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Programa Despertar

A Solitude no Despertar!
Francisco Feitosa

O termo “Solidão”, segundo o etimologista Benjamin Veschi, tem sua origem no latim
“solitudnem”, “solus”, associando-se ao termo solidão e a respectiva forma em latim
“solitatem”. Refere-se à qualidade de estar sem ninguém, ou seja, sozinho. É um dos
estados e sentimentos mais comuns que as pessoas passam em suas vidas,
caracterizando-se pela ausência de companhia.

A solidão pode ser apreciada a partir de dois pontos de vista: do lado negativo, por sofrer
muito, isso acontece com as pessoas que não gostam de ficar sozinhas, assim se tornam
tristes, melancólicas e nos casos mais extremos, desenvolvem patologias graves, como
a depressão. Já, pelo lado positivo, desfruta e permite esse estado caracterizado pela
tranquilidade e ausência de outros, podendo refletir, pensar, meditar, conhecer-se e
sentir-se livre para liberar seu lado criativo e impulsos motivadores.

O primeiro caso, é quando você busca um encontro voltando-se para fora, procurando ser feliz por meio da
dependência de algo ou de alguém. A verdadeira Solidão é o sentimento de estar sozinho mesmo na companhia de
pessoas e até mesmo em meio a multidões. Já, o segundo caso, é quando você busca esse “Encontro”, dentro de si
mesmo. Para este caso, existe um termo específico, chamado “Solitude”.

Segundo o escritor Paul Johannes Oskar Tillich (1886-1965), filósofo da religião e considerado um dos mais importantes
teólogos do século XX, em seu livro “The Eternal Now”, discorre com propriedade sobre o significado da palavra
solitude: “originária do latim, Solitude pode ser descrita como “a glória em estar sozinho”. Isso implica em querer
estar, e em aproveitar esses momentos únicos consigo mesmo. Solitude é, basicamente, escolher ser sozinho e ser
feliz com essa escolha. É algo feito de forma deliberada, consentida e positiva”.

Ainda, de autoria de Tillich, temos essa definição: “A linguagem criou a palavra solidão para expressar a dor de estar
sozinho. E criou a palavra solitude para expressar a glória de estar sozinho”.

De acordo com o Doutor em psicanálise Fernando de Souza, “a Solitude permite o tempo e o espaço, e o silêncio para
fazer o útil ou o belo. Também, permite não fazer nada. Permite, também, desenvolver a espiritualidade, encontrar-se
enquanto uma pessoa diferente dos demais e se aceitar como se é – independentemente da aprovação do outro”.

De acordo com o dicionário Michaelis, a palavra solitude é uma palavra de uso poético. A poética, por sua vez, remete
tanto à produção de algo novo como à apreciação e criação da beleza. É claro que aqui se trata da beleza da Alma!

O Professor Henrique José de Souza, fundador da Sociedade Brasileira de Eubiose, afirma que: “o Homem que se eleva
espiritualmente (Processo do Despertar), a princípio, choca-se com a família; ao se elevar, ainda mais, choca-se com
o povo; se mais ainda, choca-se com a nação e, por fim, com o mundo inteiro”.

Despertar para a realidade é sair da frequência comum e atingir uma frequência


mais alta, mais sutil. A exemplo de um rádio, em que cada estação possui uma
frequência específica, ao despertarmos para uma nova realidade, deixamos a
sintonia comum das massas e passamos a captar uma sintonia um tanto
diferenciada. Com isso, ascendemos a uma faixa vibratória mais elevada das dos
demais que, ainda, não despertaram.

Por estarmos vibrando em uma frequência diferente, passamos a nos sentir um


tanto desconfortáveis no convívio de determinados grupos. Em nosso seio
familiar, nossas ideias começam a divergir dos demais membros; começamos a
não mais encontrar interesse nas conversas de determinadas pessoas, assim

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como, nossos assuntos de interesse, não mais ressoam nos corações desses e
passam, também, a incomodar ou parecer estranhos.

Ao despertarmos para uma nova realidade, começamos a nos despir das velhas
roupas, dos velhos hábitos. A nova frequência que passamos a sintonizar,
possibilita-nos livrar nossos olhos das vendas da ignorância e somos tomados por
uma insaciável sede do saber. Com isso, passamos a ser um tanto ignorados pela
maioria dos que nos rodeia, pois, nossos assuntos, vibrando em frequência
diferente, já não mais reverberam como antes. Esse desencontro é, apenas,
questão de sintonia; de frequências diferentes. Os Despertos, como buscadores
da Verdade que são, passam a vibrar em outra faixa frequencial.

Muito embora, estando conscientes de que deveremos seguir ascendendo em busca da Luz, não nos cabe, em nenhum
momento, julgar aqueles que optaram em se manter em sua Zona de Conforto, estagnados na mesma frequência,
saciando-se, apenas, com os prazeres da vida terrena, os quais, diga-se de passagem, são por demais tentadores.
Vamos combinar!

O Processo do Despertar é individual. O Desperto não pode pensar que as pessoas a seu redor são obrigadas a atender
seus reclames e seguir juntos os seus passos. Cada um tem seu próprio tempo. A vida é uma corrida de longo percurso
e todos, um dia cruzarão a linha de chegada, mas, cada um no seu tempo, no seu passo, no seu ritmo. O chamado
“Retorno à Casa do Pai”, somente se dará após a coleta de todas as experiências necessárias, independentemente de
acertos ou erros, pois, o mais importante é o Aprendizado. E, para tanto, passaremos pelas mesmas lições até
atingirmos, de fato, seu aprendizado, quantas vezes for necessário.

Um outro termo que poderíamos até analisar aqui é a “Solidariedade”. Embora, em sua escrita, tenha o prefixo bem
parecido com os termos aqui tratados, seu significado é bem outro. Inseri esse termo no contexto, apenas, para
reforçar que a real solidariedade para com os que, ainda, não se atentaram para o Processo do Despertar, é saber
respeitar o tempo de cada um e, por meio de seus bons atos, servir de exemplo!

O Desperto é o rebelde que se livrou das vendas que lhe cobria os olhos, passando a ver a vida diferente, com outros
propósitos, e com isso, já não mais encontra contentamento nas maquiavélicas distrações oferecidas às massas. Por
sua vez, opta e tem prazer em estar sozinho. Prefere o ecoar da sinfonia do silêncio e não se sente na solidão, pois
essa, por ele já foi sublimada.

O Desperto já adentrou ao Templo da Solitude, mergulhando dentro de si mesmo, e nele encontrou o conforto, a
pureza e o aconchego de um “Sanctus Santorum”, sentindo-se pleno! Não mais depende de algo ou de alguém para
se completar. Desconhece o vazio existencial e a cegueira da Alma, e entende que não mais deverá flexionar seus
joelhos e olhar para o céu, voltando-se para fora, em busca da Divindade, pois está consciente de que ESTA, não se
encontra em outro lugar, senão dentro de si mesmo.

A Solitude no Despertar só poderá, de fato, ser percebida pelos já Despertos. Por aqueles que ousaram sintonizar seus
“rádios em uma nova estação”, suas vidas em uma nova frequência, atingindo a “Glória de Estar Sozinho”. Na
verdade, Despertar é o Encontrar de si mesmo. É quando se promove o Encontro de Eus (Eu material e o Eu Espiritual),
melhor diria, aos que têm ouvidos de ouvir: o Encontro de Eus, ou o Encontro de D’Eus.

A estrada da evolução é deveras longa e a cada passo que ousamos avançar seremos estimulados a descartar mais um
velho hábito de nossa pesada mochila da vida, tornando-nos mais leves e sozinhos, embalados pelo som do silêncio
de uma solitude inaudível. Olhar para trás não é uma opção. Sigamos em frente, orientados pelos rastros daqueles
que nos antecederam e deixando as marcas de nossas humildes sandálias, em solidariedade e como referência, para
aqueles que ora despertam e iniciam suas jornadas em busca da Verdadeira Luz.

Bem-vindo à Solitude no Despertar! Por favor, faça Silêncio!

23/jan/2024.

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