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Sara Carolyne Gomes Ramos

Fichamento de número 05: A construção do saber

RONDONÓPOLIS-MT
2024
Os princípios da eficácia e transparência resultam em regras para a
comunicação científica e a apresentação de relatórios de pesquisa. Essas regras
facilitam a comunicação e ajudam o leitor a entender os elementos do relatório,
especialmente aqueles que garantem seu valor. As normas recomendadas pela
ABNT são amplamente aceitas e seguidas no Brasil, mas há outras, como as normas
da França, empregadas nas ciências humanas, e as da APA, específicas para essa
área. Em instituições de ensino, pode haver orientações próprias. O importante é
aplicar as regras de forma rigorosa e homogênea, mesmo que um relatório inicial exija
menos regras do que um mais complexo. Mesmo assim, é importante conhecer todas
as regras aplicáveis, sendo algumas relacionadas à expressão correta, métodos de
trabalho intelectual e outras especializadas.
Quando o pesquisador já possui a sua pesquisa concluída, ele vai se deparar
com uma grande quantidade de material documental, que vai ser a base de seu
relatório. Para construir uma demonstração eficaz, ele começa por estabelecer um
projeto.
O material documental inclui diversas observações, fichas, notas de leitura,
referências, extratos de textos fotocopiados, informações brutas e construídas, entre
outros. O pesquisador tem consciência de que somente utilizará o que for necessário
para sua demonstração, descartando o restante. Ele também tem uma ideia de como
organizar seu relatório, passando do problema estudado às conclusões, oferecendo
um fio condutor entre eles, pois a pesquisa prática já foi concluída. Dessa forma, ele
parte com uma ideia de plano, organizando o material em pastas vazias para cada
parte considerada, distribuindo-o entre elas. Caso haja dúvidas sobre qual pasta
colocar uma peça, ele pode decidir temporariamente e realizar ajustes
posteriormente. As peças que não se encaixam são mantidas em uma pasta
separada, podendo ser descartadas caso não sejam úteis. Durante essa organização,
o pesquisador pode ter ideias para a elaboração do relatório, anotando-as em fichas
e colocando-as nas pastas correspondentes. Após a primeira organização, ele pode
rever o plano e fazer ajustes, distribuindo o material de acordo com a necessidade.
Depois de algumas modificações, ele terá pastas dispostas de acordo com a ordem
desejada para o relatório. Cada pasta contém apenas o essencial, preferencialmente
na mesma ordem da redação da parte correspondente.
O plano de um relatório de pesquisa geralmente inclui tópicos específicos, tais
como introdução, método ou metodologia, resultados, discussão e conclusão.
Contudo, essas partes não são aplicáveis de forma automática e obrigatória. Por
exemplo, um relatório de pesquisa volumoso, um livro ou uma tese podem conter
partes que antecedem a introdução e que seguem a conclusão, como prefácio,
sumário e listas, mas essas partes geralmente não são encontradas em artigos ou
relatórios curtos. O início do relatório de pesquisa em formato de artigo é a introdução,
e os dados bibliográficos nem sempre são incluídos no final, assim como em um livro,
podendo estar no rodapé. As partes principais do relatório, que vão da introdução à
conclusão, não precisam seguir uma estrutura estereotipada, mas podem ser
apresentadas de diversas maneiras, dependendo da natureza da pesquisa e da
abordagem do pesquisador.
Por exemplo, na introdução, o pesquisador pode apresentar o problema da
pesquisa, suas coordenadas e o que se espera do estudo, o que corresponde à parte
"problema e problemática" do plano de estudo. A parte "método ou metodologia", que
compreende a escolha do método, os dados e a análise dos dados, pode ser um bloco
único em pesquisas experimentais ou em pesquisas com dados quantificados. Não é
necessário usar títulos e subtítulos simples, como "problemática", "método", "análise
dos dados", etc. O autor pode organizar o relatório de acordo com a sua conveniência
e criatividade, desde que mantenha a clareza e a rigidez necessárias para a
comunicação da pesquisa.
No relatório de pesquisa, as páginas iniciais são aquelas que começam antes
da introdução e são numeradas com algarismos romanos minúsculos. Além da capa
e da folha de rosto, essas páginas podem conter o prefácio, o resumo, as listas e o
sumário. Em geral, em relatórios curtos ou artigos, apenas a folha de rosto é
empregada. O título deve ser claro e preciso, indicando o tema da pesquisa, e, em
pesquisas experimentais, é vantajoso incluir as principais variáveis ou conceitos em
questão.
O prefácio é frequentemente negligenciado, mas possibilita ao pesquisador se
expressar de maneira mais pessoal, apresentando a pesquisa e indicando as
circunstâncias e limitações encontradas. Deve ser breve, não ultrapassando duas
páginas, e pode incluir agradecimentos. O sumário é aconselhável para relatórios com
mais de 15 páginas e é dividido em partes, subpartes e subsubpartes, de acordo com
o tamanho do documento, para facilitar a compreensão do leitor. Se o relatório tiver
tabelas, dados em colunas, gráficos, fotos, mapas, entre outros, é bom organizar os
dados em listas separadas, que podem vir antes do sumário.
Citações e referências são essenciais em um relatório de pesquisa, pois
demonstram objetividade e transparência. As pesquisas refletem a natureza da
pesquisa em relação às outras, buscando apoio, inspiração e exemplos na literatura
existente. As citações e referências devem seguir regras rigorosas de formatação,
especialmente na parte dedicada à apresentação do problema e elaboração da
problemática, que geralmente inclui a revisão da literatura. As citações bibliográficas
e as notas explicativas são dispostas em rodapé de acordo com as normas
estabelecidas.
Em um relatório de pesquisa, as citações podem ser literais, quando se utilizam
as próprias palavras do texto, ou livres, quando se retira a informação ou ideia do
texto e a apresenta com suas próprias palavras. Para citações literais de até 3 linhas,
elas são incorporadas ao texto; se forem mais longas, são colocadas em um
parágrafo independente com recuo e entrelinhas fáceis. As citações literais são
iniciadas e seguidas de aspas ou destacadas tipograficamente. As citações são
acompanhadas de notas, que dão a referência bibliográfica da citação e
complementam o texto. As notas, especialmente as bibliográficas, devem ser
inseridas no rodapé. Em relatórios de pesquisa, tabelas e gráficos são
frequentemente empregados para apresentar dados e informações de forma visual.
Devem ser completos em si mesmos, mas integrados e explorados no texto. Tabelas
e gráficos devem ser apresentados de forma simples, e no caso dos gráficos, sua
forma deve ser eloquente. Existem diversos tipos de gráficos, como histogramas,
curvas e gráficos em pizza. A maioria dos editores de texto tem uma função para criar
tabelas.
A bibliografia, os apêndices e o índice remissivo são partes importantes de um
relatório de pesquisa, pois garantem a transparência e a referência adequada às
fontes consultadas. A bibliografia deve conter todos os títulos que efetivamente
contribuíram para a pesquisa, mesmo que não tenham sido mencionados
diretamente. As referências bibliográficas são colocadas logo após os anexos ou os
apêndices.
A bibliografia básica consiste em uma lista ordenada em ordem alfabética e,
para um mesmo autor, em ordem regressiva, mantendo os mesmos elementos e
ordem de apresentação empregados nas notas bibliográficas. A bibliografia
comentada destaca a natureza dos elementos da bibliografia, classificando-os em
categorias, que vão do geral ao particular.
Os apêndices ou anexos são usados para incluir informações que seriam
difíceis de incluir no texto principal, como testemunhos, registros de entrevistas,
documentos históricos, tabelas longas, listas de dados brutos, questionários e
fotografias. Eles aparecem no início de uma página e são identificados por uma letra
maiúscula.
O índice remissivo é uma relação alfabética minuciosa dos tópicos abordados
no relatório, indicando as páginas onde são encontrados. Ele é distinto do sumário,
visto que este apenas lista as partes do relatório. O índice remissivo tem sido cada
vez menos utilizado, mas é recomendado em relatórios longos com muitas
informações reais.

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