Você está na página 1de 3

Universidade do Minho

Licenciatura em Matemática
Departamento de Matemática

Álgebra Linear I
Primeiro teste -repetição - correcção 10 de Janeiro de 2019

1. a) Uma matriz é invertı́vel se e só se for quadrada e tiver caracterı́stica igual ao número de linhas
(ou colunas). Deste modo A e C são invertı́veis e B não é.
 
1 −1 1
b) Sem grandes contas podemos ver que A−1 =  0 1 −1 .
0 0 1
c) Ver a correcção do primeiro teste (pergunta 1 c)) para perceber o raciocı́nio!
Há algumas soluções muito √ de encontrar. Todas as que encontrei são da forma: z = x − y
fáceis √
3 +x4 −x2
com y qualquer e x ∈ {0, 5, 3, − 3} ou da forma y = z = 13x−5x 4x−4 e x 6= 1.
d) Ver a correcção do primeiro teste (pergunta 1 c)) para ver como encontrar todas as soluções.
Escolho V = {(x, y, z, t, w) : x + y − 2z + t + 2w = 0, x + y + z = 0, x + y = 0}. Trocando a ordem
das variáveis o sistema que define V está em escada e tem 3 pivôs.
e) Ver a correcção do primeiro teste (pergunta 1 c)).

As soluções todas podem ser obtidas da seguinte forma. Escolhemos uma base e1 , e2 , e3 , e4 , e5
de R5 e definimos V = h{e1 , e2 , e3 }i e W = h{e1 , e2 , e4 , e5 }i.
2. a) Como U = {a(1, −2, 3, 1) + b(−1, 3, −1, 2) + c(1, −1, 5, 4) : a, b, c ∈ R} concluı́mos que U é gerado
por {(1, −2, 3, 1), (−1, 3, −1, 2), (1, −1, 5, 4)}. Facilmente se vê que o terceiro vector é igual ao
dobro do primeiro mais o segundo. Como é claro que os dois primeiros
 vectores não são múltiplos
um do outro, concluı́mos que B = (1, −2, 3, 1), (−1, 3, −1, 2) é uma base de U .
b) Vamos procurar (x, y, z, t) ∈ R4 tal que existem a, b ∈ R tais que (x, y, z, t) = a(1, −2, 3, 1) +
b(−1, 3, −1, 2). Obtemos sucessivamente
  

 a− b = x   a− b = x 
 a− b = x
−2a + 3b = y b = 2x + y b = 2x + y
  

 3a − b = z 
 2b = z − 3x 
 0 = 7x + 2y − z
a + 2b = t 3b = t − x 0 = 7x + 3y − t
  

e portanto V = {(x, y, z, t) ∈ R4 : 7x + 2y − z = 0, 7x + 3y − t = 0}.


c) O sistema que define V

y +x+z+t =0
3x − 2z − 2t = 0
está em escada. Deste modo V = {( 2z+2t 5z+5t
3 , − 3 , z, t) : z,t ∈ R} e uma sua base pode ser
2 5 2 5

( 3 , − 3 , 1, 0), ( 3 , − 3 , 0, 1) ou então (2, −5, 3, 0), (2, −5, 0, 3) .
d) Vou apresentar 3 alternativas de resolução, fazendo as contas até ao fim apenas numa delas.
• Resolvemos o sistema com 4 equações: as que definem U e as que definem V .
• Usando a base B sabemos que os elementos de U são da forma (x, y, z, t) = (a − b, −2a +
3b, 3a − b, a + 2b), com a, b ∈ R. Resta agora substituir estes pontos nas equações que definem
V . Obtemos
 
(−2a + 3b) + (a − b) + (3a − b) + (a + 2b) = 0 3a + 3b = 0
ou seja
3(a − b) − 2(3a − b) − 2(a + 2b) = 0 −5a − 5b = 0
Deste modo U ∩ V = {(2a, −5a, 4a, −a) : a ∈ R} e, portanto U ∩ V tem dimensão um.
• Sabemos que {(1, −2, 3, 1), (−1, 3, −1, 2), (2, −5, 3, 0), (2, −5, 0, 3)} gera U + V . Daqui pode-
mos encontrar a dimensão de U + V e depois usar a fórmula

dim U + V = dim U + dim V − dim U + V .

3. a) Vou aplicar operações elementares sobre a matriz ampliada do sistema e ir separando em casos
conforme for “necessário”.
   
1 a b 1 1 a b 1
 1 a2 b2 2  −−−−−−−−−−→  0 a(a − 1) b(b − 1) 1  .
L2 → L2 − L1
1 a3 b3 3 L →L −L
0 a(a2 − 1) b(b2 − 1) 2
3 3 1

Vamos agora separar em casos, consoante os valores de a e de b. Seja A a matriz dos coeficientes
do sistema e B a matriz aumentada do sistema.

Recorde-se que o sistema é possı́vel se e só se c(A) = c(B) e que, se for possı́vel, tem 3 − c(A)
graus de liberdade.
• [Caso 1] Se a(a − 1) 6= 0 então a(a − 1) é um pivô da segunda linha e podemos continuar
   
1 a b 1 1 a b 1
 0 a(a − 1) b(b − 1) 1  −−−−−−−−−−−→  0 a(a − 1) b(b − 1) 1 .
2 2 L3 →(a+1)L2 −L3
0 a(a − 1) b(b − 1) 2 0 0 b(b − 1)(a − b) a − 1

– [Caso 1.1] Se b(b − 1)(a − b) 6= 0 o sistema é possı́vel e determinado pois c(A) = c(B) = 3.
– [Caso 1.2] Se b(b − 1)(a − b) = 0 então, como a − 1 6= 0, o sistema é impossı́vel pois
c(A) = 2 e c(B) = 3.
 
1 a b 1
• [Caso 2] Se a(a − 1) = 0 a matriz aumentada é  0 0 b(b − 1) 1 .
0 0 b(b2 − 1) 2
– [Caso 2.1] Se b(b − 1) = 0 então o sistema é impossı́vel pois c(A) = 1 e c(B) = 2.
– [Caso 2.1] Se b + 1 = 0 então o sistema é impossı́vel pois c(A) = 2 e c(B) = 3.
– [Caso 2.2] Se b(b2 − 1) 6= 0 continuamos o processo e obtemos
   
1 a b 1 1 a b 1
 0 0 b(b − 1) 1  −−−−−−−−−−−→  0 0 b(b − 1) 1 .
2 L3 →(b+1)L2 −L3
0 0 b(b − 1) 2 0 0 0 b−1

Obtemos assim um sistema impossı́vel pois, como b(b − 1) 6= 0, c(A) = 2 e c(B) = 3.


Podemos resumir as situações da seguinte forma: o sistema é
• possı́vel e determinado se a, b 6∈ {0, 1} e a 6= b.

• impossı́vel nos outros casos.


b) Sejam a = 3 e b = 2 (mas a escolha é essencialmente irrelevante!). Temos assim sucessivamente
1

 x = −2
 
 x + 3y + 2z = 1  x + 3y + 2 = 1 
6y + 2z = 1 6y + 2 = 1 y = − 16
2z = 2 z=1  z
  
= 1.

4. a) n2 (é o número de entradas das matrizes!).


b) Seja V o conjunto referido. É claro que On ∈ V pois On A = On e A2 On A = On A = On .
Suponhamos que X, Y ∈ V e λ ∈ R. Então, como XA = A2 XA e Y A = A2 Y A,

(X + Y )A = XA + Y A
= A2 XA + A2 Y A por definição de V
2
= A (X + Y )A
(λ X)A = λ(XA)
= λ(A2 XA) por definição de V
2
= A (λX)A

e portanto X + Y, λX ∈ V .
c) No que segue vamos denotar A0 = In . Pela alı́nea a) Mn×n (R) tem dimensão n2 . Em particular,
para s ≥ n2 o conjunto {Ai : i = 0, . . . , s} é linearmente dependente. Deste modo, existem s ∈ N
e b0 , b1 , . . . , bs ∈ R não todos nulos tais que si=0 bi Ai = On . Seja k o maior inteiro tal que
P

bk 6= 0. Note-se que k 6= 0. Temos assim ki=0 bi Ai = On e, portanto bk Ak + i=0


Pk−1
ai Ai = On de
P
k−1
onde obtemos Ak = i=0 ai Ai em que ai = − bbki , para i = 0, . . . , k − 1.
P

d) Suponhamos que existem k ∈ N, a0 , a1 , . . . , ak−1 ∈ R, com a0 6= 0 tais que Ak = k−1 i


P
i=0 ai A . Se
k−1
k = 1 então A = a0 In e portanto é invertı́vel. Se k ≥ 2 então Ak − i=1 ai Ai = a0 In e portanto
P

k−1
!
X
k−1 1 i−1
A A − a0 ai A = In
i=1

o que mostra que A é invertı́vel.

Suponhamos
Pk−1 agora que A é invertı́vel e sejam k ∈ N, a0 , a1 , . . . , ak−1 ∈ R tais que Ak =
i
i=0 ai A . Note-se que nem todos os coeficientes a1 , . . . , ak−1 são nulos, pois caso contrário
A seria a matriz nula que não é invertı́vel. Seja s o menor inteiro tal que
Pk−1 s P as 6= i−s0. Assim
Ak = i=s ai Ai . Multiplicando esta igualdade por A−1 obtemos Ak−s = k−1 i=s ia A . Note-
se que as é o coeficiente de In neste somatório e recorde-se que 0 ≤ s ≤ k − 1 e que as 6= 0.

A primeira parte desta alı́nea foi resolvida nas aulas.

Você também pode gostar