Universidade do Minho

Licenciatura em Matemática
Departamento de Matemática

Álgebra Linear I
Exame de recurso - uma correcção 02 de Fevereiro de 2021
1. a) Temos
   
1 0 0 2 −2 −4 1 0 0 2 −2 −4

 0 1 0 −1 3 4 


 0 1 0 −1 3 4 

 0 0 1 1 −2 −3   0 0 1 1 −2 −3 
  −−−−−−−−−−−−→  

 0 0 0 2 −2 −4 
 L5 → L4 + 2L5

 0 0 0 2 −2 −4 

 0 0 0 −1 3 4  L6 → L4 − 2L6  0 0 0 0 4 4 
0 0 0 1 −2 −3 0 0 0 0 2 2
 
1 0 0 2 −2 −4

 0 1 0 −1 3 4 

 0 0 1 1 −2 −3 
−−−−−−−−→  
L6→L5 −2L6 
 0 0 0 2 −2 −4 

 0 0 0 0 4 4 
0 0 0 0 0 0

Obtivermos assim uma matriz em escada com 5 pivôs. Deste modo c(A) = 4.
b) Aproveitando os cálculos feitos na alı́nea anterior temos
   
1 0 0 2 −2 1 0 0 2 −2
 0 1 0 −1 3   0 1 0 −1 3 
   
 0 0 1 1 −2  −−L−−→ −−−−−−−→  0 0 1 1 −2 
L4 + 2L5
  
 0 0 0 2 −2  5
L6 → L4 − 2L6
 0 0 0 2 −2 
0 0 0 −1 3 0 0 0 0 4
Deste modo B é invertı́vel pois é uma matriz 5 × 5 com caracterı́stica 5.
 
a b c d e
 A B C D E 
 
Vamos agora encontrar   f g h i j   tal que
 F G H I J 
u x y z w
    
a b c d e 1 0 0 2 −2 1 0 0 0 0
 A B C D E 
  0 1 0 −1 3 
 
 0 1 0 0 0 

 f g h i j 
  0 0 1 1 −2  = 0 0 1
 0 0 

 F G H I J  0 0 0 2 −2   0 0 0 1 0 
u x y z w 0 0 0 −1 3 0 0 0 0 1
Multiplicando cada uma das três primeiras linhas da primeira matriz pelas três primeiras colunas
da matriz B obtemos imediatamente que

a = 1, b = 0, c = 0, A = 0, B = 1 C = 0, f = 0, g = 0, h = 1, F = G = H = u = x = y = 0.

Ficamos assim com a igualdade

    
1 0 0 d e 1 0 0 2 −2 1 0 0 0 0
 0 1
 0 D E  
 0 1 0 −1 3  
  0 1 0 0 0 

 0 0
 1 i j  
 0 0 1 1 −2 
=
 0 0 1 0 0 

 0 0 0 I J   0 0 0 2 −2   0 0 0 1 0 
0 0 0 z w 0 0 0 −1 3 0 0 0 0 1
 de onde obtemos
    
2 + 2d − e = 0 −1 + 2D − E = 0 1 + 2i − j = 0 2I − J = 1 2z − w = 0
−2 − 2d + 3e = 0 3 − 2D + 3E = 0 −2 − 2i + 3j = 0 −2I + 3J = 0 −2z + 3w = 1

Concluı́mos assim que

 
1 0 0 −1 0
 0 1 0 0 −1 
−1
1 − 41 1 
 
B =
 0 0 2 
3 1 
 0 0 0 4 2
1 1
0 0 0 4 2

c) Como a caracterı́stica da matriz A é igual a 5, já sabemos que Nuc(T ) tem dimensão 1. Temos

Nuc(T ) = (x, y, z, u, v, w) ∈ R6 : x + 2u − 2v − 4w = 0, y − u + 3v + 4w = 0, z + u − 2v − 3w = 0,


2u − 2v − 4w = 0, −u + 3v + 4w = 0, u − 2v − 3w = 0

Usando os cálculos feitos na alı́nea b) temos

Nuc(T ) = (x, y, z, u, v, w) ∈ R6 : x + 2u − 2v − 4w = 0, y − u + 3v + 4w = 0, z + u − 2v − 3w = 0,


2u − 2v − 4w = 0, 4v + 4w = 0

Podemos assim arbitar a variável w e obter todas as outras variáveis em função de w. Assim

Nuc(T ) = (0, 0, 0, w, −w, w) ∈ R6 : w ∈ R = h(0, 0, 0, 1, −1, 1)i



2. O sistema que define V é


y+x+z+s+t=0
−2x + 3z + 2s − 2t = 0

que está em escada, tem 5 incógnitas e 2 pivôs. Deste modo dim V = 5 − 2 = 3.

Em relação ao conjunto A a resposta a ambas as perguntas é não pois A não está contido em V . Por
outro lado B e C estão contidos em V .
É também claro que C não é livre pois tem mais elementos do que a dimensão de V .
Se B for um conjunto livre então:

ˆ B é também um conjunto gerador de V pois tem tantos elementos quanto a dimensão de V ;

ˆ C é um conjunto gerador de V pois está contido em V e contem B, que gera V .

Resta mostrar que B é um conjunto livre. Sejam então a, b, c ∈ R tais que



 b − 2c = 0
 −2a − 3b + c = 0


a(0, −2, 0, 1, 1) + b(1, −3, 2, −1, 1) + c(−2, 1, −2, 2, 1) = (0, 0, 0, 0, 0) ou seja 2b − 2c = 0
a − b + 2c = 0




a+b+c=0


Tirando o valor de b na primeira equação e substituindo na terceira obtemos c = 0 e, por consequência,

b = 0. E daqui vem a = 0, mostrando que B é um conjunto livre.
3. Vou fazer operações elementares sobre a matriz. Recorde-se que qualquer matriz obtida de A usando
operações elementares tem a mesma caracterı́stica que A. Há várias maneiras de o fazer. Vejamos
uma!
Se a = 0 temos
     
0 0 b 0 b 0 0 c b 0 0 c
 b 0 0 c   0 0 b 0   0 b b 0 
  −−−−→   −−−−−−−−−−→  
 0 b b 0  L2↔L1  0 b b 0  L4 → L4 − L1
 0 0 b 0 
b 0 0 b b 0 0 b L2 ↔ L4 0 0 0 b−c

Se b = 0 então as três primeiras colunas são nulas e a caracterı́stica de A é igual a 1, se c 6= 0 e igual

a 0, se c = 0.
Se b 6= 0 então a matriz está em escada e a caracterı́stica de A é igual a 4 se b 6= c e é igual a 3, caso
contrário.
Suponhamos agora que a 6= 0. Temos
     
a a b a a a b a a a b a
 b a a c   b a a c   0 a(b − a) b2 − a2 a(b − c) 
  −−−−−−−−−−−→   −−−−−−−−−→  
 a b b a  L3 → L1 − L3
 0 b−a 0 0  L2→bL1 −aL2  0 b−a 0 0 
b a a b L4 → L4 − L2 0 0 0 b−c 0 0 0 b−c
 
a a b a
 0 a(b − a) b2 − a2 a(b − c) 
−−−−−−−−→  
L3→L2 −aL3  0 0 b2 − a2 a(b − c) 
0 0 0 b−c

Se b 6= ±a, a matriz está em escada e portanto tem caracterı́stica 4, se b 6= c e caracteráistica 3, caso

contrário.
Se b = a temos
   
a a a a a a a a
 0
 0 0 a(a − c) 
 −−−−−−−−−−−→ 
 0 0 0 a(a − c) 

 0 0 0 a(a − c)  L3 → L2 − L3  0 0 0 0 
0 0 0 a−c L4 → L2 − aL4 0 0 0 0

que tem caracterı́stica igual a 2 se a 6= c e igual a 1 se a = c.

Se b = −a temos
   
a a −a a a a −a a
 0 −2a2 0 −a(a + c) 2
 −−−−−−−−→  0 −2a 0 −a(a + c) 
 
 
 0 0 0 −a(a − c)  L4→L3 −aL4  0 0 0 −a(a + c) 
0 0 0 −(a + c) 0 0 0 0

que tem caracterı́stica 2, se c = −a e caracterı́stica 3, caso contrário.

4. Definir uma aplicação linear T : R5 → R5 equivale a definir a imagem dos elementos de uma base de
R5 . Em todos os casos vou considerar a base canónica de R5 , e1 , e2 , e3 , e4 , e5 .

a) Defino T (e1 ) = T (e2 ) = ~0, T (e3 ) = e1 , T (e4 ) = e2 e T (e5 ) = e5 (no lugar de e5 poderia ter
colocado qualquer elementos que não pertença a he1 , e2 i).
Note-se que Im(T ) = he1 , e2 , e5 i e, portanto dim Im(T ) = 3, o que implica que dim Nuc(T ) = 2.
Daqui obtemos Nuc(T ) = he1 , e2 i ⊆ Im(T ).
É fácil de ver que T (x1 , x2 , x3 , x4 , x5 ) = (x3 , x4 , 0, 0, x5 ).
 b) Sem grandes explicações, defino T (e1 ) = T (e2 ) = ~0, T (e3 ) = e3 , T (e4 ) = e4 e T (e5 ) = e5 , ou seja
T (x1 , x2 , x3 , x4 , x5 ) = (0, 0, x3 , x4 , x5 ). Note-se que Nuc(T ) = he1 , e2 i e Im(T ) = he3 , e4 , e5 i.
c) Defino T (e1 ) = T (e2 ) = T (e3 )~0, T (e4 ) = e4 e T (e5 ) = e5 , ou seja T (x1 , x2 , x3 , x4 , x5 ) =
(0, 0, 0, x4 , x5 ). Note-se que Nuc(T ) = he1 , e2 , e3 i, Im(T ) = he4 , e5 i e T 2 (ei ) = T (ei ) para
i = 1, 2, 3, 4, 5.

5. Sabemos que, se I2 for a identidade em R2 ,

 −1
MCC22 T = MCB2 I2 · MB B C2 B I2
B T · MC2 I2 = MB I2 · MB T · MC2 B
   −1    
2 1 1 1 2 1 2 1 1 1 −1 1
= =
3 1 2 1 3 1 3 1 2 1 3 −2
 
5 −2
= .
7 −3

2π
6. A ideia é considerar uma rotação de 5 . Assim,

T (1, 0) = cos( 2π 2π
T (0, 1) = cos( π2 + 2π
sen ( π2 + 2π



5 ), sen ( 5 ) , 5 ), 5 ) .

É claro que T (0, 1) = − sen ( 2π 2π

5 ), cos( 5 ) .