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3 de abril de 2021
Aula 06
1 O Teorema Fundamental das Integrais de Linha;
2 Teorema de Green;
3 Exemplos e Exercícios.
Observação 1
Esta aula foi baseada no material de apoio do livro de James Stewart, Cálculo, Vol 2,
7 edição.
Motivação
Vamos recordar do teorema fundamental do cálculo na reta estudado no Cálculo II. Se F é uma
primitiva de uma função contínua f em [a, b], isto é, F 0 = f , então
Z b
f (x)dx = F(b) − F(a). (1)
a
Em palavras, a equação (2) significa que a integral de uma taxa de variação é a variação total.
Nesta aula iremos apresentar uma versão do Teorema Fundamental do Cálculo para as integrais
de linha.
Teorema 1
Seja C uma curva lisa descrita por r(t) com a ≤ t ≤ b. Seja f uma função diferenciável
de duas ou três variáveis cujo vetor gradiente ∇f é contínuo em C. Então,
Z
∇fdr = f (r(b)) − f (r(a)). (3)
C
(xi + yj)dr.
R
Calcule C
(xi + yj)dr.
R
Calcule C
Resolução
1 Note que o campo vetorial F(x, y) = xi + yj é um campo vetorial conservativo da
x2 + y2
função escalar f definida por f (x, y) = .
2
2 Use a observação acima e o Teorema 1 para concluir que a
π2 + 16(sen(1))2
(xi + yj)dr =
R
C
.
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Alex e Erikson (UFRB) Cálculo IV 3 de abril de 2021 6 / 36
Aula 06
Exemplo 2
Determine o trabalho realizado pelo campo gravitacional
mMG
F(x) = x
|x|3
ao mover uma partícula de massa m do ponto (3, 4, 12) para! o ponto (2, 2, 0) ao longo
1 1
da curva suave por partes C. Resp. : mMG √ − .
2 2 13
Independência do Caminho
∇f dr =
R R
Em particular, pelo Teorema 1, temos C1 C2
∇f dr, desde que ∇f seja contínuo.
Em outras palavras, a integral de linha de um campo vetorial conservativo depende somente das
extremidades da curva. Assim, podemos concluir que as integrais de linha de campos vetoriais
conservativos são independentes do caminho.
Essas observações nos motiva a seguinte definição:
∇f dr =
R R
Em particular, pelo Teorema 1, temos C1 C2
∇f dr, desde que ∇f seja contínuo.
Em outras palavras, a integral de linha de um campo vetorial conservativo depende somente das
extremidades da curva. Assim, podemos concluir que as integrais de linha de campos vetoriais
conservativos são independentes do caminho.
Essas observações nos motiva a seguinte definição:
Definição 2
Dizemos que a integral de linha C F(x) dr é independente do caminho, se C F(x) dr =
R R R
C2
F(x) dr para
1
quaisquer dois caminhos C1 e C2 que tenham os mesmos pontos iniciais e finais.
Definição 3 (Curvas)
Seja C uma curva.
1 C é denominada fechada se seu ponto final coincide com seu ponto inicial, isto é, r(b) = r(a).
2 C é uma curva simples se ela não se autointercepta em nenhum ponto entre as extremidades, ou seja,
r(t1 ) , r(t2 ) para todo a < t1 < t2 < b.
Definição 4 (Regiões)
Seja D uma região em R2 .
1 D é dita ser ABERTA se existe para todo ponto P uma bola aberta com centro em P e inteiramente contida
em D;
2 D é CONEXA se quaisquer dois pontos de D podem ser ligados por um caminho inteiramente contido em D;
3 D é SIMPLESMENTE CONEXA se D é conexa tal que toda curva simples fechada em D contorna somente
pontos que estão em D. Dito de outro modo, D é uma região que não contém "buracos"e nem é constituída
de pedaços separados.
Teorema 5
F(x) dr = 0
R R
A integral de linha C F(x) dr é independente do caminho no domínio D se, e somente se, C
para toda curva fechada C.
Afirmação
Do
R Teorema acima, podemos concluir que se F é um campo vetorial conservativo em D, então
C
F(x) dr = 0 para toda curva fechada C.
Em geral, o teorema a seguir diz que todos os campos vetoriais independentes do caminho são
conservativos.
Teorema 6
Suponha que F seja um campo vetorial contínuo em uma região aberta conexa por
caminhos D. Se a integral de linha for independente do caminho em D, então F é um
campo vetorial conservativo em D, ou seja, existe uma função f tal que ∇f = F.
Teorema 6
Suponha que F seja um campo vetorial contínuo em uma região aberta conexa por
caminhos D. Se a integral de linha for independente do caminho em D, então F é um
campo vetorial conservativo em D, ou seja, existe uma função f tal que ∇f = F.
Pergunta
De maneira prática, como é possível saber se um campo vetorial F é conservativo ou
não ?
Teorema 6
Suponha que F seja um campo vetorial contínuo em uma região aberta conexa por
caminhos D. Se a integral de linha for independente do caminho em D, então F é um
campo vetorial conservativo em D, ou seja, existe uma função f tal que ∇f = F.
Pergunta
De maneira prática, como é possível saber se um campo vetorial F é conservativo ou
não ?
Teorema 7
Se F(x, y) = P(x, y)i + Q(x, y)j é um campo vetorial conservativo, onde P e Q têm derivadas parciais de
primeira ordem contínuas em um domínio D, então
∂P ∂Q
=
∂y ∂x
para todos os pontos de D.
Observação 2
A recíproca do Teorema acima só é verdadeira para um tipo especial de região.
Teorema 8
Seja F = Pi + Qj um campo vetorial em uma região aberta simplesmente conexa D. Suponha que P e
Q tenham derivadas contínuas de primeira ordem e que
∂P ∂Q
= para todos os pontos de D.
∂y ∂x
Então, F é conservativo.
Exemplo 3
Verifique se F, definido por
1 x
F(x, y) = i − 2 j,
y y
é um campo conservativo. Caso afirmativo, ache uma função potencial para F.
Exemplo 3
Verifique se F, definido por
1 x
F(x, y) = i − 2 j,
y y
é um campo conservativo. Caso afirmativo, ache uma função potencial para F.
Resolução
Para mostrar que F é conservativo, use o Teorema 8.
Uma função potencial para F satisfaz ∇f = F. Assim, temos
1 x
fx (x, y) = e fy (x, y) = − . (4)
y y2
x
Das equações (7) e (5), podemos concluir que f (x, y) = + c é uma família de funções potenciais
y
para F.
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Aula 06
Exemplo 4
1 x
Se F(x, y) = i − 2 j e C for uma curva seccionalmente suave do ponto (5, −1)ao
y y R
ponto (9, −3), mostre que a integral de linha C F dr é independepente do caminho e
calcule-a.
Exemplo 4
1 x
Se F(x, y) = i − 2 j e C for uma curva seccionalmente suave do ponto (5, −1)ao
y y R
ponto (9, −3), mostre que a integral de linha C F dr é independepente do caminho e
calcule-a.
Resolução
Para resolver o exercício, use o exemplo anterior e os teoremas apresentados nessa
aula.
Exemplo 5
Uma particula movimenta-se sobre a circunferência r(t) = 2 cos ti + 2 sen tj com
0 ≤ t ≤ 2π. Ache o trabalho total realizado pelo campo de forças
!
1 4x
F(x, y) = 4 ln(3y) + i + j.
x y
Exemplo 5
Uma particula movimenta-se sobre a circunferência r(t) = 2 cos ti + 2 sen tj com
0 ≤ t ≤ 2π. Ache o trabalho total realizado pelo campo de forças
!
1 4x
F(x, y) = 4 ln(3y) + i + j.
x y
Resolução
Para resolver o exercício, use o Teorema 8 para mostrar que F é um campo
conservativo. Em seguida, utilize a afirmação que decorre do Teorema 5 para mostrar
que o trabalho total é zero.
Exemplo 6
−y x
Seja F(x, y) = i+ 2 j. Considere a curva fechada C : r(t) = cos ti + sen tj
x2 +y 2 x + y2
com 0 ≤ t ≤ 2π.
R
1 Calcule C
F dr.
2 Esse exemplo contradiz a afirmação que decorre do Teorema 5?
3 Justifique suas respostas.
Conservação de Energia
Se um objeto se move de um ponto A para outro B sob a influência de um campo
de forças conservativo, então a soma de sua energia potencial e sua energia
cinética permanece constante. Essa é a chamada Lei da Conservação de
Energia e é a razão pela qual o campo vetorial é denominado conservativo.
Faça um resumo com o objetivo de compreender a Lei da Conservação de
Energia aplicando os conhecimentos desta aula. Como sugestão veja a
subseção acerca deste tópico na seção 16.3 do livro texto.
Teorema de Green
Nota Histórica
Um teorema singular, que relaciona uma integral de linha sobre uma curva fechada num plano com uma integral dupla
sobre a região compreendida no interior dessa curva, é chamado Teorema de Green. Esse nome é uma homenagem ao
matemático inglês George Green (1793-1841), que introduziu o teorema em um trabalho escrito acerca das aplicações de
Matemática à Eletricidade e Magnetismo. Além disso a ideia do Teorema e Green é utilizado para formulação de outros
teoremas como por exemplo o teorema de Stokes e Gauss que serão estudados no Módulo III.
Sobre a vida George Green, ele abandonou a escola com pouca idade para trabalhar na padaria de seu pai e,
consequentemente, teve pouca educação básica formal. Aprendeu Física e Matemática sozinho, lendo livros de
bibliotecas. Em 1828, Green publicou seu trabalho mais importante, An Essay on the Application of Mathematical Analysis
to the Theories of Electricity and Magnetism. Em 1833, após quatro anos de estudos autodidáticos para preencher
lacunas de sua educação elementar, ele foi admitido na Universidade Caius, em Cambridge. Em 1845, quatro anos após
a sua morte, seu trabalho de 1828 foi publicado, e as teorias nele desenvolvidas por esse obscuro autodidata, filho de
padeiro, ajudaram a desbravar o caminho das teorias modernas de eletricidade e magnetismo.
Observação 3
A orientação positiva de uma curva fechada simples C refere-se ao sentido anti-horário de C percorrido
uma só vez. Em outras palavras, a orientação positiva significa que a região fica a esquerda ao
percorrermos a curva C.
∂Q ∂P
I ZZ !
P(x, y) dx + Q(x, y) dy = − dA. (8)
C ∂x ∂y
D
Observação 4
H
Daqui em diante usaremos a notação C para indicar que integral de linha é calculada utilizando a
orientação positiva da curva fechada C.
Exemplo 7
Use o teorema de Green para mostrar que
I
64
y2 dx + 4xy dy = , (9)
C 15
Exemplo 8
Use o teorema de Green para encontrar o trabalho total realizado ao mover um objeto
no sentido anti-horário, uma vez em torno da circunferência x2 + y2 = a2 , se o
movimento for causado pelo campo de forças F(x, y) = (sen x − y)i + (ey − x2 )j.
Colorário 1
Seja C uma curva plana simples, fechada, contínua por partes, orientada
positivamente, e seja D a região delimitada por C. Então, a área A da região D é dada
por I
1
A= x dy − y dx (10)
2 C
Resolução
1 Usando o teorema de Green, mostre que a integral
I ZZ
(x − 3y) dx + (2y + 4x) dy = 7
4 3
dA = 7A(D),
C
D
Exemplo 10
−y x
Seja F(x, y) = i + j. Considere a curva fechada C : r(t) = cos ti + sen tj
x2 + y2 x2 + y2
com 0 ≤ t ≤ 2π.
H
1 Usando o Teorema de Green, calcule C F dr.
2 Ficou surpreso com o resultado?
Caso 1
Caso 1: D = D1 ∪ D2 A ideia é que as integrais de linha sobre C3 e
−C3 se cancelam. Desta forma, temos
∂Q ∂P
I Z Z !
P(x, y) dx+Q(x, y) dy = − dA.
C=C1 ∪C2 ∂x ∂y
D=D1 ∪D2
Observação 5
D é a união de varias regiões O mesmo tipo de argumentação
nos permite estabelecer o Te-
orema de Green para qualquer
união finita de regiões simples que
não estão sobrepostas, conforme
a figura.
Caso 2
Caso 2: Regiões com furo A ideia é que as integrais de linha em curvas percorridas em
ambos sentidos se cancelam como ilustra a figura, quando di-
vidimos a região D em duas regiões D0 e D00 pela introdução
de segmentos de retas. Aplicando o Teorema de Green a cada
uma das regiões D0 e D00 , obtemos
∂Q ∂P
ZZ ! I I
− dA = P dx + Q dy + P dx + Q dy,
∂x ∂y ∂D0 ∂D00
D
Exemplo 11
−y x
Seja F(x, y) = i + j um campo vetorial definido em R2 − {(0, 0)}.
x2 + y2 x2 + y2
Considere a curva fechada C : r(t) = cos ti + sen tj com 0 ≤ t ≤ 2π.
H
1 Usando o Teorema de Green para regiões com furo, calcule C F dr.
2 Agora, chegou ao resultado esperado?
Considerações
Na aula de hoje apresentamos:
1 o Teorema Fundamental das Integrais de Linha;
2 o Teorema de Green;
Posteriormente, estudaremos as propriedades do rotacional e do divergente.
Referências
1 ANTON, H. Cálculo, vol. 2, 10ª ed. Porto Alegre: Bookman, 2014.
2 STEWART, J. Cálculo, vol. 2, 7ª ed . São Paulo, Cengage Learning, 2013.
Agradecemos a atenção!!!