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4 o Cidade o quarta-feira, 19/7/89 JORNAL, DO ERAS EL

Centro ambiental o Rio


para Garçons
implantação efetiva dos parques, e utili- Cursos — O terceiro tipo de ação é discutem salários
zação científica das reservas. o treinamento, através da realização de Fotos de Fernanda Mayrink
França e Áustria Atuação — 0 Centro Estadual de programas de capacitação e reciclagem No Sambódromo,
Educação Ambiental já tem local defi- técnica de profissionais de instituições do
ajudam carioca a nido: um prédio na Gávea, que precisa envolvidas direta ou indireta- um prato cheio
ser reformado, pertencente à Feema governo
conservar o verde mente em preservação ambiental; e, ain- de problemas
(Fundação Estadual de Meio Ambiente), da promovendo, junto a diferentes seto-
Os governos da França e da Áustria que administrará a instituição. O centro res da sociedade, cursos
deverá sediar programas de treinamento de 250 garçons, barmen e
participarão dos projetos de criação do e de educação ambiental, servindo de profissionalizantes e de aperfeiçoamento maitres trocaram ontem seus pa-
Centro Estadual de Educação Ambien- técnico e científico, além de estágios e Cerca
tal e de manejo e recuperação de par- apoio ás açòes das instituições que com- letós brancos e gravatas-borboleta por
"quês visitas técnicas a departamentos especia- calças jeans e camisas esporte para se
e reservas estaduais. De volta ao põem o sistema ambiental do estado — lizados da Feema. O centro se propõe
Rio depois de visitar os dois países, o Feema, IEF e Seria (Superintendência juntar no Sambódromo, onde o cardá-
secretário estadual de Meio Ambiente, também a promover seminários, encon- pio era reivindicação salarial e os fre-
Estadual de Rios e Lagoas). Sua implan-
.Carlos Henrique de Abreu Mendes, in- tação está orçada em US$ 400 mil. tros e palestras. gueses a servir, eles próprios e aqueles
formou que o secretário do Ministério Se estivesse em funcionamento, o a quem representavam: os 25.000 pro-
de Meio Ambiente da Áustria, Gerhard Três linhas de ação estão previstas fissionais que trabalham em restau-
Centro Estadual de Educação Ambiental rantes no Estado do Rio.
Heilngbrunner, definirá até o final do para o centro de educação ambiental. abrigaria a intensa programação de trei-
mês uma forma de associação do cen- Na área de informação ambiental, ele Foi um congresso que, apesar da
tro de educação ao projeto, que poderá funcionará como disseminador de dados, namento em meio ambiente que a Feema reduzida presença de participantes e de fl
ser desde aplicação de recursos até coo- mantendo á disposição de interessados preparou para o segundo semestre de não durar mais que uma tarde de dis- a r
peração técnica. documentos técnicos e científicos, além 1989. De julho a dezembro, a fundação cussões, promete sensíveis melhoras
O Instituto de Ordenamento e Urba- realiza 19 cursos, sendo quatro profissio- na folha de pagamento do pessoal do
"nismo de rimas (relatórios de impacto ambien- serviço de mesa. Em alguns grupos de
da Região Central da França (Iau- nalizantes, e ainda oito eventos, entre se-
riQ programou, também para o fim desse tal) e diagnósticos ambientais produzi- trabalho, os garçons (que em sua gran-
dos pelas instituições de meio ambiente. minários, encontros, congressos e pales- de maioria recebem apenas um salário Luis Paiva, do sindicato, a hora ée de servir àa categona
Para Luís categoria
mês, a visita de técnicos ao Rio, com o tras.
.objetivo de dar prosseguimento às nego- mínimo) reivindicavam quatro salá-
ciações iniciadas em Paris, semana passa- Na área de educação, o centro atua- O objetivo é promover a transforma- rios mínimos. E, em vez dos 10% de cobrança de uma conta que é conside- Além do desvio ou diminuição des-
rá no sentido de formar uma consciên- rada comumente um complemento do ses 10%, outro infortúnio que habi-
da, envolvendo os dois projetos. 0 go- ção do comportamento social no senti- gorjeta que habitualmente são incor- baixo salário. tualmente^ acompanha a profissão de
verno do estado, através da Fundação cia ecológica na população por meio de do da proteção do meio ambiente. A porados à nota, sugeriam uma comis- "Esta semana mesmo, recebi
Instituto Estadual de Florestas (1EF), dois tipos de programas: dirigidos a pro- são fixa sobre cada serviço prestado. quei- garçom são cheques sem fundo e fre-
programação visa informar e capacitar xa de um garçom que trabalhava nu- gueses que saem do restaurante sem
pretende beneficiar os três parques esta- fissionais de educação do primeiro e do pessoas de diferentes grupos, especialis- O presidente do Sindicato dos Gar- ma churrascaria em Ipanema e foi sim- pagar. E não adianta discutir. "Para o
duais — Pedra Branca, Ilha Grande e çons, Luís Rodrigues"muitos
Paiva, 37 anos,
Desengano — e as três reservas estaduais
segundo grau, nas redes pública e priva- tas ou não, permitindo aos técnicos da
se queixou de que donos de
plesmente algemado porque reclamou patrão", diz Luis Paiva, "o cliente
— biológica e aeqasotírgica de Guarati- da; e dirigidos a segmentos organizados Feema discutir sua experiência em plane- os 10% que lhe pertenciam", contou tem sempre razão." A procura de um
"ba, biológica de Araras e florestal de da sociedade, como associações de mora- restaurante não repassam para seus Luís Paiva. Ainda de acordo com o
jamento e controle ambientai e, com o empregados esses 10% ou entregam só bom salário é inútil: de acordo com o
Grajaú — com fiscalização eficaz, elabo- dores e de meio ambiente e partidos poli- debate, acrescentar novos conhecimen- o que bem entendem". A situação se presidente do sindicato, só este ano já maitre Volkmar Wendlinger, austria-
ração de plano de manejo, que permita a ticos. chega a 180 o número de garçons e
tos. complica ainda mais quando, segundo barmen que no estado foram demitidos co de 46 anos e arrendatário do restau-
ele, os clientes se recusam a pagar o "por indisciplina", isto é, rante Casa da Suíça, na Glória, sua
mal com eles, recrimina e pune o gar- por reivindi-
carem os 10% cobrados sobre as notas casa é talvez a única do Rio que paga
çom como se este fosse o autor da de restaurantes. ao garçom dois salários mínimos.
E
Devastação faz chover menos

que costuma ocorrer em janeiro e feve- dúvidas de que os aterros e devastações


reiro — até março. Em Campos, 84 foi o são as causas da redução das chuvas,
Veranico no Norte ano mais seco, com apenas 786 milíme- embora ressalte que o Norte Fluminense
tros de chuvas, mas a queda dos índices é uma das regiões de menor pluviosidade
Fluminense agora pluviométricos vem sendo sentida em to- do estado, devido á topografia de planí-
vai até março do o Norte Fluminense. Em Conceição cie. Lucy Hack prevê que a irrigação
de Macabu, a redução chegou a um pon- artifical será cada vez mais utilizada nos
O aterramento de lagoas e a crescente to crítico em 77, com 572 milímetros, canaviais da região — mais de 200 mil
devastação das florestas atlânticas para a menos da metade da média anual do hectares, com 8 milhões de toneladas
expansão da área de cultivo da cana-de- município, que é de 1.418 milímetros. anuais —, pois as chuvas têm escasseado
açúcar reduziu o volume de chuvas no Região de clima tropical — chuvas justamente na época de crescimento das
Norte Fluminense, transformando em no verão, períodos de estiagem no inver- plantas.
rotina anual o veranico (período de seca no, temperaturas entre 16 graus e 30 Embora não tenha analisado os índi-
em pleno verão). A conclusão é da pro- graus —, o Norte Fluminense vem sendo ces pluviométricos a partir de 86, a pro-
fessora Lucy Pinto Hack, do Departa- devastado pela criação de gado e pelo fessora afirma que eles continuam cain-
mento de Geografia da Pontifícia Uni- cultivo da cana desde o Brasil Colônia. do, baseada em observações empíricas c
versidade Católica (PUC) do Rio de Com a expansão dos canaviais nos anos informações de técnicos do Norte Flumi-
Janeiro, que coordena desde 87 um estu- 70, para o atendimnento de metas do nense. O estudo, patrocinado pelo
do sobre as mudanças ambientais nos Programa Nacional do Álcool, usineiros CNPq, contraria antiga tese sobre os
municípios de Campos, São João da Bar- e proprietários rurais destruíram o que veranicos, superada pelas mudanças am-
ra, São Fidélis, Conceição de Macabu e restava da Mata Atlântica e aterraram bientais na região. Trabalho elaborado
Macaé. dezenas de pequenas lagoas da região. em 77 pela meteorologista Marlene Ma-
Os índices pluviométricos de Campos Assim, baixaram a evaporação e a umi- ria Pinto Silva, pioneira no estudo do
no período pesquisado (1976 a 85) mos- dade relativa do ar, com a conseqüente- fenômeno, assegurava que os veranicos
tram o desequilibro ecológico na região. queda dos índices pluviométricos. eram cíclicos — ocorreriam duas vezes
Oito desses 10 anos tiveram chuvas abai- Irrigação — A professora Lucy em cinco anos, em períodos de pelo me-
xo da antiga média anual de 1.085 milí- Pinto Hack, que realiza o trabalho junto nos 27 dias, ou uma só vez, durante 30
metros, com a extensão do vernico — com dois geógrafos da PUC, não tem dias ou mais.

| | Roberto Menezes de Miranda, mineiro de Rio Pomba,


'—'
I I Durante 12 anos. o português Lino Soares de Almeida
'—' foi garçom. Depois, em 1936, tornou-se. "com a
tem 49 anos e boa saúde, mas já decidiu que vai se graça
aposentar daqui a três meses. Começou a trabalhar cedo, de Deus", um dos donos do bem freqüentado restaurante
com 16 anos, quando veio para o Rio: de ajudante de cozi- Timpanas, na Rua São José, no Centro do Rio. Mas. cn-
nhciro, copeiro, telefonista e garçom, chegou a gerente de tão, eram outros os tempos. Começando a servir à mesa em
restaurante e maitre d'hotel. Gostou de tudo, mas "o 1924, na Casa Americana, seu Lino ganhava por mês
melhor foi garçom" e garçom voltou a ser: na Adcga do SO mil réis. "Era um bom dinheiro: com ele eu pagava 15
Porto, na Rua Mana Angélica (Jardim Botânico). Está mil pelo quarto onde dormia, 5 mil pela lavagem da
satisfeito também com o que ganha. No mês passado, roupa e o resto podia guardar." Hoje, com seus 80 anos.
recebeu NCzS 80 e os vales de transporte (mora em Ja- Lino reconhece que os garçons não ganham bem. "Só o
carepaguá), mas não esconde que todo dia recebe também aluguel do quarto leva tudo", diz. A sorte para os que
entre NCzS 30 e NCzS 40 pela cobrança dos 10% sobre a trabalham no Timpanas é que lá não são cobrados os 10%
nota da refeição. E tem orgulho em lembrar que, em sua
vida de garçom, serviu personalidades como o vicc-pre- sobre a conta e o freguês entrega a gorjeta direto a quem o
sidente João Goulart, o governador Carlos Lacerda, Pelé e serve. A explicação do dono da casa é simples: 'VI lei
Roberto Carlos. Deste, guarda boa recordação: "Me deu só permite cobrar os 10% quando tem música ao vivo e
uma gorjeta que era quase meio salário mínimo." aqui não tem nada disso. Se tiver gorjeta, é do garçom."

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A grande base instalada de AS/400: com esta máquina,
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prova que
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dem a simples utilização em mercado mundial.
^; $ jgens especiais que levantam problemas, apontam caminhos, jogos infantis. Saiba, na Entrevista: Edson Fregni.
edição de julho daja Revista
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prometem para o mercado \
\'tácompreender o Rio e suas questões. nacional c como estas má- ma- \ rtt\\.\J$®* . ¦"^S.
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Um Caderno feito por gente que ama o Rio, e quinas podem peri- y\VT \Vt ^i
quer ver a féricos
fericos que as tornam capa-
capa- \ IcfiVG^ SHi para o novo sistema opera-
zes de desempe- cional da IBM chegam ao
. cidade vivendo melhor grandes mercado e são analisados
nhos.
para os leitores de INFO.
Caderno Especial
Espccial de deMi- ;-'\ \ Correio IM-O: quinze mil
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croelctronica: uma política \
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afirmagao tec- blicação brasileira, o Cor-
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Reportagens que in- Produtos e serviços Enquetes com per- Na coluna de Paulo
vestigam por que al- públicos e privados sonalidades e a popula- Casé, que desvenda os
guns problemas do Rio passam por rigorosos ção mostrando o que fenômenos urbanísti-
se perpetuam, como se exames, a cargo de re- a cidade tem de melhor cos da cidade, o concur-
não pudessem ser re- pórteres ou encomen- e de pior. so Olho Vivo vai pre-
solvidos ou ameniza- dados a instituições miar, com uma passa-
dos. As respostas orga- especializadas. gem para Paris, quem
nizam o debate das conhece os detalhes
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Cidade paisagem
A Revista Brasileira
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Nas bancas de Informática.
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