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GOVERNO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

SECRETARIA DE ESTADO DE EDUCAÇÃO

LÍNGUA PORTUGUESA
1º COMPONENTE DE AVALIAÇÃO – 4º BIMESTRE
TRABALHO DE LEITURA E INTERPRETAÇÃO INTERTEXTUAL
– EM COLABORAÇÃO À TEMÁTICA “AFRICANIDADES”

O presente trabalho servirá para construir a média (nota) do aluno neste bimestre.
Valendo um total de DOIS (2,0) pontos, deve ser feito a partir das seguintes instruções:

1º Ler o texto norteador “QUATRO MÃOS, VINTE ANOS E UMA LUTA: LIVRAR
GURIS DO ‘157’”

2º Ler a letra da música “O MEU GURI”, de Chico Buarque. Ao mesmo tempo,


ouvir a música através do link: https://www.youtube.com/watch?v=ui12xHu6rLM
(PALAVRAS-CHAVE: “O MEU GURI CHICO BUARQUE TEMA”)

3º Ler a letra da música “EU SOU 157”, de Racionais MCs. Ao mesmo tempo, ouvir
a música através do link: https://www.youtube.com/watch?v=CsglWlcZTio (PALAVRAS-
CHAVE: “CANAL ANDRE COUTINHO EU SOU 157 RACIONAIS MCS”)

4º Responder o questionário de interpretação.

O questionário está dividido em três partes, em um total de 11 questões, cujo


objetivo é retirar dos textos as informações pedidas. As respostas devem ser copiadas
dos textos e coladas no campo de resposta deste formulário.

NOME: ____________________________________________________________

TURMA: ________________ COLÉGIO: _________________________________


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LÍNGUA PORTUGUESA
1º COMPONENTE DE AVALIAÇÃO – 4º BIMESTRE
TRABALHO DE LEITURA E INTERPRETAÇÃO INTERTEXTUAL

QUATRO MÃOS, VINTE ANOS E UMA LUTA:


LIVRAR GURIS DO “157”

Um é músico, dramaturgo, escritor; filho de um renomado historiador, jornalista e


crítico literário... Além de ser primo do Aurelio. O outro é o filho da Dona Ana, “que lavou
muita roupa pra ‘playboy’” para que ele chegasse ao estrelato no RAP brasileiro. O
primeiro usou a poesia para enfrentar a Ditadura de 1964... O segundo usou o ritmo e a
poesia para enfrentar o “holocausto urbano”, “sobrevivendo no inferno” um dia de cada
vez (“nada como um dia após o outro dia”).
Ainda era ditadura, quando o primo do Aurelio usou de eufemismo, e alguma ironia,
para descrever o breve cotidiano de uma das prováveis vítimas do “holocausto urbano”...
O sonho do primo do Aurelio estava prestes a se realizar na Democracia, quando o primo
do Ice Blue usou de nenhum eufemismo e uma denotação extremamente cruel para
descrever, sem brevidade, o último dia (após o qual não veio outro) do “pesadelo” do
sistema que concebeu, e ainda sustenta, o referido holocausto.
O guri... O herói do pivete... Os personagens de ambos os artistas, guardadas as
sutilezas de suas narrativas – a mãe narra o legado de seu rebento; o anti-herói reveza
com os comparsas a narração de seu próprio epitáfio – , de certo se confundem – e se
fundem. Seus autores, ademais, tomaram providências distintas para fazer aí a mesma
denúncia: a miséria relega o favelado à criminalidade.
Chico Buarque não terminou de papo pro ar... Mano Brown, contrariando a
estatística, não dobrou os joelhos, nem caiu em alguma giratória, abraçado a algum
malote... Aquilo pelo que lutaram, pessoalmente, conquistaram: sucesso. Aquilo que
buscaram coletivamente, alcançaram: denunciar o sistema que, em golpe ou holocausto,
mantém uma insustentável convivência entre miséria e moralismo. Porém a grande
batalha ainda segue acumulando derrotas: por vias da desigualdade social, muitos guris
continuam se tornando pivetes; e morrendo... Já não basta estudar e respeitar o pai e a
mãe para chegar lá... Mas é preciso viver; essa é a cena.
A luta continua...
(Anderson da Silva Adelaido; abril de 2020)

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O MEU GURI (1981)


Chico Buarque

Quando, seu moço, nasceu meu rebento Chega no morro com o carregamento
Não era o momento dele rebentar Pulseira, cimento, relógio, pneu, gravador
Já foi nascendo com cara de fome Rezo até ele chegar cá no alto
E eu não tinha nem nome pra lhe dar Essa onda de assalto está um horror

Como fui levando, não sei lhe explicar Eu consolo ele, ele me consola
Fui assim levando ele a me levar Boto ele no colo pra ele me ninar
E na sua meninice ele um dia me disse De repente acordo, olho pro lado
Que chegava lá E o danado já foi trabalhar, olha aí

Olha aí (REFRÃO)
Olha aí
Chega estampado, manchete, retrato
Olha aí, ai o meu guri, olha aí Com venda nos olhos, legenda e as iniciais
(REFRÃO) Olha aí, é o meu guri Eu não entendo essa gente, seu moço
E ele chega Fazendo alvoroço demais

Chega suado e veloz do batente O guri no mato, acho que tá rindo


E traz sempre um presente pra me encabular Acho que tá lindo de papo pro ar
Tanta corrente de ouro, seu moço Desde o começo, eu não disse, seu moço
Que haja pescoço pra enfiar Ele disse que chegava lá

Me trouxe uma bolsa já com tudo dentro Olha aí


Chave, caderneta, terço e patuá Olha aí
Um lenço e uma penca de documentos
Pra finalmente eu me identificar, olha aí Olha aí, ai o meu guri, olha aí
Olha aí, é o meu guri
(REFRÃO)

Fonte: https://www.letras.mus.br/chico-buarque/66513/

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EU SOU 157 (2002)


Racionais MC's

Hoje eu sou ladrão, artigo 157 Sei lá, sei não, hein
As cachorra me ama Eu sou novo também
(REFRÃO) Os playboy se derrete
Hoje eu sou ladrão, artigo 157 Irmão, quando ele falou
A policia bola um plano Um quilo, é o deixo
Eu sou herói dos pivete É o milho, uma micha caiu
Mais onde é que já se viu?
Uma par de bico cresce o zóio quando eu chego Assim, tá de pioiagem
Zé povinho é foda (ô) né não, nego Não vai daqui ali, mó chavão, nesse trajes
Eu tô de mal com o mundo
Terça-feira à tarde De óculos escuros, bermuda e chinelo
Já fumei um ligeiro com os covarde O negão era polícia, irmão, mó castelo

Eu só confio em mim, mais ninguém, cê me entende (REFRÃO)


Fala gíria bem, até papagaio aprende (REFRÃO)
Vagabundo assalta banco usando Gucci e Versatti
Civil dá o bote usando caminhão da Light Nêgo, São Paulo é selva
E eu conheço a fauna
Presente de grego, né; Cavalo de Tróia Muita calma ladrão, muita calma
Nem tudo que brilha é relíquia nem joia, não
Lembra aquela fita lá? (Ô. fala aí Jão) Eu vejo os ganso descer e as cachorra subir
O bico veio aí, mó cara de ladrão Os dois peida pra ver quem guia o GTI
Mais também né Jão
Como é que rapa! Sem fingir, sem dar pano
Calor do caralho É boca de favela, hô, vamo e convenhamo
Censaí, x’eu fumá
Passa a bola Romário Tiazinha, trabalha há 30 ano e anda a pé
Hum, meio confiado né? É, eu percebi Às veis cagueta de revolta, né
Pensei, ó só, que era truta seu Que, né nada disso não, cê 'tá nessa?
(Ó o milho) Revolta com o governo, não comigo, ó as conversa

E diz que tinha um canal Traidor, cobra-cega


E vende isso e aquilo Pensou se a moda pega?
Quem é, quem tem? Nêgo, eles te entrega pro DEPATRI
“M” pra vender Aí sujô, de bolinho, complô
Quero um quilo Pode até ser que tem, sei lá
Um quilo de quê, Joe? Cê conhece quem? Em qualquer lugar, vários têm celular

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Não dá pra acreditar que aconteça O time tava montado, mas tem
Na hora do choque Um que não pode os mano é doutro lado
Que um de nós troque uma cabeça Mas é, é pela ordem
Por incrível que pareça pode ser
Ó meu, o dia de amanhã quem sabe é Deus Vamo, tá mó mamão
Só catar, demorô
Eu não sei, não vi, não sou, morro cadeado Ó só, te pus na fita que cê é merecedor
Firmão, deixa eu ir Não vou te pôr em fita podre, aliado
Quem não é visto não é lembrado A cena é essa, ó, fica ligado

(REFRÃO) Um mão branca fica só de migué


(REFRÃO) No bar em frente o dia inteiro, tomando café:
é nosso
Família em primeiro lugar é o que há O outro é japonês, o Kazu, que fica ali, vendendo um
Juro pra senhora, mãe, que eu vou parar dog
Talão zona azul
Meu amor é só seu brilhante num cofre
Enquanto eu viver a senhora nunca mais sofre Cê compra o dog dele e fica ali no bolinho
Tá daquele jeito, se é, é agora Ele tem só um canela seca no carrinho
É calça de veludo ou é bunda de fora Se liga a loira né, então, vai tá lá dentro
De onda com os guardinha, pã
Me perdoe, me perdoe mãe Nessa aí que eu entro
Se eu não tenho mais o olhar
Que um dia foi te agradar É dois, tem mais um, foi quem deu, 'tá ligeiro’
Com cartaz escrito assim Na hora, ele vai tá de AK no banheiro
12 de Maio em marrom Tem uma XT na porta e uma Saara
Um coração azul e branco em papel crepom Pega a contra-mão, vira a esquerda e não para,

Seu mundo era bom Cara, é direto e reto, na mesma, até a praça
Pena que hoje em dia só encontro Que tá tudo em obra, e os carro num passa
No seu álbum de fotografia Do outro lado tá a Rose, de Golf, na espera
Juro que vou te provar que não foi em vão Dá as arma e os malote pra ela e já era
Mas cumprir ordem de bacana, não dá mais não
Depois só (fiu!) praia e maconha
Xi, Jão, falando sozin? Comê tod’as burguesa em Fernão de Noronha
Essa era da boa, hein? Põe dessa pa' mim Nossa mano, colá aqueles gadinho lá
O barato tá doido Que mora no condomínio (vixe!)
E os mano te ligô ali
Mais tem que ser já, sem pensar, cê qué ir Ih, aquelas mina lá: só gata, fio
Elas até gostam de curtir um baseado
A ponta é daqui a pouco Vou levar elas toda pra lá
Oito hora, oito e pouco O dia D chegou
Tá tudo no papel, dá pra arrumar uns troco Se esse é o lugar, então aqui estou

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(sss!..) Quanto mais frio, mais em prol O neguinho vinha vindo, do quê vinha rindo?
Uma amante do dinheiro pontual como o sol Pesadelo do sistema não tem medo da morte
Igual eu: de roupão e capacete Dobrou o joelho e caiu como homem
No frio já é quente ainda usando colete Na giratória, abraçado com o malote

Já era eu tô aqui Eu falei, pô, hein, não te falei? Não ia dar


E aonde cê tá, Jão Pra mãe dele, quem que vai falar quando nóis chegar?
Tô vendo ninguém Um filho pa criar, imagina a notícia
E o japonês, tá aqui não Lamentável, vamo aí, vai chover de polícia
O carrinho não tai, né, t’aqui eu ganhei
O outro man nem comeu também “... Orai por nós, os cativos, e a tantos fugitivos,
Desde que eu cheguei nos grilhões, no horror das questões...”
(Almir Guineto; R.I.P.)
Mas por que logo hoje? Por quê que mudaram
É difícil, erraram, os que deu a fita erraram A vida é sofrida
Sei não, tá esquisito, Jão, tá sinistro Mas não vou chorar
Né melhor nóis se jogar, vê direito, hein Viver de quê?
Eu vou me humilhar?
Qualquer coisa, a loira vai ligar É tudo uma questão
Num tem pressa De conhecer o lugar
Cê é que nem meu irmão Quanto tem, quanto vem
Caraio, porra, num dá essa E a minha parte quanto dá, porque...
Só tem o zé povinho, e os motoboy
Tá gelado, vamos entrar, vagabundo: é nóis (REFRÃO)
(REFRÃO)
Nossa senhora, neguinho passou a mil
Eu falei, nem ouviu, nem olhou, nem me viu Aê loko, muita fé Naquele que tá lá em cima
Que ele olha pra todos, e todos têm o mesmo valor
Minha cara é esperar, eu não tiro o zói Vem fácil, vai fácil, essa é a lei da natureza
Lá dentro eu não sei, meu estômago dói Não pode se desesperar

Lá vem o truta E aí, molecadinha, tô de olho em vocês hein!


Vamo!, é agora Não vai pra grupo não, a cena é triste
Tudo errado, vombora, caiu a fita, sujô Vamo estudar, respeitar o pai e a mãe
Cadê o neguinho, demoro, caraio E viver, viver, essa é a cena
Bem que eu falei, todo os fuça mudô Muito amor
Só tinha dois, mas tem três

Fonte: https://www.whosampled.com/sample/366924/Racionais-MC%27s-Eu-Sou-
157-Almir-Guineto-Orai-Por-N%C3%B3s/

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– EM COLABORAÇÃO À TEMÁTICA “AFRICANIDADES”

QUESTIONÁRIO

1 – (vale 0,2 ponto) – “Estrofe” é o grupo de linhas (versos) que há em uma poesia.
Copie a estrofe da música “O Meu Guri”, onde é apresentado o primeiro sinal do ingresso
do “Guri” na criminalidade.
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2 – (vale 0,2 ponto) – Está explícito e inevitável que a mãe do Guri, na música de Chico
Buarque, se beneficia do “trabalho” do filho. De tal forma, o crime de receptação (Artigo
180 do Código Penal) já estaria caracterizado... Mas além desse haveria um outro; uma
espécie de falsidade ideológica (Artigo 308 do Código Penal (Usar, como próprio,
passaporte, título de eleitor, caderneta de reservista ou qualquer documento de identidade
alheia ou ceder a outrem, para que dele se utilize, documento dessa natureza, próprio ou
de terceiro. Pena: detenção, de quatro meses a dois anos, e multa)). Copie a estrofe onde
fica caracterizado o cometimento desse crime.
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3 – (vale 0,2 ponto) – Na mesma estrofe que responde a questão anterior, onde se
percebe um crime de falsidade ideológica por parte da mãe do Guri, também se vê uma
característica cultural comum aos brasileiros, mas muito mais aos mais pobres: o
sincretismo religioso (fusão de diferentes doutrinas para a formação de uma nova religião;
mantendo características típicas de todas as suas doutrinas-base, sejam rituais,
superstições, processos, ideologias) entre cristãos e espiritualistas de matriz africana.
Copie, na referida estrofe, o verso onde isso é evidenciado.
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4 – (vale 0,2 ponto) – Como foi dito no texto norteador, “QUATRO MÃOS, VINTE ANOS
E UMA LUTA: LIVRAR GURIS DO ‘157’”, há alguma ironia (ato de dizer o oposto do que
é pretendido, ou em satirizar; questionando certo tipo de pensamento com a intenção de
ridicularizá-lo) na música de Chico Buarque... Explicitamente ele usa de ironia ao dizer
que a mãe do Guri reza para que o filho – um assaltante – não seja assaltado no caminho
de casa... Copie o verso onde essa ironia é mostrada.
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5 – (vale 0,2 ponto) – 1981, ano em que Chico Buarque lançou a música “O Meu Guri”,
ainda era Ditadura Militar... Tendo ele vivido, trabalhado e enfrentado o regime
ativamente, conhecia e implementava importantes e eficazes estratégias para veicular sua
mensagem sem ser censurado... A despeito da Ditadura, ainda é vigente até hoje a não
divulgação do nome do meliante preso ou morto, quando é menor de idade... Fiel à
realidade e ao cotidiano – o dia-a-dia – , Chico encerrou sua obra mostrando a previsível
e inevitável morte do Guri...E pelo mesmo cotidiano, sabia que não poderia mostrar isso
de maneira crua, chocante; tendo, portanto, o cuidado de usar de eufemismo (uso de uma
expressão mais suave, mais nobre ou menos agressiva, para comunicar alguma coisa
áspera, desagradável ou chocante) para relatar a morte do meliante... E mesmo assim,
não deixou de lado a ironia, quando citou a reação da mãe do Guri, ao receber a notícia
de que ele havia morrido...

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Assim sendo... Copie:


a) os versos da estrofe onde é relatado que o Guri foi morto;
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b) a estrofe onde a mãe exalta que o filho alcançou a notoriedade e fama que tanto
buscava, desde sua “meninice”, quando “disse que um dia ele chegava lá”.
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6 – (vale 0,2 ponto) – A poesia tem, entre outras características, a marca da construção
do ritmo em si mesma; uma estratégia de assimilação do conteúdo a ser transmitido. O
ritmo, então, permitia que o ouvinte (o leitor) combinasse a marca rítmica com um som
que só fazia sentido a si próprio, produzindo uma música interna que servia como “link”
(ligação) aquele texto. A “letra de música”, por outro lado, e com raríssimas exceções, é
um texto qualquer, combinado a uma música (som e ritmo) previa e, muitas vezes,
dissociadamente concebida, gerando uma composição. O RAP – ritmo e poesia – não
previa, originalmente, ser embalado em uma música; mas com a ascensão de ritmos
similares – como o funk – , bem como apostando na melhor receptividade por parte do
público, passou a usar o sample (trecho de arranjos instrumentais, famosos ou não) em
mixagens (montagens) para a divulgação das obras...Tal e qual a maioria dos rappers,
Racionais MCs buscou, no próprio cotidiano, inspiração para suas letras; que se
mostraram em uma mensagem crua, bruta, agressiva e cruel; a tal ponto até de ser
confundida com apologia ao crime (Artigo 287 do Código Penal (Fazer, publicamente,
apologia de fato criminoso ou de autor de crime))...

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Copie a estrofe da música “Eu sou 157”, onde é apresentado o primeiro sinal de uma
suposta prática de apologia ao crime.
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7 – (vale 0,2 ponto) – Considerando que Racionais MCs buscou, no próprio cotidiano,
inspiração para suas letras; é previsível e evidente a presença de uma linguagem popular
(registro linguístico de vocabulário pobre, marcado por erros gramaticais, associável a um
extrato social “dito” menos favorecido), e também de linguagem grupal (registro linguístico
(gíria) que identifica um grupo social específico)...
Assim sendo, copie:
a) na estrofe que responde a questão anterior, os versos que exemplificam o uso de
linguagem popular;
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b) no mínimo, três versos, de outras estrofes, onde há exemplos de linguagem grupal.


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8 – (vale 0,2 ponto) – Do mesmo modo que foi notado na música de Chico Buarque,
Racionais MCs, em “Eu sou 157”, ilustra que um criminoso, diferente do que se imagina,
pode ter um forte apego familiar, usando o crime para sustentar sua mãe... Copie os
versos onde o personagem de “157” demonstra preocupação com a família, e zelo com a
mãe.
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9 – (vale 0,2 ponto) – Diferentemente do que opiniões e parcialidades sugerem,


Racionais MCs não praticam apologia ao crime em suas músicas... Nenhum dos relatos
mostra criminosos tendo outro fim para suas jornadas que não seja a cadeia ou a morte...
Porém, ao contrário do que foi notado em “O Meu Guri”, a maneira como a morte do
personagem é noticiada, e a reação de sua mãe, é explícita e sofrida...
Assim sendo, copie:
a) a estrofe onde a morte do personagem é mostrada;
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b) a estrofe que relata o desespero dos comparsas em contar a sua mãe que o filho
morreu.
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10 – (vale 0,2 ponto) – Durante a música “Eu sou 157”, Mano Brown, líder do Racionais
MCs, interpreta diversos personagens... Mas, no final, ele interpreta a si mesmo; e profere
um admonitório (discurso de advertência) aos seus ouvintes... Copie a estrofe onde Mano
Brown profere esse discurso.
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11 – (vale 0,2 ponto EXTRA)(NÃO-ACUMULATIVO) – Diferente da poesia, o texto em


prosa é escrito em linhas e parágrafos (grupo de linhas e frases que ilustram uma ideia
em um texto)... O texto “QUATRO MÃOS, VINTE ANOS E UMA LUTA: LIVRAR GURIS
DO ‘157’”, mostra um debate que ocorre entre as músicas de Chico Buarque (O MEU
GURI) e Racionais MCs (EU SOU 157); com um propósito em comum: fazer uma crítica
social... Copie do texto o parágrafo que ilustra o objetivo dos dois artistas em suas obras.
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