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UNIVERSITÁRIO CARIOCA
2023
A IMPORTÂNCIA DOS CENTROS DE OPERAÇÃO E DOS OPERADORES DE
TEMPO REAL PARA O SISTEMA INTERLIGADO NACIONAL - UM ESTUDO DE
CASO
2023
LUCAS MONTEIRO LOBÃO GOMES
Agradecemos às nossas famílias por estarem sempre ao nosso lado nos apoiando e
encorajando de forma incessante para que alcançássemos nosso objetivo de nos
tornar engenheiros.
Eu, Sthefanie Isabel Barros Lima, agradeço especialmente a minha mãe, Teresinha
Barros Nunes, que me apoiou em todas as decisões e nunca mediu esforços para
que eu estivesse feliz. Sua presença foi fundamental para que eu pudesse
conquistar meus objetivos. Agradeço ao meu pai, Estefano de Souza Lima, que
sempre aspirou o melhor para minha vida. Por fim, agradeço ao Valdecio Camilo,
que a todo momento me prestou suporte e incentivo, estando presente em todas as
etapas.
Agradecemos aos nossos amigos e colegas de classe, que estiveram ao nosso lado
durante toda essa jornada. Suas palavras de encorajamento e momentos de
descontração foram essenciais para mantermos o equilíbrio emocional.
Este trabalho de conclusão de curso não teria sido possível sem o apoio e
contribuição de cada um de vocês. Estamos verdadeiramente gratos por fazerem
parte desta jornada. Com sincera gratidão, Lucas Gomes e Sthefanie Lima.
RESUMO
Figura 1: Usina hidrelétrica de Marmelos. Vista geral de jusante para montante com
casa de força em primeiro plano e barramento vertente ao fundo. Vista aérea do
reservatório com a BR-040.
CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO 4
1.1 – OBJETIVOS 4
1.2 - JUSTIFICATIVA 5
1.3 – METODOLOGIA 6
4.2.1 – PRÉ–OPERAÇÃO 19
CONCLUSÃO 27
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 29
ANEXOS 30
CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO
1.1 – OBJETIVOS
OBJETIVO GERAL
4
OBJETIVO ESPECÍFICO
1.2 - JUSTIFICATIVA
5
1.3 - METODOLOGIA
O referencial teórico deste trabalho foi feito com base em bibliografias pesquisadas
em livros técnicos dentro do ambiente virtual da faculdade na “Minha Biblioteca”,
artigos, sites na internet, arquivos de aulas de outras universidades, outras
monografias e informações retiradas do próprio operador nacional do sistema
elétrico.
6
No capítulo 1 são apresentados os objetivos do entendimento da relevância dos
Centros de Operação e dos Operadores de Tempo Real para o Sistema Elétrico
Nacional.
7
CAPÍTULO 2 - HISTÓRICO DO SISTEMA ELÉTRICO BRASILEIRO
Figura 1: Usina hidrelétrica de Marmelos. À esquerda, vista geral de jusante para montante com casa
de força em primeiro plano e barramento vertente ao fundo. À direita, vista aérea do reservatório com
a BR-040.
Fonte: https://www.abge.org.br/downloads/9%20-%20HIST%C3%93RIA%20DAS%20USINAS
%20HIDREL%C3%89TRICAS.pdf
8
De acordo com Diniz (2013) e Fonseca (2013), “o projeto da usina de Marmelos se
deu graças ao mineiro Bernardo Mascarenhas e Dom Pedro II, que regeu o Brasil de
1840 a 1889”. Esse foi o ponto de partida para a utilização da energia hidrelétrica,
que se tornaria a principal fonte de energia em nossa matriz energética.
Segundo Veiga e Fonseca (2002), citados em “Um breve histórico do setor elétrico
brasileiro” da universidade PUC-Rio, em 1939 o Conselho Nacional de Águas e
Energia Elétrica (CNAEE) foi criado para lidar com questões de suprimento,
regulamentação e tarifas relacionadas à indústria de energia elétrica no país. O
CNAEE desempenhou um papel fundamental no controle dos recursos hídricos e da
energia elétrica até a criação do Ministério de Minas e Energia (MME) em 1960 e da
Eletrobrás em 1962. O MME, estabelecido pela Lei nº 3.782 de 22 de julho de 1960,
assumiu a responsabilidade pelo estudo e solução de problemas relacionados à
produção e comércio de minério e energia no país. Já a Eletrobrás desempenhava
um papel central na coordenação de todas as empresas que compunham o setor
elétrico brasileiro. Até o final dos anos 1970, essa empresa estatal conduziu um
processo robusto de nacionalização e estatização, através de investimentos
substanciais no setor elétrico.
9
No entanto, as décadas de 1970 e 1980 trouxeram desafios significativos. A crise do
petróleo nos anos 1970 e a crise econômica que o Estado enfrentou na década de
1980 tornaram-se obstáculos para o sustento do desenvolvimento e expansão do
setor elétrico, além de períodos de inflação alta e instabilidade política. Diante
dessas circunstâncias, o modelo estatal de gestão passou a ser alvo de
questionamentos.
Segundo Castro (2003), citado em “Um breve histórico do setor elétrico brasileiro” da
universidade PUC-Rio, à medida que o processo de privatização avançava, o
governo optou por criar a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) em
substituição ao antigo Departamento Nacional de Águas e Energia Elétrica
(DNAEE). A nova agência foi encarregada da regulamentação técnica e econômica,
supervisão e mediação no setor elétrico, com a responsabilidade de analisar novas
concessões, licitações e fiscalizar os serviços prestados à população pelas
empresas recentemente privatizadas.
10
A ANEEL introduziu pela primeira vez a regulação de mercado e
estabeleceu os procedimentos operacionais. No que diz respeito à geração
de energia, as empresas estatais privatizadas passaram por reestruturações
que incluíram cisões, fusões, incorporações, estabelecimento de filiais e
redução de capital. Quanto à transmissão, a coordenação da distribuição
entre as empresas geradoras foi transferida em 1998 para o Operador
Nacional do Sistema (ONS), substituindo a Eletrobrás nessa atribuição. O
ONS ficou responsável pela coordenação e supervisão das operações das
instalações de geração e transmissão de energia elétrica no Sistema
Interligado Nacional (SIN), bem como pelo planejamento das operações nos
sistemas isolados do país, tudo sob a fiscalização e regulamentação da
Aneel. (CASTRO, 2003)
Nos anos 2000, o governo vinha debatendo e considerando propostas para reformar
o setor elétrico. O modelo britânico serviu de base para uma primeira análise do
contexto brasileiro. O novo modelo do setor elétrico, que entrou em vigor em março
de 2004, foi fundamentado em três pilares principais: a expansão da oferta de
energia a longo prazo, a modicidade tarifária (com a aquisição de energia a preços
mais baixos possíveis) e a universalização do fornecimento de energia elétrica em
todo o país. Ele baseava-se em contratos para impulsionar o crescimento do
sistema. Isso assegurava que haveria sempre capacidade de geração suficiente
para atender ao crescimento do mercado (PUC-Rio).
11
correspondentes. Isso pode resultar em preços mais competitivos no mercado
(PUC-Rio).
Segundo PUC-Rio, em “Um breve histórico do setor elétrico brasileiro”, assim como
Gastaldo (2009), a criação de um órgão regulador é considerada pelo Ministério de
Minas e Energia (MME) como uma medida fundamental e pré-requisito para o
funcionamento adequado do novo modelo. O setor elétrico apresenta características
singulares, tais como o monopólio natural, falhas de mercado, investimentos de alto
custo, e projetos de infraestrutura de longo prazo. Por essas razões, a existência de
um órgão regulador e formulador de políticas é imperativa para coordenar as
atividades dos diversos agentes que compõem o setor. Além de manter os órgãos
reguladores já existentes, o novo modelo também propõe a criação de novos órgãos
com funções distintas:
12
CAPÍTULO 3 – ASPECTOS DO SISTEMA DE GERAÇÃO, TRANSMISSÃO E
DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA
13
3.1.1 - ESTRUTURA DO SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA
Fonte: https://www.eletrica.ufpr.br/sebastiao/wa_files/te039%20aula%2010%20-%20sep.pdf
O sistema elétrico brasileiro atual opera com base em grandes usinas de geração,
que geram eletricidade e a transmitem por meio de sistemas de alta tensão. Estes
sistemas de transmissão de alta tensão, por sua vez, alimentam os sistemas de
distribuição de média e baixa tensão, onde se encontram os consumidores. Em
linhas gerais, o fluxo de energia segue uma direção única e é gerenciado e
controlado por centros de operação com base em critérios predefinidos (GARCIA;
JUNIOR, 2012). A seguir, a figura 3 ilustra de forma simplificada o fluxo de potência
na estrutura de um sistema elétrico.
14
Figura 3: Estrutura básica de um sistema elétrico, com exemplo de tensões e potências indicadas.
Fonte:
https://www.osetoreletrico.com.br/wp-content/uploads/2012/04/Ed73_fasc_distribuicao_cap1.pdf
15
meio de linhas de transmissão de alta tensão até os centros de consumo, onde os
Centros de Operação do Sistema (COS) realizam a operação de todo sistema
elétrico, monitorando e controlando em tempo real.
16
distribuidoras também são responsáveis pela arrecadação de encargos setoriais e
impostos sobre as tarifas de transporte (transmissão e distribuição) de energia.
17
CAPÍTULO 4 - CENTROS DE OPERAÇÃO
A história dos centros de operação no Brasil teve início nas décadas de 1960 e
1970, liderada pelos principais participantes do setor elétrico. Os sistemas iniciais
eram notavelmente distintos dos sistemas modernos que conhecemos hoje.
Limitações técnicas impunham restrições significativas a esses sistemas.
18
pontos, o W2500 permitiu uma revolução na operação do sistema elétrico,
proporcionando visibilidade e agilidade ao despacho que antes eram inéditos.
19
4.2 - CENTROS DE OPERAÇÃO
20
Além disso, o ONS trabalha para garantir que todos os agentes do setor elétrico
tenham acesso igualitário à rede de transmissão e contribui para a expansão
eficiente do SIN, visando ao menor custo e melhores condições operacionais
futuras.
21
▪ Estado de Alerta: Nesse contexto, a demanda é atendida, e apesar de
ocorrem violações dos limites operacionais que não podem ser corrigidas por
ações de controle. Isso pode demandar a necessidade de cortes seletivos no
fornecimento de energia.
22
4.2.1 - PRÉ-OPERAÇÃO
Figura 4: Pré-operação
Fonte: https://energes.com.br/operacao-do-sistema-e-o-dilema-do-operador/
23
▪ Consolidação e elaboração da programação: Essa atividade tem como
Fonte: https://energes.com.br/operacao-do-sistema-e-o-dilema-do-operador/
24
definidas na pré-operação, visando otimizar o uso da água na geração de
energia.
25
4.2.3 - PÓS-OPERAÇÃO
Figura 6: Pós-operação
Fonte: https://energes.com.br/operacao-do-sistema-e-o-dilema-do-operador/
26
dados alimentam a base de dados do centro de operação para a emissão de
relatórios, consultas, estudos e simulações.
27
Fonte:
28
racionalidade organizacional, neste caso definida pela existência de no máximo um
intermediário entre as equipes correspondentes.
29
Fonte: Própria, 2023.
30
negativas, evitando que se propaguem pelo sistema e causem desligamentos em
grande escala, conhecidos como "blackouts", que têm impactos graves.
Sensibilidade: é a capacidade do sistema operar nas condições anormais coma menor margem de tolerânc
Velocidade: é a rapidez em que o sistema de proteção atua após a falta. Essaé uma das principais caracter
Confiabilidade: é a probabilidade do sistema operar somente em condiçõespara o qual foi projetado, não a
Segurança: é a capacidade do sistema não operar para faltas que ocorrem forade sua zona de proteção;
Seletividade: é a capacidade do sistema isolar apenas os elementos que estão em falta, garantindo que a m
De acordo com Ferraro, Artico e Bianco (2013), existem diversos tipos de proteção
encontrados em sistemas elétricos, incluindo proteção contra incêndio, proteção por
relés e fusíveis, proteção contra descargas atmosféricas e surtos de manobra. Para
proteger sistemas elétricos, os dispositivos básicos utilizados são relés e fusíveis.
31
condições de operação, natureza das faltas e sensibilidade), considerações
econômicas (importância operacional dos equipamentos em relação ao valor do
sistema de proteção) e considerações físicas (simplificação de manutenções, arranjo
físico e distância entre relés) (FERRARO; ARTICO; BIANCO, 2013).
32
proteção, controle, automação, redes de computadores, tecnologia da informação e,
em alguns casos, telecomunicações.
Os IEDs de proteção são integrados aos IEDs de controle, responsáveis pela lógica
de controle e intertravamento dos equipamentos de manobra. Informações sobre o
estado dos equipamentos, cálculos de intertravamentos, dados de interconexão
entre unidades, condições de sincronismo, medições analógicas e outras
informações são trocadas entre os IEDs da subestação. Além disso, esses IEDs se
comunicam com os sistemas de supervisão, onde são exibidos em Interfaces
Homem-Máquina (IHMs), mostrando o diagrama unifilar da subestação e outras
informações sobre os equipamentos da instalação. Essas comunicações, tanto
horizontais quanto verticais, envolvem diversos protocolos de comunicação e
arquiteturas de rede, tornando o projeto da subestação uma atividade complexa.
33
incêndios florestais e ventos fortes. Diante dessa variedade de falhas possíveis, é
crucial implementar esquemas adequados de proteção do sistema. Além dos relés,
outros dispositivos de segurança são empregados, como cabos guarda instalados
na parte superior das torres, dispositivos de proteção contra surtos de tensão
decorrentes de descargas atmosféricas e disjuntores associados a relés de
proteção.
Estatisticamente, a maioria das falhas nos sistemas elétricos de potência ocorre nas
linhas de transmissão, representando cerca de 60% dessas ocorrências. Os
principais motivos são os problemas mencionados anteriormente, especialmente
curtos-circuitos e sobrecargas. Portanto, a proteção desse sistema deve ser
extremamente rápida e seletiva, atuando apenas nas seções afetadas.
34
6.1 - FUNÇÕES DE SUPERVISÃO E CONTROLE/ANÁLISE DE REDE
Funções básicas:
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dados, cálculo de grandezas derivadas de telemedições e/ou variações de estado,
verificação de limites e geração de alarmes, integralização de telemedições e de
grandezas derivadas, registro de alarmes e eventos, sequenciamento de eventos
(SOE – Sequence of Events), controle remoto de equipamentos para viabilizar o
CAG (Controle Automático da Geração), sincronismo de tempo, distribuição de
dados.
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Outra aplicação valiosa do Estimador de Estados é a verificação das medições
recebidas do sistema SCADA. Utilizando os mesmos cálculos mencionados
anteriormente, o Estimador calcula o estado do sistema elétrico e compara-o com os
valores do SCADA, atribuindo índices de erro a essas medições com base nas
diferenças dos valores estimados. Essa funcionalidade auxilia na identificação de
medidores defeituosos ou em falha no processo de aquisição.
(7) Difusão de informações em tempo real aos agentes: Função que permite
transferir informações de áreas elétricas externas a um agente, desde que essas
informações: se restrinjam, apenas, a informações de telemedição analógica e a
informações de sinalização de estado; sejam obtidas pelos sistemas de supervisão e
controle do ONS; se restrinjam a informações relativas ao primeiro barramento após
o barramento de fronteira do agente com o agente vizinho (barra n+1), considerando
que a supervisão da conexão entre dois agentes será de responsabilidade dos
agentes envolvidos sem a utilização dos recursos do ONS; se restrinjam a
informações que venham a ser definidas num acordo ou contrato firmado com os
agentes responsáveis pelos equipamentos envolvidos, acordo este que autorize a
difusão das informações solicitadas.
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dados poderá ser modificado em função do carregamento dos sistemas de
supervisão e controle do ONS e desde que as interligações de dados providas pelo
agente assim o permitam. Os períodos acima estipulados são parametrizáveis,
devendo ser definidos em comum acordo entre o agente e o ONS, devendo os
sistemas suportar os valores especificados. Os dados disponíveis nos sistemas de
supervisão e controle dos centros de operação do ONS são distribuídos nas
condições de qualidade e coerência em que esses dados são recebidos dos
agentes.
Funções complementares:
Análise de rede:
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Solteira. Toda a rede de 440 kV de São Paulo foi afetada juntamente com o
sistema de 750 kV e o sistema de corrente contínua de 600 kV,
ocasionando um colapso do sistema sul, sudeste e centro-oeste. O segundo
blecaute também começou na rede de 440 kV, na subestação Araraquara, e
resultou na perda deste sistema e na perda parcial do sistema de 500 kV da
região sudeste. Com duração superior a quatro horas, ambos os distúrbios
tiveram interrupção de aproximadamente 24.000 MW e mostraram que a
operação do sistema elétrico do sudeste é um desafio em termos de
chaveamentos involuntários que podem levar ao colapso de tensão.
(SANTOS, 2010, p. 34).
Ainda mais recente que o blecaute de 2009, houve um quarto grande desligamento
em agosto de 2023, que será tratado mais à frente no capítulo 7 como um estudo de
caso.
Apesar do automatismo das ações de controle ao longo dos anos, este tem se dado,
na maioria das vezes, em caráter local. Em termos sistêmicos, é ainda significativo o
volume de comandos manuais por parte do operador. Desta forma, as equipes dos
centros de operação têm trabalhado sob grande pressão, pois passaram a ter a
responsabilidade pelo controle centralizado, recebendo grande volume de
informações que nem sempre são processadas da forma mais adequada para
subsidiar suas decisões. Enquanto grande parte das ações de controle de
emergência são automatizadas, o controle restaurativo conta com ações
automáticas quase sempre ao nível local (subestações), ficando a maior parte do
39
procedimento realizada por meio da atuação dos operadores dos centros de controle
dos Agentes e do ONS.
40
tempo. O PDC (Phasor Data Concentrator) reúne os dados enviados pelas
PMUs, disponibilizando-os para serem utilizados pelas diversas aplicações.
(SANTOS, 2010, p. 16 e 17).
A apresentação das informações monitoradas ocorre por meio de telas e listas que
exibem eventos e alarmes. As telas mostram diagramas unifilares, layouts de
processos, desenhos de equipamentos e outros elementos visuais. As listas de
alarmes e eventos registram as ocorrências do sistema e as classificam com base
41
na sua gravidade. Quando ocorre um evento, ele é carimbado com uma marca de
tempo que registra o momento exato em que ocorreu (dia, mês, ano, hora, minuto,
segundo e milissegundo). Esse carimbo de tempo é gerado pelo equipamento que
coleta informações de campo, geralmente sincronizado por GPS. Essa marca de
tempo permite a organização dos eventos do sistema e facilita a análise da
sequência de eventos ao longo do tempo. Essa funcionalidade é conhecida como
SOE (Sequence Of Events) e requer protocolos de comunicação capazes de lidar
com carimbos de tempo.
42
processamento, armazenamento ou rede, passam a ser definidos por software. A
inovação tecnológica foi idealizada pelo ONS e viabilizada pelo Consórcio Siemens-
Cepel, responsável pelo desenvolvimento e evolução do sistema. Graças à sua
concepção, baseada no conceito de evolução constante – Evergreen, o REGER
pode ser constantemente atualizado para assegurar um ambiente seguro, flexível e
adaptável às constantes mudanças do sistema elétrico nacional. O REGER é uma
rede de sistemas SCADA/EMS que tem seu núcleo baseado no SAGE (Sistema
Aberto de Gerenciamento de Energia) (CANAL energia, 2018).
43
treinamentos específicos relacionados ao sistema elétrico, certificações obrigatórias
para operar os ativos da empresa, protocolos de segurança, treinamento dos
procedimentos operacionais padrão, software utilizado no centro de operação,
passar um tempo na sala de controle para observar as atividades de tempo real
junto à um supervisor e/ou operador mais experiente, para que depois comece a
atuar realmente na função de operador de tempo real dentro do centro de operação.
44
Fonte: https://www.ons.org.br/paginas/sobre-o-sin/mapas
Após o evento, o ONS realiza a apuração, coleta dados com os agentes envolvidos
e disponibiliza de forma pública o Relatório de Análise de Perturbação (RAP) em site
oficial (www.ons.org.br).
O DESLIGAMENTO
Segundo o ONS (2023), a perturbação teve início com o desligamento automático da
linha de transmissão de 500 kV Quixadá – Fortaleza II, somente no terminal
Quixadá, durante operação normal, provocado pela atuação acidental da lógica de
fechamento sob falta (Switch Onto Fault – SOTF) do sistema de proteção da linha de
transmissão, sem a incidência de curto-circuito no sistema elétrico. A Figura 11, a
seguir, apresenta o diagrama esquemático da área de origem da perturbação.
45
Fonte: https://www.ons.org.br/AcervoDigitalDocumentosEPublicacoes/RAP
%202023.08.15%2008h30min%20vers%c3%a3o%20final%20com%20anexos%20de%20diverg
%c3%aancia_Final.pdf
A abrupta redução de tensão observada no campo após a perda de uma única linha
de transmissão foi consequência do desempenho dos parques eólicos e
fotovoltaicos observado em campo ter sido inesperado, muito aquém daquele obtido
pelo ONS nos seus estudos, os quais são realizados utilizando-se os modelos
matemáticos encaminhados pelos agentes ao ONS. Houve a atuação do Esquema
Regional de Alívio de Cargas – ERAC, que minimizou o impacto do distúrbio para o
SIN (ONS, 2023).
Como consequência da atuação do ERAC, ocorreu a interrupção de
aproximadamente 23.368 MW de cargas do SIN, sendo 12.689 MW na macrorregião
Norte/Nordeste e 10.680 MW na macrorregião S/SE/CO. O estado de Roraima
permaneceu atendido de forma isolada do SIN (ONS, 2023). A figura 12 ilustra em
percentual o corte de carga ocorrido em cada estado.
46
Fonte: https://www.ons.org.br/AcervoDigitalDocumentosEPublicacoes/RAP
%202023.08.15%2008h30min%20vers%c3%a3o%20final%20com%20anexos%20de%20diverg
%c3%aancia_Final.pdf
A RECOMPOSIÇÃO
Devido ao novo ponto de operação provocado pela perturbação, em decorrência da
interrupção do recebimento de energia proveniente das regiões Norte e Nordeste,
com consequente atuação do ERAC, os centros de operação COSR-S, COSR-SE e
COSR-NCO iniciaram, imediatamente após a ocorrência, diversas ações para
controle de tensão e frequência, solicitando aos agentes de operação manobras em
reatores e elevação da geração disponível nas usinas hidrelétricas devido à perda
de carga pela atuação do ERAC.
47
Com a rápida atuação dos agentes e a coordenação com o ONS para restabelecer o
SIN após a interrupção, às 08h43min foi iniciado o restabelecimento das cargas do
subsistema Sul e concluído às 9h05min. No Subsistema Sudeste o restabelecimento
iniciou-se às 8h52min e foi concluído às 11h33min. E finalmente, o ONS autorizou o
restabelecimento total das cargas às 14h49min (ONS, 2023).
A figura a seguir apresenta um infográfico retirado do site do Operador Nacional do
Sistema Elétrico com a cronologia da recomposição da carga do Sistema Interligado
no dia ocorrido.
Fonte: https://www.ons.org.br/Paginas/Noticias/Ocorr%c3%aancia-no-SIN-em-15-de-agosto-de-
2023.aspx
48
Fonte: https://www.ons.org.br/AcervoDigitalDocumentosEPublicacoes/RAP
%202023.08.15%2008h30min%20vers%c3%a3o%20final%20com%20anexos%20de%20diverg
%c3%aancia_Final.pdf
Fonte: https://www.ons.org.br/AcervoDigitalDocumentosEPublicacoes/RAP
%202023.08.15%2008h30min%20vers%c3%a3o%20final%20com%20anexos%20de%20diverg
%c3%aancia_Final.pdf
CONCLUSÕES
A ocorrência no Sistema Interligado Nacional em agosto de 2023 foi um evento
significativo que exigiu uma resposta rápida e coordenada por parte do Operador
Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e dos agentes do setor. A interrupção de 22.547
49
MW, aproximadamente 31% da carga total naquele horário, destacou a
vulnerabilidade do sistema elétrico nacional diante de perturbações inesperadas.
CONCLUSÃO
O papel dos Centros de Operação e dos Operadores de Tempo Real é crucial para a
estabilidade e eficiência do Sistema Interligado Nacional (SIN). Eles desempenham
50
funções essenciais na coordenação e controle das operações do sistema elétrico,
permitindo uma resposta rápida a perturbações, otimizando o uso da energia.
51
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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2023.
52
<https://repositorio.ipea.gov.br/bitstream/11058/3990/1/PPP_n16_Retorno.pdf>
Acesso em: 10 de outubro de 2023.
CANAL energia. Plataforma do ONS para operação em tempo real ganha tecnoligia
hiperconvergente. 2018. Disponível em:
https://www.canalenergia.com.br/noticias/53070395/plataforma-do-ons-para-
operacao-em-tempo-real-ganha-tecnologia-hiperconvergente> Acesso em 10 de
outubro de 2023.
53
FONSECA, Marcelo da. Primeira hidrelétrica do país foi construída em Minas há
mais de 100 anos. Estado de Minas, 2013. Disponível em:
<https://www.em.com.br/app/noticia/gerais/2013/05/18/interna_gerais,389704/
primeira-hidreletrica-do-pais-foi-construida-em-minas-ha-mais-de-100-anos.shtml>
Acesso em: 14 de outubro de 2023.
JÚNIOR, Prof. Dr. Sebastião R. Aula 10 – Sistema Elétrico de Potência (SEP), 2010.
Disponível em: <https://www.eletrica.ufpr.br/sebastiao/wa_files/te039%20aula
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LUCENA, Felipe. Rio de Janeiro foi o primeiro lugar a ter luz elétrica na América do
Sul. Diário do Rio, 2022. Disponível em: <https://diariodorio.com/rio-de-janeiro-foi-o-
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MERCEDES, Sonia S. P.; RICO, Julieta A. P.; POZZO, Liliana de Y. Uma revisão
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55
ONS. Ocorrência no Sistema Interligado Nacional, 2023. Disponível em:
<https://www.ons.org.br/Paginas/Noticias/Ocorr%c3%aancia-no-SIN-em-15-de-
agosto-de-2023.aspx> Acesso em: 28 de outubro de 2023.
56
PINTO, Milton de O. Energia Elétrica - Geração, Transmissão e Sistemas
Interligados. Histórico do Sistemas de Potência. Editora Gen|LTC, 2013.
57
ANEXOS
Anexo 1: Mapa Geoelétrico Rede de Operação Norte/Nordeste - 2019 com horizonte para 2024.
58
Fonte: https://www.ons.org.br/paginas/sobre-o-sin/mapas
Anexo 2: Mapa Geoelétrico - Rede de Operação - Sudeste/Centro-Oeste - 2019 com horizonte 2024.
59
Fonte: https://www.ons.org.br/paginas/sobre-o-sin/mapas
Anexo 3: Mapa Geoelétrico Rede de Operação Sul - 2019 com horizonte para 2024.
60
Fonte: https://www.ons.org.br/paginas/sobre-o-sin/mapas
61