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JUSTIFICAÇÃO PELA FÉ

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A justificação pela fé somente foi a grande revolução espiritual e teológica de Martinho
Lutero. Ela não veio facilmente. Ele havia tentado de tudo, desde dormir sob o chão
duro e jejuar, até subir uma escadaria em Roma de joelhos em oração. Monastérios,
disciplinas, confissões, missas, absolvições, boas obras - tudo provou ser inútil. A paz
com Deus lhe escapava. O pensamento da justiça de Deus o perseguia. Ele odiava a
própria palavra "justiça", que ele cria fornecer um mandato divino para condená-lo.
A luz finalmente raiou para Lutero quando ele meditou sobre Romanos 1:17, "Porque
nele se descobre a justiça de Deus de fé em fé, como está escrito: Mas o justo viverá
pela fé". Ele viu pela primeira vez que a justiça que Paulo tinha aqui em mente não era
uma justiça punitiva que condena os pecadores, mas uma justiça que Deus livremente
concede aos pecadores com base nos méritos de Cristo, e a qual os pecadores
recebem pela fé.

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Primeiramente precisamos compreender que os pecados dos crentes foram imputados
a Cristo - por isto Ele sofreu e morreu na cruz (1 Pd 2.24). Cristo foi feito legalmente
responsável pelos pecados do crente, e sofreu o justo castigo que a este
correspondia. Ao morrer no lugar do crente, Cristo satisfez as demandas da justiça e o
libertou para sempre de toda possibilidade de condenação ou castigo (Rm 8.1).
Jesus Cristo viveu uma vida perfeita - guardou completamente a lei de Deus. A justiça
pessoal que Cristo obteve durante Sua vida na terra é imputada ao pecador no
momento em que este crê. A justiça, sua obediência, Seus méritos, Sua justiça
pessoal de Cristo são outorgados ao crente; e Deus o vê como se ele mesmo
houvesse feito todo o bem que Cristo fez (2 Co 5.21).
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Faz-se necessário assimilar que a fé não é um agente (isto é, uma causa eficiente),
mas um instrumento (isto é, um meio) de justificação. Ninguém pode ser justificado
senão pela fé; no entanto, ninguém é justificado sobre a sua fé. A fé, em si mesma,
não salva o pecador; porém é um dom divino que o leva a Cristo, o qual é quem, de
fato, salva; portanto, a fé, conquanto seja um meio necessário para a justificação, não
é em si mesma a causa ou a base da justificação.
A fé desconhece o mérito humano (Ef 2.8), porque a própria natureza da fé é
depender inteiramente do mérito e justiça de Cristo como "mais que suficiente para
quitar a dívida de nossos pecados". Nós não somos justificados por nossa fé que é
sempre imperfeita, mas pela sempre perfeita justiça de Cristo. Todas as condições de
salvação devem ser e têm sido cumpridas por Jesus através de Sua obediência, tanto
ativa como passiva. (Rm 5.19).
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Pelo Espírito e pela palavra de Deus, a fé justificadora é uma graça salvadora que,
primeiro, convence do pecado e da miséria; segundo, assente com o evangelho de
coração; terceiro, recebe e descansa em Cristo e na Sua justiça para perdão e
salvação; e quarto, vive a partir de Cristo, que é a marca da fé apropriadora. Essas
marcas da fé são experimentadas na alma e exigem ser examinadas mais de perto.
Por fim vale destacar o dito de Calvino: "É a fé sozinha que nos justifica, no entanto, a
fé que justifica não está sozinha". A essência da fé é o conhecimento de Deus, da sua
aliança eterna, da nossa inclusão na aliança, do seu plano eterno consumado em
Cristo Jesus para salvação dos eleitos, das boas obras que ele preparou de antemão
(Ef 2.10) para que andemos nelas, pela abnegação, pelo sacrifício em obediência,
como agentes de Deus para consecução do seu plano eterno. Nisto consiste a fé
salvífica, no pleno conhecimento de Deus, e de Jesus Cristo, nosso Senhor (Jo 17.3;
Tg 2.17).

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