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FONTES DE DADOS DA DEMOGRAFIA

1. Os Recenseamentos
Segundo a ONU (1980), um censo é o processo de colecta, processamento, avaliação,
análise e divulgação de dados demográficos, económicos e sociais referentes a todas
as pessoas dentro de um País ou de uma parte bem definida de um País num momento
específico.

Apesar de o seu conteúdo variar de país para país, existe um mínimo de informações
que são consideradas fundamentais para qualquer país: A localização, informações
demográficas, informações socioculturais e informações sobre a habitação.

Ainda segundo a ONU, um levantamento da população deve satisfazer, no mínimo, os


seguintes critérios para ser considerado um censo:
a) Detalhamento geral, isto é a especificação dos fins, do orçamento, da
administração, das garantias legais quanto ao sigilo de informação e das demais
obrigações da entidade executora.
b) Periodicidade definida, de preferência de cinco ou dez anos. Outros intervalos não
são aconselháveis, pois a população normalmente é agregada em faixas etárias de
5 ou 10 anos.
c) Simultaneidade da recolha dos dados, com um tempo de referência pré-definido.
Normalmente, o ponto de referência é a meia-noite de uma data para outra.
d) Uma referência territorial pré-fixada. Normalmente, esta referência abrange todo
território nacional.
e) Universalidade da enumeração dentro deste território, seja conforme o critério de
residência habitual (residente de jure ou de direito) seja conforme o paradeiro na
data de referência (população presente ou de facto).

f) Enumeração individual de todas as pessoas, uma condição necessária para a


elaboração de quadros estatísticos detalhados.

g) Disponibilidade dos resultados dentro dos prazos compatíveis com as aplicações


previstas.
Etapas da realização de um censo demográfico

1. O pré-recenseamento, que consiste na criação de condições para que se possa realizar


o trabalho de campo: levantamento cartográfico, definição do calendário,
recrutamento e treinamento dos entrevistadores e outros recursos humanos e a
definição do próprio questionário.
2. A fase do próprio recenseamento, consiste no trabalho de campo e na sua supervisão.
Uma boa supervisão é de importância primordial para garantir a consistência dos
critérios e para evitar fraude.

3. A fase do pós-recenseamento, os dados levantados no campo precisam passar por uma


revisão e crítica, para detectar erros e inconsistências e omissões. Posteriormente
passam para o processamento e a publicação, normalmente feita em tabulações.

Limitações dos censos

1. São dispendiosos pois implicam enumeração de todas as pessoas.

2. Não são adequados para análise de tendências a curto prazo porque o período entre a
recolha e a publicação da informação é longo.

3. A multiplicidade de objectivos de recolha de dados (recolha de vários dados) faz com que
normalmente se levantem apenas as informações principais e não se aprofunde nada. Dai que,
para mais detalhes, é necessário realizar pesquisas específicas para mortalidade, fecundidade,
migrações, habitação, entre outros, fazendo também com que a qualidade dos dados seja
menor em relação as pesquisas específicas.

4. Como já referimos, o censo tem uma referência territorial pré-definida, normalmente


abrange todo o território nacional, e o levantamento do campo decorre em poucos dias o que
faz com que os recenseadores tenham um limite mínimo de entrevistas a realizar por dia (que
lutam por cobrir) apesar de serem muitos recenseadores contratados para o efeito. Por outro
lado, o número de supervisores é reduzido, o que faz com que o rigor da supervisão seja
inferior aos dos inquéritos. Como consequência, como se pode perceber numa situação deste
tipo, a qualidade da informação recolhida tende a ser inferior, fazendo também com que
ocorram alguns erros durante o levantamento da informação. Estes variam, entre outros
factores, consoante o nível de (sub) desenvolvimento de um país, sendo os mais frequentes os
seguintes:

i) Omissão censitária: significa a não enumeração, por vários motivos, de parte da


população. Um censo é considerado global ou uniforme quando tem uma omissão de 1% ou
menos; até 5% é considerado regular e mau quando superior a 5%. Mas também o censo pode
ser considerado parcial quando a omissão é maior em certas idades (menores de um ano) ou
para certos sexos, ou em certas regiões do país, ou em certos grupos da população
(camponeses, analfabetos, nómadas, etc.)

ii) Incerteza na declaração da idade: em demografia trabalha-se com anos completos, e um


dos erros que se cometem é o arredondamento da idade. A pessoa só terá a idade
imediatamente a seguir que a que tem depois da data do seu aniversário e não porque
mudamos de um ano do calendário para o outro. Outro erro é que as pessoas têm tendência a
arredondar a idade para valores terminados em 0 e 5, o que chama atracção digital quando se
desconhece a idade exacta. Outro erro ainda deve-se ao exagero da idade dos velhos, por um
lado porque se desconhece a idade destes e, por outro, como forma de homenageá-lo, pois em
sociedades como a nossa não é sempre que se tem um velho na família. Um outro erro é, por
exemplo, a tendência das pessoas entrevistadas, por vergonha, não gostarem de dizer ao
recenseador o que realmente são como forma de, na sua óptica, manterem um certo prestígio.
Erros do entrevistador: por preconceito acontece, por vezes, que o recenseador deduza
algumas respostas, ou rejeite aquelas dadas pelo entrevistado.

iii) Erros no processamento de dados: existem alguns processos que são usados para avaliar
a qualidade e a cobertura da informação recolhida. O primeiro é o designado no país por
Inquérito de cobertura. É um inquérito pós censitário realizado imediatamente após o
recenseamento numa amostra da população recenseada e destinado a medir o grau de omissão
censitária e a exactidão dos dados referentes a determinadas características investigadas
durante o censo. O segundo, é a verificação da consistência da informação com dados
provenientes de censos anteriores e do registo civil.
2-ESTATÍSTICAS VITAIS

As estatísticas vitais constituem uma visão dinâmica da população que complementa a visão
estática dada pelo censo. Enquanto a unidade de enumeração do censo é o indivíduo, a
unidade do registo civil é o evento demográfico.

Segundo a ONU, um sistema de estatísticas vitais ou registo civil de compreender:

a) O registo oficial dos eventos vitais: óbitos, nascimentos, casamentos, divórcios,


adopções, legitimações e mudanças de residência e de ocupação.
b) A contabilização destes registos em informes estatísticos.
c) A sua sistematização e consolidação.
d) A elaboração e publicação periódicas de relatórios estatísticos sobre os eventos
registados. A lei deve proteger o carácter confidencial dos dados pessoais registados
nas folhas de inscrição e deve igualmente estipular prazos dentro dos quais a inscrição
deve ser feita e as penalidades no caso da não observância destes prazos.

Erros e deficiências do registo civil

 Fraca cobertura nacional


 Omissão
 Registo tardio
 Duplicação
 Distorção
 Ineficiência dos cartórios, a precariedade da transmissão dos registos para a
autoridade central e a deficiência no processamento final dos dados.

3-REGISTOS CONTÍNUOS

Nos registos contínuos modernos, cada indivíduo, ao nascer ou ao entrar no País, é registado
numa ficha pessoal, contendo seu nome, sexo, data e lugar de nascimento, nacionalidade e a
filiação. Esta ficha é guardada pelas autoridades municipais ou da vila do indivíduo e, é
continuamente actualizada mediante as informações do registo civil.
Limitações

 Elevado nível educacional


 Estruturas administrativas eficientes
 Elevado nível cultural
 Elevada integração das bases de dados dentro do estado

4-INQUÉRITOS DEMOGRÁFICOS

Um inquérito é o conjunto de operações encaminhadas para obter uma informação sobre um


objecto especial, seja mediante entrevistas directas com os interessados ou por
correspondência. Os inquéritos são utilizados para diversos fins, cobrindo um amplo campo
da investigação científica.

Limitações

 A principal limitação das pesquisas por amostragem é que eles se referem a


segmentos da população.
 Certos fenómenos raros (categorias profissionais, rendimentos raros) podem ser
difíceis de localizar via processos de amostragem.
A inexistência de base de dados actualizados para a elaboração da amostra.

Bibliografia
ARAÚJO, Ana Rosa, Manual de Demografia para estudantes de Medicina, Maputo,
2001
NAZARETH, Demografia: A ciência da População, Lisboa, 2007

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