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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO CIÊNCIA E TECNOLOGIA

DA BAHIA
CURSO DE ENGENHARIA ELÉTRICA

MATHEUS VINÍCIUS DA SILVA LIMA

ANÁLISE COMPARATIVA DA MIGRAÇÃO DO MERCADO LIVRE DE ENERGIA


PARA IMPLEMENTAÇÃO DE UM SISTEMA FOTOVOLTAICO EM UMA
INDÚSTRIA COM DEMANDA CONTRADADA DE 500kW

Paulo Afonso
2023
MATHEUS VINÍCIUS DA SILVA LIMA

ANÁLISE COMPARATIVA DA MIGRAÇÃO DO MERCADO LIVRE DE ENERGIA


PARA IMPLEMENTAÇÃO DE UM SISTEMA FOTOVOLTAICO EM UMA
INDÚSTRIA COM DEMANDA CONTRADADA DE 500kW

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao


curso de Engenharia Elétrica do Instituto Federal
da Bahia como parte dos requisitos para a obtenção
do título de Engenheiro Eletricista.
Orientadora: Profª. Drª. Tharsia Cristiany de
Carvalho Costa

Paulo Afonso
2023
(Ficha catalográfica)
Solicitar elaboração da bibliotecária (o), conforme documento orientador
disponível no site.
MATHEUS VINÍCIUS DA SILVA LIMA

ANÁLISE COMPARATIVA DA MIGRAÇÃO DO MERCADO LIVRE DE ENERGIA


PARA IMPLEMENTAÇÃO DE UM SISTEMA FOTOVOLTAICO EM UMA
INDÚSTRIA COM DEMANDA CONTRADADA DE 500kW

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Engenharia Elétrica do Instituto


Federal da Bahia como parte dos requisitos para a obtenção do título de Engenheiro Eletricista.

Paulo Afonso, 15, de dezembro de 2023.

Nome do Orientador(a) -
Profª. Dra. Tharsia Cristiany de Carvalho Costa
(Instituto Federal da Bahia -IFBA)

Nome do Coorientador(a) -
Profª. Me. Marley Fagundes Tavares
(Instituto Federal da Bahia -IFBA)

Nome do Professor (a) -


Prof. Esp. Renato Barros Gibson
Simoes
(Instituto Federal da Bahia -IFBA)

Nome do Professor (a) -


Prof. Esp. Fernando Carlos Ferreira de Oliveira
(Centro Territorial de Educação Profissional de Itaparica – CETEPI I)
Dedicatória
Dedico esse trabalho à Deus, à minha mãe Silvania da Silva Lima, ao meu pai, já falecido,
Jacildo da Silva Lima, à minha namorada Emanuela Cristhyne, por todos os ensinamentos,
encorajamento e amor, e também ao meu cão e fiel amigo Barone por estar sempre comigo
me transmitindo alegria diariamente.
AGRADECIMENTOS

Primeiramente, agradeço a Deus por me trazer até aqui e nunca ter me desamparado.
À minha mãe, Silvania da Silva Lima, por ser o meu maior pilar, sempre ter acreditado em mim
e estar ao meu lado durante toda a minha vida e graduação.
Ao meu pai, Jacildo da Silva Lima, o qual Deus me permitiu tê-lo por 13 anos, e pude receber
seus ensinamentos sobre ter bom caráter, ser focado e disciplinado no meu dia a dia e nas
minhas escolhas.
À minha namorada Emanuela Cristhyne por me proporcionar companheirismo e motivação.
Às professoras Tharsia Cristiany e Marley Tavares por aceitarem ser minhas orientadora e
coorientadora, respectivamente, e me ajudarem a montar meu trabalho do início, desde a
elaboração do pré-projeto até a finalização do TCC, suas contribuições de conhecimento e
instruções foram essenciais para o término desse projeto, portanto, expresso a minha profunda
gratidão.
Aos professores Fernando Oliveira e Renato Gibson, pela aceitação do convite para compor a
banca examinadora e pelas valiosas contribuições para aprimorar o trabalho, agradeço
sinceramente.
Aos meus amigos e companheiros de graduação Ary, Flávio, Ingrid, Leonardo, Rodrigo, Vitor
Gabriel, Vitor Matheus e Werleson Cruz. A ajuda de vocês ao longo da jornada foi fundamental.
Aos meus amigos de longa data Andersen, Lucas, Ramon e Vitor, e também aos amigos que fiz
durante a caminhada Léo, Jotinha, Bunno, Lilo, Dudu, Andrew, Léo Marley, Rafinha, Vinicote
e Maria Clara, por me proporcionarem momentos de alívio e descontração que fizeram dessa
jornada mais suportável.
Concluindo, quero agradecer a todos que me ajudaram até aqui, mesmo que por pequenos atos,
fizeram toda a diferença para que eu me mantivesse firme e concluísse esse projeto.
RESUMO

LIMA, M. V. S. Análise comparativa da migração do mercado livre de energia para


implementação de um sistema fotovoltaico em uma indústria com demanda contratada
de 500kw. Orientadora: Nome Prof. Orientadora Tharsia Cristiany de Carvalho Costa. 2023.
XX f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Engenharia Elétrica) - Instituto Federal
de Educação Ciência e Tecnologia da Bahia, Paulo Afonso-BA, 2023.

A independência e autossuficiência de uma empresa são aspectos de extrema importância, e a


instalação de uma usina geradora de energia própria desempenha um papel fundamental na
conquista desses objetivos de maneira rápida e eficaz. No contexto brasileiro, as grandes
indústrias têm adotado o mercado livre de energia elétrica, onde têm a flexibilidade de negociar
preços e condições de pagamento. No entanto, mesmo com essa relativa liberdade, as empresas
ainda permanecem vinculadas a contratos que as obrigam a arcar não apenas com o consumo
de eletricidade, mas também com tarifas, encargos e taxas necessárias para manter suas
operações e participação no mercado. Diante dessa problemática, este estudo visa investigar a
viabilidade técnica e econômica da implementação de um sistema de geração de energia
fotovoltaica de 500kW para empresas que são contratantes da demanda mínima e que adquirem
energia elétrica no mercado livre de energia no Brasil. Para atingir esse objetivo, a pesquisa foi
dividida em duas etapas. Na primeira etapa, foi desenvolvida uma revisão da literatura que
embasa o estudo. Posteriormente, na segunda etapa, foi conduzida uma análise financeira
usando parâmetros econômicos, e com o auxílio do programa Pvsyst, a geração do sistema foi
encontrada, com o propósito de avaliar a viabilidade técnica e econômica da implementação de
um sistema fotovoltaico conectado à rede, sem armazenamento, em comparação com a
permanência no mercado livre de energia.

Palavras-chave: Mercado livre de energia; Sistema fotovoltaico; Software PVSyst.


ABSTRACT

LIMA, M. V. S. Análise comparativa da migração do mercado livre de energia para


implementação de um sistema fotovoltaico em uma indústria com demanda contradada
de 500kw. Orientadora: Nome Prof. Orientadora Thársia Cristiany de Carvalho Costa. 2023.
XX f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Engenharia Elétrica) - Instituto Federal
de Educação Ciência e Tecnologia da Bahia, Paulo Afonso-BA, 2023.

The independence and self-sufficiency of a company are extremely important aspects, and the
installation of its own energy generating plant plays a fundamental role in achieving these
objectives quickly and effectively. In the Brazilian context, large industries have adopted the
free electricity market, where they have the flexibility to negotiate prices and payment
conditions. However, even with this relative freedom, companies still remain bound by
contracts that oblige them to pay not only for electricity consumption, but also for tariffs,
charges and fees necessary to maintain their operations and market share. Faced with this
problem, this study aims to investigate the technical and economic feasibility of implementing
a 500kW photovoltaic energy generation system for companies that are minimum demand
contractors and that purchase electricity in the open energy market in Brazil. To achieve this
objective, the research was divided into two stages. In the first stage, a review of the literature
that supported the study was developed. Subsequently, in the second stage, a financial analysis
was conducted using economic parameters, and with the help of the Pvsyst program, the
generation of the system was found with the purpose of evaluating the technical and economic
feasibility of implementing a photovoltaic system connected to the grid, without storage,
compared to remaining in the open energy market.

Keywords: Open energy market; photovoltaic system; PVSyst.


LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Composição Tarifária Final de Energia Elétrica 21


Figura 2 – Consumo de Energia Livre no Brasil 24
Figura 3 – Processo de Contratação do Mercado Livre 27
Figura 4 – Sistema Fotovoltaico Conectado à Rede (Ongrid) 29
Figura 5 – Característica do Mercado Livre de Energia 35
Figura 6 – Vista da Localização do Município de Paulo Afonso 36
Figura 7 – Índice de Irradiação Solar em Paulo Afonso 37
Figura 8 – Inversor Utilizado no Estudo 38
Figura 9 – Perfil Anual de Geração do Sistema Fotovoltaico da Unidade 39
Figura 10 – Simulador de Valor de Energia Pago ao MLE 40
Figura 11 – Comparação de Custo entre ACR e ACL 41
Figura 12 – Custo no Mercado Cativo x Custo no Mercado Livre de Energia 42
Figura 13 – Payback do Sistema Fotovoltaico 47
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Custos dos Materiais 39


Tabela 2 – Valor Economizado na Modalidade Tarifa Azul 43
Tabela 3 – Valor Economizado na Modalidade Tarifa Verde 43
Tabela 4 – Planilha de Análise Econômica MLE TA 44
Tabela 5 – Planilha de Análise Econômica MLE TV 44
Tabela 6 – Métricas de Viabilidade Econômica MLE 45
Tabela 7 – Parâmetros Considerados na Análise Econômica 45
Tabela 8 – Planilha de Análise Econômica SFV 46
Tabela 9 – Métricas de Viabilidade Econômica SFV 47
Tabela 10 – Apresentação dos VPL’s dos Investimentos 48
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

ABRACEEL – Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia

ABSOLAR - Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica

ACL - Ambiente de Contratação Livre

ACR - Ambiente de Contratação Regulada

ANEEL - Agência Nacional de Energia Elétrica

CC - Corrente Contínua

CCEE - Câmara de Comercialização de Energia Elétrica

CCEI - Contrato de Comercialização de Energia Incentivada

CCEAL - Contrato de Comercialização de Energia no Ambiente Livre

CIP - Contribuição para Iluminação Pública

CNPJ - Comprovante Nacional da Pessoa Jurídica

COFINS - Contribuição para Financiamento da Seguridade Social

CPF - Cadastro de Pessoa Física

FC - Fator de Correção

FP - Fora de Ponta

FP - Fator de Potência

FS - Fator de Simultaneidade

GD - Geração Distribuída

GW - Gigawatt

ICMS - Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços

kV - Quilovolt

kVAr - Quilovolt-ampere Reativo

kW - Quilowatt

kWh - Quilowatt-hora

MWh - Megawatt-hora
MME - Ministério de Minas e Energia

NBR - Norma Ténica Brasileira

PCH - Pequena Central Hidrelétrica

PLD - Preço de Liquidação de Diferenças

P - Ponta

PIS - Programa de Integração Social

SFV - Sistema Fotovoltaico

SIN - Sistema Interligado Nacional

STC - Condições Padrão de Teste

TA – Tarifa Azul

TC - Tarifa de Consumo

TD - Tarifa de Demanda

TE - Tarifa de Energia

TIR - Taxa Interna de Retorno

TMA - Taxa Mínima de Atratividade

TUSD - Tarifa de Uso do Sistema de Distribuição

TUST - Tarifa de Uso do Sistema de Transmissão

TV – Tarifa Verde

VPL - Valor Presente Líquido

W - Watt
Sumário
1 INTRODUÇÃO 15
2 OBJETIVOS 17

2.1 Objetivo Geral 17

2.2 Objetivos Específicos 17

3 ENERGIA ELÉTRICA NO BRASIL 17

3.1 Os Agentes do Setor Elétrico Brasileiros 19

3.2 Consumidores de Energia Elétrica no Brasil 19

3.3 Tarifas de Energia 21

3.3.1 Modalidades Tarifárias 22

3.4 Mercado Livre de Energia Elétrica 23

3.4.1 Processo de Contratação do Mercado Livre 26

4 ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA 28

4.1 Sistema Fotovoltaico Conectado à Rede (ON-GRID) 29

5 ANÁLISE FINANCEIRA 31

5.1 Fluxo de Caixa 31

5.2 Payback 31

5.3 Valor Presente Líquido 32

5.4 Taxa Interna de Retorno 32

6 SOFTWARE PVSYST 33
7 METODOLOGIA 35

7.1 Análise do Investimento Mercado Livre de Energia 35

7.2 Características da Unidade Consumidora 36

7.3 Dados de Irradiação Solar 37

7.4 Demanda de Carga 38

7.5 Parâmetros Econômicos do Sistemas Fotovoltaicos 38


7.6 Perfil anual de geração do sistema fotovoltaico simulado 40

8 RESULTADOS E DISCUSSÃO 41

8.1 Viabilidade da Migração Para o Mercado Livre de EnergiaI 41

8.2 Viabilidade do Sistema Fotovoltaico 46

8.3 Energia Fotovoltaica x Mercado Livre de Energia 46

9 CONSIDERAÇÕES FINAIS 50
REFERÊNCIAS 50
15

1 INTRODUÇÃO

A busca contínua pela diversificação da matriz energética torna-se cada vez mais
necessária por dois pontos principais. O primeiro problema é o aumento dos preços da energia
devido à necessidade de utilização de termelétricas para gerar eletricidade, o que por sua vez
aumenta os custos e polui o meio ambiente. O segundo fator é a necessidade de encontrar fontes
de energia renováveis que possam contribuir para a sustentabilidade do planeta, como é o caso
da energia fotovoltaica (SILVEIRA et al., 2020).
Portanto, ao escolher a energia fotovoltaica, os consumidores demonstram
preocupações econômicas e ambientais, uma vez que o processo de geração de energia costuma
ser vantajoso financeiramente e não produz nenhum efluente líquido, sólido ou gasoso que seja
prejudicial ao meio ambiente, nem produz ruído (SOUZA; PENHA , 2020).
Dessa forma, almejando reduzir a conta de energia elétrica, é possível mencionar
também o mercado livre de energia elétrica no Brasil foi criado em 1995 como uma alternativa
ao mercado regulado, onde as tarifas são definidas pelo governo. Nesse modelo, consumidores
que têm demanda contratada igual ou superior a 500 kW podem escolher seu fornecedor de
energia elétrica e negociar livremente preços e condições contratuais (ANEEL,2020).
A adesão ao mercado livre é uma opção interessante para grandes consumidores de
energia, como indústrias, comércios, shopping centers e grandes empresas, que podem negociar
contratos de longo prazo com fornecedores de energia, possibilitando uma maior
previsibilidade e controle de custos. Atualmente, o mercado livre de energia elétrica representa
cerca de 30% do consumo total de energia elétrica no Brasil, e tem se expandido nos últimos
anos (EPE,2022).
Segundo Andreazza (2023), a migração para o mercado livre de energia demonstra
vários benefícios, incluindo maior previsibilidade orçamentária, preço mais competitivo em
comparação com o mercado cativo, os mesmos preços durante as horas de ponta e fora de ponta,
etc. Devido a estas vantagens e ao período de instabilidade política e econômica que o país
atravessa, as candidaturas a tais contratos aumentaram significativamente nos últimos anos.
Porém, é importante destacar que a migração para o mercado livre também traz desafios,
como a necessidade de gerenciamento e otimização do consumo de energia, a contratação de
serviços de gestão de risco, o pagamento de taxas para se manter dentro do mercado, entre
outros. Dessa forma, montar uma usina de geração de energia elétrica pode ser uma alternativa
16

interessante para as indústrias, permitindo que as mesmas tenham maior independência do


mercado de energia, reduzindo a exposição as variações de preços e riscos de fornecimento.
É possível encontrar no Brasil muitos modelos de sucesso de indústrias que investiram
nesses sistemas de geração, trazendo benefícios econômicos e ambientais, além de incentivar a
adoção de tecnologias mais sustentáveis no setor, algumas delas são a Claro, MRV e AMBEV
que implementaram usinas de geração acima de 1GWh e que acarretou expansão de
empreendimentos e estimativas de economia de até R$800 mil reais anuais (ENGIE,2021).
Segundo a Agência Internacional de Energia Renovável (IRENA), os custos de
implantação de sistemas de geração de energia solar fotovoltaica (PV) e eólica têm apresentado
uma queda significativa nos últimos anos, tornando-se cada vez mais competitivos em relação
à energia elétrica convencional. A implantação de uma usina de geração, no entanto, requer
investimentos em infraestrutura e tecnologia, além de demandar conhecimento técnico
especializado para a operação e manutenção. É importante, portanto, que as indústrias realizem
um estudo detalhado de viabilidade técnica e econômica antes de decidir pela implantação de
uma usina própria (IRENA,2021).
Neste contexto, esse trabalho se propõe a analisar as vantagens e desafios da
implementação de sistemas fotovoltaicos em indústrias abastecidas pelo mercado livre de
energia, buscando entender as possibilidades e limitações dessa tecnologia.
O trabalho justifica-se, pois, visa esclarecer as diferenças entre o mercado livre de
energia elétrica e a geração fotovoltaica, mostrando as vantagens e desvantagens entre essas
duas formas de se adquirir energia. Na geração fotovoltaica a redução de custos no consumo de
energia é imediata, a sua implementação traz autossuficiência, além de ser um sistema de baixa
manutenção. O mercado possui liberdade de escolha de fornecedor e previsibilidade de custos,
porém possui algumas restrições, riscos e em alguns casos específicos, falta de regulamentação.
Por conta desses fatores, é válida a ideia de saída do mercado livre de energia pois é uma escolha
que trará para a indústria fatores normativos que reduzem a dependência de fornecimento
externo e acaba com as faturas, taxas e tarifas de pagamentos de adesão, gestão e adequação
das empresas distribuidoras e regulamentadoras.
17

2 OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

O objetivo geral deste estudo é analisar a viabilidade técnica e econômica da instalação


de um sistema de geração de energia fotovoltaica de 500kW para contratantes da demanda
mínima que adquirem energia elétrica do mercado livre de energia no Brasil.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

 Estudar as características técnicas e financeiras dos sistemas; identificar fatores


que afetam o custo e o retorno do investimento em indústrias;
 Desenvolver o sistema fotovoltaico com geração de 500kW através de
simulação, utilizando o software PVsyst;
 Analisar o mercado livre de energia elétrica no Brasil, pelos seus aspectos
econômicos em relação à compra e geração de energia elétrica.
18

3 ENERGIA ELÉTRICA NO BRASIL

O mercado de energia elétrica é hoje um dos mais importantes no mundo, uma vez que
ele gera um dos recursos mais indispensáveis no dia a dia do ser humano. No Brasil, o mercado
de energia elétrica atual utiliza o modelo implementado em 2004, tendo como base, as
conclusões do projeto de reestruturação do setor elétrico, denominado RESEB, estabelecido na
década de 1990 pelo Ministério de Minas e Energia (EPE, 2022).
Esse modelo foi baseado no consenso político-econômico de “Estado regulador”, o qual
direcionava as políticas de desenvolvimento, ao passo que regulava o setor, sem atuar como
executor em última instância. Dessa forma, ocorreu a privatização de muitas empresas e houve
a criação de empresas autárquicas de direito público e independentes, a exemplo da própria
agência reguladora, a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) (SILVA, 2017).
Contudo, foi após a Medida Provisória 579/2012, posteriormente convertida na Lei
12.783/2013, que foi iniciada uma outra fase na história do setor elétrico brasileiro. Na referida
Lei, as empresas geradoras e transmissoras puderam renovar antecipadamente seus contratos
de concessão desde que seus preços fossem regulados pela ANEEL (BRAGA, 2018).
O atual setor de energia elétrica brasileiro é caracterizado pela desverticalização, ou
seja, redução dos níveis hierárquicos, com uma separação das atividades de geração,
transmissão e distribuição de energia; atuação simultânea de empresas públicas e privadas;
centralização do planejamento e operação; coexistência de consumidores cativos e livres; livres
negociações entre geradores, comercializadores e consumidores livres; regulação dos leilões
para contratação de energia para as distribuidoras responsáveis por fornecer energia aos
consumidores cativos (ABRADEE, 2018).
Para implementar todas estas mudanças pretendidas, foi necessária a criação de órgãos
reguladores do sistema, descritos a seguir: Agencia Nacional de Energia Elétrica (ANEEL),
responsável por regulamentação tarifaria, de contratação e do acesso aos sistemas de
transmissão; Operador Nacional do Sistema (ONS), responsável por operar o Sistema
Interligado Nacional (SIN); Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), que cria
o ambiente de comercialização e define a forma de participação dos agentes no mesmo (SILVA,
2017; BRAGA, 2018).
19

3.1 Os Agentes do Setor Elétrico Brasileiro

Os segmentos da energia elétrica são divididos em quatro, sendo: geração, transmissão


e distribuição e comercialização, que abrange desde a geração até o uso pelo consumidor final.
Trata-se de segmentos independentes, que são administrados e operados por agentes distintos.
Privilegiando a livre concorrência, nesse cenário o Estado assume o papel de autarquia
reguladora aonde for necessário (BRAGA, 2018; BNDES, 2020).
No segmento de geração estão os agentes do setor de eletricidade responsáveis pela
produção de energia elétrica. São os concessionários de serviço público de geração, produtor
independente de energia elétrica e o autoprodutor (SILVA, 2017).
O segmento de transmissão e distribuição é aquele que se encarrega de transportar a
energia proveniente das usinas geradoras até os consumidores. A interrupção de uma linha de
transmissão pode afetar cidades inteiras ou até mesmo estados (ENGIE, 2020). No Brasil, o
segmento de transmissão é caracterizado por operar linhas em tensão elétrica superior a 230 mil
Volts (ABRADEE, 2018). A transmissão e a distribuição de energia no Brasil, tem seus preços
regulados pela ANEEL, que é a agência reguladora do setor. Desse modo, essas empresas não
são livres para praticar os preços que desejam (ABRADEE, 2018). Os agentes de transmissão
e distribuição inseridos nessa categoria são os concessionários, permissionários e os autorizados
de serviços e instalações de distribuição de energia elétrica (SILVA, 2017).
O segmento de comercialização de energia é relativamente novo, tanto no Brasil. Nela
estão inseridos os agentes importadores e exportadores de energia que possuem autorização da
ANEEL (BNDES, 2020). O surgimento da comercialização está relacionado com a
reestruturação do setor elétrico, ocorrida em 1999, 2 anos após a criação da ANEEL
(ABRADEE, 2018).
A comercialização de energia elétrica pode acontecer de forma livre ou com preços e
quantidades definidos ou limitados pelo Poder Público (BRAGA, 2018). Atualmente, existem
aproximadamente 270 agentes de comercialização de energia elétrica no Brasil, muitos deles
atuando como intermediários entre usinas e consumidores livres (ABRADEE, 2018).

3.2 Consumidores de Energia Elétrica no Brasil

No que concerne os consumidores de energia elétrica, estes podem ser divididos pelas
classes de consumo, conforme a Resolução Normativa ANEEL nº 414/2010, em consumidores
20

residenciais, industriais, comerciais e poder público (ANEEL, 2015). Mas também podem ser
divididos conforme a sua tensão e o mercado de contratação de energia elétrica.
No caso dos consumidores pela tensão, sua classificação ocorre segundo o uso de
energia previsto pela unidade consumidora conforme projeto de levantamento de carga elétrica
a ser utilizada. Os consumidores de alta tensão são locais que possuem consumo superior a 69
quilovolts (kV) e inferior a 230kV. Os consumidores de média tensão possuem consumo
superior a 1 kV e inferior a 69kV; os consumidores de baixa tensão são as unidades de consumo
igual ou inferior a 1kV (ANEEL, 2015). Assim, as unidades de alta e média tensão são
classificadas em grupo A e as unidades consumidores de baixa tensão se enquadram no grupo
B (ANEEL, 2020).
Pode-se classificar os consumidores também pelo método de contratação de energia
elétrica em que eles utilizam como consumidor cativo ou consumidor de livre energia
(ENERGISA, 2022). Assim, os modelos de contratação de energia elétrica garantem uma
melhor segurança para o suprimento de energia, tarifas módicas e inserção social da população
que até então era excluída pelos programas de universalização de atendimento (BUBICZ et al.,
2014). O consumidor cativo de energia se refere àqueles consumidores, pessoa física ou
jurídica, de energia que adquirem energia da maneira convencional no Ambiente de
Contratação Regulada (ACR) da concessionária que realiza o atendimento da determinada
localidade. Os preços são definidos pelo governo e as empresas de distribuição de energia são
responsáveis pela compra da energia das geradoras. Desta maneira, é pago uma fatura única
que contabiliza o consumo, segundo medição realizada mensalmente pela concessionária que
realiza os serviços de distribuição (BUBICZ et al., 2014).
A cobrança da tarifa de energia no Brasil prevê valores diferenciados conforme o horário
utilizado. No mercado cativo, os consumidores pagam até 100% de acréscimo no valor da tarifa
em horários de ponta (BUBICZ et al., 2014). Desta maneira, em indústrias que utilizam
equipamentos com alta carga de energia o custo de operação tende a subir comprometendo
assim a lucratividade. Por esse motivo muitas das indústrias realizam a parada de produção no
horário de pico para evitar elevação no custo de energia elétrica. Quando ocorre a migração
para o mercado livre, essa parada não tem mais necessidade pois a diferença de tarifa deixa de
ser aplicada.
Para o caso do consumidor livre de energia, o consumidor, seja pessoa física ou jurídica,
salvo regras, opta por qual fornecedor ele deseja realizar a compra de energia elétrica. O
Ambiente de Contratação Livre (ACL) refere-se aos vendedores e compradores que realizam a
negociação entre si mediante cláusulas de contrato já preestabelecidas que determinam questões
21

como preço, prazo e condições de entrega de energia (GENERGIA, 2014). Neste ambiente, o
consumidor tem a liberdade de escolher seus fornecedores de energia, exercendo seu direito à
portabilidade da fatura de energia (ABRACEEL, 2019). Neste segmento, tanto preço quanto as
particularidades do contrato são articuladas livremente entre as partes envolvidas, tendo como
obrigação o registro de todas as transações junto a CCEE.

3.3 Tarifas de Energia

A tarifa de distribuição de energia elétrica considera três custos distintos entre eles está
a energia gerada, transporte de energia até as unidades consumidoras (distribuição e
transmissão), e encargos setoriais. Além disso o Governo Federal, Estadual e Municipal cobra,
respectivamente, na conta de luz encargos com PIS/COFINS, ICMS e contribuição para a
iluminação pública (ANEEL, 2022). Assim, para o valor final da energia elétrica tem-se que:
53,5% equivale a encargos setoriais e compra e transmissão de energia, 29,5% diz respeitos aos
tributos como PIS/COFINS e 17% restante equivale a distribuição de energia (ECOM
ENERGIA, 2021). A composição tarifária de energia elétrica é apresentada pela Figura 1.

Figura 1 – Composição tarifária final de energia elétrica

Fonte: Ecom Energia, 2021.

A Tarifa de Energia (TE) reflete o custo com compra de energia, incluindo perdas da
rede básica sobre a parcela cativa. Somente os consumidores cativos pagam essa parcela. Com
relação à tarifa pelo uso do sistema de distribuição (TUSD) Encargo + Perdas, ela reflete o
custo com os encargos TFSEE, Contribuição ONS, P&D, Eficiência Energética, CDE Uso,
PROINFA e custos com perdas técnicas e não técnicas na distribuidora. Pagam essa parcela os
22

consumidores cativos e livres. O terceiro custo está relacionado com a distribuição e transporte,
TUSD Transporte, e ela reflete os custos com a contratação de transmissão e conexão, custos
com administração, operação, manutenção e remuneração dos ativos de distribuição.
Consumidores cativos e livres pagam essa parcela (SOUSA FILHO, 2020).

3.3.1 Modalidades Tarifárias

Os consumidores de energia elétrica podem ser classificados em dois grupos tarifário


Grupo A ou Grupo B de acordo com a Resolução Normativa 414/2010. As modalidades
tarifárias se referem as tarifas aplicadas ao consumo de energia elétrica e a demanda das
potências ativas e diferem de acordo do grupo em que a unidade consumidora está enquadrada
(ANEEL, 2010).
O Grupo A é composto pelas unidades consumidoras de alta e média tensão, bem como
as unidades de sistemas subterrâneos, enquadrando assim as indústrias, grandes comércios,
lojas varejistas, centros de ensino, entre outros. Para esse grupo as tarifas são definidas pela
tarifa azul e tarifa verde (ANEEL, 2010).
A tarifa azul é caracterizada por tarifas diferenciadas de consumo de energia e demanda
de potência, de acordo com as horas de utilização durante o dia. Para os contratos desse
enquadramento é especificado as demandas contratadas por posto tarifário havendo
diferenciação para o horário de ponta e fora de ponta. Já a tarifa horo sazonal verde tem-se
tarifas diferenciadas de consumo de energia elétrica de acordo com as horas de utilização do
dia e uma tarifa única de potência. Para estes consumidores há duas tarifas diferentes para o
consumo dependendo do horário de uso e uma única tarifa para a demanda de potência (DIAS,
2020).
No Grupo B são enquadradas as unidades consumidoras de baixa tensão, das classes
residenciais, rural, iluminação pública e demais classes não mencionadas anteriormente. Esse
grupo inclui os pequenos comércios e pequenas indústrias também. A sua tarifa é definida pela
tarifa única convencional monômia e a tarifa branca (ANEEL,2010).
A tarifa monômia se diz respeito a tarifa convencional onde é cobrado somente os custos
da energia consumida em kWh, independente das horas de utilização ao longo do dia. Na tarifa
branca o consumidor passa a ter a possibilidade de pagar valores diferentes em função da hora
e do dia da semana em que consome a energia elétrica (ANDREAZZA, 2020). Todos os valores
23

tarifários são encontrados na Resolução Homologatória N° 3.186, de 18 de Abril de


2023 (ANEEL,2023).

3.4 MERCADO LIVRE DE ENERGIA ELÉTRICA

O Mercado Livre de Energia Elétrica (MLE), segue baseado nos moldes do Ambiente
de Contratação Livre (ACL) destinado a comercialização de energia onde os consumidores são
livres para escolher seus fornecedores de energia, ou seja, o cliente tem a liberdade de negociar
diretamente com os agentes de geração ou comercialização. Este cenário permite que o mercado
tenha mais competitividade, flexibilidade e escolha, além da previsibilidade de consumo e de
gastos (MLE, 2021).
Criado no Brasil em 1995, o MLE surgiu como uma alternativa ao mercado regulado,
onde as tarifas são definidas pelo governo. Nesse modelo, consumidores que têm demanda
contratada igual ou superior a 500kW podem escolher seu fornecedor de energia elétrica e
negociar livremente preços e condições contratuais (FLESCH et al., 2022).
No Mercado Livre, as empresas podem escolher seus fornecedores de energia e negociar
diretamente os preços, permitindo maior flexibilidade e competitividade. Em relação à matriz
energética brasileira, a hidrelétrica é a principal fonte de energia elétrica, respondendo por mais
de 60% da geração de energia no país. Outras fontes importantes incluem termelétricas a gás,
carvão e óleo, além de fontes renováveis, como energia eólica e solar (COPEL,2021).
Uma vez que um agente de mercado seja inserido no Sistema Interligado Nacional (SIN),
ele consegue negociar energia com qualquer outro agente do sistema, independentemente das
restrições que envolvem geração e transmissão (ABRACEEL, 2019). Para facilitar no
entendimento, caso um consumidor no Sul do Brasil, que esteja conectado ao SIN, contrate
energia elétrica de uma usina no Norte do país, a energia entregue pode ter origem em outra
usina, localizada em outra região. Caso a usina do Norte não atenda a energia contratada, o
consumidor não fica sem eletricidade. Sua eletricidade está garantida devido aos contratos de
energia, sendo assim, o consumidor é abastecido por outra geradora ou comercializador. A
CCEE realiza o acerto entre quem forneceu a energia e quem não pode fornecer (CARDOSO;
ROCHA, 2017).
Segundo a ABRACEEL (2023), em setembro de 2023, o consumo médio de energia no
mercado livre foi de 25.852 Megawatt médio (MWmed), correspondendo a 39% do consumo
nacional, conforme é apresentado na Figura 2, sendo que um volume 90% da energia elétrica
consumida pelas indústrias do país é nele adquirido.
24

Figura 2 – Consumo de Energia Livre no Brasil

Fonte: Abraceel, 2023.

Nessa perspectiva, foi analisado o percentual de participação dos Estados brasileiros no


Mercado Livre de Energia em 2023. Sendo assim, o que demonstra maior participação nesta
forma de contratação é o Estado do Pará com 55%, seguido de Minas Gerais com 54% e o
Paraná, com 45%. Enquanto que o Estado da Bahia se encontra em 8ª posição com 36% de
participação (ABRACEEL, 2023). O Quadro 1 ilustra a participação média dos estados no
mercado livre de energia elétrica.

Quadro 1 - Participação dos Estados brasileiros no ACL no ano de 2023

MÉDIA DE PARTICIPAÇÃO DOS ESTADOS BRASILEIROS NO MERCADO LIVRE

Pará 55% Sergipe 31%


Minas Gerais 54% Pernambuco 29%
Paraná 45% R. Grande do Norte 26%
Espírito Santo 42% Paraíba 24%
Maranhão 42% Mato Grosso 24%
São Paulo 40% Ceará 22%
Santa Catarina 39% Amazônia 21%
25

Bahia 36% Alagoas 20%


R. Grande do Sul 35% Tocantins 17%
Mato Grosso do Sul 33% Distrito Federal 16%
Goiás 33% Piauí 9%
Rio de Janeiro 33% Acre 6%
Paraíba 20,1% Amapá 1%
Fonte: Adaptado. Abraceel, 2023.

Essa alta procura se dá devido ao mercado livre ser vantajoso em vários aspectos, dentre
essas vantagens, tem-se: preços mais competitivos, comparados ao mercado cativo; maior
previsibilidade orçamentária; mesmo valor cobrado nos horários de ponta e fora ponta;
gerenciamento de energia como matéria prima; permissão para alocar energia para empresas
com o mesmo CNPJ; permissividade de adequação da compra de energia junto ao processo
produtivo (FLESCH, 2022).
Segundo Bubicz et al., (2014), como no mercado livre não existe a tarifa em horário de
ponta, é possível observar vários benefícios como a possibilidade no aumento da produção,
devido ao aumento das horas disponíveis a serem trabalhadas, que anteriormente eram
bloqueadas pelo horário de ponta; possibilidade de turnos interruptos; redução de horas extras;
fim da jornada diária antecipada e possibilidade de desativar geradores para casos específicos.
Sobre os custos no ambiente de contratação livre, segundo Soares Júnior (2023), a fatura
de um consumidor atrelado ao mercado livre de energia é descrita conforme Equação (1), com
todas as variáveis impostas em R$:

𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜𝐴𝐶𝐿 = 𝐹𝑎𝑡𝑢𝑟𝑎 𝐹𝑜𝑟𝑛𝑒𝑐𝑒𝑑𝑜𝑟 + 𝐹𝑎𝑡𝑢𝑟𝑎 𝐶𝐶𝐸𝐸 + 𝐹𝑎𝑡𝑢𝑟𝑎 𝐷𝑖𝑠𝑡𝑟𝑖𝑏𝑢𝑖𝑑𝑜𝑟𝑎 (1)

O CustoACL é o próprio valor total da fatura no ambiente de contratação livre; a fatura


do fornecedor integra o valor da energia comprada, custos da gestora e perdas; a fatura CCEE
atribui o valor dos encargos e o custo transacional da câmara de comercialização de energia
elétrica e a fatura da distribuidora incluirá o custo do uso do sistema de distribuição (SOARES
JÚNIOR, 2023). Em contratos de 5 anos, a média de preço do MWh no ACL é de R$170,00
(MLE BRASIL, 2023), e o reajuste anual tem a média de 10% (LUMA, 2022).
Conforme a Esfera Energia (2022), os consumidores de média e alta tensão costumam
se beneficiar mais ao escolher pelo mercado livre de energia, entretanto, deve-se levar em
26

consideração as necessidades do consumidor, a melhor estratégia em longo prazo e a


disponibilidade de investimento.

3.4.1 Processo de Contratação do Mercado Livre

Quando um consumidor opta por migrar para o mercado livre de energia, recomenda-se
que sejam realizadas inúmeras análises de viabilidade para essa transição, atendendo os pré-
requisitos e seguindo um certo fluxo para que a migração esteja dentro das normas regentes do
mercado (ESFERA ENERGIA, 2023).
O primeiro passo para que o consumidor considere a possibilidade de migrar para o
Mercado Livre é verificar o atendimento aos critérios de tensão e demanda, para enquadramento
como consumidor livre ou especial. É preciso ter demanda contratada de, no mínimo, 500 kW
para se tornar um consumidor livre. Em seguida, é necessário avaliar os contratos vigentes com
a distribuidora na qual o consumidor tem sua demanda e tarifa horária definida. Para que o
contrato com a distribuidora não seja renovado automaticamente após o próximo vencimento,
o consumidor deve informar à distribuidora sobre a rescisão para a migração com seis meses
de antecedência (BRAGA, 2018; OLIVEIRA, 2019).
Após analisar os contratos vigentes, recomenda-se que o consumidor realize um estudo
de viabilidade econômica, com o intuito de comparar os custos com energia elétrica no mercado
livre com os custos no mercado cativo. O passo seguinte, é o consumidor enviar carta de
denúncia de contrato à distribuidora do mercado livre, porém arcando com a multa que será
gerada pelo encerramento antecipado do contrato do mercado regulado. Então, o consumidor
deve planejar e escolher de onde comprará a energia a ser consumida. Os contratos podem ser
realizados com comercializadores ou geradores, estabelecendo os chamados Contratos de
Comercialização de Energia no Ambiente Livre (CCEAL), contratação negociada livremente
entre as partes, ou contrato de Comercialização de Energia Incentivada (CCEI), originados de
fontes incentivadas (ESFERA ENERGIA, 2023; OLIVEIRA, 2019).
O sexto passo é a adequação do Sistema de Medição para Faturamento (SMF). Nesta
etapa são calculados os valores dos serviços que precisam ser adequados pelo consumidor,
sendo este de alta tensão, são eles, o diagrama unifilar, transformadores de potencial,
transformadores de corrente, caixa de medição, adequações das instalações (obras civis), mão
de obra, cabeamento e sistemas de comunicação. O valor total da adequação varia entre
R$50.000,00 e R$80.000,00(ALTOÉ, 2023).
27

Os consumidores livres e especiais precisam adequar seu sistema de consumo junto à


Distribuidora. Por fim, o último passo para migração do consumidor é realizar a adesão à CCEE
ou ser representado por outro agente vinculado a esta câmara e fazer a modelagem dos contratos
de energia comprados no Mercado Livre (OLIVEIRA, 2019). O passo-a-passo do processo de
contratação do MLE pode ser observado na Figura 3.

Figura 3 – Processo de contratação do Mercado Livre

Fonte: Adaptado. CCEE, 2023.


28

4 ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA

O funcionamento do sistema de energia fotovoltaica, é mais conhecido como sistema


de energia solar. É um sistema que realiza a produção de energia elétrica através da radiação
solar. Esse sistema consegue fazer com que o próprio consumidor de energia elétrica consiga
gerar sua própria energia, e isso ocorre através da sua capacidade de captação de energia solar
é obtida através da conversão da radiação solar em energia elétrica, por intervenção de placas
feita com materiais semicondutores, como por exemplo o silício. (LANA, JÚNIOR, SILVA,
TALARICO, 2020).
O Brasil é privilegiado por receber índices elevados de irradiação solar comparado com
países europeus, onde o avanço dessa tecnologia está em patamares elevados. A energia solar
vem crescendo vertiginosamente, decorrente de incentivos financeiros na área e questões
ambientais que estão ajudando a impulsionar.
Sendo o país um grande potencial em energias renováveis com destaque para a hídrica,
eólica, e devido aos altos níveis de insolação, a energia solar (EPE, 2017). Graças a essa
característica, nos últimos anos vem discutindo-se formas de investimento dessa nova
tecnologia, seguindo-se a direção tomada por outros países que, mesmo com menores potenciais
solares, destacam-se na geração fotovoltaica, como é o caso de alguns países da Europa.
O Portal Solar (2020) dispõe que a energia solar representa apenas 1,7% de toda a matriz
energética do Brasil, porém em diversos estudos estima-se que em 2024 o país contará com 887
mil sistemas (em 2021, são aproximadamente 285.366 mil sistemas ligados à rede). Esses
sistemas são utilizados, principalmente, em residências para reduzir a conta de energia.
Mesmo com alguns incentivos governamentais e financiamentos dos bancos, os
brasileiros ainda enfrentam alguns desafios para a instalação de sistemas fotovoltaicos. Esse
tipo de geração ainda é pequeno no país, visto que tem um custo elevado e algumas pessoas não
têm acesso à informação sobre os benefícios desse sistema. É necessária a divulgação dos
inúmeros benefícios, como a produção de energia sem geração de impactos ambientais,
valorização da propriedade devido aos sistemas fotovoltaicos, ausência de barulho, energia
totalmente renovável, baixa necessidade de manutenção, dentre outras.
A geração de energia através da energia solar traz vários benefícios para o Brasil. Como
no país grande parte da energia utilizada é proveniente de hidroelétricas, então se faz necessário
alagar uma imensa área para a construção dessas usinas, como a de Belo Monte, porém com o
29

incentivo a instalação de sistemas fotovoltaicos em residências, indústrias e empreendimentos


não será necessário alagar áreas e consequentemente reduz a emissão de CO2.

4.1 Sistema Fotovoltaico Conectado à Rede (ONGRID)

Paine, Vignochi e Possamai (2018), definem que o Sistema Fotovoltaico é um gerador


de eletricidade que tem como combustível a energia solar e que trabalha em conjunto com a
rede elétrica da distribuidora de energia. Possibilita operar e amenizar o sistema de distribuição
local, proporcionando que a energia gerada excedente seja injetada à rede pública. Caso a
energia gerada for inferior à demanda, o sistema é suprido pela rede de distribuição da
concessionária local interligada.
A utilização de Sistemas Fotovoltaicos Conectados à Rede (ongrid) possui grande
potencial de aplicação devido à grande extensão territorial e aos elevados níveis de irradiância
em kWh/m²/ano que são obtidos em todo o Brasil. Dentre as vantagens desta conexão,
destacam-se a possibilidade de redução da geração das fontes primárias (hidrelétricas e
térmicas), possibilidade de adiamento de construção de novas usinas e linhas de transmissão,
redução da demanda de pico dos grandes centros de consumo, maior segurança do fornecimento
de energia, aumento do nível de tensão e redução de perdas nos sistemas de distribuição e
transmissão (ROVERSI et al., 2019).
O sistema ongrid, observado na Figura 4, de acordo com Maimoni e Cardoso (2020), é
composto por placas fotovoltaicas, um inversor e um medidor digital ou bidirecional. Este
sistema permite que a energia produzida através dos painéis fotovoltaicos possa ser interligada
a rede de distribuição da companhia elétrica. Assim, o consumidor pode obter créditos de
energia com a companhia elétrica local caso seu consumo seja menor que a energia gerada pelo
sistema fotovoltaico. Quando o consumo é maior, é injetada energia da rede de transmissão
para suprir a demanda não abastecida pelo sistema.
Em consoante com a Resolução Normativa N° 482/2012 da Agência Nacional de
Energia Elétrica (ANEEL), a unidade consumidora possui até 60 meses para consumir o
excedente produzido, podendo os créditos ser transferidos apenas para unidades consumidoras
do proprietário do sistema.
30

Figura 4 - Sistema fotovoltaico conectado à rede (On Grid)

Fonte: ECOMAIS, 2022.


31

5 ANÁLISE FINANCEIRA

A análise financeira é extremamente importância para a decisão de aplicar os recursos


a longo prazo, geralmente superiores a um ano, com a finalidade de avaliar o adequado retorno
ao investidor (LUNELLI,2018). Dessa forma, são analisados o payback, o Valor Presente
Líquido (VPL) e a Taxa Interna de Retorno (TIR) e baseado na vida útil do projeto, bem como
o Fluxo de caixa.

5.1 Fluxo de Caixa

O fluxo de caixa convencional é uma ferramenta que permite analisar a entrada e saída
de recursos de um projeto, empresa, etc. No caso do sistema fotovoltaico, o fluxo de caixa
representa os valores de entrada e os valores de saída durante a vida útil do sistema fotovoltaico.
(GONÇALVES, 2018).

5.2 Payback

O payback consiste em verificar em quanto tempo o projeto gerará riquezas, e para isso,
é analisado no cálculo em quanto tempo o somatório das entradas será igualado ao investimento
inicial. Para o payback simples é considerado o lançamento das entradas futuras, porém, não é
considerado a variação do dinheiro com o tempo.
Segundo Rego (2014), no payback descontado é levado em consideração o tempo de
retorno do capital. Além disso, é levado em conta uma taxa de atratividade ou de desconto.
Para isso, o investidor ou projetista estabelece um prazo máximo para recuperar o investimento,
que será utilizado para a análise de viabilidade do projeto e uma taxa de juros com
disponibilidade para aplicações financeiras, em especial a SELIC.
O valor do payback é calculado através da Equação 2:

12.V7PN
𝑃𝑎𝑦𝑏𝑎𝑐𝑘 = 𝑃VPN — FFd
(2)

Onde:
PVPLN = Tempo em que encerra a VPL negativa;
32

VVPLN = Valor em que encerra a VPL negativa;


FFd = Fluxo Futuro de Benefícios deduzido do ano posterior em que encerra a VPL negativa.

5.3 Valor Presente Líquido

O valor presente líquido (VPL) é um indicador financeiro que mostra se o investimento


é atrativo ou desinteressante, utilizando também a taxa de juros da SELIC. Um VPL > 0 indica
que o investimento é atrativo, VPL< 0 indica investimento desinteressante e VPL = 0 o
investimento é indiferente e é possível obter o VPL a partir da Equação 3.

FCn
𝑉𝑃𝐿 = ∑n=N − 𝑃𝑉 (3)
n=1 (1+i)n 0

Onde:
VPL = Valor presente líquido;
𝐹𝐶𝑛 = Fluxo de caixa para n período;
𝑛 = Período analisado
𝑃𝑉𝑜 = Valor do investimento inicial;

5.4 Taxa Interna de Retorno

A taxa interna de retorno (TIR) tenta sintetizar todos os ganhos do projeto em um único
valor que torna o VPL nulo. O ponto em que o VPL é nulo corresponde à TIR. O cálculo é
realizado com base no fluxo de caixa da empresa em função do investimento (GONÇALVES,
2018). A TIR é obtida pela Equação 4.

𝑉𝑃𝐿 = ∑n (R–C)t
(4)
t=1 (1+TIR) = 0

Onde:
R = Receitas;
C = Custos e os investimentos gerados pelo projeto;
t = Período de tempo;
n = Horizonte do investimento
TIR = Taxa máxima de desconto que o investimento suporta.
33

6 SOFTWARE PVSYST

O PVsyst é bastante conhecido no setor solar quando se fala de simular projetos de


sistemas fotovoltaicos, e é utilizado para auxiliar no dimensionamento e desenvolvimento de
projetos de geração solar fotovoltaica. O PVsyst tem dentre as inúmeras funções, auxiliar no
dimensionamento e projeto de sistemas fotovoltaicos, com recursos de simulação, cálculo,
emissão de relatório e documentação técnica de sistemas fotovoltaicos de qualquer porte
(INSTITUTO SOLAR, 2020).
Alguns dos principais dados utilizados pelo software são os dados climáticos de
irradiação, meteorológicos, de temperatura, umidade relativa e velocidade do vento. Também
inclui características do sistema com informações sobre os módulos fotovoltaicos e inversores,
apresentando suas eficiências, temperaturas de operação e capacidades de saída.
O PVsyst utiliza diversas variáveis para encontrar a capacidade de geração do sistema
simulado, os cálculos aplicados encontram-se no suporte da própria plataforma do software e
são mostrados a seguir.
Inicialmente, identifica-se a potência nominal do sistema, obtida pela Equação 5:

𝑃𝑁𝑜𝑚 = 𝑁° 𝑃𝑎𝑖𝑛é𝑖𝑠 𝑥 𝑃𝑁𝑜𝑚𝑃𝑎𝑖𝑛𝑒𝑙 (5)

A potência nominal do sistema é encontrada utilizando o número de painéis


multiplicados pela potência unitária dos mesmos.

Em seguida é calculada a potência de referência, que usa o índice solar de irradiação


local, através da Equação 6:

𝑃𝑅𝑒𝑓 = 𝐼𝑛𝑐𝑆𝑜𝑙𝑎𝑟 𝑥 𝑃𝑁𝑜𝑚 (6)

Onde “IncSolar”, índice de irradiação local, é multiplicado pela potência nominal.

Após encontrar a potência de referência, é calculada a Energia do Sistema Normalizado,


“Yf”, que avalia o ajuste do desempenho levando em conta condições específicas, sendo a
produção real, por meio da Equação 7:
34

PA
𝑌𝑓 = PNom (7)

Temos que Yf é igual a potência ativa do sistema, derivada da potência gerada subtraída
pela potência consumida, dividida pela potência nominal.

E também encontramos a Energia do Sistema em Condições de Teste, “Yr”, que fornece


uma base padrão para avaliar o desempenho do sistema em condições ideais, sendo a produção
teórica esperada, obtida pela Equação 8:

PRef
𝑌𝑟 =
PNom
(8)

Onde Yr é a potência ideal de referência dividido pela potência nominal.

Consequentemente é possível encontrar o performance ratio, “PR”, que representa a


eficiência do sistema, usando a Equação 9:

Ff
𝑃𝑅 = (9)
Fr

Sendo a divisão entre o rendimento real e o rendimento teórico como o valor de


eficiência do sistema.

Por fim, é determinada a potência do sistema com os valores encontrados anteriormente,


através da Equação 10:

𝐸𝑁𝑜𝑚 = 𝑃𝑁𝑜𝑚 𝑥 𝑃𝑅 𝑥 𝑌𝑓 (10)

A potência do sistema se dá na multiplicação entre a potência nominal, a eficiência do


sistema e da energia do sistema normalizado.
35

7 METODOLOGIA

O presente estudo foi dividido em duas etapas, a primeira foi buscar o conhecimento
sobre o mercado livre de energia e também o seu funcionamento, seu modo de negociação de
entrada e planejamento de permanência. Após isso, realizou-se o levantamento econômico
necessário para a implementação do projeto fotovoltaico, para no fim ser feita a comparação
direta entre os custos atrelados aos dois métodos.
Com base nessas informações, foi dimensionando o projeto em questão buscando os
equipamentos necessários como: Inversores, painéis, dispositivos de proteção e materiais
estruturais, junto com suas especificações técnicas diante da necessidade da aplicação. Com
base nesses resultados, será possível analisar o retorno financeiro que tal aplicação poderia dar
para o empreendimento. Para auxiliar no processo de simulação foi utilizada a ferramenta
PVSyst 7.4 para estudante.
As seções a seguir apresentarão os métodos, parâmetros e materiais utilizados
para servir como base para o projeto do estudo de caso, bem como, o dimensionamento
e análise do projeto.

7.1 Análise do Investimento do Mercado Livre de Energia

A mudança do mercado cativo de energia para o mercado livre de energia elétrica leva
diversos fatores em consideração para se torne viável e vantajosa para o cliente, lembrando que
para migrar deve possuir um consumo mínimo de 500 kW. Com base no histórico de consumo
de energia é possível realizar projeções estimadas de economia de energia elétrica.
Em relação ao mercado livre de energia, para facilitar a comparação, calculamos quanto
a migração trará de economia para a empresa em comparação com a situação atual no mercado
cativo. Para isso, realizamos uma simulação que compara o mercado cativo com o mercado
livre de energia elétrica.
Dessa maneira, a simulação de valores a serem pagos no mercado livre de energia
elétrica será levado em consideração as adequações necessárias para a migração, utilizando o
valor médio de R$65.000,00 para o SMF e a taxa de adesão da CCEE. Para a análise, foi usado
o site da Energês, pois ele oferece uma ferramenta eficiente e prática de estimar os custos, e
nele foi simulada uma fatura de energia automatizada para uma unidade consumidora que exige
demanda de 500 kW/mês. As tarifas de encargo seguem as regras atuais estabelecidas pela
36

ANEEL, possuem o valor acrescentado de 3% no consumo de energia correspondente as


perdas de energia e são encontradas na Resolução Homologatória N° 3.186, de 18 de Abril
de 2023(2023). As informações podem ser observadas na Figura 5.
Figura 5 – Característica do mercado livre de energia

Fonte: ENERGÊS, 2023.

7.2 Características da Unidade Consumidora

Nesta seção do estudo, são determinadas as características essenciais de uma indústria


para o estudo em questão. Dessa forma, é simulada uma situação em que uma indústria, faz
parte do mercado livre de energia e pertence, a modalidade azul/verde, possuindo uma demanda
contratada única de 500kW/mês.
37

Foi elaborado o levantamento do quantitativo de materiais, bem como de geração


para suprir a demanda de 500kW de uma indústria, localizada nas delimitações do
município de Paulo Afonso, Bahia, , que fica a uma latitude de -9.41097 e longitude de -
38.2358, conforme pode ser observado na Figura 6.

Figura 6 – Vista da localizado do município de Paulo Afonso, Bahia

Fonte: Google Maps, 2023

Como o município de Paulo Afonso está localizado no hemisfério Sul, na maior


parte do ano a posição do sol está na região Norte. Sendo assim, quanto menor for a
inclinação azimutal dos módulos, maior a irradiação recebida ao longo do ano. Considerou-
se como área de instalação dos painéis fotovoltaicos, o mesmo município da indústria o qual
está representado.
O local de instalação dos módulos fotovoltaicos é extremamente importante para
o dimensionamento do SFV, uma vez que é por meio da estimativa da irradiação do local
que é projetada a potência do sistema.

7.3 Dados de Irradiação Solar

Após analisar os dados referentes a localização da indústria, é possível obter a irradiação


média mensal total através do programa PVsyst, na versão estudante. Desta forma, obteve-se
5,67 kWh/m²/dia como a irradiação média mensal total para a cidade. A partir da análise da
irradiação é possível notar os meses com os maiores e menores índices de radiação solar
38

e, consequentemente, é possível estimar os meses com maiores índices de produção do


sistema.
Ao selecionar a localidade da indústria, além da irradiação, a ferramenta PVsyst retorna
outros parâmetros essenciais para o dimensionamento do sistema, que inclui temperatura e
umidade relativa, como pode ser observado na Figura 7.

Figura 7 - Índice de irradiação solar em Paulo Afonso

Fonte: PVsyst, 2023

Analisando a Figura 7 observa-se que intensidades maiores de irradiação são obtidas


nos meses de primavera e verão, sendo maiores em novembro e janeiro.

7.4 Demanda de Carga

Essa variável define o tamanho do sistema que será dimensionado para o projeto.
É uma estimativa pedida por todas as concessionárias de energia equivalente as cargas
necessárias para suprir a demanda do local. Com base na hipótese de demanda de
500kW.

7.5 Parâmetros Econômicos do Sistema Fotovoltaico

Para levantar os parâmetros econômicos, foi necessário dimensionar


tecnicamente o sistema e, por conseguinte, levantar os custos dos equipamentos
utilizado. Dessa forma, foi escolhido o inversor On grid Max125ktl3-x lv 125kw trifásico,
39

fabricado pela Growatt, sendo necessário 4 (quatro) unidades para atingir o valor de 500kW do
sistema. A escolha da quantidade de inversores se deu ao melhor cenário de custo-benefício do
sistema, visto que se aumentada a quantidade de inversores não refletiria em uma grande taxa
de sustentabilidade do sistema e por outro lado aumentaria significativamente o custo do
mesmo.
Figura 8 – Inversor utilizado no estudo

Fonte: Evolusom Solar, 2023

Após isso, através de pesquisa de mercado, foi selecionado o módulo fotovoltaico


SHIMODI555 fabricado pela shinefar, policristalino, com 144 células e potência de
555kW. Em instalações de grande porte se faz necessário um balanceamento de potência
para cada inversor, pois isso facilita as operações e manutenções individuais visto que
a geração unitária será a mesma em cada um deles.
Para que o sistema estivesse completamente balanceado, fazendo com que a carga
fosse alcançada e todos os inversores possuíssem a mesma quantidade de painéis,
estabeleceu-se o número de 920 painéis, sendo 230 conectados a cada inversor, totalizando
uma potência de 510,6kWp. Em seguida foram adicionadas as stringbox, ou caixas de
proteção, dos sistemas CC e CA contendo disjuntores e seus respectivos dispositivos de
proteção contra surtos.
As estruturas necessárias para a fixação dos painéis, onde cada uma possui
capacidade para 4 painéis, sendo necessárias 225 das mesmas. E por fim a mão de obra
estimada em R$200.000,00 sendo levado em consideração a quantidade de painéis a
serem instalados.
Então, foi feito o levantamento de custo de todos os equipamentos e componentes
elétricos necessários para o sistema, através de pesquisa em sites de fornecedores,
conforme mostra a Tabela 1.
40

Tabela 1 – Custos dos materiais


PREÇO
PREÇO UNIT QTD. MODELO PARCIAL
Módulo Solar Shinefar Monocristalino 144 celulas
R$678,03 920 555W R$623.787,60
Inversor solar fotovoltaico on grid growatt max125ktl3-
R$46.523,50 4 x lv 125kw trifasico R$186.094,00
R$1.800,00 4 CLAMPER SOLAR SB 1040V 32A 6E/6S R$7.200,00
R$488,20 4 Kit para String Box CA DJ 250 A e DPS Classe II 45kA R$1.952,80
R$6,99 400 Cabo Lafeber 6mm² - 1,8 kV (metro) R$2.796,00
R$375,29 4 Cabo Flexível 750v 6mm Rolo 100 Metros R$1.501,16
R$823,00 225 Estrutura de fixação para placa solar - Para 4 Placas R$185.175,00
R$200.000,00 1 Mão de Obra R$200.000,00
TOTAL R$1.208.506,56
Fonte: Próprio Autor, 2023

7.6 Perfil Anual de Geração do Sistema Fotovoltaico Simulado

Utilizando os módulos no telhado, com potência de 510,6kW, e inserindo as


características anteriormente listadas no PVsyst, é simulada uma geração anual do sistema de
849621kWh/ano. Essa informação se encontra detalhada na Figura 9, juntamente com o
consumo mensal da unidade ao longo do ano.

Figura 9 – Perfil anual de geração do sistema fotovoltaico da unidade

Fonte: PVsyst, 2023.


41

8 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados estão divididos em duas partes: viabilidade da migração para o


mercado livre de energia comparando com o mercado cativo de energia; viabilidade
econômica de um sistema fotovoltaico conectados à rede em uma indústria com demanda
consumidora de 500 kW/mês.

8.1 Viabilidade da Migração para o Mercado Livre de Energia

O objeto de estudo se enquadra como um consumidor do mercado cativo de energia, ou


seja, o seu fornecimento de energia elétrica ocorre por meio da concessionária responsável no
local em que é estabelecido. A conta de energia elétrica simulada e analisada compreende uma
estimativa de consumo nas modalidades azul e verde do ano de 2023.
O preço de contratação da energia por MWh foi estimado no valor médio que é cobrado
em contratos de 5 anos, de R$170,00, onde há um desconto aplicável de 30% devido a fonte ser
de energia solar, como pode ser observado na Figura 10.
Figura 10 – Simulador de valor de energia pago ao MLE

Fonte: ENERGÊS, 2023.


42

Na Figura 11 estão contidas as informações mais relevantes para que se obtenha o


conhecimento do gasto mensal de energia elétrica da unidade consumidora no mercado cativo
de energia. Assim, foi realizada uma simulação de consumo mensal, conforme tarifas
estabelecidas pelas Aneel (2023).
O consumo de ponta e o consumo fora de ponta da indústria, na modalidade azul, em
reais, é de R$28.904,57 e R$127.693,72 respectivamente. Enquanto que na modalidade verde,
o consumo de ponta é de R$91.505,57 e o consumo fora de ponta é de R$127.693,72.

Figura 11 – Comparação de custo entre ACR e ACL

Fonte: ENERGÊS, 2023.

Assim, foi observado que no mercado cativo, modalidade azul, o custo total é de R$
292.304,04, pagos pela Indústria, média de R$825,25 por MWh. No mercado cativo na
modalidade verde, o custo total mensal simulado é de R$258.650,04, o que resulta em um valor
médio de R$730,24 por MWh.
43

Assim, para o mercado livre de energia elétrica foram consideradas as mesmas


quantidades de demanda e consumo. Com relação ao custo livre, na modalidade azul, o custo
total estimado é de R$194.544,41 mensal. Já na modalidade verde, os custos totais mensais são
de R$ 143.974,94. Na Figura 12 é possível observar os custos referentes ao mercado cativo e
mercado livre de energia nas modalidades azul e verde.
Figura 12 – Custo no mercado cativo x Custo no mercado livre de energia

Fonte: ENERGÊS, 2023.


44

Nota-se, portanto, através da Figura 12, que ao comparar o mercado cativo e o mercado
livre, na modalidade azul, há uma economia média de 33,4% na conta de energia; enquanto que
na modalidade verde há uma economia de 44,34%. Nas tabelas 2 e 3, a seguir, estão os valores
de economia anuais para as duas modalidades tarifárias, levando em consideração o reajuste
tarifário anual de 9% para o ACR e 10% para o ACL. Os números obtidos de ambas
modalidades foram multiplicados por 12 [meses no ano], e do valor do custo no ACL foi
subtraído do valor do custo no ACR para que a quantia anual fosse encontrada.
Tabela 2 – Valor economizado na modalidade Tarifa Azul
Custo no mercado Custo no mercado
Anos Cativo Livre Valor Economizado
1 R$ 3.507.660,48 R$ 2.334.532.92 R$ 1.173.127,56
2 R$ 3.823.330,43 R$2.567.986,21 R$1.255.344,22
3 R$ 4.167.430,17 R$2.824.784,33 R$1.342.645,84
4 R$ 4.542.498,88 R$3.107.262,76 R$1.435.236,12
5 R$ 4.951.323,78 R$3.417.989.03 R$1.533.334,75

Fonte: Próprio Autor, 2023.

Tabela 3 – Valor economizado na modalidade Tarifa Verde


Custo no mercado Custo no mercado
Anos Cativo Livre Valor Economizado
1 R$ 3.103.800,48 R$ 1.727.699,28 R$ 1.376.101,20
2 R$ 3.383.142,52 R$1.900.469,20 R$1.482.673,32
3 R$ 3.687.625,35 R$2.090.516,13 R$1.597.109,22
4 R$ 4.019.511,63 R$2.299.567,74 R$1.719.943,89
5 R$ 4.381.267,68 R$2.529.524,51 R$1.851.743,17

Fonte: Próprio Autor, 2023.

Após levantar todos os dados da comparação do ACR x ACL, temos os valores iniciais
de investimento para a migração ao MLE e suas economias nas modalidades tarifárias azul e
verde. O investimento inicial encontra-se na soma do valor médio de adequação para o SMF, a
taxa da distribuidora e a taxa de adesão da CCEE, respectivamente
= [R$65.000,00 + R$1500,00 + R$1824,13] que é igual a R$68.324,13.
45

Com o valor de investimento inicial e os valores econômicos encontrados nas tabelas 2


e 3 conseguimos montar a planilha de análise econômica do MLE para as tarifas azul e verde,
mostradas nas tabelas 4 e 5 a seguir.

Tabela 4 - Planilha de análise econômica MLE TA


Ano Receita Despesas Fluxo de Caixa

CAPEX Anualidade Total FC Anual FC Descontado FC Acumulado

0 -R$ 68.324,13 -R$ 68.324,13 -R$ 68.324,13 -R$ 68.324,13 -R$ 68.324,13

1 R$ 1.173.127,56 -R$ 2.334.532,21 -R$ 2.334.532,21 -R$ 1.161.404,65 -R$ 1.034.658,93 -R$ 1.102.983,06

2 R$ 1.255.344,22 -R$ 2.567.986,21 -R$ 2.567.986,21 -R$ 1.312.641,99 -R$ 1.041.774,19 -R$ 2.144.757,25

3 R$ 1.342.645,84 -R$ 2.824.784,33 -R$ 2.824.784,33 -R$ 1.482.138,49 -R$ 1.047.923,88 -R$ 3.192.681,13

4 R$ 1.435.236,12 -R$ 3.107.262,76 -R$ 3.107.262,76 -R$ 1.672.026,64 -R$ 1.053.168,34 -R$ 4.245.849,47

5 R$ 1.533.334,75 -R$ 3.417.989,03 -R$ 3.417.989,03 -R$ 1.884.654,28 -R$ 1.057.547,66 -R$ 5.303.397,12

Fonte: Próprio Autor, 2023.

Tabela 5 - Planilha de análise econômica MLE TV


Ano Receita Despesas Fluxo de Caixa

CAPEX Anualidade Total FC Anual FC Descontado FC Acumulado

0 -R$ 68.324,13 -R$ 68.324,13 -R$ 68.324,13 -R$ 68.324,13 -R$ 68.324,13

1 R$ 1.376.101,20 -R$ 1.727.699,28 -R$ 1.727.699,28 -R$ 351.598,08 -R$ 313.227,69 -R$ 381.551,82

2 R$1.482.673,32 -R$ 1.900.469,20 -R$ 1.900.469,20 -R$ 417.795,88 -R$ 331.582,39 -R$ 713.134,21

3 R$1.597.109,22 -R$ 2.090.516,13 -R$ 2.090.516,13 -R$ 493.406,91 -R$ 348.855,99 -R$ 1.061.990,19

4 R$1.719.943,89 -R$ 2.299.567,74 -R$ 2.299.567,74 -R$ 579.623,85 -R$ 365.090,77 -R$ 1.427.080,96

5 R$1.851.743,17 -R$ 2.529.524,51 -R$ 2.529.524,51 -R$ 677.781,34 -R$ 380.327,61 -R$ 1.807.408,57

Fonte: Próprio Autor, 2023.


46

Após os resultados da tabela 4 e 5, são realizadas as viabilidades econômicas do MLE.


Na seguinte Tabela 6, é elencado os resultados do estudo feito para o mercado
apresentando os valores de VPL, TIR

Tabela 6 - Métricas de viabilidade econômica MLE


Anos VPL TA VPL TV
5 -R$5.303.397,12 -R$ 1.807.408,57

Fonte: Próprio Autor, 2023.

Pelo fato do valor presente líquido ser fortemente negativo, não é possível calcular uma TIR
realista.

8.2 Viabilidade do Sistema Fotovoltaico

Frente a demanda da indústria mensal de 500 kW, e diante das informações


obtidas através do PVsyst, e especificadas na metodologia, é possível realizar a viabilidade
econômica dos sistemas fotovoltaicos. Logo, foram analisados os indicadores que
interferem na viabilidade econômica do projeto. Pode-se observar na Tabela 7:

Tabela 7 - Parâmetros considerados na análise econômica


0,95736 R$/kWh
Tarifa com encargos
Reajuste da tarifa 9,0% ao ano

Degradação do 1º ano 2%

Manutenção (OPEX) - % do CAPEX 0,7% ao ano

Degradação após 1º ano 0,8% ao ano

Reajuste do OPEX 10,0% ao ano

Juros (TMA) 12,3% ao ano

Fonte: Adaptado. Ribeiro, 2023; Lasch, Campos, Silva, 2023.


47

Com a análise da planilha de estudo de viabilidade, é obtido a Tabela 6, momento


em que é indicado os resultados do fluxo de caixa, considerando a vida útil do Sistema
de 25 anos. Os resultados obtidos na tabela 8 são considerando o capital próprio.

Tabela 8 - Planilha de análise econômica SFV


Receita Despesas Fluxo de Caixa
Geração
Ano Geração útil Tarifa Reembolso CAPEX OPEX TOTAL FC Anual FC Descontado FC Acumulado

0 0,95736 -R$ 1.208.506,56 -R$ 1.208.506,56 -R$ 1.208.506,56 -R$ 1.208.506,56 -R$ 1.208.506,56

1 884.964 1,0435224 R$ 923.479,76 -R$ 8.459,55 -R$ 8.459,55 R$ 915.020,21 R$ 815.162,77 -R$ 393.343,79

2 867.264,72 1,137439416 R$ 986.461,08 -R$ 9.305,50 -R$ 9.305,50 R$ 977.155,58 R$ 775.516,45 R$ 382.172,66

3 860.326,6022 1,239808963 R$ 1.066.640,63 -R$ 10.236,05 -R$ 10.236,05 R$ 1.056.404,58 R$ 746.915,08 R$ 1.129.087,74

4 853.443,9894 1,35139177 R$ 1.153.337,18 -R$ 11.259,66 -R$ 11.259,66 R$ 1.142.077,53 R$ 719.366,46 R$ 1.848.454,21

5 846.616,4375 1,473017029 R$ 1.247.080,43 -R$ 12.385,62 -R$ 12.385,62 R$ 1.234.694,81 R$ 692.831,90 R$ 2.541.286,10

6 839.843,506 1,605588562 R$ 1.348.443,13 -R$ 13.624,18 -R$ 13.624,18 R$ 1.334.818,94 R$ 667.274,09 R$ 3.208.560,20

7 833.124,758 1,750091533 R$ 1.458.044,58 -R$ 14.986,60 -R$ 14.986,60 R$ 1.443.057,98 R$ 642.657,14 R$ 3.851.217,33

8 826.459,7599 1,907599771 R$ 1.576.554,45 -R$ 16.485,26 -R$ 16.485,26 R$ 1.560.069,19 R$ 618.946,43 R$ 4.470.163,76

9 819.848,0818 2,07928375 R$ 1.704.696,79 -R$ 18.133,79 -R$ 18.133,79 R$ 1.686.563,01 R$ 596.108,65 R$ 5.066.272,41

10 813.289,2972 2,266419288 R$ 1.843.254,55 -R$ 19.947,17 -R$ 19.947,17 R$ 1.823.307,38 R$ 574.111,69 R$ 5.640.384,10

11 806.782,9828 2,470397023 R$ 1.993.074,28 -R$ 21.941,88 -R$ 21.941,88 R$ 1.971.132,40 R$ 552.924,65 R$ 6.193.308,75

12 800.328,7189 2,692732755 R$ 2.155.071,36 -R$ 24.136,07 -R$ 24.136,07 R$ 2.130.935,28 R$ 532.517,72 R$ 6.725.826,47

13 793.926,0892 2,935078703 R$ 2.330.235,56 -R$ 26.549,68 -R$ 26.549,68 R$ 2.303.685,88 R$ 512.862,23 R$ 7.238.688,70

14 787.574,6805 3,199235787 R$ 2.519.637,10 -R$ 29.204,65 -R$ 29.204,65 R$ 2.490.432,46 R$ 493.930,53 R$ 7.732.619,23

15 781.274,083 3,487167008 R$ 2.724.433,21 -R$ 32.125,11 -R$ 32.125,11 R$ 2.692.308,09 R$ 475.696,01 R$ 8.208.315,24

16 775.023,8903 3,801012038 R$ 2.945.875,14 -R$ 35.337,62 -R$ 35.337,62 R$ 2.910.537,51 R$ 458.133,03 R$ 8.666.448,28

17 768.823,6992 4,143103122 R$ 3.185.315,87 -R$ 38.871,38 -R$ 38.871,38 R$ 3.146.444,48 R$ 441.216,89 R$ 9.107.665,17

18 762.673,1096 4,515982403 R$ 3.444.218,34 -R$ 42.758,52 -R$ 42.758,52 R$ 3.401.459,82 R$ 424.923,79 R$ 9.532.588,96

19 756.571,7248 4,922420819 R$ 3.724.164,41 -R$ 47.034,38 -R$ 47.034,38 R$ 3.677.130,03 R$ 409.230,83 R$ 9.941.819,79

20 750.519,151 5,365438693 R$ 4.026.864,49 -R$ 51.737,81 -R$ 51.737,81 R$ 3.975.126,68 R$ 394.115,92 R$ 10.335.935,71

21 744.514,9977 5,848328175 R$ 4.354.168,04 -R$ 56.911,59 -R$ 56.911,59 R$ 4.297.256,44 R$ 379.557,81 R$ 10.715.493,52

22 738.558,8778 6,374677711 R$ 4.708.074,82 -R$ 62.602,75 -R$ 62.602,75 R$ 4.645.472,06 R$ 365.536,00 R$ 11.081.029,52

23 732.650,4067 6,948398705 R$ 5.090.747,14 -R$ 68.863,03 -R$ 68.863,03 R$ 5.021.884,11 R$ 352.030,78 R$ 11.433.060,31

24 726.789,2035 7,573754588 R$ 5.504.523,06 -R$ 75.749,33 -R$ 75.749,33 R$ 5.428.773,73 R$ 339.023,15 R$ 11.772.083,45

25 720.974,8899 8,255392501 R$ 5.951.930,70 -R$ 83.324,27 -R$ 83.324,27 R$ 5.868.606,43 R$ 326.494,78 R$ 12.098.578,23

Fonte: Próprio Autor, 2023

O CAPEX, ou seja, o custo do sistema em questão é de R$1.208.506,56 considerando a


média de R$ 2,36/Wp instalados, de acordo a característica do sistema de possuir 510,6 kWp
instalados.
48

Após os resultados da tabela 8, é realizado a viabilidade econômica do Sistema.


Na seguinte Tabela 9, é elencado os resultados do estudo feito para o Sistema
apresentando os valores de VPL, TIR e Payback.

Tabela 9 - Métricas de viabilidade econômica SFV


Anos VPL TIR
5 R$ 2.541.286,10 76,88%
10 R$ 5.640.384,10 82,89%
15 R$ 8.208.315,24 83,25%
20 R$ 10.335.935,71 83,28%
25 R$ 12.098.578,23 83%
Payback 1 Ano e 4 Meses
Fonte: Próprio Autor, 2023.

Os valores de VPL e TIR indicam que o projeto é viável a curto prazo, pois é um
investimento que se paga em 1 ano e 6 meses, sendo considerado atrativo quando se trata
de geração de energia solar. O Payback pode ser melhor analisado através do gráfico
detalhado na Figura 13.

Figura 13 – Payback do sistema fotovoltaico

Fonte: Próprio Autor, 2023.


49

8.3 Energia Fotovoltaica x Mercado Livre de Energia

Realizando a comparação entre a análise financeira para a implantação de um sistema


de geração de energia fotovoltaica e a migração para o mercado livre de energia elétrica tem-se
os dados apresentados a seguir.
Para ter conhecimento sobre qual das possibilidades de contratação de energia é mais
benéfica para a empresa, tendo como base um período de 5 anos, foram utilizados os valores
encontrados na Figura 13 e nas Tabelas 2, 3 e 4, em relação ao Mercado Livre de Energia, e os
valores das Tabelas 6 e 7, em relação ao sistema fotovoltaico.
No MLE o contratante terá desembolsado em seu quinto ano um valor de
R$10.547.775,86 pela compra de energia e economizado um valor de R$8.027.570,80 na
modalidade da tarifa verde, enquanto na modalidade da tarifa azul, desembolsará
R$14.252.555,25 e irá economizar um valor de R$6.739.686,49, em comparação com o
mercado cativo.
No mesmo período de tempo o sistema fotovoltaico já possui seu valor de retorno de
investimento, um payback de 1 ano de 4 meses, apresenta um valor presente líquido de
R$2.541.286,10 e uma taxa interna de retorno 6 vezes maior que a taxa de juros usada em
questão, com um índice percentual de 76,88%.
Realizando a comparação direta dos parâmetros financeiros possíveis entre os dois
investimentos, a seguir na tabela 8.

Tabela 10 – Apresentação dos VPL’s dos investimentos


Anos VPL SFV VPL TA VPL TV
5 R$ 2.541.286,10 -R$5.303.397,12 -R$ 1.807.408,57

Fonte: Próprio Autor, 2023.

O sistema SFV apresenta um alto valor presente líquido, enquanto os investimentos no


MLE, nas tarifas azul e verde, apresentam investimentos desfavoráveis.
50

9 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Atualmente, o custo elevado de energia elétrica demonstra uma preocupação aos


consumidores. Dessa maneira, a aplicação de maneiras distintas de contratação de energia se
fez necessária levando em consideração a migração ao Mercado Livre de Energia e a
implantação de energia solar fotovoltaica. Deste modo, o presente estudo demonstrou a análise
da viabilidade entre as duas maneiras de fornecimento de energia elétrica, avaliando
principalmente fatores financeiros.
O investimento inicial no mercado livre de energia de R$68.324,13 proporciona uma
ideia vantajosa para o contratante em comparação ao investimento inicial do sistema
fotovoltaico, de R$1.208.506,56, mas logo no seu primeiro ano fica evidente que essa ideia não
se sustenta no quesito econômico, tendo em vista que mesmo com a alta economia anual, em
comparação com o ACR, o valor pago pela compra de energia faz com que o contratante encerre
a temporada com um saldo negativo, e que nos anos seguintes esse saldo continue a crescer
desfavoravelmente.
Por outro lado, o sistema de geração solar possui um curto período de recuperação de
investimento de 1 ano e 4 meses e após isso inicia-se um ciclo de alta lucratividade com o
decorrer dos anos. Gradualmente, o sistema apresenta crescimento nos seus faturamentos e
somado a isso possuiria como despesa apenas o gasto de operação e manutenção do mesmo,
que como mostra a tabela 6 seria em média 1% de sua receita anual. O sistema também possui
longa vida útil, é uma fonte de energia estável e independente das flutuações do mercado de
eletricidade.
Por fim, embora o mercado livre de energia possa ser uma opção atrativa para alguns, é
notório que a energia solar oferece uma alternativa superior em termos de sustentabilidade,
economia, confiabilidade e segurança energética. Como tal, a transição para a energia solar é
uma escolha inteligente para quem busca benefícios significativos a curto e longo prazo.
51

REFERÊNCIAS

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em: 23 de Mar. de 2023.

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Acesso em: 14 de Out. de 2023.

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publicas?p_p_id=participacaopublica_WAR_participacaopublicaportlet&p_p_lifecycle=2&p_
p_state=normal&p_p_mode=view&p_p_cacheability=cacheLevelPage&p_p_col_id=column-
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