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L.

PORTUGUESA
VILSON NABOSNY

6º ANO/EF
GÊNERO TEXTUAL CAUSO VII
AULA 133
OBJETIVOS

● Ler o gênero discursivo causo;


● Reconhecer o foco narrativo do causo;
● Reconhecer os efeitos de sentido criados pela
organização do texto;
● Estudar as expressões - regionalismos.
CONTEÚDOS

● Gênero discursivo causo;


● Expressões - regionalismos.
AQUELE ANIMAL ESTRANHO

Os do Alegrete dizem que o causo se deu em Itaqui, os


de Itaqui dizem que foi no Alegrete, outros juram que só
poderia ter acontecido em Uruguaiana. Eu não afirmo nada:
sou neutro.
[...]
A história foi assim como já lhes conto, metade pelo que
ouvi dizer, metade pelo que inventei, e a outra metade que
sucedeu às deveras. Viram? É uma história tão
extraordinária mesmo que até tem três metades… Bem,
deixemos de filosofanças e vamos ao que importa. A coisa
foi assim, como eu tinha começado a lhes contar.
Ia um piazinho estrada fora no seu petiço - trop,
trop, trop - (esse é o barulho do trote) - quando,
de repente, ouviu - fufufupubum! fufufupubum chiiiipum!
E eis que a “coisa”, até então invisível, apontou por
detrás de um capão, bufando que nem touro brigão,
saltando que nem pipoca, se traqueando que nem velha
coroca, chiando que nem chaleira derramada e largando
fumo pelas ventas como a mula sem cabeça.
“Minha Nossa Senhora!”.
O piazinho deu meia-volta e largou numa disparada
louco rumo da cidade, com os olhos do tamanho de um
pires e os dentes rilhando, mas bem cerrados para que o
coração aos corcoveios não lhe saltasse pela boca. É claro
que o petiço ganhou luz do bicho, pois no tempo dos
primeiros autos eles perdiam para qualquer
matungo.
Chegado que foi, o piazinho contou a história como
pôde, mal e mal e depressa, que o tempo era pouco e não
dava para maiores explicações, pois já se ouvia o barulho do
bicho que se aproximava.
Pois bem, minha gente: quando este apareceu na
entrada da cidade, caiu aquele montão de povo
em cima dele, os homens uns com porretes,
outros com garruchas que nem tinham tido tempo
de carregar de pólvora, outros com boleadeiras,
mas todos de pé, porque também nem houvera tempo para
montar, e as mulheres, umas empunhando as suas vassouras,
outros a sua pá de mexer marmelada, e os guris, de longe, se
divertindo com os seus bodoques, cujos tiros iam acertar em
cheio nas costas dos combatentes. E tudo abaixo de gritos e
pragas que nem lhes posso repetir aqui.
Até que enfim houve uma pausa para
respiração.
O povo se afastou, resfolegante, e abriu-se uma clareira,
no meio da qual se viu o auto emborcado, amassado,
quebrado, escangalhado, e não digo que morto porque as
rodas ainda giravam no ar, nos últimos transes de uma
teimosa agonia. E, quando as rodas pararam, as pobres, eis
que o motorista, milagrosamente salvo, saiu penosamente
engatinhando por debaixo dos escombros
de seu ex-automóvel.
- A la pucha! - exclamou então um guasca, entre
espantado e penalizado - o animal deu cria!
QUINTANA, Mário. Sapo amarelo. São Paulo: Global, 2006.
ATIVIDADE 1
Os do Alegrete dizem que o causo se deu em Itaqui, os
de Itaqui dizem que foi no Alegrete, outros juram que só
poderia ter acontecido em Uruguaiana. Eu não afirmo nada:
sou neutro.
A história foi assim como já lhes conto, metade pelo que
ouvi dizer, metade pelo que inventei, e a outra metade que
sucedeu às deveras.
Qual é a participação do narrador
(contador) na história?
CORREÇÃO

O narrador conta o que aconteceu, o que ouviu dizer e


o que ele inventou. No entanto, apresenta-se neutro
em opinar sobre o local do acontecimento.
Revisando...
Foco narrativo em primeira pessoa - o narrador se torna
também um personagem, assumindo a condição de
narrador protagonista ou narrador coadjuvante.

Foco narrativo em terceira pessoa - o narrador não


participa ativamente dos fatos relatados.
ATIVIDADE 2
Os do Alegrete dizem que o causo se deu em Itaqui, os de
Itaqui dizem que foi no Alegrete, outros juram que só poderia ter
acontecido em Uruguaiana. Eu não afirmo nada: sou neutro.
A história foi assim como já lhes conto, metade pelo que ouvi
dizer[...]
O piazinho deu meia-volta e largou numa disparada louco
rumo da cidade, com os olhos do tamanho de um pires[..]

Pela participação do contador, o foco narrativo apresenta-


se em primeira pessoa, terceira pessoa, ou em ambas?
CORREÇÃO
Nos dois primeiros parágrafos, momento em que o narrador
se apresenta como contador dos fatos, o foco narrativo
encontra-se em 1.ª pessoa, porque ele participa da
organização da narrativa. No demais parágrafos, o foco
narrativo apresenta-se em 3.ª pessoa, e o narrador se coloca
como alguém de fora da história, cujo papel é o de
observador.
A história foi assim como já lhes conto, metade pelo que
ouvi dizer, metade pelo que inventei, e a outra metade
que sucedeu às deveras.
Como o contador divide a história?

a) Em duas metades.
b) Em uma única parte.
c) Em três metades.
d) Em passado, presente e futuro.
A história foi assim como já lhes conto, metade pelo que
ouvi dizer, metade pelo que inventei, e a outra metade
que sucedeu às deveras.
Como o contador divide a história?

a) Em duas metades.
b) Em uma única parte.
c) Em três metades.
d) Em passado, presente e futuro.
ATIVIDADE 3
A história foi assim como já lhes conto, metade pelo que
ouvi dizer, metade pelo que inventei, e a outra metade
que sucedeu às deveras.
Que efeitos de sentido a divisão do causos em três
metades pode provocar em quem lê ou ouve o
causo?
CORREÇÃO

Essa divisão em três metades é para deixar o causo


engraçado. Pode provocar efeito de humor.
A história foi assim como já lhes conto, metade pelo que
ouvi dizer, metade pelo que inventei, e a outra metade
que sucedeu às deveras.
EXPRESSÕES REGIONAIS

De onde vem a expressão TCHÊ?


São duas as teorias que explicam o nascimento desta
expressão tão usada no Rio Grande do Sul. A primeira é de
que ela veio de “che” (algo como o nosso “ei”), termo
comum entre os argentinos, uruguaios e paraguaios que
vivem próximos à fronteira com o Brasil. Outra
possibilidade é de que a expressão tenha vindo
do idioma guarani, na qual pode significar
algo como “eu”, “meu” ou “amigo”.
https://super.abril.com.br/mundo-estranho/de-onde-vem-as-expressoes-uai-vixe-afe-tche-e-eita/
ATIVIDADE 4
Releia os trechos a seguir.
“[...] eles o mataram a pau [...]
Ia um piazinho estrada fora no seu petiço [...]
O povo se afastou resfolegante [...]
A la pucha! - exclamou então um guasca, entre
espantado e penalizado - o animal deu cria!
Como você comunicaria as mesmas ideias
expressas pelos termos destacados,
utilizando expressões de sua região?
CORREÇÃO
“[...] eles o mataram a pau [...]
MANDARAM BEM!
Ia um piazinho estrada fora no seu petiço [...]
MENINO ou GURI - CAVALINHO
O povo se afastou resfolegante [...]
ESBAFORIDO ou OFEGANTE
A la pucha! - exclamou então um guasca, entre
espantado e penalizado - o animal deu cria!
NOSSA ou PUXA ou VIXE - ESPERTO
Vamos conhecer o significado de
algumas expressões dos estados
da Região Sul do Brasil?
EXPRESSÕES REGIONAIS - Paraná
Vina = salsicha
Mala = pasta, mochila
Penal = estojo
Mimosa = tangerina
Borrachudo = mosquito
Tipo… = por exemplo
Me cuidando = me encarando
Picolé = sorvete de palito
Bolacha = biscoito
Pipa = pandorga
EXPRESSÕES REGIONAIS - RS
Bah = interjeição multiuso
Tri = bastante
Guisado = carne moída
Um quadro = pessoa engraçada
Sinaleiro = semáforo
Parada de ônibus = ponto de ônibus
Eita Bigorna! = Eita nós!
Massinha = pão doce
EXPRESSÕES REGIONAIS - SC

Di já oji = diz agora mesmo


Banzé = confusão
Esbudegado = cansado
Nisquinha = pouquinho
Ralha(r) = dar uma bronca
No pio = na conversa
O piazinho deu meia-volta e largou numa disparada louco
rumo da cidade, com os olhos do tamanho de um pires e os
dentes rilhando, mas bem cerrados [...]

No trecho acima, a expressão rilhando quer dizer


a) rangendo
b) roendo
c) ruminando
d) doendo
O piazinho deu meia-volta e largou numa disparada louco
rumo da cidade, com os olhos do tamanho de um pires e os
dentes rilhando, mas bem cerrados [...]

No trecho acima, a expressão rilhando quer dizer


a) rangendo
b) roendo
c) ruminando
d) doendo
ATIVIDADE 5
E eis que a “coisa”, até então invisível, apontou por detrás
de um capão[...]
O piazinho deu meia-volta e largou numa disparada louco
rumo da cidade, com os olhos do tamanho de um pires...
Levante hipóteses do que a expressão destacada os olhos
do tamanho de um pires significa de acordo com o
contexto?
CORREÇÃO

Significa que os olhos ficaram arregalados,


esbugalhados, assustados, com medo, espantado
com a “coisa”.
Bem, deixemos de filosofanças e vamos ao que importa.

No trecho acima, a palavra Filosofanças foi utilizada no


sentido de
a) filosofar, mas no sentido pejorativo.
b) desconhecer a filosofia.
c) usar bem a filosofia.
d) ignorar a filosofia.
Bem, deixemos de filosofanças e vamos ao que importa.

No trecho acima, a palavra Filosofanças foi utilizada no


sentido de
a) filosofar, mas no sentido pejorativo.
b) desconhecer a filosofia.
c) usar bem a filosofia.
d) ignorar a filosofia.
RESUMINDO A AULA
● Lemos o gênero discursivo causo;
● reconhecemos o foco narrativo do causo;
● reconhecemos os efeitos de sentido criados pela
organização do texto;
● estudamos as expressões - regionalismos.

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