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Os 5 solas da

Reforma Protestante
Declaração de Cambridge, 1996
I. Sola Scriptura
Tese 1: sola Scriptura

Reafirmamos a Escritura inerrante como fonte única de revelação divina


escrita, única para constranger a consciência. A Bíblia sozinha ensina
tudo que é necessário para nossa salvação do pecado, e é o padrão
pelo qual todo comportamento cristão deve ser avaliado. Negamos que
qualquer credo, concílio ou indivíduo possa constranger a consciência
de um crente, que o Espírito Santo fale independentemente do, ou
contrariando, que está exposto na Bíblia, ou que a experiência espiritual
pessoal possa ser veículo de revelação.
II. Solus Christus
Tese 2: solus Christus

Reafirmamos que nossa salvação é realizada unicamente pela


obra mediatória do Cristo histórico. Sua vida sem pecado e sua
expiação por si só são suficientes para nossa justificação e
reconciliação com o Pai. Negamos que o evangelho esteja
sendo pregado se a obra substitutiva de Cristo não estiver
sendo declarada e a fé em Cristo e sua obra não estiver sendo
invocada.
III. Sola Gratia
Tese 3: sola Gratia

Reafirmamos que na salvação somos resgatados da ira de Deus


unicamente pela sua graça. A obra sobrenatural do Espírito Santo é
que nos leva a Cristo, soltando-nos de nossa servidão ao pecado e
erguendo-nos da morte espiritual à vida espiritual. Negamos que a
salvação seja em qualquer sentido obra humana. Os métodos,
técnicas ou estratégias humanas por si só não podem realizar essa
transformação. A fé não é produzida pela nossa natureza não
regenerada.
IV. Sola Fide
Tese 4: sola Fide

Reafirmamos que a justificação é somente pela graça somente por


intermédio da fé somente por causa de Cristo. Na justificação a retidão
de Cristo nos é imputada como o único meio possível de satisfazer a
perfeita justiça de Deus. Negamos que a justificação se baseie em
qualquer mérito que em nós possa ser achado, ou com base numa
infusão da justiça de Cristo em nós; ou que uma instituição que
reivindique ser igreja, mas que negue ou condene sola fide, possa ser
reconhecida como igreja legítima.
V. Soli Deo Gloria
Tese 5: soli Deo gloria

Reafirmamos que, como a salvação é de Deus e realizada por Deus, ela


é para a glória de Deus e devemos glorificá-lo sempre. Devemos viver
nossa vida inteira perante a face de Deus, sob a autoridade de Deus, e
para sua glória somente. Negamos que possamos apropriadamente
glorificar a Deus se nosso culto for confundido com entretenimento, se
negligenciarmos ou a Lei ou o Evangelho em nossa pregação, ou se
permitirmos que o aperfeiçoamento próprio, a autoestima e a
autorrealização se tornem opções alternativas ao evangelho.
Justificação pela fé:
o tema central da Reforma
Justificação pela fé: o tema central da Reforma
• Justificação é um tema de importância histórica para os protestantes
• Doutrina alvo de muitas controvérsias na História

• A Reforma Protestante resgatou e desenvolveu/expandiu a doutrina

• Foi pelo entendimento da doutrina da justificação que Lutero combateu os erros da Igreja
Católica e eclodiu a Reforma

• “A justificação pela fé somente é o artigo sobre o qual a igreja permanece ou cai”.


(Martinho Lutero)

• “A justificação é o eixo ao redor do qual a religião gira”. (João Calvino)

• “Não há questão mais importante ou definitiva do que a que é respondida pela doutrina
da justificação”. (John Murray)
Justificação pela fé: o tema central da Reforma
Lutero e a justificação pela fé

• Lutero sempre se julgava abaixo da justiça exigida por Deus


• Dormia no chão, ficava sem comer, subia escadas de joelhos

• Lutero não tinha paz – senso de pecado profundo

• Lutero nutria ódio contra o Deus que pune pecadores

• Salmos – “justiça de Deus”


• Justiça punitiva de Deus contra pecadores
• Deus é santo e todo homem pecador
• A justiça dele deve nos punir
Justificação pela fé: o tema central da Reforma
Lutero e a justificação pela fé

• Leu Rm 1.16-17: “Pois não me envergonho do evangelho, porque é o poder de Deus para a
salvação de todo aquele que crê, primeiro do judeu e também do grego; visto que a justiça
de Deus se revela no evangelho, de fé em fé, como está escrito: O justo viverá por fé”.

• A “justiça de Deus” no evangelho é a provisão de Deus e não a punição

• O crente se apropria dessa justiça pela fé

• A justiça é a de Jesus, que é atribuída ao que crê

• Lutero agora entendeu que a fé em Cristo é o que


o tornava justo
• Nasce a Reforma Protestante
Justificação pela fé: o tema central da Reforma
“Justificação é o ato gracioso e judicial de Deus pelo qual ele declara justos os pecadores crentes,
com base na justiça de Cristo, que lhes é creditada, perdoando seus pecados, adotando-os como
filhos e lhes dando direito à vida eterna”. (Anthony Hoekema)

“Justificação significa declarar ou pronunciar alguém como justo”. (John Murray)

“Justificação é um ato instantâneo e legal da parte de Deus pelo qual ele considera os nossos
pecados perdoados e a justiça de Cristo como pertencente a nós e declara-nos justos à vista dele”.
(Wayne Grudem)

“A justificação é um ato judicial de Deus, no qual ele declara, com base na justiça de Jesus Cristo,
que todas as reivindicações da lei são satisfeitas com vistas ao pecador”. (Louis Berkhof)

“Justificação é o ato de Deus pelo qual pecadores injustos são declarados justos aos olhos do Deus
santo e justo”. (R.C. Sproul)
Justificação pela fé: o tema central da Reforma
Justificação é um ato judicial/forense (aspecto legal)

• ICAR – ofuscou o elemento judicial


• Tradução da Vulgata dá um caráter de transformação e não de declaração

• Para ICAR: justificação = perdão + renovação


• Graça infundida para que o fiel execute as obras de justiça
• Batismo + penitência (causas primária e secundária da justificação)
• Santificação produz a justificação
Justificação pela fé: o tema central da Reforma
• ICAR: Deus infunde justiça em nós e nos declara justos, pois somos tornados
justos
• Problema: confusão justificação com santificação
• Deus justifica com base na justiça presente em nós após essa infusão – nossas
ações se tornam cooperantes, pois são ações de obediência e justiça
• Nos tornamos justos por um processo

• Reformados: Deus imputa/considera/declara que somos justos. Não somos


tornados justos, mas considerados
• Reforma corrige o erro católico: justificação não nos muda interiormente;
• Justificação é diferente de santificação

• Declarados justos ou feitos justos?


Justificação pela fé: o tema central da Reforma

• Os pecados dos justificados: são imputados a Cristo e perdoados (Rm 4.6-8;


2Co 5.19)
• Deus não nos considerará culpados por causa de nossos pecados – foram
lançados “na conta” de outro (2Co 5.19-21)

• Justificação envolve sermos aceitos como justos


• A justiça de Cristo é considerada como nossa (Rm 3.22-28)
• Justiça imputada/atribuída a nós

• CFW, cap.11 – refutação da doutrina católica da justificação


• Justiça é creditada/imputada a nós
Justificação pela fé: o tema central da Reforma
Confissão de Fé de Westminster – cap. 11: da Justificação

11.1. Os que Deus chama eficazmente também livremente justifica. Essa justificação
não consiste em Deus infundir neles a justiça, mas em perdoar os seus pecados e em
considerar e aceitar as suas pessoas como justas. Deus não os justifica em razão de
qualquer coisa neles operada ou por eles feita, porém somente em consideração da
obra de Cristo. Não imputando aos homens como justiça a própria fé, o ato de crer
ou qualquer outro ato de obediência evangélica, mas imputando-lhes a obediência e
satisfação de Cristo, quando eles o recebem e se firmam nele pela fé. Os homens não
têm de si mesmos essa fé, ela é dom de Deus.

Rm 8.30; Rm 3.24; Rm 4.5-8; 2Co 5.19,21; Rm 3.22,24-25,27-28; Tt 3.5-7


Ef 1.7; Jr 23.6; 1Co 1.30-31; Rm 5.17-19; At 10.44; Gl 2.16; Fp 3.9; At 13.38-39
Ef 2.7-8
Justificação pela fé: o tema central da Reforma
Conclusões e aplicações
Conclusões e aplicações
• Como queremos ser avaliados por Deus? Pela justiça que há em nós ou pela justiça que há em Cristo e
que é atribuída a mim?
• A primeira nos traz angústia, a segunda nos traz alívio

• Justificação é fonte constante de conforto e paz


• Já estamos perdoados e somos inocentes no tribunal de Deus

• Pecados passados não devem nos assombrar


• Você tem um documento de quitação de pecados, uma declaração jurídica!

• A justificação não é um aval para uma vida desregrada de pecados


• A fé que justifica é acompanhada de obediência (Tg 2.24; Rm 6.1)
• “Cristo não justifica aqueles que ele não santifica”. (João Calvino)

• Não há mais condenação para aqueles que estão unidos a Cristo – justiça dele creditada/imputada a
nós – ressurreição garante nossa justificação (Rm 4.25)

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