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Trabalho de

Psicologia da
Educação 2017.1
UFF-2017.1
Tema:O jovem e a
participação política .
Grupo: Amanda Mourad,
Carolina Martins, Karoline
Lucas, Ketlyn Yolanda,Igor
Portugal e Tiago Felipe.
Niterói, 05/08/y

O jovem e a participação política:


Em 2013, o Brasil passou por um período de manifestações, movimentos urbanos e
reivindicações que iam muito além do aumento dos 20 centavos na passagem dos ônibus.
Depois desse movimento, muitas instituições se voltaram a estudar o jovem e a política, já
que era notória a participação dessa faixa etária nos diversos atos por todo o país.
Muitas pesquisas afirmam que os jovens se sentem no dever de lutar pelo que acreditam
e sentem que a responsabilidade de mudar o que o Brasil está fazendo errado é deles. Pode-
se ver que a força dos movimentos de 2013 fez crescer a esperança por mudança e, de certa
forma, fez com que os jovens percebessem que tem voz! Somando isso à utilização das redes
sociais como forma de militância, exposição de ideias, promoção de debates, meio de
organizar atos e veículo transmissor de informações, grande parte da juventude tem se
informado politicamente, em contrapartida há uma grande parcela de jovens que é levada por
ideias de outros e acaba não saindo da alienação, tendendo a apenas compartilhar ideias,
repetir pensamentos, sendo assim, não é difícil encontrarmos jovens que lutam por ideais sem
nem saber explicá-los.

Visão do grupo:
Acreditamos que os jovens têm se engajado e interessado mais pelo assunto política,
talvez por esse ser um assunto que tem dominado as pautas de jornais, redes sociais,
noticiários, rodas de conversas, justamente pela atual crise vivida no país, por isso, não
podemos generalizar e dizer que todos os jovens são alienados ou que todos são engajados e
se preocupam com a política nacional. Porém, por meio de dados e pesquisas, pudemos ver
que o número de jovens interessados pelo assunto cresceu, levando em conta dados do
Supremo Tribunal Eleitoral, o número de jovens votando entre 16 e 17 anos (período em que
o voto ainda não é obrigatório) aumentou de 2014 para 2016:
“No próximo dia 2 de outubro, 2.311.120 eleitores de 16 e 17 anos, para os quais o voto é
facultativo, poderão escolher os prefeitos e vereadores que os representarão nos próximos
quatro anos. O número representa 1,60% do total do eleitorado apto (144.088.912 eleitores) a
participar das Eleições Municipais 2016 e é maior do que os 1.638.751 eleitores (1,14% do
total à época) que puderam votar no pleito de 2014. As estatísticas atuais do eleitorado
brasileiro podem ser consultadas no Portal do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) na internet.
Segundo os dados divulgados pelo TSE, estão aptos a votar nestas eleições 833.333
jovens de 16 anos e 1.477.787 de 17 anos. O maior crescimento absoluto no número de
jovens nessa faixa etária foi no município de Manaus, que, em relação a 2012, ganhou 4.815
eleitores (aumento de 25,76%). Já o maior crescimento relativo ocorreu na cidade de Cajueiro
(AL): com novos 259 eleitores de 16 e 17 anos, foi registrado um aumento de 90,56% para
essa faixa etária.”
Além disso, assim como a revista ISTOÉ concluiu através de dados do Instituto Data
Popular, acreditamos que os jovens na atualidade têm sido fonte de informação e influência
dentro de suas casas, por serem, muitas vezes, mais informados, participarem de mais
debates e, de certa forma, levarem esses assuntos a suas famílias e pessoas próximas. Um
dado interessante é que 72% dos jovens (entre 16 e 33 anos entrevistados) acreditam ter
melhorado de vida, mas ainda assim querem mais mudanças, na qualidade dos serviços
públicos, mais acessibilidade, conectividade, manutenção do poder de compra, dentre outros.
Foi possível ver, nessa mesma pesquisa que 92% dos jovens acreditam poder mudar o
mundo, 70% botam fé de que o voto possa mudar o país.
Portanto, podemos concluir que esse é um assunto que deve ser debatido entre os jovens
para que essa consciência política seja fortalecida no meio em que vivemos, seja levada a
outras faixas etárias e torne mais pessoas informadas, pois dessa forma, podemos exercer
um maior poder da nossa cidadania.
Nas próximas páginas, acrescentamos as notícias e pesquisas feitas pelo grupo para
reforçar o nosso trabalho e auxiliar no debate em sala de aula. Além disso, acreditamos que
tais textos são complementares e deveriam ser trabalhados juntos.
Notícias e Pesquisas:

Participação dos jovens na política brasileira


Movidas pelo sentimento da mudança, as gerações mais jovens são transformadoras e
isso já não é novidade. Em palestra realizada no último dia 14 de setembro, no Congresso
Nacional das Relações Empresas-Clientes (Conarec), o fundador da MindMiners (empresa
especializada em pesquisa digital), Renato Alves Chu, apresentou uma pesquisa inédita e
exclusiva. Chamada de "Jovens digitais e transformadores", a pesquisa contou com 1.330
jovens entrevistados para a coleta de dados e analisou as visões e atitudes dos jovens com
relação às tendências sociais e ao trabalho.
Entre os vários dados, a pesquisa indica que jovens entre 31 e 17 anos não estão
contentes com as instituições do país. Cerca de 62% dos participantes tem uma opinião
negativa com relação ao Senado Federal e, com o Congresso Nacional, a insatisfação
aumenta para 65%. O Superior Tribunal Federal (STF) salva-se com uma avaliação mais
aceitável, pois cerca de 35% deram resultados negativos e 31% se mantiveram neutros. No
que compete aos partidos políticos, 38% dos entrevistados declararam que não existe
diferença entre as propostas das legendas, 17% se definiram como liberais e 9%
conservadores. Contudo, os jovens se mostram otimistas com o futuro e 57% afirmaram que
os melhores anos do país ainda estão por vir.
Atualmente, os jovens constituem uma das maiores parcelas da população brasileira e
representam quase 27% do eleitorado brasileiro aptos a votar nas eleições de 2016.
Conquistada pelo movimento estudantil brasileiro, a possibilidade de voto aos 16 anos foi
incorporada na Constituição Federal de 1988 e é um direito garantido, apesar de não ser uma
obrigatoriedade. Segundo pesquisas elaboradas pela Justiça Federal, o combate à corrupção
é uma das principais preocupações.
O jovem eleitorado procura, antes de votar, se manter cada vez mais informado sobre os
candidatos que se apresentam aos cargos. Nas eleições de 2014, de acordo com as
informações da Justiça Eleitoral, 1.638.751 jovens, de 16 e 17 anos, votaram. Para 2016, o
Tribunal Superior Eleitoral (TSE) estreou mais um canal de relacionamento com o jovem
eleitorado - além da tradicional campanha na televisão e no rádio - com investimento na
comunicação por meio das mídias sociais. A Campanha do Jovem Eleitor utiliza os chamados
memes, que são compartilhados em redes sociais como o Facebook e o Twitter e aplicativos
como o WhatsApp.
O que os jovens pensam sobre a política
Pesquisa Data Popular revela que a juventude brasileira é mais informada que seus
pais e tem peso decisivo na eleição

Nas eleições de 5 de outubro, mais de 140 milhões de brasileiros estarão aptos a votar.
Nesse universo, um terço dos eleitores – pouco mais de 45 milhões de pessoas – é formado
por jovens entre 16 e 33 anos. Para entender melhor a cabeça política da juventude brasileira,
quais suas demandas e de que maneira ela pode influenciar na corrida eleitoral, ISTOÉ
destrinchou uma pesquisa realizada pelo Instituto Data Popular com 3.500 jovens do País. O
levantamento revela, entre outros dados interessantes, que essa turma, por ser mais
informada do que seus pais e levar dinheiro para dentro de casa, contribuindo para o aumento
da renda, forma opinião, influencia no voto da família e pode até decidir a eleição. A pesquisa
não questiona em quem eles votariam. Mas mais de 50% deles se encontram entre os
eleitores indecisos ou que pretendem anular o voto. O discurso, porém, carrega um viés de
oposição. Como na maioria da população brasileira, o desejo de mudança está impregnado
em 63% deles, que acreditam que o Brasil não está no rumo certo. Apesar disso, 72% desses
brasileiros que têm entre 16 e 33 anos consideram ter melhorado de vida. Mas a juventude
indica querer mais. “Eles querem serviços públicos de mais qualidade, maior conectividade,
acessos livres a banda larga e a tecnologia de ponta. E não abrem mão da manutenção do
poder de compra”, afirma o autor do estudo, o publicitário Renato Meirelles, presidente do
Data Popular.
O levantamento embute outros recados importantes à classe política. Ao mesmo tempo
que 92% acreditam na própria capacidade de mudar o mundo, 70% botam fé de que o voto
possa transformar o País e 80% reconhecem o papel determinante da política no cotidiano
brasileiro, fatia expressiva dos jovens do Brasil (59%) acredita que o País estaria melhor se
não houvesse partido político. Para os jovens, as agremiações partidárias e os governantes
não falam a linguagem deles. “Os políticos são analógicos e a juventude digital”, atesta
Renato Meirelles. Observador atento do cenário político e um dos maiores especialistas sobre
o comportamento da juventude brasileira, Meirelles foi quem criou o verbete “Geração D” – de
digital, numa alusão à juventude conectada.
Nascidos totalmente integrados à tecnologia digital, sob os ventos favoráveis da
estabilidade econômica, da democracia e com menos privações que a geração anterior, esses
jovens foram os grandes protagonistas das manifestações de junho de 2013, quando milhões
de pessoas de todo o País foram às ruas para cobrar mudanças na política brasileira. De lá
para cá, a onda de indignação, revolta e envolvimento dos jovens na vida política só cresceu.
Chamados a dialogar, eles foram instados a ter opiniões. Não existe aí uma novidade. Os
jovens sempre tiveram opiniões. Muitas opiniões, diga-se. A diferença crucial agora é que o
que eles dizem tem muito mais peso. Eles são ouvidos e exercem influência sobre a família.
“Hoje, as decisões familiares são totalmente compartilhadas. Inclusive as decisões políticas”,
afirma a estudante Sâmia Vilela, 27 anos. A história de vida de Sâmia iguala-se à de milhões
de jovens brasileiros que na última década deixaram para trás a pobreza, conseguiram
estudar e abriram seu próprio negócio.
Filha de uma cobradora de ônibus, que nas horas vagas ainda arrumava tempo para fazer
salgados para vender nas ruas de São Paulo, ela foi criada na favela, ficou anos longe do
banco escolar, mas hoje estuda marketing e tornou-se uma pequena empreendedora. Criou
um blog sobre como organizar festas de casamento com pouco dinheiro, o Casando Sem
Grana. “Hoje, minha página soma 3,5 milhões de pageviews e 40 mil usuários únicos no dia”,
comemora. O caso bem-sucedido de Sâmia dá vida a números da pesquisa do Data Popular
segundo os quais 85% dos jovens acreditam que só é possível progredir na vida com muito
trabalho. “A internet ampliou o repertório, as redes de relacionamento e as possibilidades de
ascensão social dessa geração”, afirma Meirelles. Não apenas isso. A internet e as redes
sociais viraram palco dos novos debates políticos – a maior parte deles travada por jovens. O
que rola na rede é disseminado em casa por meio da juventude conectada. Se surge uma
informação nova sobre determinado candidato, o assunto logo vira tema de discussão no seio
familiar durante cafés da manhã, almoços e jantares, momentos em que normalmente todos
estão reunidos em torno da mesa. “Hoje, sou muito mais escutado em casa, ainda mais
quando o assunto é política”, diz Júlio Espósito Fernandes, 25 anos. Estudante de pós-
graduação, ele trabalha nas empresas da família. “Cresci ouvindo meu pai dizendo: vote
nesse candidato. Ele rouba, mas faz. Hoje, não aceito essa história”, conclui. “Não há como
discutir o processo eleitoral sem falar dos jovens – que estão olhando para a frente, não para
trás”, diz o autor da pesquisa. Numa direção oposta a 59% dos jovens que afirmaram que o
Brasil estaria melhor se não tivesse nenhum partido político, a produtora de audiovisual Mary
Miloch, 23 anos, acredita que o aperfeiçoamento da democracia passa pelo fortalecimento
das organizações partidárias. “Não consigo imaginar a política sem partidos”, diz Mary. O
problema, segundo ela, é que “algumas legendas têm dificuldade em dialogar com os jovens”.
Primeira da família a fazer um curso de nível superior, Mary é estudante de rádio e televisão e
cursa universidade com o auxílio de uma bolsa integral do Prouni. Apaixonada pela política,
ela esteve nas ruas durante as jornadas de junho do ano passado e integra o grupo de jovens
que acreditam na importância do voto para a mudança dos rumos do País. “Eu não só sei,
como tenho certeza da nossa capacidade transformadora”, afirma.
Ao menos em casa, a juventude já ajuda a transformar a vida de seus pais, contribuindo no
orçamento doméstico. Hoje, de cada R$ 100 que um pai da classe alta injeta na economia do
lar, o filho jovem coloca R$ 57. Na classe C, também a cada
R$ 100, o filho investe R$ 96. O fato de os jovens participarem ativamente no orçamento
familiar deu a eles a condição de ser um dos interlocutores da família. Aos 29 anos, a
operadora de telemarketing Vivian Silva mora na cidade de Guarulhos, região metropolitana
de São Paulo, com a mãe, os dois filhos e o marido. Migrante nordestina, Vivian desembarcou
na capital paulista em busca de trabalho há três anos. Chegou praticamente só com a roupa
no corpo. Dependente dos programas sociais do governo como o Bolsa Família, ela
conseguiu trabalho, comprou seu imóvel através do programa Minha Casa Minha Vida e hoje
cursa universidade. Ela faz parte dos 92% dos jovens brasileiros que acreditam na
capacidade da juventude de mudar o mundo. “Como nos consultam para adquirir ou
pesquisar sobre um determinado produto, a família também nos procura para saber de
política, economia e outras notícias”, garante Vivian.
Esse apoderamento dos jovens é explicado, segundo Meirelles, por diversos fatores. Além
de ter mais acesso à informação (93% dos jovens são conectados), a juventude digital é muito
mais escolarizada que os pais. Quando o recorte da pesquisa trata da educação nos lares
brasileiros, salta aos olhos a evolução educacional dos filhos da classe C (54% dos
brasileiros). Nesse estrato da sociedade, sete em cada dez jovens estudaram mais que seus
pais. É o caso da garçonete Verônica Gonçalves, 30 anos. A mãe era analfabeta até os 30
anos, quando ficou viúva, e foi obrigada a estudar. Diante das necessidades alimentares dos
filhos, ela aprendeu a ler. Agora, trabalha e divide com os três filhos as despesas da casa.
“Hoje, lá em casa, somos todos internautas e dividimos tudo. Principalmente, as decisões de
compra”, diz ela. Indecisa eleitoralmente, apesar das mudanças na vida na última década,
Verônica está atenta aos programas eleitorais para definir seu voto. “Precisamos melhorar um
pouco mais”, diz ela, que pretende estudar gastronomia no próximo ano.
Neste mundo de interatividade, a enorme capacidade da juventude de assimilar as
transformações tecnológicas interfere em como esses jovens agem, pensam e levam o seu
ritmo de vida. Ao contrário do que muita gente possa pensar, o estudo do Data Popular
mostra que os jovens querem um Estado forte, com a eficiência do setor privado e que
ofereça serviço público gratuito de qualidade. “Essa juventude quebra a lógica política
tradicional, ideológica”, explica Meirelles. “Principalmente porque os jovens dessa geração
utilizam-se de uma régua muito mais rigorosa para medir a qualidade do serviço público do
que os pais”, explica Meirelles.
Do ponto de vista comportamental, os jovens da geração D são ambiciosos, impulsivos e
ousados. Contestadores, eles não querem saber de censura. Impactados pelo sucesso dos
programas de distribuição de renda, redução da pobreza e pleno emprego, eles, agora,
querem muito mais dos políticos. Na pesquisa do Data Popular, a segurança aparece em
primeiro lugar entre os problemas que mais preocupam os jovens, seguido por políticas
públicas para a juventude e a inflação do cotidiano. O jovem Vinícius Andrade Félix, 18 anos,
é um dos jovens da periferia que cobram das autoridades uma maior presença do Estado no
cotidiano das comunidades, principalmente na questão da segurança. Um dos líderes dos
chamados “rolezinhos”, Vinícius diz que a quantidade de brigas nas baladas e em eventos
frequentados pelos jovens da periferia está afastando o público jovem do lazer. “A falta de
segurança é o nosso principal problema. Rolam muitas brigas nas baladas”, queixa-se. “O
pessoal fica falando da ausência de médico na periferia, mas faltam professores, bolsas de
estudo e publicidade para informar a gente sobre os projetos”, critica Vinícius. Para ele, os
governos utilizam-se de ferramentas comunicacionais atrasadas, como o rádio, para anunciar
projetos. “Será que alguém nas zonas urbanas ainda ouve rádio?”, questiona. O governo,
segundo o líder dos rolezinhos, pensa o País com a cabeça voltada para o passado. E eles só
querem saber do futuro. Os rebeldes de outrora, hoje conectados e formadores de opinião em
casa, não deixam de ter muita razão.

“Os políticos não falam a língua dos jovens”


Eleições 2016: os jovens, a política brasileira
E a importância do voto
Numa recente pesquisa com o tema “Jovens eleitores: consciência e participação na
política”, realizada pelo Instituto da Cidadania, na região metropolitana de São Paulo com
estudantes (a maioria entre 15 e 17 anos) de duas escolas do Ensino Médio (uma da rede
pública e outra da rede privada), mostra que 90% do total pesquisado, acompanha os fatos
políticos, através da mídia, mais especificamente pela televisão, jornais, revistas e rádio.
A pesquisa foi realizada com estudantes que participaram de um curso sobre a importância
do voto. O conteúdo trouxe informações básicas sobre política, voto e eleições, como a
diferença de atuação entre os poderes Executivo e Legislativo, qual a importância de se
conhecer o papel de um deputado e de um vereador, quem são eles e como participam da
vida da cidade.
Ao contrário da rotulação de que adolescente é alienado, o estudo mostra que, para 84%
dos entrevistados, a política é interessante e faz parte de seu dia a dia. Porém, quando
questionados sobre como pretendem atuar na política brasileira, 65% dizem que apenas
como eleitores e 25% através da militância e do movimento estudantil. Márcia Vasconcellos,
superintendente do Instituto da Cidadania, avalia que isso é reflexo de uma falta de canais de
participação para a juventude.
Um ponto interessante levantado pelo estudo mostra que não existe diferença de posição
ou opinião entre os estudantes da rede pública e da particular em relação às suas prioridades.
Ambos apontam educação, emprego, segurança e distribuição de renda como prioritários. A
única diferença é que os estudantes da rede privada apontam a segurança em segundo lugar
e o emprego em terceiro, ao contrário do que dizem os alunos da rede pública.
Os principais problemas dos políticos apontados são a corrupção, o descumprimento das
promessas eleitorais e o fato de estarem distantes da realidade ou o desenhar ilusionista ou
utopista em relação à realidade brasileira.
Para a superintendente, os estudantes têm um preconceito em relação à qualidade da
política. Ela acredita que isso pode ser atribuído ao “barulho que a mídia sempre faz, trazendo
à tona os fatos negativos da política” e não as boas e concretas propostas dos governantes.
“Políticos desonestos existem, mas não se pode generalizar”, afirma Márcia Vasconcelos.
Segundo ela, todos esses dados, além da experiência desenvolvida com os alunos durante o
curso apontam para o fato de que o jovem brasileiro tem uma postura madura em relação à
política e demonstra que conseguiu interiorizar os valores do que vem a ser a verdadeira
democracia. A pesquisa sugere, entretanto, que a melhoria da qualidade do voto depende do
aumento da escolaridade da população.
Pois bem, diante de informações como as listadas aqui, sabemos que o momento é de
reflexão. Estamos em meio a um emaranhado de articulações, conchavos, costuras que
antecedem um momento decisivo para a classe política que é, o das chamadas “convenções
partidárias”. Qual o peso terá o voto em outubro? Existe diferença entre o voto do jovem, do
adolescente ou do adulto e idoso? É chegada a hora das eleições nesse país, e com ela, a
incumbência dos eleitores de decidirem quem os representará politicamente pelos próximos
quatro anos. Dada à importância do voto, o debate a respeito dos candidatos é intenso, o
interesse pelas propostas dos mesmos também, e o envolvimento dos cidadãos é formidável,
certo? Provavelmente sim, mas se esse país for o Brasil, as coisas não serão bem assim.
É fato que muitos jovens desejam participar, mas não sabem como fazer. E fato também é, que
participação política pode ser bem mais do que votar em uma eleição. Taxar a juventude atual de
alienada, é preconceito. Mas, a despeito dos alienados, para os jovens que realmente se
importam com os rumos do país, cabe o exemplo do que ocorre atualmente no Chile.
O poeta e dramaturgo Bertold Brecht alerta que o analfabeto político é aquele, que
simplesmente ignora a política. Para ele, a política é “um saco” e nenhum candidato presta, já que
são todos iguais. Diante disso, muitas vezes acaba extremando pela anulação do voto, como
forma de “dar o troco”. Mal sabe ele que esse tipo de postura só favorece o político atolado ou
envolvido com a corrupção, que acaba, por manobras escusas mantendo-se no poder.
Não se pode tirar toda a razão dada o desânimo causado por percalços políticos brasileiros que
se dobram a essa prática, mas a mudança só será possível se esse tipo de atitude mudar.
Tivemos os protestos em massa, mas o Brasil não precisa de uma legião de revolucionários
ensandecidos, mas de jovens conscientes de seus deveres e de seu poder que podem influenciar
diretamente em mudanças para esse país.
Outro fator que prejudica a participação política dos jovens é a falta do ensino da ética nas
primeiras fases da vida. Muitos jovens estão acostumados a ver pessoas tirarem vantagem em
detrimento de outrem por meio de mentiras, o que os faz apáticos perante, por exemplo, de
escândalos de corrupção, já que eles acabam achando normal o fato de pessoas tentarem obter
vantagens individuais em detrimento dos coletivos. Assim, a falta de ensino da ética diminui a
adesão de jovens a movimentos pela igualdade, justiça e liberdade.
Para que esse quadro seja redesenhado, é necessário que a mídia se comprometa a transmitir
mensagens estimuladoras e de esclarecimento sobre da importância de jovem nas decisões
políticas do país. Atrelado ao poder de influência que exercem os meios de comunicação, cabe
também ao próprio Estado investir numa melhor formação, não só didática, mas também de
caráter daqueles que estão espalhados pelas nossas escolas, disciplinando para que tenhamos e
encontremos uma sociedade brasileira mais sólida, coletiva e solidária.
PARTICIPAÇÃO POLÍTICA
O que é participação política?
A participação política envolve a possibilidade de influenciar de forma efetiva as
políticas locais, regionais, nacionais e internacionais. Calcada a partir da ação
intencional para impactar na agenda pública, na participação legal do sistema
representativo, a partir do voto, nas campanhas, nas eleições e na estrutura legislativa.
A participação política ocorre também, pela participação nas estruturas, atividades e
no trabalho partidário, em grupos organizados e em manifestações orientadas a
exercer influência na pauta dos atores políticos e institucionais dos governos.
É muito comum se ouvir comentários de que a juventude hoje não se interessa por
política, que é uma geração apática, alienada e consumista que passa a maior parte do
seu tempo na frente da TV.
Além disso, há inúmeras comparações da atual geração de jovens com aqueles que
viveram os anos de ditadura no Brasil na década de 1960 e 1970. Com um tom de
saudosismo se diz que a juventude já não é como antes, que saía às ruas para
protestar contra a repressão do governo e se arriscava em associações clandestinas
para lutar pela liberdade de expressão e pela democracia.
Aqueles que estão convencidos de que isso é verdade, podem se surpreender. Em
novembro de 2005, o IBASE e o Instituto Polis lançaram o resultado da pesquisa
Juventude Brasileira e Democracia: participação, esferas e políticas públicas que ajuda
a desmistificar essa apatia da juventude.
Foram entrevistados oito mil jovens em 07 regiões metropolitanas brasileiras. Alguns
dados interessantes:
 28,1% dos(as) 8 mil jovens entrevistados(as) faziam parte de algum
grupo;
 85,8% dos jovens afirmaram se informar sobre o que acontece no
mundo;
 89% dos jovens acreditam que as pessoas devem se unir para defender
seus interesses;
 85% dos(as) entrevistados(as) disseram que é preciso abrir canais de
diálogo entre cidadãos(ãs) e governo.
É fato que muitos jovens que desejam participar mais não sabem como fazer.
Participação política pode ser bem mais do que votar em uma eleição. Esta é apenas
uma das formas, por isso é muito importante tornar público quais os espaços já
existentes e de que maneiras é possível participar!

Você sabia?
A Constituição Brasileira de 1988 assegura o direito ao exercício da cidadania ativa
pela garantia, por exemplo, dos seguintes instrumentos legais: do plebiscito, do
referendo, da iniciativa popular de leis, a ação popular, do mandado de segurança
coletivo, da ação popular, da ação civil publica?
Algumas instituições estão legitimadas na própria Constituição Federal para serem
partes ativas e constitutivas deste processo: as associações, os sindicatos, os partidos
políticos, assim como o próprio Ministério Público.
Espaços e formas de participação:

Eleições
O voto é obrigatório para maiores de 18 anos e facultativo para os maiores de 16,
de 70 anos e aos analfabetos. Para obter o título, é preciso ir ao Cartório Eleitoral mais
próximo do endereço de moradia e preencher o requerimento de alistamento eleitoral.
Não é necessário pagar nada.
Documentos necessários para emissão do título:
 Certidão de nascimento ou carteira de identidade ou passaporte
 Comprovante de residência

Orçamento Participativo
O Orçamento Participativo é uma das possíveis formas de desenvolvimento de
experimentos que se aproximam da democracia direta. Consiste em estruturas
legitimadas de participação ampliada que visam permitir aos cidadãos a se envolverem
na decisão de como deve ser gasto uma parcela do orçamento público.

Como funciona o Orçamento Participativo?


Cada município desenvolve uma metodologia apropriada à sua situação,
contemplando os seguintes aspectos:
 Descentralização das discussões com a população, através da divisão
do município em regiões;
 Elaboração de critérios de atendimento das demandas regionais;
 Elaboração dos critérios de participação da população;
 Definição das instâncias de participação e suas competências
específicas (reuniões, plenárias, Conselhos, etc.).

Como posso participar do Orçamento Participativo?


Várias cidades brasileiras já estão implementando o Orçamento Participativo.
Algumas delas possuem um Orçamento Participativo específico para a juventude.
Você pode participar das plenárias e se candidatar a delegado em qualquer uma das
temáticas do seu interesse. Informe-se no seu município sobre como participar!
Em 2007 foi criada a Rede Brasileira de Orçamento Participativo, que tem como
principais objetivos o intercâmbio de conhecimento, a superação de desafios e o
mapeamento das experiências brasileiras de Orçamento Participativo.
Pesquisas analisam participação política dos jovens em ano
pós-manifestações de junho de 2013
29/10/2014
Primeiro ano de disputa eleitoral depois das manifestações de junho de 2013 que
mobilizaram o País, 2014 tornou-se um momento propício para pesquisas que
relacionam juventude e política
O Núcleo de Pesquisa em Ciências Sociais da Fundação Escola de Sociologia e
Política de São Paulo (FESPSP) apresentou no dia 25 de setembro os resultados
de pesquisa que procurou investigar qual o nível de participação e confiança nas
instituições políticas de jovens entre 15 e 29 anos residentes na cidade de São Paulo.
Dentre as instituições que gozam de menor confiança entre os entrevistados estão:
políticos em geral (60,8% não confiam), partidos políticos (57,79%) e Polícia Militar
(49,82%). As que se sobressaem positivamente são Bombeiros e Movimentos Sociais,
com elevados percentuais de entrevistados que “Confiam Totalmente” ou “Confiam”.
A pesquisa revela ainda que, apesar de 41% dos jovens terem participado de
alguma manifestação em São Paulo, o grau de confiança em instituições, como
partidos, sindicatos, associações e a militância em movimentos políticos não
ultrapassa 9%.
No dia 24 de setembro, a Box 1824, agência de comportamento e tendências,
apresentou os resultados do estudo Sonho Brasileiro da Política, que buscou
“mapear e entender em profundidade os sentimentos, motivações, valores, visão e
iniciativas que norteiam a participação e o engajamento dos jovens na transformação
política do Brasil”. Para isso, foi realizada pesquisa quantitativa e qualitativa com 1.400
jovens de 18 a 32 anos de sete capitais brasileiras: São Paulo (SP), Belo Horizonte
(MG), Recife (PE), Brasília (DF), Belém (PA) e Rio de Janeiro (RJ).
O estudo constatou que 16% dos entrevistados são altamente engajados e têm
ações políticas entre suas atividades cotidianas. Para 18%, as manifestações
despertaram o interesse pela política; 26% dos jovens concordam que as
manifestações serviram para criar pontos de encontros e aproximar pessoas com
interesses comuns.

Dados divulgados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) apontam que o


engajamento político dos jovens não se refletiu em um maior interesse em participar do
processo eleitoral deste ano. De acordo com o órgão, o número de jovens eleitores,
com 16 ou 17 anos, inscritos no TSE e com poder de voto em 2014 é de 1.638.751 —
um recuo de 31% em relação a 2010, quando a quantidade chegou a 2.391.352. Em
termos percentuais,23% dos jovens com direito ao voto facultativo emitiram o
título para as eleições deste ano, enquanto que em 2010 35% fizeram o mesmo.
Na avaliação da socióloga Anna Luiza Salles Souto, coordenadora de Participação e
Juventudes no Instituto Pólis, “essa queda do número de eleitores ‘voluntários’, nessa
faixa em que o voto é facultativo, não deve ser lido como um indicador de uma apatia
ou de um distanciamento dos jovens com relação à política”.

Em entrevista ao Portal Cenpec, ela comenta as formas pelas quais se dá a


participação política do jovem hoje com base nos dados da Pesquisa Agenda
Juventude Brasil: Pesquisa Nacional sobre Perfil e Opinião dos Jovens Brasileiros
2013, na qual atuou como consultora. Realizada entre abril e maio de 2013, portanto,
logo antes do estopim das manifestações de junho, o estudo traçou um retrato dos
ânimos e anseios da juventude naquele período.

Confira os principais trechos da entrevista:

Novas formas de participação


O que a pesquisa [Agenda Juventude Brasil] identificou é que para além do voto os
jovens também contemplam outras formas de exercício da política. Achar que se faz
política só via foto é um equívoco, sobretudo depois de junho de 2013, não tem como
falar que os jovens são desinteressados da política.
Formulamos uma pergunta bastante interessante sobre as formas de participação
política que mais contribuem para mudar o país, 45% dos jovens apontavam a
participação em mobilizações de rua e outras ações diretas, 44%, a atuação em
associações ou coletivos e 35% em conselhos, conferências etc. Apenas 3%
descartam qualquer uma dessas formas.
Existem momentos de maior engajamento eleitoral e outros momentos em que o
leque se amplia. Os dados da pesquisa apontam com bastante força que há que se
combinar democracia representativa com a participativa.
Os dados apontam uma juventude que tem predisposição de se engajar de diversas
formas na construção de um país melhor. Fica o desafio de efetivar esse desejo.
Os dados da pesquisa foram coletados em abril e maio, um mês antes do início das
manifestações e mostra bem o estado de ânimo, capta uma fotografia de um dado
momento histórico, e aponta várias coisas interessantes para se pensar.
É muito interessante, porque sempre que os jovens saem às ruas a sociedade
parece que se assusta, se espanta, pega sempre todo mundo meio desprevenido, “de
calças curtas”. Na verdade, isso tem a ver com a imagem negativa que a sociedade
tem em relação à juventude, sempre vista com lentes desfocadas, sem olhar mais
detalhadamente para o potencial e desejo de ter voz. A questão da defesa de direitos é
um tema que está na agenda da juventude.

A relação dos jovens com o voto e as instituições políticas


Uma outra pesquisa foi feita pela Fundação Perseu Abramo com essa mesma
pergunta e essas mesmas alternativas com a população brasileira de 15 anos ou mais.
No conjunto, os dados não são tão diferentes, com exceção dos que se referem aos
partidos políticos. Nessa pesquisa, 18% dos brasileiros apontam os partidos como um
canal para alcançar as melhorias que desejam para o País. Na nossa pesquisa, com
recorte de juventude, esse percentual sobe para 30%. Você tem uma aposta maior dos
jovens na importância dos partidos, o que não significa que eles queiram atuar nos
partidos, porque na listagem dos coletivos, os partidos foram o que obtiveram maior
rejeição: 88% dos jovens entrevistados não participam nem gostariam.
Revela um grau de maturidade política dos jovens, dessa nova geração, porque, na
minha leitura, mostra que eles valorizam as institucionalidades partidárias, mas não
querem participar delas, o que denota uma crítica ao seu funcionamento. Aí cabe
também perguntar se os partidos se abrem efetivamente à participação da nova
geração.
Também fui pesquisar outros levantamentos. O Latinobarômetro, com dados de
2011, revela que 50% dos brasileiros com idade entre 15 e 25 anos concordavam com
a afirmativa de que não pode haver democracia sem Congresso Nacional e 45%, que
não pode haver democracia sem partidos. É interessante.

O papel da escola na formação política dos jovens


É importante incluir no currículo esse tipo de formação, mas acho mais importante
ainda a escola se abrir à participação dos jovens. É no exercício da participação que
se fortalece a participação. Fica aí um desafio para escola de se abrir à participação e
a um diálogo mais efetivo com os alunos, a uma escuta mais qualificada, que eles
possam sentar e discutir questões, buscar fórmulas que contemplem as expectativas
dos jovens...Enfim, os jovens vão mudando. Não é uma categoria estanque. A escola
precisa permanentemente estar se repensando e se renovando para acompanhar e
estabelecer um diálogo mais profícuo com os estudantes, para que em conjunto
possam enfrentar os desafios colocados no plano da educação.

A relação dos jovens com a política tem multidimensões, não é linear. Os jovens
entram em grupos, saem, participam, deixam de participar... Faz parte da vida. A gente
fica cobrando dos jovens uma trajetória linear, ascendente, como se isso fosse por só
algo virtuoso. A realidade é dinâmica, contraditória e a relação dos jovens com a
política também.

Retrospectiva - Manifestações de junho agitaram todo o país


Protestos nas ruas abrangeram os mais variados temas
O aumento da passagem do transporte público desencadeou a onda de protestos no
Brasil, em junho. A repressão policial às manifestações chamou a atenção da imprensa e
incentivou ainda mais a adesão popular às mobilizações. Os movimentos sociais pautaram
as passeatas, levantando temas como corrupção política, má qualidade dos serviços
públicos, gastos públicos com os grandes eventos esportivos e outros assuntos específicos
das classes.
Especialistas avaliaram que as mobilizações tiveram apoio de mais de 80% dos
brasileiros e seu impacto foi comparado ao episódio do impeachment do presidente
Fernando Collor de Mello, no ano de 1992.
A repercussão internacional levou o governo brasileiro a adotar medidas para atender
às reivindicações. O Congresso votou a favor de a corrupção ser tratada como crime
hediondo, arquivou a PEC 37 e proibiu as votações secretas. Governos estaduais voltaram
a praticar os preços antigos das passagens. Nas ruas, crescia o número de pessoas
nas passeatas e, simultaneamente, nos veículos de comunicação repercutiam no mundo
os movimentos na terra das Copas do Mundo e das Confederações. Os atos no Brasil
foram comparados aos protestos Primavera Árabe, em países árabes, Los Indignados, na
Espanha e o Occupy Wall St, nos Estados Unidos.
O aumento de R$ 0,20 nas passagens de ônibus em Porto Alegre, no Rio Grande do
Sul, foi anunciado no dia 25 de março. Em Goiânia, o reajuste nas tarifas foi de R$ 0,30.
No dia 28 de maio, ônibus foram destruídos em uma das praças principais da cidade e 24
estudantes foram detidos por vandalismo. Depois disso, a Justiça determinou a redução
das passagens.
Em São Paulo, os protestos começaram em 2 de junho, em resposta aos reajustes nos
preços das passagens dos ônibus, metrô e trens, de R$ 3,00 para R$ 3,20. No Rio de
Janeiro, o reajuste do serviço foi de R$ 0,20. Em 10 de junho, as ruas da cidade se
transformaram num campo de batalha, protagonizando cenas de vandalismo, truculência
policial e destruição do patrimônio. Pontos de ônibus, lojas, placas de sinalização foram
quebrados por manifestantes radicais, que ainda atearam fogo em lixeiras e veículos. Pelo
menos 34 pessoas foram detidas. Três dias depois, simpatizantes do Movimento Passe
Livre (MPL) ocuparam uma das principais avenidas do Centro, a Presidente Vargas,
bloqueando as pistas.
No dia 17 de junho, o Rio foi palco de uma grande passeata que reuniu mais de 100 mil
pessoas que protestaram contra os gastos para a Copa do Mundo, das Confederações, a
corrupção e, principalmente, o aumento das tarifas de transporte público. O protesto foi
quase todo pacífico, marcado visualmente pelas rosas que os participantes vestidos de
branco carregavam. No final do ato, um grupo infiltrado de manifestantes radicais
promoveu um festival de pancadaria. O Palácio Tiradentes, sede da Assembléia Legislativa
do Rio (Alerj), foi invadido e depredado, além de dois veículos incendiados e muitas
agressões aos PMs. Era o cartão de visita dos chamados Black blocs no cenário das
manifestações no estado.
As mobilizações foram organizadas através das redes sociais, tendo como precursores
os membros do Movimento Passe Livre (MPL), com o objetivo de conter os aumentos das
passagens. O termo "vandalismo" ganhou as páginas e as imagens dos veículos de
comunicação a partir dos manifestos do dia seis de junho, quando começaram os registros
violentos durante os atos, resultando em manifestantes e policiais feridos. No dia 13 de
junho, mais de 10 mil pessoas protestaram em Fortaleza contra as políticas de segurança
pública e o aumento da criminalidade no Ceará. No mesmo dia, na capital paulista, o
confronto entre polícia e manifestantes deixou vários feridos, inclusive jornalistas. Cerca de
400 pessoas foram detidas para averiguação e por estar portando vinagre. A opinião
pública considerou a ação policial truculenta e a comparou com "uma ditadura militar".
A abertura da Copa das Confederações, no dia 15 de junho, mudou o perfil das
manifestações, passando os gastos públicos com o megaevento esportivo para o centro
das discussões. Mais de 300 mil brasileiros tomaram as ruas de 12 capitais no dia 17 de
junho, num ato pacífico e que terminou com muito quebra-quebra em algumas capitais,
inclusive Rio de Janeiro e São Paulo. Em 20 de junho, um ato público no Rio reivindicou
contra as PECs 37 e 33, a chamada cura gay, o ato médico e, principalmente, contra os
altos gastos com a Copa das Confederações FIFA de 2013 e com a Copa do Mundo FIFA
de 2014. Neste dia mais de 1,5 milhão de pessoas ocuparam as ruas em 120 cidades.
Na partida de abertura do torneio, no Estádio Nacional Mané Garrincha, em Brasília,
24 manifestantes foram detidos por participação em ato em frente ao estádio onde o Brasil
jogava contra o Japão. No Rio, o primeiro jogo na Copa das Confederações, em 16 de
junho, foi marcado por pancadaria nas proximidades do Estádio do Maracanã. Todo o
período da Copa no Brasil foi marcado por manifestações nos estados. Na semifinal da
Copa, realizada no Mineirão, a tropa da PM agiu de forma violenta contra os
manifestantes e um rapaz caiu do Viaduto José de Alencar e morreu no local.
Anistia Internacional critica repressão a protestos no Rio e em São Paulo
A Anistia Internacional, organização que representa mais de 3 milhões de ativistas que
atuam em proteção dos direitos humanos, se manifestou quanto os atos e pediu as
autoridades uma solução pacífica para os protestos contra o aumento das passagens do
transporte público no Rio de Janeiro e em São Paulo. A organização comentou as ações
de repressão aos protestos e o discurso das autoridades, que sinalizavam uma
"radicalização da repressão e a prisão de jornalistas e manifestantes, em alguns casos
enquadrados no crime de formação de quadrilha". Em nota, a Anistia disse que: "O
transporte público acessível é de fundamental importância para que a população possa
exercer seu direito de ir e vir, tão importante quanto os demais direitos como educação,
saúde, moradia, de expressão".
Presidente faz pronunciamento sobre manifestações
A presidente Dilma Rousseff fez um pronunciamento no dia 21 de junho sobre as
manifestações no Brasil. Em cadeia nacional de rádio e televisão, Dilma disse estar atenta
às reivindicações feitas pela população que foi às ruas durante os protestos em diversas
cidades brasileiras e destacou que o pedido de mudança é legítimo, mas condenou os atos
de vandalismo e violência.
"Os manifestantes têm o direito e a liberdade de questionar e criticar tudo, de propor e
exigir mudanças, de lutar por mais qualidade de vida, de defender com paixão suas ideias
e propostas, mas precisam fazer isso de forma pacífica e ordeira", disse a presidente.
Sérgio Cabral dá entrevista "debochada" sobre os manifestos
O governador do Rio, Sérgio Cabral, concedeu uma entrevista a uma emissora de TV
no dia 18 de junho, para afirmar que o seu governo estava aberto às negociações com os
manifestantes. Ele encerrou a entrevista exclamando "Viva a democracia", em tom de
ironia. Porém, cinco dias antes da entrevista, Cabral considerou que os atos públicos
tinham "ar político" e que não era espontâneo da população. Na ocasião, o governador
disse que os presos durante o tulmuto na noite de 10 de junho, eram "jovens que não
estavam ali para defender interesses públicos, mas sim para gerar um clima de confusão e
de baderna". "A população sabe perceber isso", ressaltou Cabral. Na entrevista, Sérgio
Cabral mudou o seu discurso e disse que "as manifestações mostram uma juventude
desejosa de participar, de estar presente, de questionar, de sugerir e isso é muito bonito".
Ainda em 18 de junho, começou a circular na internet uma convocação para uma nova
manifestação que seria realizada no dia 24 de junho, com concentração e ato na frente da
casa do governador Sérgio Cabral. Mais de cinco mil pessoas confirmaram presença no
evento do Facebook. O texto dizia: "Se nossos 'governantes' não ouvem nossos apelos
nas ruas, gritaremos em suas Janelas!".
Referência:

1. http://fiv.org.br/index.php/noticias/item/198-participacao-dos-jovens-na-politica-brasileira
2. http://istoe.com.br/380009_O+QUE+OS+JOVENS+PENSAM+SOBRE+A+POLITICA/
3. http://www.abong.org.br/noticias.php?id=8013
4. http://www.dm.com.br/opiniao/2016/01/eleicoes-2016-os-jovens-a-politica-brasileira.html

5. http://www.jb.com.br/retrospectiva-2013/noticias/2013/12/17/retrospectiva-
manifestacoes-de-junho-agitaram-todo-o-pais/
6. http://www.infojovem.org.br/infopedia/descubra-e-aprenda/participacao/participacao-
politica/
7. http://g1.globo.com/fantastico/noticia/2016/10/pesquisa-inedita-revela-como-jovens-
brasileiros-veem-politica-hoje-veja.html

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