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ASSOCIAÇÃO CARIOCA DE ENSINO SUPERIOR - CENTRO

UNIVERSITÁRIO CARIOCA

A IMPORTÂNCIA DOS CENTROS DE OPERAÇÃO E DOS OPERADORES DE


TEMPO REAL PARA O SISTEMA ELÉTRICO NACIONAL - UM ESTUDO DE
CASO

LUCAS MONTEIRO LOBÃO GOMES

STHEFANIE ISABEL BARROS LIMA

Rio de Janeiro, RJ – Brasil

2023
A IMPORTÂNCIA DOS CENTROS DE OPERAÇÃO E DOS OPERADORES DE
TEMPO REAL PARA O SISTEMA INTERLIGADO NACIONAL - UM ESTUDO DE
CASO

LUCAS MONTEIRO LOBÃO GOMES

STHEFANIE ISABEL BARROS LIMA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Graduação em


Engenharia Elétrica da Associação Carioca de Ensino Superior – UNICARIOCA,
como requisito parcial para a obtenção do Grau de Engenheiro(a) Eletricista.

Orientador: Prof. Sara Camacho de Oliveira.

Rio de Janeiro, RJ – Brasil

2023
LUCAS MONTEIRO LOBÃO GOMES

STHEFANIE ISABEL BARROS LIMA

A IMPORTÂNCIA DOS CENTROS DE OPERAÇÃO E DOS OPERADORES DE


TEMPO REAL PARA O SISTEMA INTERLIGADO NACIONAL - UM ESTUDO DE
CASOS

Banca examinadora da defesa de TCC para obtenção do grau Bacharel em


Engenharia Elétrica.

Professora Sara Camacho de Oliveira (Orientadora)


Integrante da Banca Examinadora
Centro Universitário Carioca (UniCarioca)

Professor Wilson Souza da Silva


Integrante da Banca Examinadora
Centro Universitário Carioca (UniCarioca)

Professora Luciane Resende de Souza


Integrante da Banca Examinadora
Centro Universitário Carioca (UniCarioca)
FICHA CATALOGRÁFICA
AGRADECIMENTOS
Neste momento de realização e conquista, gostaríamos de expressar nossa gratidão
a todos que contribuíram para a nossa caminhada até aqui.

Agradecemos às nossas famílias por estarem sempre ao nosso lado nos apoiando e
encorajando de forma incessante para que alcançássemos nosso objetivo de nos
tornar engenheiros.

Eu, Lucas Monteiro Lobão Gomes, agradeço à Deus pela oportunidade de


reencarnar em meio à uma família que sempre me deu amor e carinho, e por ter me
guiado no caminho correto até aqui. Agradeço de todo meu coração à meus avós
paternos, Maria Elvira Lobão Gomes e Amauri de Siqueira Gomes, que estiveram
comigo desde a infância auxiliando em minha educação intelectual e moral.
Agradeço ao meu pai, Marcelo Zaly Lobão Gomes, que sempre deu o seu melhor
para criar a mim e a minha irmã, sei de seus esforços. Meu pai é um verdadeiro
herói pra mim. Agradeço a minha esposa, Ornella Martins Botelho, que me
incentivou a iniciar a graduação, sempre acreditou em mim e sempre esteve ao meu
lado. Eu nunca a esquecerei, estará pra sempre em meu coração.

Eu, Sthefanie Isabel Barros Lima, agradeço especialmente a minha mãe, Teresinha
Barros Nunes, que me apoiou em todas as decisões e nunca mediu esforços para
que eu estivesse feliz. Sua presença foi fundamental para que eu pudesse
conquistar meus objetivos. Agradeço ao meu pai, Estefano de Souza Lima, que
sempre aspirou o melhor para minha vida. Por fim, agradeço ao Valdecio Camilo,
que a todo momento me prestou suporte e incentivo, estando presente em todas as
etapas.

Agradecemos aos nossos amigos e colegas de classe, que estiveram ao nosso lado
durante toda essa jornada. Suas palavras de encorajamento e momentos de
descontração foram essenciais para mantermos o equilíbrio emocional.

Gostaríamos de agradecer à nossa orientadora, professora Sara Camacho de


Oliveira, que contribuiu para nossa formação no curso de engenharia elétrica,
lecionando uma quantidade expressiva de disciplinas desde o ciclo básico até as
disciplinas específicas no curso. Sua dedicação e atenção carinhosa conosco foi
sem dúvida um presente nessa jornada. Muito obrigado, professora!
Por fim, agradecemos a instituição de ensino UNICARIOCA, por nos proporcionar a
infraestrutura, recursos e oportunidades de aprendizado ao longo deste curso,
enriquecendo nosso conhecimento e nos tornando profissionais qualificados.

Este trabalho de conclusão de curso não teria sido possível sem o apoio e
contribuição de cada um de vocês. Estamos verdadeiramente gratos por fazerem
parte desta jornada. Com sincera gratidão, Lucas Gomes e Sthefanie Lima.
RESUMO

Considerando o Brasil um país de dimensões continentais com crescente demanda


por eletricidade, nosso trabalho de pesquisa bibliográfica vem tratar sobre a
importância dos centros de operação e dos operadores de tempo real, para a
manutenção da disponibilidade e confiabilidade do fornecimento de energia elétrica
para o sistema elétrico nacional. Para tal, inicialmente, buscamos contextualizar a
história do setor e sua evolução, até a criação dos centros de operação, dando
ênfase às atividades do operador de tempo real. Abordamos sobre a tecnologia dos
sistemas de supervisão e controle como grande aliada às atividades nos centros de
operação e falamos sobre o perfil do profissional de tempo real (educação e
habilidades). Finalmente, utilizamos uma ocorrência real no sistema interligado
nacional, apresentando um estudo de caso, com o intuito de demonstrar a relevância
dos centros de operação e dos operadores de tempo real para a atuação rápida e
eficiente na recomposição do sistema elétrico. Dessa forma, concluímos o trabalho
demonstrando o quanto é importante continuar investindo na pesquisa e inovação
tecnológica para fortalecimento do setor, e na capacitação dos operadores de tempo
real, pois é o caminho para garantirmos a segurança energética e promover o
desenvolvimento sustentável no setor elétrico brasileiro.

Palavras chave: História do setor elétrico nacional brasileiro, Geração e Transmissão


de energia elétrica, ONS, Centros de operação, Operador de tempo real.
ABSTRACT

Considering Brazil as a country with continental dimensions and a growing demand


for electricity, our bibliographic research focuses on the importance of operation
centers and real-time operators in maintaining the availability and reliability of
electricity supply to the national electrical system. To achieve this, we initially seek to
contextualize the history of the sector and its evolution, up to the establishment of
operation centers, with a particular emphasis on the activities of real-time operators.
We delve into the technology of supervision and control systems as a significant ally
in operation center activities and discuss the profile of real-time professionals,
including their education and skills. Finally, we present a real occurrence in the
national interconnected system, offering a case study to demonstrate the relevance
of operation centers and real-time operators in responding swiftly and efficiently to
power system restoration. In conclusion, we emphasize the importance of continued
investment in research and technological innovation to strengthen the sector, along
with the training of real-time operators as a pathway to ensuring energy security and
promoting sustainable development in the Brazilian electrical sector.

Keywords: History of the brazilian national electrical sector, Generation and


Transmission of electrical energy, ONS (National Electric System Operator),
Operation centers, Real-time operator.
LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Usina hidrelétrica de Marmelos. Vista geral de jusante para montante com
casa de força em primeiro plano e barramento vertente ao fundo. Vista aérea do
reservatório com a BR-040.

Figura 2: Divisão do Setor Elétrico no Brasil.


Figura 3: Estrutura básica de um sistema elétrico, com exemplo de tensões e
potências indicadas.
Figura 4: Pré-operação.
Figura 5: Operação em Tempo Real.
Figura 6: Pós-operação.
Figura 7: Organização de um Centro de Operação.
Figura 8: Representação da hierarquia operacional entre o ONS e os Agentes.
Figura 9: Configuração de um sistema de medição fasorial sincronizada via gps.
Figura 10: Regiões de operação do SIN: Norte-Nordeste, Sudeste/Centro-Oeste e
Sul.
Figura 11: Diagrama esquemático da área de origem da perturbação.
Figura 12: Percentual de corte de carga por estado.
Figura 13: Infográfico do ONS - Cronologia da recomposição da carga no SIN em
15/08/2023.
Figura 14: Evolução da recomposição de carga por subsistema, em MW.
Figura 15: Evolução da recomposição de carga por subsistema, em % da carga
interrompida.
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ACL Ambiente de Contratação Livre

ACR Ambiente de Contratação Regulada

ANEEL Agência Nacional de Energia Elétrica

CAG Controle Automático da Geração

CCEE Câmara de Comercialização de Energia Elétrica

CEPEL Centro de Pesquisa de Energia Elétrica da ELETROBRAS

CMSE Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico

CNAEE Conselho Nacional de Águas e Energia Elétrica

COD Centro de Operação de Distribuição

COG Centro de Operação de Geração

COI Centro de Operação da Instalação

COL Centro de Operação Local

COR Centro de Operação Regional

COS Centro de Operação do Sistema

COSR-NCO Centro Regional de Operação do Sistema - Norte/Centro-Oeste

COSR-NE Centro Regional de Operação do Sistema - Nordeste

COSR-S Centro Regional de Operação do Sistema - Sul

COSR-SE Centro Regional de Operação do Sistema - Sudeste

COT Centro de Operação de Transmissão

DNAEE Departamento Nacional de Águas e Energia Elétrica

EMS Energy Management System

EPE Empresa de Pesquisa Energética

FSK Frequency Shift Keying


LT Linha de Transmissão

MAE Mercado Atacadista de Energia

MME Ministério de Minas e Energia

ONS Operador Nacional do Sistema

PDC Phasor Data Concentrator

PDO Programa Diário de Operação

PMU Phase Measurement Unit

PSK Phase Shift Keying

SAGE Sistema Aberto de Gerenciamento de Energia

SCADA Supervisory Control and Data Acquisition System

SDSC Sistema Digital de Supervisão e Controle

SEP Sistema Elétrico de Potência

SIN Sistema Nacional Interligado

SMFS Sistemas de Medição Fasorial Sincronizada

SOE Sequence of events

SSC Centros de Supervisão e Controle

TCC Trabalho de Conclusão de Curso

TCs Transformadores de Corrente

TPs Transformadores de Potencial

TUSD Tarifa de Uso do Sistema de Distribuição


SUMÁRIO

CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO 4

1.1 – OBJETIVOS 4

1.2 - JUSTIFICATIVA 5

1.3 – METODOLOGIA 6

CAPÍTULO 2 - HISTÓRICO DO SETOR ELÉTRICO BRASILEIRO 7

CAPÍTULO 3 – ASPECTOS DO SISTEMA DE GERAÇÃO, TRANSMISSÃO E


DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA 11

3.1 - SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA 11

3.1.1 - ESTRUTURA DO SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA 12

CAPÍTULO 4 - CENTROS DE OPERAÇÃO 16

4.1 - HISTÓRIA DOS CENTROS DE OPERAÇÃO NO BRASIL 16

4.2 - CENTROS DE OPERAÇÃO 17

4.2.1 – PRÉ–OPERAÇÃO 19

4.2.2 – OPERAÇÃO EM TEMPO REAL 20

4.2.3 – PÓS OPERAÇÃO 13

4.3 – DILEMA DO OPERADOR NOS CENTROS DE OPERAÇÃO 14

4.4 - NÍVEIS HIERÁRQUICOS DOS CENTROS DE OPERAÇÃO 16

CAPÍTULO 5 – ANÁLISE GERAL DA PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS 17

5.1 - PROTEÇÃO DO SISTEMA ELÉTRICO 17

5.2 – FUNÇÕES DE SUPERVISÃO E CONTROLE/ANÁLISE DE REDE 19

CAPÍTULO 6 – OPERADOR DE TEMPO REAL 22

6.1 – FUNÇÕES DE SUPERVISÃO E CONTROLE/ANÁLISE DE REDE

6.2 - OS DESAFIOS DA OPERAÇÃO EM TEMPO REAL 22


6.3 - A TECNOLOGIA NA OPERAÇÃO EM TEMPO REAL: SISTEMA DE
SUPERVISÃO E FERRAMENTAS DE OPERAÇÃO 23

6.4 - AS QUALIFICAÇÕES DO OPERADOR DE TEMPO REAL 25

CAPÍTULO 7 – ESTUDO DE CASO: OCORRÊNCIA NO SISTEMA


INTERLIGADO NACIONAL - AGOSTO DE 2023 26

CONCLUSÃO 27

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 29

ANEXOS 30
CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO

Nos tempos modernos, a eletricidade representa um dos pilares fundamentais da


infraestrutura que sustenta a vida cotidiana e a economia de qualquer nação. O
Sistema Interligado Nacional (SIN) desempenha um papel de extrema importância
ao assegurar o fornecimento contínuo de energia elétrica a indústrias, empresas,
residências e instituições governamentais. A confiabilidade e a estabilidade do SIN
são elementos cruciais para a operação harmoniosa de uma sociedade.

Nesse contexto, os centros de operação e os operadores de tempo real


desempenham um papel fundamental. Os centros de operação são as bases de
controle e monitoramento do sistema elétrico, onde informações em tempo real
sobre geração, transmissão e distribuição de energia são reunidas e analisadas. Os
operadores de tempo real, por sua vez, são profissionais altamente treinados e
qualificados que trabalham nessas instalações para garantir que o SIN opere de
maneira eficiente, segura e confiável, 24 horas por dia, 7 dias por semana.

1.1 – OBJETIVOS

OBJETIVO GERAL

No contexto do Brasil, um país de vastas dimensões territoriais com uma demanda


crescente por eletricidade, a importância dos centros de operação e dos operadores
de tempo real não pode ser subestimada. A gestão eficaz do SIN é essencial para
evitar apagões, minimizar perdas de energia, integrar fontes de energia renovável e
responder rapidamente a eventos imprevistos, como falhas na rede ou desastres
naturais.

O trabalho em questão tem como objetivo aprofundar a compreensão da relevância


dos centros de operação e dos operadores de tempo real para o sistema elétrico
nacional.

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OBJETIVO ESPECÍFICO

Para atingir o objetivo geral, será necessário analisar:

● As funções desempenhadas por esses centros;


● Os desafios enfrentados pelos operadores;
● As melhores práticas em operação e controle do sistema elétrico;
● Apresentação da ocorrência no SIN e seu desenvolvimento.

1.2 - JUSTIFICATIVA

A escolha deste tema se fundamenta em diversas razões que ressaltam sua


importância e relevância tanto a nível nacional quanto global. Abaixo, são
apresentadas as principais justificativas para o desenvolvimento deste estudo:

O fornecimento de energia elétrica é essencial para a vida cotidiana, a economia e o


bem-estar da população. Qualquer interrupção prolongada no fornecimento de
eletricidade pode ter consequências sérias para as atividades cotidianas, para a
produção industrial e para a segurança pública. Portanto, compreender e aprimorar
a operação do sistema interligado nacional é de interesse direto da sociedade.

A segurança energética é uma preocupação global. Compreender como o SIN opera


e a mantém, ajuda a avaliar a resiliência do país em face de eventos críticos
externos ou internos, como eventos climáticos extremos ou problemas de
infraestrutura. Além disso, o Brasil busca aumentar a participação de fontes de
energia limpa e reduzir as emissões de gases de efeito estufa. A operação eficiente
e segura do sistema elétrico é fundamental para alcançar esses objetivos de
desenvolvimento sustentável.

Portanto, o trabalho sobre a importância dos centros de operação e dos operadores


de tempo real para o sistema elétrico nacional é justificada pela sua influência direta
no funcionamento da sociedade, na segurança energética, na adoção de energias
renováveis e no avanço tecnológico, contribuindo para o desenvolvimento
sustentável do país.

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1.3 - METODOLOGIA

O referencial teórico deste trabalho foi feito com base em bibliografias pesquisadas
em livros técnicos dentro do ambiente virtual da faculdade na “Minha Biblioteca”,
artigos, sites na internet, arquivos de aulas de outras universidades, outras
monografias e informações retiradas do próprio operador nacional do sistema
elétrico.

Para o embasamento teórico relacionado ao sistema elétrico nacional, sua história e


evolução, utilizamos, principalmente, o livro encontrado na biblioteca virtual da
faculdade intitulado “Energia Elétrica - Geração, Transmissão e Sistemas
Interligados”, de Milton de Oliveira Pinto, títulos de outras instituições como “Um
Breve Histórico do Setor Elétrico Brasileiro” da PUC-Rio, o artigo “O Setor Elétrico
Brasileiro: Passado e Futuro” de Helena Carvalho de Lorenzo, sites como o
“www.conhecaminas.com”, o “megawhat.energy”, ”www.infoescola.com” entre
outros.

Em relação ao material para base de informações sobre os centros de operação, o


ONS e sistemas de proteção, obtivemos informações em sites como o
“www.energes.com.br”, no livro de Arlei Bichels intitulado “Sistemas Elétricos de
Potência - Métodos de análise e solução”, em monografias tais como a do pós-
graduando Heber Assis Garcias sobre “Sistema de Supervisão e Controle de uma
empresa de Energia Elétrica inserida no Sistema Interligado Nacional - Análise de
Segurança em Tempo Real”, “Sistemas de medição fasorial sincronizada:
Aplicações na recomposição do sistema elétrico de potência” de André Fernandes
Coelho Rezende dos Santos e o TCC de Roberto Queiroz - Implantação de um
centro de operação em tempo real.

A metodologia aplicada é de fundamentação teórica feita a partir de pesquisas


bibliográficas e relatórios do Operador Nacional do Sistema (ONS), finalizando o
trabalho com um estudo de caso.

O trabalho foi estruturado em 8 capítulos: Introdução, Referencial teórico, Aspectos


do sistema de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica, Centros de
Operação, Análise geral da proteção de equipamentos, Operador de tempo real,
Estudo de caso e Conclusão.

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No capítulo 1 são apresentados os objetivos do entendimento da relevância dos
Centros de Operação e dos Operadores de Tempo Real para o Sistema Elétrico
Nacional.

Em seguida, no capítulo 2, o assunto é contextualizado num breve histórico do Setor


Elétrico brasileiro. No capítulo 3 são considerados os aspectos do sistema de
geração, transmissão e distribuição de energia elétrica.

Nos capítulos 4, 5 e 6 são apresentados, respectivamente, os Centros de Operação,


bem como a Análise geral da proteção de equipamentos e o Operador de Tempo
Real, evidenciando sua importância para o Sistema Elétrico Nacional.

E finalmente, um estudo de caso com uma ocorrência no SIN, referenciado em


dados retirados do site oficial do ONS (www.ons.org.br), e a conclusão do trabalho.

7
CAPÍTULO 2 - HISTÓRICO DO SISTEMA ELÉTRICO BRASILEIRO

A experiência pioneira com eletricidade no Brasil ocorreu em 1879 com a


inauguração da instalação de iluminação elétrica no Rio de Janeiro, na estação de
trem Central do Brasil (BRANDI, 2022). “No ano de 1883, a primeira usina
hidrelétrica do país entrou em operação no ribeirão do Inferno, afluente do rio
Jequitinhonha, na cidade de Diamantina, Minas Gerais. [...] Foi instalada numa
queda de 5 m e possuía dois dínamos Gramme de 8 HP cada, que geravam energia
capaz de movimentar bombas d´água para desmonte das formações rochosas das
minas de diamante” (PEREIRA, 2021, p.119).

Segundo Pereira (2021), em 1889 entrou em operação a usina hidrelétrica de


Marmelos em Juíz de Fora, Minas Gerais (figura 1). Essa, por sua vez, possuía dois
grupos de geradores com potência de 126 kW cada um, da empresa americana Max
Nothman & Co, e tinha o intuito de fornecer eletricidade à iluminação pública para a
cidade de Juiz de Fora, antes alimentada a gás. Por sua capacidade expressiva de
geração de energia elétrica, a usina de Marmelos ficou conhecida como a primeira
grande usina hidrelétrica que entrou em operação no Brasil e na América latina.

Figura 1: Usina hidrelétrica de Marmelos. À esquerda, vista geral de jusante para montante com casa
de força em primeiro plano e barramento vertente ao fundo. À direita, vista aérea do reservatório com
a BR-040.

Fonte: https://www.abge.org.br/downloads/9%20-%20HIST%C3%93RIA%20DAS%20USINAS
%20HIDREL%C3%89TRICAS.pdf

8
De acordo com Diniz (2013) e Fonseca (2013), “o projeto da usina de Marmelos se
deu graças ao mineiro Bernardo Mascarenhas e Dom Pedro II, que regeu o Brasil de
1840 a 1889”. Esse foi o ponto de partida para a utilização da energia hidrelétrica,
que se tornaria a principal fonte de energia em nossa matriz energética.

Até o final do século XIX, a economia brasileira era predominantemente baseada na


agricultura, o que resultava em uma limitada utilização da eletricidade como fonte de
energia. No entanto, a partir da década de 1920, com a crescente industrialização
do país, o número de usinas hidrelétricas começou a aumentar constantemente.
Empresas estatais passaram a ser responsáveis pelo planejamento, construção e
operação de usinas hidrelétricas, bem como pela distribuição de energia aos
consumidores finais por meio das redes de distribuição (GOMES, 2002).

As primeiras regulamentações significativas vieram com a criação do Código de


Águas em 1934, que estabeleceu o controle estatal sobre os recursos hídricos e
regulamentou o uso da água no setor de energia hidrelétrica. Esse código conferiu à
União o poder de autorizar ou conceder o uso da energia hidráulica e de outras
fontes para fins industriais (GASTALDO, 2009).

Segundo Veiga e Fonseca (2002), citados em “Um breve histórico do setor elétrico
brasileiro” da universidade PUC-Rio, em 1939 o Conselho Nacional de Águas e
Energia Elétrica (CNAEE) foi criado para lidar com questões de suprimento,
regulamentação e tarifas relacionadas à indústria de energia elétrica no país. O
CNAEE desempenhou um papel fundamental no controle dos recursos hídricos e da
energia elétrica até a criação do Ministério de Minas e Energia (MME) em 1960 e da
Eletrobrás em 1962. O MME, estabelecido pela Lei nº 3.782 de 22 de julho de 1960,
assumiu a responsabilidade pelo estudo e solução de problemas relacionados à
produção e comércio de minério e energia no país. Já a Eletrobrás desempenhava
um papel central na coordenação de todas as empresas que compunham o setor
elétrico brasileiro. Até o final dos anos 1970, essa empresa estatal conduziu um
processo robusto de nacionalização e estatização, através de investimentos
substanciais no setor elétrico.

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No entanto, as décadas de 1970 e 1980 trouxeram desafios significativos. A crise do
petróleo nos anos 1970 e a crise econômica que o Estado enfrentou na década de
1980 tornaram-se obstáculos para o sustento do desenvolvimento e expansão do
setor elétrico, além de períodos de inflação alta e instabilidade política. Diante
dessas circunstâncias, o modelo estatal de gestão passou a ser alvo de
questionamentos.

A década de 1990 marcou o início da reestruturação do setor elétrico, inaugurando o


processo de privatização. Durante esse período, várias reformas econômicas foram
implementadas com o intuito de aumentar a eficiência e a competitividade do
mercado. O plano nacional de desestatização, estabelecido em 1992, buscava
implementar políticas de abertura do setor elétrico, iniciando o processo de
privatização das empresas estatais e abrindo os setores econômicos à iniciativa
privada. O objetivo era estimular investimentos no setor elétrico e aprimorar a
eficiência das empresas de energia (PUC-Rio).

Um marco significativo no processo de privatização foi a promulgação da Lei das


Concessões em 1995, que determinou que a concessão de serviços de energia
elétrica fosse realizada por meio de licitação pública, permitindo a participação de
empresas privadas na prestação desses serviços, incluindo atividades de geração,
transmissão e distribuição de energia elétrica.

Em 1995, também foi formado o Mercado Atacadista de Energia (MAE), destinado a


ser um ambiente de negociação e contratação de energia elétrica entre os agentes
geradores e distribuidores.

Segundo Castro (2003), citado em “Um breve histórico do setor elétrico brasileiro” da
universidade PUC-Rio, à medida que o processo de privatização avançava, o
governo optou por criar a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) em
substituição ao antigo Departamento Nacional de Águas e Energia Elétrica
(DNAEE). A nova agência foi encarregada da regulamentação técnica e econômica,
supervisão e mediação no setor elétrico, com a responsabilidade de analisar novas
concessões, licitações e fiscalizar os serviços prestados à população pelas
empresas recentemente privatizadas.

10
A ANEEL introduziu pela primeira vez a regulação de mercado e
estabeleceu os procedimentos operacionais. No que diz respeito à geração
de energia, as empresas estatais privatizadas passaram por reestruturações
que incluíram cisões, fusões, incorporações, estabelecimento de filiais e
redução de capital. Quanto à transmissão, a coordenação da distribuição
entre as empresas geradoras foi transferida em 1998 para o Operador
Nacional do Sistema (ONS), substituindo a Eletrobrás nessa atribuição. O
ONS ficou responsável pela coordenação e supervisão das operações das
instalações de geração e transmissão de energia elétrica no Sistema
Interligado Nacional (SIN), bem como pelo planejamento das operações nos
sistemas isolados do país, tudo sob a fiscalização e regulamentação da
Aneel. (CASTRO, 2003)

Nos anos 2000, o governo vinha debatendo e considerando propostas para reformar
o setor elétrico. O modelo britânico serviu de base para uma primeira análise do
contexto brasileiro. O novo modelo do setor elétrico, que entrou em vigor em março
de 2004, foi fundamentado em três pilares principais: a expansão da oferta de
energia a longo prazo, a modicidade tarifária (com a aquisição de energia a preços
mais baixos possíveis) e a universalização do fornecimento de energia elétrica em
todo o país. Ele baseava-se em contratos para impulsionar o crescimento do
sistema. Isso assegurava que haveria sempre capacidade de geração suficiente
para atender ao crescimento do mercado (PUC-Rio).

O novo modelo introduziu uma divisão clara no mercado de energia elétrica,


estabelecendo dois ambientes distintos para a contratação de energia: o regulado,
conhecido como ACR (Ambiente de Contratação Regulada), e o livre, denominado
ACL (Ambiente de Contratação Livre) (PUC-Rio).

No mercado regulado (ACR), a aquisição de energia passou a ser conduzida por


meio de leilões de longo prazo. Nestes leilões, as distribuidoras atuavam como
compradoras, enquanto os investidores desempenhavam o papel de vendedores.
Na prática, esses leilões eram realizados com antecedência de três anos para
termelétricas e cinco anos para hidrelétricas em relação ao prazo previsto para o
início das operações das usinas geradoras. No ambiente de contratação livre (ACL),
os contratos são negociados diretamente entre agentes geradores,
comercializadores e consumidores livres. Nesse ambiente, existe flexibilidade para
negociar o volume de compra e venda de energia, bem como os preços

11
correspondentes. Isso pode resultar em preços mais competitivos no mercado
(PUC-Rio).

Segundo PUC-Rio, em “Um breve histórico do setor elétrico brasileiro”, assim como
Gastaldo (2009), a criação de um órgão regulador é considerada pelo Ministério de
Minas e Energia (MME) como uma medida fundamental e pré-requisito para o
funcionamento adequado do novo modelo. O setor elétrico apresenta características
singulares, tais como o monopólio natural, falhas de mercado, investimentos de alto
custo, e projetos de infraestrutura de longo prazo. Por essas razões, a existência de
um órgão regulador e formulador de políticas é imperativa para coordenar as
atividades dos diversos agentes que compõem o setor. Além de manter os órgãos
reguladores já existentes, o novo modelo também propõe a criação de novos órgãos
com funções distintas:

- Empresa de Pesquisa Energética – EPE

•Elaboração de estudos (potencial energético, bacias hidrográficas, petróleo, gás


natural) e planejamento (viabilidade técnico-econômica e socioambiental), integrado
dos recursos energéticos e à expansão do setor;

• Execução de estudos para obter-se a Matriz Energética com indicação das


estratégias e metas a serem alcançadas no longo prazo pelo setor.

- Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico – CMSE

• Realização de ações como, por exemplo, a observação do comportamento da


demanda contratação de reserva conjuntural que visem a garantia da segurança do
suprimento;

• Monitorar as condições de atendimento dos serviços energéticos, num prazo de


cinco anos.

- Câmara de Comercialização de Energia Elétrica – CCEE

• A CCEE veio com o novo modelo do setor elétrico e substituiu o Mercado


Atacadista de Energia (MAE);

• A Câmara organizou os investidores do setor, criou regras para a comercialização


e passou a realizar os leilões de energia, desenvolvendo um mercado de energia
eficiente, garantindo a liquidez dos negócios e a sustentabilidade do setor elétrico.

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CAPÍTULO 3 – ASPECTOS DO SISTEMA DE GERAÇÃO, TRANSMISSÃO E
DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA

3.1 – SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA

Com o propósito de levar energia elétrica a todos os consumidores, são conectadas


extensas usinas que fazem uso de diversas fontes de energia, incluindo hidráulica,
térmica, nuclear, eólica e solar. Essas usinas são interligadas umas às outras e às
subestações localizadas nos principais centros de consumo por meio de longas
linhas de transmissão operando em altas e extra altas tensões. Essa interconexão
forma vastas redes de transmissão, que, somadas às linhas e subestações de
subtransmissão e distribuição, compõem o Sistema Elétrico de Potência (SEP)
(BISHELS, 2018).

A interligação de todas as áreas de consumo e usinas em todo o país, criando um


amplo sistema interconectado, traz maior confiabilidade e qualidade no fornecimento
de energia às cargas. Isso também permite a integração eficaz das fontes de
geração dentro do sistema, otimizando o uso dos reservatórios das usinas
hidrelétricas. Dessa forma, a geração de energia é coordenada entre usinas com
maiores reservatórios ou maior disponibilidade de recursos hídricos, termelétricas de
mais baixo custo, usinas eólicas e solares, resultando em um custo global mais
baixo para a energia produzida (BISHELS, 2018).

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3.1.1 - ESTRUTURA DO SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA

A estrutura de um sistema elétrico de potência abrange os componentes de


geração, transmissão e distribuição, além das suas respectivas subestações de
energia elétrica. Essas subestações estão equipadas com transformadores,
disjuntores e seccionadores de diversas capacidades de tensão e corrente. Essa
infraestrutura geralmente abrange uma vasta área geográfica (GARCIA; JUNIOR,
2012). A figura 2, a seguir, mostra um esquema geral da divisão do setor elétrico
nacional.

Figura 2: Divisão do Setor Elétrico no Brasil.

Fonte: https://www.eletrica.ufpr.br/sebastiao/wa_files/te039%20aula%2010%20-%20sep.pdf

O sistema elétrico brasileiro atual opera com base em grandes usinas de geração,
que geram eletricidade e a transmitem por meio de sistemas de alta tensão. Estes
sistemas de transmissão de alta tensão, por sua vez, alimentam os sistemas de
distribuição de média e baixa tensão, onde se encontram os consumidores. Em
linhas gerais, o fluxo de energia segue uma direção única e é gerenciado e
controlado por centros de operação com base em critérios predefinidos (GARCIA;
JUNIOR, 2012). A seguir, a figura 3 ilustra de forma simplificada o fluxo de potência
na estrutura de um sistema elétrico.

14
Figura 3: Estrutura básica de um sistema elétrico, com exemplo de tensões e potências indicadas.

Fonte:
https://www.osetoreletrico.com.br/wp-content/uploads/2012/04/Ed73_fasc_distribuicao_cap1.pdf

Nos circuitos de transmissão e subtransmissão, a redundância nas redes elétricas é


essencial, pois essas redes atendem a um grande número de consumidores,
incluindo cidades e regiões. Por outro lado, nos circuitos de distribuição de média
tensão (MT) e baixa tensão (BT), as concessionárias de energia elétrica buscam
garantir a confiabilidade do sistema a um custo mínimo, o que é desejável em
qualquer empreendimento. Em alguns casos, a densidade de carga (ou o número de
consumidores) é insuficiente para justificar investimentos substanciais. Nas redes
rurais, por exemplo, a abordagem mais econômica é adotada, geralmente utilizando
um sistema radial aéreo que não dispõe de recursos para lidar com falhas, exigindo
a intervenção do cliente em caso de problemas (GARCIA; JUNIOR, 2012).

Segundo o Portal da indústria (2021), o segmento de geração de energia elétrica é


responsável por produzir eletricidade e inseri-la nos sistemas de transporte
(transmissão e distribuição) para entrega aos consumidores. No Brasil, esse
segmento é altamente diversificado, com mais de 10.964 empreendimentos
geradores que abrangem várias fontes e capacidades. O processo começa com a
geração de energia elétrica em usinas geradoras, que podem ser termelétricas,
hidrelétricas, eólicas, solares, entre outras. Essas usinas convertem diferentes
fontes de energia em eletricidade.

Na transmissão, grandes quantidades de energia provenientes das usinas geradoras


são transportadas. A transmissão tem o papel crucial de entregar essa energia às
distribuidoras (PORTAL DA INDÚSTRIA, 2021). A energia gerada é transportada por

15
meio de linhas de transmissão de alta tensão até os centros de consumo, onde os
Centros de Operação do Sistema (COS) realizam a operação de todo sistema
elétrico, monitorando e controlando em tempo real.

O Brasil tem diversos Centros de Operação do Sistema (COS), localizados em


regiões estratégicas do país. Eles são responsáveis por monitorar a geração, a
transmissão e a distribuição de energia elétrica em suas respectivas áreas de
atuação. Esses centros reúnem informações em tempo real sobre a operação do
sistema.

Os Operadores de Tempo Real, profissionais altamente treinados, trabalham nos


COS e têm a responsabilidade de monitorar e controlar o sistema elétrico em tempo
real. Eles tomam decisões críticas para manter a estabilidade do sistema, equilibrar
a geração e a demanda, e responder a eventos imprevistos, como falhas na rede.

O segmento de distribuição recebe energia do sistema de transmissão e a distribui


aos consumidores, seja para empresas de diferentes tamanhos, indústrias ou
residências. No Brasil, existem 131 concessionárias, permissionárias e cooperativas
de distribuição de energia elétrica (PORTAL DA INDÚSTRIA, 2021). Essas
empresas atuam em áreas geográficas específicas e operam sob contratos de
concessão.

Os consumidores finais utilizam a energia elétrica para alimentar suas necessidades


de iluminação, equipamentos, máquinas e outros dispositivos elétricos. O SIN
também lida com a integração de fontes de energia renovável, como energia eólica
e solar. A variação na geração dessas fontes pode ser gerenciada para garantir a
confiabilidade do sistema. Além da operação diária, o SIN envolve planejamento de
longo prazo para expansão da capacidade de geração e transmissão, bem como o
desenvolvimento de políticas energéticas para garantir a segurança e a
confiabilidade do sistema no futuro.

Para garantir a prestação desse serviço essencial ao desenvolvimento humano e


equilibrar as tarifas dos consumidores com a rentabilidade da operação, a receita
das empresas de distribuição de energia se baseia em parcelas que remuneram os
investimentos na rede elétrica e os custos operacionais. Essa parcela é conhecida
como TUSD - Tarifa de Uso do Sistema de Distribuição. Além disso, as

16
distribuidoras também são responsáveis pela arrecadação de encargos setoriais e
impostos sobre as tarifas de transporte (transmissão e distribuição) de energia.

No Mercado Livre de Energia, as empresas de distribuição de energia também são


responsáveis por "entregar" a energia comprada pelos consumidores de geradores
ou comercializadores de energia. Os custos associados ao uso do sistema,
encargos setoriais e impostos são os mesmos para os consumidores do mercado
livre em comparação com os consumidores cativos. A energia consumida é paga
diretamente ao vendedor do mercado livre, que pode ser um gerador ou
comercializador de energia.

No setor de comercialização, as empresas comercializadoras adquirem energia por


meio de contratos bilaterais no ambiente livre e podem revendê-la a consumidores
livres, especiais ou a outras empresas de comercialização. Também podem vender
energia às distribuidoras, mas apenas por meio de leilões no ambiente regulado.

17
CAPÍTULO 4 - CENTROS DE OPERAÇÃO

4.1 - HISTÓRIA DOS CENTROS DE OPERAÇÃO NO BRASIL

O centro de operação de um sistema elétrico é um ambiente equipado com


ferramentas e infraestrutura que capacitam o operador a supervisionar, controlar e
interagir com os sistemas e subsistemas que estão sob sua jurisdição hierárquica.
Sua principal função é possibilitar que o operador mantenha o controle das
instalações elétricas, como usinas, subestações, equipamentos e áreas de controle,
garantindo ao mesmo tempo a eficiência e a segurança necessárias para manter o
fornecimento de energia contínuo.

A história dos centros de operação no Brasil teve início nas décadas de 1960 e
1970, liderada pelos principais participantes do setor elétrico. Os sistemas iniciais
eram notavelmente distintos dos sistemas modernos que conhecemos hoje.
Limitações técnicas impunham restrições significativas a esses sistemas.

Esses centros de operação operavam principalmente por meio de comunicações


telefônicas e telemedição de algumas grandezas analógicas. Antes do advento dos
primeiros Centros de Supervisão e Controle (SSC), essas grandezas eram medidas
e registradas usando dispositivos mecânicos. A transferência dessas informações
era fascinante: as grandezas analógicas medidas no campo por meio de
Transformadores de Potencial (TPs) e Transformadores de Corrente (TCs)
passavam por transdutores que as convertiam em oscilações. Essas oscilações
eram então moduladas usando técnicas como PSK (Phase Shift Keying) e FSK
(Frequency Shift Keying) e transmitidas por linhas telefônicas. No centro de
operação, o sinal recebido era decodificado e novamente convertido em grandezas
analógicas, que eram então apresentadas aos operadores por meio dos
registradores mecânicos.

Na metade da década de 1970, a Westinghouse implementou no Rio de Janeiro um


sistema de supervisão comercial, conhecido como W2500, para um dos principais
players do setor. Esse sistema tinha a capacidade de adquirir, processar e exibir
informações cruciais das grandezas analógicas dos equipamentos, estados dos
disjuntores e alguns pontos de atuação da proteção por equipamento. Embora
modesto em comparação com os sistemas modernos que processam milhares de

18
pontos, o W2500 permitiu uma revolução na operação do sistema elétrico,
proporcionando visibilidade e agilidade ao despacho que antes eram inéditos.

O protocolo de comunicação usado pelo W2500 era o REDAC70, ainda em uso em


algumas instalações antigas que não foram atualizadas. Esse protocolo possui uma
estrutura simples, baseada em comunicação serial de baixa velocidade,
normalmente estabelecida por meio de modems e linhas telefônicas exclusivas.

No final dos anos 1970, o Centro de Pesquisa de Energia Elétrica da ELETROBRAS


(CEPEL) propôs o desenvolvimento de um Sistema Digital de Supervisão e Controle
(SDSC). Na década seguinte, uma nova geração de sistemas de supervisão foi
desenvolvida para os centros de controle. Durante os anos 1990, o CEPEL iniciou o
desenvolvimento do SAGE (Sistema Aberto de Gerenciamento de Energia). O
SAGE continua a evoluir até hoje, incorporando novas ferramentas e
funcionalidades para se manter competitivo e tecnologicamente atualizado em
relação aos sistemas de automação elétrica disponíveis no mercado.

Em 1996, a FURNAS, uma empresa do grupo ELETROBRAS atuante na geração e


transmissão de energia, iniciou o desenvolvimento de seu próprio sistema de
supervisão e controle. Em 2001, esse sistema entrou em operação no centro de
operações em Botafogo.

19
4.2 - CENTROS DE OPERAÇÃO

Os centros de operação são organizados de acordo com a hierarquia de operação e


abrangência. Os de menor abrangência são conhecidos como centros de operação
da instalação ou local (COI ou COL) e estão subordinados aos centros de operação
de maior abrangência, como os centros de transmissão, geração ou distribuição
(COT, COG e COD). Por sua vez, esses centros regionais e de sistema (COR e
COS) supervisionam as operações em uma escala mais ampla.

O advento dos sistemas computacionais e a necessidade de coletar dados de


processos industriais, sistemas de transporte, logística, energia, comunicações,
entre outros, impulsionaram a adoção crescente de ferramentas de automação. O
avanço tecnológico dessas ferramentas, juntamente com as telecomunicações,
permitiu a transmissão de dados e informações entre sistemas locais de automação
e a centralização das operações. Isso possibilitou que um sistema centralizado
recebesse informações de vários sistemas locais e, por sua vez, enviasse comandos
para controle remoto. Esses comandos podem incluir operações como ligar ou
desligar equipamentos, ajustar valores de referência (set-points) para diversas
grandezas (como temperatura, pressão, vazão, tensão, etc.), visando melhorar o
desempenho das operações locais.

Essa configuração, em que um sistema centralizado interage com sistemas locais,


oferece benefícios significativos para a gestão eficiente de recursos de produção.
Isso permite a administração centralizada desses recursos, otimizando o uso de
fatores de produção diretos e indiretos.

O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) é a entidade responsável pela


coordenação e controle das operações das instalações de geração e transmissão de
energia elétrica no Sistema Interligado Nacional (SIN) do Brasil. Ele também planeja
as operações dos sistemas isolados do país. Para cumprir suas responsabilidades
legais e sua missão institucional, o ONS realiza diversos estudos e ações em
colaboração com os agentes do setor elétrico, gerenciando diferentes fontes de
energia e a rede de transmissão. Isso garante a segurança do fornecimento contínuo
de energia em todo o país, promove a otimização das operações do sistema elétrico
e busca o menor custo possível, respeitando os padrões técnicos e critérios de
confiabilidade estabelecidos nos Procedimentos de Rede aprovados pela Aneel.

20
Além disso, o ONS trabalha para garantir que todos os agentes do setor elétrico
tenham acesso igualitário à rede de transmissão e contribui para a expansão
eficiente do SIN, visando ao menor custo e melhores condições operacionais
futuras.

Com o objetivo de maximizar a disponibilidade dos serviços, as empresas do setor


elétrico têm investido de forma sistemática em tecnologia e infraestrutura para
melhorar o desempenho no processo de recomposição do sistema após falhas. Isso
inclui o fornecimento de ferramentas para auxiliar o operador na tomada de decisões
em tempo real, agilizando a restauração do fornecimento de energia para o SIN.
Além disso, recursos relacionados à manutenção preventiva, preditiva e corretiva
desempenham um papel crucial na disponibilidade dos serviços. Isso engloba
sistemas de gestão e programação de manutenção, bancos de dados históricos para
monitorar o desempenho dos equipamentos e inspeções físicas para medir
parâmetros diversos (como temperatura, análise química de óleo de
transformadores e reatores, leitura de níveis de gás em disjuntores, etc.). Correções
de falhas também são realizadas quando necessário, entre outros procedimentos
importantes.

O ONS, em conformidade com o Submódulo 10.1 dos procedimentos de operação,


divide a operação do sistema elétrico em três fases distintas: Pré-operação,
Operação em tempo real e Pós-operação. Essa segmentação permite uma
abordagem coordenada e abrangente da operação do sistema, facilitando a
supervisão e análise dos processos realizados nos Centros de Operação.

Para conduzir a análise de segurança do sistema elétrico, é essencial determinar


seu estado operacional atual. Os estados de operação são definidos como segue:

▪ Estado Seguro: Nesse cenário, toda a demanda é atendida e todos os limites

operacionais são respeitados, mesmo em situações de contingência.

▪ Estado Corretivamente Seguro: Aqui, a demanda é plenamente suprida, e

embora violações dos limites operacionais ocorram durante contingências,


tais violações podem ser corrigidas por meio de ações de controle
adequadas.

21
▪ Estado de Alerta: Nesse contexto, a demanda é atendida, e apesar de

ocorrerem violações dos limites operacionais em contingências, essas


violações não podem ser mitigadas por ações de controle.

▪ Estado de Emergência Corrigível: Neste estado, a demanda ainda é atendida,

mas violações dos limites operacionais ocorrem. No entanto, tais violações


podem ser sanadas por intervenções de controle, garantindo o atendimento à
demanda.

▪ Estado de Emergência Não Corrigível: Aqui, a demanda é atendida, mas

ocorrem violações dos limites operacionais que não podem ser corrigidas por
ações de controle. Isso pode demandar a necessidade de cortes seletivos no
fornecimento de energia.

▪ Estado Restaurativo: Após efetuar os cortes seletivos necessários, os limites

operacionais são restabelecidos.

A análise de segurança do sistema elétrico visa determinar em qual desses estados


o Sistema Elétrico de Potência (SEP) está operando no momento e, se necessário,
identificar quais medidas devem ser tomadas para restabelecer a operação em um
estado seguro.

22
4.2.1 - PRÉ-OPERAÇÃO

A fase de pré-operação compreende a consolidação do PDO, ou Programa Diário de


Operação. Na elaboração do PDO, são consideradas as condições elétricas,
hidráulicas e energéticas essenciais para a condução da operação em tempo real. O
objetivo da pré-operação do ONS é antecipar as condições do sistema, avaliando
elementos cruciais para determinar quais usinas estão em condições de serem
acionadas, com base na demanda esperada. Nesse contexto, também ocorre a
análise das intervenções no sistema, que podem incluir falhas na rede, trechos
indisponíveis, manutenção de equipamentos e assim por diante.

Conforme esquematizado na figura 4, no processo de consolidação da pré-operação


existem três atividades fundamentais:

Figura 4: Pré-operação

Fonte: https://energes.com.br/operacao-do-sistema-e-o-dilema-do-operador/

▪ Processamento operacional das solicitações de intervenções: Isso envolve a

análise das solicitações de intervenção no sistema.

▪ Processamento operacional das diretrizes elétricas, energéticas e hidráulicas:

Resumidamente, significa definir as ações necessárias para a operação em


tempo real, levando em consideração as condições específicas do sistema.

23
▪ Consolidação e elaboração da programação: Essa atividade tem como

objetivo validar de forma definitiva a programação para a operação do


sistema.

Uma vez que o ONS termina a elaboração do PDO, acontece a operação do


sistema em tempo real.

4.2.2 - OPERAÇÃO EM TEMPO REAL


O operador em tempo real ao desenvolver sua função tem como objetivo
supervisionar, controlar e coordenar o funcionamento da rede durante a operação.
As atividades da operação em tempo real são divididas em sete atividades
fundamentais, conforme esquematizado na figura 5:

Figura 5: Operação em tempo real

Fonte: https://energes.com.br/operacao-do-sistema-e-o-dilema-do-operador/

▪ Execução das Intervenções: Isso envolve a liberação das intervenções,

levando em consideração as condições reais do sistema durante a execução.

▪ Controle da Geração: É responsável por disponibilizar a geração de energia

de forma otimizada para os agentes de geração, distribuidores e


consumidores.

▪ Controle da Transmissão: Trata-se do transporte seguro e eficiente da

energia elétrica pelo sistema elétrico.

▪ Operação Hidráulica dos Reservatórios: Isso implica no controle do nível de

água dos reservatórios e rios, de acordo com as diretrizes hidráulicas

24
definidas na pré-operação, visando otimizar o uso da água na geração de
energia.

▪ Operação em Contingência: Quando o sistema opera de forma incompleta

devido à indisponibilidade de equipamentos principais ou linhas de


transmissão, esta atividade visa garantir a segurança e qualidade da energia.

▪ Gerenciamento de Carga: Para manter a integridade do sistema, é crucial

gerenciar a carga de forma a garantir que a geração de energia sempre


atenda à demanda de consumo.

▪ Recomposição da Rede após Perturbação: Essa atividade envolve o

restabelecimento do sistema após qualquer perturbação, como mau


funcionamento ou desligamento de equipamentos.

25
4.2.3 - PÓS-OPERAÇÃO

Após a conclusão da Operação diária do sistema, entra em cena a etapa de pós-


operação, que visa avaliar os resultados obtidos durante a operação. Essa fase
compara o que realmente ocorreu com o que havia sido planejado na pré-operação,
permitindo uma análise qualitativa do sistema. Dessa forma, podem ser
implementadas medidas corretivas e preventivas para o planejamento futuro.

Conforme esquematizado na figura 6, a Pós-operação se desdobra em seis


atividades principais:

Figura 6: Pós-operação

Fonte: https://energes.com.br/operacao-do-sistema-e-o-dilema-do-operador/

▪ Apuração dos Dados: Consiste na coleta de informações operacionais,

selecionando aquelas que melhor representam a operação realizada. Esses

26
dados alimentam a base de dados do centro de operação para a emissão de
relatórios, consultas, estudos e simulações.

▪ Triagem de Ocorrências e Perturbações: Envolve a identificação das

perturbações e ocorrências que requerem análise detalhada, visando a


emissão de relatórios específicos.

▪ Elaboração de Relatórios: Essa atividade engloba a produção de relatórios

que apresentam os resultados da operação do sistema, baseados na análise


de dados e informações coletadas.

▪ Elaboração de Relatórios de Análise de Ocorrências: São relatórios que

compilam informações provenientes da análise de perturbações, do


funcionamento do sistema e das atuações dos operadores de tempo real.

▪ Obtenção de Dados e Informações para Contabilização: Consiste na

organização de dados e informações essenciais para a geração de relatórios


e o cálculo dos custos relacionados à transmissão.

▪ Cálculo e Análise de Indicadores: Com base na análise dos indicadores,

obtidos a partir dos dados operacionais, é possível monitorar e avaliar o


desempenho da operação do sistema.

A figura a seguir (figura 7) ilustra a interligação entre as três divisões do centro de


operação. A pré-operação e a operação em tempo real são encarregadas de
examinar as documentações submetidas ao centro de operação. As programações
planejadas para o futuro, incluindo intervenções, mensagens operacionais e
manobras programadas, são submetidas à análise da equipe de pré-operação. O
grupo de operação em tempo real, por sua vez, lida com solicitações urgentes de
intervenção, registra-as junto ao ONS e supervisiona em tempo real o progresso
dessas intervenções.

Figura 7: Organização de um Centro de Operação

27
Fonte:

4.3 – DILEMA DO OPERADOR NOS CENTROS DE OPERAÇÃO

O funcionamento do SIN é altamente complexo e requer coordenação eficaz entre


todos os centros de operação envolvidos para garantir a confiabilidade do
fornecimento de energia elétrica em todo o país. A operação em tempo real é
particularmente desafiadora devido à necessidade de equilibrar constantemente a
oferta e a demanda de eletricidade, mantendo a estabilidade do sistema. Portanto, é
fundamental contar com centros de operação eficazes, com estrutura tecnológica de
ponta, e operadores altamente capacitados para garantir o funcionamento adequado
do SIN.

4.4 - NÍVEIS HIERÁRQUICOS DOS CENTROS DE OPERAÇÃO

As atividades da operação do sistema e da operação das instalações são


interdependentes e complementares, uma vez que os produtos da operação do
sistema são insumos para a operação das instalações e vice-versa. Para que a
operação do sistema e das instalações seja executada de forma integrada e
otimizada, o processo de informações entre elas deve ser fluente e ter absoluta

28
racionalidade organizacional, neste caso definida pela existência de no máximo um
intermediário entre as equipes correspondentes.

A hierarquia entre os centros de operação do ONS é fundamentada no princípio da


delegação de autoridade, em seus diversos níveis de atuação na rede de operação.
São os seguintes os níveis de autoridade para os centros de operação do ONS. (a)
1º nível: Centro Nacional de Operação do Sistema – CNOS; (b) 2º nível: Centro
Regional de Operação do Sistema – COSR (Sul, Sudeste, Norte/CentroOeste e
Nordeste).

As atividades de supervisão, comando e execução da operação das instalações que


compõem a rede de operação são de responsabilidade dos agentes da operação
através de estruturas de operação próprias. A estrutura operacional interna definida
pelo agente de operação deve considerar a agilidade e o desempenho operacional
necessários para garantir a qualidade de serviço exigida para a rede de operação. A
hierarquia de operação dos agentes é composta por suas instalações e por seus
centros de operação. Cada agente define a hierarquia dos centros de operação que
atuam na operação de suas instalações, respeitando o princípio de que exista no
máximo um único interlocutor do agente (órgão de operação designado pelo agente)
entre os operadores dos centros de operação do ONS e o executor direto da
operação das instalações da rede de operação. A Figura 8 ilustra, genericamente, as
possíveis formas de implementação da hierarquia operacional entre os centros de
operação do ONS e os centros de operação dos agentes.

Figura 8: Representação da hierarquia operacional entre o ONS e os Agentes.

29
Fonte: Própria, 2023.

CAPÍTULO 5 – ANÁLISE GERAL DA PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS

5.1 PROTEÇÃO DO SISTEMA ELÉTRICO

Grandes sistemas interligados, compostos por diversos componentes, como usinas,


linhas de transmissão, subestações e uma variedade de equipamentos, como
transformadores, para-raios, transformadores de corrente, transformadores de
potencial, relés, entre outros, podem enfrentar desafios significativos devido a falhas
em alguns desses componentes. Essas falhas podem resultar em desligamentos
massivos com sérios impactos econômicos e sociais.

Um Sistema Elétrico de Potência bem projetado deve abordar três aspectos


fundamentais. Primeiramente, ele deve operar de maneira eficaz em condições
normais, garantindo que não ocorram interrupções no fornecimento de energia,
curtos-circuitos ou desligamentos inesperados. Em segundo lugar, a prevenção de
falhas é crucial, o que implica em manter uma manutenção adequada de
equipamentos e instalações, bem como substituir equipamentos que estejam
deteriorados ou desgastados. Por último, mas não menos importante, está a
mitigação dos efeitos de falhas, de modo a minimizar ou eliminar as consequências

30
negativas, evitando que se propaguem pelo sistema e causem desligamentos em
grande escala, conhecidos como "blackouts", que têm impactos graves.

A operação do sistema é geralmente conduzida por uma entidade independente em


nível nacional, como o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) no Brasil. Essa
entidade deve estar preparada para lidar com a evolução das tecnologias e o
constante crescimento dos sistemas, garantindo a segurança, eficiência e
confiabilidade das operações. Isso envolve a seleção adequada das fontes de
geração, otimização do carregamento do sistema de transmissão e coordenação das
atividades de manutenção.

Segundo Goes (2013, p. 15) o sistema de proteção desempenha um papel crítico


nesse contexto e deve atender a certas características para agir de forma rápida e
precisa:

Sensibilidade: é a capacidade do sistema operar nas condições anormais coma menor margem de tolerânc

Velocidade: é a rapidez em que o sistema de proteção atua após a falta. Essaé uma das principais caracter

Confiabilidade: é a probabilidade do sistema operar somente em condiçõespara o qual foi projetado, não a

Segurança: é a capacidade do sistema não operar para faltas que ocorrem forade sua zona de proteção;

Seletividade: é a capacidade do sistema isolar apenas os elementos que estão em falta, garantindo que a m

De acordo com Ferraro, Artico e Bianco (2013), existem diversos tipos de proteção
encontrados em sistemas elétricos, incluindo proteção contra incêndio, proteção por
relés e fusíveis, proteção contra descargas atmosféricas e surtos de manobra. Para
proteger sistemas elétricos, os dispositivos básicos utilizados são relés e fusíveis.

Um estudo de proteção considera várias considerações principais, incluindo


aspectos elétricos (relacionados às características do sistema de potência, como

31
condições de operação, natureza das faltas e sensibilidade), considerações
econômicas (importância operacional dos equipamentos em relação ao valor do
sistema de proteção) e considerações físicas (simplificação de manutenções, arranjo
físico e distância entre relés) (FERRARO; ARTICO; BIANCO, 2013).

Em geral, os dispositivos de proteção em sistemas elétricos seguem dois princípios


gerais: não emitirão comandos quando não houver falha na zona de controle e, caso
ocorra uma falha, os comandos de proteção devem indicar o tipo, intensidade e
localização do defeito. Os relés desempenham um papel fundamental nesse
contexto, fornecendo uma retirada rápida de elementos do sistema em caso de
anormalidades e indicando o tipo e a localização da falha para facilitar sua correção.

Esses princípios se dividem em várias funções, incluindo a proteção principal (que


atua na primeira zona de proteção ao redor de cada elemento do sistema), a
proteção de retaguarda (que entra em ação se a proteção principal falhar) e a
proteção auxiliar (que fornece funções adicionais, como temporização e alarmes,
para auxiliar a proteção principal e de retaguarda).

Os fusíveis são projetados com características específicas de tempo versus


corrente. Quando ocorre uma sobrecorrente, o material metálico do fusível derrete,
interrompendo o fluxo de corrente. Por outro lado, os relés são dispositivos
compostos por diversos elementos que oferecem proteção de várias formas,
incluindo detecção de sobrecarga, detecção de curto-circuito, proteção contra
sobretensão e detecção de outras falhas elétricas.

Atualmente, os relés digitais se tornaram extremamente complexos,


desempenhando funções que vão além da proteção, como comunicação através de
protocolos padronizados, multiplexação, armazenamento de dados, cálculos
computacionais avançados, controle de processos e muito mais. Esses dispositivos,
capazes de se comunicar pela internet ou redes locais, causaram uma revolução no
conceito de automação de subestações e passaram a ser chamados de IEDs
(Dispositivos Eletrônicos Inteligentes). Essa nova abordagem transformou
significativamente a automação de subestações.

O projeto de um Sistema de Proteção, Controle e Supervisão (SPCS) para uma


nova instalação requer um amplo conhecimento multidisciplinar, abrangendo

32
proteção, controle, automação, redes de computadores, tecnologia da informação e,
em alguns casos, telecomunicações.

Os IEDs de proteção são integrados aos IEDs de controle, responsáveis pela lógica
de controle e intertravamento dos equipamentos de manobra. Informações sobre o
estado dos equipamentos, cálculos de intertravamentos, dados de interconexão
entre unidades, condições de sincronismo, medições analógicas e outras
informações são trocadas entre os IEDs da subestação. Além disso, esses IEDs se
comunicam com os sistemas de supervisão, onde são exibidos em Interfaces
Homem-Máquina (IHMs), mostrando o diagrama unifilar da subestação e outras
informações sobre os equipamentos da instalação. Essas comunicações, tanto
horizontais quanto verticais, envolvem diversos protocolos de comunicação e
arquiteturas de rede, tornando o projeto da subestação uma atividade complexa.

Os disjuntores são equipamentos compostos por diversas peças mecânicas,


incluindo elementos fixos e móveis, fios, bornes e relés auxiliares, entre outros
componentes. Como resultado dessa complexa estrutura, esses dispositivos estão
sujeitos a uma variedade de falhas que podem ser categorizadas da seguinte forma:

o Falhas Mecânicas: Essas falhas podem surgir devido a desgaste prematuro


ou natural dos componentes, muitas vezes causados por manutenção
inadequada ou dimensionamento impróprio. As falhas mecânicas mais
comuns incluem a quebra da alavanca de operação, ruptura das molas de
abertura e fechamento, quebra de pinos e parafusos, aderência dos contatos
principais e auxiliares, ou falha na vedação das câmaras de extinção de arco.
o Falhas Elétricas: Esse tipo de falha pode ocorrer devido ao desgaste natural
ou prematuro dos componentes eletromecânicos, resultando em problemas
como a diminuição da rigidez dielétrica do óleo isolante na câmara de
extinção de arco, baixa pressão na câmara de SF6, perda de pressão
negativa na câmara de vácuo, ruptura da bobina de abertura do disjuntor e
ruptura de contatos elétricos.

No contexto brasileiro, em que a principal fonte de geração de energia é hidrelétrica


e frequentemente distante dos centros de consumo, longas linhas de transmissão
são necessárias. Devido ao grande comprimento dessas linhas, elas são suscetíveis
a defeitos causados por vandalismo, descargas atmosféricas, curtos-circuitos,

33
incêndios florestais e ventos fortes. Diante dessa variedade de falhas possíveis, é
crucial implementar esquemas adequados de proteção do sistema. Além dos relés,
outros dispositivos de segurança são empregados, como cabos guarda instalados
na parte superior das torres, dispositivos de proteção contra surtos de tensão
decorrentes de descargas atmosféricas e disjuntores associados a relés de
proteção.

Estatisticamente, a maioria das falhas nos sistemas elétricos de potência ocorre nas
linhas de transmissão, representando cerca de 60% dessas ocorrências. Os
principais motivos são os problemas mencionados anteriormente, especialmente
curtos-circuitos e sobrecargas. Portanto, a proteção desse sistema deve ser
extremamente rápida e seletiva, atuando apenas nas seções afetadas.

CAPÍTULO 6 – OPERADOR DE TEMPO REAL

Existem diversos centros de operação espalhados pelo país e seu funcionamento se


dá como a operação de tráfego aéreo, por exemplo. Nos centros, há operadores 24
horas por dia acompanhando o funcionamento das usinas. Esses profissionais
acompanham a programação diária e ficam em alerta para que, caso algo não siga o
que foi planejado, possam entrar em contato com a equipe da usina para entender a
situação. A operação em tempo real tem por objetivo coordenar, supervisionar e
controlar o funcionamento operacional da Rede de Operação, a operação normal do
sistema de transmissão e em situações de contingência na rede, e o funcionamento
das instalações do SIN.

Uma das principais atribuições de um operador de um Centro de Operação da


Distribuição - COD é comandar as ações necessárias visando restabelecer o
fornecimento de energia elétrica, após a ocorrência de um defeito. Este processo
envolve a tomada de uma série de decisões, relativas ao fechamento/abertura dos
dispositivos de chaveamento do sistema.

34
6.1 - FUNÇÕES DE SUPERVISÃO E CONTROLE/ANÁLISE DE REDE

As funções implementadas no Sistema de Supervisão e Controle (SSC) utilizam


dados do SCADA, da Base de Dados e da previsão de carga. As funções, em geral,
incluem: Configurador da Rede, Estimador de Estado, Fluxo de Potência em Tempo
Real, Análise de Segurança e um Sistema de Análise de Redes – Modo Estudo
(ANDRADE, 2008)

Os recursos de supervisão e controle requeridos aos diversos agentes visam prover


informações e telecomando aos centros de operação de forma a viabilizar a
execução, nesses centros de operação, de uma série de funções, classificadas em
funções básicas e funções complementares.

Funções básicas:

(1) Supervisão, Controle e Aquisição de Dados (SCADA – Supervisory Control and


Data Acquisition): aquisição de dados (incluindo telemedições e variações de
estado), tratamento dos dados primários, tratamento de atributos de qualidade dos

35
dados, cálculo de grandezas derivadas de telemedições e/ou variações de estado,
verificação de limites e geração de alarmes, integralização de telemedições e de
grandezas derivadas, registro de alarmes e eventos, sequenciamento de eventos
(SOE – Sequence of Events), controle remoto de equipamentos para viabilizar o
CAG (Controle Automático da Geração), sincronismo de tempo, distribuição de
dados.

(2) Monitoração e controle da geração: CAG convencional e/ou hierárquico -


frequência e intercâmbio, monitoração e controle da reserva operativa, monitoração
do desempenho do CAG, controle de erro de tempo.

(3) Análise de rede: Em regime permanente: tempo real: configurador de rede,


estimador de estado, análise de contingência, fluxo de potência e reprogramação
corretiva; modo estudo: configurador de rede, modelador de rede, fluxo de potência
do operador, análise de contingência e fluxo de potência ótimo e aprimoramento da
segurança.

O Configurador de Redes: É responsável pela construção do modelo da rede,


verificando alteração da topologia e determinando os nós elétricos e a localização
das medidas elétricas. O Configurador gera alertas quando há mudanças nos
estados dos equipamentos ou quando ocorre o isolamento de partes do sistema
elétrico.

O Estimador de Estados: O Estimador utiliza o resultado do Configurador e


determina o quão observável é a rede de interesse. A partir deste, estima-se o
estado do sistema (magnitudes e ângulos de tensões das barras), e passa a verificar
a presença de erros grosseiros, reestimando novamente o estado do sistema. Visto
que nem todas as barras do sistema possuem medidores de tensão que enviam
seus dados aos centros de controle, o Estimador é capaz de inferir o estado do
sistema de forma completa com base em medições redundantes. Uma aplicação
direta dessa ferramenta é estimar as grandezas elétricas de uma instalação (como
subestações e usinas) quando a aquisição de dados falha. Se o sistema estiver
observável naquele momento e todas as fronteiras da instalação em questão
estiverem enviando suas medições analógicas, o Estimador calculará as grandezas
elétricas da instalação sem supervisão.

36
Outra aplicação valiosa do Estimador de Estados é a verificação das medições
recebidas do sistema SCADA. Utilizando os mesmos cálculos mencionados
anteriormente, o Estimador calcula o estado do sistema elétrico e compara-o com os
valores do SCADA, atribuindo índices de erro a essas medições com base nas
diferenças dos valores estimados. Essa funcionalidade auxilia na identificação de
medidores defeituosos ou em falha no processo de aquisição.

(4) Registro e visualização do histórico: (a) Registro: estado do sistema elétrico,


estado do sistema de telemedição, estado do sistema hidrológico, programação da
operação, violações, alarmes e desvios da programação. (b) Visualização: de todas
as amostragens de um item por intervalo de tempo, de um conjunto de itens
amostrados em um determinado instante.

(5) Integração com a programação, planejamento, pré-operação e pós-operação:


alimentação do ambiente de tempo real com a programação, alimentação das
funções de análise de redes (controle preventivo), alimentação das funções de
análise da qualidade da operação.

(6) Simulação para treinamento de operadores.

(7) Difusão de informações em tempo real aos agentes: Função que permite
transferir informações de áreas elétricas externas a um agente, desde que essas
informações: se restrinjam, apenas, a informações de telemedição analógica e a
informações de sinalização de estado; sejam obtidas pelos sistemas de supervisão e
controle do ONS; se restrinjam a informações relativas ao primeiro barramento após
o barramento de fronteira do agente com o agente vizinho (barra n+1), considerando
que a supervisão da conexão entre dois agentes será de responsabilidade dos
agentes envolvidos sem a utilização dos recursos do ONS; se restrinjam a
informações que venham a ser definidas num acordo ou contrato firmado com os
agentes responsáveis pelos equipamentos envolvidos, acordo este que autorize a
difusão das informações solicitadas.

As telemedições são difundidas por varredura com período parametrizável,


estabelecido em função do carregamento dos sistemas de supervisão do ONS,
sendo o período desta varredura inicialmente definido com o valor de 30 (trinta)
segundos e as sinalizações de estado são difundidas por exceção com varredura de
integridade mínima de 3 (três) horas. O período de varredura para a distribuição de

37
dados poderá ser modificado em função do carregamento dos sistemas de
supervisão e controle do ONS e desde que as interligações de dados providas pelo
agente assim o permitam. Os períodos acima estipulados são parametrizáveis,
devendo ser definidos em comum acordo entre o agente e o ONS, devendo os
sistemas suportar os valores especificados. Os dados disponíveis nos sistemas de
supervisão e controle dos centros de operação do ONS são distribuídos nas
condições de qualidade e coerência em que esses dados são recebidos dos
agentes.

Funções complementares:

Análise de rede:

(1) análise dinâmica de tensão;

(2) análise de transitórios.

6.2 - OS DESAFIOS DA OPERAÇÃO EM TEMPO REAL

O desligamento dos sistemas de potência traz grande impacto social e econômico,


agravado pela duração e velocidade de recomposição. Esforços sempre têm sido
realizados para tornar o controle restaurativo mais eficiente. Entretanto, a atividade
de recomposição é uma das mais complexas envolvendo quase todos os aspectos
de planejamento e operação do sistema.

Exemplos de Grandes Desligamentos e seus Impactos

No Brasil, merecem destaque três grandes blecautes que aconteceram nos


anos de 1999, 2002, e o mais recente em 2009. O primeiro ocorreu no
sistema de 440 kV, tendo início na subestação de Bauru no estado de São
Paulo e resultou no ilhamento de duas usinas geradoras: Jupiá e Ilha

38
Solteira. Toda a rede de 440 kV de São Paulo foi afetada juntamente com o
sistema de 750 kV e o sistema de corrente contínua de 600 kV,
ocasionando um colapso do sistema sul, sudeste e centro-oeste. O segundo
blecaute também começou na rede de 440 kV, na subestação Araraquara, e
resultou na perda deste sistema e na perda parcial do sistema de 500 kV da
região sudeste. Com duração superior a quatro horas, ambos os distúrbios
tiveram interrupção de aproximadamente 24.000 MW e mostraram que a
operação do sistema elétrico do sudeste é um desafio em termos de
chaveamentos involuntários que podem levar ao colapso de tensão.
(SANTOS, 2010, p. 34).

Segundo Santos (2010, p. 34), o terceiro blecaute, em 2009, deixou 18 estados no


escuro em média 222 minutos. Conforme apresentação realizada pelo ONS aos
órgãos governamentais, a perturbação começou a partir do desligamento da linha de
transmissão de 765 kV entre as subestações de Ivaiporã e Itaberá, resultado de 3
curtos-circuitos praticamente simultâneos nessa linha. Após a perturbação, o
esquema de controle de emergência atuou cortando a geração da usina de Itaipu e
desligou as LTs de 765 kV entre as subestações Tijuco Preto e Ivaiporã e Foz do
Iguaçu e Ivaiporã. Esse esquema de ilhamento permitiu que a região sul não fosse
afetada pelo distúrbio. Em seguida houve a separação do sistema Acre-Rondônia
para evitar que o colapso se espalhasse para a região norte.

Ainda mais recente que o blecaute de 2009, houve um quarto grande desligamento
em agosto de 2023, que será tratado mais à frente no capítulo 7 como um estudo de
caso.

Apesar do automatismo das ações de controle ao longo dos anos, este tem se dado,
na maioria das vezes, em caráter local. Em termos sistêmicos, é ainda significativo o
volume de comandos manuais por parte do operador. Desta forma, as equipes dos
centros de operação têm trabalhado sob grande pressão, pois passaram a ter a
responsabilidade pelo controle centralizado, recebendo grande volume de
informações que nem sempre são processadas da forma mais adequada para
subsidiar suas decisões. Enquanto grande parte das ações de controle de
emergência são automatizadas, o controle restaurativo conta com ações
automáticas quase sempre ao nível local (subestações), ficando a maior parte do

39
procedimento realizada por meio da atuação dos operadores dos centros de controle
dos Agentes e do ONS.

6.3 - A TECNOLOGIA NA OPERAÇÃO EM TEMPO REAL: SISTEMA DE


SUPERVISÃO E FERRAMENTAS DE OPERAÇÃO

Segundo Santos (2010), os sistemas de supervisão e controle do ONS


compreendem os tradicionais SCADA/EMS e os novos WAMS (Wide Area
Monitoring System), responsáveis pelas aplicações associadas a medição
sincrofasorial. Os sistemas tipo WAMS também são denominados no ONS de SMSF
– Sistema de Medição Sincrofasorial.

A estrutura básica de um SMFS corresponde essencialmente a um sistema


de medição simultânea de fasores de grandezas elétricas normalmente
coletadas em instalações distantes geograficamente entre si. O principal
componente desse sistema é a PMU (Phase Measurement Unit), sendo
responsável pela coleta e registro de grandezas elétricas, tais como:
tensões trifásicas nas barras e correntes trifásicas nas linhas,
transformadores e alimentadores das subestações. A partir dos dados
amostrados, os fasores de tensão e corrente são calculados empregando-
se a Transformada Discreta de Fourier com base no mesmo instante de

40
tempo. O PDC (Phasor Data Concentrator) reúne os dados enviados pelas
PMUs, disponibilizando-os para serem utilizados pelas diversas aplicações.
(SANTOS, 2010, p. 16 e 17).

A figura 9 mostra um esquema da configuração de um sistema de medição fasorial


sincronizada via gps.

Figura 9: Configuração de um sistema de medição fasorial sincronizada via gps

Fonte: Trabalho de dissertação da mestranda Sônia R. C. Andrade, 2008, intitulado “Sistemas de


medição fasorial sincronizada: Aplicações para melhoria da operação de sistemas elétricos de
potência”.

Os SCADA utilizam software para monitorar e supervisionar variáveis, dispositivos e


equipamentos de controle. Esses sistemas são interconectados por meio de
protocolos de comunicação específicos. Em termos gerais, um sistema SCADA
permite que um operador controle parte ou todo um processo industrial. Eles são
amplamente utilizados na indústria devido às vantagens que proporcionam ao
processo produtivo. A automação e a supervisão em tempo real desempenham um
papel crucial na identificação precoce e correção de problemas no processo
produtivo. Esse sistema requer atualizações frequentes das informações sobre o
estado operacional e deve estar pronto para receber eventos do Sistema Elétrico de
Potência. A análise de segurança é implementada por meio da modelagem do
sistema, determinação do estado atual de operação e identificação de possíveis
ações de controle em um conjunto pré-definido de cenários contingenciais.

A apresentação das informações monitoradas ocorre por meio de telas e listas que
exibem eventos e alarmes. As telas mostram diagramas unifilares, layouts de
processos, desenhos de equipamentos e outros elementos visuais. As listas de
alarmes e eventos registram as ocorrências do sistema e as classificam com base

41
na sua gravidade. Quando ocorre um evento, ele é carimbado com uma marca de
tempo que registra o momento exato em que ocorreu (dia, mês, ano, hora, minuto,
segundo e milissegundo). Esse carimbo de tempo é gerado pelo equipamento que
coleta informações de campo, geralmente sincronizado por GPS. Essa marca de
tempo permite a organização dos eventos do sistema e facilita a análise da
sequência de eventos ao longo do tempo. Essa funcionalidade é conhecida como
SOE (Sequence Of Events) e requer protocolos de comunicação capazes de lidar
com carimbos de tempo.

Os alarmes são eventos de alta relevância que exigem a atenção do operador e


geralmente são exibidos separadamente em listas dedicadas. Para garantir que o
operador esteja ciente de um alarme, o sistema pode configurar um alarme sonoro
que só é interrompido quando o operador reconhece o alarme na interface do
usuário.

Além das funções em tempo real, o Sistema de Supervisão, Controle e Aquisição de


Dados pode armazenar os dados coletados do processo produtivo. Ele deve ser
capaz de integrar essas informações com um sistema de banco de dados histórico,
que pode ser nativo ou adquirido no mercado. Os dados armazenados podem ser
usados para gerar relatórios, que servem como entrada para outros sistemas da
empresa, como manutenção preventiva, planejamento de produção e controle de
fluxo, entre outros. Esses relatórios podem ser disponibilizados no ambiente
corporativo e utilizados por toda a organização.

O sistema elétrico é protegido por dispositivos automáticos de proteção que podem


desconectar seus equipamentos se os limites operacionais forem violados. Um
evento desse tipo pode desencadear uma série de ações que levam a um colapso
do sistema se não forem controladas. Por exemplo, uma falha de isolação que cause
a abertura de uma linha de transmissão pode sobrecarregar outras linhas
remanescentes, levando ao desligamento em cascata do sistema. Para evitar
desligamentos em cascata, os sistemas elétricos devem ser operados de forma a
garantir que um evento simples não resulte em sobrecarga de outros equipamentos.

A Rede de Gerenciamento de Energia (REGER), sistema de supervisão e controle


utilizada pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico desde 2013, passará a contar
com uma plataforma hiperconvergente, onde todos recursos de hardware, sejam de

42
processamento, armazenamento ou rede, passam a ser definidos por software. A
inovação tecnológica foi idealizada pelo ONS e viabilizada pelo Consórcio Siemens-
Cepel, responsável pelo desenvolvimento e evolução do sistema. Graças à sua
concepção, baseada no conceito de evolução constante – Evergreen, o REGER
pode ser constantemente atualizado para assegurar um ambiente seguro, flexível e
adaptável às constantes mudanças do sistema elétrico nacional. O REGER é uma
rede de sistemas SCADA/EMS que tem seu núcleo baseado no SAGE (Sistema
Aberto de Gerenciamento de Energia) (CANAL energia, 2018).

Determinadas funções de análise de redes estão condicionadas à capacidade de


observação do sistema em questão. Em termos simples, é fundamental monitorar
um número suficiente de barras e nós elétricos para que o fluxo de potência possa
ser adequadamente analisado e convergir para resultados significativos.

6.4 - AS QUALIFICAÇÕES DO OPERADOR DE TEMPO REAL

Geralmente, os centros de operação do sistema elétrico buscam profissionais com


grau de instrução e qualificação de nível técnico e/ou graduação em engenharia
elétrica, automação, controle ou áreas semelhantes para o cargo de operador de
tempo real. Na maior parte das empresas do setor, é desejável que o profissional
que se candidata para vaga de operador de tempo real, tenha experiência específica
e formação educacional para desempenhar suas funções de forma eficaz e segura.
Há casos em que a experiência não é requisito eliminatório (caso a posição de
trabalho seja para iniciantes na atividade e o setor esteja precisando de novos
profissionais para a área), porém a formação técnica é indispensável, já que o
candidato não conseguiria entender sobre os processos e procedimentos caso não
tivesse uma base educacional relativa à área de atuação.

Além da educação formal, quando aprovados para a função, os operadores devem


realizar visitas técnicas às instalações de concessão da empresa, passar por

43
treinamentos específicos relacionados ao sistema elétrico, certificações obrigatórias
para operar os ativos da empresa, protocolos de segurança, treinamento dos
procedimentos operacionais padrão, software utilizado no centro de operação,
passar um tempo na sala de controle para observar as atividades de tempo real
junto à um supervisor e/ou operador mais experiente, para que depois comece a
atuar realmente na função de operador de tempo real dentro do centro de operação.

O perfil comportamental do operador de tempo real também precisa ser bem


avaliado, pois é imprescindível que ele tenha habilidades específicas para exercer a
função. É muito importante que o operador tenha boa comunicação para coordenar
efetivamente com outras equipes, comunicar problemas e soluções de forma clara e
concisa, que tenha a capacidade de tomar decisões técnicas rápidas e precisas,
especialmente durante situações de emergência ou falhas no sistema elétrico, que
saiba lidar bem com o estresse e manter a calma para a tomada de decisões, e ser
extremamente atento aos detalhes para evitar problemas operacionais, pois
pequenos erros ou negligências podem ter grandes consequências no sistema
elétrico e prejuízo financeiro para a empresa em que trabalha.

CAPÍTULO 7 – ESTUDO DE CASO: Ocorrência no Sistema Interligado Nacional


- Agosto de 2023

No dia 15 de agosto de 2023, às 08h30min, ocorreu uma falha no Sistema


Interligado Nacional que causou a interrupção de 22.547 MW, do total de 73 mil MW
que estavam sendo atendidos no momento, representando aproximadamente 31%
da carga total naquele horário. O evento provocou a separação elétrica das regiões
Norte e Nordeste das regiões Sul, Sudeste/Centro-Oeste, ilustradas abaixo nos
mapas das regiões de operação do ONS, com abertura das interligações entre
essas regiões, afetando 25 estados e o Distrito Federal (ONS, 2023).

Figura 10: Regiões de operação do SIN: Regiões Norte-Nordeste, Sudeste/Centro-Oeste e Sul.

44
Fonte: https://www.ons.org.br/paginas/sobre-o-sin/mapas

Nesse contexto, o Operador Nacional do Sistema Elétrico e os agentes do setor


utilizam de todos seus recursos para esclarecer a causa da ocorrência, em busca da
melhor e mais rápida solução para o restabelecimento do sistema elétrico.

Após o evento, o ONS realiza a apuração, coleta dados com os agentes envolvidos
e disponibiliza de forma pública o Relatório de Análise de Perturbação (RAP) em site
oficial (www.ons.org.br).

O DESLIGAMENTO
Segundo o ONS (2023), a perturbação teve início com o desligamento automático da
linha de transmissão de 500 kV Quixadá – Fortaleza II, somente no terminal
Quixadá, durante operação normal, provocado pela atuação acidental da lógica de
fechamento sob falta (Switch Onto Fault – SOTF) do sistema de proteção da linha de
transmissão, sem a incidência de curto-circuito no sistema elétrico. A Figura 11, a
seguir, apresenta o diagrama esquemático da área de origem da perturbação.

Figura 11: Diagrama esquemático da área de origem da perturbação.

45
Fonte: https://www.ons.org.br/AcervoDigitalDocumentosEPublicacoes/RAP
%202023.08.15%2008h30min%20vers%c3%a3o%20final%20com%20anexos%20de%20diverg
%c3%aancia_Final.pdf

Na sequência, observou-se uma abrupta redução de tensão na região, nos sistemas


de 230 kV e de 500 kV, a abertura de diversas linhas de transmissão e a
consequente separação dos subsistemas Norte, Nordeste e Acre/Rondônia do
restante do SIN.

A abrupta redução de tensão observada no campo após a perda de uma única linha
de transmissão foi consequência do desempenho dos parques eólicos e
fotovoltaicos observado em campo ter sido inesperado, muito aquém daquele obtido
pelo ONS nos seus estudos, os quais são realizados utilizando-se os modelos
matemáticos encaminhados pelos agentes ao ONS. Houve a atuação do Esquema
Regional de Alívio de Cargas – ERAC, que minimizou o impacto do distúrbio para o
SIN (ONS, 2023).
Como consequência da atuação do ERAC, ocorreu a interrupção de
aproximadamente 23.368 MW de cargas do SIN, sendo 12.689 MW na macrorregião
Norte/Nordeste e 10.680 MW na macrorregião S/SE/CO. O estado de Roraima
permaneceu atendido de forma isolada do SIN (ONS, 2023). A figura 12 ilustra em
percentual o corte de carga ocorrido em cada estado.

Figura 12: Corte de carga por estado.

46
Fonte: https://www.ons.org.br/AcervoDigitalDocumentosEPublicacoes/RAP
%202023.08.15%2008h30min%20vers%c3%a3o%20final%20com%20anexos%20de%20diverg
%c3%aancia_Final.pdf

A RECOMPOSIÇÃO
Devido ao novo ponto de operação provocado pela perturbação, em decorrência da
interrupção do recebimento de energia proveniente das regiões Norte e Nordeste,
com consequente atuação do ERAC, os centros de operação COSR-S, COSR-SE e
COSR-NCO iniciaram, imediatamente após a ocorrência, diversas ações para
controle de tensão e frequência, solicitando aos agentes de operação manobras em
reatores e elevação da geração disponível nas usinas hidrelétricas devido à perda
de carga pela atuação do ERAC.

47
Com a rápida atuação dos agentes e a coordenação com o ONS para restabelecer o
SIN após a interrupção, às 08h43min foi iniciado o restabelecimento das cargas do
subsistema Sul e concluído às 9h05min. No Subsistema Sudeste o restabelecimento
iniciou-se às 8h52min e foi concluído às 11h33min. E finalmente, o ONS autorizou o
restabelecimento total das cargas às 14h49min (ONS, 2023).
A figura a seguir apresenta um infográfico retirado do site do Operador Nacional do
Sistema Elétrico com a cronologia da recomposição da carga do Sistema Interligado
no dia ocorrido.

Figura 13: Infográfico do ONS - Cronologia da recomposição da carga no SIN em 15/08/2023.

Fonte: https://www.ons.org.br/Paginas/Noticias/Ocorr%c3%aancia-no-SIN-em-15-de-agosto-de-
2023.aspx

As figuras 14 e 15 complementam com a evolução cronológica da recomposição do


SIN, com a análise em MW e em percentual (%).

Figura 14: Evolução da recomposição de carga por subsistema, em MW.

48
Fonte: https://www.ons.org.br/AcervoDigitalDocumentosEPublicacoes/RAP
%202023.08.15%2008h30min%20vers%c3%a3o%20final%20com%20anexos%20de%20diverg
%c3%aancia_Final.pdf

Figura 15: Evolução da recomposição de carga por subsistema, em % da carga interrompida.

Fonte: https://www.ons.org.br/AcervoDigitalDocumentosEPublicacoes/RAP
%202023.08.15%2008h30min%20vers%c3%a3o%20final%20com%20anexos%20de%20diverg
%c3%aancia_Final.pdf

CONCLUSÕES
A ocorrência no Sistema Interligado Nacional em agosto de 2023 foi um evento
significativo que exigiu uma resposta rápida e coordenada por parte do Operador
Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e dos agentes do setor. A interrupção de 22.547

49
MW, aproximadamente 31% da carga total naquele horário, destacou a
vulnerabilidade do sistema elétrico nacional diante de perturbações inesperadas.

O desligamento da linha de transmissão Quixadá – Fortaleza II e a subsequente


separação dos subsistemas Norte, Nordeste e Acre/Rondônia do restante do SIN
ressaltaram a importância de medidas preventivas e do aprimoramento dos sistemas
de proteção. A atuação do Esquema Regional de Alívio de Cargas (ERAC) foi
fundamental para minimizar o impacto do distúrbio, evidenciando a importância dos
protocolos de segurança em situações de emergência.

A rápida resposta dos centros de operação e a coordenação eficaz entre os agentes


e o ONS foram cruciais para o restabelecimento gradual do sistema elétrico. As
manobras em reatores e o aumento da geração disponível nas usinas hidrelétricas
foram estratégias-chave para compensar a perda de carga provocada pelo ERAC,
permitindo o restabelecimento das cargas de forma controlada e segura.

O incidente ressalta a necessidade contínua de investimentos em infraestrutura,


tecnologia e pesquisa para fortalecer a resiliência do sistema elétrico nacional. Além
disso, destaca a importância da colaboração entre as entidades reguladoras,
operacionais e os agentes do setor elétrico para enfrentar desafios futuros e garantir
um fornecimento de energia confiável para o país.

Diante desses eventos, é fundamental aprender com as lições tiradas dessa


ocorrência, implementar medidas preventivas e estar preparado para enfrentar
possíveis perturbações no futuro. A busca por inovação e aprimoramento contínuo
são essenciais para assegurar a estabilidade e a segurança do Sistema Interligado
Nacional, garantindo assim o fornecimento ininterrupto de energia para todos os
brasileiros.

CONCLUSÃO

O papel dos Centros de Operação e dos Operadores de Tempo Real é crucial para a
estabilidade e eficiência do Sistema Interligado Nacional (SIN). Eles desempenham

50
funções essenciais na coordenação e controle das operações do sistema elétrico,
permitindo uma resposta rápida a perturbações, otimizando o uso da energia.

O operador de tempo real, como protagonista nesse cenário, requer treinamento


constante para obter habilidades técnicas avançadas e uma compreensão
abrangente das dinâmicas do setor elétrico. A implementação de tecnologias
avançadas, como automação e inteligência artificial, podem aprimorar a resposta do
sistema, mas a competência e capacitação contínua dos operadores humanos são
fundamentais.

Dessa forma, diante da necessidade de manter a maior disponibilidade de energia


elétrica no SIN, levando em consideração a crescente demanda por energia, investir
na pesquisa, inovação e formação qualificada para os centros de operação e para os
operadores de tempo real, é essencial para garantir a segurança energética e
promover o desenvolvimento sustentável no setor elétrico brasileiro.

51
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57
ANEXOS

Anexo 1: Mapa Geoelétrico Rede de Operação Norte/Nordeste - 2019 com horizonte para 2024.

58
Fonte: https://www.ons.org.br/paginas/sobre-o-sin/mapas

Anexo 2: Mapa Geoelétrico - Rede de Operação - Sudeste/Centro-Oeste - 2019 com horizonte 2024.

59
Fonte: https://www.ons.org.br/paginas/sobre-o-sin/mapas

Anexo 3: Mapa Geoelétrico Rede de Operação Sul - 2019 com horizonte para 2024.

60
Fonte: https://www.ons.org.br/paginas/sobre-o-sin/mapas

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