimidade e a vida privada,
consistente na proteção de dados e informações armazenadas em
dispositivo informático.

Nessa perspectiva, pode-se afirmar que o cotidiano digital traz benefícios aos
indivíduos, mas por outro lado, o prejuízo pela utilização indevida se sobrepõe aos
30

interesses particulares, conflitando com a liberdade de expressão, pois essa não


pode de forma alguma chocar-se com os direitos de personalidade. Portanto, para
uma boa convivência na sociedade virtual e a preservação do direito à privacidade,
surge a Lei 12.965/2014, para regulamentar essa convivência.

2.3 O cotidiano digital e a regulamentação da convivência na sociedade virtual


e a preservação do direito à privacidade (lei 12.965/2014)

No Brasil, recentemente, foi aprovada Lei 12.965/2014, que veio regulamentar


o cotidiano digital e a convivência na sociedade virtual, visando a proteção dos
direitos fundamentais, principalmente o direito à privacidade e os dados pessoais
dos usuários da rede. Antes de verificar a importância da regulamentação do
cotidiano digital, é necessário compreender o que é o Marco Civil da internet.

É uma lei (número 12.965/14) que regulamenta a utilização da internet,


estabelecendo princípios e garantias que tornam a rede livre e
democrática no Brasil. Em vigor desde 23 de junho de 2014, ela
assegura os direitos e os deveres dos usuários e das empresas
provedoras de acesso e serviços online. (SUPERINTERESSANTE,
2018)

Na mesma linha de entendimento são as lições de Irineu Francisco Barreto


Junior (2018, p. 125), evidenciando-se que:

O Marco Civil da Internet reafirma o alinhamento brasileiro com a


internacionalização dos direitos humanos e alude às contradições
entre direitos fundamentais e absolutos, ao assegurar a liberdade de
expressão, parametrizada pela proteção da privacidade e dos dados
pessoais dos usuários da rede.

Observa-se que a regulamentação efetivada pelo Estado brasileiro vem ao


encontro da proteção de dados e informações, juntamente com a liberdade de
expressão e direito à privacidade. Percebe que a referida Lei objetiva “assegurar aos
seus cidadãos a devida proteção a esses direitos, as quais são, por sua vez,
maleáveis, cedentes à orientação política.” (BARRETO JUNIOR, 2018, p.125.
Faz-se importante referir que mesmo com a regulamentação existente, ainda
assim há violação dos direitos fundamentais, valores que não podem ser minimizados,
31

uma vez que o conflito entre princípios e direitos são solucionados por meio do poder
judiciário, que se utiliza da técnica da ponderação para fazer justiça ao caso concreto.

A necessidade de proteger o cidadão juridicamente recai em medidas judiciais


de proteção e, por isso analisa-se a posição dos Tribunais Superiores, para
posteriormente adentrar na Lei Carolina Dieckmann e o efeito do fenômeno virtual
nas Eleições de 2018.

2.4 Medidas jurídicas de proteção e a posição dos Tribunais Superiores

É interessante relembrar que a Constituição Federal de 1988 apresenta


algumas medidas jurídicas de proteção à liberdade de expressão, bem como sobre o
direito de imagem, honra, intimidade e vida privada. Relembra-se também que todos
esses valores constitucionais se encontram no mesmo patamar de hierarquia
constitucional, no entanto quando há confronto entre direitos e valores manifestos na
CF/88, sabe-se que o julgamento dos casos concretos acontecerá de acordo com os
interesses da sociedade, e do princípio da proporcionalidade.
Verificasse que a liberdade de expressão ganha relevância a partir do momento
em que é o ingrediente essencial para construção do Estado Democrático de Direito.
Além disso, é de se ressaltar que os Tribunais Superiores tem se posicionado no
sentido de promover uma reflexão sobre a importância da prevalência do direito da
sociedade em ser informada, em detrimento da privacidade ou intimidade do indivíduo.
Significa dizer que em determinadas situações existe a possibilidade de afastar um
dos direitos ou valores constitucionais para assegurar a concretização da liberdade
de expressão.
Destaca-se que o Superior Tribunal de Justiça publicou uma reportagem no seu
site sobre os conflitos entre a garantia da honra e da imagem e a liberdade de
expressão. “O Tribunal Superior tem julgado inúmeros casos que pedem reflexão
sobre quando deve prevalecer o direito de a sociedade ser informada ou o direito de
as pessoas terem sua intimidade e honra resguardadas” (CONSULTOR JURÍDICO,
2009). Vê-se então que:

O STJ tem se valido da técnica de ponderação de princípios para


solucionar este tipo de conflito e vêm construindo jurisprudência
32

considerável acerca do assunto. A reportagem diferencia os casos,


narrando exemplos que buscam o equilíbrio entre a privacidade e o
direito à informação, na maioria dos casos, em relação a notícias
publicadas pela imprensa. (CONSULTOR JURÍDICO, 2009).

Desse modo, se extrai do posicionamento do STJ que a liberdade de expressão


deve prevalecer em primeiro lugar em caso de colisão com outros direitos
fundamentais. Observa-se que os ministros não estabeleceram uma hierarquia entre
os direitos fundamentais, mas optaram pela utilização da liberdade de expressão,
afastando o direito a intimidade, privacidade, honra, imagem, uma vez que o direito à
informação é uma condição para que a livre formação da maioria aconteça de acordo
com o regime democrático.
De tudo que foi dito, é possível ressaltar a relevância que assume no Estado
brasileiro a elaboração de leis como uma das medidas de proteção da liberdade de
expressão, da intimidade, da privacidade, da honra e da imagem. A respeito da
liberdade como signo da democracia constata-se que o legislador Federal atendendo
os clamores da sociedade, notadamente com relação ao direito de imagem cria
dispositivos legais para assegurar os direitos fundamentais.
É de reconhecimento geral que a promulgação da Lei 12.737/2012 veio para
coibir os abusos praticados nas mídias sociais que muitas vezes ofende a dignidade
da pessoa humana.

2.4.1 Lei Carolina Dieckmann

A Lei 12.737/2012, apelidada como Lei Carolina Dieckmann, dispõe sobre a


tipificação criminal de delitos informáticos. Entre as principais novas condutas que
passaram a ser consideradas crimes e foram acrescidas no Código Penal, encontra-
se a “invasão de dispositivo informático”, prevista no Art. 2º da referida Lei e no
Art 154-A do CP. Mário Furlaneto Neto e José Augusto Chaves Guimarães (2019)
ensinam que:

A informática permite não só o cometimento de novos delitos, como


potencializa alguns outros tradicionais (estelionato, por exemplo).
Há, assim, crimes cometidos com o computador (The computer as a
tool of a crime) e os cometidos contra o computador, isto é, contra as
informações e programas nele contidos (The computer as theobjectof
33

a crime)”. É nesse último sentido que o Art. 154-A foi inserido no rol
de crimes do Código Penal, estabelecendo assim o chamado crime
de informática puro, aquele que a conduta ilícita, segundo Marco
Aurélio Rodrigues da Costa[2], “tenha por objetivo exclusivo o
sistema de computador, seja pelo atentado físico ou técnico do
equipamento e seus componentes, inclusive dados e sistemas.

A Lei 12.737/2012 surgiu a partir do projeto de Lei nº 2.793/2011, que foi


aprovado após o caso da atriz Carolina Dieckman, que teve seus dados acessados
por crackers que, através de um e-mail infectado que atriz teria dado um click,
acessaram seu computador pessoal, obtendo fotos íntimas da atriz, inclusive nua, e
fotos familiares com o filho de apenas quatro anos de idade. Inicialmente cogitou-se a
hipótese de a invasão ter sido feita na loja em que Carolina teria consertado o
computador meses antes.

Logo depois, ficou comprovado que, de fato, foram hackers do interior


de minas Gerais e de São Paulo que praticaram o delito. A atriz foi
chantageada pelos criminosos que exigiram o pagamento de R$ 10
mil para que as fotos não fossem divulgadas nas mídias sociais
(MENDES, 2012).

Carolina registrou o boletim de ocorrência, quando foram iniciadas as


investigações sobre o caso, três dias após a publicação das imagens a fim de evitar
mais exposições. Como o Brasil não tinha uma lei específica para crimes de
informática, os envolvidos foram indiciados por furto, extorsão qualificada e
difamação, todos do Código Penal Brasileiro.
Antes do caso da atriz, muitas vítimas já eram registradas, no entanto, o caso
ganhou destaque por se tratar de uma figura pública. Este é um caso clássico do
chamado phishing (envio de mensagens de spam contendo links para sites falsos),
geralmente oferecendo algum benefício, mas que no fim baixam um programa
malicioso no computador (MACHADO, 2012).
Geralmente ocorre com computadores desatualizados, sem qualquer tipo de
proteção como antivírus, onde a máquina pode ser contaminada com apenas um click
em e-mails contaminados ou até mesmo nas redes sociais como Facebook e Twitter,
podendo os hackers através desses dispositivos acessarem qualquer tipo de dados
pessoais das vítimas que estejam armazenados (MACHADO, 2012).
Com a repercussão do caso da atriz, foi sancionada a Lei 12.737 de 2012, que
entrou em vigor dia 02 de abril de 2013, a chamada Lei “Carolina Dieckcmanm”, que
34

torna crime a invasão de aparelhos eletrônicos para obtenção de dados particulares.


Esta lei alterou o Código Penal Brasileiro acrescentando os artigos 154-A a 154-B,
que estão dentre os crimes contra a liberdade individual, na seção que diz respeito
aos crimes contra a inviolabilidade dos segredos profissionais.

Art 154-A. Invadir dispositivo informático alheio, conectado ou não à


rede de computadores, mediante violação indevida de mecanismo de
segurança e com fim de obter, adulterar ou destruir dados ou
informações sem autorização expressa ou tácita do titular do
dispositivo ou instalar vulnerabilidades para obter vantagem ilícita:
Pena-detenção, de 3(três) meses a 1(um ano), e multa.

§ 1º Na mesma pena incorre quem produz, oferece, distribui, vende ou


difunde dispositivo ou programa de computador com o intuito de
permitir a prática da conduta definida no caput [...]

Art. 154-B. Nos crimes definidos no art. 154-A, somente se procede


mediante representação, salvo se o crime é cometido contra a
administração pública direta ou indireta de qualquer dos Poderes da
União, Estados, Distrito Federal e Municípios ou contra empresas
concessionárias de serviços públicos.

2.4.2 Eleições 2018. Bolsonaro X Redes Sociais.

A evolução dos meios de comunicação vem a tempo trazendo benefícios para


a política, em eleições passadas o rádio por exemplo foi uma forma de promover
partidos, no cenário atual com a modernidade das redes sociais no século XXI, trouxe
uma maior visibilidade das eleições, em especial o atual Presidente da República
Federativa do Brasil. Neste sentido, Leonardo Volpatti e Fábio Monteiro Lima (2019)
explicam que:

Bolsonaro utilizou a estratégia que é conhecida pelos teóricos


americanos de going public ("indo a público", em tradução livre), ou
seja, fazer uso de uma comunicação direta com a sua rede de contatos
pelas redes sociais. A relação direta com os eleitores pode ser
configurada via mensagens exclusivas enviadas pelo próprio político
ou através de transmissões ao vivo (lives) no Facebook e Instagram.

Se utilizando dos meios sociais supracitado, o atual Presidente ganho muitos


seguidores pela sua forma “autêntica” de expressar seu ponto de vista sobre a política,
em meio a este turbilhão de informações despejadas na internet, surgiu de forma forte
nas eleições de 2018, o que chamamos de “Fake News”, ao meu ver foi utilizado de
35

“arma” para atingir o objetivo de ser eleito(a), ambos os partidos que estavam no
pleito, visto isso, os eleitores estavam no meio de um emaranhado de informações
distorcidas, que visavam somente atingir o maior público possível.

Os pesquisadores Hunt Allcott e Matthew Gentzkow analisaram os efeitos


das “fakes news” nas eleições norte-americanas de 2016 e concluíram
que as informações que circulam na internet têm impactos diferentes,
dependendo do canal e da forma de divulgação. Por exemplo, artigos
são mais efetivos do que comerciais. Os resultados, porém, não
permitem afirmar que as notícias falsas alteraram os resultados da
eleição presidencial nos Estados Unidos. A divulgação de uma notícia
em que o Papa apoiava Donald Trump teve grande circulação, mas,
de acordo com os pesquisadores, seria difícil medir o seu impacto
entre os eleitores. Por outro lado, eles alertam que houve um aumento
no número de informações falsas e que os eleitores tendem a acreditar
na veracidade das informações, especialmente, quando são artigos
que se parecem com o modelo publicados por jornais impressos.
(HOLZHACKER, 2019)

Essa é a onda do futuro das futuras eleições, não só no Brasil, mas no mundo,
uma pratica cada vez mais presente e de difícil controle pelas autoridades, que em
conjunto dos meios de comunicação vem tentado eliminar perfis falsos que divulgam
conteúdos tanto de ódio, como enganoso, o uso de robôs virtuais tem ajudado para
disseminar as fake News em grande massa, os sistemas eleitorais estarão buscando
formas de coibir ou ao menos diminuir essa pratica futura. (HOLZHACKER, 2019).
Das eleições no Brasil em 2018, o que se pode observar foi a dominação do
mundo virtual, tato se comprova o álibi que o atual Presidente eleito praticamente não
compareceu em debates em outros meios de comunicação a não ser por meio de suas
redes sociais, tanto quanto polemico o assunto, foram as declarações de ordem do
mesmo, que acabaram por cativar a maior parte do povo brasileiro, com a política de
mudança e honra aos bons costumes, com isso, Bolsonaro atingiu 54% dos votos
válidos no segundo turno das eleições, chegando ao Posto de Presidente do País.
36

CONCLUSÃO

O avanço das tecnologias postas à disposição da sociedade acarretou


mudanças nas relações sociais. A exposição nas redes sociais tem gerado uma série
de problemas éticos sociais e jurídicos, uma vez que as pessoas, ao utilizarem esses
dispositivos, o fazem sem a devida cautela, e isto traz problemas à sua vida pessoal.
Desta forma, é imprescindível pensar sobre o direito à privacidade e uso da internet e
quais as medidas jurídicas de proteção existentes no Brasil. Nesse prisma, o estudo
do direito à privacidade exige que se abordem as dimensões éticas e jurídicas para
verificar como esse direito tem sido tutelado na esfera internacional e nacional.
Por meio desta pesquisa houve uma melhor compreensão da evolução do
direito à privacidade nas Constituições brasileiras, bem como ocorre a violação do
direito à privacidade e o princípio da dignidade da pessoa humana no cotidiano digital,
uma vez que se teve a oportunidade de verificar que, no contexto do direito à
privacidade, da proteção de dados pessoais e seus respectivos limites, assume
crescente relevo o problema da colisão de tais direitos com outros direitos
fundamentais, notadamente no âmbito da assim chamada “sociedade de vigilância” e
no ambiente da internet.
Diante disto, constatou-se a importância em busca uma maneira legítima e
eficaz de proteger, garantir e, principalmente, controlar a inviolabilidade à privacidade
das pessoas para evitar a ocorrência de danos que podem se tornar irreparáveis,
assim como o caso da famosa atriz Carolina Dieckman, que, devido a uma exposição
e ataque à sua vida privada, teve problemas na sua vida pessoal e repercussão
nacional. Desse caso, surgiu a Lei 12.737/02 (Lei Carolina Dieckmann), que trouxe à
tona toda essa discussão. Conclui-se que há alternativas para controlar a violação à
privacidade dos indivíduos, buscando o equilíbrio entre direitos e deveres, além da
37

vida pessoal e vida privada, partindo da premissa que o direito de cada um acaba
onde começa o direito do outro.
Outro ponto que se constatou com relação a privacidade é que esta consiste
num direito individual de cada, intocável, ou seja, na proteção de uma esfera da vida
privada, na qual o indivíduo possa desenvolver sua individualidade, inclusive, e
especialmente, no sentido da garantia de um espaço para seu recolhimento e reflexão,
sem que ele seja compelido a determinados comportamentos socialmente esperados.
Por derradeiro como se pode ver, a legislação protege o direito à privacidade,
porém esse direito ainda, na prática, não é respeitado, sendo imprescindível, para
tanto, leis mais rigorosas que protejam as pessoas de atos ilícitos e exposições da
vida privada que podem trazer danos irreparáveis as pessoas.
38

REFERÊNCIAS

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