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AGUPÉ - O VERDE QUE PURIFICA A ÁGUA

Os vegetais, conhecidos como o aguapé, as algas e o arroz, exibem uma performance importante, no
campo e em laboratórios de pesquisa, diante de uma das maiores preocupações do homem moderno: o
combate a poluição ambiental.
Mergulhada em água contaminada por esgoto, a planta aquática tropical Eichhornia crassipes, mais
conhecida como aguapé, jacinto d'água ou baronesa é capaz de eliminar os sólidos em suspensão em
curtos períodos. As membranas que recobrem as raízes do aguapé absorvem argila e partículas
orgânicas, sendo capazes de reter nutrientes com fósforo e nitrogênio.(...)
O aguapé diminui 90% a necessidade de oxigênio para purificação da água poluída por carga orgânica.
Com outra vantagem: uma estação de tratamento de esgoto à base de aguapé custa 40% menos que o
sistema de lagoa convencional, utilizado hoje nas maiorias das cidades brasileiras. Essa técnica
necessita ainda de uma área cinco vezes maior para tratar a mesma quantidade de esgoto e é incapaz
de eliminar metais pesados, detergentes e agrotóxicos.
A tecnologia de despoluição através do aguapé só foi descoberta depois de a planta ter sido incluída nos
planos da NASA, que pretendia testar suas propriedades em viagens de longa duração. A planta, capaz
de proliferar com rapidez, seria usada para purificar a água servida na nave espacial, filtrando esgoto
biológico e livrando-o de resíduos orgânicos. E, de quebra, ainda poderia alimentar os tripulantes. Os
testes no espaço foram um sucesso. Tanto que inspiraram os técnicos a usar a planta em larga escala
em experimentos na Terra. Em Orlando, Flórida, nos Estados Unidos, existe em plena operação uma
estação de aguapés para tratar o esgoto gerado por quase mil habitantes e que gera biogás para mover
alguns brinquedos da Disney World.
No Brasil o uso de plantas purificadoras frutificou nas mãos de uma equipe de cientistas-pesquisadores
do Centro de Energia Nuclear na Agricultura (Cena), instituto vinculado à Universidade de São Paulo e
instalado em Piracicaba (SP), que estuda as qualificações despoluidoras do aguapé. As pesquisas,
levaram a instalação de estações de tratamento de água com a planta em vários pontos do país. A
partir daí, foi criada uma empresa privada que explora comercialmente a técnica: a Ambiental, de
Piracicaba, que vem tratando, com sucesso, a água tóxica de certas indústrias.
No método da ambiental, a água proveniente da industrialização de papel e celulose, como exemplo,
passa primeiro por canteiros de solos filtrantes, feitos de pedrisco, brita, terra comum e tubos de PVC,
perfurados para drenagem. Depois descansa em canais cheios de aguapé. Em seguida, a água precisa
de clorificação para se tornar potável.(...)
Depois de cumprir sua função purificadora, o aguapé ainda é de grande utilidade. Além do tratamento
de esgoto, ele pode ser utilizado como adubo orgânico, pois seu tecido se torna rico em nutrientes. E
suas fibras servem para produzir papel, como acontece na China. Sua biomassa, além do mais, tem alto
potencial de gerar biogás. " Em um ano, o aguapé produz cinco vezes mais energia por hectare plantado
do que o álcool da cana e quatro vezes mais que a lenha e o carvão", ressalta a bióloga Carmem Lúcia.
"E a planta se multiplica de forma espantosa, sendo capaz de crescer 1 tonelada por dia num tangue de
10 mil m2. "
Globo Ciência, novembro/1992, nº16, p.32. 


 





É um devorador da poluição e absorve os
nutrientes orgânicos e inorgânicos por um
processo formado por três etapas:
1ª etapa: física - quando suas raízes (longas e
finas) agem como filtro biológico que retém as
impurezas da água;
2ª etapa: bioquímica - quando decompõe as
impurezas, tranformando-as em elementos simples
(N, P, K, Ca, Fe e Al);
3ª etapa: metabólica - o aguapé absorve esses
elementos (N,P,K ,Ca, Fe, Mg e Al) da água e os
transforma em biomassa ou matéria verde, através 
da fotossíntese. A matéria tóxica que
é retirada pelo aguapé (95% a 98%) e acumula-
se no sistema radicular, preservando as folhas da
contaminação.




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