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Licenciatura: História
Índice:
1. Introdução………………...………….………………………………………………..2
3. O
Quotidiano………………………………………………………………………….3
3.2. A Escravatura………………………………………………………………………
4
3.3. A Tradição
Cultural………………………………………………………………...5
4. Conclusão…………...............…………………………………………….
…………...6
5. Bibliografia………….……………………………………...…………………………7
1. Introdução
O presente trabalho tem como objetivo analisar o impacto da indústria sacarina
no quotidiano da população da ilha da Madeira, durante os séculos XV a XVII. Desta
forma, para uma melhor compreensão do tema, é fundamental contextualizar esta
atividade económica e identificar quais foram as transformações que esta desencadeou e
para as quais contribuiu, de modo a determinar a sua repercussão no dia-a-dia dos
residentes deste território. Para tal, incidirei primariamente na informação recolhida e
compilada pelo Doutor Alberto Vieira em Canaviais, Açúcar e Aguardente na Madeira.
Séculos XV a XX., e apoiando-me também na obra Saudades da Terra de Doutor Gaspar
Frutuoso, e nas Vereações da Câmara Municipal do Funchal. Século XV, reunidas pelo
Doutor José Pereira da Costa.
1
VIEIRA, Alberto. (2004). Açúcar e Aguardente na Madeira. Séculos XV a XX (pág. 33 e 34). Funchal:
Centro de Estudos de História do Atlântico.
subsistência e do ritual cristão, enquanto o último encerrou a ambição e voracidade
mercantil da nova burguesia europeia que fez da Madeira o principal pilar para
afirmação na economia atlântica e mundial” 2. Esta divisão de culturas traduzia as
tensões sociais existentes entre diferentes classes, se de um lado tínhamos os “produtos
básicos” para o dia-a-dia, direcionada à população mais pobre, do outro tínhamos a
mercadoria de exportação dos grandes proprietários, tal resultou num clima longe de
pacífico, com tensões constantes.
3. O Quotidiano
3.1. A População, a agricultura e sua dispersão no território
Gaspar Frutuoso, contemporâneo do século XVI, afirma que a cana sacarina “tem
enriquecido muitos mercadores, forasteiros e boa parte dos moradores da terra” 3.
Compreendemos então que, para além da melhoria geral da qualidade de vida, a
população da ilha era constituída por uma variedade de origens, sendo a maioria
descendente de colonos portugueses, mas que também era comum a presença de
comerciantes, portugueses continentais e outras regiões da Europa, que procuravam
lucros no negócio do açúcar. A presença de escravos também era uma realidade,
principalmente nas regiões mais urbanizadas e em propriedades de senhores, algo que
será discutido mais à frente.
2
Ibidem (pág. 77).
3
FRUTUOSO, Gaspar. (1998). Saudades da Terra (pág. 35). Ponta Delgada: Instituto Cultural de Ponta
Delgada.
4
VIEIRA, Alberto. (2004). Açúcar e Aguardente na Madeira. Séculos XV a XX (pág. 109). Funchal:
Centro de Estudos de História do Atlântico.
proximidade destes cursos era crucial. Isto também nos remete para outra realidade da
população, que era a sua proximidade e convívio com estes engenhos, um aspeto da
vida quotidiana dos trabalhadores livres e escravos que trabalhavam nas fazendas. Tal é
percetível em Saudades da Terra, nos capítulos XIV a XIX5, principalmente pela
recorrência com que Frutuoso os refere quando descreve as vilas e propriedades da ilha,
e que Alberto Vieira também analisa e discute6.
3.2. A Escravatura
5
FRUTUOSO, Gaspar. (1998). Ibidem (pág. 49 a 58). Ponta Delgada: Instituto Cultural de Ponta
Delgada.
6
VIEIRA, Alberto. (2004). Ibidem (pág. 199 a 201). Funchal: Centro de Estudos de História do Atlântico.
7
COSTA. José Pereira. (1994). Vereações da Câmara Municipal do Funchal. Século XV (pág.724 a 803).
Funchal: Centro de Estudos de História do Atlântico.
8
VIEIRA, Alberto. (2004). Ibidem (pág. 80 e 81). Funchal: Centro de Estudos de História do Atlântico.
9
W. D. Philips Jr. (2013). Slavery in Medieval and Early Modern Iberia (pág. 225 e 226) Pennsylvania:
University of Pennsylvania Press.
propriedade conduziram a esta peculiar realidade”10. Deste modo entendemos que os
canaviais madeirenses eram caracterizados por uma dinâmica própria e particular, que
também contava com a presença significativa de trabalhadores livres, que trabalhavam e
conviviam lado a lado com os escravos, e se revelavam essenciais pela ausência de uma
estrutura industrial, ou seja, o contrário daquilo que será verificado no Brasil11.
Outro aspeto dentro deste tópico, mas mais relacionado ao urbanismo, é a cidade
do Funchal como uma “cidade do açúcar”. Apesar de parecer apenas um detalhe
historiográfico sem qualquer problema, revela uma perceção reducionista em relação à
cidade e, por sua vez, à ilha. Outro problema seria a ideia de que a cidade é como é,
devido ao açúcar, como uma espécie de fator primário, interveniente ou inspiração, algo
que não se revela inteiramente verdadeiro pois não temos base para isto, sendo mais
correto ver o açúcar como um catalisador da atividade socioeconómica, o que permitiu o
investimento no desenvolvimento arquitetónico e cultural da cidade15.
10
VIEIRA, Alberto. (2004). Ibidem (pág. 294 e 295). Funchal: Centro de Estudos de História do
Atlântico.
11
Ibidem (pág. 285).
12
Ibidem (pág. 296).
13
FRUTUOSO, Gaspar. (1998). Ibidem (pág. 41). Ponta Delgada: Instituto Cultural de Ponta Delgada.
14
VIEIRA, Alberto. (2004). Ibidem (pág. 71). Funchal: Centro de Estudos de História do Atlântico
15
VIEIRA, Alberto. (2004). Ibidem (pág. 72 e 73). Funchal: Centro de Estudos de História do Atlântico
4. Conclusão
- W. D. Philips Jr. (2013). Slavery in Medieval and Early Modern Iberia. Pennsylvania:
University of Pennsylvania Press.