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Lição 5 – Outras fontes de dados demográficos

Características principais Nos registos contínuos modernos, cada indivíduo ao nascer ou ao


entrar no país é registado numa ficha pessoal, contendo o seu nome, sexo, data e lugar de
nascimento, nacionalidade e filiação. Às vezes se registam também a ocupação, a religião e
outros dados socioeconómicos. Esta ficha é guardada pelas autoridades do município de
residência do indivíduo e é continuamente actualizada mediante as informações do registo
civil (e eventualmente de outros arquivos públicos) sobre casamentos, separações, adopções,
filhos nascidos e mudanças de endereço. Ao se mudar para outra comunidade, a pessoa deve,
obrigatoriamente, informar as autoridades, para que a ficha possa ser transferida para o seu
novo lugar de residência. Mudanças de endereço também devem ser comunicadas. As
informações contidas no sistema também são continuamente verificadas através da
comparação com outras bases de dados (endereços do sistema bancário, postal e das
companhias de água e luz, imposto de rendimento, etc.), bem como levantamentos amostrais
periódicos. No caso de óbitos ou mudança para o exterior, a ficha é transferida para um
arquivo genealógico.
Finalidade do registo contínuo
O uso principal do registo contínuo é administrativo. Ele serve como base de dados para
emissão de passaportes, carta de condução e outros documentos, pagamento de diversos tipos
de pensões e subsídios governamentais, alistamento militar, convocação para eleições e
outras obrigações cívicas. Quando bem administrado, o registo também permite avaliar, em
cada momento, qual é a população de cada região administrativa, pelas principais
características demográficas, bem como os principais fluxos migratórios e características dos
migrantes. Produzem-se, por exemplo, estimativas correntes da população total, de províncias
e divisões administrativas menores, estatísticas vitais e de migração interna. Neste caso,
restringe-se o papel do censo demográfico a correcção de eventuais erros que entraram no
sistema ao longo ao tempo e ao levantamento de dados sócio económicos adicionais que não
fazem parte do registo. Por outro lado, a existência de um registo de população pode ser de
grande utilidade para o censo, tanto na fase de organização, para o mapeamento e
endereçamento dos questionários, quanto na fase de análise, por exemplo para estimar a
cobertura. Em alguns países europeus (como os países escandinavos) existe uma tendência de
substituição dos censos tradicionais, baseados no levantamento de informações individuais
por meio de questionário, por censos administrativos, executados com base nos registos
existentes, eventualmente complementados por pesquisas amostrais.
Limitações dos registos contínuos
Como pode perceber a operacionalização dos registos contínuos pode ser dispendiosa. Tem
sido usado com mais sucesso em alguns países relativamente pequenos, com estruturas
administrativas eficientes e níveis relativamente elevados de educação, como, por exemplo, a
Noruega, a Suécia, a Finlândia, a Holanda, a Bélgica, o Luxemburgo, a Alemanha, a Suíça, a
Hungria, Israel e Japão. O seu funcionamento eficiente exige um elevado nível cultural da
população para que voluntariamente registe os factos vitais ou mudanças de residência, que
ocorram ao longo do tempo e um alto grau de integração entre as diversas bases de dados que
o estado mantém sobre os seus cidadãos: registo civil, registo da população, registos
eleitorais, registos militares, listas telefónicas, etc. Esta última é uma das maiores limitações
para o seu uso nos países subdesenvolvidos que geralmente não dispõem de tecnologias e de
organização que esta integração requer.

Registos parciais
Trata-se do registo de algumas sub-populações, por exemplo, da população reformada,
contribuintes de imposto de rendimentos, dos residentes no estrangeiro e de outras sub-
populações, que podem ser aproveitadas para derivar estimativas demográficas.

1. Levantamentos especiais (ou levantamentos amostrais periódicos)


O censo e o registo civil, não esgotam as necessidades de colecta de dados demográficos, por
dois motivos:
1) Nos países (que não dispõem de um registo contínuo) onde os censos são realizados de dez
em dez anos, surge a necessidade de acompanhar as características da população com base
em informações mais actualizadas que os censos, por exemplo para focalizar questões de
emprego.
2) Para conseguir informações mais detalhadas sobre cada área de estudo (saúde,
planeamento familiar, emprego, estrutura domiciliar, migração, etc.), é preciso realizar
pesquisas específicas para não complicar excessivamente os dados censitários. As principais
vantagens deste tipo de abordagem é que:
a) os entrevistadores podem ser seleccionados e treinados com maior rigor; e,
b) o entrevistado não precisa responder a muitas outras questões, além daquelas que formam
o objectivo do levantamento. Por outro lado surgem problemas de falta de representatividade
e de maior variação aleatória, decorrentes do tamanho reduzido da amostra.
Nos levantamentos deste tipo colhem-se informações tanto sobre variáveis de “estoque”
(como o tamanho da população, a sua composição e distribuição) e de variáveis de fluxo
(como a natalidade, a mortalidade, a migração). No primeiro caso, uma população base é
entrevistada periodicamente, para detectar as mudanças ocorridas na sua situação. No que diz
respeito ao segundo aspecto, é possível distinguir os levantamentos prospectivos e os
retrospectivos.
Levantamentos prospectivos
Definem uma população base e esta é entrevistada periodicamente para detectar mudanças
que ocorrem nela.
Limitações dos prospectivos
 A amostra esvazia-se devido a emigração ou a óbitos;
 Acarreta elevados custos
Levantamentos retrospectivos
Realiza apenas uma entrevista e reconstrói os eventos relevantes do passado com base na
memória do entrevistado. É muito preferida devido à sua menor complexidade e custos. Um
exemplo actual são os depoimentos recolhidos pelo Ministério dos Combatentes. Através de
um inquérito aos combatentes procura-se reconstituir a história da libertação nacional.

Limitações dos retrospectivos


 Não registo de certas informações;
 Falhas de memória.
Apesar das desvantagens, a grande maioria dos levantamentos demográficos especiais hoje
em dia baseia-se nesta metodologia.
3. Os inquéritos: aspectos gerais
Definição
É o conjunto de operações encaminhadas para obter uma informação sobre um objecto
especial, seja mediante entrevistas directas com os interessados ou por correspondência.

Finalidade
Os inquéritos são utilizados com os mais diversos fins:
 são usados nos mais diversos campos da investigação científica: sociologia, economia,
administração pública, psicologia, estudos de mercado, política, etc.;
 são utilizados em estudos de população devido a ausência ou a deficiência na
qualidade de informação demográfica disponível numa determinada unidade
territorial; e,
 são utilizados na análise dos factores sociais e económicos que condicionam certos
comportamentos demográficos tais como, a reprodução ou a migração.

Características
Uma das características básicas é que se aplicam à uma fracção da população denominada
amostra.

Importância dos inquéritos em Demografia


Em Demografia são usados para:
 medir relações recíprocas entre as variáveis demográficas;
 investigar certos aspectos metodológicos da aplicação dos censos e registos civis;
 conhecer com profundidade as atitudes e comportamentos que influenciam as
variáveis demográficas; e,
 obter informação.

Limitações
A principal limitação é que se aplica apenas a segmentos determinados da população.

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