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PROVIMENTO Nº 369, DE 21 DE JUNHO DE 2016.

Disciplina o exercício das funções de conciliador e


mediador no âmbito do Poder Judiciário do Estado de
Mato Grosso do Sul.

O CONSELHO SUPERIOR DA MAGISTRATURA, no uso das atribuições


legais e regimentais, e

CONSIDERANDO que já se encontra em vigência a Lei nº 13.140, de 26 de


junho de 2015, e que recentemente entrou em vigor a Lei nº 13.105, de 16 de
março de 2015 – Novo Código de Processo Civil, fazendo-se necessárias
medidas urgentes que disciplinem, no âmbito do Poder Judiciário Estadual, o
exercício das funções de conciliador e mediador, inclusive fixando os critérios
para sua remuneração;

RESOLVE:

Art. 1º Disciplinar o exercício das funções de conciliador e de mediador no


âmbito do Poder Judiciário do Estado de Mato Grosso do Sul, na forma das
disposições deste Provimento, observadas as normas pertinentes constantes
das Leis nºs 13.140, de 26 de junho de 2015, 13.105, de 16 de março de 2015
– Novo Código de Processo Civil, e Resolução nº 125, de 29 de novembro de
2010, do Conselho Nacional de Justiça.

Art. 2º As atividades de conciliador e de mediador, consideradas de relevante


caráter público, são temporárias, sem vínculo empregatício, contratual ou
estatutário, desempenhadas na forma das normas que regem a matéria.

Art. 3º O ingresso nas funções de conciliador e mediador dar-se-á mediante


prévia indicação de cada juízo do Estado e/ou cadastramento junto ao Núcleo
Permanente de Métodos Consensuais de Conflitos – NUPEMEC, pelo prazo
de 2 (dois) anos, prorrogável por igual período, sucessivamente, no interesse
da Administração.
§ 1º Cada juízo poderá indicar 01 (um) conciliador/mediador por intermédio
de ofício encaminhado ao Núcleo Permanente de Métodos Consensuais de
Solução de Conflitos – NUPEMEC, cabendo a este a análise do
preenchimento dos requisitos pelos indicados, com posterior remessa do nome
à Secretaria do Conselho Superior da Magistratura para expedição do ato de
designação.

§ 2º Na forma das disposições contidas na Resolução nº 125/2010 do CNJ,


poderão atuar nos Centros Judiciários de Solução de Conflitos e Cidadania –
CEJUSC’s mais de 01 (um) conciliador/mediador.

§ 3º O indicado pelo magistrado ou cadastrado no NUPEMEC acumulará as


funções de conciliador e mediador, podendo atuar em mais de um juízo ou
Centro, observada a demanda do serviço e o interesse da Administração.

§ 4º A atuação de que trata o § 3º deste artigo dar-se-á em dias diferentes por


juízo e/ou Centros.

Art. 4º São requisitos para a habilitação nas funções de conciliador e de


mediador:

I – ter curso de nível superior há pelo menos 2 (dois) anos, em qualquer área
do conhecimento, devidamente reconhecido pelo MEC;

II – ter certificado de curso de capacitação realizado pelo Tribunal de Justiça,


nos moldes da Resolução nº 125/2010 do CNJ;

III – não ter sido condenado criminalmente por decisão transitada em julgado;

IV – não ser parte em processo em andamento no juízo no qual pretenda


exercer a função;

V – ser cadastrado, no caso de profissionais indicados pelo NUPEMEC,


conforme Resolução nº 125/2010 do CNJ;

§ 1º A habilitação de que trata o caput deste artigo dar-se-á cumulativamente


para ambas as funções.

§ 2º A comprovação do requisito constante do inciso I deste artigo dar-se-á


mediante a apresentação do diploma ou certificado de conclusão de curso, que
deverá ser encaminhado ao NUPEMEC, juntamente com o ofício da
indicação.

§ 3º O certificado previsto no inciso II deste artigo deverá ser apresentado


após a participação em curso a ser ministrado por instrutores do NUPEMEC,
através da Escola Judicial de Mato Grosso do Sul – EJUD, dentro do prazo de
01 (um) ano, a contar da publicação do ato de designação do indicado, sob
pena de desabilitação, ficando os indicados obrigados a comparecerem ao
curso quando convocados.

§ 4º Nas comarcas onde existam ou sejam instalados os Centros Judiciários de


Solução de Conflitos e Cidadania – CEJUSC’s, os conciliadores e mediadores
indicados pelos juízos deverão participar do estágio supervisionado junto a
tais Centros, conforme determina a Resolução nº 125/2010 do CNJ.

Art. 5º O Tribunal de Justiça, através do NUPEMEC, manterá o controle dos


dados dos indicados a mediadores e conciliadores pelos juízos, bem como o
cadastro Estadual dos profissionais formados no estágio supervisionado.

§ 1º Os magistrados e servidores inativos poderão ser indicados, desde que


obedecidos os requisitos dispostos no art. 4º deste Provimento.

§ 2º Os servidores ativos indicados pelos magistrados para atuarem como


conciliadores/mediadores deverão realizar as sessões em horários
diferenciados da sua jornada de trabalho.

§ 3º Os conciliadores e juízes leigos dos Juizados Especiais poderão acumular


as funções de conciliadores/mediadores indicados pelos juízos ou cadastrados
pelo Núcleo, desde que em dias diferenciados.

Art. 6º A supervisão das técnicas a serem utilizadas nas sessões de


conciliações e mediações se dará pelo NUPEMEC, a partir da capacitação do
profissional.

Art. 7º As sessões deverão ser realizadas no espaço físico de cada juízo e a


pauta deverá ser organizada pelos Escrivães ou Chefes de Cartório, cabendo-
lhes a distribuição dos processos aos conciliadores/mediadores, observado,
quanto à conciliação, a inclusão de um quantitativo mínimo de 8 (oito)
processos por audiência, excetuadas as causas das Varas Especializadas de
Família, em que o mínimo exigido será de 6 (seis) processos por audiência.

Parágrafo único. Nas comarcas onde existam os CEJUSC’s, as pautas e


funcionamento das sessões ficarão sob a responsabilidade destes.

Art. 8º Será aplicado aos conciliadores e mediadores as mesmas hipóteses


legais de impedimento e suspeição dos juízes, sendo dirimidas, quando
suscitadas, pelo juiz presidente do processo e pelos Coordenadores do
NUPEMEC.

Parágrafo único. O mediador fica impedido, pelo prazo de 1 (um) ano,


contado do término da última audiência em que atuou, de assessorar,
representar ou patrocinar qualquer das partes, assim como atuar como árbitro
e funcionar como testemunha em processos judiciais ou arbitrais pertinentes a
conflito em que tenha atuado, nos termos da Lei nº 13.140, de 26 de junho de
2015.

Art. 9º Será concedida gratificação pecuniária, sujeita aos descontos legais,


pelo desempenho das funções dispostas neste Provimento, observados os
seguintes valores e parâmetros:

I – quando na função de mediador: o valor de R$ 50,00 (cinquenta reais) por


processo que atuar, independentemente do número de sessões;

II– quando na função de conciliador: independentemente do resultado, o valor


de R$ 100,00 (cem reais) por dia de atuação, em no mínimo 8 (oito)
processos, excetuando-se as conciliações envolvendo as causas das Varas
Especializadas de Família, em que o mínimo exigido será de 6 (seis)
processos por audiência.

§ 1º Os valores mensais das gratificações percebidas pelo


mediador/conciliador terão o limite máximo de R$ 1.500,00 (um mil e
quinhentos reais) por juízo e por CEJUSC que atuar, não podendo ser
computados para o mês seguinte os valores excedentes.

§ 2º O controle da produtividade dos conciliadores e mediadores para a


confecção da folha de pagamento será de responsabilidade da Secretaria do
Conselho Superior da Magistratura e se dará através de sistema desenvolvido
pela Secretaria de Tecnologia da Informação, que computará as
movimentações lançadas no Sistema de Automação Judiciária - SAJ,
autorizadas pela Corregedoria-Geral de Justiça.

Art. 10. Os CEJUSCs, onde houver, auxiliarão os juízos na realização das


sessões de conciliações e mediações judiciais e serão os responsáveis pelos
procedimentos pré-processuais.

Art. 11. Este Provimento entra em vigor na data de sua publicação.

Art. 12. Fica revogado o Provimento nº 359, de 1º de março de 2016.

Campo Grande, 21 de junho de 2016.

Des. João Maria Lós


Presidente do TJ/MS

Des. Paschoal Carmello Leandro

Vice-Presidente do TJ/MS

Des. Julizar Barbosa Trindade

Corregedor-Geral

DJMS-16(3600):3-4, 22.6.2016 (caderno 1)

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