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OS EFEITOS DAS POLÍTICAS DE DESCENTRALIZAÇÃO SOBRE O

FINANCIAMENTO DAS DESPESAS SOCIAIS EM ESTADOS E


MUNICÍPIOS BRASILEIROS
Rocha dos Santos, Welington J.1(IC); Bizelli, José L.2(O);
rocha_dos_santos@yahoo.com.br
1
Departamento de Administração Pública, Universidade Estadual Paulista;
2
Departamento de Antropologia, Política e Filosofia, Universidade Estadual Paulista

O objeto deste trabalho é analisar o comportamento e a evolução das despesas


sociais em Estados e Municípios das capitais, no período de 1984 a 1992, procurando
avaliar em que medida o aumento de gastos sociais têm sido responsável pelo agravamento
de suas finanças. A Constituição de 1988 inaugurou uma nova etapa do federalismo fiscal
brasileiro que ainda não está, todavia, concluída. Nela, as demandas de Estados e
Municípios por descentralização das receitas públicas foram atendidas, mas as dificuldades
encontradas para fazer com que a descentralização das receitas fosse acompanhada de uma
concomitante descentralização das responsabilidades públicas, em especial no campo das
políticas sociais, provocaram desequilíbrios que ainda precisam ser corrigidos. Alguns
fatores têm sido apontados como responsáveis pelos resultados insuficientes alcançados na
implementação desse processo, como a ausência de planejamento e coordenação das
políticas referidas, tanto de ordem político-institucional quanto de natureza financeira.
Nesse sentido, estudos como o presente, caracterizam-se como de grande importância.
Considerando que os programas de descentralização enfrentam obstáculos fiscais e
financeiros por parte da maioria dos municípios, a adequação e a reformulação dos
mecanismos de financiamento, o aperfeiçoamento de sua coordenação e da própria política
de descentralização dos serviços sociais fazem-se necessários para a implementação de
uma estratégia de desenvolvimento social. O método utilizado foi pesquisa bibliográfica do
material disponível e coleta e sistematização de dados da receita e despesa no site do
Ministério da Fazenda. Como resultado, verificamos que a descentralização fiscal e o
aumento de despesas sociais nas esferas subnacionais de governo agravaram a situação das
finanças em Estados e Municípios. Isso pode ser constatado considerando que o aumento
das receitas de ambas as esferas de governo acabou, em grande parte, comprometido com
gastos na área social. Enquanto nos Estados o comprometimento foi de 51%, nos
Municípios foi de 61%. Além disso, enquanto que, em 1984, as despesas sociais
representavam 42% da receita efetiva dos Estados, em 1992 passaram a 46%. No caso dos
Municípios, o percentual que era de 69%, passou a 80%. Considerando a participação das
despesas sociais na despesa total, essa passou de 37,9%, em 1984, para 40,2% em 1992,
nos Estados, e de 58,8% para 62,9%, nos Municípios. Conjugado com critérios impróprios
para o cálculo do montante das transferências intergovernamentais, as disparidades no
volume de recursos auferidos pelas diferentes unidades da federação também foram
acirradas. Finalmente, pôde-se concluir que a sobrecarga das finanças citada compromete a
continuidade do financiamento das políticas sociais. Assim, a descentralização
transformou-se em um ônus a ser resolvido. Por sua vez, o aumento da eficiência e da
eficácia das políticas públicas implementadas de forma descentralizada envolve um
complexo conjunto de fatores políticos, econômicos e sociais, com reduzidas
possibilidades de serem ordenados. Num ambiente marcado pelo aumento da importância
da estabilização econômica em detrimento da provisão de bens e serviços sociais, fica
ainda mais improvável a ordenança desses fatores, ao menos que ocorra a necessária
transformação da natureza do Estado.

Instituição Financiadora: MEC/ SESu/ PET

CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA, 13., 2005, São Carlos.


EVENTOS DA UFSCAR, 2005, São Carlos. Anais

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