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Abri as portas duplas e entrei no imenso jardim com piso de cerâmica, paredes e teto feitos

de vidro, e senti imediatamente a mudança de temperatura. Calor e umidade encharcaram o


tecido do meu vestido, fazendo com que ele aderisse mais ainda ao meu corpo. As árvores
ao redor se erguiam na quietude da sala escura, iluminada apenas pela luz da lua que
atravessava os vitrais do teto. Inspirei o doce perfume das palmeiras, orquídeas, lírios,
violetas e hibiscos, lembrando-me do closet de mamãe e de todos aqueles perfumes que
exalavam de seus casacos e cachecóis amontoados em um único espaço. Virei à esquerda
e parei em frente às portas que levavam ao terraço. Coloquei os saltos enquanto observava
a multidão. Ergui meu corpo e agarrei um punhado de cabelo para colocar sobre meu
ombro, de forma que cobrisse a cicatriz do lado esquerdo do pescoço.

— Senhorita? — um elfo alto ofereceu-me o que servia em sua bandeja. Sorri, pegando um
copo de cristal que eu sabia ser um Tom Collins. — Obrigada. A bebida amarelo-limão era
uma das favoritas do casal Crist, logo era a que mais circulava entre os convidados. O elfo
desapareceu por entre a multidão, mas permaneci parada no mesmo lugar, observando o
jardim com os olhos. As folhas das árvores se agitavam, a brisa suave ainda soprava os
vestígios do dia quente; observei todos ao redor em seus elegantes vestidos de festa e
ternos. Tão perfeitos. Tão arrumados. As luzes nas árvores e os empregados vestidos em
seus trajes brancos. O pequeno lago cristalino decorado com velas flutuantes. As joias
brilhantes refletindo nos dedos e pescoços das mulheres.

Tudo ali era tão refinado, mas quando eu olhava para aqueles adultos e a família com quem
cresci ao redor, cheios de dinheiro e vestidos em roupas caras, era como ver uma camada
de tinta que você usa para tentar encobrir madeira apodrecida. Havia atitudes sombrias e
sementes ruins, mas quem se importa se a casa estiver caindo aos pedaços sendo bela por
fora, não é mesmo?
O cheiro da comida permeava o ar acompanhado da música suave tocada pelo quarteto de
cordas, e eu estava na dúvida se devia procurar a Sra. Crist e informar que cheguei, ou ir
embora e inventar alguma desculpa.

Ao invés disso, pressionei o copo de cristal com mais força, sentindo o pulso acelerar
enquanto resistia à urgência de fazer aquilo que mais queria. O que eu sempre fazia.

No topo da imponente mansão dos Crist, eu contemplava com gratidão uma visão
abençoada da Floresta Silvanesti. Um lugar majestoso, cuja beleza ia além das aparências
superficiais. Na minha concepção, quanto mais distante eu admirava o lugar onde nasci e
cresci, mais ele se revelava esplêndido. Todos os dias, ansiava por contemplar minha
amada floresta. E assim o fazia. A cidade, sem dúvida, era muito mais inspiradora à
distância. Como muitas coisas, quanto mais perto nos aproximamos de algo belo, menos
bonito ele se torna. O fascínio reside no mistério, não na mera aparência.

E mesmo após todas as viagens que fiz em minha vida, nada me fascinava mais do que
admirar minha cidade natal. Eu a amava. Não posso dizer que as pessoas eram um
exemplo de inspiração e caráter, pois não eram. Eram corruptas, e isso tornava a cidade
menos bela. Mas eu era parte dela, se eles eram sujos, eu também era.

Subi as escadas enquanto refletia sobre o que diria à mulher que me criou como filha e para
a qual eu estava atrasada para sua festa. A resposta era simples: não diria nada. Sentei-me
em um balanço no último andar daquela imensa casa e vi-me relaxando sob a luz da lua.
Mal conseguia distinguir os elfos que passavam, eram como grãos na distância. Isso era o
que eu mais apreciava. À distância, não importa se somos elfos, anões (embora duvidasse
que conseguiria ver um anão sequer como um grão de areia daquela distância), humanos
ou... meio-elfos. Somos apenas grãos. Relaxei meus músculos, aproveitando os últimos
vestígios da bebida forte em minha taça. Em breve, teria que voltar...

Quando finalmente me rendi e admiti que me atrasaria além do aceitável, vislumbrei uma
luz vermelha escarlate que parecia consumir toda a serenidade de minha visão privilegiada.
As cores vivas da grandiosa Floresta Silvanesti foram tragadas por essa luz. Levantei-me
em alerta e me encostei na cerca de madeira que rodeava a varanda, tentando enxergar
além da cortina de fumaça e das chamas que se erguiam. Meus olhos se arregalaram e
corri do topo da casa. Dirigi-me à entrada principal, onde todos estavam em desespero.

— O que está acontecendo aqui? — perguntei ao elfo que lutava para proteger nossa
cidade.

— Estamos sendo atacados, novamente! É uma guerra! — respondeu ele, com os olhos
arregalados.

Surpreendida, preparei-me para ajudá-lo. Corremos juntos para fora da mansão. Ele era um
bruxo habilidoso, um dos mais talentosos que eu já conheci em minhas viagens.
Os soldados vermelhos. Nós, elfos, estávamos enfrentando uma guerra. Temia pela queda
de nossa floresta e, naquela noite, lutando para proteger meu lar, jurei silenciosamente,
empunhando minha espada, que buscaria ajuda.

"Que Paladine me dê forças para salvar minha casa. Que Paladine me conceda seu poder e
permita que a história dos Silvannesti seja contada", pensava enquanto matava qualquer
um que atravessasse meu caminho. Meu objetivo era resgatar meu povo e levá-los para um
local seguro, longe da floresta. Eu lutava ao lado de meus irmãos e pais, protegendo nosso
povo e enfrentando a tirania daqueles que se consideravam superiores.

— Anne, você precisa levá-los para um lugar seguro. Você precisa ir para Kalaman! —
disse meu irmão mais velho, me empurrando para evitar que um ataque me atingisse.

— Não! Sou mais útil aqui, posso ajudar! — respondi relutante em acatar suas ordens.

— Quem vai proteger nosso povo se você ficar? Confie em mim.

Assenti com a cabeça, confiando em meu irmão. Corri, pegando todos aqueles que pude:
anciãos, crianças. No meio do caos, não consegui avistar minha família, mas sabia que eles
estariam seguros. Concentrei minhas forças em levar aqueles que resgatei para um lugar
seguro, mas éramos muitos e estava claro que estávamos perdendo. Estávamos sendo
caçados dentro de nossa própria casa e fugindo pela floresta com um grupo de elfos.
Soldados nos perseguiam, lançando flechas e gritos de guerra.

Eles estavam nos alcançando. Ouvi um grito vindo de algumas pessoas que corriam e olhei
para trás. Os soldados já haviam alcançado nosso grupo com suas habilidades de
cavalaria. Sabia que era apenas questão de tempo, mas não esperava que fosse tão rápido.

— Matem todos! — ordenou um soldado, limpando sua espada em suas vestes, com um
sorriso maléfico nos lábios.

Passei à frente dos elfos, empurrando-os para que continuassem correndo.

— Só quando eu morrer, cultista — respondi com desafio.

E assim começou uma batalha. Quanto mais inimigos eu matava, mais surgiam. Estava
exausta, ferida e sentia minhas mãos doendo. Em um momento de descuido, eles
conseguiram. Chegaram até onde as pessoas que eu resgatei estavam e, num piscar de
olhos, num estalar de dedos, todos foram assassinados. A sangue frio, sem piedade.

— Você não precisava morrer para que tudo aquilo que você inutilmente protegeu fosse
destruído — cuspiu um dos soldados, com deboche, enquanto me segurava pelos cabelos,
forçando-me a assistir à morte de meu povo.

Senti meu corpo queimar de raiva, meus olhos se encheram de lágrimas ao ver o sangue de
meu povo sendo derramado. Por quê? Eu não entendia o que estava acontecendo.
Vivíamos em paz por tantos anos, e agora éramos atacados. Há mais de um ano, vivíamos
o terror de estar encurralados como animais, nosso rei estava cego não queria aceitar
nossa futura derrota, ele era um tolo, o que passava na minha cabeça vendo as cenas de
horror era o quão estúpida eu fui. Quão sem voz eu fui, como eu era uma burra, tudo era
minha culpa, eu tinha que consertar e quando eu arrumasse tudo eu ia pedir ajuda. Por
todos os elfos que hoje perderam suas famílias eu ia lutar, para a recriação da nossa
floresta e para que outros lugares não caíssem . Senti meu corpo ficar leve, flutuando
metros acima do chão, esse pensamento corria pela minha cabeça enquanto eu sentia o
ódio irradiar meu peito. Era como se o poder fluísse por minhas veias, envolvendo-me em
uma áurea de dor e perda. Eu desejava vingança, desejava mudança.

E então tudo explodiu. Minha cabeça nunca tinha ficado em silêncio e a minha volta foi
como todos os gritos tivessem parado por um instante, e meus proprios pensamentos
tivesse sido interrompidos. Uma luz negra irrompeu de meu corpo, e todos ao meu redor
foram consumidos por chamas negras que surgiram da escuridão. Os gritos agonizantes
ecoaram enquanto eu caminhava no meio da agonia de meus inimigos, encarando a morte
de muitos amigos.

Uma flecha acertou meu ombro, mas, mesmo com a dor insuportável, continuei avançando,
olhando para os corpos sem vida de meus companheiros no chão. Eu caminhava
anestesiada entre as árvores, cansada e à beira da morte.

Minha visão estava turva, e aquilo não era nem mesmo metade dos atacantes que
invadiram meu lar. Caminhei e só pararia quando não conseguisse mais ouvir os gritos de
horror de todo meu povo. Chegou um momento em que não sabia se estava escutando os
gritos ou se eles ecoavam apenas em minha mente. "Eles nunca param de gritar". Meu
corpo estava se rendendo, e, mesmo lutando para continuar, minhas pernas fraquejavam.
Não demorou muito para finalmente cair na grama, sentindo o cheiro da terra que antes me
trazia paz, mas agora apenas me fazia chorar. Em um lugar desolado, cercada apenas por
árvores e pela fraca luz da lua, desejei a morte. Não entendia como ainda estava viva. A
vontade de respirar aquele ar impuro era tão pequena quanto um grão de mostarda. Porém,
aqueles gritos agonizantes, os corpos que apareciam em minha mente assim que eu
fechava os olhos, pensando em desistir, me davam um pouco de coragem e força para
continuar vivendo. Ainda ansiava por vingança, meu corpo clamava por isso. Cada
respiração profunda, cada chance de chamar atenção, mesmo sabendo que talvez não
encontrasse ninguém, demonstrava o quanto eu desejava me vingar. Queria o sangue
daqueles que tiraram a paz de meu mundo. Não sabia como, não sabia como unir meu
povo e vingar minha terra, mas sabia que conseguiria. E que levaria o tempo que fosse
necessário para restaurar o que me foi tirado.
Anne Bissoli-Grimmyre

A família Bissoli-Grimmyre é considerada uma das famílias


mais antigas da floresta de Silvanesti. Eduin teve seis filhos
e apenas uma filha, Anne, que ele mesmo considera como
sua maior maldição.
Afinal, para ele, ter uma filha mulher era a pior vergonha
social que ele poderia pedir. Mas apenas ele pensava desta
forma, Anne foi uma menina muito bem tratada por todos
em sua casa, quando claro seu pai não estava por perto.
É uma menina gentil e altruísta, que saiu de casa muito
cedo para se aventurar pelos quatro cantos de Krynn, seu
maior sonho e ambição era conhecer o mundo além de sua
floresta. Era conhecer suas histórias e seus antepassados.
Entender o mundo que vivia e as criaturas que nele
habitavam, entender tudo sobre o mundo e as pessoas
dentro dele, entender a história e ter suas aventuras.

Ispin, O Cavaleiro com escudo extravagante.

Certa vez, um grande aventureiro, com seu grupo,


passou por Silvanesti, que não era frequentemente
visitada por outras raças por serem um pouco
preconceituosos. Esse grupo encantou todos com suas
histórias inesquecíveis, todos paravam para escutar e se
afundar em seus contos, tão fantasiosos que nem
pareciam verdade.

Anne o admirou, o admirou tanto que seu íntimo


implorou para que ela fosse como ele, aventureira, ter
seus companheiros que daria a vida. Anne sempre foi
uma menina cercada de luxo e mentiras, ela queria
aventuras. Queria a verdade. E aquele homem que
contava suas aventuras com tanto entusiasmo parecia
realizado, ele poderia não ser tão rico quanto a familia
Bissoli-Grimmyre, mas Anne tinha certeza que nada lhe
faltava. Seu escudo tão imponente e extravagante. Seus
companheiros que bebiam e pareciam prestar atenção
na história como se suas vivências fossem tão incrédulas
até para eles mesmo.

Anne Bissoli-Grimmyre queria isso, queria ter


companheiros e não viver à sombra de seis irmãos e seu
pai. A família Bissoli-Grimmyre, mesmo com o grande
preconceito que tinha com qualquer outra raça,
hospedou os aventureiros e os ofereceu o mínimo de
gentileza que poderia oferecer. Com essa abertura Anne
pode conversar com os aventureiros e se aproximar
deles. Ela era muito jovem, mas sua determinação e
curiosidade a tornaram muito madura para sua idade.
Ela escutava atentamente as histórias do grupo de
aventureiros e ficava fascinada com cada detalhe.

Ispin, o Cavaleiro com seu escudo extravagante,


percebeu o brilho nos olhos de Anne e a conexão que ela
tinha com suas histórias. Ele via nela a mesma paixão
pela aventura que ele sentia. Os dois passaram horas
conversando, compartilhando experiências e sonhos.

Ispin reconheceu o espírito aventureiro em Anne e


ofereceu-lhe um convite para se juntar ao seu grupo. Ele
viu nela uma valiosa adição ao grupo, uma jovem
determinada que poderia trazer novas perspectivas e
habilidades únicas. Claro que Anne era uma menina
ambiciosa, ela queria traçar seu próprio caminho um
dia, sabia que o grupo de Ispin seriam companheiros
que ela sempre levariam em seu coração. Mas queria ter
a oportunidade de fazer seu próprio grupo, de conhecer
novas pessoas.

Anne então não hesitou em aceitar o convite. Ela sabia


que partir com aquele grupo de aventureiros era a
oportunidade que sempre desejou. Ela queria explorar o
mundo, aprender novas habilidades e fazer a diferença.

Assim, Anne Bissoli-Grimmyre deixou para trás sua vida


de luxo e conforto em Silvanesti para embarcar em uma
jornada cheia de desafios e descobertas ao lado de Ispin
e seu grupo de aventureiros.

Ela anunciou sua partida, prometendo retornar, e


descobriu que deixar sua casa não era tão difícil. Seu
pai nunca havia ficado tão radiante com ela como ficou
com essa notícia. Partiu e passou algum tempo com o
grupo de Ispin, mas logo seguiu seu próprio caminho. No
entanto, tudo o que compartilharam é algo que ela
nunca esquecerá. Anne é eternamente grata a todos do
grupo por tudo o que viveram. Passou uma década
buscando aventuras, explorando cenários tão belos
quanto sua cidade natal. Procurava algo que acendesse
um fogo em seu peito, algo que a fizesse sentir arrepios e
um medo empolgante, o tipo de medo que impulsiona
todo aventureiro. Seu objetivo era desvendar os
segredos do mundo, entender seu passado e fazer sua
própria marca nele. Suas experiências como aventureira
superaram todas as expectativas.

Não apenas encontrou companheiros e conhecimento,


mas também encontrou um lar, pessoas pelas quais
daria sua vida. Juntos, eles escreveram histórias
memoráveis.

Durante uma de suas viagens, Anne encontrou a Flame


of the West, uma espada aparentemente comum, mas
com uma beleza peculiar que refletia o poder imenso
que guardava. Embora fosse apenas uma espada longa
comum, Anne decidiu dar a ela um nome grandioso que
estivesse à altura da promessa da lâmina. Por ser
solitária e ter dificuldade em se comunicar, ela criava
disfarces e personalidades para se expressar. Na
verdade, Anne era uma elfa sem rodeios, que não sabia
quando parar de falar, divagava e era um pouco tímida.

Assim, ela procurou uma persona para se tornar algo


além de uma elfa tímida e desajeitada.

West, esse era o nome adotado, uma pessoa cujo nome


seria aclamado pelos quatro cantos, uma pessoa de
quem as histórias seriam contadas. West, Aest, North e
South, os quatro Cavaleiros Cardeais. Eles formavam um
grupo de desajustados que realizavam trabalhos em
guildas pelo mundo. Cada um tinha sua própria história
de como se tornaram cavaleiros e estavam dispostos a
dar a própria vida pelo grupo.

O segundo cavaleiro

O segundo cavaleiro era Willian Fyal, um ladrão, trapaceiro e


assassino contratado, mas também o melhor amigo de
Anne. Ele foi o primeiro a se juntar a ela após se separar do
grupo de Ispin. Willian não era uma pessoa confiável na
época em que Anne o conheceu. Na verdade, ela estava
investigando uma série de roubos na região norte, junto
com um grupo de aventureiros em busca de recompensa.
Infelizmente, eles pagaram mais para o mercenário do que
para o próprio grupo. Willian foi contratado para matar
qualquer aventureiro que tentasse desvendar os roubos, e
quase conseguiu. No entanto, por ser mulherengo, ele
pegou o dinheiro do contratante e, no fim, decidiu resolver
o mistério junto com o grupo. A partir desse momento,
Anne e Willian desenvolveram uma grande amizade e
decidiram formar um grupo junto com outros dois
aventureiros.

Os quatro cavaleiros mantinham seus rostos desconhecidos


e usavam vestes negras. Às vezes, eles apareciam em
tavernas de diferentes cidades após completarem missões.
Ninguém realmente sabia quem eles eram, pois só se
apresentavam durante a noite. O grupo conseguia
facilmente se misturar com as pessoas, passando
despercebido. Eles poderiam ser vizinhos de um lorde ou
morar em uma pousada. Ninguém conhecia sua verdadeira
identidade nem entendia por que eles se arriscavam tanto.
Afinal, ninguém sabe ao certo por que um aventureiro
decide se arriscar em busca de perigos e desafios.

Viajaram por toda Krynn, cada um com suas próprias


vontades e ambições, mas mantendo uma grande amizade.
Infelizmente, o destino reservou um triste desfecho para
East, que já tinha vivido muitas aventuras e sua reputação
não era das melhores. Alguns assassinos já o conheciam, e
por causa de seu histórico, ele acabou sendo caçado.

Terceiro Cavaleiro

Darius Aranath

Darius Aranath, um tiefling druida, originário de Qualinesti,


uma exuberante floresta élfica. Ele cresceu em meio à
natureza, desenvolvendo uma conexão profunda com os
elementos e os seres que habitam as matas. No entanto,
como alguns elfos, Darius desde que foi resgatado pelos
elfos qualinesti desenvolveu um pequeno preconceito com
os Elfos Silvanesti, exatamente por eles se acharem
superiores e serem mesquinhos com os demais.
O destino de Darius mudou quando ele conheceu Anne
durante uma jornada conjunta em um grupo formado por
um homem rico de Solamia. O objetivo do grupo era
capturar os ladrões que estavam roubando seu dinheiro, e
Darius viu nessa oportunidade a chance de se envolver em
algo maior do que suas disputas pessoais.

Desde o início, Darius sentiu uma conexão especial com "Sir


West", o misterioso membro do grupo cujo rosto
permanecia oculto por uma máscara. Sua curiosidade
cresceu a cada dia, alimentada pela busca incansável pelos
ladrões. Semanas se passaram, repletas de reviravoltas
impressionantes e desafios inesperados, que só
fortaleceram os laços entre Darius e West.

Com a chegada de um assassino de aluguel, que tentou


sozinho assassinar o grupo de aventureiros, mas acabou se
rendendo e ajudando-os a desenrolar essa história que ele
próprio queria manter protegida, uma grande amizade
começou a surgir entre ele e o mascarado. Darius,
inicialmente desconfiado de William, acabou conquistado
pelo charme do ladino e, assim, os três deram início a uma
grande aventura por Kryn. Para Darius, foi uma surpresa
descobrir que West era, na verdade, uma elfa e, mais
especificamente, uma elfa silvanesti. Ele costumava brincar
com o fato de ela ser um "defeito" na linhagem, afinal, os
Silvanesti eram conhecidos por seu preconceito e rigidez,
enquanto Anne se mostrava muito mais descontraída e
desafiadora em relação às convenções elficas.

No desfecho magnífico da jornada, o grupo finalmente


conseguiu capturar os ladrões e trazer justiça ao homem
rico. Nesse momento, Darius percebeu que sua verdadeira
missão não era apenas resolver suas diferenças com os
elfos, que a princípio era seu objetivo mesmo com o
preconceito, mas sim unir-se a Anne e William para criar
algo grandioso. E ajudar não apenas as pessoas que o
acolheu, mas todos que precisassem.

O quarto cavaleiro

Callon Shadowthorn, um paladino reservado e habilidoso


originado de Solamnia, entrou na vida do trio West, William
e Darius de forma inesperada, em uma situação um tanto
embaraçosa. Ele era um guerreiro solitário, desconfiado e
com dificuldades em confiar nas pessoas, o que o levava a
buscar missões além do seu alcance. Callon tinha uma
família em Solamnia e precisava enviar dinheiro para
sustentá-los. Após uma série de acontecimentos
engraçados que deixaram Callon na neve, o trio decidiu
ajudá-lo e juntos completaram uma missão.

Callon estava determinado a limpar seu próprio nome,


embora não tenha compartilhado muitos detalhes sobre o
motivo. Sua vida era um mistério, mas o trio nunca
questionou, tratando-o como parte da família. Eles se
consideravam os quatro cavaleiros.

Anne assumiu o título de Sir West.


William se tornou Sir East.
Darius adotou o nome de Sir South.
E Callon foi reconhecido como Sir North.
Juntos, eles formaram um pequeno grupo de aventureiros
conhecido como Os Cavaleiros Cardeais. Suas jornadas os
levavam por toda Kryn, em busca de desvendar os mistérios
dessa terra repleta de mentiras e segredos ocultos. Cada
um dos quatro cavaleiros trazia suas habilidades únicas
para a equipe, fortalecendo seu vínculo e tornando-os uma
força a ser reconhecida.

Após anos de perseguição e ataques constantes, o grupo


dos quatro cavaleiros havia se acostumado a viver sob a
ameaça constante da caçada a William. Eles adotaram
medidas de precaução, vivendo suas vidas com cuidado e
mantendo suas verdadeiras identidades em segredo. Anne,
ao longo dos anos, treinou William para se disfarçar como
ela, ensinando-lhe tudo o que sabia sobre magia. Com o
tempo, a aparência de William não era mais um problema,
pois ele podia assumir a forma de quem quisesse. No
entanto, viver sob a aparência de outra pessoa não o
satisfazia. Ele preferia ser perseguido a esconder sua
verdadeira identidade. Assim, William, ou East, era o único
membro do grupo conhecido publicamente.

Com o conhecimento de sua identidade, o grupo dos


quatro cavaleiros enfrentava constantes ataques. Eles
evitavam permanecer em uma cidade por muito tempo,
garantindo que seus inimigos não os encontrassem
facilmente.
Ao longo de oito anos, o grupo viajou por todos os cantos de
Kryn, cada membro com suas próprias ambições, que
gradualmente se tornaram os objetivos coletivos do grupo.

William não era apenas um ladrão habilidoso, mas também


um acadêmico ávido. Ele nutria uma curiosidade insaciável
pelo vazio histórico do mundo em que viviam. Suas palavras
despertavam a curiosidade e incitavam os demais
aventureiros a embarcar nessa busca por respostas. "Algo
está faltando, algo está errado!" Ele repetia enquanto a
curiosidade e o desejo de explorar as profundezas do
mundo cresciam em suas mentes.

Darius, inspirado por sua convivência com Anne, ansiava


pela união das tribos élficas. Percebeu o quão errado era o
preconceito e desejava unir as tribos para fortalecer seu
povo. Essa ideia também ressoava fortemente em Anne,
que compartilhava o sentimento de viver em um mundo
repleto de preconceitos e sem aliados. Juntos, eles
planejavam forjar alianças entre suas respectivas tribos.

Callon, o mais reservado dos três, raramente discutia suas


ambições. Seu passado era envolto em mistério, e embora
todos soubessem que ele desejava limpar seu nome,
evitavam tocar no assunto, pois ele parecia desconfortável
ao falar sobre isso. No entanto, todos sabiam que ele amava
profundamente sua família. Anne e Darius tiveram a
oportunidade de conhecer sua família durante uma breve
separação do grupo, passando alguns dias hospedados em
sua casa e sendo recebidos de braços abertos.

Anne, no início, não tinha uma ambição clara além de


querer ser livre. Ela desejava entender e dominar seus
poderes mágicos, buscando aprimorar suas habilidades.
Além disso, ela queria trazer modernidade e progresso para
a floresta de Silvanesti, rompendo com os dogmas
tradicionais de sua tribo. Ela desejava alcançar poder não
apenas para si mesma

, mas também para fazer grandes ações e estabelecer


alianças duradouras, que deixassem um impacto
significativo no mundo.

Assim, as ambições individuais dos quatro cavaleiros se


fundiram em uma jornada comum, alimentada pela
curiosidade, justiça, união e desejo de liberdade. Juntos,
eles se tornaram uma força formidável, prontos para
enfrentar os desafios que Kryn lhes reservava.

Mas mesmo com um nobre pensamento eles não estavam


livres do mal que os seguia em uma noite, enquanto os
quatro cavaleiros estavam em uma taverna celebrando,
Anne percebeu a inquietação de William. Ela tentou animar
o amigo e pediu que ele se acalmasse, lembrando que
ninguém realmente sabia quem eles eram. No entanto,
William estava convicto de que algo ou alguém o estava
observando nas sombras. Com esse pressentimento, os
quatro cavaleiros se retiraram para seus quartos mais cedo
do que o habitual.

Na manhã seguinte, no quarto em que Anne dormia com


William, uma cena terrível se desenrolou. Havia uma poça
de sangue nos lençóis brancos e uma elfa aterrorizada sem
saber como aquilo aconteceu.
No meio da madrugada, Anne acordou e percebeu que a
cama de William estava vazia. Ela o procurou pelos cantos,
mas acabou retornando ao quarto. Por instinto, decidiu
arrumar o lençol da cama dele e se deparou com uma
grande poça de sangue. Ficou completamente atônita e
sem reação. Incapaz de chamar seus companheiros, passou
horas encarando o mesmo local, cheia de angústia.

Os três restantes realizaram um funeral para o amigo e


aceitaram que ele tinha vivido aventuras demais. Afinal, o
grupo mantinha suas identidades em segredo por um
motivo. Infelizmente, William era alvo de muitos inimigos.
Eles concluíram que ele havia sido vítima de um
assassinato, talvez por alguma gangue desconhecida. Por
muito tempo, o trio de cavaleiros buscou vingança, lutando
para limpar o nome manchado e superando o luto pela
perda de seu companheiro, da forma mais brutal que ele
conseguiram. Essa busca por justiça se tornou a chama que
os impulsionou adiante.

Mesmo com o amargor do luto ainda presente, eles se


lembravam dos últimos anos juntos como cavaleiros. Todos
no grupo, especialmente William, ansiavam por um único
propósito: conhecimento. Foram os melhores anos de suas
vidas, e embora cada um tivesse seus próprios objetivos, a
curiosidade os unia.

Após a morte de William, Anne e os demais sentiram-se


perdidos. Durante dois anos, ela tentou manter o grupo
unido, mas eles estavam se afundando em uma espiral de
vingança sem fim. Mortes em vão ocorriam, e o grupo já
não podia mais ser considerado um grupo de aventureiros
heróicos, como haviam pretendido. Estavam
completamente perdidos em seu desespero por vingança,
não importando o preço ou quem estivesse envolvido.

Durante esse período, Anne percebeu que não era uma boa
líder. Sua família mergulhou em uma cegueira e crueldade
sem precedentes, afastando-se de seu antigo trono de
glória e vagando pelos lugares mais sombrios, matando
qualquer um que cruzasse seu caminho.

Como uma última ordem, ela fez o que todos em seus


íntimos queriam, mas não sabiam como dizer. Ela juntou
eles em uma reunião, e decidiu que deixaria cada um em
suas respectivas terras, para depois voltar para a sua própria
casa. Ela queria ter certeza que eles estavam bem, queria
ter certeza que sua família ficaria segura, e a única coisa que
pediu foi que eles descansassem e superassem o luto de
forma saúdavel. Ela foi sincera, disse que não sabia como
poderia voltar a se aventurar, não sem pensar todos os dias
nesta pequena família que eles criaram.

O primeiro a ser deixado foi Callon, ele morava em


Sollamnia, passaram poucos dias lá, Anne e Darius
conheceram sua esposa e filhos, descobriram algumas
coisas sobre Callon mas principalmente que ele era
amoroso e devotado aos seus costumes e a sua casa. Seus
filhos eram tão simpáticos e energéticos, Anne passava
horas brincando com eles e imitando o pai deles para fazer
graça.

Depois Darius foi deixado em sua casa, Anne não se


demorou muito, sabia que a vagem até sua casa demoraria
e ela teria que passar por Plains of Dust, era uma grande
jornada. Os elfos Qualinesti diferente do que ela esperava
foram receptivos e ela junto com Darius falou sobre essa
ideia, de juntar as tribos e fazerem elas se tornarem uma
potência para futuras ameaças. (Não sei como eles
reagiriam a isso, mas eu deixo pra você me dizer Mayron)

Depois de quatro dias, Anne decidiu que era melhor


retornar à sua terra natal. Eles estavam viajando esse tempo
todo com cavalos, cada um ficou com seus respectivos
donos o de William estava servindo para levar a bagagem,
mas agora ela não precisava levar ele. Decidiu deixar Eros
aos cuidados de Darius e seguiu viagem com sua égua. Ela
não falava sobre seus últimos anos de aventuras, que foi o
mais significativo de sua vida até presenciar a degradação
de seu grupo, ela sabia que não poderia esquecer nunca o
rosto de nenhum dos inimigos que ela ceifou, ou das vidas
que ela tirou. Sempre contava as histórias de West para seus
irmãos e qualquer um disposto a ouvir, mas infelizmente
não pôde compartilhá-las com o mundo todo, e nem
continuar seu legado com seus amigos. Seus parceiros
haviam se tornado seu mundo. Ela nunca imaginou que um
dia conseguiria embarcar em novas aventuras pelo mundo
novamente, ela não se sentia sozinha ela sabia que poderia
contar com os cavaleiros, mas ela sentia um vazio. O vazio
de algo que não foi acabado

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Sir.West
Anne acordou sem muitas lembranças, confusa e ferida. Seu
instinto foi se transformar na figura de seu irmão mais velho, uma
ilusão imperfeita, mas o suficiente para enganar seus perseguidores.
Ela estava fraca e sangrando, e quando a mulher de cabelos
brancos, Edel, a resgatou, Anne não sabia se podia confiar nela. Ela
permaneceu em silêncio, desconfiada e em estado de choque com
tudo o que havia acontecido.

Edel, persistente em sua busca pela verdade, perguntava


repetidamente a Anne o que havia ocorrido. No entanto, Anne
nunca respondia. Ela se apresentou como Sir. West, assumindo a
aparência de um homem e criando uma persona fictícia para
proteger sua identidade. Ela revelou que vinha de uma família
nobre e que algo terrível havia acontecido em seu lar, resultando em
muitas mortes. Ela estava determinada a descobrir a verdade por
trás da tragédia e estava disposta a ajudar Edel em suas ambições se
a mulher estivesse disposta a ajudá-la em seu objetivo.

Sir West compartilhou poucas informações sobre sua situação, pois


o assunto era doloroso demais para ele. Edel compreendia a tristeza
em seus olhos azuis e não pressionava por detalhes. Como um gesto
de lealdade e prova de suas habilidades, Sir West decidiu se
inscrever para a Alta Feitiçaria, mostrando sua disposição para
apoiar Edel e seu poder.

Durante o tempo que passaram juntos, Sir West desenvolveu fortes


sentimentos de amizade e companheirismo por Edel, algo que ele só
havia sentido anteriormente pelos cavaleiros. Ele apreciava essa
conexão e confiava em sua nova companheira. Ainda havia o peso
da perda em seu coração, e ele sabia que, em algum momento, teria
que revelar a verdade sobre sua identidade. No entanto, por ora, ele
continuava a confiar em Edel e a lutar ao seu lado, esperando
encontrar respostas e justiça para o que aconteceu em seu lar.
Sir West sentia uma fúria ardente dentro de si, alimentada pela
destruição de seu lar e pela perda de entes queridos. A vingança
tornou-se seu objetivo primordial, e ele não se importava com os
meios necessários para alcançá-la. Não havia limites em sua busca
por justiça, mesmo que isso significasse enfrentar uma nação
inteira.

Para Sir West, as únicas pessoas que importavam em sua vida agora
eram Wander e Edel. Eles foram os únicos que estenderam a mão
para ajudá-lo em sua dor e sofrimento, e ele se sentia
profundamente grato por sua presença e apoio. Ele sentia que
nunca poderia retribuir o suficiente o que eles fizeram por ele.

Movido por sua ira e determinação, Sir West estava disposto a


enfrentar qualquer obstáculo em seu caminho. Ele não hesitaria em
confrontar todos aqueles que tivessem qualquer envolvimento na
destruição de seu lar, e sua vingança seria implacável e brutal.

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