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LEETRA• Indígena

Revista do Laboratório de Linguagens LEETRA


Universidade Federal de São Carlos
Universidade Federal de São Carlos
Reitor
Prof. Dr. Targino de Araújo Filho

Vice-Reitor

Prof. Dr. Adilson Jesus Aparecido de Oliveira

Universidade Federal de São Carlos - Campus São Carlos


Rod. Washington Luís, km. 235 - Departamento de Letras - Sala 07
CEP: 13.565-905 - São Carlos - SP
Telefone: (16) 3306-6510
www.leetra.ufscar.br grupo.leetra@gmail.com
Tiragem desta edição: 1400 exemplares

LEETRA INDÍGENA. n. 16, v. 1. Edição Especial: Nheengatu Tapajoa-


ra, 2015 - São Carlos: SP: Universidade Federal de São Carlos, Laboratório
de Linguagens LEETRA

Periodicidade: semestral
ISSN: 2316-445X

1. Literatura indígena 2. Literatura brasileira 3. Sociedades indígenas brasileiras.

A revista aceita contribuições de estudos, resenhas e outras, dentro da sua especialidade.


LEETRA• Indígena
Revista do Laboratório de Linguagens LEETRA
Universidade Federal de São Carlos

ISSN: 2316-445X
Número 16 - Volume 01 - 2015

Rev. LEETRA Indígena São Carlos - SP n. 16 v. 1 2015


Revista do Laboratório de Linguagens LEETRA
Universidade Federal de São Carlos - SP - Brasil
Volume 16 - N. 1 - 2015 - ISSN 2316-445X
Conselho Editorial Autores
Alzira Sousa Guimarães
Florêncio Almeida Vaz Filho Amado de Oliveira Serrão Filho
Maria Silvia Cintra Martins Anne Mikelle Cardoso dos Santos
Carlos Antonio Pereira Nascimento
Cauã Nobrega da Cruz
Editora Civalda Ferreira Sousa
Maria Sílvia Cintra Martins Civaldo Imbiriba Rodrigues
Cleilsa Mota Alves
Daciel da Gama
Ilustrações Daniela dos Santos Américo
Yara Amaral Gurgel Fulniô Diemeson Andrei Caetano Dos Santos
Elícia Pereira de Sousa
Yatap Santos Enaldo Colares
Leandro Mahalem Lima Fernanda dos Santos
Alunos e alunas dos cursos de nheengatu Irlane Castro Feitosa
Jaelson dos Santos Pereira
Joaneide Maria dos Santos Tapajós
Revisão João Antônio Tapajós
Antônio Fernandes Góes Neto Joel Costa Lopes
Joelder Tapajós Pereira
Camila de Lima Gervaz Josiel Pereira de Sousa Bentes
João Paulo Ribeiro Josiele Guimarães de Sousa
Josielma Alves Cardoso
Maria Silvia Cintra Martins Leilane Sousa Guimarães
Renato da Silva Fonseca Lourdes Ferreira Sousa
Marcela Fernanda de Jesus Oliveira
Design e Diagramação Marcos José Vieira Queiroz
Maria Luciléia Tapajós de Deus
Camila de Lima Gervaz Marinalba Pedroso Serrão
Milton Anselmo Amaral Castro
Nelson Barroso da Costa
Apoio Orleidiane Reges Cardoso
Grupo de Pesquisa LEETRA Rosiene Ferreira Nunes
FAPESP (Fundação de Amparo à Pes- Rosilda Ferreira Nunes
Silmare Azevedo Ferreira
quisa do Estado de São Paulo) Tatiane Castro Feitosa
Endereço para correspondências
Universidade Federal de São Carlos - Laboratório de Linguagens LEETRA
Rod. Washington Luís, km. 235 - Departamento de Letras - Sala 07
CEP: 15.566-905 - São Carlos - SP
Pedido de assinaturas e envio de artigos para:
www.leetra.ufscar.br grupo.leetra @gmail.com
SUMÁRIO

1. A história do começo como nossos avós nos contaram /


Kuá yupirungawaitá mbeubeusáwa mayé yané ariaitá
umbeú .......................................................................................09

2. A cabanagem começou aqui / Kuá kabanagem uyupirú


iké!...............................................................................................12

3. Vamos fazer piracaia? / Yasuã yamunhã pirakaya?...............18

4. Cobra Grande / Buyuasú .........................................................23

5. Danças e Festas / Murasi .........................................................37

6. Territórios / Tetamaitá .............................................................44

7. Pinturas / Kuatiaraitá ...............................................................54

• Hino Nacional nheengatu rupi................................................63

• Glossário / Nheengaitá ............................................................65


DEDICATÓRIA

Dedicamos aos nossos parentes, aos nossos antepassados, aos pi-


meiros professores de Nheengatu que vieram do rio Negro, Ce-
lina Cadena Baré, Beto Baniwa e Vitor Baniwa. Aos professores
Agripino Neto, Antônio Neto, Luís Gonzaga da Fonseca Jr, Renato
Fonseca e principalmente aos nossos alunos, que também já atuam
como professores ou que pretendem ser professores de Nheengatu.
Foram vocês que nos estimularam a enfrentar este desafio de pro-
duzir este livro. Dedicamos também aos que nos apoiaram: GCI,
CITA, Diretoria de Ações Afirmativas (DAA/UFOPA), Programa
Patrimônio Cultural na Amazônia (PEPCA/UFOPA), Custódia
São Benedito da Amazônia (Frades Franciscanos) e Centro Indíge-
na Maíra. Dedicamos também a todos os povos que contribuíram
na elaboração desse livro.
Introdução: sobre a produção de materiais bilíngues e a
importância da língua nheengatu na região de Santarém

O momento atual confronta-nos com grandes desafios que her-


damos do século XX. Entre eles estão a continuidade na luta pela
garantia efetiva dos direitos indígenas já estabelecidos na letra da
Constituição de 1988, em conjunto com a lei 11.645/08, que versa
sobre a obrigatoriedade do ensino da história e da cultura dos po-
vos indígenas em todas as escolas públicas e particulares brasilei-
ras, ou seja, nas escolas de aldeia, mas não apenas nelas.
No Grupo de Pesquisa LEETRA, na Universidade Federal de São
Carlos, temos nos voltado à realização de ações que buscam cor-
responder a esses e a outros desafios, seja na pesquisa voltada à
produção de livros bilingues para utilização na educação de aldeia,
mas também nas escolas regulares, seja na participação no Pac-
to Nacional pela Alfabetização na Idade Certa – PNAIC/UFSCar.
Em 2014, juntando esforços com professores e educadores do Alto
Rio Negro (AM), publicamos edição especial da Revista LEETRA
Indígena, com lições progressivas para a aprendizagem da língua
nheengatu; já este volume 16 da Revista LEETRA Indígena com-
porta nova edição especial, com mais elementos da língua nheen-
gatu, dentro de uma proposta que foi construída em conjunto
com professores de Santarém/PA. No caso de materiais didáticos
bilin-gues como Yẽgatú/Português e agora Nheengatu Tapajoara,
vemos na sua utilização em sala de aula diversos destaques para o
traba-lho pedagógico:

1. Contribuem para a implementação da lei 11.645/08;


2. seja na Educação Indígena Diferenciada, seja nas escolas
regulares, de toda forma muitas vezes os próprios professores não
possuem todo o conhecimento das línguas indígenas, já que elas
se encontram em processo de revitalização e a existência de livros
didáticos bilingues pode contribuir – e muito – para sua redesco-
berta por todos, tanto pelos professores, quanto pelos alunos;

7
3. de forma simples e didática, este volume apresenta elemen-
tos de cultura indígena, daquilo que constitui o patrimônio imate-
rial desse povos, neste caso de professores indígenas de Santarém
que que vêm reconhecendo na língua nheengatu uma forma de
reencontro com sua identidade indígena.

É interessante relatar para quem não pertence à região de Santa-


rém, e vai também ter contato com esta revista, que nesta cidade do
noroeste do estado do Pará, onde este material foi produzido, exis-
tem diferentes comunidades indígenas cujas línguas encontram-se
extintas ou possuem poucos falantes, de tal maneira que parte da
população ribeirinha, antes denominada cabocla, ao passar a reco-
nhecer sua identidade indígena, vê na língua nheengatu uma for-
ma de resgate de sua indigeneidade. Ali, como em algumas outras
regiões brasileiras, o nheengatu possui funcionamento linguístico
de língua franca, dentro de uma situação multilíngue especial.
Como editora da Revista LEETRA Indígena, guardo por este vo-
lume um carinho especial, já que pude acompanhar parte de sua
produção em minha breve passagem por Santarém em janeiro des-
te ano. É muito gratificante ver agora o trabalho, depois de passa-
dos tão poucos meses, em sua forma acabada, em belíssima edição
ilustrada e provida de grafismos tão especiais.
Construído de forma colaborativa, este volume apresenta gran-
de variedade de textos em língua nheengatu estando parte deles
acompanhada da tradução em português: relatos históricos, letras
de música, receitas culinárias típicas, narrativas, um mapa da re-
gião, e até o hino nacional brasileiro, tudo acompanhado, de for-
ma didática, de uma série de exercícios para a aprendizagem dessa
língua encantadora, que traz em si uma mistura de outras línguas.

Professora Maria Sílvia Cintra Martins


Grupo de Pesquisa LEETRA - UFSCar

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KUÁ YUPIRUNGAWAITÁ
MBEUMBEUSÁWA MAYÉ YANÉ ARIAITÁ UMBEÚ

Se aría umbeú kuayé: “Yu- Kupixáwa upé, upuraki panhẽ


pirungáwa ramé, murariwára umuatíri waá puxirũ rupi. Aintá
ikewara makuitá. Aintá upu- umunhã siya murasi yuíri.
raki, asuí uyumitima iké. Aité Kuá tetama urikú waá siya
uyukuá waá maniaka irũmu iké. mira píri nhaã rangáwa ramé
Kuá ji itá suiwara. Aintá uyu- Tapajó rendáwa, mamé wií
pirú umunhã yapepuitá asuí uikú Santarém. Mairamé yepe-
yapunaitá tuyúka suiwara. Ain- sáwa kariwa usasá mimi rupi,
tá umunhã arguidaraitá turusú, 1500 ramé, aintá uwasému siya
yaseruka waá yasáwa. Urikú mi- makú, ape umusikié, asuí uyana
rapara, uyura yuíri. Kara Preta, mira Tapajó suí.
asuí amu makuitá umurári iké.” Ariré usika kariwaitá, paí yu-
Nhaã tetama upé, Tapajós Ti- íri, asuí páwa umuyeréu. Ma
píma, uviveri siya mira, amurupi yané ariaitá umaramunha reta-
mira. Aikué Arapium, Kumarú, na tá rendáwa rupi. Aresé ain-
Gurupa, Jaguaim, Mundurukú, tá, yamukatúrurẽ yané kuasáwa
Maytapú, Borari, Tupinambá, kuximawara. Yané ariaitá sapui-
Tapakorá, Karari, Jakaré-tapiá, tá. Yané rakangaitá.
Kuarirana, Sapopé, Wará-pi-
ranga, Apanauria, Motuari, siya
amu mira yuíri.
Yané ariaitá umbeú waá kuxi-
ma ramé miraitá uviveri puran-
ga, umbaú puranga yuíri. Aintá
ukamundú, upinaitika yuíri.
Aintá uyutima maniaka, kará,
pakúwa, awati yuíri. Asuí, upisi-
ka íwa kaapura, mayé uxi, pikiá,
wasaí, wakaba, etc. Aintá umu-
nhã tekó rikuyaraitá, yaserukarẽ Sr Roselino Freire e sua esposa D.Luzia Co-
lares, encontrou essa bacia de barro perto de
“putáwa”. sua casa, em Pinhel.

9
1
A HISTÓRIA DOS COMEÇOS COMO
NOSSOS AVÓS NOS CONTARAM
Minha avó contava assim: “No etc. Eles faziam trocas rituais
começo, os viventes daqui eram entre eles, que ainda hoje cha-
os índios. Eles trabalhavam e mamos putáua.
cultivam aqui. Foram eles que Nas roças, trabalhavam todos
apareceram com a maniva aqui. juntos em puxirum. Nossos an-
O machado era de pedra. Eles tepassados gostavam de estar
que começaram a fazer as pa- sempre juntos. Faziam muitas
nelas e fornos de barro. Faziam festas também.
grandes bacias que a gente cha- O lugar que tinha mais gen-
mava de igaçabas. Tinham arco te daquele tempo era a aldeia
e a flecha. Os Cara Preta e ou- do povo Tapajó, onde hoje está
tros índios moravam aqui” Santarém. Quando os primei-
Nesta região do Baixo rio ros brancos passaram por lá no
Tapajós viviam muitos e dife- século XVI encontraram tantos
rentes povos. Tinha Arapium, indígenas que se assustaram, e
Cumaru, Gurupa, Jaguaim, fugiram dos Tapajó.
Munduruku, Maytapu, Borary, Depois chegaram os coloni-
Tupinambá, Tapacorá, Carary, zadores e os padres, e tudo se
Jacaré-tapiá, Cuarirana, Sapo- transformou. Mas nossos avós
pé, Uará-piranga, Apanauria, lutaram muito por seu territó-
Motuary e muitos outros. rio. Por isso ainda estamos aqui.
Nossos avós contavam que na- Esse é o nosso lugar, onde estão
quele tempo as pessoas viviam e enterrados os nossos avós. Por
comiam muito bem. Caçavam e causa deles ainda mantemos as
pescavam. Eles plantavam man- nossos conhecimentos tradicio-
dioca, cará, banana e milho. nais. Nossos avós são as raízes, e
E pegavam as frutas da mata, nós somos os galhos.
como uxi, piquiá, açaí, bacaba,

10
Em nheengatu, temos uma marca presente em muitas palavras
do nosso cotidiano:

Tapajoara referente ao povo Tapajó, ou ao


rio Tapajós

referente ao povo Cumaru ou


Kumaruara Cumaruara ou ainda à árvore
Cumaru

Cultura Marajoara referente aos povos Marajó

Xinguara nome de município paraense,


referente ao rio Xingu

Manauara quem nasce em Manaus, refe-


rente também ao povo Manao

-ara, ou –wara significa origem.

Por isso, o nome


desse livro é
Nheengatu
Tapajowara:
o nheengatu que é do
Rio Tapajós.

11
Yandé yamungitá mbeumbeu-
2
KUÁ KABANAGEM UYUPIRÚ IKÉ!

Maresé, mimi usú yepé tetama


sáwa paperaitá resé Kabana- kabanuitá ikewara uyumuatiri
gem maramunha uyupirú waá arã. Yané ariaitá, makuitá siya
Belém upé, janeiro ramé, 1985 mira suí, usú mikiti, uyumuka-
akayú. Kuá makuitá, tapayunai- túru arã maramunha supé. Mi-
tá umupirasua waá, umaramu- misuí tá usému umaramunha
nhã maãsiaraitá nhaã rangáwa ruayanaitá.
ruaxara, umuaíwa waá umu- Mimi suí tá usému uajudári
purará waá yané miraitá supé. arã makuitá umurári waá Santa-
Ma, maã yasendú makuitá pa- rém táwa upé, asuí aintá upisika
ranã Tapajós suiwara, asuí pa- tawawasú, ara 16 Março ramé,
ranã Arapiuns suiwara, úri waá 1836 akayú.
kabanuitá umaramunha waá tá Nhaã maramunhasáwa aikué
rendáwa rupi: Kuá kabanagem kuera kuá tetamaitá uxári siya
uyupirú iké! manusaraitá, asuí siya tuí upuri-
Kuá maramunha uyupirú pu- gáya waá. Pinheu, Vila Franka,
pesáwa upé, asuí uyusaẽ té Be- Kuipiranga, amu tetamaitá yuíri
lém kiti. Siya maramunha uyu- urikurẽ pipuraitá nhaã rangáwa.
muatiriã, uyukiriari, asuí, rundé Nhaã manusaraitá kãweraitá
kiti, umunhã waá kuá kabanu uyumunáni seramika pipuraitá
mukáwa rukaitá: Pinhéu upé, irumu, iwí pixuna upé.
Vila Franka upé, Alter do Chão
upé, asuí Kuipiranga.
Kuipiranga yepé tetama mame
yamaã puranga Paranã Amazo-
nas, asuí Paranã Tapajós, yané
kuximawara useruka waá Pa-
ranã pixuna.
Srª Rosilda Branches, que se lembra dos seus
antepassados da Cabanagem.

12
Kuá kuipiranga iwikui upitá piranga ariré Kabanagem. Yané ariai-
tá unheẽ úri waá awá umanú waá mimi.
Kuá mbeumbeusawaitá usasá waá mukiriarisawaitá rupi, maã
200 akaiú nhúntu. Yané ariaitá upurai upurungitá yumimisáwa
rupi, u upitá ikúntu. Ma, wií aintá upurungitá píri, umukatúru arã
kuá manduarisáwa awá umaramunha suí. Sesewara, yandé yavive-
rirẽ wií yané iwí upé.
Nhansé yandé makuitá paranã Tapajós, paranã Arapiuns yuí-
ri, yamaramunha yané tetama demarkasãu rupi. Yandé makuitá
kabanu mimbira. Yandé kabanuitá wiíwara.

Aikué yepé kariwa uwatawa-


tá Santarém rupi, Kabanagem
ramé. Aé Hartt. Aé úri 1872
ramé. Aé urikú yepé papera:
“Notas sobre a língua geral ou
tupi moderno da Amazônia”
Aikué yepé papera pisasú yu-
íri, useruka waá “Valentia”. Kuá
papera unheẽ yuíri Kuipiranga
resewara. Unheẽ kuayé:

“Iké, maramunhasáwa re-


nundé, kuí kuá iwikuí suí panhẽ
murutinga. Iké ti useruka Kuipi-
ranga, iwí piranga waá makui-
tá nheenga rupi. Iké Cuieira do
Sul kuera, urikuã waá tenhẽ siya
kuya. Ariré maramunhasáwa,
nhansé tá upurigáya siya tuí kuá
iwikuitá upé, upitá waá kuayé,
kuí piranga irũmu, ape umuye-
réu kuá tetama rera.”
(p. 69)

13
ria, que a guerra da Cabanagem
2
A CABANAGEM COMEÇOU AQUI!

A gente lê nos livros de histó-


gos. Foi de lá que saíram para
apoiar os indígenas que mo-
iniciou em Belém em janeiro
ravam no bairro da Aldeia em
de 1835. Foi a guerra dos indí-
Santarém, e tomaram a cidade
genas, dos negros e dos empo-
no dia 16 de março de 1836.
brecidos contra os poderosos
As batalhas que aconteceram
daquele tempo, que explora-
nesses lugares deixaram muitos
vam e causavam sofrimento ao
mortos e muito sangue foi der-
nosso povo. Mas, o que a gente
ramado. Pinhel, Vila Franca e
ouve dos indígenas nos rios Ta-
Cuipiranga e outros lugares ain-
pajós e Arapiuns, descendentes
da têm as marcas daquele tem-
dos cabanos que lutaram pelo
po. Os ossos daqueles mortos se
seu território, é: “A Cabanagem
misturam com os restos de ce-
começou aqui!”. Essa luta come-
râmica na terra preta. A areia de
çou no interior, e se espalhou
Cuipiranga ficou avermelhada
até chegar em Belém.
após a Cabanagem. Nossos avós
Várias lutas se juntaram, fo-
disseram que veio do sangue
ram crescendo, e mais na fren-
dos que morreram ali.
te, criaram os quartéis-generais
Essas histórias foram passadas
dos cabanos, que eram Pinhel,
de geração por geração por qua-
Vila Franca, Alter do Chão e
se 200 anos. Nossos avós preci-
Cuipiranga. Cuipiranga é um
saram falar escondido, ou ficar
lugar que tem uma privilegiada
calados. Mas, hoje eles falam
visão do rio Amazonas e do rio
mais, para guardar a memória
Tapajós, que nossos antepassa-
dos que lutaram. Por causa de-
dos chamavam “rio preto”. Por
les, nós ainda hoje vivemos na
isso ali foi o lugar de reunião de
nossa terra. Porque ainda hoje
cabanos daqui. Nossos avós, ín-
nós, indígenas do rio Tapajós e
dios de vários povos, foram para
Arapiuns, lutamos pela demar-
lá, treinar para a guerra, e de lá
cação dos nossos territórios.
saíam para combater os inimi-

14
Nós somos os filhos dos índios cabanos. Nós somos os cabanos
de hoje.

Um branco viajou por Santarém


durante a Cabanagem. Ele era
Charles Hartt. Ele veio em 1872. Ele
escreveu o livro:
“Notas sobre a língua geral ou
tupi moderno da Amazônia”.

Existe, também, um livro novo chamado “Valentia”. Esse livro


também fala sobre Cuipiranga. Diz assim:

“Aqui, antes da guerra, a areia da praia era toda branca.


Aqui não chamava Cuipiranga, que é terra vermelha
na língua indígena. Aqui era Cuieira do Sul, que tinha
muitas cuias. Depois da guerra, porque eles derramaram
muito sangue nessas praias, que ficou assim, com a areia
vermelha, daí mudou o nome do lugar.”

15
PURANDUSAWAITÁ

1. Segundo o texto, quem parti-


cipou da Cabanagem? 4. Você conhece as cerâmicas
de terra preta? Procure saber
2. Pergunte para seus parentes no seu bairro, comunidade ou
mais velhos sobre o que foi a aldeia, se existem restos desses
Cabanagem. materiais.
3. O que aconteceu em Cui- 5. Depois dessas pesquisas,
piranga, Pinhel e Vila Franca? pense e escreva por que é im-
Pergunte também para os mais portante saber o que foi a Caba-
velhos para responder essa per- nagem.
gunta.

REMAÃ KATU!

Para contar histórias e explicar as coisas em nheengatu, algumas


palavras são muito usadas:

“Asuí aintá upisika Depois eles tomaram a


tawawasú, ara 16 Março cidade no dia 16 de Março,
ramé, 1836 akayú.” em 1836.
“nhansé tá upurigáya Porque eles derramaram
siya tuí kuá iwikuitá muito sangue nessas praias,
upé, upitá waá kuayé, que ficou assim, com a areia
kuí piranga irũmu, ape vermelha, daí mudou o
umuyeréu kuá tetama nome do lugar.
rera.”
“Aikué yepé papera pi- Há também um livro novo,
sasú yuíri, useruka waá que se chama “Valentia”.
“Valentia”.
16
NHEENGARISÁWA

Vimos que muitos povos participaram da


Cabanagem. Agora, vamos ouvir a música
“Yandé siía mira”, feita pelo aluno e profes-
sor, Cauã Borari:

Nós viemos do céu


cantar para o vento
nós viemos do meio da água
cantar para o rio
Debaixo da terra nós viemos
Cantamos para o espírito dos Iwáka suí yandé yayúriã
nossos antepassados yanheengári iwitú arã
Viemos da floresta Yandé yaiúriã ií pitérupi suí
Nós cantamos para os frutos yanheengári paranã supé
das plantas Iwí wírpe suí yandé yayúriã
Somos do rio Yanheengári yané aría nató arã
E vivemos pelos rios Yandé yayuriã kaaeté suí
Nós somos do céu Yanheengári iwaitá supé
E voamos com as estrelas Yandé paranãwara
Nós somos muita gente Yasikué paranaitá rupi
Nós somos muitos povos Yandé iwákawara
Nós somos muitos e Yawewé yasitataitá irũ
verdadeiros Yandé siya mira
Yandé siya miraitá
Yandé siya mira reté

17
3
YASUÃ YAMUNHÃ PIRAKAYA?

Yepesáwa, iapurandu imutara tupã, asuí angawara iwí supé


Yandé yasú yamunhã pirakaya Cuipiranga (u kuipiranga) upé
Yasú yambaú siya pirá sé retana uí irũ.
Yasú yambaú pirakaya arã, yagustari muíri pirá nungara, mayé
tukunarewasú, tukunaré pinima, tukunaré pixuna, akarí, jarakí,
xaperema, apapá, kará pixuna, kará puku, arakú, bararuá, kara-
tinga. Yambaú piraitá siya kinha nungara irũmu.
Yaú xibé puranga. Asuí, yaú tarubá yambaú puranga ramé.
Ape, yasú yanheengári mukũi nheengarisáwa:

TARUBÁ NHEENGARISÁWA XIBÉ PURANGA


Xibé puranga
Ixé asú arã kupixáwa Puranga retana
arasú kiseasú arã maniaka Yaputari muíri ara
Yasú yamunhã tarubá Yaú xibé puranga
Tarubá Puranga Yasuã yapinaitika apekatu
Tarubá retana Usenũi ixé aú arama xibé
Maria Sílvia uú tarubá
Florêncio uú tarubá
Antônio uú tarubá
Makarãu uú tarubá
Mayke uú tarubá
yandé yaú tarubá
Tarubá Puranga
Tarubá retana

18
REMAÃ KATU!

Remaã katu yawira irũmu, reyuiké ramé paranã upe. Remaã katu
defesu irũmu. Remaã katu tukupi irũmu, darapi resé.

PURANDUSAWAITÁ:
1. Muíri pirá rekuá?
4. Mairamé aikué defesu?
2. Mamé taá yambaú pirakaya?
5. Muíri sangáwa uyumupukú
3. Muíri anama umunhã pi- pirakaya?
rakaya?

Asuí, yasú yamunhã mujika siya pirá nungara suiwara. Yapa-


rawáka piraitá urikú waá kãwera xinga, mayé tukunaré u tambaki.
Xukui yepé Mujika timbiú:

MUJIKA TIMBIÚ:
Ariré umixíri Pu favaka kaáitá
piráitá, Mukũi iwásema Rexári upupúri
asuí uyúka pirá kãwe- ranha mukũi
ra. Yukira, urukum, pu sangáwa mirĩ, ape
Remuyayúka yepé kinha asuí kuminhu uikú kuri
yapepú upé, yepé umukuí waá pitigáwa puranga umbaú arã.
litru ií suiwara. yawé. Mayé panhẽ puranga
Rembúri pitera Rembúri panhẽ pirakaia, ti upuderi
iwaseẽwasú munuka seengá yapepú upé ií uxari uwatari
waá irũmu, nheengarisawaitá,
Yepé sakuena suikíri yumuapika uí xinga mayé nhaã taru-
supeka umunuka waá kuaírantu, bá resewara!
Pu xikoria kaáitá Té umupuasú

PURANDUSAWAITÁ:
• Indé rekuá será amu timbiuitá?
• Ape, remupinima ne timbiuitá! Reyumbué yuíri yepé timbiu
amu miraitá irũmu!

19
3
VAMOS FAZER PIRACAIA?

Primeiro, pedimos licença para Deus, e para os encantados da


terra. Vamos fazer Piracaia em Cuipiranga. Vamos comer muitos
peixes, muito gostosos, com farinha. Para comer Piracaia, gosta-
mos de muitos peixes, como tucunareasú, tucunaré pinima, tucu-
naré pixuna, acari, jaraqui, xaperema, apapá, carápixuna, carápu-
cu, aracú, bararuá, caratinga, etc. Vamos comer peixes com muitos
tipos de pimentas.
Vamos beber um bom xibé. Depois, bebemos tarubá, quando já
comemos bem. Então, cantamos duas músicas:

MÚSICA DO TARUBÁ CHIBÉ É BOM

Pra ir na roça Chibé é bom


Levo um facão para a mandioca É muito bom
Vamos fazer tarubá Queremos cada dia
Tarubá é bom Beber o bom chibé.
Tarubá é muito bom Fomos pescar longe
Maria Sílvia vai beber o tarubá Me chamaram para tomar
Florêncio vai beber o tarubá chibé.
Antônio vai beber o tarubá
Macarrão vai beber o tarubá
Mayke vai beber o tarubá
Vamos beber o tarubá
Tarubá é bom
Tarubá é muito bom

20
ATENÇÃO!

Tome cuidado com a arraia, que entra no rio. Tome cuidado com
o defeso. Tome cuidado com o tucupi, que está no prato. Quanto
tempo dura a Piracaia? De algumas horas até um dia.

PERGUNTAS:

1. Quantos peixes você


4. Quando ocorre o defeso?
conhece?
2. Onde comemos Piracaia?
5. Quanto tempo dura uma
3. Quantas famílias fazem
Piracaia?
Piracaia?

Depois, vamos fazer mujica de muitos tipos de peixe. Escolhemos


peixes que têm pouco osso, como tucunaré ou tambaqui. Aí está
uma receita de mujica:

RECEITA DE MUJICA:
Ariré umixíri
Após assar os peixes e tirar as
espinhas. Acrescente todos os temperos na
Separe em uma panela 1litro de panela com água, colocando a
água. farinha aos poucos, mexendo até
Acrescente ½ cebola picada engrossar.
1 maço de cheiro verde picado Deixe ferver por cerca de 25 mi-
5 folhas de chicória nutos e estará pronto para servir.
5 folhas de alfavaca Como toda boa piracaia não po-
2 dentes de alho demos deixar faltar música, como
aquela sobre o tarubá!
Sal, coloral, pimenta e cominho
moído a gosto

PERGUNTAS:
• Você conhece outras receitas?
Então, escreva a sua receita! Aprenda também uma receita com
outros povos!

21
REMAÃ KATU!

Em nheengatu nós conjugamos os verbos assim:

Ixé IAMUNHÃ pirakaia Eu faço piracaia


Indé REMUNHÃ pirakaia Você faz piracaia
Aé UMUNHÃ pirakaia Ele/Ela faz piracaia
Yandé YAMUNHÃ pirakaia Nós fazemos piracaia
Penhẽ PEMUNHÃ pirakaia Vocês fazem piracaia
Tá UMUNHÃ pirakaia Eles/Elas fazem piracaia

Como você deve ter percebido, em nheengatu a


ordem das palavras muitas vezes se inverte.
Dizemos, então:

kabanagem história da
mbeumbeusáwa cabanagem

tarubá nheengarisáwa música do tarubá

mujika timbiú receita de mujica

buyawasú tetama território


Cobra Grande

22
4
BUYAWASÚ

BUYAWASÚ TETAMA

Kuá tetama, paá, urikú kuá waá iwí upé, asuí Marta, upitá
rera payé Merandulinu resewa- waá paranã tipi.
ra, umurári waá Beijuasú (u Merandulinu urikú yepé kiwi-
Meyuwasú) upé. Meyuwasú ra munaxi, piaíwa. Panhẽ ka-
upitá tororó rakapira upé. Mai- tusáwa Merandulinu umunhã
ramé Merandulinu uwatawatá, waá, aé umbuimbuipáu. Yepé
paá, Santarém kiti, aé uwitá pa- viaji, paá, yepé igara upipika,
ranã tipi rupi. Ape, aé umuyeréu asuí i kiwira umbaú yepé mira.
buyawasú rupi. Amuramé, aé Ariré, Merandulinu umukuara i
umuyeréu rupitá rupi. Sesewa- kiwira sesá, asuí aé umuyexirũ i
ra, aé uwatawatá kutara retana. kiwira akanga iwí upé.
Mairamé miraitá umaã yepé
marula paranã upé, tá unheẽ:
Merandulinu usasá paranã rupi,
u aé uikú usasá paranã rupi.
Aé upeyú, umukatúru miraitá
yuíri. Aé umukatúru ramé yepé
mira, nhaã mira uwapika yepé
wapikasáwa upé Merandulino
yara. Aé urikuã musapíri wapi-
kasáwa. Nhaã wapikasáwarana:
yepé buyawasú, amu yakaré,
amu buya. Merandulinu nhún-
tu umaã i wapikasawaitá wapi-
kasawárana. Merandulino urikú
mukũi rimirikú: meróka, upitá

23
Yepé viaji, paá, Merandu- witika kuara, asuí tá uyutima aé.
linu úri paranã tipi upé, asuí Ariré, yepé amanawasú uwári,
aé unheẽ Maroka supé ti uma- siya werá irũmu asuí siya tupã
ramunha i mimbira irũmu, ti weráwa irũmu. Kuema ramé,
upitá nharu yuíri. Ape, Maroka miraitá usú umaã arã Merandu-
usú Merandulinu, asuí Mar- linu, nhansé tá ti uruyuariíma aé
ta kasakiri, té paranã rimbiwa, resé. Tá usika ramé, aikué yepé
umaã arã mamé tá úri. Maroka kuara i tumulu upé, asuí aikué
usika ramé, aé usapumi ramé, tá yepé pipúra iwí upé, té paranã
uyukanhemu. kiti. Merandulinu umuyereuã
Merandulinu umanú renundé, buyawasú rupi. Kuiri, aé umu-
aé unheẽ: mairamé ixé amanú, te rári paranã upé. Aé tipiwara.
peyutima ixé. Pexári ixé paranã
upé, nhansé se anga umurári
kuri mimi. Ma, ne awá uruyu- PURANDUSAWAITÁ
ári Merandulinu. Tá umbúri aé

Resuaxara mbeumbeusáwa
rupi:

1. Marantaá kuá tetama rera


yaseruka Cobra Grande?
2. Maã taá rupi payé Me-
randulinu umuyeréu? Mayé
aé uwatawatá?
3. Maã taá aé upurandu
miraitá umunhã aé umanu
ramé? Maã taá usasá ariré?
4. Indé rekuá será amu
mbeumbeusáwa upurungitá
waá amu tetama rera?
5. Remukuatiara iké kuatia-
raitá ne mira, amu mira yuí-
ri, u amu kuatiara indé rekuá
waá.
24
MERANDOLINO BUYAWASÚ

Murariwara kuximawara píri sú rupi.


paranã Arapiuns suiwara, tá Merandulinu iwí angawara,
unheẽ, paá, Merandulinu yepé asuí tororó murariwara. Nhaã
apigáwa yandé yepeasú, ma aé murariwara tendawaitá ruaki
urikuã i yumimisawaitá, mayé unheẽ, paá, yasika ramé kuá to-
maã aé umuyeréu buyawasú. roró upé, yandé upuraĩ upuran-
Yepé ara ramé, Merandulinu du imutara Merandulinu supé,
rimirikú usému suka suí uwa- yapuderi yapitá mikiti. Ma, yan-
tá arã xinga. Asuí, aé uyeyuíri, dé yapuraĩ yamaã katu tiarama
asuí aé umaã suka umusikin- umuaíwa kuá tetama.
dáwa waá. Ariré, aé usú uyuiké
itapewaitá rupi. Ape, umaã Me- (Awá umupinima waá: Leuviléia
randulinu umuyereuã Buyawa- Tapajós - Tendáwa Arimum)

25
PURANDUSAWAITÁ

Kuá nheenputira rupi, resuaxara:

• Maã taá marandúa rera?


• Indé arã, aikué iwi angawara? Remeẽ mayé maã.
• Maã taá usawaitá tá uusari puxirũ upé?
• Pesikári remupinima marandúa mayé remungitá waá.

NHEENPUTIRA

Paranã Tapajós upé Wiraitá, piraitá, suuitá


Katú usikué arã kaá suikiri, yutimasáwa yuíri
Aikué siya piraitá paranã upé umukatúru siya murisáwa irũ
suuitá rembaú arã. ti arã upitá yumimisáwa upé

Aikué paka, tatú, suasú yasika té iké arã


akutí, yautí, yasú siya dedikasãu irũ
tukunaré, pakú, ti uresarái kitiwara suí
ayuíra sé yarakí. tenhẽ umukameẽ kuasawaitá kuxi-
mawara.
Sangawasú arapiuns suí
puranga asuí purangasawaeté
iwikuitá puranga Aminã suí
Asuí puranga kaxuweraitá Maró asuí
Aruã

Kuema ramé
Asú kupixáwa kiti, apuraki arã
Arasú se mirapara uyura yuíri
kaxirí asuí tarubá irũ

Asika ramé se ruka upé


Asú garapá garapé kiti
Arasú uí aú arã se xibé, kuya upé.

26
PURAKISÁWA

Kuá nheenputira rupi, remuatiri, puranga yawé

pirá

maniaka

yautí

miráitá

paranã

mitima

27
KURUMI TAPAYÚNA MARANDÚA

Yepé ara ramé, aikué yepé pu- retana. Mairamé tá uyana kue-
xirũ yepé tendáwa upé, sera waá ra tá umundú kuekatu arã amu
Colônia do Garuá. miraitá, tá umaã sakakuera,
Miraitá tá uyumuatíri, asuí tá ape nhaã kurumĩ uwári garapé
usuã upuraki. Tá uyúri ramé, upé. Tá uyana tá umaã arã, ma
irũndi sangáwa, karuka ramé, ti tá umaã ne maã. Ape, aintá
tá unheengariã, tá upurasiã, tá upurungitá: “kuá kurumĩ kuá
uuã kaxirí. Puyepé pitera san- garapé yara.” (Umbeú waá kasi-
gáwa. Pituna ramé, tá uwiyé ki rupi tendáwa yara, sera waá
pu kunhãitá tá uyasuka arã ga- Francisco Carlos Gomes Sousa.)
rapé upé. Mairamé tá uwiyé,
tá umaã yepé kurumĩ uwapika
waá muyasuka munhamundéu
yasapáwa upé.
Ape, aintá upitaã musikié waá

MEROKA

Miraitá umbeú siya marandúa usarú waá.


Payé Merandolino resewara. Kuá yandé tapuya waá puran-
Aé uwatá iwí rupi, paranã tipi ga marandúa. Maresé waá, yan-
rupi mirĩ. Aé uwatá igara rupi dé yameẽ sera kuá iwí, Buyawa-
yepé, u, mukũi, u musapíri mira sú tetama, uyupirú waá Ante
irũmu. Aé usika ramé tororo Arara upé, té Arimum tendáwa
upé, aé upurungitá: Garimpo yuíri, té Ipáwa iwikuí,
“- Ixé asú apitá iké.” mamé umurári waá se anamaitá
Ape, aé upúri ií upé, asuí aé Jaraki, tendáwa Karusi ruakin-
urasú kuá watawatasáwa run- tu.
dé kiti. Aresé, aintá usika ramé,
Santarém upé, aé uikuã mimi,

28
4
BUYAWASÚ

TERRITÓRIO COBRA GRANDE

Contam que esse território barco e a irmã dele comeu uma


tem esse nome por causa do pessoa. Merandolino furou o
pajé Merandolino, que morava olho dela e enfiou a cabeça dela
em beijuaçu, na ponta do toro- na terra.
ró. Dizem que quando ele viaja- Contam que uma vez ele ia
va para Santarém ele ia nadando para o fundo e falou para Ma-
pelo fundo. Ele se transformava roka não brigar com os filhos e
em cobra grande, às vezes em não ficar brava. Maroka seguiu
tronco e viajava muito rápido. Merandolino e Marta até a beira
Quando as pessoas viam uma do rio para ver aonde eles iam.
marola no rio falavam: Meran-
dolino passou ou está passando.
Ele curava e cuidava das pes-
soas. Quando ele atendia uma
pessoa ela se sentava em uma
das três cadeiras dele que não
eram cadeiras, era uma cobra
grande, um jacaré e uma jiboia
e só ele via. Merandolino tinha
duas esposas, uma na terra que
se chamava Maroka e outra no
fundo que se chamava Marta.
Merandolino tinha uma irmã
gêmea malvada, toda bondade
que ele fazia ela desfazia. Con-
tam uma vez que afundou um

29
Quando chegou lá ela piscou e chegaram lá havia um buraco
os dois tinham desaparecido. no túmulo dele e um rastro na
Antes de ele morrer ele disse: terra até o rio.
quando eu morrer não me enter- Ele havia se ingerado em co-
rem, me deixem no rio porque bra grande e agora morava no
meu espírito vai ficar moran- rio. Ele é do fundo.
do lá. Mas ninguém acreditou
nele. Colocaram ele no caixão e
o enterraram. Depois uma tem-
pestade muito grande caiu, com
muitos raios e trovões. De ma-
nhã as pessoas foram ver Me-
randolino, pois não duvidavam
completamente dele. Quando

PERGUNTAS
Pesca na ponta do toronó
(Foto de Dafran Gomes Macário, 2008)
De acordo com o texto res-
ponda:
1. Por que o lugar se chama
Cobra Grande?
2. No que o pajé Merandoli-
no se ingerava? Como ele
viajava?
3. O que ele pediu para que as
pessoas fizessem quando
ele morresse? O que acon-
teceu depois?
4. Você conhece alguma ou-
tra história que explique o
nome de algum outro lu-
gar?
5. Desenhe pinturas de seu e
de outros povos ou outras
que você conheça.

30
MERANDOLINO COBRA GRANDE

Contam os moradores mais grande.


antigos do rio que Merandolino Merandolino está encantado
era um homem igual a cada um e é morador da ponta do toro-
de nós, mas tinha os seus segre- ró. Contam os moradores das
dos pessoais. Um deles de se in- aldeias mais próximas que ao
gerar em cobra grande. chegar nesse local temos que
Num certo dia, a mulher de pedir permissão a ele para que
Merandolino saiu de sua casa possamos ficar lá, mas devemos
para dar uma volta, alguns mi- ter o máximo cuidado para não
nutos depois ela retornou e abusarmos daquele território.
avistou a casa fechada e resol-
veu entrar pelos aparos das tá- (Autora: Leuviléia Tapajós -
buas. Descobriu que seu marido Povo Arapium)
havia se transformado em cobra

31
PERGUNTAS

De acordo com a história responda:

• Qual o título do texto?


• Na sua opinião existem seres encantados? Dê exemplos.
• Quais as bebidas usadas no puxirũm?
• Pesquise e escreva um texto como o que você leu.

POEMA
No rio Tapajós
É bom de viver Aves, animais e peixes,
Tem muitos peixes nos rios Mata verde e plantação,
E animais pra comer. Cuidar com muito carinho,
Para não ficarem em extinção.
Tem paca, tatu, veado,
Cutia e jabuti, Para chegarmos até aqui,
Tucunaré, pacu, Foi com muita dedicação,
Arraia e o gostoso jaraqui. Não esquecendo da cultura,
Sempre mostrando a tradição.
As paisagens do Arapiuns
São lindas e maravilhosas
As lindas praias do Aminã
E as belas cachoeiras, Maró e Aruã.

De manhã cedo
Vou pra roça trabalhar
Levo meu arco e flecha
Com caxiri e tarubá.

Quando eu chego em casa


Vou pra beira do igarapé
Levo farinha na cuia
Pra tomar o meu
xibé.

32
O MENINO PRETINHO
Certo dia aconteceu um pu- as olharam para trás, o menino
xirũm num lugar chamado Co- caiu dentro do igarapé. Cor-
lônia do Garcia. O povo se reu- reram para ver e não acharam
niu e foi trabalhar. Ao retornar ninguém, elas disseram:
às quatro horas da tarde, eles
cantavam, dançavam e toma-
vam caxiri. “esse menino é o dono do iga-
Às seis e meia da noite baixa- rapé.”
ram cinco mulheres para tomar
banho no igarapé, quando elas
baixaram enxergaram um me- (Contada pelo Cacique da aldeia
nino sentado em cima da pon- senhor Francisco Carlos Gomes
te de lavar roupa. Elas ficaram Souza.)
muito assustadas. Quando iam
correr para avisar outras pesso-

MEROCA
O pajé Merandolino, conta- jogava na água e eles continua-
vam muitas histórias dele. Ele vam a viagem. Por isso, quando
andava por terra e um pouco chegavam em Santarém, lá ele
pelo fundo. Ele andava de canoa estava esperando.
com uma, duas ou três pesso- Por isso, nós, indígenas acha-
as. Quando chegava no toronõ mos bonita a história e por isso
ele dizia: “eu vou ficar aqui.” Se que demos nome da terra de
território cobra grande, que co-
meça no ante arara até a aldeia
de arimum, aldeia de garimpo
e também lago da praia onde
moram os parentes jaraqui bem
pertinho da aldeia de carucí.

33
REMAÃ KATU!

Aqui podemos aprender outras palavras importantes para contar


histórias em nheengatu:

“Kuá Buyawasú tetama urikú Contam que esse territó-


kuá rera, paá, payé Merando- rio tem esse nome por causa do
lino resewara.” pajé Merandolino

“Kuxima ramé, aikué Antigamente, havia


mukũi apigáwa, Merandolino, dois homens, Merandolino e
asuí Meroka.” Meroca.

Yupirungáwa ramé, No começo, as pessoas


miraitá useruka kuá tetama chamavam esse lugar de “Cobra
“Buyawasú”. Grande”.

Como a ordem das palavras em nheengatu é dife-


rente da língua portuguesa, algumas palavrinhas vão
para o fim da frase:

Merandolino usému toro- Merandolino saía da


ró rakapira suí, asuí aé ponta do tororó e ia
usú Santarém kiti. para Santarém.

suí se refere à origem de alguma pessoa


ou de alguma coisa que se movimenta.

kiti se refere ao destino de alguém ou


de algo que está se movendo.

34
A palavra “para” em português possui vários significados. Em
nheengatu, há diferentes palavras que podem ser traduzidas como
o “para” do português:

“Kuá papera urikú purandu- Este livro tem perguntas para


sawaitá penhẽ arã” vocês.

“Aikué siya piraitá paranã upe, Tem muitos peixes no rio, carne
suuitá rembaú arã” para comer.

“Asú kupixáwa kiti apuraki Vou para a roça, para eu tra-


arã”. balhar.

“Yapurandu imutara Pedimos licença para


Merandolino supé” Merandolino.

NHEENGARISÁWA

Vimos nas histórias de Merandolino que ele saía da ponta do to-


roró e ia para Santarém. Agora vamos ouvir uma música de Adana
Kambeba, que fala sobre os indígenas que saem das aldeias para ir
às cidades:

35

Volte
Reyúri
Voltou uma pes-
Reyuíri
soa forte
Reyuíri mira kirim-
Você foi menino
báwa
Voltou homem
Reyúri kurumĩ
Você foi menina
Reyuíri apigáwa
Voltou mulher
Reyúri kunhatã
Você foi todos os
Reyuíri kunhã
dias para o
Indé resú muíri ara
trabalho
purakisáwa kiti Reyuíri iké ku-
Você volta aqui em dia de sol
rasi ara
Você volta aqui em dia de chu-
Reyuíri iké amana ara
va
Indé remanduári yané rendáwa
Você lembra da sua aldeia
resé
Você vai forte para o trabalho
Resú kirimbáwa purakisáwa kiti
Você volta cansado para a sua
Reyuíri kueré ne ruka kiti
casa
Kurumĩ ramé, remaité mayé ta-
Quando menino, você pensa
ína
como criança
Kunhatã ramé, remaité mayé ta-
Quando menina, você pensa
ína
como criança
Kuiri apigáwa
Agora, homem
Kuiri kunhã
Agora, mulher
Kuiri repuraki, rembaú arã
Agora, você trabalha para co-
nhansé páwa usasá upáwa reyu-
mer
íri
porque tudo passou, acabou,
nhansé páwa usasá mira kirim-
você voltou
báwa uyuíri
porque tudo passou, a pessoa
Reyúri
forte voltou
Reyuíri

Volte

36
MURASI

Mairamé aikué yepé mura-


5 DANÇAS E FESTAS

Quando tem uma festa, nós


si, yapurasi, yanheengári yuíri. dançamos e cantamos. Então,
Ape, yandé yayatimu yané pira. balançamos nosso corpo. Ago-
Kuiri, yamukameẽ yepé yepé ra, vamos mostrar algumas mú-
nheengarisáwa umunhã waá sicas que foram feitas pelos alu-
nheengatu yumbuesaraitá rupi. nos de nheengatu. Você pode
Indé repuderi yuíri, remunhã também fazer outras músicas e
amu nheengarisawaitá, amu pu- outras atividades!
rakisawaitá yuíri!

MAKUMIRIITÁ INDIOZINHOS

Yepé, mukũi, musapíri maku-


Um, dois, três indiozinhos
mirĩ
Quatro, cinco, seis indiozi-
Irũndí, pu, pu yepé
nhos
makumirĩ
Sete, oito, nove indiozinhos
Pu mukũi, pu musapí-
Dez num pequeno bote
ri, pu irũndi makumirĩ
Iam navegando pelo rio
Yepé putimaã igara
abaixo
mirĩ upé
Quando o jacaré se aproxi-
Usú paranã rupi iwíra
mou
Yakaré, umuruaki
O pequeno bote dos indio-
ramé
zinhos,
Makumirĩ igara mirĩ
Quase, quase virou
Maã uyerentu
Quase, quase virou
Maã uyerentu
Mas não virou.
Ma ti uyeréu.

37
Remuatíri kuá makú mirĩ kuá Ligue os números de acordo
paparisáwa rupi: com a quantidade indicada nas
figuras.

é mukui
yep Pu

musapiri

irundi
pu yepé

yepé putimaã

pu musapiri
ndi
iru
pu mukui pu

38
Rerasu kuá kunhã kuasuí té kuyaitá kiti. Aé usú umunhã
xibé.

39
NHEENGARISÁWA

Vamos cantar e
Yasú yanheengári yayumbué
aprender as partes
arã mira pira
do corpo

MIRA PIRA
CORPO HUMANO

Akanga, kupé, yuana pí,


yuana pí. Cabeça, ombro, joelho e pé,
Yurú, nambi, resá, tĩ, akanga, joelho e pé.
kupé, yuana pí, yuana pí. Boca, ouvido, olho e nariz, cabeça,
ombro, joelho e pé, joelho e pé.

TATÁ PIRA RESÉ FOGO NO CORPO

Resasá tatá se pira resé kuiri Passa fogo no meu corpo agora.
Resasá tatá se pira resé kuiri Passa fogo no meu corpo agora.
Resasá tatá se pira resé kuiri, Passa fogo no meu corpo agora,
ruixáwa. senhor.
Ixé anheẽ yuwa, retimã, akanga, Eu disse braço, perna, cabeça,
piá coração,
Yuwa, retimã, akanga, piá Braço, perna, cabeça, coração.
Yuwa, retimã, akanga, piá, Braço, perna, cabeça, co-
ruixáwa. ração, senhor.

40
Remuatiri reraitá makumirĩ Junte os nomes com as partes
pira irũmu: do corpo corretamente:

akanga

akangatara
putiá
apa
ranha
áwa
rapiti
ayura
remitiá
kua
resá
kupé
retimã
maraka
ruá
marika
ti
muruã
yurú
nambi
yuwa

41
NHEENGARISÁWA

MUKUEKATUSÁWA AGRADECIMENTO

Tupã uiku iwí upé. Deus está na terra.


Tupã uiku iwaka upé. Deus está no céu.
Tupã uiku kaá upé. Deus está na mata.
Tupã uiku paranã upé. Deus está no rio.
Tupã uiku ixé pupé. Deus está em mim.
Tupã uiku indé pupé. Deus está em ti.
Tupã uiku yandé pupé. Deus está em nós.

Rekuatiara, asuí repinima kuá Desenhe e pinte os quadrinhos


nheengaitá rupi: de acordo com as palavras:

iwí kaá

paranã iwaka

pira pirá

42
REMAÃ KATU!

Mais algumas palavras importantes que aparecem no fim das


frases em nheengatu:

“Tupã uikú iwí upé.” Deus está na terra.

“Resasá tatá se pira resé Passa fogo no meu corpo


kuiri.” agora.

Para falar das partes do corpo, dos parentes e de coisas que temos,
utilizamos esses pronomes em nheengatu:

se piá meu coração


ne piá seu coração
i piá coração deles, ou delas
yané piá nosso coração
pe piá coração de vocês
tá piá coração deles, ou delas

Em algumas palavras, o pronome “i” não aparece:

se rera meu nome


ne rera seu nome
sera o nome deles ou delas
yané rera nosso nome
pe rera o nome de vocês
tá rera o nome deles ou delas

43
6
TETAMAITÁ
Kuá mapa rangawa iwíra usuã umunhã paranã Pajurá upé, San-
tarém suiwara.
Kuiri, mbuesaraitá usasá yepé muraki yaseruka “sikarisáwa”,
mamé aintá umbué. Kuá mbuesaraitá Pajurá suiwara umbué te-
tama resewara, asuí tá umunhã yepé marandúa muraki resewa-
ra. Ape, mbuesaraitá urúri tá mapa, asuí panhẽ yumbuesara aintá
umuatíri arã, asuí aintá umupinima arã kuá mapa.

ranã
ã Gua
n
ra
Pa Mbuesáwa
ruka Rap

Pa r a n
ã Ta Uka
pajós

Kasiki ruka

44
6
TERRITÓRIOS

Essa imagem do mapa abaixo foi feita no rio Pajurá, de Santarém.


Agora, os professores passam a um trabalho que chamamos de
“pesquisa”, no lugar onde eles ensinam. Esses professores de Pajurá
ensinam sobre o território, depois fizeram uma história sobre o
trabalho. Então, os professores levaram seu mapa, depois todos os
alunos se reuniram para eles desenharem esse mapa.

Tupáuku

Rapé
u
m
ua
áp

Miráitá
Ka

Miráitá

45
PURANDUSAWAITÁ:

Kuiri, resikári asuí resuaxara:

5. Remupinima pinima reraitá


1. Maã taá notório saber? indé rekuatiara waá.
2. Maã taá pajurá?
3. Marantaá puranga kuá notó- 6. Resenui amu rumuaraitá, ne
rio saber? mbuesaraitá irumu, uwatá arã
4. Remunhã yepé mapa pe teta- kaá rupi!Asuí, pesika ramé mi-
ma resewara. kiti, repurandu “maã taá kuá”
mairamé ti rekuá maãitá rera.

NOTÓRIO SABER RESEWARA

Yaseruka “notório saber” panhẽ kuasáwa yepé yepé mira urikú


waá. Yepé yepé mira umaã kuá mundu amurupi yandé suí, yepé
yepé mira usaã i tetama amurupi amu miraitá. Aikué siya miraitá.
Mayé maã: Jarakí, Tapajó, Tupinambá, Mundurukú, Tupayú, Ku-
maruwara, Arara vermelha, Arapyum, Borari, Kara preta, Maita-
pú, asuí Tapuya. Aintá urikú tá kuasáwaitá, tá murasitá, tá kuatia-
raitá, tá maranduaitá, tá rimiaraitá, tá timbiuitá.

46
PERGUNTAS:

Agora, pesquise e responda:

5. Escreva o nome das cores


1. O que é Notório Saber? que você desenhou.
2. O que é Pajurá? 6. Chame outros amigos, junto
3. Por que o Notório Saber é com o teus professores, para an-
bom? dar pela mata! Depois, quando
4. Faça um mapa do território chegarem lá, pergunte “o que
de vocês. é isso?”, quando não souber o
nome das coisas.

SOBRE O NOTÓRIO SABER

Chamamos “Notório saber” todo o conhecimento que cada povo


tem. Alguns povos vêm o mundo diferente de nós, alguns povos
classificam seu território diferente de outros povos. Há muitos po-
vos, como por exemplo: Jaraqui, Tapajó, Tupinambá, Mundurukú,
Tupaiú, Kumaruara, Arara Vermelha, Arapium, Borari, Cara Preta,
Maitapú, e Tapuia. Eles têm seus conhecimentos, suas festas, suas
pinturas, suas histórias, suas comidas, seus alimentos.

47
RERAITÁ SIKARISÁWA
Yasú yasikari será yané mira ramunha suiwara. Pukusáwa
reraitá? useruka waá Açaizal nhansé ai-
Reraitá sikarisáwa aikué waá kué kuera siya wasaí mimi.
yané kitiwara puranga retana, Ape, tetama rera suí, yapude-
nhansé kuá reraitá suí, yapude- ri yarúri amu viaji kuá tetama
ri yayukuá puranga píri, umbeú mbeumbeusáwa. Ariré, yapu-
yané mbeumbeusáwa yuíri, asuí deri yasikári amu rera nungara:
upisika siya kuasáwa. yasikári nhaã kuá maã umu-
Xukui reraitá nungara yapu- nhã waá tetama resewara. Te-
deri yasikári waá: tama pupé, yasikári mirá rera,
íwa rera, kaá rera, etc. Yapuderi
Tetama reraitá yasikári yuíri kuá suú reraitá,
umukameẽ waá kuasáwa awá
Yakuá ramé marantaá useruka umurári waá kaá resewara. Ai-
kuá rera yané tetama yara, ya- kué yuíri iwitira reraitá, ií re-
rikute yané tetama. Yarikú yu- raitá, mira reraitá, angawara
íri yepé tetama manduarisáwa, reraitá (mayé maã pirayawara,
uyukanhemu waá rera pupé yurupari, kurupira) mirasáwa
kuara. Mairamé yamaã reraitá reraitá, siya amu yuíri.
mayé maã Muratuba, asuí Açai- Ape, panhẽ urikú waá yepé
zal, yapuderi yarúri yepé kua- rera, yapuderi yasikári ukunhe-
sáwa nhaã reraitá rakakuera. seri arã puranga píri yané ki-
Murariwara rupi, Muratuba tiwara, yané tetama yuíri.
kuá siya sikindáwa rukaitá ma-

Yatukasawa:
Reraitá yapuderi yasikári waá: kuá
tetama reraitá, (paranãitá, iwitiraitá,
tawawasuitá, tawaitá) suú reraitá, mirá
reraitá, mira reraitá, mirasáwa reraitá.
Yepé yepé rera umeẽ yandé arã yepé
kuasáwa.

48
O ESTUDO DOS NOMES
Vamos estudar os nomes da zer muitas muralhas de guerra,
nossa gente? enquanto Açaizal é porque lá ti-
Estudar os nomes que exis- nha muito açaí.
tem em nossas culturas é muito A partir daí podemos resgatar
importante, pois a partir deles a história do lugar e começar a
podemos nos conhecermos me- estudar os nomes dos elemen-
lhor e contar a nossa história, tos que formam o espaço. Den-
extrair muito conhecimento. tro do espaço podemos estudar
Os tipos de nomes que pode- os nomes de plantas, que nos
mos estudar são: dão conhecimento sobre as coi-
sas da mata, nomes de animais,
Os nomes dos lugares que nos fornecem sabedoria
sobre os habitantes da floresta,
Conhecer o significado do nomes de montanhas, morros,
nome do lugar em que vive- nomes de rios, cachoeiras, no-
mos é ter a posse do território mes de pessoas, nomes de en-
e da memória do espaço, que cantados (boto, jurupari, curu-
está guardada dentro do nome. pira) nomes de povos e muito
Quando vemos os nomes Mu- mais. Tudo aquilo que possui
ratuba e Açaizal, por exemplo, um nome nós podemos estu-
podemos resgatar o sentido por dar para conhecer melhor nossa
trás desses nomes. Segundos os cultura e nosso espaço.
moradores, Muratuba quer di-

Resumo:
os nomes que podemos estudar são:
NOMES DE LUGARES (rios, monta-
nhas, cidades, aldeias), DE ANIMAIS,
DE PLANTAS, DE PESSOAS, DE
POVOS e cada nome nos dá um
conhecimento importante.

49
YASUÃ YASIKÁRI RERAITÁ?

Remupinima kuá tabela iwíra rupi ne papera resé u yepé papera


miri resé. Kuá tabela uvaleri yepenhúntu rera arã. Resikári ramé
siya rera, siya tabela remunhã kuri.
Yepesáwa, resikári panhẽ rera kuá tetama yara indé repitá waá.
Ariré nhúntu indé remupinima kuri tabelaitá. Tabela irumu, rerikú
kuri rera nheengaitá puranga retana ne kitiwara supé.

RERAITÁ SIKARISÁWA
Rera nungara Rera Mbeumbeusáwa Masuisáwa
u marandúa

Iké, indé renhee Iké, Iké, remupinima Iké, remupini-


rera ramé. Yepé remupinima kuá mayé taá kuá rera ma masuí resikári
tetama rera, mira rera. puranga, maã kuá rera. Resikári
rera, mirá rera, u mbeumbeusáwa ramé yepé pape-
suú rera. kuá rera urikú. ra resé, remupi-
nima kuá pape-
ra rera. Resikári
ramé yepé mira
kuximawara, re-
mupinma sera,
mame aé umurári
yuíri.

50
VAMOS PESQUISAR OS NOMES?

Copie a tabela abaixo no seu caderno ou em uma folha em bran-


co. A tabela serve apenas para um nome. Quanto mais nomes você
pesquisar mais tabelas você terá de fazer.
O primeiro passo é pesquisar todos os nomes importantes do es-
paço que você vive. Só depois você irá preencher as tabelas. Com
as tabelas preenchidas você terá um dicionário de nomes muito
valioso para a sua cultura.

PESQUISA DE NOMES

Tipo do nome Nome Histórico ou Fonte


explicação

A primeira co- A segunda colu- A terceira coluna Na última deverá


luna é o tipo do na é para ser pre- é o histórico ou ter a fonte da pes-
nome, aqui você enchida com o explicação, o sen- quisa, ou seja, se
irá definir se o nome. tido que o nome foi feita em um li-
nome pesquisado tem e sua impor- vro basta escrever
é nome de pessoa, tância. o nome do livro.
nome de lugar, Se a informação
nome de planta veio de uma pes-
ou nome de ani- soa mais velha,
mal. basta escrever o
nome da pessoa e
onde ela mora.

51
REMAÃ KATU!

Quando estamos fazendo


uma trilha ou mapeando nosso
território, muita gente irá per-
guntar sobre o nome das coisas
que estão em volta de você. Em
nheengatu, existe a pergunta
“Maã taá kuá”, que significa “o
que é isso?” Outra coisa impor-
tante é saber se localizar no es-
paço usando a língua que está
aprendendo, Veja abaixo:

Kuá wirá piranga


Nhaã wirá tawá.
Este pássaro é
Aquele é amarelo.
vermelho.

Kuá papera uikú mbaurendáwa árupi.


Esse livro está na mesa.

Wiraitá uwewé miráitá ararupi.


Os pássaros voam em cima das árvores.

Xibuitá upitá iwí wirarupi.


As minhocas ficam embaixo da terra.

Makakaitá upitá mirá pitérupi.


Os macacos ficam no meio das árvores.

52
Kuá igarapé mbuesáwa ruka ruaki, Nhaã igarapé apekatu.
Este igarapé é perto da escola. Aquele igarapé é distante.

Remaã se kanhoto rupi: Remaã se katusáwa rupi:

xukui yepé paka. xukui yepé teyú

Kuiri, yasú yanheengari yepé Agora, vamos cantar uma


nheengarisáwa tetama resewara: canção sobre território:

Kuá yané rendáwa Esse é o nosso lugar


Iké yané rendáwa Aqui é o nosso lugar
Yasuã yamaramunha yané Vamos lutar pelo nosso lugar,
rendáwa rupi, se mú meu irmão
Iké yasuã yapitá Aqui vamos ficar
Se anama tá umanú, Meus irmãos morreram, der-
tá upurigáya iwí upé tuí rubaram sangue nessa terra
Tá umanduári ramé, Quando nós lembramos,
umunúka yané piá. corta o nosso coração.

Nheengarisara: Luiz Alberto Çairé Letra e composição: Luiz Alberto Çairé

53
Kuiri, yasú yapurungitá kua-
7
KUATIARAITÁ

Yepé sutiru puí irũmu, ariré


tiara resewara. Kuatiaraitá rupi, ukitika waá, reyami kuá yeni-
yapuderi yayumbué siya kua- páwa tií, usému arã panhẽ mu-
sáwa, amurupi mirasáwa suí. pinimasáwa.
Aikué siya kuatiara nungara. Remuapika kuá yenipáwa tií
Yepé mayesáwa yamunhã kua- yepé rirũ upé. Ma remaã katu:
tiaraitá yenipáwa irũmu. Teremuapika yepé rirũ muru-
Yamunhã kuayé: tinga upé!
Reyúka yenipáwa pirera, asuí Asuí, rexári kurasi resé, yepé
rekitika kuá iwá yepé iwisé puí rangáwa pitera pukusáwa.
upé. Repudéri rembúri yeni- Mairamé yenipáwa pinima
páwa pirera, nhansé kuá pire- upitá pixuna retana, repuderiã
raitá ti uvaleri kuatiara arã. repinima kuá yenipáwa rupi!

54
Agora, vamos falar sobre pin-
7
PINTURAS
Deposite em um recipiente,
tura. Por meio das pinturas, po- pode ser de plástico, mas que
demos aprender muitos conhe- não seja de cor branca. Coloque
cimentos, de diferentes povos. no sol por mais ou menos trinta
Há vários tipos de pintura. minutos.
Uma das formas de fazer pin-
turas (kuatiara) é com unidades Quando a cor estiver bem pre-
de jenipapo verde: ta a tinta está pronta para usar!
Retire a casca e rale o fruto em
um ralo fino, sendo que as cas-
cas são jogadas fora.
Com um pano fino, depois de
ralada, esprema a polpa para
que saia o máximo de suco.

55
REMAÃ KATU

Mairamé yenipáwa iwá suikiri piri, kuá iwá puranga piri, nhansé
i mupinimasáwa upitá píri. Asuí, terembúri ií ne yenipáwa mupi-
nimasáwa.
MIRAITÁ KUATIARAITÁ
Xukui yepé yepé kuatiraitá nungara, amurupi mirasáwa suí:

Aikué siya kuatiara nungara. Maã taá ne yara? Maã taá ne mira
yara? Resikári! Yasú yamukameẽ yepé yepé kuatiaraitá mirasáwa
Tupinambá suiwara.

56
ATENÇÃO

Quanto mais verde a fruta melhor será sua durabilidade. Não co-
locar água na sua tinta.

PINTURAS DOS POVOS


Aqui estão alguns tipos de pintura, de diferentes povos:

Há muitos tipos de pintura. Qual é a sua? Qual é a do seu povo?


Pesquise! Vamos mostrar algumas pinturas do povo Tupinambá.

57
TUPINAMBÁ MUNHAMUNDÉWA

Kuaitá kuatiara mira Tupinambá suiwara. Yamunhamundéu ain-


tá murasitá upé, asuí tekóitá upé. Yamupuranga yuíri yané mu-
nhamundéwa, asuí yané yupináwa, mayé repuderi remaã wirarupi.

Kuá munhamundéwa kanho- Kuá munhamundéwa katu-


to rupi, nhaã kuatiara piranga sáwa rupi, yamaã, tawá piranga
samaúma suiwara. Nhaã siki- rupi, yepé tukunaré. Putiá resé,
semuwara pira rapé. Tawá rupi, yamaã kuá miraitá muatirisáwa.
aikue tukunaré. Putiá resé aikué Amu ruaxara rupi, piranga
miraitá muatirisáwa. Pixuna rupi, yamaã kuá sikuesáwa rapé.
rupi, yamaã tukunaré amu viaji.
Xamá resé aikué pirá rapé amu
viaji. Piranga rupi, ruaxara rupi
panhẽ munhamundéwa rupi,
aikué pirá rapé yuíri. Piranga
rupi, ruaxara rupi panhẽ mu-
nhamundéwa rupi, aikué sikue-
sáwa yupirũngáwa.

58
VESTIDO TUPINAMBÁ
Essas pinturas são do povo Tupinambá. Nós usamos elas nas fes-
tas e rituais. Enfeitamos também nossas roupas e acessórios como
você pode ver abaixo.

No vestido da esquerda a pin- No vestido da direita vemos


tura vermelha é a samaumeira, de amarelo e vermelho o tuku-
o cinto é caminho do peixe, de naré, no peito vemos a união
amarelo temos o tukunaré, no dos povos, aos lados de verme-
peito está a união dos povos. De lho vemos o caminho da vida.
preto vemos o tukunaré nova-
mente, na alça do vestido temos
o caminho do peixe de novo, de
vermelho dos lados por todo o
vestido temos o início da vida.

59
PURAKISAWAITÁ ATIVIDADES

Rekuá será amu munhamun- Você conhece outro vestido,


déwa, amu miraitá suiwara? de outro povo?
Mamé tá umunhamundéu Onde eles usam aqueles vesti-
nhaã munhamundéwa? dos?
Aikué amu rendawaitá mamé Há outras aldeias onde são fei-
pemunhã munhamundéwa? tos vestidos?
Tiramé rekuá kuá kuatiara ne Se você não sabe as pinturas
mira suiwara, resú resikari ne do teu povo, pesquise com os
kuximawaraitá. mais velhos.

REMAÃ KATU!

Veja só as diferenças entre as palavras em destaque:

Nhaã apigáwa
Kuá kuatiara
Aikué siya umunhã kuatia-
puranga
kuatiara nungara raitá
retana.
muíri ara.

Aquele
Existem rapaz faz
Essa pintura é
Muitos pinturas
Muito bonita
tipos de pintura Todos os
dias.

60
Perguntamos “por que” em nheengatu com
marantaá e explicamos “porque” com
nhansé:

Yasendú
sasemusáwa yané
kuximawara suí.
Nhansé, yayururéu
sokorro wirandé
supé.

Nhansé tá usendú
Marantaá tainaitá uyure-
tá kuximawara
réu sokorro wirandé supé?
sasemusáwa.

Porque elas
Por que as crianças pedem ouviram o grito de seus ante-
socorro ao futuro? passados,
filhos da terra.

61
NHEENGARISÁWA

Para terminar, vamos ouvir mais uma


música de Luís Alberto Sairé:

Ixé, indé, yandé panhẽ Eu, tu, todos nós


Pirasú te yasasá Triste tempo passado
Aramé Tupã Então Deus
Tupana wasú, remaã yané rupi Grande Deus, olhe por nós
Yapitá kuri iké Vamos ficar com certeza aqui
Yasaru kuri yané paya Vamos esperar com certeza
Yambué, yanheengári, nosso pai
yapurasi surisáwa Rezamos, cantaremos,
Yandé iwi mimbira dançaremos alegres
Yanheẽ kuekatu indé tupã Nós, filhos da terra
Yandé iwi mimbira Dizemos, obrigado senhor

Asuí yasendú amu


nheengarisáwa, yasú yamuatíri! Depois de ouvir outra música,
Yasuã yamaramunha ne ren- vamos nos juntar! Vamos lutar
dáwa rupi, amu miraitá irũmu! pelo nosso lugar, com outros
Yapuderi yamaramunha yané povos! Nós podemos lutar pelo
rendáwa rupi yané yapurungitá nosso lugar quando falamos em
ramé nheengatu rupi! nheengatu!

62
HINO NACIONAL NHEENGATU RUPI
Produzido no 5º Batalhão de Infantaria da Selva (BIS) de São Gabriel da
Cachoeira (AM)

Tá usendú Ipiranga suí, amu mira rangáwa


suaxara suí, Turusú sesewara sundé kiti
kirimbáwa mira tá tiapú
kuayé Iwí asaisú waá. Siya amuitá,
Kurasi timaresé uwerá werá Indé, Brasil. Iwí asaisú waá
yawé Mimbiraitá kuá iwí tá ma-
Sendí iwaka upé aramé nha, puranga
Iwí agustári waá Brasil!
Maãsara, yepeasú waá
yarikú yané yuwa kirimba- Puranga uyenú yawewaraté
sáwa Paranã, sendí tiapusáwa
Neresé aikué timaresesáwa irũmu...
Usaã ipira manusáwa irũmu Sendí Brasil América putira
irũmu
Iwí asaisú waá Pisasú iwaka, kurasi umutu-
Agustari waá ri...
Yawé! Yawé!
Iwí suí, puranga waá...
Brasil, Turusú ikerupi, uwerá Suri putiraitá, i purangasáwa
yawé, irũmu
Gustarisáwa manduarisáwa Yané iwí, i sikuesáwa waá
uwiyé usú Yané sikué neresé gustari-
Ne iwaka upé, puranga waá, sáwa irũmu
suri asuí sendí
Kurusá rangáwa uyukuá Iwí asaisú waá
Agustári waá
Turusú aé iwí resewara Yawé! Yawé!
Puranga aé, kirimbáwa waá

63
Brasil sangáwa resé
gustarisáwa aikué
Upitasuka waá Bandeira
yawewara
Renheẽ sesé suikiri waá aé
Timaresé sundé, manduari-
sáwa usasá

Remukameẽ ramé justisa ki-


rimbasáwa irũmu
Remaã kuri ne raíra ti uyana
usú
Ti kuri usikié manusáwa suí

Iwí asaisú waá. Siya amuitá,


Indé, Brasil. Iwí asaisú waá
Mimbiraitá kuá iwí tá manha,
puranga
Iwí agustári waá Brasil!

64
NHEENGAITÁ
Este vocabulário tem as palavras usadas neste livro. Se você não encontrar
alguma palavra, pesquise com seus professores, amigos, parentes e em outros
livros de nheengatu.

aé: ele, ela arguidára: bacia


aikué: haver, existir aría: avó
aintá: eles, elas ariré: depois
akanga: cabeça árupi: em, na, no, sobre
akangatara: cocar asuí: depois, e
akayú: ano, caju, idade awá: quem
akutí: cutia áwa: cabelo, pelo
amana: chuva awati: milho
amanawasú: tempestade ayuíra: arraia
amu: outra, outro ayura: pescoço
amu viaji: de novo, outra vez buya: cobra
amuramé: às vezes, de vez em buyawasú: cobra grande
quando darapi: prato
amurupi: diferença favaka: alfavaca
anama: família, parente garapá: beira
anga: espírito garapé: igarapé
angawara: encantado -gustári: amar, gostar
apa: ombro gustarisáwa: amor, paixão
ape: então i: seu, sua
apekatu: longe igara: barco, canoa
apigáwa: homem ií: água
ara: dia iké: aqui
arã: para ikerupi: sonho
arama: para ikewara: daqui
aramé : então, nesse instante, -ikú: estar
quando ikúntu: quieta, quieto, tranqui-
ararupi: em cima lo
aresé: por isso imutara: licença

65
indé: você kãwera: osso
ipawa: lago kinha: pimenta
irikué: viva,vivo -kíri: dormir
irũ: com kirimbasáwa: força, valentia
irũmu: com kirimbáwa: forte, valente
irundi: quatro kiseasú: facão
isikantá: cola kiti: para
itá: pedra -kitika: ralar
itapewa: tábua kitiwara: cultura
iwá: fruto kiwira: irmã de homem
íwa: fruta kua: cintura, quadril
iwaka: céu kuá: esse, essa, este, esta
iwaseẽwasú: cebola -kuá: saber
iwásema: alho kuá suí: daqui
iwasuíma: fácil kuaírantu: aos poucos
iwí: terra Kuaitá: esses, essas, estes, estas
iwikuí: praia kuara: buraco
iwíra: abaixo kuasáwa: conhecimento
iwisé: ralador, ralo kuatiara: inscrição, gravura,
iwitira: montanha, morro pintura
iwitu: vento -kuatiara: desenhar
ixé: eu kuayé: assim
ji: machado kuekatu: obrigado, recado, sau-
kaá: mato, folha, planta dação
kaaeté: floresta kuekatu reté: muito obrigado
kaapuámu: ilha kuema: manhã
-kamundú: caçar kuera: que já era
kanhoto: lado esquerdo kueré: cansado, cansada
kariwa: branco kuí: farinha
karuka: tarde kuiri: agora
kasakiri: seguir kunhã: mulher
kasiki: cacique kunhatã: menina
katu: bom -kunheseri: conhecer alguém
katusáwa: bondade, lado direi- kupé: atrás de, costas, ombro
to

66
kupixáwa: roça marantaá: por quê?
kurasi: sol maresé: por isso
kuruka: garganta marika: barriga
kurumĩ: menino masuí: de onde
Kurusá: cruz, cruzeiro masuisáwa: fonte
kutara: rápido mayé: como
kuxima: antigo, antiga mayesáwa: forma, maneira,
kuximawara: antepassado, tra- modo
dicional -mbaú: comer
kuya: cuia -mbeú: contar uma história
ma: mas mbeumbeusáwa:história, con-
maã: o que to
-maã: ver mbuesara: professora, profes-
maãsara: penhor sor
maãsiara: rico mbuesáwa: aula
mairamé: quando -mbuimbuipáu: desfazer
-maité: pensar -mbúri: pôr, colocar, acrescen-
makaka: macaco tar, arrancar
makú: indígena -meẽ: dar
makúrana: que parece indígena mikiti: para lá
mamé: onde mimbira: filho
-manduári: lembrar, pensar mimi: lá
manduarisáwa: lembrança mimisuí: dali
manha: mãe mira: gente, pessoa, povo
manhasara: materno mirapara: arco
maniaka: mandioca mirasáwa: povo
-manú: morrer mirĩ: pequeno, pouco
manusara: morto mitima: plantação
manusáwa: morte -mixíri: assar
maraka: maracá mú: irmão
-maramunha: lutar, guerrear -muaíwa: abusar
maramunhasáwa: luta, guerra -muaíwa: abusar, explorar
marandúa: conto, história, len- -muapika: colocar, depositar
da -muatiri: reunir, juntar

67
muatirisáwa: reunião, união murariwara: morador
muíri: todo murasi: festa
muíri: quantos? murisáwa: carinho
-mukameẽ: mostrar muruã: umbigo
-mukatúru: cuidar, manter, -muruaki: aproximar
preparar, preservar, treinar murutinga: branca, branco
mukáwa: espingarda musapíri: três
mukiriarisáwa: geração musikié: assustado
-mukuara: furar -musikindáwa: fechar
-mukuatiara: desenhar -musuri: alegrar
-mukuekatu: agradecer -muturi: iluminar
mukuekatusáwa: agradecimen- -muyasuka: lavar
to -muyayúka: separar
-mukuí: moer -muyeréu: virar, transformar-se
mukũi: dois, duas -muyexiru: enfiar
munaxi: gêmeo nambi: orelha
mundu: mundo nató: espírito
-mundú: enviar, mandar ne: seu, sua
-mungitá: ler nhaã: aquele, aquela
-munhã: fazer nhansé: porque
-munhamundéu: vestir nharu: bravo, brava
munhamundéwa: roupa, vesti- -nheẽ: dizer
do nheenga: palavra
munhasara: obra -nheengári: cantar
-munuka: cortar nheengarisáwa: canção
-mupinima: escrever nheengatu: língua nheengatu
mupinimasáwa: escrita, tintura nheenputira: poema
-mupirasua: empobrecer nhúntu: somente
-mupuasú: engrossar nungara: espécie, tipo
-mupuranga: melhorar, embe- paá: dizem
lezar paí: padre
-mupurará: causar sofrimento pakúwa: banana
muraki: trabalho panhẽ: todos, todas
murakisáwa: trabalho -papári: contar quantidades
-murári: morar paparisáwa: contagem, quantidade

68
papera: livro, papel pu: cinco
paranã: rio pú: mão
-parawáka: escolher pu irundi: nove
páwa: tudo pu musapíri: oito
-páwa: acabar pu yepé: seis
paya: pai -pudéri: poder fazer
payé: pajé puí: fina, fino
pe: de vocês puku: comprido
penhẽ: vocês pukusáwa: durante, enquanto
-peyú: curar, soprar pupé: dentro de
pí: pé pupesáwa: interior
piá: coração, fígado -pupúri: ferver
piaíwa: malvado, malvada -puraĩ: precisar, ter que
-pinaitika: pescar -puraki: trabalhar
pinima: cor, pintado purakisáwa: atividade, exercí-
-pinima: pintar cio, trabalho
-pipika: afundar -purandu: perguntar, pedir
pipúra: rastro purandusáwa: pergunta, pedi-
pira: corpo do
pirá: peixe puranga: bom, gentil
piranga: vermelho purangasáwa: beleza, paz
piranha: tesoura purangasawaeté: maravilha
pirasú: pobre, triste -purasi: dançar
pirayawara: boto -púri: pular, se jogar
pirera: pele -purigáya: derramar
píri: mais que -purungitá: falar
pisasú: nova, novo pususáwa: respeito
-pisika: pegar -putári: querer
-pitá: ficar putiá: peito, seio
-pitasuka: ostentar, segurar putimaã: zero
pitera: meio, metade putira: flor
pitérupi: entre, no meio de raíra: filho
pitigáwa: gosto rakakuera: atrás
pituna: noite rakanga: galho, ramo, afluente
pixuna: escuro, preto de rio
rakapira: ponta ruka: casa
ramé: quando rumuara: amiga, amigo
ramunha: avô rundé: frente
rangáwa: imagem, hora, tempo rupi: por
ranha: dente rupitá: tronco
rapé: caminho -rúri: trazer
rapiti: bochecha -ruyuári: acreditar
-rasú: levar -ruyuariíma: duvidar
rẽ: ainda -saã: classificar, perceber, sentir
remitiá: joelho -saisú: adorar, amar, gostar
rendáwa: aldeia, comunidade, sakakuera: atrás dele, atrás dela
lugar sakuena: cheiro
renundé: frente sakuena suikíri: cheiro verde
rera: nome sangáwa: hora, imagem
resá: olho sangáwa mirĩ: minuto
-resarai: esquecer sangawasú: paisagem
resaraisáwa: esquecimento sapú: raiz
resé: em -sapumi: piscar
resewara: sobre -sarú: aguardar, esperar
retana: muito -sasá: passar
reté: mesmo, muito, verdadeiro sasemusáwa: grito
retimã: perna se: meu, minha
-rikú: ter sé: gostosa, gostoso
rikuyara: troca seengá: tempero
rimbiwa: beira, margem -sému: sair
rimiara: comida sendí: fulguras, luz
rimiariru: neto -sendí: brilhar, iluminar, res-
rimirikú: esposa plandecer
riru: copo, recipiente -senũi: chamar
ruá: rosto sera: nome dele, nome dela
ruaki: perto -seruka: nomear, chamar
ruakintu: pertinho sesá: olho
ruaxara: contra, do lado sesé: nele, nela, sobre ele, sobre
ruayana: inimiga, inimigo ela
ruixáwa: senhora, senhor sesewara: por causa disso

70
-sika: chegar táwa: aldeia, comunidade
-sikári: buscar tawawasú: cidade
sikarisáwa: estudo, pesquisa te: não
sikindáwa: fechada, fechado te: mesmo, sempre
sikisemuwara: cinto té: até
-sikué: viver tekó: ritual
sikuesáwa: costume, modo de tendáwa: aldeia, comunidade
vida, vida tenhẽ: sempre
siya: muitas, muitos tenki: ter que
-sú: ir tetama: lugar, território, região
suasú: veado teyú: lagarto
suaxara: contra, do lado, mar- ti: não
gem tĩ: nariz
-suaxara: responder tiapú: barulho, brado
suí: de tiapusáwa: barulho, brado
suikiri: verde, azul tiarama: para não
suiwara: que vem, que é feito de tií: polpa
suka: casa dele, casa dela timaresé: de nada
sundé: na frente dele, na frente timaresesáwa: agradecimento
dela, futuro timbiú: receita, comida
supé: para tipi: fundo
supeka: maço tipíma: parte baixa do rio
supisáwa: verdadeira, verdadei- tipiwara: do fundo
ro tiramé: senão
suri: feliz tuí: sangue
surisáwa: alegria, alegre tupã: Deus
sutiru: pano tupã weráwa: trovão
suú: animal tupana: Deus
tá: eles, elas, deles, delas tupáuku: igreja
taína: criança turusú: grande
tapayúna: negro, negra tuyué: velho
tapuya: indígena tuyúka: barro
tatá: fogo u: ou
taukúra: talvez -ú: beber
tawá: amarelo uí: farinha
upé: em, na, no
úri: vir wiíwara: atual, de hoje
urukum: coloral wirá: pássaro
-usári: usar wirandé: amanhã
usáwa: bebida wirarupi: embaixo
uyura: flecha wírpe: debaixo
-valeri: prestar, servir -witá: nadar
viaji: vez witikakuara: caixão
-viveri: viver -wiyé: baixar, descer
waá: que xamá: alça
wakaba: bacaba -xari: deixar, tornar
-wapika: sentar -xári: deixar, tornar
wapikasáwa: cadeira xibui: minhoca
wapikasawarana: cadeira falsa xinga: pouco
-wári: cair xukui: aqui está
wasaí: açaí -yami: espremer
-wasému: encontrar -yana: correr, fugir
-watá: andar, caminhar yandé: nós
-watari: faltar yané: nosso, nossa
-watawatá: viajar yapepú: panela
watawatasáwa: viagem yapuna: forno
werá: raio yara: dele, dela
-werá: brilhar yasapáwa: ponte
-wewé: voar yasáwa: igaçaba
-wié: baixar, descer yasitatá: estrela
wií: hoje yasuã: vamos? Já vamos?
-yasuka: tomar banho
-yatimu: balançar
yauti: jabuti
yawé: como
yawewara: eterno
yawewaraté: eternamente
yawira: arraia
yenipáwa: jenipapo

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-yenú: deitar -yúri: vir
yepé: um, uma -yúri: voltar
yepé putimaã: dez yurú: boca
yepé yepé: cada, algum yurupari: curupira
yepeasú: igual, parecido -yururéu: pedir
yepenhúntu: somente -yusaẽ: espalhar-se
yepesáwa: primeiro -yutima: enterrar, plantar
-yeréu: girar, virar yutimasáwa: plantação
-yeyuíri: voltar yuwa: braço
-yeyuíri: retornar
yuana: joelho
-yuiké: entrar
yuíri: também
-yuíri: voltar
-yúka: arrancar, retirar
-yukanhemu: desaparecer
yukira: sal
-yukiriari: crescer
-yukuá: aparecer, resplandecer
-yumbué: aprender
yumbuesara:aluno, estudante
yumimisáwa: segredo
-yumitima: plantar, cultivar
-yumuapika: colocar
-yumuatiri: juntar-se, reunir-se
-yumuatíri: reunir-se
-yumukatúru: preparar-se
-yumunáni: misturar-se
-yumupukú: durar
yupináwa: acessório
-yupirú: começar
yupirungáwa: origem
-yupirusáwa: começo
-yureréu: pedir

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