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Curso: Filosofia Disciplina: Seminário de Leitura Filosófica

Professor: Luiz Henrique Aluno: Danilo da Silva Monteiro Período: 3° semestre

A vida do espírito - Hannah Arendt


Resumo: Capítulo II - Tópicos 9 ao 11

O texto “A vida do espírito” de Hannah Arendt no tópico 9 aborda as atividades


espirituais básicas: pensar, querer e julgar. Elas são independentes umas das outras e não
podem ser reduzidas a um único conceito. O pensar é impulsionado pela razão, uma
necessidade interna imbuída em todos os homens. Da mesma forma, a vontade não é movida
pela razão ou desejo externo. Por fim, o juízo é uma capacidade do espírito para reunir o
geral e o particular. Essas atividades são autônomas, isto é, agem de forma independente uma
da outra obedecendo a leis próprias, mas dependem de uma tranquilidade emocional. A
autonomia das atividades espirituais implica que elas não são condicionadas pelas
circunstâncias da vida ou do mundo, diferente dos sentidos externos que são condicionados
pelo mundo externo.
O texto também fala da invisibilidade das atividades espirituais, destacando que
embora não apareçam mas se manifestam para o indivíduo que as realiza, isso é, só o nosso
interior pode acessar as nossas atividades espirituais. Além disso, o texto também discute
sobre a passividade da alma que sofre alterações espontâneas, diferentemente do espírito que
é ativo e reflexivo.
O processo de pensar envolve a transformação de objetos sensíveis em objetos de
pensamento, isto é, a conversão de um objeto “material” para a nossa mente. Essa
modificação envolve uma retirada deliberada do mundo das aparências e uma ativação da
memória e da imaginação.
Portanto, Hannah Arendt tenta destacar a importância do pensar como uma atividade
que ultrapassa uma simples curiosidade e busca pelo conhecimento prático. Diante disso, o
texto tentar recuperar a noção de especulação através do pensamento, querendo trazer uma
volta para si mesmo para interioridade.
O tópico 10 discute a relação entre o pensamento filosófico e o senso comum, falando
sobre a luta interna enfrentada pelo filósofo ao se afastar do senso comum e se empenhar no
pensamento especulativo. Hannah diz que essa luta faz parte do próprio ato de pensar, e não
necessariamente uma oposição da multidão contra os filósofos. Diante disso, o filósofo se
sente deslocado do senso comum enquanto se dedica ao pensamento profundo.
Além disso, o filósofo também sofre uma “luta” contra a multidão, porque muitas
vezes há uma contraposição de ideais. Como por exemplo a morte, que para o senso comum é
considerada uma coisa má, mas para o filósofo, especificamente Platão, é considerada uma
libertação dos sentidos para o pleno pensamento. Também o ato de pensar é considerado uma
antecipação da morte, porque envolve o distanciamento do mundo sensorial para se alcançar
o pensamento.
Ademais, Arendt traz o papel da memória e da imaginação para o pleno
funcionamento do pensamento, que envolve, como o texto repete várias vezes, o sair das
experiências sensíveis. Também conseguindo lembrar do passado e “viver” o futuro. Para
ilustrar o desaparecimento dos objetos invisíveis da imaginação quando nos voltamos ao
mudo sensorial, Hannah se utiliza do mito de Orfeu. Em seguida, é ressaltado que o
pensamento não é somente uma extensão dos objetos sensoriais, mas uma preparação para os
objetos do pensamento. Por exemplo, antes de pensarmos sobre: felicidade, justiça,
conhecimento etc, necessitamos de perceber essas coisas com os nossos sentidos, para depois
conseguirmos transformá-las em objetos invisíveis do pensamento.
Por fim, o texto busca trazer o contraponto do senso comum e o pensamento
especulativo do filósofo. Sendo o pensamento de muita importância para se alcançar as
essências das coisas.
O tópico 11 fala sobre como o pensamento, a vontade e o agir estão relacionados,
destacando denovo a importância de se distanciar do mundo para atividades espirituais.
Enquanto o pensamento se retira temporariamente do mundo para refletir sobre objetos
específicos, a vontade se retira de forma mais profunda, buscando uma ação sobre si mesma.
Essa ideia de distanciamento, associada ao espectador, volta à época dos filósofos
gregos, que valorizavam o modo de vida contemplativo. O espectador, nesse contexto, é
aquele que observa passivamente o espetáculo da vida, sem participar ativamente. Essa
posição permite uma compreensão mais abrangente do todo. E como exemplo ela usa da
parábola atribuída a Pitágoras:
“A Vida... é como um festival, assim como alguns vêm ao festival
para competir, e alguns para exercer os seus negócios, mas os melhores vêm
como espectadores [theatai]; assim também na vida os homens servis saem à
caça da fama [doxa] ou do lucro, e os filósofos à caça da verdade.”1

O texto também levanta uma questão: onde estamos quando pensamos ou agimos?
Platão, em seu diálogo, sugere que essa questão permanece sem resposta definitiva. Ele
compara o filósofo, que habita uma região luminosa e divina, que está imerso na escuridão do
Não-ser.

1
ARENDT, Hannah. A VIDA DO ESPÍRITO, A 1 Ed 2022. Editora: civilização brasileira

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