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CADASTRO TÉCNICO MULTIFINALITÁRIO URBANO VERSUS SETORES


CENSITÁRIO PARA A TOMADA DE DECISÃO

Conference Paper · July 2005

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Antonio Guarda Ruth Nogueira

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CADASTRO TÉCNICO MULTIFINALITÁRIO URBANO VERSUS
SETORES CENSITÁRIO PARA A TOMADA DE DECISÃO

Antônio Guarda*
Ruth Emilia Nogueira Loch**
Universidade Federal de Santa Catarina
* Bacharel em Geografia
** Professora doutora
Centro de Filosofia e Ciências Humanas - Departamento de Geociências
Rua Eng. Agr. Andrey Cristian Ferreira S/N,
Cidade Universitária, Trindade, Florianópolis - SC
CEP 88040-900

RESUMO
Os dados disponibilizados pelo IBGE estão sempre atrelados a setores censitários, fato que nem sempre é
conveniente para a realização de pesquisas socioeconômicas, pois os setores são áreas definidas por critérios
quantitativos e não qualitativos. Com isto, podem-se perder informações que, de fato, não são confinadas a certos
setores e, conseqüentemente, os resultados podem ficar agrupados em uma classe única, não condizendo com a
realidade. Entretanto, sabe-se que existem outras maneiras de se delimitar áreas de interesse para pesquisas
socioeconômicas que têm como objetivo a tomada de decisão ou Geomarketing. Podem-se utilizar dados de diversos
cadastros existentes e a combinação dos mesmos com os dados gráficos do Cadastro Técnico Multifinalitário. Neste
artigo, será relatado um trabalho realizado com a finalidade de se avaliar o emprego de dois métodos de seleção de
amostras em uma população considerando-se os setores censitários do IBGE e os dados do Cadastro Técnico
Multifinalitário - CTM - para a tomada de decisão. Foi utilizada como área teste o Distrito de Campinas no Município
de São José, em SC, que tinha dados recentes do Cadastro. Nesse local foi realizada uma pesquisa de opinião, por
amostragem, sobre a percepção dos entrevistados quanto à presença de áreas de laser na comunidade, tais como praças,
parques, áreas esportivas, etc.. Os resultados foram demonstrados através de mapas temáticos que foram elaborados
pelo agrupamento das informações por setores censitários, cujas informações são agrupadas por medidas de tendência
central por setor e bairro, bem como o Cadastro Técnico Multifinalitário, que é gerado através da
geoestatística/krigagem, por método de isolinhas, onde se obteve resultados que permitiram verificar a opinião dos
entrevistados de forma mais localizada.

Palavras chaves: Cadastro Técnico Multifinalitário, Setores Censitários do IBGE, Geomarketing, Krigagem.

ABSTRACT
The data made available by IBGE are harnessed always to sections census, fact that not always it is
convenient for the accomplishment of socioeconomic researches, because the sections are defined areas for quantitative
criteria and no qualitative. With this, they can get lost information that, in fact, they are not confined the certain sections
and, consequently, the results can be contained in an only class, not matching with the reality. However, it is known that
another exist sort things out of if to delimit areas of interest for socioeconomic researches that you/they have as
objective the socket of decision or Geomarketing. Data of several existent registers and the combination of the same
ones can be used with the graphic data of the Technical Register Multifinalitary. In this article, a work will be told
accomplished with the purpose of if to evaluate the job of two methods of selection of samples in a population being
considered the sections census of IBGE and the data of the Technical Register Multifinalitary - CTM - for the socket of
decision. It was used as area tests the District of Campinas in the Municipal district of São José, in Santa Catarina,
which had recent data of the Register. In that place an opinion research was accomplished, for sampling, about the
interviewees' perception as for the presence of laser areas in the community, such as squares, parks, sporting areas, etc..
The results were demonstrated through produced thematic maps (that were elaborated) for the grouping of the
information for sections census, whose information are contained by measures of central tendency by section and
neighborhood, as well as the Technical Register Multifinalitary, that is generated through the geoestatistic/krigagem, for
isolines method, where it was obtained results that allowed to verify the interviewees' in a more located way opinion.

Word-key: Technical Multifinalitary Register, Census Sectors of the IBGE, Geomarketing, Krigagem.
1 INTRODUÇÃO por área continua, situada em um único quadro
O IBGE se constitui no principal provedor urbano ou rural, com dimensão e número de
de dados e informações do país. Para atender às domicílios ou estabelecimentos que permitam o
necessidades dos mais diversos segmentos da levantamento das informações por um único agente
sociedade civil, bem como dos órgãos das esferas credenciado, segundo cronograma estabelecido. Seus
governamentais federal, estadual e municipal. Para isto limites devem respeitar os limites territoriais
o IBGE dividiu o Território Nacional em unidades legalmente definidos e os estabelecidos pelo IBGE
territoriais de coleta de informações, chamadas de para fins estatísticos. Serão definidos
Setores Censitários. preferencialmente, por pontos de referência estáveis e
A delimitação dos setores censitários, de fácil identificação no campo, de modo a evitar que
conforme IBGE (1990), tem por objetivo, realizar uma um agente credenciado invada a unidade territorial de
cobertura sistemática e ordenada de todo o território coleta de responsabilidade de outro agente
brasileiro, quando da realização do Censo Demográfico credenciado, ou omita a coleta na área sob sua
com periodicidade decenal. Nos períodos entre censo, responsabilidade... Estas unidades servirão de base a
o IBGE realiza pesquisas sócio-econômicas, através de todos os levantamentos por amostragem
planos amostrais tais como: PNAD (Pesquisa Nacional probabilística...” Como se pode observar o IBGE
por Amostra Domiciliar), PME (Pesquisa Mensal de divide o país em setores censitários, observando a
Emprego), POF (Pesquisa de Orçamento Familiar), hierarquia política administrativa (Estados, Municípios,
entre outras. Estes planos amostrais podem ser Distritos, Urbano, Rural). Este planejamento é feito
estratificados por Unidade da Federação, Municípios, para realizar uma cobertura em todo território, sem
Distritos, Urbano, Rural e Setores. sobreposições de área ou deixar áreas sem cobertura,
Órgãos públicos, autarquias, e empresas em aberto. Para definição destas áreas (setor) não é
privadas que se utilizam dos setores censitários, para observado nenhum critério qualitativo, seja eles,
planejar pesquisas e tomadas de decisões. Terão as sociais, econômicos, ambientais, geomorfológico,
áreas de interesses dos seus objetos de estudo, sempre micro-bacia, ou outro qualquer (com exceção dos
atreladas aos setores censitários, bem como os setores de aglomerados subnormais, entendido pelo
resultados destas pesquisas. IBGE como favela ou similar, e para constituí-lo deve
Tem sido identificada uma clara dificuldade existir carência de serviços públicos essenciais, os
em planejar, mapear ou delimitar estas áreas, resultante moradores não devem possuir titulo de propriedade da
das pesquisas socioeconômicas, e que são definidas terra e sem padrões de urbanização). O critério que
através de variáveis qualitativas. Sem contar a define os setores é somente quantitativo, ou seja, os
inexistência de discussões sobre alternativas para a setores urbanos terão que ter em média 350 domicílios
produção de pesquisa amostral, sem usar os setores e os setores rurais 200 domicílios ou 150
censitários. Entretanto, sabe-se que existem outras estabelecimentos agropecuários ou 500 km² de área
maneiras de delimitar estas áreas de estudo, por máxima do setor.
exemplo, através dos dados de diversos cadastros Cada setor censitário possui uma caderneta
existentes e a combinação dos mesmos com um com croqui da área do setor, bem como um memorial
Cadastro Técnico Multifinalitário – CTM. descritivo dos limites do setor. Quando realizado o
Acredita-se ser possível utilizar o CTM, se Censo Demográfico, o recenseador percorre toda a área
estiver atualizado, para planejar uma pesquisa amostral do setor preenchendo as folhas de coleta. Conforme
e posteriormente aplicar a Geoestatística, para obter definição do IBGE (2000), em seu “Manual de
dados, e espacializar em mapas temáticos. Esse tipo de Recenseador” a folha de coleta é um instrumento para
resultado, que pode ser visualizado em mapas, é uma relacionar todos os domicílios e unidades não-
poderosa ferramenta para a tomada de decisão. residenciais do setor. Sendo cada linha um registro de
cada unidade visitada. Estas folhas de coleta, não são
2 OBJETIVO nada mais que um cadastro das unidades domiciliares e
O objetivo do trabalho foi comparar dois não domiciliares existente no setor censitário.
métodos de seleção de amostras em um universo de
população e os dados do Censo 2000, considerando os 3.2 GEOESTATÍSTICA
setores censitários do IBGE e os dados do Cadastro A Geoestatística é uma ferramenta que
Técnico Multifinalitário, com a finalidade de auxiliar permite obter informações ou estimar dados em locais
na tomada de decisões. não amostrados, desde que se conheça o fenômeno,
conforme USP (2003).
3 EMBASAMENTO TEÓRICO Outra definição para a Geoestatística foi
METODOLÓGICO dada por GASA (2004), como o ramo da estatística que
3.1 SETORES CENSITÁRIOS DO IBGE lida com problemas associados ao espaço.
IBGE (1990), define setores censitários, em A geoestatística foi desenvolvida
seu “Manual de Delimitação de Setores e Zonas de inicialmente, para uso na geologia, no qual o processo
Trabalho de 1990”, como: “... Uma Unidade territorial de interpolação de dados amostrais mais utilizado é o
de Coleta. É a unidade de controle cadastral formada sistema de rede, chamado também de krigagem, nome
genérico dado ao processo de estimativa, baseado na individuo da população pesquisada deve possuir as
Teoria das Variáveis Regionalizadas. O nome é em mesmas chances que outro individuo de pertencer à
homenagem à D.G. Krige, engenheiro de minas sul amostra. Por isto, para podermos realizar alguma
africano que foi o pioneiro no uso de médias móveis pesquisa, por amostra, é preciso conhecer o universo
para avaliação dos depósitos de ouro do Rand (USP, estatístico, através de um cadastro ou relação dos
2003). indivíduos do universo – FERREIRA (1987).
Este sistema de rede, que a geoestatística se Conhecendo, ou possuindo o registro de
utiliza, é um sistema onde uma área de estudo é todos os objetos do universo de estudo (cadastro),
dividida em quadrículas, e lançada à localização da podemos gerar uma amostra confiável – SPIEGEL
amostra na quadrícula a que ela pertence, e através de (1993).
uma interpolação dos valores amostrados é criada uma Dependendo do objeto de estudo, a seleção
isolinha que é limite de uma região afim. Em síntese da amostra pode ser, entre outras, aleatória simples,
ela nos diz que “Pontos próximos no espaço tendem a estratificada ou por conglomerado, todas são
ter valores mais parecidos do que pontos mais probabilísticas. Para que se possa realizar inferências
afastados” (USP, 2003). sobre a população, é necessário que se trabalhe com
Por exemplo, para realizar uma pesquisa amostragem probabilística. É o método que garante
sobre tipo de solo, é realizada uma matriz geográfica segurança quando se investiga alguma hipótese.
para localização dos pontos de coleta de amostra do Normalmente os indivíduos investigados possuem a
solo. Quanto mais próximos estão os pontos melhor mesma probabilidade de ser selecionado na amostra,
será a identificação do limite das áreas de tipo de solo. conforme (SÓ MATEMÁTICA, 2003).
Este processo de estimativa, em particular
esta relacionada com as concentrações de minerais em 3.5 SISTEMA DE APOIO A DECISÃO E
minas. Porém, a teoria da geoestatística tem sido GEOMARKETING
aplicada com sucesso na área das ciências sociais e do A câmera de marketing de Valencia, em seu
ambiente. vocabulário on-line, MIXMARKETING (2003), define
Geomarketing como uma especialidade do marketing
3.3 UNIVERSO ESTATÍSTICO, POPULAÇÃO E que leva em conta os dados espaciais na hora de
CENSO examinar e analisar o mercado, utilizando-se do
Universo Estatístico é a totalidade de Sistema de Informações Geográfica (SIG), possibilita
indivíduos, que podem ser objetos de uma pesquisa. Já analisar informações de natureza geográfica, e a partir
População, são todos os indivíduos integrantes, de um desta, buscar padrões e coincidências que possam gerar
universo estatístico, passível de um levantamento ou modelos e previsões. A integração do SIG e de Sistema
pesquisa, PEREIRA (1978). Estes indivíduos podem de Suporte à Decisão (SSD) faz com que o processo de
ser agrupados com características próprias, criando tomada de decisão seja realizado de forma mais
uma população alvo. fundamentada, pois o agente de decisão tem à sua
O levantamento censitário é um processo disposição dados / informações prontamente acessíveis,
estatístico de contagem geral de todos os indivíduos do facilmente combinados e modificados, além de utilizar
universo. Sendo assim, o Censo Demográfico é a argumentos mais claros para a decisão.
contagem de todas as pessoas de um país. O censo Uma das maneiras que se possui para
demográfico também é o conjunto de dados estatísticos analisar os padrões e tendências de dados, que seriam
sobre a população de um país. quase impossíveis de serem detectados em listas de
No Brasil, os censos demográficos são dados, ou planilhas, são os mapas temáticos produzidos
realizados de 10 em 10 anos e o IBGE é, por lei, o com as novas tecnologias do geoprocessamento. Por
órgão responsável pela sua realização. As informações exemplo, (a) para realizar uma campanha de vacinação,
que compõem os questionários podem variar em cada é necessário criar postos de vacinação e que esteja no
censo, com o objetivo de refletir a realidade do máximo em um raio de 5 km da população alvo, e que
decênio. esta população esteja acima dos 60 anos de idade; (b)
As informações obtidas do censo são uma empresa de telefonia celular quer instalar antenas
importantes para uma melhor planejamento, que esteja próximo de seus clientes e futuros clientes,
administração e gerenciamento dos municípios e esta clientela teve ter uma renda familiar mínima de 10
estados do país, possibilitando políticas precisas, salários mínimos, e estar na faixa etária entre 10 a 25
através das informações atualizadas sobre a população anos, a antena teve estar situada em uma área de maior
sob suas jurisdições. aclive da região onde reside sua clientela, o raio de
ação da antena é de 10 km.
3.4 AMOSTRAGEM No geral para realizar estes processos de
A amostragem é a técnica de pesquisa na tomada de decisão, utilizam-se os setores censitários e
qual um sistema preestabelecido, ou plano amostral, de de seus dados, fazendo uma correlação com um objeto
amostra é considerado idôneo para representar o de estudo, com um dos itens pesquisados no Censo,
universo pesquisado, com margem de erro aceitável. A com isto é realizada uma projeção em sua área de
escolha destas amostras deve ser aleatória, qualquer estudo em função desta correlação. Ou seja, no Brasil,
os dados que se dispõe do IBGE para utilização em primeiro setor sorteado pelo software foi o de Nº 14, e
Tomada de Decisão ou Geomarketing será sempre por os subseqüentes foram 17, 02, 05, 08 e 11.
setor censitário. As informações qualitativas destas Para o bairro Campinas o quantitativo de
áreas estarão sempre “presas” às áreas dos setores, setor é 16, nº de setores na amostra 5, dividindo 16 / 5
mesmo que este setor não tenha informações = 3,2 , intervalo 3. O primeiro setor foi o 24, e os outro
homogeneamente espalhadas em toda sua área. Agora, são 27, 30, 33 e 20.
se as informações qualitativas, de uma determinada O erro amostral definido foi de 10%, para
área, for obtida através de uma amostra de um universo realizar a pesquisa em um curto tempo. O ideal, para
constante em um banco de dados cadastrais, onde cada uma boa representatividade seria um erro amostral de
indivíduo da amostra esteja georreferenciado, pode-se 5%, ou até menores, conforme BARBETTA (1998),
obter os limites desta área com maior precisão, obtendo mas em função de prazo e recursos, foi necessário
um resultado diferenciado daquela obtida com setores. estipular o erro de 10%.
A primeira aproximação da amostra
4 METODOLOGIA conforme a Equação (1):
Foram realizadas duas pesquisas por n = 1
0 E02
(1)
amostra: numa o plano amostral foi montado em cima
das Folhas de Coleta dos Setores Censitários do IBGE Onde: E0 = 0,10 = 10% que é o erro amostral
(P-1), e a outra utilizando o Cadastro Técnico tolerável, logo pela função, n0 será 100, tamanho
Multifinalitário (P-2). preliminar (número de indivíduos) da amostra.
A área escolhida foi o distrito de Campinas, Segundo ALBIERI e BIANCHINI (2002), a
no município de São José, Santa Catarina. calibração amostral é o “processo pelo qual os fatores
Foi indagado, nestas pesquisas, o nome do de expansão para a amostra são determinados de forma
responsável do domicilio e a faixa etária que ele a buscar a consistência das estimativas a partir da
possuía. Este item é importante, por permitir uma amostra com os totais conhecidos da população”. No
comparação com as informações censitárias. Além caso a calibração amostral, conforme o calculo de
deste item, também foi verificada a percepção da falta calibração ou correção da amostra, será através da
de áreas de lazer (praças, áreas esportivas, parques, Formula (2):
etc.), na comunidade.
O primeiro plano amostral para a pesquisa
n = N *n0 N + n0
(2)

“P-1”, feita através de uma Amostra Probabilística Onde: N – tamanho (número de indivíduos) da
Aleatória por Conglomerado. Este procedimento, em população, 9246; n0 – uma primeira aproximação para
suas linhas gerais é utilizado pelo IBGE, para realizar o tamanho da amostra, é 100, aplicando a função
pesquisas socioeconômicas. Neste plano de amostra, (calibração), teremos n = 99, tamanho (número de
são três os estágios (bairro, setores e domicílios). indivíduos) final da amostra.
Considerando que no distrito de Campinas, há 2 Os domicílios, terceiro extrato, foram
bairros, com 34 setores, e 9.246 domicílios e, tendo em selecionados por setor, também por intervalo, buscando
vista o tamanho da equipe (11 pesquisadores) e demais uma melhor distribuição dos domicílios no setor. Em
restrições operacionais da pesquisa (tempo para um primeiro momento foi distribuído de forma
realização da pesquisa, tabulação, deslocamento da proporcional por setor o numero de domicílios a serem
equipe a campo, etc.), optou-se por fixar o tamanho da amostrados, por exemplo o setor dois, que cai na
amostra no segundo estágio em 11 setores (1/3 do amostra possui um quantitativo de domicílios de
quantitativo de setores). trezentos e treze, e no bairro o total de domicílios é
A escolha do primeiro setor, por bairro, foi 1.653. Assim o total de domicílios amostrados no
feita de forma aleatória, através do software Excel, bairro, que deve ser de duzentos e trinta e nove, através
utilizando uma de suas funções de escolha de números de uma regra de três simples, no setor dois, deveremos
aleatórios. Os setores subseqüentes foram obtidos ter quarenta e cinco domicílios amostrados. Utilizando
através de intervalo, buscando desta forma uma a planilha Excel da Microsoft, com sua função de
distribuição homogênea e proporcional (a numeração número aleatório, foi selecionado o primeiro domicilio,
dos setores é feita, pelo IBGE, por distrito, começando através da coluna da folha de coleta numero de ordem
pelo setor com características de centro urbano, do domicilio particular.
seguindo a numeração em forma de espiral. No caso do Para a pesquisa “P-2”, o primeiro plano
distrito de Campinas coincidentemente o bairro amostral foi concebido a partir da amostra fornecida
Kobrasol foi numerado os setores de 1 a 18 e o bairro pelo Cadastro Técnico Multifinalitário, fornecido pela
de Campinas de 19 a 34, mais central). prefeitura do Município de São José. Este plano
O intervalo foi obtido dividindo o amostral foi obtido por Amostra Aleatória Simples.
quantitativo de setores pelo número de setores a serem Conforme dito por BARBETTA (1998), a amostragem
amostrados. No bairro Kobrasol, por exemplo, o aleatória simples tem a seguinte propriedade:
quantitativo de setor é 18 e o nº de setores necessário “qualquer subconjunto da população, com o mesmo
na amostra é 6, dividindo 18 / 6 = 3, o intervalo é 3. O número de elementos, tem a mesma probabilidade de
fazer parte da amostra”. Este tipo de amostra só é
possível se conhecermos o quantitativo total de especialmente útil para reduzir a informação de um
domicílios da área de interesse. Foi aplicado o mesmo conjunto de dados qualitativos, apresentados sob a
erro amostral da pesquisa “P-1”, ou seja, erro amostral forma de nomes ou categorias, para os quais não se
de 10%. Para determinar os elementos desta amostra, pode calcular a média e por vezes a mediana.
foram separados do CTM, em meio magnético no
formato de planilha de dados da Excel da Microsoft. 4.2 A UTILIZAÇÃO DA KRIGAGEM
As variáveis contidas nesta planilha, que foram Entre as ferramentas da geoestatística, está a
utilizadas são as seguintes: Bairro; Nome do krigagem, que permite realizar a análise de
Logradouro; Número da edificação no Logradouro; dependência espacial, a partir da interpolação de dados
Complemento do número da edificação; Nome do em locais amostrados, segundo um modelo
proprietário da edificação; Identificação Única da matemático, para locais não amostrados. Existem
edificação. A população do distrito de Campinas foi vários softwares SIG que disponibilizam análises
separada e dada um número de controle para cada espaciais a partir da geoestatística. Esta ferramenta
elemento. Em separado foi gerado, com a planilha possibilita obter informações não reveladas pela
Excel, números aleatórios, que satisfizessem o estatística clássica. Na maioria das vezes o interesse da
quantitativo necessário para a amostra, através do análise geoestatística não se limita à obtenção de um
número de controle gerado para cada elemento. modelo de dependência espacial, desejando-se também
Tanto a pesquisa “P-1” como a pesquisa “P- predizer valores em pontos não amostrados. O
2”, a amostra foi com reposição, ou seja, uma vez que interesse, pode ser em um ou mais pontos específicos
não seja encontrado o domicilio, ou esteja fechado, da área ou obter uma malha de pontos interpolados que
vago, uso ocasional ou não residencial, conforme permitam visualizar o comportamento da variável na
conceituação constante na folha de coleta do setor região através de um mapa de isolinhas ou de
censitário do IBGE, este domínio deve ser reposto por superfície. Para se obter esse maior detalhamento da
outro na amostra, para evitar a perda de domicílios área em estudo é necessária a aplicação de um método
amostrados. Este procedimento se justifica, pelo alto de interpolação, como a krigagem, conforme ORTIZ
erro amostral adotado. Tal técnica foi feita, adotando o (2004).
sistema de percurso do setor censitário. O domicilio a O software utilizado neste trabalho, MapInfo
ser reposto foi o primeiro domicilio a direita, no Professional, não utiliza a denominação de
sentido dos ponteiros do relógio (tendo o ombro direito geoestatística e krigagem, como outros softwares
do pesquisador para o lado das edificações). Spring, Idrisi, entre muitos, a denominação por ele
utilizada é “mapa temático de grade”.
4.1 MEDIDAS DE TENDÊNCIAS CENTRAIS O MapInfo, como os outros softwares criam
Há várias medidas de tendência central, uma matriz, ou grade, transformando a área que se
entretanto, foram abordadas neste trabalho, apenas deseja o mapa em uma imagem raster. Uma vez que as
aquelas que foram as mais significativas segundo a imagens raster são definidas por pixel, o software
teoria sobre tomada de decisão e geomarketing. As localiza o pixel onde foi realizada a amostra e faz a
mais importante medidas de tendência central, são a interpolação com outros pixels amostrados, criando
média, a mediana e a moda. E a mais utilizada neste isolinhas com faixas de transição, com cores
trabalho foi à moda. diferenciadas entre um resultado amostrado e outro.
A média é a soma de todo os valores
observados dividido pelo número de valores 5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
observados. Com isto a média, torna-se uma medida Deve ser considerado que na realização da
sensível aos dados, pois pode dar uma imagem pesquisa “P-1”, a amostra teve que ser com reposição
distorcida dos dados. Isto ocorre por que ela é em 43,5% das entrevistas, e na pesquisa “P-2”, esse
influenciada por valores "muito grandes" ou "muito número subiu para 51,5%.
pequenos", mesmo que estes valores surjam em Não foi necessária a identificação dos
pequeno número na amostra. Quando o que se pretende domicílios amostrados onde precisava ser feita a
representar é a quantidade total expressa pelos dados, reposição na pesquisa “P-1”, uma vez que o resultado
utiliza-se a média. Estes valores são os responsáveis da pesquisa foi feito pelas medidas das tendências
pela má utilização da média em muitas situações em centrais de uma mesma área. Com isto o pesquisador
que teria mais significado utilizar a mediana. A ao fazer a reposição, só não poderia fugir da área do
mediana procura avaliar o centro de um conjunto de setor censitário. Já na pesquisa “P-2”, teve-se que saber
valores, ordenando os dados de uma amostra ela divide a localização do ponto do domicilio do qual foi feita a
ao meio a distribuição de dados, não é tão sensível, entrevista, pois, o uso da krigagem exige que se saiba a
como a média. Define-se moda como sendo o valor que localização para fazer a reposição da amostra.
surge com mais freqüência se os dados são discretos,
ou, o intervalo de classe com maior freqüência se os 5.1 COMPARAÇÕES FAIXA ETÁRIA DO
dados são contínuos, conforme (SÓ MATEMÁTICA, RESPONSÁVEL PELO DOMICILIO DADOS
2003), assim, obtém-se imediatamente o valor que CENSITÁRIOS E PESQUISAS
representa a moda ou a classe modal. Esta medida é
Para ter uma comparabilidade das pesquisas pelo domicilio no distrito de Campinas parece ser
com os dados censitários do IBGE, quanto à faixa homogênea e na classe de 41 a 60 anos.
etária do responsável pelo domicilio, os dados
censitários foram agrupados com as mesmas faixas
etárias utilizadas na pesquisa.

Fig. 2 – Mapa temático com os resultados da


Pesquisa “P-1” - faixa etária do
responsável pelo domicilio - agrupados
pelas tendências centrais por setor
Fig. 1 – Mapa temático com resultados do Censo censitário amostrado.
2000 - faixa etária do responsável pelo
domicilio - agrupados pelas tendências Já na figura 02, o mapa faz a representação
centrais. dos dados agrupados pelas medidas de tendência
central da pesquisa “P-1”. Este mapa temático, mostra
Na tabela 01, apresenta-se a freqüência dos a existência de diferenças etárias dos responsáveis
dados e Medidas Descritivas das Tendências Centrais pelos domicílios, mas não fixa áreas de transição entre
por Setor Censitário / Censo 2000; Pesquisa “P-1”, por os setores pesquisados contíguos ou mesmo a
amostra estratificada e autoponderada através dos tendência dos setores não pesquisados.
Setores Censitário IBGE; e da Pesquisa “P-2”, por A tabela 2 possibilita uma análise das
amostra aleatória simples feita utilizando dados do proporções da faixa etária do responsável pelo
Cadastro Técnico da Prefeitura. domicilio - Censo 2000, Pesquisa “P-1”, e Pesquisa “P-
Analisando estas informações verifica-se 2”.
que a idade média do responsável pelo domicilio, Esta analise de proporções deve ser efetuada
fornecida pelo Censo 2000, com quatro anos de junta com a análise dos mapas temáticos gerados pelos
defasagem em relação ao levantamento desses dados dados do Censo 2000 na figura 1 e da Pesquisa “P-1”
nas pesquisas “P-1” e “P-2”, no bairro Kobrasol é 47 na figura 2, que como já comentado não permite a
anos; no bairro Campinas é de 45 anos e, no distrito de identificação das tendências e concentrações de faixa
Campinas é de 46 anos. A Pesquisa “P-1” no bairro etária em uma determinada área, devido os dados ser
Kobrasol acusou uma idade média de 45 anos, no provenientes dos setores censitários.
bairro Campinas, 39 anos, e no distrito todo foi de 43 Tal restrição permite poucas alternativas
anos; na Pesquisa “P-2” no bairro Kobrasol essa idade para uma divulgação de uma pesquisa amostral, os
foi de 48 anos, enquanto no bairro Campinas foi de 49 resultados são agrupamos em função da região como
anos, e no distrito todo foi de 48 anos. A figura 1 um todo, no caso, do distrito. Em uma analise
demonstra a representação dos dados agrupados pelas descritiva diríamos que o Distrito de Campinas possui
medidas de tendência central do Censo 2000 através de a maioria dos responsáveis dos domicílios na faixa
mapa temático. Como pode ser observada na cor etária de 41 a 60 anos, sem poder visualizar as
amarela do mapa da figura 1, a idade do responsável tendências espaciais.
TABELA 01 – DISTRIBUIÇÃO DE FREQÜÊNCIAS DOS DADOS E MEDIDAS DESCRITIVAS DAS
TENDÊNCIAS CENTRAIS POR SETOR CENSITÁRIO / CENSO 2000; PESQUISA POR
AMOSTRA ESTRATIFICADA AUTOPONDERADA SETORES CENSITÁRIO IBGE - “P-
1”; PESQUISA AMOSTRA ALEATÓRIA SIMPLES CADASTRO PREFEITURA - “P-2”.
Distribuição de freqüências dos dados e Medidas Descritivas das
Tendências Centrais

Somatorio Resp f.X

Idade_Media_Resp
Somatorio_Resp
Pesquisa

Somatorio f.X²

Desvio Padrão
Bairro

Setor
Kobrasol 1 299 13313,00 44,53 696092,00 18,62
Kobrasol 2 266 11542,00 43,39 589869,50 18,33
Kobrasol 3 242 11017,00 45,52 583973,00 18,49
Kobrasol 4 264 12385,00 46,91 675130,00 18,92
Kobrasol 5 254 11832,50 46,58 642693,75 19,02
Kobrasol 6 309 14739,50 47,70 807095,25 18,38
Kobrasol 7 215 10083,50 46,90 547439,75 18,66
Kobrasol 8 204 9897,00 48,51 550958,50 18,68
Kobrasol 9 240 11023,00 45,93 584605,50 18,10
Kobrasol 10 301 13929,50 46,28 760115,25 19,62
Kobrasol 11 293 13831,00 47,20 762675,00 19,39
Kobrasol 12 243 11254,00 46,31 604156,00 18,51
Kobrasol 13 186 8736,00 46,97 479350,50 19,32
Kobrasol 14 285 13417,00 47,08 723384,00 17,97
Kobrasol 15 298 14800,50 49,67 835661,75 18,40
Censo 2000 IBGE

Kobrasol 16 190 9086,50 47,82 514749,75 20,60


Kobrasol 17 98 4523,50 46,16 246387,75 19,69
Kobrasol 18 240 11776,50 49,07 647909,25 17,12
Total Bairro 4427 207187,00 46,80 11252246,50 18,75
Campinas 19 132 6293,50 47,68 346558,25 18,84
Campinas 20 191 8895,50 46,57 475746,25 17,98
Campinas 21 203 9024,50 44,46 481379,75 19,92
Campinas 22 188 8446,50 44,93 467057,25 21,64
Campinas 23 155 6032,00 38,92 280659,50 17,27
Campinas 24 254 11892,50 46,82 643715,25 18,53
Campinas 25 301 14700,50 48,84 819284,75 18,38
Campinas 26 184 8471,50 46,04 468774,25 20,74
Campinas 27 155 6440,50 41,55 297048,25 13,83
Campinas 28 287 13251,50 46,17 702897,25 17,84
Campinas 29 179 8491,50 47,44 467078,75 19,00
Campinas 30 48 1752,00 36,50 77325,00 16,87
Campinas 31 256 11645,50 45,49 611867,75 17,94
Campinas 32 270 11472,50 42,49 568563,25 17,36
Campinas 33 145 6865,00 47,34 373735,00 18,39
Campinas 34 261 11571,50 44,34 592775,25 17,51
Total Bairro 3209 145246,50 45,26 7674465,75 18,52
Total Distrito 7636 352433,50 46,15 18926712,25 18,67
Kobrasol 2 12 687,00 57,25 45169,50 23,04
Estratificada Autoponderada

Kobrasol 5 11 490,00 44,55 25384,50 18,86


Setores Censitário IBGE

Kobrasol 8 9 253,00 28,11 8834,50 14,67


Pesquisa Amostra por

Kobrasol 11 13 585,50 45,04 34240,75 25,61


Kobrasol 14 13 639,50 49,19 38056,25 23,45
Kobrasol 17 4 138,50 34,63 5212,25 11,79
“P-1”

Total Bairro 62 2793,50 45,06 156897,75 22,56


Campinas 20 9 298,50 33,17 14114,25 22,95
Campinas 24 10 458,00 45,80 28907,50 29,69
Campinas 27 6 220,50 36,75 9419,75 16,23
Campinas 30 6 165,00 27,50 4719,00 6,02
Campinas 33 6 291,50 48,58 16448,75 21,39
Total Bairro 37 1433,50 38,74 73609,25 22,40
Total Distrito 99 4227,00 42,70 230507,00 22,59
Prefeitura
Aleatória

Kobrasol 65 3101,50 47,72 180490,25 22,54


Cadastro
Pesquisa
Amostra

Simples
“P-2”

Campinas 34 1654,00 48,65 94226,00 20,42


Distrito 99 4755,50 48,04 274716,25 21,73
TABELA 02 – COMPARAÇÃO DA FAIXA ETÁRIA ENTRE OS DOS DADOS DO CENSO, PESQUISA “P-1” E
PESQUISA “P-2”.
Faixa Etária N° de Resp. Censo 2000 N° de Resp. Pesquisa “P-1” N° de Resp. Pesquisa “P-2”
de 10 a 18 anos 57 (0,7%) 10 (10,1%) 7 (7,1%)
de 19 a 25 anos 1085 (14,2%) 22 (22,2%) 6 (6,0%)
de 26 a 40 anos 2037 (26,7%) 19 (19,2%) 29 (29,3%)
de 41 a 60 anos 3429 (44,9%) 32 (32,3%) 37 (37,4%)
mais de 60 anos 1028 (13,5%) 16 (16,2%) 20 (20,2%)

domicílio. Para esse mesmo setor, a Pesquisa “P-2”


apresentou resultados diferentes, acusando uma faixa
etária de 41 a mais de 60 anos. Tal fato deve ter
ocorrido porque não foi amostrado nenhum domicilio
neste setor, e os domicílios amostrados ao redor são de
uma faixa etária de 41 a mais de 60 anos, o software
realizando a interpolação dos pontos não consegue
mostrar esta possível realidade. Entretanto, o
interessante é que o mapa temático gerado pela
geoestatística (Fig. 3), da pesquisa “P-2”, mostra
regiões onde há uma probabilidade de ocorrer possíveis
concentrações de determinadas faixas etárias, fugindo a
limitação setorial.

5.2 PERCEPÇÃO DA NECESSIDADE DE ÁREAS


DE LAZER
A tabela 03 nos fornece os resultados das
duas pesquisas, através das medidas de tendência
central, com o respectivo percentual. Na pesquisa da
percepção sobre a necessidade de áreas de lazer, a
Pesquisa “P-1” mostrou que 63,5% dos setores
amostrados e agrupados pelas medidas de tendência
central, alegaram que falta de área de lazer no Distrito,
conforme o mapa temático da representação da
pesquisa na figura 4. Os setores representados em
Fig. 3 – Mapa temático com os resultados da amarelo (2, 8, 11, 14, 20, 24 e 33) são os setores que
Pesquisa “P-2” - faixa etária do mostraram uma percepção de falta de área de lazer; em
responsável pelo domicilio - agrupados cinza os setores 5, 17, 27 e 30, acusaram que não havia
pelas tendências centrais - representados falta de área de lazer.
através da geoestatística – krigagem. Mas em que lugar na área destes setores não
havia falta de área de lazer? E nos outros setores que
O mapa temático da pesquisa “P-2”, gerado disseram que não faltava área de lazer, quais partes
pela krigagem mostra as tendências espaciais de faixa destes setores disseram que há necessidade?
etária na figura 3. Como pode ser visto, em grande No mapa temático da pesquisa “P-2”, figura
parte do mapa a faixa etária que prevalece está entre 26 5, é possível visualizar que nos setores 5, 17, 27 e 30,
a 40 anos, estando compatível com as informações do onde foi apurada a falta de área de lazer na pesquisa
Censo. Nos setores 24 a 31 conseguiu-se visualizar “P-1”, podemos visualizar onde ocorre esta falta em
uma interessante transição nas faixas de idade no qual, áreas dentro do setor. Entretanto somente se pode ver
a região central desta junção de setores mostra uma esta ocorrência nos setores 5 e 27, porque nos setores
tendência a faixa etária mais alta, acima de 60 anos. 17 e 30 não houve amostras que coincidissem com as
Analisando o setor 30 verifica-se que os informações da pesquisa “P-1”.
dados do Censo e da Pesquisa “P-1”, mostram uma
faixa etária de 19 a 25 anos para o responsável pelo

TABELA 03 – COMPARAÇÃO DOS DADOS PESQUISA “P-1” E PESQUISA “P-2” SOBRE A PERCEPÇÃO DO
ENTREVISTADO SOBRE A FALTA DE ÁREA DE LAZER
Percepção de Falta de Área de Lazer N° de Setores Pesquisa “P-1” N° de Setores Pesquisa “P-2”
Falta Área de Lazer em sua Comunidade? SIM 7 (63,5%) 20 (59,0%)
Falta Área de Lazer em sua Comunidade? NÃO 4 (36,5%) 14 (41,0%)
setor. Esta contagem, ou listagem, como alguns
chamam, nada mais é do que conferir os prédios
existentes no setor com a folha de coleta, retirando
aqueles que não existem mais e repondo as novas
edificações.

Fig. 4 – Mapa temático com os resultados da


Pesquisa “P-1” – Falta área de lazer em
sua comunidade? - agrupados pelas
tendências centrais por setor censitário.

Sobrepondo as áreas verdes no mapa da


figura 5 , verifica-se, por exemplo, que no setor 5, no Fig. 5 – Mapa temático com os resultados da
qual a percepção da pesquisa “P-1” é de que não falta Pesquisa “P-2” - Falta área de lazer em
área de lazer, a distribuição de vegetação é homogênea sua comunidade? - representada através
pelo setor com exceção da porção mais ao leste. da geoestatística – krigagem.
O resultado da pesquisa “P-2”, de que não
faltava área de lazer nesta área, podemos concluir que Comparando a realização de um plano
para os entrevistados as áreas verdes não significam o amostral utilizando o CTM, através de uma amostra
mesmo que área de lazer. Isto é representado com aleatória simples e a utilização das folhas de coleta dos
maior evidencia no setor 27, no qual a percepção de setores censitários, utilizando um plano amostral por
que não falta área de lazer ocorreu na porção sudeste conglomerado, (conforme geralmente é utilizado, em
do setor, mas a distribuição de vegetação é na parte outras pesquisas), verificou-se, sem duvida, que a
noroeste do setor, demonstrando que áreas verdes não utilização do cadastro técnico é melhor, desde que
são consideradas áreas de lazer. atualizado. Pode-se achar com maior facilidade os
Nos outros setores da pesquisa “P-1” onde a domicílios onde serão realizadas as entrevistas, mas,
percepção foi que faltava área de lazer, na pesquisa “P- caso haja necessidade de fazer reposição das amostras
2” mostra que em algumas regiões esta percepção é aconselha-se utilizar um receptor GPS.
localizada, isto ocorre nos setores 11 e 33. Na tabela Quando se utiliza as folhas de coleta dos
03, mostra estas diferenças com maior clareza. setores censitários, se pode realizar amostra aleatória
simples, se forem usados todos os setores da área de
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS interesse, mas, há dificuldades em encontrar os
Percebe-se que a utilização do CTM para domicílios selecionados para a amostra, mesmo tendo
definir a localização de uma pesquisa amostral, é uma área restrita como é o caso do setor censitário,
bastante simples, bastando que o CTM esteja uma vez que nunca se terá certeza da identificação do
atualizado. local.
Uma maneira de fazer esta atualização é Outro fator interessante observado na
empregando uma das técnicas de atualização da folha pesquisa “P-2”, isto é, na utilização dos dados do
de coleta que o IBGE se utiliza em pesquisas CTM, é que ele pode ser atualizado através da ligação
intracensitárias, que é a contagem de domicílios por ou indexação com outros bancos de dados. Poderia ser
cogitada, inclusive a transformação dos dados das Imóveis – Tese de Doutorado da UFSC – Florianópolis
folhas de coleta em um banco de dados que pudesse ser - SC, 1993.
vinculado ao CTM, favorecendo a atualização destes FERREIRA, A.B.H.; Pequeno Dicionário Brasileiro
dois instrumentais. A ligação, ou vínculo de algumas da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Editora
das variáveis do CTM, com banco de dados fornecidas Civilização Brasileira S.A., 1987.
pelas diversas empresas, públicas ou privadas, também GASA, Grupo de Análise de Sistemas Ambientais.
poderão ser os definidores de uma estratificação Disponível em: < http://gasa.dcea.fct.unl.pt/> Acesso
qualitativa de classes, sem haver necessidade em: 07/01/2004.
propriamente da pesquisa. Nesse caso, a pesquisa GEOESTATÍSTICA. Conceitos Gerais. Disponível
serviria para apenas confirmar a dependência, ou em: <http://www.igc.usp.br/subsites/geoestatistica/>
buscar uma nova informação não conseguida nos Acesso em: 05/01/2004.
cadastros existentes. IBGE, ENCE/DENPE/CDHP. 8º Curso de
A análise estatística da pesquisa amostral, Desenvolvimento de Habilidades em Pesquisa.
poderia ser feita utilizando as medidas de tendência (Apostilas do Curso), Rio de Janeiro, IBGE. 2001.
central também para a pesquisa “P-2”, mas só teríamos IBGE, ENCE/DENPE/CDHP. Percepção dos
o resultado do distrito como um todo, ou por bairro, Moradores da Ilha do Governador sobre o Programa
como aconteceu com o exemplo da Idade Média do de Despoluição da Baía de Guanabara. Relatórios de
Responsável do Domicilio, mostrado na figura 2 . Não Pesquisa do Curso de Desenvolvimento de Habilidades
seria possível visualizar as tendências espaciais. Como de Pesquisa. (Relatório 6), Rio de Janeiro, IBGE 1997.
ocorreu com a pesquisa “P-1”, um resultado IBGE, ENCE/DENPE/CDHP. Uso Social, Percepção
apresentado através de medida de tendência central, da Violência e Vitimização nos Bairros de
deve ser utilizado para grandes regiões, onde é Copacabana e Leme. Relatórios de Pesquisa do Curso
permitida a generalização. Mas, para estudos de áreas de Desenvolvimento de Habilidades de Pesquisa.
menores como municípios, bairros ou distritos, onde é (Relatório 8), Rio de Janeiro, IBGE 2001.
necessária uma definição de onde está o problema ou IBGE. Manual de Delimitação de Setores e Zonas de
emissor de uma determinada opinião, os resultados Trabalho de 1990 – GR-7.01. Rio de Janeiro: IBGE,
comprovaram que se for utilizada a geoestatística, 1990.
serão obtidos resultados mais confiáveis. Isto mostra IBGE. Manual do Recenseador – CD-1.09. Rio de
que a geoestatística é um instrumental adequado para Janeiro: IBGE, 2000.
gerar mapas temáticos que possam ser aplicados à KELM, D.; Estruturação de Um Cadastro Técnico
tomada de decisão ou geomarketing. Histórico para Análise Física e Ambiental de Áreas de
Geralmente os dados tabulares de Mineração de Carvão – Trabalho de Mestrado da
informações estatísticas são de difícil entendimento ao UFSC - Florianópolis - SC, 1993.
usuário. Esse entendimento pode ser facilitado, MIXMARKETING, Vocabulário Técnico de
apresentando-os em gráficos ou através da cartografia Marketing e Internet de Mar Monsoriu, Disponível em:
temática que fará a espacialização destes. Os mapas <http://www.mixmarketing-online.com> Acesso em:
favorecem uma cognição do usuário em relação ao 04/12/2003.
tema, seja este tema representado com a finalidade de ORTIZ, J. L.; Geoestatística,
auxiliar na tomada de decisão ou para o geomarketing. <http://www.gpsglobal.com.br/Artigos/Geoestat.html#
Os exemplos mostrados nesse artigo comprovam esta 10>, acessado em 28/11/2004
tese. PEREIRA, R.S. A Estatística e suas Aplicações. Porto
Alegre: Industria Gráfica e Editora LTDA. –
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICA GRAFOSUL, 1978.
ALBIERI, S. e BIANCHINI, Z. M. Principais SÓ MATEMÁTICA. Introdução à estatística.
Aspectos da Amostragem das Pesquisas Domiciliares Disponível em: <http://www.somatematica.com.br/>
do IBGE - Revisão 2002. Rio de Janeiro: IBGE, 2003 Acesso em: 23/12/2003.
(Texto para Discussão, nº 8). SPIEGEL, M.R.; Estatística / Murray R. Spiegel;
BARBETTA, P. A. Estatística Aplicada às Ciências tradução e revisão técnica Pedro Consentino – 3ª ed. –
Sociais. Florianópolis: Editora da UFSC, 1998. São Paulo: Makron Books, 1993. – (Coleção Schaum).
CASADO, Leticia. Inquérito Domiciliar sobre Geoestatística Conceitos Gerais da USP, (Disponível
Comportamentos de Risco e Morbidade Referida de em: <http://www.igc.usp.br subsites/ geoestatistica/>
Agravos Não Transmissíveis. Divisão de acessado em 23/12/2003).
Epidemiologia e Vigilância / CONPREV - Introdução à Estatística da Só Matemática (Disponível
Coordenação de Prevenção e Vigilância / Instituto em: <http://www.somatematica.com.br/> Acessado
Nacional de Câncer - INCA / Ministério da Saúde – em: 23/12/2003).
MS. Mensagem recebida de: < leticiac@inca.gov.br >
em 06/09/2003.
CORDEIRO, A.; Uma Proposta de Reforma Cadastral
Visando a Vinculação entre Cadastro e Registro de

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