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Especial Polític a

Falta conhecimento do eleitor


sobre o sistema político,
aponta DataSenado
Da Agência Senado | 17/03/2022, 10h57

Pouco mais da met ade dos eleitores ouvidos disse t er


int eresse em polít ica

Nelson Jr./Ascom/TSE

Nest e ano de eleições majorit árias, há


queda do int eresse geral por polít ica
ent re os eleit ores brasileiros,
impulsionada especialment e pela falt a
de compreensão sobre o sist ema
polít ico. É o que apont a o est udo
Panorama Polít ico 2022: opiniões sobre a sociedade e
democracia, elaborado pelo Inst it ut o Dat aSenado, com
colaboração da Universidade de Brasília (UnB).

Há 10 anos, pesquisa quant it at iva do Dat aSenado


indicava que 63% dos brasileiros t inham int eresse em
polít ica, percent ual que caiu a 53%. Mas o número — que
se divide em 18% com alt o int eresse e 35% com
int eresse médio — ainda é relevant e. Para os eleit ores
ent revist ados, um dos mot ivos do desint eresse é o baixo
nível de conheciment o sobre o sist ema polít ico, at relado
a deficiências no ensino, que não t ransmit e informações
sobre o t ema de forma clara. O sent iment o de desilusão
t ambém foi cit ado, assim como a percepção de que os
at ores polít icos buscam mant er a população alienada
dessas quest ões.

"É uma coisa que é pouco falada, a gent e aprende lá no


primário, lá no ensino fundament al, e pouco se fala.
Quando exist e conversa, t alvez seja em grupos rest rit os,
em academias, faculdade, mas quem não est iver nesse
cont ext o, dificilment e no dia a dia se fala”, exemplifica um
eleit or de Salvador (do grupo et ário ent re 25 a 40 anos)
ent revist ado no est udo.

— O eleit or diz que não recebeu educação polít ica, não


ent endeu como funciona o sist ema polít ico, quer que isso
mude, mas não sabe como. Ent ão é um moment o
complicado na cabeça do eleit or brasileiro — afirma a
diret ora da Secret aria de Transparência do Senado, Elga
Lopes.

Ao procurar delinear um panorama da opinião pública


nacional, a pesquisa explorou t emas que possivelment e
t erão impact o nas eleições de 2022. Os eleit ores
manifest aram-se sobre assunt os como sit uação do país,
acesso à informação e fake news, conheciment o sobre o
Senado e os demais Poderes, relação ent re religião e
polít ica e quest ões sociais.  

Pela primeira vez, foi desenvolvida pesquisa qualit at iva


sobre o t ema. Quinze grupos focais, dist ribuídos nas cinco
capit ais mais populosas de cada região — Brasília, Curit iba,
Salvador, São Paulo e Manaus — reuniram eleit ores para
part icipar da colet a de dados no período de 2 a 14 de
dezembro de 2021.

Out ra frent e do est udo é a pesquisa quant it at iva, que


vem sendo promovida pelo Dat aSenado desde 2008.  O
levant ament o envolveu 5.888 cidadãos acima de 16 anos,
com represent at ividade em t odos os est ados. Os
quest ionament os foram aplicados de 18 de novembro a
14 de dezembro de 2021. A margem de confiança é de
95%.

— Quisemos fazer uma amost ra grande, porque mesmo


em assunt os específicos dent ro da pesquisa t eríamos
uma quant idade de ent revist as suficient e para não t er
uma margem de erro muit o grande — explica Elga.

No sit e do Dat aSenado foi disponibilizado, inclusive,  um


painel int erat ivo, para que os int eressados possam cruzar
dados e comparar as respost as at uais com números de
pesquisas ant eriores.

Informação e desinformação 
Televisão (37%), redes sociais (24%) e páginas na int ernet
(23%) são os principais meios de comunicação na busca
de informações sobre polít ica. Nas redes sociais, a maior
procura é pelo Facebook (35%) e pelo Inst agram (27%).
Apenas 14% dos ent revist ados dizem seguir algum
senador nas redes sociais.

Qual sua principal fonte de informação


sobre política?
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TV

Redes sociais

Páginas na int ernet

Jornais e revist as impressos

Rádio

Out ra

Não sei/Prefiro não responder

Nos últimos 6 meses, você viu, leu, ou ouviu


notícias sobre política que você desconfia
que sejam falsas?
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Sim Não Não sei/Prefiro não responder

Ent re os grupos focais, as redes sociais e os port ais


jornalíst icos se sobressaem, especialment e ent re os mais
jovens, enquant o a TV at rai a faixa et ária mais avançada.

“No ent ant o, o uso da TV como meio de informação


divide opiniões no est udo qualit at ivo. A maior part e dos
ent revist ados avalia que a TV é t endenciosa e dist orce as
informações para at ender int eresses de det erminados
grupos econômicos e polít icos. Ao cont rário da int ernet ,
que permit e ao cidadão buscar informações livrement e, a
TV é vist a como manipuladora. Como consequência, gera
uma falt a de credibilidade em uma parcela dos
ent revist ados”, apont a o relat ório do Dat aSenado.

Pelo menos 72% dos brasileiros já viram, leram ou ouviram


not ícias polít icas que desconfiam serem falsas. A
pesquisa most rou que é mais comum receber not ícias
aparent ement e não verídicas ent re os que acessam as
redes sociais (74% deles dizem receber esses
cont eúdos) com relação aos que não as ut ilizam (64%).
Ent re os usuários de redes sociais, pelo menos 20%
confirmam ut ilizá-las para conversar sobre polít ica.

Em 2018, a disseminação de not ícias falsas durant e a


eleição acendeu um alert a, segundo a professora do
Inst it ut o de Ciência Polít ica da UnB Marisa Von Bűlow.

— Houve um aument o muit o import ant e sobre a


consciência que as pessoas t êm sobre fake news. E não
era assim há pouco t empo. Ant es de 2018, menos de um
quart o dos ent revist ados apont ava que t inha t ido acesso
a not ícias polít icas que desconfiavam serem falsas. Hoje
isso se invert eu, com t rês quart os dizendo que sim —
afirma Marisa.

Out ro aspect o relevant e é o fat o de os ent revist ados


apont arem que as principais font es de disseminação de
fake news são amigos e familiares, t ot alizando 73% dos
casos.

— Essas not ícias vinham de pessoas das nossas


comunidades e aut omat icament e eram aceit as como
verdadeiras, mas isso mudou. A pesquisa most ra que as
pessoas est ão aprendendo a t er mais filt ros, est ão mais
quest ionadoras e mais crít icas. O fundament al é checar,
principalment e, ant es de disseminar — expõe a professora
da UnB.
Quando pergunt ados sobre como não ser enganado por
uma not ícia falsa, ent revist ados cit aram os port ais de
not ícias de grupos t radicionais de comunicação ou o
not iciário t elevisivo como font e mais segura para
averiguação de not ícias — o que cont rast a com a
percepção de que as mídias t radicionais são
t endenciosas, observa o est udo. Alguns part icipant es
cit aram t ambém as plat aformas de checagem de fat os
como referência posit iva para t irar dúvidas sobre
informações.

Premissas
Os eleit ores brasileiros t êm como principais premissas na
escolha de seus candidat os ao Senado o combat e à
corrupção (38%), o “cuidar bem” do est ado (29%) e a
renovação polít ica (11%). Na análise qualit at iva, os
ent revist ados apont aram como perfis desejados de
polít icos uma formação mínima para a ocupação do
cargo.

Quando você escolhe votar em um candidato


ao Senado, o que é mais importante
para você?
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Combat er a corrupção

Cuidar bem do seu Est ado

Renovar a polít ica

Ter pensamento parecido com o seu

Ter experiência polít ica

Out ro

Não sei/Prefiro não responder

A pesquisa quant it at iva apont ou cresciment o no


percent ual dos brasileiros que acompanham o que est á
sendo debat ido no Senado (84%), dos quais 29% afirmam
fazê-lo com muit a frequência e 55%, com pouca
frequência.

Esses números convergem para uma part icipação mais


at iva no Parlament o, com a manifest ação da opinião de
part e dos ent revist ados em consult as públicas
disponibilizadas no sit e do Senado ou por out ros meios.

Acompanhar as not ícias e t er int eresse em polít ica não


auxiliam a maior part e dos eleit ores ouvidos (58%) a
recordar em quem vot ou para senador na eleição passada.

—  Com relação à eleição ao Senado, hist oricament e, é o


cargo mais dist ant e do eleit or. Não é como o governador,
que est á t odo dia ali no est ado (...) O que leva o eleit or a
responder que não lembra em quem vot ou na eleição
passada. Import ant íssima essa informação para os
senadores que est ão no cargo e vão disput ar a reeleição,
porque a eles é at ribuída a obrigação de se reaproximar
desse eleit or, de fazer um balanço do que ele fez para se
credenciar novament e ao cargo — diz a diret ora
da Secret aria de Transparência do Senado.

Discussões feit as nos grupos focais apont aram que há


falt a de clareza em relação às at ividades do Senado —
em especial, confundem o que é feit o na Casa e na
Câmara dos Deput ados. O principal mot ivo: a complexa
linguagem ut ilizada.

"Senadores represent am o est ado. Deput ados


represent am a população. Eu gost o de acompanhar, mas
confesso que a diferença de uma para out ra eu t enho
dificuldade de ent ender", sint et iza um cidadão (41 a 60
anos) de Brasília.

Apesar disso, os eleit ores reconhecem a função de


fiscalizar do Parlament o, assim como o papel do
Legislat ivo como ferrament a fundament al de governo.

"Porque o president e não governa sozinho, se ele não


t iver o apoio do Legislat ivo’, afirma uma eleit ora (25 a 40
anos), t ambém da capit al do país.

— O brasileiro percebe, sim, e t em opiniões muit as vezes


sensat as. Est á muit o claro que o cidadão quer que o
senador fiscalize, que combat a a corrupção — apont a
Elga. 

Quest ionados sobre as emendas parlament ares, 69% dos


ent revist ados dizem já t er ouvido falar. Dent re esses,
porém, 87% assumem que sabem pouco ou nada.
Soment e 11% afirmam saber muit o a respeit o.

Democracia e confiabilidade 
Para 67% dos brasileiros, a democracia é a melhor forma
de governo. Apesar disso, quando quest ionados sobre o
at ual nível de sat isfação com esse regime polít ico, 87%
consideram-se pouco ou nada sat isfeit os. A fort e
desigualdade social foi apont ada pelos eleit ores como
obst áculo à plena democracia.

Vou ler três frases e gostaria de saber qual


delas melhor descreve sua opinião
↗ Clique no gráfic o para ve r os pe rc e ntuais

A democracia é sempre a melhor f orma de governo


Em algumas situações, um governo autoritário é melhor
Tanto f az ter um governo democrático ou governo
autoritário
Não sei/Prefiro não responder

— A pesquisa most rou que 67% dos brasileiros apoiam a


democracia como melhor forma de governo. Esse é um
dado que most ra mais do que o apoio consensual à
democracia. O mais int eressant e é que não most ra apoio
a qualquer t ipo de rupt ura ant idemocrát ica. Isso é muit o
import ant e — pont ua Marisa. 

Os eleit ores t ambém est ão insat isfeit os com a grande


quant idade de not ícias falsas propagadas em meios
digit ais. Um ordenament o jurídico que coíba as fake news
é essencial para qualificar o processo democrát ico,
segundo os ent revist ados.

"Eu acho que o que at rapalha um pouco a opinião e o


esclareciment o de algumas coisas é fake news, as
ment iras. Isso deveria ser crime e levado um pouco mais a
sério porque há briga polít ica, um invent a hist ória do out ro
e dist ribui aquelas ment iras e fica por aquilo mesmo",
expõe um eleit or de Salvador (41 a 60 anos).

Na pesquisa quant it at iva, a maior part e dos eleit ores


(66%) demonst ra confiar nos result ados das urnas
elet rônicas. 

— 32% desconfiam da urna elet rônica. Essa porcent agem


é alt a. Não dá para minimizarmos a import ância desse
problema, são milhões de eleit ores que podem se sent ir
no mínimo desmot ivados a ir vot ar ou que podem vir a
quest ionar os result ados eleit orais. A pesquisa acende um
sinal de alert a — afirma a professora da UnB.

A maioria (60%) discorda da afirmação de que “em


algumas sit uações, o vot o de pessoas como você vale
mais do que o vot o de out ras pessoas”.

Religião e política

Num cenário em que 82% dos eleit ores declaram que a


religião é muit o import ant e em sua vida, 52% acredit am
que, na hora de fazer leis, os polít icos devem levar em
cont a o que dizem as t radições religiosas. Mas para igual
percent ual (52%), não é bom para o país quando líderes
religiosos assumem cargos polít icos.

A maioria (58%) t ambém afirma que a religião não t em


influência nas suas escolhas polít icas, diferent ement e da
família, cuja opinião pesa em 54% dos casos.

Ent re os ent revist ados, 45% dizem-se cat ólicos e 34%,


evangélicos.

Temas sociais
Quest ionados sobre diversas quest ões sociais, 60% dos
eleit ores discordam da afirmat iva de que “as pessoas
procuram ajuda financeira do governo porque não querem
t rabalhar”. Também foi rejeit ada, por 69%, a ideia de que
posse de arma aument aria a segurança no país. Met ade
da população, porém, defende a pena de mort e.

Cont inua alt a (76%) a concordância com a afirmat iva de


que “no Brasil, homossexuais sofrem muit a discriminação”.
Quant o ao sist ema de cot as para negros em
universidades ser just o, 49% concordam e 46% discordam.

O direit o ao abort o (de mulheres int erromperem a


gravidez com segurança, caso queiram) não foi aceit o por
58% dos ent revist ados. E para a maioria deles (72%), o
meio ambient e não é bem prot egido no Brasil.

Na pesquisa, 62% dos eleit ores brasileiros disseram t er


vergonha do Brasil, e 38% gost ariam de morar em out ro
Pensando no Brasil atual, você diria que há
mais razões para sentir orgulho
ou vergonha?
↗ Clique no gráfic o para ve r os pe rc e ntuais

Orgulho Vergonha Nenhum dos dois


Não sei/Prefiro não responder

país.

— Est á cada vez mais fort e essa vergonha de ser


brasileiro, de falar mal do Brasil, de se sent ir mal com
relação ao sist ema, sobret udo ao polít ico brasileiro. Ent re
os jovens isso assust a ainda mais, porque 70% t êm
vergonha. E t emos um país em que quase 40% das
pessoas querem ir embora, porque não est ão vendo
esperança. É com isso que os candidat os vão se
defront ar na hora de conversar com o eleit or. Eles serão
capazes de oferecer algum diálogo sobre a est rut ura
polít ica, sobre o que o eleit or ent ende como as mazelas
do sist ema polít ico, sobre a corrupção? Porque é isso
que o eleit or est á esperando — diz a diret ora Elga Lopes. 

Para a professora Marisa, além da pandemia há quest ões


de longo prazo envolvidas nesse desencant o, como o
fat o de pelo menos um quart o dos jovens brasileiros não
est ar nem est udando, nem t rabalhando, conforme
levant ament o do t erceiro t rimest re de 2021, feit o pelo
IBGE.

Entrevistados
Ent re os ent revist ados, 58% são das Regiões Sudest e e
Sul, 26% do Nordest e, 8% do Nort e e 8% do Cent ro-
Oest e, sendo que 37% vivem em municípios com mais de
50 mil e at é 500 mil habit ant es.

O maior grupo (47%) t em at é o ensino fundament al


complet o. O público é formado por 45% de pardos, 44%
de brancos e 10% de negros. Os ocupados são 60%,
enquant o 30% se disseram fora da força de t rabalho; e
45% t êm renda familiar de at é dois salários mínimos.

A maioria (55%) diz não t er posicionament o polít ico. Do


rest ant e, 21% dizem ser de direit a, 11% de esquerda, 9%
de cent ro e 4% não sabem ou não quiseram responder.

O result ado da pesquisa foi debat ido no programa TV


Senado Live. Assist a aqui à ínt egra. 

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da


Agência Senado)

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