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Universidade do Minho

Licenciatura em Matemática
Departamento de Matemática

Álgebra Linear I
Primeiro teste - correcção 25 de Novembro de 2020

1. a) A matriz é invertı́vel. Vejamos alternativas de demonstração.

ˆ Fazendo a operação elementar L2 → −2L1 + L2 obtemos uma matriz em escada 2 × 2 com dois pivôs.
 
a b
ˆ Vimos que uma matriz c d
é invertı́vel se e só se ad − bc 6= 0.

ˆ Basta notar que A T


é invertı́vel, pois é uma matriz em escada 2 × 2 com dois pivôs. (recorde que A é invertı́vel se e só AT é invertı́vel).

B não é invertı́vel pois não é uma matriz quadrada .


C é invertı́vel pois, se aplicarmos a operação elementar L2 → −22L1 + L2 obtemos uma matriz em escada 3 × 3 com três pivôs .
 
1 −1 0
b) Sem grandes contas podemos ver que A−1 =  0 1 −1 .
0 0 1
Note-se que à partida já sabı́amos que A−1 era triangular superior com 1’s na diagonal (inversos dos elementos da diagonal de A) .
c) x = 0, y qualquer e z = −y.
Basta arranjar maneira de a matriz ter uma linha/coluna múltipla de uma outra linha/coluna.
√ √
Há algumas soluções muito fáceis de encontrar. Por exemplo, qualquer uma da forma: z = x − y com y qualquer e x ∈ {0, 5, 3, − 3} ou da
3 +x4 −x2
forma y = z = 13x−5x
4x−4
e x 6= 1 .
2. A resposta é a = 2 e b = −11. Para ver isto basta notar que

        
 9+a+b =0
9 −4 1 2 1 0 0 0 −4 + 2a =0

2
A + aA + bI2 = 02 ⇐⇒ +a +b = ⇐⇒
−8 −1 4 −3 0 1 0 0 
 −8 + 4a =0
−1 − 3a + b = 0.

Da segunda equação obtemos a = 2. Substituindo na primeira obtemos b = −11. Finalmente estes


valores satisfazem as outras duas equações (terceira e quarta).

É claro que quem se lembrasse da parte inicial do Exercı́cio 1.19 ...!


3. a) Como U = {a(1, −2, 3, 1) + b(−1, 3, −1, 2) + c(1, −1, 5, 4) : a, b, c ∈ R} concluı́mos que
U = h(1, −2, 3, 1), (−1, 3, −1, 2), (1, −1, 5, 4)i.
Facilmente se vê que o terceiro vector é igual ao dobro do primeiro mais o segundo. Como é claro
que o segundo vector não é múltiplo do primeiro, concluı́mos que B = (1, −2, 3, 1), (−1, 3, −1, 2)
é uma base de U .
Se não tivéssemos visto que o terceiro vector era combinação linear dos outros serı́amos levados
a ver se o sistema, nas incógnitas reais a, b e c
a(1, −2, 3, 1) + b(−1, 3, −1, 2) + c(1, −1, 5, 4) = (0, 0, 0)
tem solução não nula. Terı́amos assim, sucessivamente (não vou aparesentar as operações ele-
mentares que usei)
  

 a−b+c =0 
 a−b+c =0 
 a−b+c =0
−2a + 3b − c =0 b+c =0 b+c =0
  

 3a − b + 5c =0 
 2b + 2c =0 
 0 =0
a + 2b + 4c =0 3b + 3c =0 0 =0
  
Deste modo o sistema tem um grau de liberdade, o que implica que os três vectores não formam
um conjunto livre. Além do mais podemos arbitrar a variável c e tirar b e c em função de c,
concluindo assim que B = (1, −2, 3, 1), (−1, 3, −1, 2) é uma base de U .
b) V é definido pelo sistema, nas incógnitas reais x, y, z e t,

y+ x +z+ t=0
3x − 2z − 2t = 0
que está em escada, tem 4 incógnitas e 2 pivôs. Concluı́mos assim que V tem dimensão 2 (= 4−2).
Seja ~v = (12, −30, 5, 13). Note-se que ~v ∈ V (basta ver que satisfaz o sistema). Se ~u é um outro
vector de V que não é múltiplo de ~v então {~u, ~v } é um conjunto livre que gera um subespaço
 W
contido em V e tal que dim W = dim V . Ou seja, W = V . Concluı́mos assim que ~u, ~v é uma
base de V nas condições pretendidas. Podemos assim escolher, por exemplo, ~u = (0, 0, 1, −1)!
É claro que poderı́amos resolver o sistema acima e obter
V = 32 (z + t), − 53 (z + t), z, t ; z, t ∈ R
 

Daqui concluı́amos que ( 23 , − 53 , 1, 0), ( 32 , − 53 , 0, 1) é uma base de V . É claro que se substituirmos




qualquer um dos vectores desta base por (12, −30, 5, 13) obtemos também uma base (porquê?).
c) Usando a base B sabemos que os elementos de U são da forma (x, y, z, t) = (a − b, −2a + 3b, 3a −
b, a+2b), com a, b ∈ R. Resta agora substituir estes pontos nas equações que definem V . Obtemos
 
(−2a + 3b) + (a − b) + (3a − b) + (a + 2b) = 0 3a + 3b = 0
ou seja ou seja b = −a.
3(a − b) − 2(3a − b) − 2(a + 2b) = 0 −5a − 5b = 0
Deste modo U ∩ V = {(2a, −5a, 4a, −a) : a ∈ R} e, portanto U ∩ V tem dimensão um.
d) Sabemos que {(1, −2, 3, 1), (−1, 3, −1, 2), ( 23 , − 53 , 1, 0), ( 32 , − 53 , 0, 1)} gera U + V . Mas
dim U + V = dim U + dim V − dim U + V = 2 + 2 − 1 = 3.
Para calcular uma base de U + V a maneira mais simples parece ser usar o seguinte raciocı́nio:
como (1, −2, 3, 1) não pertence a V , pois não satisfaz a primeira equação que define V , concluı́mos
que {(1, −2, 3, 1), ( 32 , − 35 , 1, 0), ( 23 , − 53 , 0, 1)} é um conjunto livre contido em U + V e, portanto,
gera um seu subespaço W de dimensão 3. Como  dim U + V = 3 concluı́mos que W = U + V e,
2 5 2 5
portanto, (1, −2, 3, 1), ( 3 , − 3 , 1, 0), ( 3 , − 3 , 0, 1) é uma base de U + V
4. Para uma matriz Z, onde aparecer c(Z) leia-se “número de pivôs de uma matriz em escada obtida
usando operações elementares sobre Z”.
Seja A a matriz dos coeficientes do sistema e B a matriz aumentada do sistema. Recorde-se que o
sistema é possı́vel se e só se c(B) = c(A), e se o sistema for possı́vel então o número de graus de
liberdade é igual a 3 − c(A). Usaremos isto em todos os casos abaixo.
Vou aplicar operações elementares sobre a matriz ampliada do sistema e ir separando em casos conforme
for “necessário”.
   
1 a b 1 1 a b 1
 1 a2 b2 2  −−−−−−−−−−→  0 a(a − 1) b(b − 1) 1  .
L2 → L2 − L1
1 a3 b3 4 L →L −L
0 a(a2 − 1) b(b2 − 1) 3
3 3 1

Caso 1
Se a(a − 1) 6= 0, ou seja, se a 6∈ {0, 1}, então a(a − 1) é um pivô da segunda linha e podemos
continuar
   
1 a b 1 1 a b 1
 0 a(a − 1) b(b − 1) 1  −−−−−−−−−−−→  0 a(a − 1) b(b − 1) 1 .
2 2 L3 →(a+1)L2 −L3
0 a(a − 1) b(b − 1) 3 0 0 b(b − 1)(a − b) a − 2
ˆ [Caso 1.1] Se b(b − 1)(a − b) 6= 0 o sistema é possı́vel e determinado pois c(A) = c(B) = 3.

ˆ [Caso 1.2] Se b(b − 1)(a − b) = 0 e a − 2 6= 0 então c(B) = 3 > 2 = c(A) e, portanto o sistema é
impossı́vel.

ˆ [Caso 1.3] Se b(b − 1)(a − b) = 0 e a − 2 = 0 então o sistema é possı́vel e com um grau de liberdade
pois c(A) = c(B) = 2.

 
1 a b 1
Caso 2
Se a(a − 1) = 0 a matriz aumentada é  0 0 b(b − 1) 1 .
0 0 b(b2 − 1) 3

ˆ [Caso 2.1] Se b(b − 1) = 0 então o sistema é impossı́vel pois temos c(B) = 2 > 1 = c(A).
ˆ [Caso 2.2] Se b(b − 1) 6= 0 continuamos o processo e obtemos
   
1 a b 1 1 a b 1
 0 0 b(b − 1) 1  −−−−−−−−−−−→  0 0 b(b − 1) 1 .
2 L3 →(b+1)L2 −L3
0 0 b(b − 1) 3 0 0 0 b−2

Assim o sistema é impossı́vel se b 6= 2, pois temos c(B) = 3 > 2 = c(A), e é possı́vel e com um
grau de liberdade se b = 2 pois c(A) = c(B) = 2.

Podemos resumir as situações da seguinte forma: o sistema é:

ˆ possı́vel e determinado se a, b 6∈ {0, 1} e a 6= b;

ˆ possı́vel e com um grau de liberdade se a ou b for igual a 2 e o outro for 0, 1 ou 2;

ˆ impossı́vel nos outros casos

5. a) Há varias maneiras de resolver esta pergunta. Vamos ver uma que é fácil de explicar.
Podemos começar por escolher dois vectores no plano z = 0. Por exemplo vectores da forma
(1, b, 0) e (a, 1, 0), com a, b ∈ R. Note-se que se fizer variar a e b obtemos sempre vectores que
não são múltiplos dos outros, a não ser se ab = 1. Estes vectores também não são múltiplos de
vectores que não pertencem ao plano z = 0, por exemplo, vectores da forma (c, d, 1). Concluı́mos
assim que as bases

Ba,b,c,d = (1, b, 0), (a, 1, 0, (c, d, 1) , com a, b, c, d ∈ R e ab 6= 1

estão nas condições pedidas.


b) Sejam a, b, c ∈ R tais que a(u1 + u2 ) + b(u1 + u3 ) + c(u2 + u3 ) = 0V e vejamos que a = b = c.
A igualdade acima é equivalente a (a + b)u1 + (a + c)u2 + (b + c)u3 = 0V . Temos assim uma
combinação linear de {u1 , u2 , u3 } que é igual a 0V . Pela hipótese podemos concluir que a + b = 0,
a + c = 0 e b + c = 0. Tirando o valor de a na primeira e na segunda igualdade obtemos b = c,
que ao substituir na terceira igualdade dá b = 0 e, portanto c = 0 e a = 0.

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