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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO CIÊNCIA E TECNOLOGIA


DA BAHIA
CURSO DE ENGENHARIA ELÉTRICA

FLÁVIA MARIA TORRES LIMA

PROTÓTIPO DE FONTE CHAVEADA COM SAÍDA AJUSTÁVEL PARA


APLICAÇÃO EM PRÁTICAS DIDÁTICAS

Paulo Afonso
2023
2

FLÁVIA MARIA TORRES LIMA

PROTÓTIPO DE FONTE CHAVEADA COM SAÍDA AJUSTÁVEL PARA


APLICAÇÃO EM PRÁTICAS DIDÁTICAS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao


curso de Engenharia Elétrica do Instituto Federal
da Bahia como parte dos requisitos para a obtenção
do título de Engenheiro (a) Eletricista.
Orientador (a): Prof. Maurício Sobral Brandão.

Paulo Afonso
2023
3

(Ficha catalográfica)
Solicitar elaboração da bibliotecária (o), conforme documento orientador
disponível no site.
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FLÁVIA MARIA TORRES LIMA

PROTÓTIPO DE FONTE CHAVEADA COM SAÍDA AJUSTÁVEL PARA


APLICAÇÃO EM PRÁTICAS DIDÁTICAS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Engenharia Elétrica do Instituto


Federal da Bahia como parte dos requisitos para a obtenção do título de Engenheiro Eletricista.

Paulo Afonso, 19, de 2023.

Nome completo do orientador (a) – _________________________________


(registrar o último título – especialista, mestre ou doutor (a) – do orientador (a)
(registrar a universidade/Instituto)

Nome do Professor (a) ___________________________________________________


(registrar o último título – especialista, mestre ou doutor (a) – do orientador (a)
(registrar a universidade/Instituto)

Nome do Professor (a) __________________________________________________


(registrar o último título – especialista, mestre ou doutor (a) – do orientador (a)
(registrar a universidade/Instituto)
5

Dedico esse trabalho aos meus pais,


Flávio e Luciene. A minha irmã, Flaviany.
Ao meu companheiro Caio. As minhas avós,
Maria e Inácia.
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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus por me conceder muita paciência, sabedoria, condições físicas
e mentais para chegar até aqui com equilíbrio e coragem. Aos meus pais Flávio e Luciene e a
minha irmã Flaviany, por sempre estarem me apoiando e me ensinando a acreditar em meus
ideais. Ao meu companheiro Caio, na qual amo, admiro e que sempre esteve comigo me
encorajando, acalmando e apoiando em todos os momentos, sempre me ensinando e me
mostrando o quanto eu sou capaz e o quanto eu posso ir além. E as minhas avós, Maria e Inácia
por sempre fazerem os meus dias mais alegres com seus ensinamentos e sorrisos.

Agradeço a alguns professores pelos ensinamentos dentro de sala de aula, em especial aos
professores Carlos Alberto e Marcos Gilberto que me motivaram e ensinaram a enxergar
diversas possibilidades de crescimento, sempre com muita alegria, disposição e entusiasmo.
Aos professores Jadilson, Rhuan e Danielle por aceitarem e acreditarem nos meus projetos e
ideias dentro do Campus. Ao professor Fernando Carlos por sempre ajudar aos alunos com
muita destreza, disposição e boa vontade. E ao meu orientador Maurício Sobral por aceitar esse
desafio e contribuir para a realização deste trabalho.

Agradeço também aos professores Ângelo Moura, Cláudio Santos e aos demais professores de
plataformas de streaming que me ajudaram na aprovação em muitas disciplinas e explanaram
diversas dúvidas.

Por fim, mas não menos importante, agradeço a todos os colegas e amigos que contribuíram em
diversos momentos ao longo da graduação.
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“Eu quis pagar pra ver, aonde leva essa loucura,


Qual é a lógica do sistema...
Afinal de contas o que nos trouxe até aqui?
Medo ou coragem? Talvez nenhum dos dois.
O tempo nos faz esquecer o que nos trouxe até aqui,
Mas eu lembro muito bem como se fosse amanhã”.

Armas Químicas E Poemas – Engenheiros do Hawaii


Humberto Gessinger (2004)
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RESUMO

Nos últimos anos se tornou frequente a utilização de equipamentos eletrônicos principalmente


os portáteis como notebook, tablet e smartphone. Para que os aparelhos eletrônicos funcionem
adequadamente é necessário haver uma fonte de alimentação para que a energia seja convertida
e utilizada. As mesmas podem ser divididas em fonte com regulação linear e fonte por
chaveamento. As fontes chaveadas possui um menor volume em relação a fonte linear, maior
eficiência e ampla faixa de saída, essas fontes utilizam conversores do tipo CC-CC que têm
como princípio de funcionamento alterar a tensão na entrada e na saída de um circuito, sendo
formado por semicondutores e elementos passivos como, indutores e capacitores. O estudo da
eletrônica de potência é um dos grandes pilares na formação do engenheiro eletricista,
envolvendo pesquisas e oportunidades além da vida acadêmica. O estudo prático pode
proporcionar ao discente o interesse no desenvolvimento de projetos, pesquisas e reafirmando
conceitos vistos em sala de aula. Diante do exposto apresentado o presente trabalho tem como
objetivo o desenvolvimento de uma fonte de tensão chaveada para utilização em bancadas e
práticas didáticas proporcionando maior ganho de conhecimento e aprimorando os estudos
voltados a eletrônica de potência no laboratório de eletrônica no IFBA Campus Paulo Afonso.
A tensão de entrada será proveniente de uma fonte de bancada que fornece tensão contínua
disponibilizada pelo laboratório de eletrônica do Campus. O protótipo do conversor CC-CC do
tipo buck utiliza um gerador de sinais para obter o sinal de pulso, facilitando a visualização e
estudos posteriores para os discentes. O desenvolvimento deste projeto segue um diagrama,
especificando cada etapa realizada na montagem do protótipo, foram realizados testes de
validação e confecção de roteiros para a aplicação das práticas. A montagem do protótipo
ocorreu no laboratório de eletrônica, utilizando os seus equipamentos, seguindo todos os
requisitos de proteção adequados ao manuseio dos componentes. A fonte chaveada funcionou
conforme o esperado, com valores satisfatórios, demonstrando estabilidade nas diferentes
conexões dos semicondutores, além das variações de tensão na entrada do circuito.

Palavras-chave: fonte chaveada; conversor CC-CC; conversor Buck; práticas didáticas.


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ABSTRACT

In recent years, the use of electronic equipment has become frequent, especially portable ones
such as notebooks, tablets and smartphones. For electronic devices to work properly, there
needs to be a power source for energy to be converted and used. They can be divided into source
with linear regulation and source by switching. Switched sources have a smaller volume in
relation to the linear source, greater efficiency and a wide output range, these sources use DC-
DC converters whose operating principle is to change the voltage at the input and output of a
circuit, being formed by semiconductors and passive elements such as inductors and capacitors.
The study of power electronics is one of the main pillars in the training of electrical engineers,
involving research and opportunities beyond academic life. The practical study can provide the
student with an interest in the development of projects, research and reaffirming concepts seen
in the classroom. In view of the above presented, the present work aims to develop a switched
voltage source for use in benches and didactic practices, providing greater knowledge gain and
improving studies focused on power electronics in the electronics laboratory at the IFBA
Campus Paulo Afonso. The input voltage will come from a bench source that provides direct
voltage provided by the Campus electronics laboratory. The prototype of the buck-type DC-DC
converter uses a signal generator to obtain the pulse signal, facilitating visualization and further
studies for students. The development of this project follows a diagram, specifying each step
carried out in the assembly of the prototype, validation tests and preparation of scripts for the
application of practices were carried out. The assembly of the prototype took place in the
electronics laboratory, using its equipment, following all the protection requirements adequate
to the handling of the components. The switched source worked as expected, with satisfactory
values, demonstrating stability in the different semiconductor connections, in addition to
voltage variations at the circuit input.

Keywords: Locked font; DC-DC converter; buck converter; didactic practices.


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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Representação simplificada de um conversor CC-CC 20


Figura 2 Topologia básica do conversor buck 20
Figura 3 Formas de onda nos modos de condução contínua e descontínua 22
Figura 4 Distribuição do entreferro 28
Figura 5 Circuito snubber RC 28
Figura 6 Representação do sinal modulado PWM 30
Figura 7 Diagrama de blocos do protótipo 36
Figura 8 Núcleo de ferrite tipo EE 40
Figura 9 Gerador de sinal de função 46
Figura 10 Protótipo final do conversor buck para práticas didáticas 47
Figura 11 Sinal de pulso do conversor Buck 48
Figura 12 Vista frontal e superior do protótipo do conversor buck 49
Figura 13 Protótipo do conversor buck em funcionamento 49
Figura 14 Sinal de saída do conversor buck em 15V 50
Figura 15 - Comportamento da tensão de saída em diferentes valores de tensão de entrada
com o circuito snubber 51
Figura 16 Comportamento da tensão de saída em diferentes valores de tensão de entrada sem
o circuito snubber 52
Figura 17 Comportamento da tensão de saída utilizando a variação de resistores 53
Figura 18 Comportamento da tensão de saída com a variação de capacitores 54
Figura 19 Fluxograma para o modelo de ensino e aprendizado 57
Figura 20 Circuito conversor buck 64
Figura 21 Conexões do conversor buck 65
Figura 22 Conexão em paralelo dos resistores 65
Figura 23 Conexão dos capacitores 66
Figura 24 Conexão para o circuito amortecedor 74
Figura 25 Conexão para medição de corrente na saída do circuito 74
11

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Valores de Kj e x 26
Tabela 2 Parâmetros do projeto – Conversor Buck 38
Tabela 3 Variação da tensão de saída com diferentes valores de capacitância 54
Tabela 4 Análise da tensão de saída com variação da carga e diferentes valores de
capacitância 55
Tabela 5 Valores de corrente obtidos na saída do circuito 55
Tabela 6 Valores da potência no conversor 56
Tabela 7 Análise da tensão de saída com variação da carga e tensão de entrada em 30V 66
Tabela 8 Análise da tensão de saída com tensão de entrada em 20V 68
Tabela 9 Análise da tensão de saída com tensão de entrada em 25V 68
Tabela 10 Análise da tensão de saída com tensão de entrada em 30V 68
Tabela 11 Análise da tensão de saída 70
Tabela 12 Análise da tensão de saída com tensão de entrada em 20V 75
Tabela 13 Análise da tensão de saída com tensão de entrada em 25V 75
Tabela 14 Análise da tensão de saída com tensão de entrada em 30V 75
Tabela 15 Lista de materiais para a confecção do protótipo 77
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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

CA Corrente Alternada
CC Corrente Contínua
IGBT Insulated Gate Bipolar Transistor (do inglês Transistor Bipolar de
Porta Isolada)
LC Indutor Capacitor
LED Light Emitting Diode ( do inglês Diodo Emissor de Luz)
MCD Modo de Condução Descontínua
MDC Modo de Condução Contínua
MOSFET Metal Oxide Semicondutor Field Effect Transistor (do inglês
Transistor de Efeito de Campo Metal Óxido Semicondutor)
NPN Negativo Positivo Negativo
PNP Positivo Negativo Positivo
PWM Pulse Width Modulation (do inglês Modulação por Largura de Pulso)
RC Resistor Capacitor
TBJ Transistor Bipolar de Junção
13

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 15

1.1 JUSTIFICATIVA 16

1.2.1 OBJETIVO GERAL 17

1.2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS 17

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ................................................................................. 19

2.1. CONVERSOR CC-CC 19

2.1.1 CONVERSOR BUCK 20

2.1.2 MODO DE OPERAÇÃO 21

2.2 PROJETO DO INDUTOR DE SAÍDA 23

2.2.1 INDUTOR 24

2.2.2 EFEITO PELICULAR 25

2.2.3 NÚCLEO MAGNÉTICO 25

2.2.4 CONDUTOR 27

2.2.5 ENTREFERRO 27

2.3 CIRCUITO SNUBBER 28

2.4 CIRCUITO DE COMANDO 29

2.4.1 MODULAÇÃO POR LARGURA DE PULSO – PWM 29

2.5 CHAVES SEMICONDUTORAS 30

2.5.1 MOSFET 31

2.5.2 IGBT 31

2.5.3 TBJ 32

2.5.4 DIODO 32

2.5.5 CRITÉRIOS PARA ESCOLHA DA CHAVE 33


14

2.6 PRÁTICAS DIDÁTICAS EM LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA 33

3 MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................................................... 36

3.1 METODOLOGIA 36

3.2 PARÂMETROS E CÁLCULOS DO CONVERSOR BUCK 38

3.2.1 RAZÃO CÍCLICA 38

3.2.2 PROJETO DO INDUTOR 39

3.2.3 CÁLCULO DO CAPACITOR DE SAÍDA 44

3.2.4 CIRCUITO SNUBBER 45

3.3 CIRCUITO DE COMANDO 46

3.4 PROJETO FINAL DO CONVERSOR BUCK 46

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES ...................................................................................... 48

4.1 OPERANDO EM MALHA ABERTA 50

4.2 VARIANDO A TENSÃO DE ENTRADA 50

4.3 VARIANDO A RESISTÊNCIA 52

4.4 VARIANDO O CAPACITOR 53

4.5 APLICAÇÃO DIDÁTICA 56

5 CONCLUSÕES ............................................................................................................... 58

5.1 TRABALHOS FUTUROS 58

REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 59

APÊNDICES ........................................................................................................................... 61

ANEXO 1 – TABELA DE CUSTOS PARA O CONVERSOR CC-CC DO TIPO BUCK


.................................................................................................................................................. 77
15

1 INTRODUÇÃO

As variações na rede de energia elétrica podem ser ocasionadas por vários motivos,
desde intempéries climáticas até aquecimentos e curtos circuitos que podem danificar aparelhos
eletrônicos e afetar a produção de iluminação e sistemas eletrônicos . Para proporcionar um
maior equilíbrio e ajuste das tensões e correntes necessárias nos diversos componentes
eletrônicos se utiliza uma fonte de alimentação, afim de minimizar as instabilidades que
ocorrem nas redes de distribuição de energia.
Com a maior utilização dos aparelhos eletrônicos, principalmente os portáteis como
tablet, notebook e smartphone, tornou-se necessário a utilização de conversores de energia para
suprir a quantidade de tensão contínua (CC) que os aparelhos eletrônicos exigem, os
conversores podem ser utilizados como fontes lineares ou chaveadas. As fontes de alimentação
linear tem bom funcionamento para aplicações de baixa potência, porém possuem um baixo
rendimento e não são utilizadas em equipamentos portáteis devido ao tamanho de seus
componentes, já as fontes de alimentação por chaveamento, possui a vantagem em relação a
linear por ocupar menos volume, pois possui o seu tamanho reduzido, tem melhor eficiência, é
leve e portátil, podendo ser usada em qualquer lugar (DE LIZ, 2003, BARBI, 2001).
Na regulação por chaveamento nas fontes de tensão, é utilizado conversor para
utilização da corrente alternada em contínua. Para regular a tensão de saída nas fontes
chaveadas com maior eficiência e precisão nas cargas utiliza-se a modulação por largura de
pulso (PWM), permitindo a utilização de conversores do tipo CC-CC dependendo da
necessidade da potência de saída (MEHL, s.d.).
Existem diferentes tipos de conversores CC-CC que podem ser abaixadores ou
elevadores de tensão, isolados ou não isolados compostos por um determinado número de
componentes, esses tipos de conversores são formados por duas chaves, uma ativa que pode ser
transistor, MOSFET, IGBT ou outros tipos de semicondutores, e as chave passiva composta
por um diodo, os conversores mais utilizados são do tipo Buck, Boost e Buck-Boost (MELLO,
2013).
Os conversores do tipo Buck é um abaixador de tensão cujo o valor médio de tensão na
saída do circuito é inferior ao valor da tensão de entrada e o valor da corrente de saída é superior
ao valor médio da corrente de entrada, esse tipo de conversor permite uma variação contínua
na tensão, variando de zero a um valor alto de alimentação (BARBI, 2006). Já os conversores
do tipo Boost são elevadores de tensão, na qual a tensão média de saída é maior que o valor
16

médio da tensão de entrada, possui uma estrtutura de componentes semelhante ao do conversor


Buck, porém são rearranjados de forma distinta e possui o indutor em série com uma fonte de
alimentação, suas principais aplicações envolvem o acionamento de motores, fontes de
alimentação e retificadores com alto fator de potência (BARBI, 2006). Os conversores do tipo
Buck-Boost são ditos como acumuladores de energia, normalmente são utilizados para
controlar o fluxo de energia elétrica entre uma fonte de tensão contínua e uma carga de tensão
contínua por possuir uma acumulação indutiva, armazenando energia que atua como uma fonte
de corrente (BARBI, 2006).
Para realizar um bom desempenho nos conversores CC-CC é necessário utilizar um
componente como chave ativa, atuando de forma aberta ou fechada no circuito e que possam
trabalhar em altos valores de frequência. Esses componentes podem ser transistores,
MOSFETs, IGBTs e TBJs, já para a chave passiva do circuito é constituida por um diodo, pois
são dispositivos que dependem das condições do circuito, não atuando no controle do conversor
(MELLO, 2013).
Os conversores se faz presente diariamente em componentes eletrônicos e demais
equipamentos convertendo a energia elétrica em diferentes níveis de potência. Dessa forma o
estudo e conhecimento nessa área é de grande importância tanto na atuação acadêmica, quanto
no campo profissional, permitindo explorar diferentes aspectos e componentes da área.
Dessa forma considerando a abordagem acima e visando proporcionar o estudo da
eletrônica de potência, o presente trabalho irá desenvolver um protótipo de fonte chaveada para
utilização em bancadas, práticas didáticas e possibilitar maior ganho de conhecimento aos
discentes do curso de engenharia elétrica e eletromecânica no laboratório de eletrônica do IFBA
Campus Paulo Afonso.
Será utilizado como tensão inicial a fonte de bancada que fornecerá até de 32 V em cada
canal independente, podendo ser ligada em série com o outro canal fornecendo até 64 V
contínuos, em seguida será utilizado o conversor CC-CC chaveado para a redução de tensão
contínua na saída do circuito. Dessa forma os discentes terão oportunidade de aprimorar os
estudos e idealizar novos projetos na área de eletrônica, além disso terão a oportunidade de
manusear um equipamento de fácil locomoção, baixo curso e bom rendimento.

1.1 JUSTIFICATIVA

Nos últimos anos as pesquisas sobre chaveamento em alta frequência vêm ganhando
espaço no mercado por proporcionar alta eficiência e redução no volume das fontes de
17

alimentação (BARBI, 2001). Esse tipo de fonte é utilizado em diversos equipamentos


eletrônicos, possui uma alimentação com elevada tensão na entrada, podendo ser menor o seu
transformador e capacitor.

A fonte de alimentação é utilizada para converter a tensão alternada em tensão contínua,


de acordo com cada equipamento utilizado. Grande parte dos estudos realizados no laboratório
de eletrônica nas Universidades exigem fontes de alimentação com valores específicos de
tensão e corrente.

Foram levados em consideração para a escolha do tema proposto, a falta de um


equipamento que seja de fácil locomoção, eficiente e de baixo custo para realização de feiras
expositivas e a utilização do mesmo dentro de sala de aula e laboratório.

Além disso foi analisado também a eficiência da fonte chaveada ajustável, a sua
respectiva compactação, a sua aplicabilidade em práticas didáticas, o baixo custo em seu
desenvolvimento e a praticidade na realização de novas pesquisas. Diante do exposto
apresentado o desenvolvimento de uma fonte de bancada chaveada poderá proporcionar maior
ganho de conhecimento e idealização de novos projetos para os discentes.

Tendo em vista a sua importância com capacidade de alimentação em diversos


circuitos e um bom rendimento, projetar uma fonte de alimentação ajustável para bancada
didática torna o desenvolvimento deste trabalho uma ferramenta útil para promover o estudo de
novas pesquisas e demais atividades acadêmicas.

1.2 OBJETIVOS

1.2.1 OBJETIVO GERAL

O presente trabalho tem por objetivo desenvolver um prototipo do conversor CC-CC do


tipo Buck para a utilização em práticas didáticas e demais estudos voltados a eletrônica de
potência pelos discentes do IFBA – Campus Paulo Afonso.

1.2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Os objetivos específicos para a execução desse trabalho se encontram presentes abaixo:


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• Revisar bibliografias referentes aos conversores chaveados em alta frequência;

• Projetar um conversor chaveado do tipo buck para o ajuste da tensão na saída;

• Desenvolver a montagem do prototipo do conversor buck;

• Elaborar manuais de práticas para utilização do prototipo;

• Realizar testes para as condições projetadas.

1.4 PROBLEMA E PREMISSAS

Um dos grandes problemas enfrentados pelos estudantes de engenharia elétrica, é a falta de


equipamentos necessários para a realização de pesquisas e projetos, na qual são importantes
para mostrar outras áreas e oportunidades para o mercado de trabalho, evidenciando a
compreensão da teoria a prática de maneira satisfatória.

O estudo da eletrônica de potência é um dos grandes pilares na formação do engenheiro


eletricista, pois faz parte de uma área abrangente que envolve diversas pesquisas e
oportunidades além da vida acadêmica. O estudo prático pode proporcionar ao discente o
interesse no desenvolvimento de projetos, pesquisas e reafirmando conceitos vistos em sala de
aula.

Para a realização dessas atividades práticas as instituições de ensino demandam de


equipamentos de laboratório adequados, porém nem todas possuem recursos financeiros
disponíveis para adquirir materiais didáticos. Outro motivo que levou a realização deste
trabalho é a falta de conversores didáticos no laboratório de eletrônica, sempre que há uma
necessidade de utilizar componentes para montagem, nem sempre há recursos disponíveis para
todos os discentes. Dessa forma, o protótipo do conversor CC-CC do tipo Buck poderá ajudar
de maneira prática a suprir a falta de equipamentos didáticos, além de poder explorar o seu
conhecimento fora da sala de aula.

O protótipo poderá ser utilizado para a realização de diversas práticas voltadas ao estudo da
eletrônica de potência, em uma abordagem mais profunda sobre conversores CC-CC do tipo
Buck, fontes chaveadas e dispositivos semicondutores, analisando o seu comportamento em
diferentes aplicações.
19

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

O presente capítulo tem como finalidade abordar os conceitos sobre os conversores CC-
CC do tipo Buck, com ênfase em suas equações mais relevantes para o dimensionamento de
componentes para o desenvolvimento prático do projeto em aplicações educacionais. Também
é descrito o projeto de indutores, além de uma breve análise sobre o circuito de controle por
PWM para fonte chaveada.

2.1. CONVERSOR CC-CC

A fonte chaveada ou regulação por chaveamento é caracterizada como sendo um


conversor CC-CC, que fornece uma tensão de saída a partir de uma tensão de entrada. De acordo
com o tipo de conversor utilizado a tensão de saída poderá ser maior ou menor em relação a
tensão de entrada. A chave opera nos estados ligado e desligado, possuindo uma alta frequência
de operação muitas vezes superior à da rede elétrica.

Os conversores CC-CC têm como princípio de funcionamento alterar a tensão na


entrada e na saída de um circuito, sendo formado por interruptores e componentes passivos
(indutores e capacitores) filtrando o fluxo de carga da entrada para a saída da fonte (PETRY,
2001).

Podendo ser caracterizados em conversores CC-CC isolado e não isolado, a diferença


entre eles está na utilização de um indutor acoplado isolando a saída da sua entrada. O seu
funcionamento caracteriza-se pela utilização de uma fonte chaveada, ligado à rede elétrica em
corrente alternada (ALMEIDA, 2018).
O sistema descrito na Figura 1 representa um conversor CC-CC, onde consiste em uma
fonte de entrada 𝐸1 responsável por alimentar o conversor CC-CC, que através de
semicondutores (indutores e capacitores) de potência fornece a tensão para a fonte 𝐸2 . Dessa
forma 𝐸1 atua como fonte de energia e 𝐸2 como carga, podendo ser representada por um banco
de baterias, fontes de dispositivos móveis e outros tipos de conversores estáticos (BARBI;
MARTINS, 2006).
20

Figura 1 – Representação simplificada de um conversor CC-CC

Fonte: Barbi e Martins (2006)

Em tipos de sistemas ideais, as perdas internas serão nulas e a potência fornecida pela
fonte 𝐸1 será entregue a fonte 𝐸2 . Para entendimento prático o rendimento de um conversor
CC-CC com fonte chaveada pode variar de 70% a 98% a depender dos elementos empregados,
além disso, quando comparados aos reguladores lineares as perdas por chaveamento se tornam
menores, pois ao invés de utilizar um resistor em seu sistema, o regulador chaveado utiliza um
semicondutor para controlar o fluxo de energia elétrica e aumentar o seu rendimento.

2.1.1 CONVERSOR BUCK

O conversor Buck, conhecido também como step-down é um abaixador de tensão, ou seja,


regula o valor da tensão de saída de forma que ela seja menor em relação a tensão de entrada.
Esse princípio de operação é possível através do armazenamento de energia no indutor e pela
tensão de saída na carga, variando de zero até a sua tensão inicial de entrada, além disso depende
também do período de comutação controlada pelo chaveamento (MOSFET’s, IGBT’s, etc). Os
conversores do tipo buck podem ser utilizados em diversas aplicações, entre elas está a
substituição de reguladores lineares. A Figura 2 mostra a topologia básica do conversor buck
(TREVISO, 2006).

Figura 2 - Topologia básica do conversor buck

Fonte: Pomilio (2014)


21

Quando o diodo está aberto, ficando reversamente polarizado o transistor T está conduzindo, a
energia da fonte será transferida para o indutor (aumento de 𝑖0 ) e para o capacitor (quando 𝑖0 >
𝑉0 /𝑅). Quando o transistor T desliga, o diodo passa a conduzir, fazendo ocorrer a continuidade
na corrente do indutor. Dessa forma, a energia que estava armazenada no indutor será
transferida para a carga e o capacitor, assim o capacitor será carregado enquanto o valor
momentâneo da corrente no indutor for maior do que a corrente que está na carga do capacitor.
Quando a corrente possuir um valor menor, em relação a corrente no indutor, a diferença entre
as duas passará a carregar o capacitor, caso o contrário o capacitor irá descarregar, fornecendo
uma corrente necessária de tal modo que a corrente da carga permaneça constante (MARTINS
e BARBI, 2000).

Segundo Mello (2000), quando se despreza as quedas de tensões nos componentes envolvidos
no circuito, a equação que descreve o funcionamento do conversor se dará da seguinte forma:

𝑉𝑜 = 𝐷. 𝑉𝑒 [𝑉] (2.1)

Onde:

𝑉𝑜 ⟶ Tensão de saída do conversor

𝑉𝑒 ⟶ Tensão de entrada do conversor

𝐷 ⟶ Razão Cíclica

2.1.2 MODO DE OPERAÇÃO

Os conversores CC-CC apresentam dois modos de funcionamento, o Modo de


Condução Contínuo (MCC) e Modo de Condução Descontínuo (MCD). No conversor buck,
ocorre o modo de operação contínua, em que a corrente no indutor é sempre maior que zero,
apresentando uma ondulação característica durante o período de chaveamento. A Figura 3
mostra os diferentes formatos de onda em ambos os modos de operação.
22

Figura 3 - Formas de onda nos modos de condução contínua e descontínua

Fonte: J. A. Pomílio (2014)

No modo de operação contínuo a obtenção da relação entre a entrada e a saída poderá ser
realizada através do comportamento do elemento que transfere a energia da entrada para a saída
do circuito. Sabe-se que a tensão média sobre a indutância ideal é nula em seu estado de regime
permanente. Dessa forma, analisando a Figura 3, quando T passa a conduzir ocorrerá uma
magnetização devido a polaridade na tensão do indutor estar conduzindo, dessa forma a
diferença entre a corrente máxima e mínima de T no seu momento de condução está sendo
representado na terceira ondulação da Figura 3.

Durante o período de condução, onde o conversor está operando em modo contínuo, as


correntes de magnetização e desmagnetização devem ser superiores a zero, dessa forma a
corrente média que está circulando pelo indutor deve ser superior, a equação seguinte mostra
tal descrição (POMÍLIO, 2014).

(2.2)
𝛥𝐼0 (𝑉𝑒 −𝑉𝑠 ).𝐷 𝐷.(1−𝐷).𝑉𝑒
𝐼0 = = = [A]
2 2𝐿 2𝐿

A equação seguinte irá demonstrar o valor do indutor necessário para se obter a corrente mínima
de saída. É importante considerar os valores de tensão máxima de entrada e a razão cíclica do
conversor.

𝐷𝑚𝑖𝑛 .(1−𝐷𝑚𝑖𝑛 ).𝑉𝑚𝑎𝑥 (2.3)


𝐿≥ [H]
2.𝐼0𝑚𝑖𝑛 .𝑓𝑐
23

Para realizar o cálculo do capacitor no conversor buck como mostra a Figura 2, é importante
levar em consideração a ondulação da tensão no capacitor e as formas de onda de corrente no
indutor. Segundo Treviso (2006) considerando uma resistência nula em série do capacitor, o
menor valor a ser utilizado no cálculo do capacitor é dado pela equação a seguir:

𝐷𝑚𝑖𝑛 .(1−𝐷𝑚𝑖𝑛 ).𝑉𝑚𝑎𝑥 (2.4)


𝐶≥ [𝐹]
8.𝐿.𝛥𝑉𝑐 𝑓 2

Onde 𝛥𝑉𝑐 é dado como a variação de tensão no capacitor.

O ganho estático do conversor buck independe do seu valor de corrente de saída, dessa forma
quando houver mudanças bruscas em sua corrente de saída, o circuito LC irá preencher esse
espaço. Quando haver um aumento considerável na corrente de saída do conversor, o capacitor
irá atuar reduzindo o valor de tensão até que o indutor conceda o carregamento da corrente
(TREVISO, 2006). Essa variação pode ser dada pela equação a seguir:

(1−𝐷𝑚𝑎𝑥 ).𝐿.∆𝐼02 (2.5)


𝛥𝑉0 = [𝑉]
𝐷𝑚𝑎𝑥 .𝐶.𝑉0

A variação de tensão que ocorre no conversor quando há uma diminuição na corrente de saída,
pode ser calculado pela equação a seguir:

𝐿.∆𝐼02 (2.6)
𝛥𝑉0 = [𝑉]
𝐶.𝑉0

O aumento da tensão pode levar a sérios problemas no circuito, podendo interromper o seu
funcionamento, por isso o dimensionamento correto de seus componentes deve ser feito de
maneira adequada para que evite essas altas variações na tensão (TREVISO, 2006).

É importante analisar o valor da energia máxima que o indutor calculado poderá suportar, ela
será descrita no tópico seguinte.

2.2 PROJETO DO INDUTOR DE SAÍDA


24

É importante projetar indutores e transformadores adequados a cada necessidade para obtenção


de êxito no funcionamento do conversor CC-CC buck (BARBI; FONT; ALVES, 2006).

2.2.1 INDUTOR

Os indutores são elementos passivos que armazenam a energia em campo magnético.


Geralmente são utilizados para impedir variações de correntes. Os indutores construídos para
altas frequências podem ser confeccionados com fios de cobre que passam por um material de
ferrite. A equação utilizada para qualquer tipo de núcleo de ferrite será descrita a seguir
(POZZATTI, 2015).

𝐿 = 𝐴𝑙 . 𝑁 2 [𝐻] (2.7)

Onde:

𝐿 ⟶ Valor da indutância

𝐴𝑙⟶ Fator de indutância

𝑁 ⟶ Número de espiras

O valor do fator de indutância é determinado pelo fabricante e irá depender de parâmetros


físicos do núcleo, como por exemplo a área efetiva e o caminho magnético efetivo, porém para
alguns núcleos de ferrite o valor do fator de indutância se torna constante.

É de suma importância verificar o valor da energia armazenada que indutor irá suportar para
realizar o seu dimensionamento (POMILIO, 2014). O cálculo dessa energia poderá ser realizado
através da equação a seguir:

1 (2.8)
Ɛ= . 𝐿(𝐼0𝑚á𝑥 + 𝐼0min )² [𝐽]
2

1 2 (2.9)
Ɛ𝑚𝑎𝑥 = . 𝐿𝑚𝑖𝑛 . 𝐼𝑚á𝑥 [𝐽]
2

Sendo,
𝐼𝑚á𝑥 = 𝐼0𝑚á𝑥 + 𝐼0𝑚𝑖𝑛 (2.10)
25

2.2.2 EFEITO PELICULAR

O efeito skin ou pelicular é um fenômeno que ocorre em correntes alternadas (CA), percorrendo
um condutor, aumentando a resistência aparente vinculado ao aumento da frequência (LOPES,
2012).

Esse efeito pode reduzir a capacidade de rendimento de uma fonte chaveada, pois a mesma
trabalha em valores elevados de frequência, dessa forma a densidade de corrente se torna maior
na superfície do condutor, aumentando o seu campo elétrico. Assim as perdas no condutor se
tornam maiores (POMILIO, 2014).

A equação seguinte demonstra a distância em que uma determinada corrente consegue atingir
na área do condutor (ALVES; BARBI; FONT, 2002).

7,5 (2.11)
𝛥= √𝑓

Onde 𝑓 representa a frequência de chaveamento do conversor buck.

2.2.3 NÚCLEO MAGNÉTICO

Para realizar o projeto físico do indutor é necessário a escolha do núcleo magnético, na qual
tem o papel de fornecer o fluxo de corrente adequada no conversor. Para definir o núcleo
magnético utilizado no indutor é preciso levar em consideração alguns parâmetros, como a área
transversal do núcleo (𝐴𝑒 ), onde irá transitar o campo magnético e por uma área de janela (𝐴𝑗 ).
A equação a seguir irá mostrar o produto entre as duas áreas, relacionando com a energia
armazenada para a definição do indutor.
𝑧
2𝜀.104 (2.12)
𝐴𝑒 . 𝐴𝑗 = (𝑘𝑢.𝑘𝑗.𝐵 ) [𝑐𝑚2 ]
𝑚𝑎𝑥

Onde:

𝜀 ⟶ Energia armazenada

𝑘𝑢 ⟶ Fator de utilização das janelas

𝐶 ⟶ Coeficiente de densidade dos fios


26

1
𝑧 ⟶ Equivalente a 1−𝑥, onde 𝑥 representa o valor na Tabela 1

O valor de 𝑘𝑢 pode ser encontrado utilizando a seguinte equação:

∑𝑁.𝐴𝑐𝑢 (2.13)
𝑘𝑢 = 𝐴𝑗

O coeficiente de densidade dos fios 𝑘𝑗 é a relação entre o produto das duas áreas e a corrente
dos fios (𝐽) e pode ser descrito da seguinte forma:

𝐴 (2.14)
𝐽 = 𝐾𝑗 . 𝐴−𝑥
𝑝 [𝑐𝑚3 ]

A tabela a seguir corresponde a alguns valores que representam diferentes tipos de núcleo de
ferrite, onde apresenta os valores de 𝐾𝑗 e 𝑥.

Tabela 1 - Valores de K_j e x


Núcleo 𝑲𝒋 (𝟐𝟎∘ 𝑪 ≤ ∆𝑻 ≤ 𝟔𝟎∘ 𝑪) 𝒙

POTE 74,78.∆𝑇 0,54 +0,17

EE 63,35.∆𝑇 0,54 +0,12

X 56,72.∆𝑇 0,54 +0,14

RM 71,70.∆𝑇 0,54 +0,13

EC 71,70.∆𝑇 0,54 +0,13

PQ 71,70.∆𝑇 0,54 +0,13


Fonte: Treviso (2006).

É aconselhável utilizar em fontes chaveadas um valor de temperatura por volta de 30∘ C, é


importante salientar que quanto maior a temperatura no núcleo, maior serão as perdas
(POZZATTI, 2015).

Reescrevendo a equação (2.7) isolando a variável N é possível encontrar o número de espiras a


ser utilizado no indutor:
27

𝐿 (2.15)
𝑁 = √𝐴𝑙 = 𝑒𝑠𝑝𝑖𝑟𝑎𝑠

Assim, o cálculo do fator de indutância (𝐴𝑙 ) será definido pela expressão abaixo:

𝐴2𝑒 .𝐵𝑚𝑎𝑥
2 𝐻 (2.16)
𝐴𝑙 = [𝑒𝑠𝑝2]
2.𝜀

2.2.4 CONDUTOR

Para dimensionar a área do cobre do condutor na qual possa atender as especificações do


indutor, será realizado pela equação abaixo:

𝐼 (2.17)
𝐴𝑐𝑢 = [𝑐𝑚2 ]
𝐽

O valor de 𝐽 corresponde ao valor da densidade de corrente nos fios.

2.2.5 ENTREFERRO

O entreferro permite que o indutor opere com valores elevados de corrente em seu enrolamento,
evitando a saturação do seu núcleo. Além disso o entreferro desempenha o papel de
proporcionar uma relutância mais elevada que a relutância do núcleo, tornando o valor da
indutância praticamente insensível as variações do núcleo (MELLO, 2000).

O valor total do comprimento do entreferro pode ser calculado pela seguinte equação:

𝑁 2 .𝜇𝑜 .𝐴𝑒 (2.18)


𝑙𝑒𝑛𝑡𝑟𝑒𝑓𝑒𝑟𝑟𝑜 = 𝐿

É utilizado o fator 10−2 para ajustar a unidade e tornar o comprimento do entreferro em cm.
Em núcleos do tipo EE o entreferro é adicionado nas laterais, havendo metade do valor
calculado, uma vez que todo o fluxo magnético percorre o caminho central do entreferro, como
mostrado na Figura a seguir.
28

Figura 4 - Distribuição do entreferro

Fonte: BARBI; FONT e ALVES (2002)

2.3 CIRCUITO SNUBBER

O circuito de ajuda à comutação (snubber), também conhecido como amortecedor, é utilizado


para minimizar fenômenos indesejados como picos de tensão ou transientes que possam
danificar o circuito e provocar fagulhas, oriundos de condições operacionais do sistema elétrico.

Os circuitos snubbers podem ser dissipativos ou regenerativos, ou seja, quando a sua energia
armazenada dissipa em um resistor, este circuito é chamado de dissipativo, já quando a energia
armazenada é transferida para a entrada ou saída do conversor, é chamado de regenerativo.
Além disso os circuitos snubbers podem ser do tipo ativo ou passivo, o primeiro é composto
por chaves e outros elementos passivos (capacitores, indutores, resistores e diodos), já o tipo
passivo é composto somente por capacitores, indutores, resistores e diodos (BITENCOURT,
2018).

O snubber RC, formado por um resistor (R) em série com um capacitor (C) é utilizado para
suprimir a elevação de tensão em cima de uma chave.

Figura 5 - Circuito snubber RC

Fonte: autoria própria (2023)


29

Para projetar um circuito snubber RC é importante dimensionar corretamente os seus


componentes. De acordo com Treviso (2006) o cálculo para dimensionar a resistência do
circuito snubber é realizado através da seguinte equação:
2
𝑉𝑚𝑎𝑥
𝑅𝑠 ≤ [Ω] (2.19)
1,6

Onde 1,6 é o valor da potência que será dissipada utilizando esses valores na tensão de entrada.

De acordo com Dubilier (2011) para conhecer o valor do capacitor é utilizado a equação abaixo:

1 (2.20)
𝐶𝑠 = [𝐹]
𝑉𝑖2 .𝑓𝑐

2.4 CIRCUITO DE COMANDO

Em conversores do tipo CC-CC a tensão média de saída pode ser controlada por diferentes
formas para se obter um nível desejado, porém, o método mais usual é a modulação por largura
de pulso ou PWM (do inglês Pulse Width Modulation). Este tipo de controle é responsável por
controlar o ciclo de trabalho da chave do conversor, consistindo em um pulso ora ligado, ora
desligado de formas diferentes.

2.4.1 MODULAÇÃO POR LARGURA DE PULSO – PWM

O sinal PWM realiza uma largura de pulso de uma onda quadrada, sendo possível controlar a
potência ou velocidade em um determinado sistema. Utiliza uma comparação entre os sinais de
tensão de alta frequência de comutação, conhecido como portadora ou dente-se-serra e outro
em frequência fixa conhecida como moduladora ou sinal de erro, que possui um sinal
aproximadamente contínuo durante o período de sinal da portadora.

É comum utilizar a modulação por largura de pulso no controle de dispositivos semicondutores


que são utilizados em conversores por chaveamento. Devido ao seu processo de realimentação
é possível realizar a comparação entre o valor da tensão de saída e um sinal de referência, essa
realimentação é comumente conhecida como sinal de erro, tornando-se a responsável pelo
ajuste da tensão de saída no conversor (POMILIO, 2014).
30

De acordo com Mezaroba (2008), os sinais de referência em conversores do tipo CC-CC são
contínuos por conta da sua tensão que apresenta essa característica. A Figura 6 representa de
forma gráfica a modulação PWM.

Figura 6 – Representação do sinal modulado PWM

Fonte: PETRY (2001)

É possível visualizar na Figura 6 o sinal da portadora e o sinal de comando Vc sendo


determinado pela amplitude da tensão de controle. O sinal modulador é projetado para
estabilizar o erro, que pode variar por causa da tensão de saída.

A modulação PWM mantem fixo o período de chaveamento (Ts), alterando o valor da largura
de pulso do sinal (Ton) e variando o seu valor de razão cíclica (POMILIO, 2014).

A razão cíclica pode ser representada pelo período da largura de pulso, sobre o período de
chaveamento, como mostra a equação a seguir:

𝑇𝑜𝑛 (2.21)
𝛿= 𝑇𝑠

De acordo com Lopes (2012) para realizar a comparação e possíveis ajustes da largura de pulso,
mantendo a estabilidade do valor da tensão de saída, o controle da fonte chaveada deve ocorrer
em malha fechada, pois a mesma necessita de valores em tempo real do nível de saída.

2.5 CHAVES SEMICONDUTORAS

O interruptor ou chave é um componente utilizado nas fontes chaveadas, é formado por


dispositivos semicondutores como MOSFET, IGBT, TBJ, tiristores e dispositivos derivados
31

destes componentes, devem ser escolhidos atendendo os requisitos de frequência de


chaveamento, corrente e tensão em um determinado sistema. A chave possui o estado ligado e
desligado, formando respectivamente, um curto-circuito e um circuito aberto (HART, 2012).

Esses tipos de semicondutores são comumente utilizados como chave em conversores do tipo
CC-CC.

2.5.1 MOSFET

O MOSFET (Transistor de Efeito de Campo de Óxido de Metal Semicondutor) é um dispositivo


semicondutor muito utilizado nas aplicações de eletrônica de potência, possui três terminais,
dreno (drain), fonte (source) e porta (gate) de forma unidirecional e controlada.

O MOSFET opera de acordo com as tensões aplicadas em seus terminais, a operação do


MOSFET ocorre de maneira similar ao TBJ, iniciando ao aplicar uma tensão entre os terminais
da porta e da fonte superior que a tensão limiar, dessa forma a corrente irá fluir entre os
terminais do dreno e da fonte (RAZAVI, 2010).

O MOSFET é composto por um canal do tipo N ou do tipo P e apresentam menores perdas em


relação a outros tipos de semicondutores, além de permitir uma maior velocidade de comutação
(POMILIO, 2014).

2.5.2 IGBT

O IGBT é um transistor com característica de campo bipolar e possui semelhanças de


funcionamento com o MOSFET e TBJ. Quando está ligado o mesmo conduz a passagem de
corrente com baixas perdas de energia, podendo ser facilmente desligado em valores menores
de tensão.

Esse tipo de dispositivo é controlado por uma tensão externa, assim como o MOSFET, é
usualmente utilizado em aplicações onde haja a necessidade de valores precisos de corrente,
além disso possui uma alta eficiência na condução da corrente elétrica, quando comparado a
outros dispositivos semicondutores.
32

Os dispositivos IGBTs podem suportar maiores valores de tensão, sendo este um dos
parâmetros para determinar a escolha do dispositivo em uma determinada aplicação (RASHID,
2011).

2.5.3 TBJ

O TBJ (Transistor Bipolar de Junção) é um dispositivo semicondutor que possui duas estruturas
de funcionamento: NPN ou PNP, possui três terminais (coletor, base e emissor). Ele é um
dispositivo controlado pela corrente, de forma que um pequeno valor de corrente na entrada da
base provoca uma passagem de corrente maior em seu emissor (POMILIO, 2018; RAZAVI,
2010).

Esse tipo de dispositivo possui maior amplificação, quando comparado aos demais
semicondutores, por apresentar um baixo valor de impedância, porém devido a essa baixa
impedância de entrada os TBJs podem retirar valores significativos de corrente do circuito,
causando perturbações a fonte de alimentação, dessa forma o seu desempenho na eletrônica de
potência se torna baixo (POMILIO, 2018; MOHAN, 2003).

2.5.4 DIODO

O diodo é um componente semicondutor com dois terminais (cátodo e anodo), permite a


passagem de corrente somente um único sentido de forma não controlada. Este dispositivo é
um dos mais comuns utilizados na eletrônica de potência, devido a sua característica de corrente
e tensão que flui em apenas um único sentido.

A comutação nos diodos ocorre quando o semicondutor está entrando em condução ou de


bloqueio, para que o diodo passe a conduzir é necessário está diretamente polarizado (PETRY,
2013). Os diodos podem ser classificados em diferentes modelos facilitando a escolha do
usuário (recuperação padrão ou rápida, ultra rápidos, ultra suaves e sem recuperação reversa),
os de recuperação padrão são utilizados em retificadores e diversas aplicações na eletrônica, já
os modelos ultra rápidos as frequências são mais elevadas no período de chaveamento do diodo.
33

2.5.5 CRITÉRIOS PARA ESCOLHA DA CHAVE

A escolha da chave a ser utilizada no circuito é fundamental para se obter um melhor


desempenho, levando-se em consideração algumas características como a frequência de
operação, as perdas e a relação de corrente.

Os MOSFETs podem operar em frequências elevadas, quando comparado aos IGBTs e TBJs
que operam em valores menores de frequência. É importante ressaltar que o TBJ é utilizado
com uma frequência abaixo de 50 kHz, obtendo um baixo desempenho para o circuito
(POMILIO, 2014). O MOSFET e IGBT possui vantagens em relação ao TBJ devido operar em
frequências maiores em grande parte das aplicações. Para escolher entre os semicondutores
MOSFET ou IGBT é importante levar em consideração valores de limites de tensão, frequência
de chaveamento e corrente (RASHID, 2011).

Os dois componentes possuem diferenças na sua estrutura interna, tempo de desligamento,


resistência de condução, entre outras características. Em altas frequências o tempo de
desligamento do MOSFET se torna desprezível em relação ao IGBT, devido a sua estrutura
unipolar, o MOSFET possui uma alta tensão a resistência entre os seus terminais dreno e fonte
(source), quando o transistor está operando em modo de saturação.

Para um projeto que requer alto valor de frequência em seu chaveamento, baixo valor de tensão
e potência, pode ser adotado um MOSFET para a sua utilização. O diodo será utilizado somente
como elemento passivo do circuito (chave fechada), não controlando a abertura e fechamento
da chave.

2.6 PRÁTICAS DIDÁTICAS EM LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA

A didática forma um conjunto de ensino e aprendizagem de forma a relacionar teorias vistas


em sala de aula a ferramentas práticas e manuais, além disso proporciona ao professor um novo
método para aplicar conceitos e teorias. Para realizar o ensino didático é necessário haver
clareza, coerência e estabelecer os objetivos de aprendizagem da disciplina para que os alunos
possam compreender e exercer as atividades práticas em laboratório. A didática proporciona
não somente o desenvolvimento do processo educacional, mas também a socialização e
interação ao meio entre professor e aluno (LIBÂNEO, 2001).
34

Segundo Tavares (2007) o professor universitário necessita de ferramentas e habilidades de


ensino que possa levar o aluno a novas descobertas e pesquisas de maneira mais precisa, de
modo que possa adquirir conhecimento para além da vida acadêmica, dessa forma o professor
precisa aprofundar suas metodologias de ensino em outros níveis de aprendizagem.

O professor universitário tem como papel levar conhecimento ao aluno, proporcionar novas
experiências e incentivar no processo de ensino-aprendizagem, sejam em aspectos cognitivos,
emocional ou interpessoal, não sendo detentor exclusivo dos conhecimentos adquiridos,
necessitando de habilidades além das referenciais ferramentas pedagógicas. O professor
universitário precisa enxergar além do ambiente de sala de aula, mostrando aos alunos outras
possibilidades dentro da área de ensino e campo profissional (ANTUNES, 2009).

Cada aluno possui uma forma diferente de compreender e enxergar as coisas no ambiente de
ensino, o professor não deve somente se preocupar em ministrar o conteúdo e cumprir a sua
função, o processo de ensino vai além, sendo necessário uma visão mais ativa de seu papel em
sala de aula, preocupando-se com o desenvolvimento dos alunos, raciocínio e problemáticas
expostas, construindo uma percepção de ensino mais eficaz e didática, valorizando o aspecto
de progresso na aprendizagem de todos os alunos, sem distinção, independente das suas
dificuldades ou competências no saber (LIBÂNEO, 2001).

A sala de aula, principalmente no ensino universitário, deve despertar o saber ao aluno e o


desenvolvimento de novas aptidões, proporcionando enxergar uma visão de mundo tanto de
modo intelectual, quanto de modo emocional e comportamental, ajudando a pensar e associar
o conhecimento adquirido em teoria em sua vivência profissional e cotidiana. A didática tem o
papel de levar o aluno a outro modo de pensar, solucionar problemas, questionar, analisar e dar
a sua opinião acerca do tema proposto em estudo, permitindo ter o seu espaço e se expressar
com suas habilidades e conhecimento.

A utilização de recursos didáticos na eletrônica de potência está cada dia mais importante no
ambiente universitário, proporcionando novas pesquisas e descobertas na área. Porém nem
todas as instituições de ensino, principalmente da rede pública possui materiais de ensino,
componentes e equipamentos de laboratório suficiente para todos os alunos. E uma das formas
de minimizar essa carência é o desenvolvimento de materiais didáticos, auxiliando não somente
no ensino e aprendizagem do aluno, mas também nos recursos práticos de pesquisas e análises
disponíveis nas instituições.
35

As práticas realizadas em bancadas no laboratório de eletrônica de potência permitem ao aluno


uma melhor visualização nos componentes e materiais a serem estudados, proporcionando
autonomia e uma melhor percepção das teorias vistas em sala de aula, além disso poderá
facilitar a compreensão do mesmo em diferentes conteúdos e melhorar a aprendizagem na
disciplina estudada.

Para que se consolide o conjunto didático de aprendizagem em ambientes acadêmicos e de


pesquisa, é necessário que o professor esteja cada vez mais envolvido, preparado e disposto a
mostrar aos alunos diferentes formas de pensar e agir, contudo o aluno deve também possuir
interesse em aprender e colaborar nas atividades propostas, tendo em vista que o conhecimento
vai além da sala de aula. Além disso, para adquirir maior eficácia e qualidade de ensino na
educação universitária, o professor deve proporcionar diferentes formas de abordar o ensino em
sala de aula, trilhando novos caminhos e aperfeiçoando o seu conhecimento adquirido,
participando ativamente de pesquisas, atividades e engajamento com o aluno, que propicie a
construção do saber e de novas perspectivas de horizonte, incentivando, facilitando e sendo um
motivador do saber (CASTANHO, 2000).
36

3 MATERIAIS E MÉTODOS

Este capítulo apresenta todos os métodos experimentais utilizados para o


desenvolvimento do protótipo do conversor CC-CC Buck, com base na literatura e
experimentação. A Figura 7 representa o diagrama do sistema proposto.

Figura 7 - Diagrama de blocos do protótipo

Fonte: Autoria própria (2023)

3.1 METODOLOGIA

Para realizar este trabalho, foram necessárias etapas fundamentais tanto para
embasamento teórico quanto para a realização dos dados experimentais para que os objetivos
gerais e específicos fossem obtidos.

As topologias escolhidas cumprem as etapas que atendem ao diagrama de blocos da


Figura 7, fazendo-se essencial a compreensão das principais equações para dimensionar os
valores de indutância e capacitância do conversor Buck e realizar o manual de práticas
didáticas.

Após a análise e escolha de todos os materiais necessários para a construção do


protótipo, foi realizada a montagem do circuito, em seguida verificou-se os dados obtidos a
partir de testes e medições, e por fim foram descritos os manuais de práticas didáticas do
conversor CC-CC.

A seguir serão apresentadas todas as etapas presentes no desenvolvimento do projeto:


37

• Na primeira etapa, foi realizado um levantamento bibliográfico acerca do


conversor CC-CC Buck, através de pesquisas em apostilas, artigos, datasheets e
outros trabalhos acadêmicos relacionados ao tema proposto, bem como todos os
cálculos necessários para a determinação dos componentes eletrônicos e demais
elementos relacionados para que pudesse obter as especificações do projeto.
• A segunda etapa foi constituída pela escolha e dimensionamento dos
componentes a serem utilizados no protótipo, embasado nas teorias encontradas
no desenvolvimento da primeira etapa. Para o circuito operar com uma
frequência de 60kHz e alimentado com uma tensão inicial de 30 V, foram
dimensionados o indutor e os capacitores para o conversor buck e o circuito
snubber, levando em consideração os custos para aquisição de cada material na
construção do protótipo.
• Na terceira etapa foi confeccionado o indutor utilizando parâmetros calculados
no seu dimensionamento, além disso foram realizados testes de montagem do
protótipo para a obtenção dos resultados.
• A quarta e última etapa deste trabalho consistiu na elaboração dos manuais de
práticas didáticas, a fim de que os estudantes possam analisar e compreender
estudos voltados para a eletrônica de potência e demais componentes
eletrônicos.

Foram necessários utilizar alguns equipamentos disponíveis no laboratório do IFBA Campus


Paulo Afonso para alimentar o conversor CC-CC e obter parâmetros necessários para a análise
e o funcionamento do circuito.

➢ Fonte de alimentação digital simétrica, modelo FA-3050, na qual possui dois canais e
tensão de até 64 V. A fonte possui tensão em corrente alternada (CA), além de proteção
de entrada contra curto-circuito, proteção de sobrecarga e inversão de polaridade.
➢ Multímetro digital, modelo MD-810 para mensurar o valor da indutância.
➢ Osciloscópio MVB DSO Minipa, com dois canais, amostragem em tempo real de até
100MHz para visualização dos sinais e 1 Giga sample por segundo de amostragem.
➢ Multímetro digital de bancada Minipa MDM 8045B, para a verificação da tensão,
corrente e resistência no circuito.
➢ Gerador de sinal de função, modelo JDS6600-60MHz, com canal duplo, permitindo
visualizar a amplitude, frequência e sinal de saída.
38

3.2 PARÂMETROS E CÁLCULOS DO CONVERSOR BUCK

Para elaboração dos cálculos do conversor buck, foram definidos alguns parâmetros para serem
utilizados em sua operação, foram considerados os valores apresentados na Tabela 2:

Tabela 2 - Parâmetros do projeto – Conversor Buck


Parâmetro Símbolo Valor

Tensão mínima de Entrada 𝐸𝑚𝑖𝑛 20 V

Tensão máxima de Entrada 𝐸𝑚𝑎𝑥 30 V

Tensão de saída 𝑉𝑜 15 V ± 10%

Corrente Mínima de saída 𝐼𝑜𝑚𝑖𝑛 0,5 A

Corrente máxima de Saída 𝐼𝑜𝑚𝑎𝑥 4A

Tensão de saturação do MOSFET 𝑉𝐶𝐸𝑠𝑎𝑡 1V

Tensão direta do diodo 𝑉𝐷 0,5 V

Frequência de Chaveamento 𝑓 60 kHz

Fonte: autoria própria (2023)

Estes parâmetros são requisitos fundamentais para realizar os cálculos das demais variáveis do
conversor buck.

3.2.1 RAZÃO CÍCLICA

Para ser realizado os cálculos do indutor e capacitor é necessário conhecer a razão entre o
intervalo de comutação (𝑇𝑠 ) e o intervalo de condução do chaveamento (𝑇𝑜𝑛 ), conhecido como
razão cíclica, os valores são obtidos utilizando a largura de pulso (𝐷) para as tensões de entrada
máxima e mínima.
𝑉0 = 𝐷. (𝐸 − 𝑉𝑐𝑒𝑠𝑎𝑡 ) − 𝑉𝐷 . (1 − 𝐷) (3.1)
39

Para ser calculado o valor da largura de pulso mínima 𝐷𝑚𝑖𝑛 , será utilizado o valor da tensão
máxima de entrada, isolando a variável 𝐷𝑚𝑖𝑛 , dessa forma poderá ser reescrita:

𝑉0 + 𝑉𝐷 (3.2)
𝐷𝑚𝑖𝑛 = 𝐸𝑚𝑎𝑥 −𝑉𝑐𝑒𝑠𝑎𝑡 +𝑉𝐷

Quando se aplica os valores inseridos na Tabela 2, é possível obter o seguinte valor:

15+0,5 (3.3)
𝐷𝑚𝑖𝑛 = = 0,5254
30−1+0,5

Para ser calculado o valor da largura de pulso máxima 𝐷𝑚𝑎𝑥 , será utilizado o valor da tensão
mínima de entrada, reescrevendo a equação da seguinte forma:

𝑉0 + 𝑉𝐷 (3.4)
𝐷𝑚𝑎𝑥 = 𝐸𝑚𝑖𝑛 −𝑉𝑐𝑒𝑠𝑎𝑡 +𝑉𝐷

Aplicando-se os valores inseridos na Tabela 2, é possível obter o seguinte resultado:

15+0,5 (3.5)
𝐷𝑚𝑎𝑥 = = 0,7948
20−1+0,5

3.2.2 PROJETO DO INDUTOR

O protótipo do conversor CC-CC buck irá funcionar em modo de operação contínua, dessa
forma o dimensionamento do indutor deverá ser realizada para se obter uma indutância capaz
de atender tal especificação. Foi utilizado a equação (2.3) descrita no capítulo 2 e reescrita a
seguir:

𝐷𝑚𝑖𝑛 .(1−𝐷𝑚𝑖𝑛 ).𝑉𝑚𝑎𝑥 (3.6)


𝐿≥ [𝐻]
2.𝐼𝑜𝑚𝑖𝑛 .𝑓

Aplicando os valores encontrados na equação (3.6) obtém-se o seguinte resultado:

0,5254.(1−0,5254).30 (3.7)
𝐿≥ = 149,6µ𝐻
2.0,5.(50.103 )
40

Dessa forma, o indutor será capaz de suportar uma energia armazenada seguindo a equação
(2.8) descrita no capítulo anterior:

1 2 (3.8)
Ɛ𝑚𝑎𝑥 = . 𝐼𝑚𝑖𝑛 . 𝐼𝑚𝑎𝑥 [𝐽]
2

Sendo,
𝐼𝑚𝑎𝑥 = 𝐼0𝑚𝑎𝑥 + 𝐼0𝑚𝑖𝑛 [𝐴] (3.9)

Substituindo os valores de corrente máxima e mínima, obtém-se o resultado:

1 (3.10)
Ɛ𝑚𝑎𝑥 = . 𝐿( 𝐼0𝑚𝑖𝑛 + 𝐼0𝑚𝑎𝑥 )2 [𝐽]
2

1 (3.11)
Ɛ𝑚𝑎𝑥 = . 149,6. 10−6 . ( 0,5 + 4 )2 = 1,5147 𝑚𝐽
2

A partir dos valores obtidos da indutância e da energia armazenada, é possível dimensionar o


núcleo a ser utilizado.

Para o projeto do indutor foi escolhido o núcleo de ferrite do tipo EE, é um componente que
possui boa performance bloqueando ruídos quando o circuito atua em altas frequências, além
disso demonstra um circuito magnético fechado, evitando interferência de outros componentes
e pode ser inserido gaps de ar. A Figura 8 mostra o núcleo EE utilizado no projeto:

Figura 8 - Núcleo de ferrite tipo EE

Fonte: Autoria própria (2023)


41

Através da seguinte equação será possível analisar o tamanho do núcleo a ser utilizado:
(3.12)
𝑧
2.Ɛ𝑚𝑎𝑥 .104
𝐴𝑝 = (𝐾𝑢.𝐾𝑗.𝐵 )
𝑚𝑎𝑥

O valor do coeficiente da densidade de corrente (𝐾𝑗) pode ser encontrado na Tabela 1, o valor
do 𝐵𝑚𝑎𝑥 corresponde a 0,3T e o valor do fator de utilização das janelas (𝐾𝑢), é definido pela
seguinte equação:
(3.13)
𝐾𝑗 = 63,35. 𝛥𝑇 0,54

O valor da variação de temperatura (𝛥𝑇) será de 30ºC considerando o aumento de temperatura


no núcleo e evitando possíveis perdas. Dessa forma tem-se aproximadamente:
(3.14)
𝐾𝑗 = 398

Após a definição das variáveis na equação (3.12) é possível obter o valor do tamanho do núcleo
da seguinte forma:
1
2.(1,5147.10−3 ).104 1−0,12
(3.15)
𝐴𝑝 = ( ) = 0,59𝑐𝑚2
0,4.397,55.0,3

O valor de 0,12 corresponde ao valor de 𝑥 encontrado na Tabela 1.


Dessa forma foi possível obter um núcleo com tamanho 30/15/14 (especificação do fabricante),
aproximando-se do valor descrito na Tabela 1.

Para encontrar o valor do número de espiras a ser utilizado no indutor, é necessário calcular o
fator de indutância (𝐴𝑙) mostrado na equação (2.16) e reescrito abaixo, dessa forma o valor
será:
(3.16)
2
𝐴𝑒.𝐵𝑚𝑎𝑥 𝐻
𝐴𝑙 = [𝑒𝑠𝑝2]
2.Ɛ

Substituindo os valores teremos:


(3.17)
2
(1,2.10−4 ) .0,32 𝜂𝐻
𝐴𝑙 = = 428 𝑒𝑠𝑝2
2.(1,5147.10−3 )
42

Encontrado o valor do fator de indutância, é possível definir a quantidade de espiras que o


indutor irá necessitar, de forma que atenda as especificações do conversor, reescrevendo a
equação (2.15) descrita no capítulo anterior, teremos:
(3.18)
𝐿
𝑁 = √𝐴𝑙 = 𝑒𝑠𝑝𝑖𝑟𝑎𝑠

Substituindo as variáveis, o resultado será:


(3.19)
149,6.10−6
𝑁=√ = 18,69 ⋍ 19 𝑒𝑠𝑝𝑖𝑟𝑎𝑠
428.10−9

É importante conhecer a densidade de corrente que irá passar pela área do cobre do fio condutor,
o cálculo poderá ser feito utilizando a equação (2.17) descrita no capítulo anterior, dessa forma
𝐴
o resultado obtido corresponde a 𝐽 = 388,95 𝑐𝑚2.

Assim a área do cobre pode ser definida utilizando a seguinte equação:


(3.20)
𝐼
𝐴𝑐𝑢 = = [𝑐𝑚2 ]
𝐽

Aplicando-se os valores correspondentes das variáveis, teremos:

4,0 (3.21)
𝐴𝑐𝑢 = = 0,0102 𝑐𝑚2
388,95

É importante verificar se o fio de cobre sofrerá influência do efeito skin, para isso será utilizada
a equação (2.11), do capítulo 2:
(3.22)
7,5
Δ= 𝑓

Aplicando o valor da frequência a ser utilizada, obtém-se:


(3.23)
7,5
Δ = √60.103 = 0,0111 𝑐𝑚2
43

Dessa forma o condutor utilizado mais próximo encontrado comercialmente é o modelo AWG
21 cujo diâmetro é de 0,004105 cm2.

Para finalizar a etapa do dimensionamento do indutor, será necessário a verificação do valor do


entreferro, que é dada pela equação (2.18) do capítulo anterior e reescrita abaixo:
(3.24)
𝑙𝑒
𝑙𝑔 = µ𝑒

Onde,
𝑙𝑔 ⟶ Largura do gap

𝑙𝑒 ⟶ Corresponde ao valor de 0,097m

µ𝑒 ⟶ Permeabilidade magnética

O valor da permeabilidade magnética poderá ser encontrado utilizando a seguinte equação:

𝑙𝑒.𝐴𝑙 (3.25)
µ𝑒 =
µ0 .𝐴𝑒

Aplicando os valores correspondentes as variáveis, o resultado será:

6,69.10−2 .428.10−9 (3.26)


µ𝑒 = = 189,87
4𝜋.10−7 .1,2.10−4

Logo, o valor do entreferro do indutor será:

6,69.10−2 (3.27)
𝑙𝑔 = = 352 ,34 µ𝑚
189,87

Porém o valor do entreferro no núcleo EE será dividido pela metade, dessa forma o valor
utilizado será:
352,34 (3.28)
𝑙𝑔𝐸𝐸 = 2
= 176,17 µ𝑚
44

3.2.3 CÁLCULO DO CAPACITOR DE SAÍDA

O passo seguinte será o dimensionamento do capacitor de saída, de forma que possa atender as
especificações do conversor buck, o cálculo pode ser definido pela equação (2.4) e reescrita a
seguir:

𝐷𝑚𝑖𝑛 .(1−𝐷𝑚𝑖𝑛 ).𝑉𝑚𝑎𝑥 (3.29)


𝐶≥ [𝐹]
8.𝐿.𝛥𝑉𝑐 𝑓 2

Foi definido como variação de tensão no capacitor (∆𝑉𝐶 ) o valor de 41 mV que corresponde a
resposta do capacitor a variação de corrente.

0,5254.(1−0,5254).30 (3.30)
𝐶≥ = 42,34 µ𝐹
8.149,6.10−6 .0,041.(60.103 )2

Na prática pode ser utilizado um capacitor de 100 µ𝐹 ou 1000 µ𝐹 sendo possível eliminar
possíveis ruídos na saída do conversor. De forma didática poderá verificar e comparar os
resultados do circuito obtidos entre os dois capacitores montados no protótipo.

Para verificar se o valor do capacitor está dentro dos 10% permitido, será utilizada a seguinte
equação:

(1−𝐷𝑚𝑎𝑥 ).𝐿.Δ𝐼02 (3.31)


Δ𝑉0 = 𝐷𝑚𝑎𝑥 .𝐶.𝑉0

Substituindo as variáveis teremos o valor de Δ𝑉0 = 0,041𝑉 para 1000 µ𝐹 e Δ𝑉0 = 0,411𝑉 para
100 µ𝐹. Dessa forma a variação de tensão para o aumento da corrente está dentro do valor
esperado. Para decréscimo da corrente, calcula-se a seguinte equação:

𝐿.Δ𝐼02 (3.32)
Δ𝑉0 = 𝐶.𝑉0

Substituindo as variáveis, teremos as seguintes expressões para 1000 µ𝐹 e 100 µ𝐹:


45

149,6.10−6 .42 (3.33)


Δ𝑉0 = = 0,15 𝑉
1000.10−6 .15

149,6.10−6 .42 (3.34)


Δ𝑉0 = = 1,59𝑉
100.10−6 .15

Logo, o decréscimo da corrente também se encontra no valor permitido (10%).

3.2.4 CIRCUITO SNUBBER

O circuito snubber RC será utilizado para amenizar possíveis ruídos na entrada do circuito,
melhorando o desempenho do MOSFET, além disso será objeto de estudo para o
desenvolvimento e análise das práticas didáticas em laboratório.

Através da equação (2.19) será possível encontrar o valor do resistor que será utilizado:
2
𝑉𝑚𝑎𝑥
𝑅𝑠 ≤ (3.35)
1,6

O valor de 𝑉𝑚𝑎𝑥 corresponde ao valor de tensão máxima de entrada no conversor e tensão de


saída, assim teremos:

(30+15)2 (3.36)
𝑅𝑠 ≤ = 1265,6 Ω
1,6

Na prática foi adotado um resistor de 1500 Ω garantindo um bom desempenho para o protótipo.

Para dimensionar o valor do capacitor utilizado no circuito amortecedor, será calculado por
meio da equação (2.20):

1 (3.37)
𝐶𝑠 =
𝑉𝑖2 . 𝑓𝑐

Substituindo as variáveis, teremos:

1 (3.38)
𝐶𝑠 = = 18,51 𝜂𝐹
302 .60𝑥103
46

O valor comercial utilizado foi o de 100 𝜂𝐹 para garantir um bom desempenho no circuito.

3.3 CIRCUITO DE COMANDO

O ajuste no sinal da largura de pulso do conversor buck será acionado através do gerador de
sinal de função, do modelo JDS6600-60MHz. Dessa forma a chave atuante (MOSFET) irá
receber o sinal de pulso PWM quando abrir ou fechar, comandada pela largura de pulso. A
Figura 9 mostra o gerador de sinal utilizado no projeto:

Figura 9 - Gerador de sinal de função

Fonte: autoria própria (2023)

Com o gerador de sinal apresentado na Figura 9 o estudante que for manusear as práticas de
laboratório poderá ter ampla visualização do circuito, além de poder ajustar a amplitude e a
largura de pulso no conversor buck, analisando a sua funcionalidade e podendo observar dados
da teoria com a prática.

3.4 PROJETO FINAL DO CONVERSOR BUCK

O protótipo do conversor buck foi desenvolvido para ser utilizado pelos alunos em práticas
didáticas, tendo uma ampla visualização de cada componente do circuito, bem como a
funcionalidade de cada um, podendo ajustar valores com o gerador de sinal e verificar o
comportamento do conversor. A fonte de alimentação utilizada no projeto possui proteções
necessárias para evitar acidentes ou danificar algum componente do protótipo.
47

Mantendo a proposta de levar conhecimento e incentivar os alunos à pesquisas, o protótipo foi


projetado com elementos que podem ser conectados ou desconectados do circuito, são eles: o
circuito snubber, o capacitor de 1000µF e 100µF, além da conexão dos três resistores de 27Ω
em paralelo. Foi utilizado um diodo do tipo 15ETH06, pois suporta altas frequências de
chaveamento no circuito, além da dissipação de potência e o MOSFET do modelo IRF540N
que possui características compatíveis com o dimensionamento dos demais componentes do
projeto. A Figura 10 representa o circuito do conversor buck para ser utilizado nas práticas
didáticas.

Figura 10 - Protótipo final do conversor buck para práticas didáticas

Fonte: Autoria própria (2023)

Através da fonte de alimentação é possível variar entre o valor máximo e mínimo de tensão na
entrada no circuito observando o comportamento da tensão de saída, além disso com o gerador
de sinal pode-se ajustar os valores de tensão de pico, amplitude e a largura de pulso, ampliando
as possibilidades de estudo no conversor.
48

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Nesse capítulo serão apresentados os resultados obtidos no protótipo do conversor buck


operando em malha aberta, realizados através de testes e análises conforme as teorias estudadas
neste trabalho.
Foram utilizados pinos laterais para conectar e desconectar os componentes do circuito
tais como, o circuito snubber, os capacitores de 1000µF e 100µF e os três resistores de 27Ω,
além disso a montagem do circuito possibilita realizar medições em série ou paralelo com os
resistores utilizados.
O circuito possui uma conexão que possibilita verificar o valor da corrente final com o
auxílio de um multímetro digital. O circuito possui dois LED’s RGB, um na entrada que indica
a passagem de tensão no circuito (em vermelho) e outro na saída indicando que a carga está
energizada e com sinal na saída, mostrando o funcionamento do chaveamento no MOSFET (em
verde).
Em todas as medições realizadas foi necessário fazer um ajuste no gerador de sinal para
obter um pulso proveniente do gerador de sinal no conversor. A Figura 11 mostra o um pulso
utilizando o gerador de sinal no conversor Buck.

Figura 11 - Sinal de pulso do conversor Buck

Fonte: Autoria própria (2023)

• 60kHz – Frequência de chaveamento;


• 8V – Tensão no chaveamento
• 4V – Tensão offset;
• 50% - Duty Cycle.
49

A Figura 12 mostra o protótipo do conversor buck em vista frontal e superior, a Figura 13


mostra o conversor em seu funcionamento.

Figura 12 - Vista frontal e superior do protótipo do conversor buck

(a) Vista frontal (b) Vista superior


Fonte: Autoria própria (2023)

Figura 13 - Protótipo do conversor buck em funcionamento

(a) Vista frontal (b) Vista superior


Fonte: Autoria própria (2023)
50

4.1 OPERANDO EM MALHA ABERTA

Para obter o sinal de saída em 15V foi fixado um valor de tensão de entrada de 30V no conversor
buck com uma corrente variando de 0,5 a 4A e ajustando o gerador de sinal a fim de se obter o
um pulso no chaveamento do sistema.

A tensão de saída apresentou uma ondulação ripple em 2Vpp, estando dentro do valor
considerável nas especificações do projeto (10% da tensão de saída), dessa forma o circuito não
necessitou de ajustes em sua capacitância, o período de chaveamento foi de 16µs e a largura de
pulso em 8µs. A Figura 14 representa o valor da tensão de saída em 15V

Figura 14 - Sinal de saída do conversor buck em 15V

Fonte: Autoria própria (2023)

O seletor do osciloscópio utilizado foi ajustado para uma posição de 5 V/d, ou seja, cada quadro
da tela representa 5V de amplitude do sinal, quando o mesmo for considerado no sentido
vertical, dessa forma é possível fazer a leitura no sinal do circuito.

Para obter o sinal de pulso no período de chaveamento, foram ajustados os seguintes valores no
Canal 1 do gerador de sinal, o valor de frequência em 60kHz, 8V na chave, offset em 4V e duty
cycle em 50%.

4.2 VARIANDO A TENSÃO DE ENTRADA

A análise inicial do circuito foi realizada em malha aberta operando em 30V na tensão de
entrada do conversor. Em seguida, para fins de observações didáticas foram realizados testes
51

com os valores de 20V, 25V e 30V, o valor da corrente de carga variando de 0,5A a 4A. A
Figura 15 mostra o comportamento da tensão de saída do circuito em diferentes valores da
tensão de entrada, sendo: a) valor da tensão de entrada em 20V, b) valor da tensão de entrada
em 25V e c) valor da tensão de entrada em 30V. Em ambos os valores apresentaram um duty
cycle de 50% e um ripple de 10% do valor, estando dentro do considerado.

Os testes foram realizados com a ligação do circuito amortecedor (snubber RC), minimizando
as oscilações e transientes na tensão de saída.

Figura 15 - Comportamento da tensão de saída em diferentes valores de tensão de entrada


com o circuito snubber

a) Entrada em 20V e saída em 10V b) Entrada em 25V e saída em 12,5V

c) Entrada em 30V e saída em 15V

Fonte: Autoria própria (2023)

Foram realizadas análises sem a adição do circuito snubber verificando o comportamento


ondulatório da tensão de saída no conversor, foi possível verificar que sem a conexão do circuito
52

snubber foi possível observar um aumento nos transientes presentes na ondulação da tensão de
saída. A Figura 16 mostra o resultado obtido.

Figura 16 - Comportamento da tensão de saída em diferentes valores de tensão de entrada sem


o circuito snubber

a) Tensão de saída em 10V sem amortecedor b) Tensão de saída em 12,5V sem amortecedor

c) Tensão de saída em 15V sem amortecedor

Fonte: Autoria própria (2023)

4.3 VARIANDO A RESISTÊNCIA

O protótipo do conversor buck possui três resistores de 27Ω que podem ser utilizados em série
ou em paralelo, podendo fazer conexões no circuito com um, dois ou os três resistores. Dessa
forma ampliará as possibilidades para o estudante realizar as atividades didáticas verificando e
comparando valores. É recomendável para a utilização no conversor buck utilizar os resistores
em paralelo para manter o valor de corrente em modo de condução contínua, caso contrário o
conversor irá funcionar em modo de condução descontínua.
53

A Figura 17 mostra o valor da tensão de saída aplicando-se 1 resistor, 2 resistores e 3 resistores


em paralelo com tensão de entrada em 30V.

Figura 17 - Comportamento da tensão de saída utilizando a variação de resistores

a) Circuito em 1 resistor de 27Ω b) Circuito com 2 resistores em paralelo de 27Ω

c) Circuito com 3 resistores de 27Ω em paralelo

Fonte: Autoria própria (2023)

Foi possível observar que a carga consome um menor valor de corrente quanto utilizado com
apenas 1 resistor de 27Ω, isso ocorre devido a cada resistor utilizar aproximadamente 0,5A e
consequentemente 1 resistor consumirá menos corrente do que os três resistores conectados em
paralelo no conversor, a tensão de saída se mantem praticamente constante dos 15V utilizando
a tensão de entrada em 30V.

4.4 VARIANDO O CAPACITOR


54

Após os testes realizados com os diferentes resistores, foi verificado também o comportamento
do circuito variando o valor da capacitância em 1000µF ou 100µF, já que o protótipo possui a
possibilidade de conectar e desconectar os capacitores, podendo realizar diferentes análises e
práticas didáticas. A Tabela 3 mostra os diferentes valores obtidos na tensão de saída tanto com
o capacitor de 1000µF, quanto com o capacitor de 100µF. Nesse teste foi realizada a variação
da tensão de entrada em 20V, 25V e 30V para ambos os capacitores.

Tabela 3 - Variação da tensão de saída com diferentes valores de capacitância


Tensão de entrada Capacitor de 100µF Capacitor de 1000µF

20V 9,4V 9,5V

25V 12,3V 12,2V

30V 14,8V 14,7V

Fonte: Autoria própria (2023)

Dessa forma é possível analisar que em ambas as conexões dos capacitores não houve mudanças
bruscas no valor da tensão de saída do circuito, mantendo o valor na faixa de 10% dentro do
esperado, o ripple de tensão ficou em valores próximos utilizando ambos os capacitores, não
interferindo no resultado final esperado. A Figura 18 mostra o resultado da tensão de saída com
a variação nos capacitores.

Figura 18 - Comportamento da tensão de saída com a variação de capacitores

a) Capacitor de 100µF b) Capacitor de 1000µF

Fonte: Autoria própria


55

A Tabela 4 mostra os resultados obtidos nas medições da tensão de saída com o valor de 30V
na tensão de entrada para ambos os valores de capacitância em 100µF e 1000µF utilizando
diferentes conexões em paralelo dos resistores presentes no circuito.

Tabela 4 - Análise da tensão de saída com variação da carga e diferentes valores de


capacitância
Resistor de 27Ω Capacitor de 100µF Capacitor de 1000µF

1 Resistor 14,8V 14,7V

2 Resistores 14,6V 14,4V

3 Resistores 14,5V 14,2V

Fonte: Autoria própria (2023)

Em última análise, foi medido o valor da corrente de saída do circuito em malha aberta, nessa
observação o circuito foi conectado ao amortecedor, com as tensões de entrada em 20V, 25V e
30V, conectado ao capacitor de 100µF, a Tabela 5 mostra os valores obtidos:

Tabela 5 - Valores de corrente obtidos na saída do circuito


Resistor de 27Ω 20V de entrada 25V de entrada 30V de entrada

1 Resistor 0,35A 0,44A 0,53A

2 Resistores 0,70A 0,88A 1,05A

3 Resistores 1,05A 1,3A 1,6A

Fonte: Autoria própria (2023)

O valor da potência foi realizado através da equação da Lei de Ohm utilizando a tensão de saída
e o valor da corrente verificados no circuito, os valores obtidos serão mostrados na Tabela 6
abaixo.
56

Tabela 6 - Valores da potência no conversor


Tensão de entrada Capacitor de 100µF Capacitor de 1000µF

20V 9,87W 9,97W

25V 15,98W 15,86W

30V 23,68W 23,52W

Fonte: Autoria própria (2023)

4.5 APLICAÇÃO DIDÁTICA

As atividades experimentais são de grande importância para o aprendizado do aluno,


comprovando na prática a teoria vista em sala de aula. O planejamento desses experimentos
deve seguir uma sequência organizada e coesa para que o estudante possa não somente verificar
as teorias, mas despertar o interesse em pesquisas e outros trabalhos acadêmicos.

Cada estudante possui um nível de aprendizado diferente e isso precisa ser trabalhado nas
escolas e universidades para que o método avaliativo seja mais didático e criativo, no sentido
de poder explorar o conhecimento de cada aluno, incentivando à praticas, estudos científicos e
pesquisas que possam levar a um caminho além da sala de aula, permitindo ser um profissional
que enxergue diferentes possibilidades e aplicações em seu cotidiano.

Para que cada aluno possa compreender o que está sendo proposto nas atividades experimentais,
é necessário haver manuais didáticos, que exemplifique e mostre de maneira clara e objetiva a
proposta da medição a ser realizada.

Segundo Borges (2002) antes de realizar uma prática em laboratório, é interessante o professor
discutir com os alunos ideias e explicações acerca do tema estudado, permitindo fazer um
levantamento de hipóteses e sugestões para o aprendizado durante o processo em laboratório.

A utilização de um fluxograma no modelo de aprendizado facilita a aplicação de protótipos que


exemplificam conceitos e teorias vistos em sala de aula (SILVA, 2016). A Figura 19 mostra um
modelo adaptado para a aplicação do protótipo do conversor CC-CC.
57

Figura 19 - Fluxograma para o modelo de ensino e aprendizado

Fonte: Adaptado Silva (2016)


58

5 CONCLUSÕES

A evolução da eletrônica de potência permite uma redução no tamanho e quantidade de


equipamentos, facilitando a locomoção e manuseio atendendo diferentes demandas. O seu
estudo é de grande importância e se faz presente em cursos de graduação, técnico ou
especialização. Com o propósito de incentivar a pesquisa e contribuir para o ganho de
conhecimento dos discentes do curso de engenharia elétrica ou eletromecânica do IFBA –
Campus Paulo Afonso.
A partir dos resultados obtidos, pode-se verificar que o conversor buck obteve valores
satisfatórios, operando conforme a literatura e atendendo as necessidades esperadas para a
realização das práticas didáticas, demonstrando estabilidade nas diferentes conexões dos
capacitores e resistores, além das variações de tensão na entrada do circuito. O mesmo
necessitou de poucos componentes eletrônicos, apresentando um baixo custo e fácil
disponibilidade no mercado, além de utilizar equipamentos disponíveis no laboratório do
Campus como, a fonte de tensão, osciloscópio e gerador de sinal.
O presente trabalho irá auxiliar em práticas de laboratório, observando diferentes
comportamentos do circuito e comparando os seus respectivos valores, auxiliando os alunos
nos estudos de eletrônica de potência, com foco em conversores e incentivando ao
desenvolvimento de outros projetos a partir do mesmo.

5.1 TRABALHOS FUTUROS

Para a realização de trabalhos futuros é sugerido:


• Adicionar um circuito integrado para obter o sinal PWM e comparar com os valores
obtidos no gerador de sinal.
• Inserir um conversor CC-CC isolado, a fim de obter diferentes resultados para análise
e comparação de dados.
Além disso sugere-se um estudo do conversor buck em malha fechada, permitindo uma melhor
análise dos dados na tensão de entrada e saída do conversor.
59

REFERÊNCIAS

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Federal de Campina Grande. Campina Grande, 2018.

ANTUNES, C. A Vaca Sagrada da Educação Brasileira. Adaptado. In: Jornal Virtual Gestão
Educacional. Ano 2, Nº 105, 24/03/09.

BARBI, Ivo; MARTINS, Denizar C. Conversores CC-CC básicos não isolados.


Florianópolis: Edição dos autores, 2000.

BARBI, Ivo. Projetos de Fontes Chaveadas. Florianópolis: Edição do autor, 2001.

BARBI, I; FONT, C.H.I; ALVES, R. L. Projeto físico de indutores e transformadores.


Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis, 2002.

BARBI, Ivo; MARTINS, D.C. Conversores CC-CC Básicos Não Isolados. 2. Ed.
Florianópolis: Edição dos autores, 2006.

BITENCOURT, Igor Antônio Baldiserra. Projeto e implementação de um conversor flyback


para uma bancada didática de eletrônica de potência e controle digital de sistemas.
Universidade Federal de Santa Maria. Santa Maria, 2018.

BORGES, A. Tarciso. Novos rumos para o laboratório escolar de ciências. Caderno


Brasileiro de Ensino de Física. V. 19, N.3, 2002.

CASTANHO, M.E.; A criatividade na sala de aula universitária. Campinas, SP: Papirus,


2000.

DE LIZ, Muriel Bittencourt. Contribuição para a redução da interferência eletromagnética


em fontes chaveadas. Universidade Federal de Santa Catarina (tese de doutorado).
Florianópolis, 2003. Disponível em:<
https://repositorio.ufsc.br/xmlui/bitstream/handle/123456789/85025/195653.pdf?sequence=1
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DUBILIER, Cornell. Application Guide: Snubber Capacitors. Cornell Dubilier Electronics,


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papers/igbtAPPguide.pdf> Acesso em: 15 de março de 2023.

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LOPES, Kleber dos S. Sistema de fontes reguladas/isoladas/sincronizadas para aplicação


em UPS. 2012. 93 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia) – Programa de Pós-Graduação em
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http://www.uel.br/pos/meel/disserta/2012_Kleber%20dos%20Santos%20Lopes_2009-1.pdf>.
Acesso em: 24 de fevereiro de 2023.
60

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em março de 2020). Disponível em:<
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23 de abril de 2023.

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POZZATTI, Evandro. Projeto e análise de uma fonte chaveada em alta frequência para
laboratório de ensino com saídas: ± 12V, ± 5V, ± 3,3V e variável até 25V. 77 páginas.
Trabalho de Conclusão de Curso – Bacharelado em Engenharia Eletrônica, Universidade
Tecnológica do Paraná, 2015.

RASHID, Muhammad H. Power Electronics Handbook: Devices, circuits and applications.


3ª Ed. Oxford: Elsevier Inc, 2011.

RAZAVI, Behzad. Fundamentos de Microeletrônica. 1ª Ed. Rio de Janeiro: LTC, 2010.

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aplicação educacional multidisciplinar. Trabalho de conclusão de Curso, Paulo Afonso,
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TAVARES, W.R.; Docência: um momento reflexivo. São Paulo: Ícone, 2007.

TREVISO, Carlos H. G. Eletrônica de Potência. Apostila Didática de Mestrado. Londrina.


Universidade Estadual de Londrina. 2006.
61

APÊNDICES

Nos apêndices a seguir mostra-se os manuais para execução de práticas didáticas, bem
como o plano de ensino e orçamento para a construção do protótipo.

ATIVIDADE EXPERIMENTAL – CONVERSOR CC-CC TIPO BUCK

PLANO DE ENSINO: PRÁTICA 01, PRÁTICA 02 E PRÁTICA 03

Embasamento

Os aparelhos eletrônicos são amplamente utilizados na sociedade, principalmente os


portáteis como notebook, tablet e smartphone. Para que os aparelhos eletrônicos funcionem de
maneira satisfatória é necessário haver uma fonte de alimentação para que a energia seja
convertida e utilizada. As mesmas podem ser divididas em fonte com regulação linear e fonte
por chaveamento. As fontes chaveadas utilizam conversores do tipo CC-CC.

O conversor CC-CC fornece uma tensão de saída a partir de uma tensão de entrada. De
acordo com o tipo de conversor utilizado a tensão de saída poderá ser maior ou menor em
relação a tensão de entrada. O objeto de estudo será o conversor CC-CC do tipo Buck, ele é um
abaixador de tensão que regula o valor da tensão de saída de forma que ela seja menor em
relação a tensão de entrada. Esse princípio de operação é possível através do armazenamento
de energia no indutor e pela tensão de saída na carga, o seu período de comutação é controlado
por uma chave que pode ser um MOSFET, IGBT, TBJ ou outro dispositivo semicondutor, a
sua escolha dependerá da aplicação do conversor e demais parâmetros presentes no circuito.

A razão entre a tensão de saída e a tensão de entrada recebe o nome de Ciclo de trabalho (do
inglês Duty Cycle), essa razão estabelece a porcentagem da tensão da entrada que será
disponibilizada na saída do conversor, os conversores CC-CC apresentam ampla aplicabilidade
para aparelhos portáteis, justamente por serem capazes de realizar abaixamento de tensão,
mantendo um rendimento adequado na transferência de potência.

Objetivos
62

• Analisar o conversor CC-CC buck e o seu princípio de funcionamento;


• Verificar o comportamento do conversor Buck em diferentes tensões de entrada;
• Analisar o comportamento da tensão de saída em diferentes conexões de resistência e
capacitância;
• Analisar os valores de tensão na saída e na entrada, mediante a variação do ciclo de
trabalho;
• Calcular o valor da potência nas diferentes medições do circuito.

Guia do professor

Deverá ser contextualizada uma introdução sobre os conceitos e aplicações práticas dos
conversores CC-CC, fontes chaveadas, análise PWM e Ciclo de trabalho, recomenda-se utilizar
dados da literatura e imagens provenientes à prática. É importante ressaltar que as práticas
seguem uma sequência de estudos e deverá ser seguida na ordem proposta para compreensão
do estudo.

Procedimentos

Inicialmente o discente deverá ligar a fonte de bancada, ajustando o valor da tensão inicial
a ser utilizado no protótipo, em seguida deverá ligar o gerador de sinal para acionamento da
chave e visualização do sinal de pulso, ajustando a frequência, amplitude, tensão offset e ciclo
de trabalho, o osciloscópio também deverá ser ligar ajustando-se o osciloscópio em
acoplamento DC e demais variações do mesmo para melhor visualização das formas de onda.
Sugestão de valores para ser utilizado no gerador de sinal:

• 60kHz – Frequência de chaveamento;


• 8V – Tensão no chaveamento
• 4V – Tensão offset;
• 50% - Duty Cycle.

A exceção do Duty Cycle, os demais valores deverão ser mantidos fixos, para uma visualização
didática adequada dos valores de tensão de saída e entrada, na Prática 03 o duty cicle deverá
ser ajustado para 60% e 75%, conforme orientação que consta nos procedimentos da prática
supracitada.
63

O professor ou docente responsável pelas práticas com os alunos deve ressaltar que poderá ser
utilizado os dois canais do osciloscópio ao mesmo tempo, desde que não se utilize as duas
garras da terra no circuito, somente uma garra do terra da ponteira deverá ser conectada no
circuito.

Descrição dos resultados

O funcionamento do conversor buck apresenta um valor de tensão na saída de acordo com a


tensão aplicada em sua entrada e com o ciclo de trabalho vigente, é importante analisar os
ajustes no gerador de sinais para obter os resultados desejados.
64

Aluno (a): ____________________________


Disciplina: ___________________________
Professor: ____________________________

MANUAL DE PRÁTICAS

PRÁTICA 01:

Analisar o conversor CC-CC buck e o seu princípio de funcionamento

1. INTRODUÇÃO

Essa atividade tem por objetivo analisar o conversor CC-CC do tipo buck, aprimorando os
conceitos estudados em sala de aula, dessa forma se realizará:

• Tensão de entrada inicial em 30V;


• Observar o comportamento da tensão de saída em diferentes ajustes dos parâmetros
(tensão offset e tensão no sinal de pulso) do gerador de sinais;
• Realizar as medições no circuito;
• Observar as formas de onda na tensão de saída e no sinal de pulso (um por vez).

2. CONVERSOR CC-CC BUCK

O circuito do conversor buck deverá ser analisado com a tensão inicial em 30V. O diodo
utilizado foi o modelo 15ETH06 e como chave o MOSFET IRF540N. A conexão deverá ser
realizada utilizando os capacitores de 100µF e 1000µF com uma frequência de chaveamento
em 60kHz. A Figura 20 mostra o circuito a ser analisado:
Figura 20 - Circuito conversor buck

Fonte: Autoria própria (2023)


65

Após ligar a fonte de bancada e ajustar em 30V, serão realizadas as conexões do gerador de
sinais no circuito, como demonstrado na Figura 21, é importante ressaltar que o sinal no
osciloscópio deve estar em modo “square” (onda quadrada) para realizar as medições:

Figura 21 - Conexões do conversor buck

Fonte: Autoria própria (2023)

Para realizar a medição em paralelo utilizando conexões nos resistores de 27Ω, os pinos deverão
ser ajustados como mostra a Figura 22. A conexão no pino inferior deverá ser feita com a ponta
de prova e a garra no Canal 1 do osciloscópio:

Figura 22 - Conexão em paralelo dos resistores

Fonte: Autoria própria (2023)


66

A Figura 23 mostra as conexões que deverão ser realizadas para conectar cada capacitor no
circuito:

Figura 23 - Conexão dos capacitores

Fonte: Autoria própria (2023)

3. ANÁLISES E RESULTADOS

Após realizar as conexões, deverá verificar o valor da tensão de saída do circuito nas conexões
com um resistor, dois resistores e três resistores em paralelo e verificar as formas de ondas no
circuito. Preencha a Tabela 7 com os dados obtidos:

Tabela 7 - Análise da tensão de saída com variação da carga e tensão de entrada em 30V
Resistor de 27Ω Capacitor de 100µF Capacitor de 1000µF

1 Resistor

2 Resistores

3 Resistores

Fonte: Autoria própria (2023)

1) Com o auxílio do osciloscópio adquira as seguintes formas de onda: sinal de pulso e tensão
de saída. Lembre-se, não conectar os dois canais terra ao mesmo tempo.

2) Analise os valores te tensão obtidos e explique o resultado.

3) Verifique se houve mudanças significativas no resultado ao ajustar diferentes parâmetros no


gerador de sinal.
67

Aluno (a): ____________________________


Disciplina: ___________________________
Professor: ____________________________

MANUAL DE PRÁTICAS

PRÁTICA 02:

Verificar o comportamento da tensão de saída em diferentes tensões de entrada

1. INTRODUÇÃO

Essa atividade tem por objetivo analisar os valores da tensão de saída com diferentes tensões
na entrada do circuito, dessa forma se realizará:

• Tensão de entrada inicial em 20V, 25V e 30V;


• Observar o comportamento do sinal de pulso em diferentes ajustes dos parâmetros
(tensão offset, tensão no sinal de pulso) do gerador de sinais;
• Realizar as medições no circuito e o cálculo da potência para cada conexão de resistor
e cada valor de entrada sugerido;
• Todas as medições deverão ser realizadas utilizando cada um dos capacitores;
• Observar as formas de onda na tensão de saída e no sinal de pulso em cada valor de
tensão aplicada.

2. DESENVOLVIMENTO

As ligações do circuito deverão ser realizadas como na prática 01, atendendo as identificações
das conexões propostas.

3. ANÁLISES E RESULTADOS

Após realizar as medições, deverá verificar o valor da tensão de saída do circuito nas diferentes
tensões de entrada, em cada conexão com os resistores e calcular o valor da potência
preenchendo todos os dados obtidos nas tabelas abaixo.
68

Tabela 8 - Análise da tensão de saída com tensão de entrada em 20V


Resistor de 27Ω Capacitor de Capacitor de
Potência
100µF 1000µF

1 Resistor

2 Resistores

3 Resistores

Fonte: Autoria própria (2023)

Tabela 9 - Análise da tensão de saída com tensão de entrada em 25V


Resistor de 27Ω Capacitor de Capacitor de
Potência
100µF 1000µF

1 Resistor

2 Resistores

3 Resistores

Fonte: Autoria própria (2023)

Tabela 10 - Análise da tensão de saída com tensão de entrada em 30V


Resistor de 27Ω Capacitor de Capacitor de
Potência
100µF 1000µF

1 Resistor

2 Resistores

3 Resistores

Fonte: Autoria própria (2023)


69

Aluno (a): ____________________________


Disciplina: ___________________________
Professor: ____________________________

MANUAL DE PRÁTICAS

PRÁTICA 03:

Verificar o comportamento da tensão de saída e de entrada para diferentes ciclos de


trabalho (Duty Cycle).

1. INTRODUÇÃO

Essa atividade tem por objetivo analisar os valores da tensão de saída para diferentes valores
de ciclo de trabalho, dessa forma se realizará:

• Tensão de entrada em 20V, 25V e 30V;


• Para a tensão de saída de 20V o ciclo de trabalho deverá ser ajustado para 75%;
• Para a tensão de saída de 25V o ciclo de trabalho deverá ser ajustado para 60%;
• Para a tensão de saída de 30V o ciclo de trabalho deverá ser ajustado para 50%;
• Realizar a medição de tensão na saída para cara valor de tensão de entrada;
• O capacitor escolhido para todas as práticas deve ser o de 100µF;
• Observar as formas de onda na tensão de saída e no sinal de pulso em cada valor de
tensão aplicada.

2. DESENVOLVIMENTO

As ligações do circuito deverão ser realizadas como na prática 02, atendendo as identificações
das conexões propostas.

3. ANÁLISES E RESULTADOS

Após realizar as medições, deverá verificar o valor da tensão de saída do circuito nas diferentes
tensões de entrada.
70

Tabela 11 - Análise da tensão de saída


Tensão de Saída Ciclo de Ciclo de Trabalho Ciclo de
Trabalho de de 60% Trabalho de
50% 75%

20V

25V

30V

Fonte: Autoria própria (2023)

A prática 03 proporcionara um entendimento ao discente a respeito do funcionamento do Ciclo


de trabalho, o docente que estiver orientando a prática devera destacar o fato de que os ciclos
de trabalhos correspondem a razão entra a tensão de saída e de entrada medidas, e que haverá
três casos em específico em que a tensão de saída se manterá fixa em 15V para os três valores
de tensão de entrada.
71

ATIVIDADE EXPERIMENTAL – CONVERSOR CC-CC TIPO BUCK COM


AMORTECEDOR (SNUBBER)

PLANO DE ENSINO: PRÁTICA 04

Embasamento

O circuito amortecedor ou snubber, é utilizado para reduzir fenômenos indesejados como


picos de tensão, oscilações ou transientes que possam prejudicar o circuito e provocar danos,
provindos de condições operacionais do sistema elétrico.

Os circuitos snubbers podem ser dissipativos ou regenerativos, dissipando a sua energia


armazenada em um resistor ou quando a energia armazenada é transferida para a entrada ou
saída do conversor. Os circuitos snubbers podem ser do tipo ativo ou passivo, sendo composto
por chaves e outros elementos passivos (capacitores, indutores, resistores e diodos), já o tipo
passivo é composto somente por capacitores, indutores, resistores e diodos (BITENCOURT,
2018).

Objetivos

• Analisar o conversor CC-CC buck e o seu princípio de funcionamento;


• Verificar o comportamento da tensão de saída em diferentes tensões de entrada
utilizando o amortecedor;
• Analisar o comportamento da tensão de saída em diferentes conexões de resistência e
capacitância;
• Obter o valor de corrente e potência em cada uma das análises realizadas anteriormente.

Guia do professor

Deverá ser contextualizada uma introdução sobre os conceitos do circuito amortecedor


utilizados em conversores CC-CC. É importante ressaltar que as práticas seguem uma sequência
de estudos e deverá ser seguida na ordem proposta para compreensão do estudo.
72

Procedimentos

Inicialmente o discente deverá ligar a fonte de bancada, ajustando o valor da tensão inicial
a ser utilizado no protótipo, em seguida deverá ligar o gerador de sinal para acionamento da
chave e visualização do sinal de pulso, ajustando a frequência, amplitude e tensão offset, o
osciloscópio também deverá ser ligar ajustando-se em tensão contínua e demais variações do
mesmo para melhor visualização das formas de onda. Sugestão de valores para ser utilizado no
gerador de sinal:

• 60kHz – Frequência de chaveamento;


• 8V – Tensão no chaveamento
• 4V – Tensão offset;
• 50% - Duty Cycle.

O professor ou docente responsável pelas práticas com os alunos deve ressaltar que só
poderá ser medido um Canal por vez, tanto do osciloscópio, quanto do gerador de sinal,
evitando curto circuito ou possíveis danos nos equipamentos.

Descrição dos resultados

Com a aplicação do circuito amortecedor ao protótipo as oscilações na tensão de saída do


conversor deverão ser minimizadas. O discente deverá observar esse comportamento nas
diferentes tensões de entrada e comparar os resultados.
73

Aluno (a): ____________________________


Disciplina: ___________________________
Professor: ____________________________

MANUAL DE PRÁTICAS

PRÁTICA 04:

Verificar o comportamento da tensão de saída com o amortecedor

1. INTRODUÇÃO

Essa atividade tem por objetivo verificar o comportamento da tensão de saída com o
amortecedor (snubber) e analisar os dados obtidos, dessa forma se realizará:

• Aplicar a tensão de entrada inicial em 20V, 25V e 30V com o circuito amortecedor;
• Observar o comportamento do sinal de pulso em diferentes ajustes dos parâmetros
(tensão offset e tensão do sinal de pulso) do gerador de sinais;
• Realizar as medições no circuito e o cálculo da potência para cada conexão de resistor
e cada valor de entrada sugerido;
• Medir o valor de corrente na saída do circuito com diferentes tensões na entrada;
• Todas as medições deverão ser realizadas utilizando cada um dos capacitores;
• Observar as formas de onda na tensão de saída e no sinal de pulso em cada valor de
tensão aplicada.

2. CIRCUITO SNUBBER

É importante ressaltar que as ligações do circuito deverão ser realizadas como na prática 01,
conectando o amortecedor e atendendo as identificações das conexões propostas. O circuito
snubber RC possui um resistor de 1500Ω em série com um capacitor de 100nF. Para conectar
o amortecedor é necessário seguir o esquema da Figura 24. Vale ressaltar que o sinal no
osciloscópio deve estar em modo “square” (onda quadrada) para realizar as medições.
74

Figura 24 - Conexão para o circuito amortecedor

Fonte: Autoria própria (2023)

Para medir o valor da corrente na saída do circuito, deverá retirar o pino conector, como mostra a Figura
25.

Figura 25 - Conexão para medição de corrente na saída do circuito

Fonte: Autoria própria (2023)

3. ANÁLISES E RESULTADOS

Após realizar a conexão do circuito amortecedor, deverá comparar a análise gráfica das
oscilações nas tensões de saída do conversor. O passo seguinte será preencher as tabelas abaixo
com os valores encontrados na tensão de saída, potência e corrente do circuito.
75

Tabela 12 - Análise da tensão de saída com tensão de entrada em 20V


Resistor de Capacitor de Capacitor de Corrente
Potência
27Ω 100µF 1000µF

1 Resistor

2 Resistores

3 Resistores

Fonte: Autoria própria (2023)

Tabela 13 - Análise da tensão de saída com tensão de entrada em 25V


Resistor de Capacitor de Capacitor de Corrente
Potência
27Ω 100µF 1000µF

1 Resistor

2 Resistores

3 Resistores

Fonte: Autoria própria (2023)

Tabela 14 - Análise da tensão de saída com tensão de entrada em 30V


Resistor de Capacitor de Capacitor de Corrente
Potência
27Ω 100µF 1000µF

1 Resistor

2 Resistores

3 Resistores

Fonte: Autoria própria (2023)


76

1) Com o auxílio do osciloscópio adquira as seguintes formas de onda: sinal de pulso e tensão
de saída. Lembre-se, não conectar os dois canais ao mesmo tempo.

2) Analise o comportamento da tensão de saída com o circuito amortecedor e explique o


resultado.

3) Verifique se houve mudanças significativas no resultado final ao utilizar diferentes conexões


nos capacitores e resistores.

4) Os valores obtidos nas práticas foram condizentes com a teoria estudada?

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___________________________________________________________________________

5) Descreva brevemente o que você aprendeu sobre as práticas realizadas com o conversor CC-
CC Buck e comente sobre o sinal PWM e conexão com o circuito snubber.

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ANEXO 1 – TABELA DE CUSTOS PARA O CONVERSOR CC-CC DO TIPO BUCK

Tabela 15 - Lista de materiais para a confecção do protótipo


Nome Descrição Quantidade Preço Unitário Total
Capacitor 1000uF 1 3,28 3,28
Capacitor 100uF 1 0,13 0,13
Capacitor 100nF 1 0,20 0,20
15ETH06 Diodo 1 7,00 7,00
Mosfet
IRF540N 1 4,32 4,32
Canal N

Par de núcleos EE 1 11,55


11,55
Fio de cobre
1 59,00 29,00
esmaltado
LED RGB 2 1,20 2,40
Resistor 1500Ω 1 0,18 0,18
Resistor 27Ω 3 0,35 1,05
Resistor 1KΩ 1 0,18 0,18
1
Resistor 2,2KΩ 0,23 0,23

TOTAL 59,52
Fonte: Autoria própria (2023)

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