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Departamento de Matemática

ÁLGEBRA LINEAR

EXAME FINAL
23 DE FEVEREIRO DE 2022
DURAÇÃO: 2H

LMAC E LEFT

0 0 −1
1 
0 2 −1 1
(1) Considere a matriz A = 3 −1 −2 1
1 1 −1 −1
(a) Calcule o determinante
  de A. A matriz A é invertı́vel?
0 1 0 0 
(b) Sendo B = 00 00 01 10 , calcule det (AT )3 BAB 2 .
1 0 0 0
Resolução:
(a) Usando o desenvolvimento de Laplace ao longo da primeira linha temos
1 0 0 −1
2 −1 1 0 2 −1
0 2 −1 1
= −1 −2 1 + 3 −1 −2
3 −1 −2 1
1 −1 −1 1 1 −1
1 1 −1 −1
= (4 − 1 + 1 + 2 + 1 + 2) + (0 − 4 − 3 − 1 + 6 + 0) = 1 + 0 = 9 − 2 = 7
Uma vez que o determinante é diferente de 0, a matriz A é invertı́vel.
(b) A matriz identidade obtém-se de B trocando a quarta linha com a segunda e
depois a primeira com a segunda logo det(B) = 1. Logo
det (AT )3 BAB 2 = det(AT )3 det(B) det(A) det(B)2 = det(A)3 det(A) = 74 .


 1 0 −1  1 1 1 0 −1 1 2 0 1

(2) Seja U = L 2 0 −3 , [ 1 0 −1 ], [ 2 1 2 ], [ 5 1 −2 ] ⊂ M3×2 (R).
(a) Determine a dimensão de U .
(b) Determine a intersecção do subespaço U com a reta definida por
{[ 05 01 −2
1
] + t[ 10 00 00 ] : t ∈ R}
Resolução:
(a) Aplicando o método de Gauss às coordenadas das matrizes na base canónica
obtemos
 1 0 −1 2 0 −3   1 0 −1 2 0 −3   1 0 −1 2 0 −3   1 0 −1 2 0 −3 
1 1 1 1 0 −1 L2 −L1 0 1 2 −1 0 2 L3 +L2 0 1 2 −1 0 2 L3 +L2 0 1 2 −1 0 2
0 −1 1 2 1 2 −→ −→ −→
L4 −2L1 0 −1 1 2 1 2 0 0 3 1 1 4 0 0 3 1 1 4
2 0 1 5 1 −2 0 0 3 1 1 4 0 0 3 1 1 4 0 0 0 0 0 0
Esta matriz tem caracterı́stica 3 donde se conclui que dim U = 3.
(b) Para determinar a interseção usamos a base de U cujas coordenadas são a
matriz em escada de linhas determinadas na alı́nea anterior. O sistema
 −1 
α 21 00 −3 0 1 2
+ β[ −1 0 0 3 0 0 1 1 0 0
0 2 ] + γ[ 1 1 4 ] = [ 5 1 −2 ] + t[ 0 0 0 ]

é equivalente a
 

 α=t 
α=t
 
β=0 β=0

 


 


−α + 2β + 3γ = 1 
−α + 0 + 3 = 1 ⇔ α = 2


 2α − β + γ = 5 
4−0+1=5
 
γ=1 γ=1

 


 


−3α + 2β + 4γ = −2 
−6 + 0 + 4 = −2
Conclui-se que a interseção do subespaço U com a reta é {[ 25 01 −2
1
]}.

(3) Seja V o espaço vetorial dos polinómios reais de grau ≤ 2. Determine a expressão da
inversa da transformação linear T : V → V que satisfaz as seguintes condições
• 1 + t + 3t2 , −1 + 2t geram o espaço próprio de 2
• 1 é um vetor próprio de 4
Resolução: A inversa é a transformação linear que tem os primeiros dois vetores
como vetores próprios de 12 e o terceiro como vetor próprio de 14 . Sendo
B = (1, −1 + 2t, 1 + t + 3t2 ) e Bcan = (1, t, t2 ) temos
 
1 −1 1
S = SB→Bcan = 0 2 1
0 0 3
Aplicando o método de Gauss-Jordan temos
     
1 −1 1 | 1 0 0 1 L2 1 −1 1 | 1 0 0 1 1 −1 0 | 1 0 − 13
− L3 
0 2 1 | 0 1 0 21−→ 0 1 12 | 0 21 0  L2−→ 2 0 1 0 | 0 12 − 16 
0 0 3 | 0 0 1 3 L3 0 0 1 | 0 0 31 L1 −L3 0 0 1 | 0 0 13
 
1 0 0 | 1 12 − 12
L1 +L2 1
−→ 0 1 0 | 0
2
− 16 
0 0 1 | 0 0 13
Temos portanto
  1  1  1   1 
1 −1 1 4
0 0 1 2 − 12 4
− 12 12 1 1
2
− 21 4
− 81 18
1 1 1 1  1
AT −1 ,Bcan ,Bcan = 0 2 1
   0 2 0   0 2 −6 = 0 1 2  0 2
− 61  =  0 12 0 
0 0 3 0 0 21 0 0 13 0 0 32 0 0 13 0 0 12
e
T −1 (a + bt + ct2 ) = a4 − 8b + 8c + 2b t + 2c t2


(4) Seja T : C4 → C4 a transformação linear definida pela expressão


T (x, y, z, w) = (y + z, −2x + 2y + z + w, z + w, −z + w)
(a) Determine a forma canónica de Jordan de T assim como uma base B para C4
com respeito à qual T está em forma canónica de Jordan.
(b) Existe alguma transformação linear diagonalizável P : C4 → C4 tal que
P 3 + 2iP 2 = T ? Justifique.
Resolução:
(a) O polinómio caracterı́stico de T é
−λ 1 1 0
−2 2 − λ 1 1
= (−λ(2 − λ) + 2)((1 − λ)2 + 1) = ((λ − 1)2 + 1)2
0 0 1−λ 1
0 0 −1 1 − λ
Os valores próprios são portanto λ = 1 ± i ambos com multiplicidade algébrica
2. Os vetores próprios de 1 + i são os vetores não nulos que são soluções de

b = (1 + i)a − c
  
−1 − i 1 1 0 a 


−2a + 2a − (1 − i)c + c + ic = 0 ⇔ 2ic = 0
 −2 1−i 1 1  b
  
 =0⇔
 0 0 −i 1   c  
 d = ci
0 0 −1 −i d 

−c + c = 0 ⇔ 0 = 0
Logo b = (1 + i)a e os vetores próprios de 1 + i são os múltiplos não nulos de
(1, 1 + i, 0, 0). Conclui-se que a multiplicidade geométrica de 1 ± i é 1 e portanto
a forma canónica de Jordan de T é
 
1+i 1 0 0
 0 1+i 0 0 
 
 0 0 1−i 1 
0 0 0 1−i
Para segundo elemento da base podemos tomar qualquer solução de
    
−1 − i 1 1 0 a 1
 −2 1−i 1 1 
  b  = 1 + i
   

 0 0 −i 1   c   0 
0 0 −1 −i d 0
As duas últimas equações são como vimos equivalentes a d = ic e substituindo
nas duas primeiras obtemos o sistema
( (
b = (1 + i)a − c + 1 b = (1 + i)a

−2a + 2a − (1 − i)c + (1 − i) + c + ic = 1 + i 2ic = 2i ⇔ c = 1

Portanto a base com respeito à qual T está em forma canónica de Jordan é por
exemplo (tomando a = 0)
B = ((1, 1 + i, 0, 0), (0, 0, 1, i), (1, 1 − i, 0, 0), (0, 0, 1, −i))
(b) Não existe porque se tal acontecesse P 3 + 2iP 2 seria também diagonalizável (os
vetores próprios seriam os mesmos que os de P ) e portanto T seria
diagonalizável, o que não acontece, como vimos na alı́nea anterior.

(5) Seja V = L({e−t , 1, et }) ⊂ F (R, R). Considere em V o produto interno determinado


pelas seguintes condições:

ke−t k = k1k = 1, ket k = 2 h1, et i = h1, e−t i = 0, O ângulo entre et e e−t é π4
(a) Mostre que φ : V → R definido por
ˆ x
φ(f ) = lim e−2t f (t)dt
x→+∞ 0

é um elemento do dual de V e determine a sua representação matricial com


respeito a bases que deve indicar.
(b) Determine a expressão para a projeção ortogonal de V sobre o núcleo de φ. Se
não fez a alı́nea anterior pode considerar que o núcleo de φ é o subespaço de V
definido pela condição f (0) = 0.
Resolução:
(a) Temos
ˆ x
e(α−2)x − 1
e−2t eαt dt =
0 α−2
Logo o limite quando x → +∞ existe desde que α < 2 e é
e(α−2)x − 1 1
lim =
x→+∞ α−2 2−α
Em particular o limite existe para α = −1, 0, 1 e portanto φ está bem definido
em V . Dados f, g ∈ V e α, β ∈ R temos
ˆ x
φ(αf + βg) = lim e−2t (αf (t) + βg(t))dt
x→+∞ 0
 ˆ x ˆ x 
−2t −2t
= lim α e f (t)dt + β e g(t)dt
x→+∞
ˆ x0 0
ˆ x
−2t
= α lim e f (t)dt + β lim e−2t g(t)dt
x→+∞ 0 x→+∞ 0
= αφ(f ) + βφ(g)
logo φ é um elemento do dual. Temos
1 1 1 1 1
φ(e−t ) = = , φ(1) = = , φ(et ) = =1
2+1 3 2−0 2 2−1
logo a representação matricial de φ com respeito às bases (e−t , 1, et ) de V e
Bcan = (1) de R é
1 1 
3 2
1
(b) Nas coordenadas da base B da alı́nea anterior, o núcleo é dado pela condição
1
3
x + 12 y + z = 0 logo uma base para o núcleo é dada pelos vetores com
coordenadas (3, 0, −1) e (0, 2, −1). Dado que

he−t , et i = ke−t kket k cos π4 = 1 · 2 · √12 = 1
a matriz da métrica com respeito à base B é
 
1 0 1
GB = 0 1 0
1 0 2
Aplicando Gram-Schmidt à base acima obtemos uma base ortogonal com
primeiro vetor (3, 0, −1) e segundo vetor
h(3, 0, −1), (0, 2, −1)i 2−3
(0, 2, −1) − (3, 0, −1) = (0, 2, −1) − (3, 0, −1) = ( 35 , 2, − 65 )
h(3, 0, −1), (3, 0, −1)i 9+2−6
e portanto a projeção ortogonal é dada em coordenadas na base B pela expressão
h(x, y, z), (3, 0, −1)i h(x, y, z), ( 35 , 2, − 65 )i 3
P (x, y, z) = (3, 0, −1) + 3 ( , 2, − 56 )
h(3, 0, −1), (3, 0, −1)i h( 5 , 2, − 56 ), ( 35 , 2, − 65 )i 5
3
3x − 2z + 3z − x x + 2y − 12 z − 65 x + 35 z 3
= (3, 0, −1) + 5 9
5
72 36 ( 5 , 2, − 56 )
5 25
+ 4 + 25
− 25
2x + z − 3 x + 2y − 59 z 3
= (3, 0, −1) + 5 145 ( 5 , 2, − 56 )
5 25
2x + z −3x + 10y − 9z
= (3, 0, −1) + (3, 10, −6)
5 145

Logo
2x + z −t −3x + 10y − 9z −t
P (xe−t + y + zet ) = (3e − et ) + (3e + 10 − 6et )
5 145
(6) Seja α ∈ R um parâmetro real. Classifique em função de α a forma quadrática
fα : R2 → R definida por
fα (x, y) = x2 − 4αxy + (1 + 3α)y 2
Resolução: A matriz simétrica associada a fα é
 
1 −2α
−2α 1 + 3α
Tem determinante 1 + 3α − 4α2 que se anula quando

−3 ± 9 + 16 1
α= = − ou 1
−8 4
1
Quando α < − 4 ou α > 1 o determinante é negativo e portanto fα é indefinida.
Quando α = − 14 ou 1 a forma fα é semi-definida positiva ou negativa e nos restantes
casos é definida positiva ou negativa. Para ver qual das hipóteses se verifica podemos
calcular o traço: este é 2 + 3α, que é positivo se e só se α > − 23 conclui-se que fα é
se α < − 14


 indefinida
1
semi-definida positiva se α = − 4



definida positiva se − 14 < α < 1




 semi-definida positiva se α = 1

indefinida se α > 1

(7) Seja V um espaço vetorial de dimensão finita com produto interno, T : V → V um


endomorfismo e P : V → V uma projeção ortogonal. Mostre que se T P = P T então
T ∗P = P T ∗.
Resolução: Se T1 e T2 são transformações lineares de V para V então para todo o
v, w ∈ V temos
hT1 T2 v, wi = hT2 v, T1∗ wi = hv, T2∗ T1∗ wi
logo (T1 T2 )∗ = T2∗ T1∗ . Uma vez que T P = P T temos (T P )∗ = (P T )∗ ⇔ P ∗ T ∗ = T ∗ P ∗
pelo que para demonstrar a afirmação do enunciado é suficiente mostrar que P = P ∗ .
Sejam v, w ∈ V e escrevamos v = P v + (I − P )v, w = P w + (I − P )w como uma
soma de um vetor na imagem de P e um vetor ortogonal. Então
hP v, wi = hP v, P w + (I − P )wi = hP v, P wi + 0
(uma vez que P v e (I − P )w são ortogonais). Como (I − P )v e P w são ortogonais, a
última expressão é igual a
hP v + (I − P )v, P wi = hv, P wi
Vemos assim que P é auto-adjunta, o que conclui a demonstração.

(8) Determine justificadamente a distância em Rn (para o produto interno usual) do


plano U = {x ∈ Rn : x1 − x2 = 4} ao conjunto S = {x ∈ Rn : kxk ≤ 1}.
Resolução: Consideremos a transformação ortogonal de T : Rn → Rn definida por
 1
u1 = √2 (x1 − x2 )

u2 = √12 (x1 + x2 )

un = xn para n ≥ 3

Uma vez que T preserva distâncias temos que T (S) = S e a distância de U a S é


igual à distância de T (U ) a S. Claramente T (U ) é o plano u1 = √42 . Por um lado, a
distância de ( √42 , 0, . . . , 0) a (1, 0, . . . , 0) ∈ S é √4
2
− 1. Por outro, dado
(u1 , . . . , un ) ∈ S temos
k( √42 , v2 , . . . , vn ) − (u1 , . . . , un )k2 = ( √42 − u1 )2 + (v2 − u2 )2 + . . . + (vn − un )2
≥ ( √42 − u1 )2 ≥ ( √42 − 1)2
(a última desigualdade porque u1 ∈ [−1, 1]). Conclui-se que a distância pretendida é
√4 − 1.
2

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