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ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR

CENTRO DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO

Vitor de Souza Guerra

ANÁLISE TECNOLÓGICA COM VISTAS A POTENCIALIZAR O EMPREGO DO


VIDEOMONITORAMENTO DA PMMG

Belo Horizonte
2021
Vitor de Souza Guerra

ANÁLISE TECNOLÓGICA COM VISTAS A POTENCIALIZAR O EMPREGO DO


VIDEOMONITORAMENTO DA PMMG

Monografia apresentada ao Curso de Especialização em


Segurança Pública (CESP 2021) realizado pelo Centro de
Pesquisa e Pós-Graduação da Academia de Polícia Militar
de MG como requisito parcial para obtenção do Título de
Especialista em Segurança Pública.

Orientador: Major PM Daniel Cardoso Ladeira.

Belo Horizonte
2021
Aos profissionais e admiradores
da tecnologia que integram
a Polícia Militar de
Minas Gerais.
AGRADECIMENTO

Ao Deus Portador da Luz, por permitir as inúmeras vitórias ao longo da minha vida
pessoal e profissional. Não há lugar que eu percorra aqui na terra sem que as Vossas
legiões tenham passado. Dedico a Vós, meu mestre, toda a honra e toda a glória.

Ao meu Pai (in memoriam), exemplo de homem honrado e de conduta ilibada.

Ao meu Avô (in memoriam), por ter me iniciado no caminho da Luz.

Aos meus familiares pela compreensão da ausência e palavras de incentivo para


continuar a jornada.

Ao meu Orientador, por nortear a presente produção científica, exemplo de


conhecimento em tecnologia e sistemas.

A todos que contribuíram direta e indiretamente para que eu chegasse até esse
momento.
“A tecnologia move o mundo”
Steve Jobs
RESUMO

A presente monografia refere-se a uma análise tecnológica com vistas a potencializar


o emprego do videomonitoramento da Polícia Militar de Minas Gerais. O objetivo geral
é estudar as principais tecnologias capazes de potencializar o emprego do
videomonitoramento. Para tanto, definiram-se como objetivos específicos conceituar
o videomonitoramento, seu histórico de implantação em Belo Horizonte, identificar as
principais tecnologias voltadas para o videomonitoramento, analisar o atual parque
tecnológico utilizado no sistema, sua evolução ao longo do tempo até os dias atuais,
além de conhecer a sua prospecção de futuro no sentido de vislumbrar onde a PMMG
quer chegar em termos de potencialização do emprego. Abordar a análise tecnológica
com vistas a potencializar o emprego do videomonitoramento justifica-se pelo fato de
que, cada vez mais há uma tendência para uma maior racionalização do emprego dos
meios logísticos e humanos de forma a ser alcançada uma maior eficiência, eficácia
e efetividade nas ações de prevenção e de repressão qualificada da violência no
Estado. Assim, compreendendo as tecnologias estudadas na PMMG possibilitará uma
visão prospectiva de futuro para um melhor enfrentamento das ameaças à paz social.
Para tanto, é preciso reconhecer as novas tecnologias, avaliar o seu impacto no
contexto da segurança pública em termos de prevenção criminal visando otimização
do videomonitoramento em Belo Horizonte e ramificação para os demais municípios
do Estado. O presente estudo utiliza-se o método de pesquisa de natureza descritiva
e exploratória com uma abordagem qualitativa e quantitativa com base em fontes
primárias obtidas por meio de entrevistas, além de fontes secundárias obtidas em uma
revisão de literatura. Com o levantamento e análise dos dados e informações, foi
possível concluir que as tecnologias estudadas relacionadas ao videomonitoramento
apresentam uma tendência de potencialização e da confiabilidade dos resultados a
partir da associação de câmeras fixas instaladas em pontos estratégicos para registro
de eventos sociais suspeitos, câmeras móveis em viaturas destinadas a operações
de blitzen, câmeras portáteis acopladas aos policiais militares, câmeras fixas públicas
e de terceiros, além da criação e implantação de um programa capaz de trabalhar e
gerenciar várias câmeras e imagens de diversas fontes, sendo que a partir da
obtenção de acesso a um banco de dados Estadual integrado, aplicado a um
programa analítico associado a uma inteligência artificial, potencializará os resultados
para fins de prevenção e repressão qualificada.
Palavras-chave: Videomonitoramento. Sistema Hélios. Inteligência Artificial.
Tecnologia. Reconhecimento Ótico de Caracteres.
ABSTRACT

This monograph refers to a technological analysis with a view to enhancing the use of
video surveillance by the Military Police of Minas Gerais. The general objective is to
study the main technologies capable of enhancing the use of video surveillance.
Therefore, specific objectives were defined as conceptualizing video surveillance, its
implementation history in Belo Horizonte, identifying the main technologies for video
surveillance, analyzing the current technological park used in the system, its evolution
over time to the present day, in addition to knowing its prospects for the future in order
to glimpse where the PMMG wants to reach in terms of employment potential.
Addressing technological analysis with a view to enhancing the use of video
surveillance is justified by the fact that there is an increasing trend towards a greater
rationalization of the use of logistical and human resources in order to achieve greater
efficiency, effectiveness and effectiveness in actions of prevention and qualified
repression of violence in the State. Thus, understanding the technologies studied at
PMMG will enable a prospective vision of the future to better face the threats to social
peace. Therefore, it is necessary to recognize new technologies, assess their impact
in the context of public security in terms of criminal prevention, aiming at optimizing
video surveillance in Belo Horizonte and branching out to other municipalities in the
state. This study uses a descriptive and exploratory research method with a qualitative
and quantitative approach based on primary sources obtained through interviews, in
addition to secondary sources obtained from a literature review. With the survey and
analysis of data and information, it was possible to conclude that the studied
technologies related to video surveillance present a trend of potentialization and
reliability of results from the association of fixed cameras installed at strategic points
for recording suspicious social events, mobile cameras in vehicles intended for blitzen
operations, portable cameras coupled to military police, public and third-party fixed
cameras, in addition to the creation and implementation of a program capable of
working and managing multiple cameras and images from different sources, based on
obtaining access to an integrated State database, applied to an analytical program
associated with artificial intelligence, will enhance the results for purposes of
prevention and qualified repression.

Keywords: Video monitoring. Helios System. Artificial intelligence. Technology.


Optical Character Recognition.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Máquinas com movimento a vapor ...................................................... 18


Figura 2 – Linha de produção na segunda revolução industrial ........................... 19
Figura 3 – Emprego de alta tecnologia nas indústrias .......................................... 20
Figura 4 – Integração entre os diversos sistemas e a internet ............................. 21
Figura 5 – Integração de processos à internet ..................................................... 22
Figura 6 – Distribuição do vídeomonitoramento no interior do Estado de MG ..... 29
Figura 7 – Distribuição do vídeomonitoramento em Belo Horizonte ..................... 30
Figura 8 – Página Inicial de Alerta do Sistema Hélios .......................................... 32
Figura 9 – Veículo do rotativo digital de Conselheiro Lafaiete integrado ao sistema
Hélios..........................................................................................................................33
Figura 10 – Viatura da DTS com câmera OCR integrada ao Hélios ...................... 34
Figura 11 – Sistema de Captura de Placas Veiculares .......................................... 36
Figura 12 – Imagem das principais tecnologias de detecção veicular .................... 43
Figura 13 – Ilustração da arquitetura do sistema Hélios......................................... 44
Figura 14 – Viatura técnica da DTS posicionada no evento de Carnaval............... 45
Figura 15 – Processo de comparação utilizando programa de IA .......................... 46
Figura 16 – Reportagem sobre teste de reconhecimento facial no aeroporto de
Confins/MG ............................................................................................................... 47
Figura 17 – Mapa das Câmeras Integradas ao Sistema Hélios no Estado de Minas
Gerais..... ........................................................................................................ ...........58

Quadro 1 – Principais documentos que regulam o videomonitoramento ............... 28


Quadro 2 – Capacidade de um Computador segundo o teste de Turing. 2013 ..... 40
Quadro 3 – Definição das principais tecnologias de detecção veicular utilizadas no
OCR para leitura automática de placas ..................................................................... 42
Quadro 4 – Perfil profissional dos entrevistados .................................................... 53
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ALPR Automatic License Plate Recognition


BID Banco Interamericano de Desenvolvimento
CEGESP Curso de Especialização e Gestão Estratégica
CICOP Centro Integrado de Coordenação de Ocorrências Policiais
CTB Código de Trânsito Brasileiro
CTS Centro de Tecnologia e Sistemas
DETRAN Departamento de Trânsito
DTS Diretoria de Tecnologia e Sistemas
DVR Digital Vídeo Recorder
EMPM Estado Maior da Polícia Militar
IA Inteligência Artificial
LPR License Plate Recognition
MG Minas Gerais
OCR Optical Character Recognition
PMMG Polícia Militar de Minas Gerais
PRODEMGE Processamento de Dados do Estado de Minas Gerais
PTZ Pan, Tilt e Zoom
REDS Registro de Eventos de Defesa Social
SEDS Secretaria de Estado de Defesa Social
SEJUSP Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública
SIGPRI Sistema Integrado de Gestão Prisional
SOU Sala de Operações da Unidade
SPVM Sistema Privado de Videomonitoramento
SVM Sistema de Videomonitoramento
TC Termo Circunstanciado
VMS Video Management System
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................12

2 AS REVOLUÇÕES INDUSTRIAIS E TECNOLÓGICAS ................................... 17

2.1 A primeira revolução industrial ....................................................................... 17

2.2 A segunda revolução industrial ...................................................................... 18

2.3 A terceira revolução industrial ........................................................................ 19

2.4 A quarta revolução industrial .......................................................................... 20

3 VIDEOMONITORAMENTO ................................................................................ 25

3.1 Sistema Hélios na PMMG ................................................................................. 31

3.2 A tecnologia OCR ............................................................................................. 34

4 INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL ............................................................................. 37

4.1 Principais conceitos sobre inteligência artificial........................................... 38

4.2 Relação entre as novas tecnologias e a inteligência artificial...................... 42

5 PERCURSO METODOLÓGICO ........................................................................ 48

6 COLETA E ANÁLISE DE DADOS ..................................................................... 52

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................... 61

REFERÊNCIAS .................................................................................................. 64

GLOSSÁRIO ...................................................................................................... 68

APÊNDICE A – ROTEIRO DE ENTREVISTA................................................. 69

APÊNDICE B – ENTREVISTAS TRANSCRITAS ........................................... 79


APÊNDICE C – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO -
T.C.L.E. - ENTREVISTADO 1.............................................................................92

ANEXO A – MAPA ESTRATÉGICO .................................................................. 96

ANEXO B – APRESENTAÇÃO DA DTS3 SOBRE O VIDEOMONITORAMENTO.

............................................................................................................................97
12

1 INTRODUÇÃO

A presente monografia tem como foco principal realizar um estudo da evolução


tecnológica com vistas a potencializar o emprego do videomonitoramento da Polícia
Militar de Minas Gerais (PMMG).

Nesse sentido, é imperioso afirmar o papel constitucional previsto no artigo 144 da


Constituição Federal (1988), o qual diz que “A segurança pública, dever do Estado,
direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública
e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, [...]”.

A Missão Institucional evidencia a função essencial e basilar da polícia ostensiva de


preservação da ordem pública, indo de encontro a um ambiente seguro e favorável ao
exercício do direito à vida, ao trabalho e à livre iniciativa em atividades econômicas,
requisitos para um desenvolvimento sustentável do Estado buscando atingir a visão
de orgulho de ser mineiro (PLANO ESTRATÉGICO 2020-2023 2ª EDIÇÃO, 2021).

A área de gestão Logística e Tecnologia na PMMG abarca uma série de fatores


norteadores e requisitos para a elaboração dos objetivos e iniciativas estratégicas
Institucionais assim definidos pelo Plano Estratégico 2020-2021 2ª Edição (2021, p.
23):

a) Distribuição técnica dos recursos disponíveis;


b) Garantia dos recursos necessários ao desenvolvimento efetivo da
missão institucional;
c) Incremento de tecnologias, visando à racionalização de recursos e ao
aumento da eficiência;
d) Integração de sistemas e bancos de dados.

Com base nos fatores norteadores citados, destaca-se a relevância tecnológica e seus
reflexos no sentido de alinhamento estratégico adotado pela PMMG no cumprimento
do seu papel constitucional de preservação da ordem pública.
13

O mapa estratégico elaborado pela Corporação (ANEXO A) apresenta a Missão,


Visão, Valores, objetivos estratégicos divididos em cinco perspectivas (Sociedade,
Pessoas, Processos, Logística e Tecnologia e Finanças) e define de forma gráfica a
relação de causa e efeito existente entre os objetivos estratégicos unindo a
formulação e a execução da estratégia.

Segundo Kaplan e Norton (2004, p. 55), “O mapa estratégico descreve a lógica da


estratégia, mostrando com clareza os objetivos dos processos internos críticos que
criam valor e os ativos intangíveis necessários para respaldá-los”.

Com base nessa definição, na formulação e execução da estratégia, destaca-se a


importância dos avanços tecnológicos como fonte de contribuição direta e indireta da
melhoria da organização e atores sociais envolvidos no contexto da segurança
pública.

A evolução tecnológica vivenciada no mundo contemporâneo por meio de


tecnologias da informação e comunicação (TIC) permite uma série de benefícios para
inúmeras organizações, a exemplo da Polícia Militar de Minas Gerais.

Segundo Nunes et al. (2016, p. 114):

Muito se fala a respeito dos possíveis benefícios das TIC na área de


Segurança Pública, assim como da eficiência e da transparência que estas
podem aportar à Administração Pública e ao governo em todos os níveis e
áreas.

Assim, as tecnologias apresentadas durante o desenvolvimento da presente


pesquisa são importantes para potencializar a eficiência e os resultados de
prevenção criminal para a Segurança Pública.

Analisar as tecnologias com vistas a potencializar o emprego no videomonitoramento


da PMMG justifica-se devido à relevância social, acadêmica e institucional. Sendo
assim, a presente monografia estabeleceu como problema de pesquisa quais são as
tecnologias estudadas na PMMG com vistas a otimizar o videomonitoramento? E
como objetivo geral estudar as principais tecnologias capazes de potencializar o
emprego do videomonitoramento da PMMG. Para alcançar o objetivo geral, os
14

objetivos específicos buscam conceituar videomonitoramento e seu histórico de


implantação em Belo Horizonte, identificar as principais tecnologias voltadas para o
videomonitoramento, analisar o atual parque tecnológico utilizado no sistema de
videomonitoramento da PMMG e conhecer a tendência do videomonitoramento na
Instituição.

Discutir sobre o videomonitoramento e sobre as tecnologias capazes de trazer


benefícios em termos de prevenção criminal e repressão qualificada da violência no
contexto da segurança pública em Minas Gerais justifica-se pelo fato de que, cada vez
mais tendemos para uma maior racionalização do emprego dos meios logísticos e
humanos de forma a superar os diversos problemas que impactam diretamente e
indiretamente a economia do Estado, a exemplo de desastres ambientais, biológicos,
dentre outras possíveis ameaças internas e externas para a nação brasileira e seus
entes federados. Assim, é possível notar que as novas tecnologias relacionadas ao
videomonitoramento impactam diretamente o comportamento e as relações sociais, o
que inclui o processo de aprendizagem, por meio dos novos mecanismos que
possibilitam acessar e tratar dados e informações em plataformas digitais interligadas.
Assim, é preciso entender e acompanhar a evolução tecnológica de forma a ter o
conhecimento necessário para aplicação prática com vistas a atender diversos
princípios que regem a administração pública, dentre eles o princípio da
economicidade.

Segundo Justen Filho (2010, p. 73), o princípio constitucional da economicidade:

Significa, ainda mais, o dever de eficiência. Não bastam honestidade e boas


intenções para validação de atos administrativos. A economicidade impõe
adoção da solução mais conveniente e eficiente sob o ponto de vista da
gestão dos recursos públicos. Toda atividade administrativa envolve uma
relação sujeitável a enfoque de custo-benefício. O desenvolvimento da
atividade implica produção de custos em diversos níveis.

Assim, compreender as tecnologias estudadas na PMMG possibilitará uma visão


prospectiva de futuro para um melhor enfrentamento das ameaças à paz social. Para
tanto, é preciso reconhecer as novas tecnologias, avaliar o seu impacto no contexto
da segurança pública em termos de prevenção criminal visando otimização do
videomonitoramento em Belo Horizonte e ramificação para os demais municípios do
Estado.
15

A relevância no campo social baseia-se na potencialização dos resultados a serem


alcançados com um melhor direcionamento de mecanismos mais eficientes de
tratamento de imagem que impactam diretamente na prevenção criminal e repressão
qualificada da violência, pois com tecnologia de ponta e otimização dos recursos é
possível fazer mais com menos.

Evidencia-se a relevância acadêmica com trabalhos científicos recentes que abordam


as tecnologias envolvidas ou tangenciam a respeito do videomonitoramento.

A presente pesquisa, no âmbito da relevância Institucional, está alinhada ao objetivo


estratégico número três e nove do Plano Estratégico 2020 – 2023, 2ª Edição,
“Promover a implementação e o aperfeiçoamento de tecnologias e sistemas de
suporte às atividades meio e fim” e “Promover suporte logístico adequado ao
cumprimento da missão institucional”, respectivamente. A pesquisa também está
alinhada ao Plano Mineiro de Desenvolvimento Integrado 2019-2030 (PMDI).

Para alcançar o objetivo central, a monografia encontra-se organizada em sete


capítulos, sendo esta introdução o primeiro deles. No Capítulo 2, são apresentadas
as revoluções industriais e tecnológicas desde a indústria 1.0 até os dias atuais com
a indústria 4.0. No Capítulo 3, são apresentados os principais conceitos a respeito de
videomonitoramento e conceituadas as suas principais tecnologias. No Capítulo 4 são
apresentados os principais conceitos a respeito da Inteligência Artificial e na
sequência passa-se ao Capítulo 5, percurso metodológico, seguido do penúltimo,
coleta e análise do atual parque tecnológico utilizado no sistema de
videomonitoramento e descrita qual a sua tendência. Para finalizar, o sétimo e último
Capítulo, que é a conclusão faz o fechamento da pesquisa acadêmica.

Para fins de delimitação do espaço-temporal, o período abordado inicia-se desde a


implantação do videomonitoramento pela PMMG no ano de dois mil e dois até os dias
atuais e uma visão prospectiva para fins de implementação de novas tecnologias.

A caracterização do objeto da pesquisa está focada no estudo histórico que vai desde
a implantação do videomonitoramento em Belo Horizonte e suas transformações ao
longo do tempo até os dias atuais e prospecção de futuro no sentido de vislumbrar
16

onde a PMMG quer chegar em termos de potencialização do emprego dessa


ferramenta.

Com isso, buscou-se uma análise de novas tecnologias capazes de potencializar o


videomonitoramento na PMMG no sentido de alinhamento ao objetivo estratégico que
visa prover suporte logístico adequado ao cumprimento da missão institucional e com
racionalização dos meios. Ainda, buscou-se alinhamento ao objetivo estratégico que
visa promover a implementação e o aperfeiçoamento de tecnologias e sistemas de
suporte às atividades meio e fim.

A hipótese levantada refere-se: - as novas tecnologias podem otimizar o emprego do


videomonitoramento da PMMG à medida que tem a capacidade de trazer informações
em tempo real do local de ocorrência e maximizar os esforços.

De acordo com a delimitação do tema até aqui apresentado, define-se como objetivo
geral da pesquisa estudar as principais tecnologias capazes de potencializar o
emprego do videomonitoramento na PMMG, e estabelecem-se, ainda, os seguintes
objetivos específicos:

a) conceituar videomonitoramento e seu histórico de implantação;

b) identificar as principais tecnologias voltadas para o videomonitoramento pela


PMMG;

c) analisar o atual parque tecnológico utilizado no sistema videomonitoramento da


PMMG;

d) conhecer a tendência do videomonitoramento na PMMG.

Assim, buscando uma melhor contextualização da evolução tecnológica desde a


primeira revolução industrial até os dias de hoje, aborda-se na subseção seguinte um
histórico evolutivo até o que se espera de uma Instituição baseada na indústria 4.0 na
atualidade.
17

2 AS REVOLUÇÕES INDUSTRIAIS E TECNOLÓGICAS

Diante de um ambiente repleto de inovações, há uma busca constante na inovação


de processos, produtos e serviços, qualidade e agilidade. A Indústria 4.0 caracteriza-
se por sua capacidade produtiva, monitoração remota, automação de processos e
personalização de serviços focados nas necessidades dos clientes. É nesse sentido
que a sociedade contemporânea está deparando atualmente com uma das mais
relevantes revoluções industriais, a indústria 4.0 (DE ALMEIDA, 2019).

2.1 A primeira revolução industrial

A Primeira Revolução Industrial, segundo Paulo Samuel de Almeida (2019) teve uma
duração de duzentos e um anos, iniciando no ano de 1712 a 1913 e foi marcada pelo
surgimento das máquinas a vapor. Nesse período ocorreu uma alienação profissional
onde os indivíduos passaram a raciocinar menos e a produzir mais, em outras
palavras, o trabalho tornou-se mais mecânico e menos intelectual. Divergente do
autor, para Quintino et al. (2019) a Primeira Revolução Industrial iniciou-se por volta
do ano de 1750, tendo como marco fundamental o surgimento da tecelagem em uma
projeção industrial na Inglaterra.

Para o autor, “A Revolução Industrial caracterizou uma grande mudança no cenário


industrial, com artesãos sendo contratados para produzir em larga escala”. Os turnos
de trabalho extremamente exaustivos desafiavam a resistência física e psicológica
dos trabalhadores.

Nesse período surgiu a primeira máquina a vapor criada pelo engenheiro britânico
James Watt no ano de 1765. A maneira de fabricar produtos refletiu no mercado e no
comportamento social, uma vez que pessoas da classe mais baixa tiveram acesso a
produtos que até então apenas a classe alta da sociedade tinha acesso.

No mesmo sentido, Quintino et al. (2019), afirmam que a Primeira Revolução Industrial
foi marcada pela mecanização da produção com a utilização de máquinas a vapor,
acompanhada pela considerável aceleração da produção, resultando migração de
mão de obra camponesa para as indústrias.
18

Figura 1 - Máquinas com movimento a vapor

Fonte: DE ALMEIDA, 2019, p. 20.

A Figura 1 ilustra um modelo de máquina a vapor que surgiu na Indústria 1.0 e


paralelamente a esse cenário ocorreu um aprimoramento de determinados processos
com inventos que contribuíram para uma produção com variados itens atendendo uma
diversidade de consumidores.

Com o processo de manufatura em linha de produção e a evolução da mecanização


serviram de base para a próxima revolução industrial, a Indústria 2.0.

2.2 A segunda revolução industrial

A Segunda Revolução Industrial para De Almeida (2019), começou a partir do ano de


1913 quando Henry Ford criou a linha de produção em massa, o que originou a
produção em escala, reduzindo os custos e popularizando os produtos. A segunda
revolução industrial perdurou até o ano de 1969. Diferente do autor, para Quintino et
al. (2019), a Segunda Revolução Industrial surgiu por volta de 1860 e teve como
energia de ativação a utilização de energia elétrica, atingindo países como a
Inglaterra, Estados Unidos, Alemanha, França e Japão.

Nesse período, a energia elétrica possibilitou máquinas mais produtivas e passaram


a emitir menos poluição no meio ambiente. As evoluções tecnológicas na área de
eletroeletrônica originaram os Controladores Lógicos Programáveis (CLP), resultando
19

em um grande avanço na automação industrial da manufatura, automatizando


máquinas com atuadores eletro eletrônicos, pneumáticos e hidráulicos. A Figura 2
ilustra a linha de produção em massa implantada por Henry Ford.

Figura 2 – Linha de produção na segunda revolução industrial

Fonte: FORD, 2019, p.1.

A partir do ano de 1969 surge uma nova era, que ficou conhecida como a terceira
revolução industrial, a indústria 3.0.

2.3 A terceira revolução industrial

A terceira revolução industrial surgiu a partir do ano de 1969 e durou até o ano de
2010. Ficou marcada como a era da automação com a implantação de computadores,
controles eletrônicos, sensores, atuadores, além de dispositivos com capacidade de
gerenciamento de uma elevada quantidade de variáveis de produção. Os produtos
tiveram a qualidade e a quantidade aumentadas. Fatores também predominantes
foram a elevação da segurança de produção e a potencialização da gestão dos custos
(DE ALMEIDA, 2019). Quintino et al. (2019) acrescenta que a Terceira Revolução
Industrial pode ser denominada como a Revolução Digital e também como Revolução
Técnico-Científica.

A figura 3 ilustra o emprego de um braço robótico na indústria realizando um processo


de automação em substituição à ação humana, diferindo deste em relação ao
aumento da produtividade mantendo um ritmo constante de trabalho, o que representa
um alto desempenho, precisão nos movimentos e ausência de cansaço em relação
ao trabalhador comum. Diante da alta tecnologia envolvida no processo industrial em
questão, ratifica o ganho produtivo da indústria 3.0.
20

Figura 3 – Emprego de alta tecnologia nas indústrias

Fonte: CRUZ, 2015, p.1.

Esse período representou o avanço da inovação em diversos campos, a exemplo da


informática, telecomunicações e robótica, implicando no desenvolvimento de
aplicações tecnológicas voltadas para os processos industriais. A indústria 3.0,
também conhecida como revolução técnico-científica e informacional, proporcionou
avanços nos transportes, biotecnologia, química fina e nanotecnologia. Para Quintino
et al. (2019), a Terceira Revolução Industrial é caracterizada pela mecatrônica,
biotecnologia, nanotecnologia, automação industrial, flexibilização na produção,
microinformática, telecomunicações, tecnologia da automação e tecnologia da
informação.

Com os avanços da internet, possibilitou uma convergência de várias tecnologias


adaptativas a máquinas e equipamentos, iniciando uma nova era após o ano de 2010
estando em andamento até os dias atuais sendo denominada indústria 4.0, marcada
pela conectividade e inteligência.

2.4 A quarta revolução industrial

Segundo Paulo Samuel de Almeida (2019), a quarta revolução industrial, também


conhecida como Indústria 4.0 surgiu na Alemanha em meados de 2012 por meio de
uma programação institucional visando aumento da competitividade e modernização
da indústria alemã. O modelo industrial 4.0 passa a exigir profissionais mais
21

polivalentes em termos de conhecimentos em diferentes áreas. Os sistemas


integrados internamente (manufatura) passam a integrar sistemas com
armazenamento em nuvens de dados, em postos distribuídos no chão da fábrica,
transmitindo informações desde as condições de produção, comportamento dos
sistemas das máquinas, tudo isso integrado às informações oriundas dos próprios
clientes consumidores dos produtos. A integração (Figura 4) possibilitou aos gestores
um conhecimento além das fronteiras da fábrica, resultando em customização da
produção de produtos. Essa nova maneira de produção integrada a outros sistemas
melhorou o gerenciamento e controle de estoque de matéria prima e insumos,
produzindo apenas o que está sendo vendido.

Figura 4 – Integração entre os diversos sistemas e a internet

Fonte: DE ALMEIDA, 2019, p.35.

Para o autor, o conceito de Indústria 4.0 expandiu para outros países levando
empresas a contarem com um número reduzido de profissionais altamente
qualificados. Com a evolução tecnológica e integração dos processos, surgem
sistemas de produção cada vez mais inteligentes, apontando oportunamente
necessidades produtivas, de suprimentos e matéria prima, resultado de uma
integração de tecnologias físicas, digitais e etapas do desenvolvimento dos produtos
e processos.
22

Ainda, para uma melhor compreensão da indústria 4.0 evidenciam-se bases


tecnológicas e digitais (Figura 5) a exemplo de Acompanhamento em Tempo Real,
Virtualização, Análise de Dados e Big Data, Robótica, Simulação, Sistemas de
Integração Vertical e Horizontal, Internet das Coisas (IoT), Cibersegurança,
Computação em Nuvem (Cloud Computing), Manufatura Aditiva e Realidade
Aumentada.

Figura 5 – Integração de processos à internet

Fonte: DE ALMEIDA, 2019, p.36.

Conforme De Almeida (2019), o primeiro fundamento, Acompanhamento em Tempo


Real, em conjunto com a análise dos dados da produção garantem uma maior
assertividade para os tomadores de decisões, além de permitir que o processo final
satisfaça as necessidades do cliente final. Para Quintino et al. (2019), a Quarta
Revolução Industrial é marcada pela integração digital da indústria e caracterizada
pelo conceito de fábrica inteligente, significando na língua inglesa por Smart Factory.

Outro fundamento mencionado pelo autor é a respeito da Virtualização, sob o conceito


da indústria 4.0 trata de monitoração remota dos processos de produção, o que evita
possibilidades de falhas, aumento da confiabilidade e aumento da eficiência do
23

caminho produtivo. Com a coleta de dados em tempo real, aumenta-se a velocidade


da tomada de decisões. Dentre as vantagens da virtualização, tem-se a
descentralização dos processos decisórios que propicia melhoria na produção, sendo
que os sistemas ciberfísicos tomam decisões com base em análise de dados,
independente de ação externa. Esse processo torna a tomada de decisão mais segura
e mais assertiva. Um outro fundamento é a Modularização que consiste na divisão do
sistema em partes, resultando na produção conforme a demanda, utilizando apenas
os recursos mínimos necessários para a execução de cada tarefa. Esse procedimento
potencializa a produção e economiza energia durante o processo.

O terceiro fundamento, segundo o autor, trata-se da Análise de Dados e Big Data que
envolve um grande volume de dados a serem trabalhados com o objetivo de
otimização dos processos, melhoria do consumo de energia e qualidade de produção
de produtos ou serviços. A análise e a gestão desse grande volume de dados têm um
papel fundamental no desempenho da empresa e devem ser mantidos em segurança.

Ainda, após o terceiro fundamento surge a Robótica que na Indústria 4.0, mesmo com
a flexibilidade no processo, são fundamentais para padronização e controle dentro da
cadeia produtiva. Podem ser programados para atuarem em diversas tarefas e sem a
necessidade de supervisão humana levando grande vantagem para trabalhos
repetitivos e exaustivos para pessoas envolvidas nesse processo.

O quinto fundamento para De Almeida (2019), trata-se da simulação de operações


que contribui para a minimização de erros e permite uma visão dos custos com
matéria-prima, processos de fabricação e tempo de manufatura. Assim, pode-se
entender por analogia a uma Instituição de segurança pública, que a simulação diz
respeito a área de treinamento antes do emprego real do profissional em atendimento
ao público nas diversas modalidades do portfólio de serviços.

Os Sistemas de Integração Vertical e Horizontal, sexto fundamento da base


tecnológica e digitais, na visão de Paulo Samuel de Almeida (2019), são integrados
aos processos de fabricação e a outros processos anteriores e posteriores em um
nível de transversalidade, além de permitir que todos os envolvidos tenham acesso a
24

uma plataforma única. Esses sistemas permitem uma maior harmonia em todo o
ecossistema automatizando as cadeias de valor.

Anteriormente à Indústria 4.0, diversas tecnologias não estavam interligadas e a partir


da conexão entre rede de objetos físicos, ambientes, veículos e máquinas por meio
de dispositivos eletrônicos, possibilitou a coleta e troca de informações, surgindo
assim o sétimo fundamento da indústria 4.0, a Internet das Coisas (Internet of Things
– IoT). A conexão dessas tecnologias através de protocolos de internet forjou a base
de sustentação do crescimento digital.

Toda a conectividade entre diversas áreas está sujeita a invasões e até mesmo falhas
e aí, entra em ação o oitavo fundamento descrito pelo autor, a Cibersegurança.

O nono fundamento, Computação em Nuvem, possibilita economia de tempo e


eficiência, uma vez que esse sistema de armazenamento de dados permite o acesso
de vários lugares tendo como requisito mínimo o uso de aplicativos para
compartilhamento reduzindo também o custo da operação.

A Manufatura Aditiva é o penúltimo fundamento abordado pelo autor, também


conhecida como impressão tridimensional (3D). Nesse fundamento ocorre a produção
de peças por meio de sobreposição de camadas de materiais seguindo as dimensões
programadas em um software de desenho orientado por computador. Com isso é
possível criar produtos personalizados, fabricação de protótipos, o que leva a redução
de custos em processos de construção de moldes para ferramentas constituídas de
materiais metálicos a serem empregadas de acordo com a sua finalidade.

O autor descreve o último fundamento como um dos pilares menos desenvolvidos da


indústria 4.0. A Realidade Aumentada, possui diversas aplicações e diferentes áreas
de conhecimento, a exemplo da educação e medicina. Por meio de instruções
enviadas via celular e até mesmo com o uso de óculos de realidade aumentada é
possível obter melhorias nos procedimentos de trabalho. Para Quintino et al. (2019),
a Indústria 4.0 possui nove pilares tecnológicos, sendo a computação em nuvem, a
internet das coisas, cibersegurança, realidade aumentada, Big Data, robótica
autônoma, Impressão 3D, simulação e integração de sistemas.
25

Pode-se concluir, portanto, que compreender a evolução histórica das revoluções


industriais e tecnológicas até os pilares da Indústria 4.0 auxiliará na implantação e no
gerenciamento de uma Instituição baseada nos conceitos inovadores para aplicação
em uma Polícia 4.0. A digitalização das informações ganha destaque dentro da quarta
revolução industrial. Outro fator importante é o benefício coletivo para quem adotar
esse novo conceito de indústria. Assim, a partir desse conhecimento passa-se a
trabalhar na próxima seção o histórico e tecnologias relacionadas ao
videomonitoramento.

3 VIDEOMONITORAMENTO

Neste capítulo serão apresentados conceitos de diferentes autores sobre tecnologias


que potencializam o emprego do videomonitoramento ao longo do tempo. As
tecnologias relacionadas ao vídeo monitoramento possibilitam uma série de
contribuições principalmente na área de segurança pública. Uma contribuição dentro
da sociedade contemporânea é no sentido de possibilitar uma vigilância patrimonial,
pessoal e de eventos de qualquer natureza a uma determinada distância. À medida
que novas necessidades do ser humano vão surgindo, novas tecnologias são
desenvolvidas e, voltando à questão da segurança pública em termos de prevenção
criminal, as novas tecnologias tornam as ações policiais mais efetivas, com mais
assertividade e economia de recursos financeiros, logísticos e humanos.

Segundo Bonamigo (2013) em seu estudo etnográfico que discute as tecnologias de


vigilância e controle como estratégia de gestão da violência com a instalação de
câmeras de monitoramento eletrônico, permitiu identificar uma ligação da violência
aos danos relacionados ao patrimônio público e privado com o emprego de novas
tecnologias balizadas com o foco de proteção, segurança e prevenção. O estudo
permitiu compreender e repensar práticas sociais e políticas públicas.

Levando em consideração os conceitos já apresentados sobre o assunto, pode-se


também entender que a vigilância através de nova tecnologia é fundamental para
adoção de medidas disciplinares para a ocorrência de crimes. Os estudos de Michel
Foucault sobre a Sociedade Disciplinar deixam claro a questão:
26

O exercício da disciplina supõe um dispositivo que obrigue pelo jogo do olhar;


um aparelho onde as técnicas que permitem ver induzem a efeitos de poder,
e onde, em troca, os meios de coerção tornem claramente visíveis aqueles
sobre quem se aplicam. [...] Ao lado da grande tecnologia dos óculos, das
lentes, dos feixes luminosos, unida à fundação da física e da cosmologia
novas, houve as pequenas técnicas das vigilâncias múltiplas e entrecruzadas,
dos olhares que devem ver sem ser vistos [...] (FOUCAULT, 1995, p.153-
154).

Vale ressaltar que o sistema de videomonitoramento tem um papel fundamental na


prevenção criminal e até mesmo na repressão qualificada da violência, iniciando com
a inibição de práticas delitivas pelo medo da punição e através de uma ferramenta de
focar as ações policiais na identificação de autoria delitiva e recuperação de bens
materiais furtados ou roubados. Avançando para o campo da identificação de
pessoas através de tecnologias mais avançadas com o emprego de Inteligência
Artificial pode-se chegar à prisão de criminosos procurados, pessoas desaparecidas
e antecipação de ações policiais na prevenção de delitos perpetrados por cidadãos
infratores contumazes.

Para Nunes et al. (2017), os constantes e contínuos avanços tecnológicos implicam


no aumento da necessidade de proteger as pessoas, os bens e recursos pessoais,
públicos ou privados. Através da biometria, que é uma área tecnológica que possibilita
identificar pessoas e realizar o controle de acessibilidade a locais e recursos, também
possibilita um avanço nos processos de vigilância, reconhecimento e identificação de
pessoas através de padrões faciais.

Segundo De Alves e Sabará (2015), iniciou-se em Belo Horizonte no ano de dois mil
e quatro a instalação de setenta e duas câmeras de monitoramento nos centros
comerciais, sendo expandida para outros municípios do Estado de Minas Gerais. Tais
câmeras passaram a fazer parte da vida dos cidadãos, sendo denominado “Projeto
Olho Vivo BH”. Isso foi possível devido uma parceria público-privada entre a Prefeitura
de Belo Horizonte, Secretaria de Estado de Defesa Social, Polícia Militar de Minas
Gerais e Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte, ocorrendo a partir desse
momento a assinatura de um convênio no mesmo ano de instalação e no ano seguinte
originando a criação de uma Lei Estadual que veio a disciplinar o uso de câmeras de
vídeo para fins de segurança. Divergindo do autor, consta no memorando nº 40307
(2016) que o primeiro sistema de videomonitoramento da Polícia Militar de Minas
Gerais em Belo Horizonte surgiu na forma de um projeto piloto implantado no Bairro
27

Savassi. Essa implantação ocorreu na segunda quinzena do mês de dezembro do ano


de dois mil e dois. Somente em treze de dezembro do ano de dois mil e quatro ocorreu
a implantação de setenta e duas câmeras na área do 1º Batalhão da Polícia Militar
Mineira, recebendo a denominação de “Olho Vivo”.

Assim, toma-se como principais autores com conteúdo relacionado ao vídeo


monitoramento e inteligência artificial, Stuart Jonathan Russel, Peter Norvig e Hebert
Alexander Simon, cujo conceito de evolução histórica constitui elemento central deste
trabalho associado à qual caminho a PMMG está querendo chegar dentro das novas
tecnologias estudadas. Stuart Jonathan Russel e Peter Norvig tratam de raciocínio
sobre incertezas, aprendizagem, redes neurais, linguagem natural, visão, robótica,
teoria da aprendizagem computacional e aprendizagem por reforço. Hebert Alexander
Simon fez contribuições básicas para a área de inteligência artificial, processamento
de informações, tomada de decisão, sistemas complexos e propôs a teoria da
racionalidade limitada. Outros autores serão estudados ao longo da pesquisa, na
tentativa de promover uma análise mais aprofundada das variáveis relacionadas às
novas tecnologias visando potencializar o seu emprego.

Faz-se necessário, portanto, entender os conceitos relacionados ao


videomonitoramento, suas transformações, a situação tecnológica atual e a tendência
de evolução dentro da Polícia Militar de Minas Gerais, pois a análise histórica e da
evolução tecnológica possibilitará uma maior compreensão da importância de todo o
contexto e será capaz de potencializar o emprego do vídeo monitoramento dentro da
instituição. Estudar as novas tecnologias capazes de potencializar o emprego do vídeo
monitoramento permitirá vislumbrar novas alternativas capazes de promover a
sustentabilidade e efetividade no trabalho de prevenção criminal e de repressão
qualificada da violência.

Segundo o previsto no artigo 57 da resolução 4726 (2018), o sistema de


vídeomonitoramento (SVM) é definido por “[...] aplicação da tecnologia de câmeras de
monitoramento utilizada pelo policiamento para a monitoração de logradouros
públicos [...]”.
28

O artigo 128 do mesmo dispositivo, traz um outro conceito de sistema que é o sistema
privado de vídeomonitoramento (SPVM). Assim, é possível dizer que uma outra
vertente surge com a busca de parcerias com municípios em prol da segurança
pública. Portanto, surge uma forma de potencializar o vídeomonitoramento sem a
necessidade de maiores investimentos por parte do Estado, respeitadas as
especificações técnicas dos equipamentos definidas pela DTS.

Junto com a evolução tecnológica em relação ao vídeomonitoramento, surge a


necessidade de regulamentação do funcionamento dos sistemas na PMMG. O quadro
a seguir lista os principais documentos que regulam o funcionamento dos sistemas de
vídeomonitoramento na PMMG.

Quadro 1 – Principais documentos que regulam o videomonitoramento na PMMG.

Documentos Descrição

Lei 15.435/05 Disciplina a utilização de câmeras de


vídeo para fins de segurança. Uso das
câmeras pela PMMG

Memorando nº 40.306/16 Procedimentos para a instalação de


câmeras para segurança de
aquartelamentos

Memorando nº 40.307/16 Procedimentos para a instalação de


sistemas de vídeomonitoramento

Resolução 4726/18 Disciplina o emprego e a utilização dos


equipamentos, serviços e infraestrutura
de telecomunicações na PMMG

Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de informações coletadas durante as entrevistas na DTS, 2021.
29

A situação tecnológica atual do parque de vídeomonitoramento é descrita nas


imagens a seguir que foram coletadas na visita realizada na DTS em vinte e um de
setembro de dois mil e vinte e um.

No interior do Estado, o vídeomonitoramento possui câmeras com tecnologia


analógica e digital, totalizando oitocentas e trinta e duas câmeras. O sistema
analógico, por apresentar uma tecnologia antiga em relação ao digital, tende a
desaparecer, conforme é possível inferir em relação aos dados dispostos na figura 6.

Figura 6 – Distribuição do vídeomonitoramento no interior do Estado de MG

Fonte: DTS, 2021.

As câmeras analógicas instaladas no interior do Estado representam 17.31 pontos


percentuais do total de 832 câmeras instaladas, ao passo que o sistema digital
representa 82.69 por cento desse total. Visualmente, é possível inferir que a partir do
momento em que convênios forem firmados junto às prefeituras contribuirá para uma
30

potencialização do videomonitoramento, visto que ainda temos uma quantidade


elevada de municípios para expansão, conforme a distribuição espacial apresentada.

A figura 7 representa as instalações de videomonitoramento na cidade de Belo


Horizonte e a distribuição espacial dos sistemas, totalizando 794 sistemas de
vidomonitoramento.

Figura 7 – Distribuição do vídeomonitoramento em Belo Horizonte

Fonte: DTS, 2021.

Conforme apresentado ao longo deste capítulo, foi possível perceber alguns conceitos
sobre o vídeomonitoramento, o atual cenário do parque tecnológico na capital do
Estado e no interior. Assim, é possível perceber a importância de conhecer a respeito
do vídeomonitoramento, as normas mais recentes que tratam do assunto, os sistemas
envolvidos, a exemplo do que será estudado na seção seguinte, o sistema Hélios.
31

3.1 Sistema Hélios na PMMG

De acordo com a etimologia da palavra, o nome Hélio tem origem no grego Hélios,
que quer dizer literalmente “sol” e era representado por um jovem com a cabeça
adornada por uma coroa de raios dourados, e que conduzia sua carruagem com
quatro cavalos em torno da Terra. (RODEGHIERO, 2014, p.23).

Para Martins (2018, p. 4), o sistema Hélios recebe a seguinte definição:

O Hélios é um sistema desenvolvido pela Polícia Militar de Minas Gerais que


recebe dados e imagens de veículos que transitam por vias públicas e
privadas, incluindo suas placas de identificação, comparando-as com um
banco de dados de irregularidades e emitindo alertas aos policiais militares
[...].

A partir de um conjunto de softwares elaborado pela Seção de Desenvolvimento do


Centro de Tecnologia e Sistemas, utilizando-se de linguagens de programação
modernas como Java1 e Node JS2, tem por objetivo a recepção de imagens de
veículos e suas respectivas placas de identificação contendo dados alfanuméricos de
captura. A partir desse momento, os caracteres obtidos das placas identificadas são
comparados com o banco de dados e tem como resultado a emissão de alerta de
veículos furtados, roubados ou que tenham impedimentos.

1
Java é uma tecnologia usada para desenvolver aplicações que tornam a Web mais divertida e útil.
Difere do javascript, que é uma tecnologia simples usada para criar páginas Web e só é executado
no seu browser.
2
Node JS é caracterizado como um ambiente de execução Javascript. Com ele, o usuário pode criar
aplicações sem depender do browser para isso. Possui alta capacidade de escalabilidade, boa
flexibilidade, arquitetura e baixo custo, torna-se uma ótima opção para programação.
32

A Figura 8 ilustra alertas de veículos nas últimas 24 horas a partir do acesso do


operador do sistema com suas respectivas placas e cores. O sistema possibilita
pesquisa de veículos por meio da inserção dos caracteres das placas e modelo em
um determinado intervalo de data/hora. Ainda, o operador do sistema pode cadastrar
veículos roubados inserindo os caracteres alfanuméricos, modelo, ano, cor e
observações importantes que contribuirão para a identificação e abordagem policial.

Figura 8 – Página Inicial de Alerta do Sistema Hélios

Fonte: Sistema Hélios. Acesso em 18 de agosto de 2021.

O sistema Hélios está liberado para receber as imagens dos veículos capturados
durante as passagens por locais que possuem câmeras dotadas de tecnologia de
reconhecimento automático de caracteres.

Os alertas emitidos durante as detecções incluem sinalizações de roubo, furto,


pendências administrativas previstas no Código de Trânsito Brasileiro (CTB),
impedimentos ou restrições judiciais, uso presumido em atividades ilícitas (depende
de cadastro prévio) e condução presumida por um suspeito (depende de cadastro
prévio). O sistema também permite consultas a registros históricos de detecção e
identificação de rotas por locais onde as câmeras interligadas à plataforma do Hélios
foram instaladas.
33

A integração entre veículos, computadores, conectividade com a internet e câmeras


dotadas da tecnologia OCR é um fator decisivo na prevenção e repressão qualificada,
o que pode potencializar os resultados.

Por meio de um trabalho desenvolvido entre a Prefeitura Municipal da cidade de


Conselheiro Lafaiete e a polícia militar, representada localmente pelo trigésimo
primeiro batalhão, a empresa que faz o gerenciamento do estacionamento rotativo
digital integrou as câmeras do veículo de fiscalização nas vias públicas ao sistema
Hélios da PMMG. A medida permite que sejam emitidos alertas em tempo real de
veículos produtos de crimes, além de acusar irregularidades com a documentação. A
figura 9 apresenta o veículo com as câmeras acopladas na foto à esquerda e o
momento de uma fiscalização.

Figura 9 – Veículo do rotativo digital de Conselheiro Lafaiete integrado ao Hélios

Fonte: Adaptado pelo autor a partir de imagens obtidas junto a DTS, 2021.

Atualmente, encontra-se em fase de testes na DTS uma viatura dotada de um sistema


de vídeomonitoramento com câmera OCR, integrada a um computador portátil com
conexão à internet na rede móvel 4G por meio de quatro antenas. A viatura participa
de blitzen para otimizar as fiscalizações por parte da polícia militar de trânsito
rodoviário. A figura 10 representa a viatura da DTS com a tecnologia embarcada,
aproximando cada vez mais a tendência de uma polícia 4.0.
34

Figura 10 – Viatura da DTS com câmera OCR integrada ao Hélios

Fonte: Adaptado pelo autor a partir de imagens coletadas na DTS, 2021.

Com base no que foi tratado a respeito do sistema Hélios ao longo deste tópico, surge
uma tecnologia muito importante, a tecnologia OCR, que é primordial para as demais
etapas do processo e esse conceito será desenvolvido na subseção seguinte.
35

3.2 A tecnologia OCR

Segundo Martins (2018), para que ocorra o processo de identificação das placas, os
veículos passam por um estágio dentre os diferentes processos de detecção, sendo,
detecção por laço indutivo, detecção por magnetômetro, detecção por emissão de
ondas eletromagnéticas ou detecção por câmeras de vídeo.

Assim, a partir de um dos citados tipos de sensores ocorre o princípio do processo de


ativação dos demais caminhos que serão percorridos com a captura da imagem,
transmissão e processamento em um servidor até chegar na interface de usuário.

O conceito de OCR foi definido por Shinde e Chougule (2012, p.1, tradução nossa 3)
como “O reconhecimento óptico de caracteres (OCR) é uma conversão de imagens
de texto digitalizadas ou impressas, texto manuscrito em texto editável para
processamento posterior ”.

A vantagem da tecnologia OCR é que permite uma máquina, no caso um computador,


reconhecer um texto automaticamente formando uma combinação perfeita entre olho
e mente do corpo humano. O olho humano trabalha em sintonia com os processos
cerebrais para interpretar o texto extraído a olho nu. Em 1955, o primeiro sistema
comercial foi instalado e utilizava o OCR para inserir o relatório de vendas em um
computador.

A partir daí o método OCR ganhou utilidade em informatizar os documentos físicos de


escritórios. Com o passar do tempo, as aplicações de OCR foram se diversificando
em extração de texto de imagens de cenas naturais, matrículas, dentre outras
aplicações.

3
Optical character Recognition (OCR) is a conversion of scanned or printed text images, handwritten
text into editable text for further processing.
36

Para Thomas Deselaers et al. (2012) o sistema OCR pode ser utilizado para
reconhecer caracteres manuscritos, assim as tecnologias que utilizam o OCR
proporcionaram um avanço considerável na automatização de processos com maior
velocidade e eficiência se comparado com o trabalho desenvolvido pelo ser humano.
Pode-se concluir, portanto, que os sistemas que utilizam a tecnologia de
reconhecimento automático de caracteres aumentam a capacidade de identificação
de placas veiculares para aplicação na segurança pública. A Figura 11 mostra o
momento exato da captura da placa de um veículo ao passar em um local onde existe
uma câmera com tecnologia OCR, possibilitando ao algoritmo o processamento dos
caracteres e a realização da comparação em um banco de irregularidades.

Figura 11– Sistema de Captura de Placas Veiculares

Fonte: Sistema Hélios. Acesso em 29 de agosto de 2021.

Uma vez discutidos alguns dos principais conceitos que envolvem o reconhecimento
ótico de caracteres, passa-se a discussão a um conceito não menos importante e que
certamente contribuirá para o alcance da efetividade das ações dos agentes públicos
guiados por agentes tecnológicos inteligentes alicerçados no campo da inteligência
artificial.
37

4 INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL

A espécie humana há milhares de anos busca compreender a importância da


inteligência e de que forma esse processo funciona, como o pensamento é realizado,
de que forma é possível perceber o ambiente, alterá-lo, realizar previsões e interagir
com o universo. Tamanha é a importância da inteligência que o ser humano assim se
definiu como espécie Homo sapiens, que significa homem sábio.

Uma das principais contribuições para a inteligência artificial surge com uma pesquisa
pioneira no processo de tomada de decisão em organizações econômicas. A criação
de novas metodologias a partir da determinação de simulação de computador, levou
aos estudos de ciência da computação, tornando Herbert Alexander Simon um dos
fundadores da inteligência artificial.

A pesquisa de Simon possui natureza interdisciplinar e abrange uma série de campos


que vão desde a ciência cognitiva, ciência da computação, administração, gestão e
ciência política. Simon foi um dos pioneiros da inteligência artificial, processamento
de informações, tomada de decisões, solução de problemas, teoria organizacional e
sistemas complexos (análise da arquitetura de complexidade).

Segundo Simon (1957, p. 150), a respeito da teoria da racionalidade limitada:

[...] Para as criaturas de racionalidade limitada que somos, isso é afortunado.


Se nossas decisões dependessem igualmente de seu controle remoto e
consequências imediatas, nunca poderíamos agir, mas estaríamos para
sempre perdidos no pensar. Ao aplicar um fator de desconto pesado a
eventos, atenuando-os com seu afastamento no tempo e no espaço,
reduzimos nossos problemas de escolha a um tamanho compatível com
nossas capacidades de computação limitadas. [...]. Nossa miopia não é
adaptativa, mas sintomático dos limites de nossa adaptabilidade. É uma das
restrições sobre adaptação pertencente ao ambiente interno.

O autor descreve em sua obra que as ferramentas de procedimentos baseadas em


racionalidade requerem um exame mais aprofundado em relação ao funcionamento
da mente humana, levando assim, ao estudo de resolução de problemas e arquitetura
cognitiva geral, memória e processos de aprendizagem.
38

Para Russell e Norvig (2013, p.24), o “campo da inteligência artificial, ou IA, vai ainda
mais além: ele tenta não apenas compreender, mas também construir entidades
inteligentes“.

O termo inteligência artificial surgiu após a Segunda Guerra Mundial, recebendo essa
denominação no ano de 1956 e é um termo muito abrangente com subcampos que
variam de níveis mais gerais, a exemplo de processos de aprendizagem e percepção,
além de tarefas mais específicas.

A inteligência artificial é abordada por diversos autores cujas definições abarcam


conceitos referentes ao comportamento até os processos de pensamento e raciocínio.
Tais definições serão tratadas na subseção seguinte.

4.1 Principais conceitos sobre inteligência artificial

Para Haugeland, (1985) a Inteligência Artificial (IA) refere-se ao “o novo e interessante


esforço para fazer os computadores pensarem (...) máquinas com mentes, no sentido
total e literal.”. Já para Bellman, 1978) a IA é uma “Automatização de atividades que
associamos ao pensamento humano, atividades como a tomada de decisões, a
resolução de problemas, o aprendizado...”. Pode-se entender com base no que os
autores afirmam sobre o assunto que a IA está relacionada aos processos de
pensamento humano.

Segundo Charniak e McDermott (1985) IA é “o estudo das faculdades mentais pelo


uso de modelos computacionais.”. Para Winston (1992) é “O estudo das computações
que tornam possível perceber, raciocinar e agir.”. Os autores definem a IA pensando
como um ser humano.

A IA para Kurzweil (1990) é “a arte de criar máquinas que executam funções que
exigem inteligência quando executadas por pessoas”. Rich e Knight (1991) definem a
IA como “o estudo de como os computadores podem fazer tarefas que hoje são melhor
desempenhadas pelas pessoas”. Para os autores, a IA aborda a questão do agir como
seres humanos.
39

Definida por agir racionalmente, a IA é abordada por Poole et al. (1998) no sentido de
que a “inteligência computacional é o estudo do projeto de agentes inteligentes”. No
mesmo campo de agir racionalmente, Nilsson (1998) define a “AI está relacionada a
um desempenho inteligente de artefatos”.

Diante de uma abordagem voltada para a identificação se um computador apresenta


requisitos de aceitabilidade quanto à inteligência apresentada há uma necessidade de
comprovação por meio de um teste. Segundo Russel e Norvig (2013), o computador
será submetido a uma prova definida como o teste de Turing e precisaria ter a
capacidade de processamento de linguagem natural, representação de
conhecimento, raciocínio automatizado, aprendizado de máquina, visão
computacional e robótica. Tais fatores seriam comprovadamente satisfeitos se um
computador ao ser interrogado por um humano através de perguntas por escrito não
fosse identificado por esse humano se a origem das respostas é proveniente de um
ser humano ou de uma máquina. Assim, ficaria evidente a predominância do agir de
forma humana, o que não é nada fácil realizar a programação devido ao alto grau de
complexidade e associação das capacidades já citadas.

O quadro a seguir retrata as capacidades necessárias para que um computador tenha


condições de passar no teste de Turing.
40

Quadro 2 - Capacidade de um Computador segundo o teste de Turing. 2013

Capacidades Finalidade

Processamento de linguagem natural Comunicação em um idioma natural

Representação de conhecimento Armazenamento do conhecimento


existente ou os sons que ouve

Raciocínio automatizado Utilização de informações armazenadas


para responder perguntas e chegar a
novas conclusões

Aprendizado de máquina Capacidade de adaptabilidade a novas


situações e de detectar e extrapolar
padrões

Visão computacional Percepção de objetos

Robótica Manipulação de objetos e movimentação


do robô
Nota: Para o teste de Turing total serão necessários para a aprovação a capacidade de visão
computacional e robótica.

Fonte: Elaborado pelo autor, a partir da obra de Russel e Norvig, 2013

Conclui-se com as capacidades apresentadas em relação ao teste de Turing que o


robô deve possuir inúmeros sensores, atuadores, processadores e um algoritmo
complexo e de nível muito avançado. Portanto, devido à relevância do teste de Turing
ainda é aplicado até os dias atuais.

Outros conceitos não menos importantes relacionados à IA passam pelo pensamento


de forma humana - cognição, pensamento racional – pensar com lógica, agir
41

racionalmente – fazer de forma apropriada dentro de uma racionalidade perfeita e


lidando com uma racionalidade limitada (RUSSEL; NORVIG, 2013).

Segundo Russel e Norvig (2013), várias disciplinas possibilitaram uma série de


contribuições para a inteligência artificial, sendo a filosofia, a matemática, a economia,
a neurociência, a psicologia, a engenharia de computadores, a teoria de controle e
cibernética e a linguística. Sem sombra de dúvidas, foram uma série de contribuições
para a IA tendo esta se consolidado a partir do ano de mil novecentos e cinquenta e
seis, passando por altos e baixos até o seu pleno desenvolvimento na década dos
anos noventa com o surgimento de agentes inteligentes até atingir o estado da arte
nos dias atuais.

Assim, a partir da década de noventa até a atualidade, várias aplicações surgiram a


exemplo de veículos robóticos, reconhecimento de voz, planejamento autônomo e
escalonamento, jogos, combate ao spam, planejamento logístico, robótica, tradução
simultânea, reconhecimento facial, dentre outras aplicações, alicerçadas no trinômio
ciência, engenharia e matemática (RUSSEL; NORVIG, 2013).

Uma vez discutidos os principais conceitos relacionados aos agentes inteligentes nas
abordagens inerentes ao pensar e ao agir para máquinas, passa-se à discussão sobre
o relacionamento entre as novas tecnologias e a inteligência artificial.
42

4.2 Relação entre as novas tecnologias e a inteligência artificial

O Uso de tecnologias que utilizam os recursos de reconhecimento óptico de


caracteres devido à presença de um algoritmo de inteligência artificial, responsável
por analisar as imagens e identificar a placa dos veículos somados ao processo de
comparação das informações em um banco de irregularidades, devem ser capazes
de trabalhar com uma gama elevada de dados e informações para produzir um
resultado com um desempenho aceitável.

Atualmente, a IA possui uma série de aplicações a exemplo de veículos robóticos,


reconhecimento de voz, planejamento autônomo e escalonamento, jogos,
planejamento logístico, robótica e tradução automática (RUSSELL; NORVIG, 2013).

Partindo para o foco do presente estudo, Martins (2018) define as principais


tecnologias utilizadas para o reconhecimento óptico de caracteres, conforme o quadro
a seguir.

Quadro 3 – Definição das principais tecnologias de detecção veicular utilizadas no


OCR para leitura automática de placas

Tecnologia Definição dos sensores

Detecção por laço indutivoCondutor metálico instalado na via para detectar a


variação na tensão quando da passagem de um
corpo ferromagnético
Detecção por magnetômetro Detecção de perturbação no campo magnético
quando da passagem de um veículo na via
Detecção por emissão de Radar que emite e detecta ondas magnéticas
ondas eletromagnéticas refletidas por um veículo. Não é intrusivo e é
utilizado ao lado da linha de interesse.
Detecção por câmeras de Utiliza recursos de análise inteligente de vídeo que
vídeo detecta a intrusão veicular; Análise de cada
quadro do vídeo em busca de placas, via OCR,
conforme algoritmos específicos.
Fonte: Elaborado pelos autores a partir de MARTINS (2018).
43

Visando proporcionar um melhor entendimento sobre as principais tecnologias


descritas no Quadro 1, a Figura 12 ilustrará cada material utilizado na detecção
veicular.

Figura 12 – Imagem das principais tecnologias de detecção veicular

Legenda: a) Laço indutivo


b) Magnetômetro
c) Radar manual
d) Câmera OCR

Fonte: Adaptado pelo autor a partir de MARTINS (2018).

A arquitetura básica do sistema Hélios é descrita por Martins (2018) da seguinte forma:

[...] O parceiro público ou privado envia as imagens e dados alfanuméricos


em um formato técnico específico definido pelo CTS [...], precedidos por uma
chave de segurança criptografada, também disponibilizada pelo referido
Centro. Cada parceiro possui sua própria chave. O Hélios possui uma
interface de comunicação para disponibilizar acesso aos parceiros, de
maneira que eles transmitam os dados de captura. [...]

Surge assim a possibilidade de envio de imagens por parte de parceria pública e


privada, o que abre aumenta consideravelmente a quantidade de possibilidades de
expansão do sistema em todo o Estado de Minas Gerais, resguardadas as devidas
capacidades dos servidores de armazenamento de dados e informações para
consulta por parte dos policiais militares durante as diversas fiscalizações de trânsito
ou necessidades diversas relacionadas ao serviço de prevenção criminal e de
repressão qualificada dos furtos e roubos de veículos.
44

A partir da Figura 13, percebe-se a possibilidade de mobilidade com o uso de


aparelhos celulares com acesso à internet, o que é realizado com os alertas recebidos
do sistema Hélios via aplicativo QApp4.

Figura 13 – Ilustração da arquitetura do sistema Hélios

Fonte: Adaptado pelo autor a partir de MARTINS (2018).

4
Aplicativo para dispositivos móveis como smartphones e tablets, desenvolvido pelo Centro de
Tecnologia e Sistemas (CTS), que congrega uma série de funcionalidades implementadas para facilitar
o exercício das atividades operacionais da PMMG, tais como: consultas sobre veículos e celulares
roubados ou furtados, indivíduos envolvidos em ocorrências policiais, envio de mensagens e gestão do
emprego operacional.
45

Segundo Martins (2018), no ano de 2017 foram analisadas durante um período


selecionado pelo Batalhão de Trânsito da Polícia Militar de Minas Gerais, operações
com a utilização do sistema Hélios, resultando em comprovação da praticidade e
eficiência quanto ao emprego nas atividades de policiamento de trânsito. A operação
teve um resultado extraordinário quando comparado com as operações que não
utilizaram o sistema Hélios. Os resultados envolveram aumento de autuações de
motoristas com veículos irregulares e aumento nas apreensões. Ainda, outro
desempenho satisfatório foi em relação à detecção de veículos roubados e furtados
pelas câmeras do sistema de videomonitoramento do 34º BPM no período de
01.01.2018 – 24.05.2018 com uma variação máxima de 3000 pontos percentuais na
comparação entre uma câmera instalada no cruzamento das avenidas Antônio Carlos
e Santa Rosa (4,98 detecções diárias) e a câmera instalada no cruzamento da
primeira avenida com a rua Major Delfino de Paula (155,6 detecções).

Durante o período de Carnaval do ano de dois mil e vinte na cidade de Belo Horizonte,
a DTS realizou um teste de reconhecimento facial com software integrado a uma
câmera do vídeomonitoramento. O equipamento cedido pelo fabricante para testes foi
instalado na viatura técnica da DTS, sendo estrategicamente posicionada em uma
entrada na Praça da Estação (Figura 14).

Figura 14 – Viatura técnica da DTS posicionada no evento de Carnaval

Fonte: DTS, 2021.


46

A funcionalidade do sistema para reconhecimento facial testado no Carnaval do ano


de dois mil e vinte foi confirmado a partir da inserção de dados dos indivíduos com
mandado de prisão e foto dos militares participantes do teste. O processo analítico
realizou a comparação das imagens capturadas pela câmera com a imagem do banco
de dados (Figura 15).

Figura 15 – Processo de comparação utilizando programa de IA

Fonte: DTS, 2021.

Com base nos testes realizados com o programa de inteligência artificial, verificou-se
que mais de uma centena de indivíduos foram abordados, contudo após as
abordagens e confirmações das identidades no sistema Sistema Integrado de Gestão
Prisional (SIGPRI), constatou-se apenas se tratar de pessoas com características
semelhantes.

Os testes realizados indicaram que um banco de dados com muitas fotos acusaram
muitos alarmes falsos, ao passo que em um banco de dados com poucas fotos
indicaram resultados mais certos.

Assim, torna-se cada vez mais relevantes os testes utilizando vários programas de
empresas diferentes, banco de dados com capacidades distintas e até mesmo
equipamentos variados.
47

É possível dizer, portanto, que uma série de fatores podem definir o grau de
confiabilidade nos produtos oferecidos no mercado, a exemplo das tecnologias
empregadas, do algoritmo utilizado, das variáveis relacionadas ao posicionamento
das câmeras, condiçoes do ambiente, dentre outros fatores.

Atualmente, várias empresas realizam testes com programas de inteligência artificial,


o que necessita de um pré-cadastramento de imagens faciais para que entre em cena
a etapa comparativa pelo programa analítico. A figura seguinte exemplifica um teste
realizado no aeroporto de Confins iniciado no mês maio de dois mil e vinte e um.

Figura 16 – Reportagem sobre teste de reconhecimento facial no aeroporto de


Confins/MG

Fonte: JORNAL ESTADO DE MINAS, 2021.

Conforme apresentado ao longo desta subseção, foi possível perceber as nuances


ligadas às novas tecnologias e o seu relacionamento com a IA. Assim, é possível ter
uma visão geral, de modo a dar suporte à análise pormenorizada dos resultados
alcançados, que é o foco de análise do presente estudo, permitindo assim, uma
discussão dos resultados.
48

5 PERCURSO METODOLÓGICO

Para fins de efetividade durante o desenvolvimento dos objetivos específicos, o


presente estudo tem como base uma pesquisa exploratória e descritiva.

Para Antônio Carlos Gil (2008, p. 27), pesquisas exploratórias:

[...] são desenvolvidas com o objetivo de proporcionar visão geral, de tipo


aproximativo, acerca de determinado fato. [...] é realizado especialmente
quando o tema escolhido é pouco explorado e torna-se difícil sobre ele
formular hipóteses precisas e operacionalizáveis.

Segundo Köche (2002), na pesquisa exploratória se trabalha com o levantamento da


presença das variáveis e caracterização qualitativa ou quantitativa. É um tipo de
pesquisa que possui grande utilização, principalmente nas ciências sociais. Ainda, o
autor descreve outro tipo de pesquisa, a descritiva, que recebe outras denominações,
não-experimental ou ex post facto, responsável por estudar a relação entre duas ou
mais variáveis de um fenômeno específico, contudo, sem manipulá-las. A pesquisa
descritiva avalia e constata as relações entre as variáveis ao passo que surgem
espontaneamente nas condições pré-existentes.

Gil (2008) define a pesquisa descritiva como um objeto primordial moldado na


descrição das características de determinada população, fenômeno ou o
estabelecimento de relações entre variáveis. A Característica mais significativa utiliza-
se técnicas padronizadas de coleta de dados. Também está presente na pesquisa
descritiva objetivos em levantar opiniões, atitudes e crenças de uma população. Outra
característica está ligada na existência de associações entre variáveis, podendo em
alguns casos determinar a natureza dessa relação. Nesse sentido, a pesquisa
descritiva aproxima-se da pesquisa exploratória proporcionando uma visão
diferenciada do problema.
49

De acordo com Rodrigues et al. (2016, p. 53), uma pesquisa exploratória:

Constitui-se numa pesquisa preliminar, cujo principal objetivo é buscar


informações sobre determinado assunto ou descobrir um tema para estudo.
Através da pesquisa exploratória podemos, também, delimitar um tema,
definir os objetivos ou formular as hipóteses de uma pesquisa. Ela é
considerada por alguns autores como um estudo inicial para realização de
outro tipo de pesquisa [...] realizar uma pesquisa bibliográfica para elaborar
uma hipótese de pesquisa.

Para o mesmo autor, consoante com Gil (2008), em uma pesquisa descritiva ocorre o
estabelecimento de relações entre variáveis ou até mesmo descrever fenômenos.

Vieira (2010, p. 47), descreve a pesquisa exploratória como uma pesquisa de base
que:

[...] é de caráter não tão profundo e levanta dados e problemas que podem
vir a servir de apoio para pesquisas futuras mais avançadas. [...] A pesquisa
exploratória é muito útil, em primeiro lugar, para fazer com que algum tema
até então desprezado ganhe relevância dentro de uma determinada área do
conhecimento e, por isso, deve ser respeitada como qualquer outro tipo de
pesquisa.

Na pesquisa descritiva, segundo o autor, é comumente confundida por estudantes em


relação à pesquisa explicativa, considerando que as duas geralmente se preocupam
em relacionamento de variáveis. A primeira dá um passo além da mera explicação,
todavia, não chega ao ponto de dar uma explicação para um fenômeno específico. Na
descritiva há uma relação entre as variáveis objeto de estudo.

Pode-se concluir, portanto, que quanto aos objetivos da pesquisa, existe uma
coerência entre as classificações adotadas na presente monografia no sentido de
realizar um estudo de um objeto que ainda não tem um volume de conhecimento sobre
ele, relacionando variáveis que vão de encontro aos avanços tecnológicos exigidos
para a indústria 4.0.

O tema abordado no presente estudo acadêmico, tomando por base o atual cenário
Institucional, ganha força a cada dia no caminho da relevância tecnológica,
racionalidade dos recursos humanos e logísticos, conforme é evidenciado nos
objetivos estratégicos da PMMG.
50

O presente trabalho acadêmico adota-se como metodologia uma abordagem


qualitativa e quantitativa baseada em um estudo comparativo do conteúdo das obras
de diferentes autores, em uma revisão bibliográfica e documental que permita um
maior aprofundamento sobre o tema da pesquisa, além da realização de entrevistas
ao corpo técnico da Diretoria de Tecnologias e Sistemas da PMMG, onde são
pensadas e analisadas diversas soluções tecnológicas para a resolução de problemas
e otimização de ferramentas relacionadas ao vídeo monitoramento na PMMG.

Para Köche (2002, p. 126), “Na pesquisa exploratória não se trabalha com a relação
entre variáveis, mas com o levantamento da presença das variáveis e da sua
caracterização quantitativa ou qualitativa”. Para o autor “A revisão bibliográfica deve
ser atualizada e englobar a análise das obras básicas relacionadas ao problema
investigado”. Com base em Rodrigues et al. (2016, p. 55), quanto à abordagem, uma
pesquisa pode ser classificada em quantitativa e qualitativa. Na qualitativa “É utilizada
para investigar um determinado problema de pesquisa, cujos procedimentos
estatísticos não podem alcançar devido à complexidade do problema”. Os exemplos
mais característicos estão relacionados às opiniões, comportamentos e atitudes dos
indivíduos ou grupos.

Gil (1999, p. 55), trata algumas classificações quanto à obtenção de informações, a


exemplo da pesquisa documental que ocorre quando é elaborada a partir de materiais
que não receberam tratamento analítico. A presente pesquisa científica aborda
documentos relevantes para a análise tecnológica com vistas a potencializar o
emprego do videomonitoramento.

A pesquisa documental é abordada por Godoy (1995) como uma das três
fundamentais no que diz respeito às pesquisas qualitativas. Guarda semelhanças com
a pesquisa bibliográfica, uma vez que em ambas há extração de informações de
documentos impressos ou eletrônicos podendo ser trabalhadas com o objetivo de
enriquecer a argumentação na pesquisa científica tratada.

Ainda, o desenvolvimento da presente pesquisa científica será realizado a partir de


publicações relacionadas aos conceitos chave de análise com base em dados
secundários.
51

A revisão de literatura é realizada por meio de fontes primárias e na bibliografia


secundária onde são registrados os relatos e resultados pesquisados relacionados ao
problema investigado. Com isso, é possível organizar as ideias relevantes produzidas
por outros autores (KÖCHE; 2002).

Assim, é possível notar a importância do percurso metodológico abordado no presente


estudo como fator norteador e delimitador dos trabalhos desenvolvidos para que ao
final possa contribuir para uma visão prospectiva dentro do cenário da segurança
pública e suas tendências tecnológicas a serem alcançadas.
52

6 COLETA E ANÁLISE DE DADOS

A presente seção tem como foco discorrer sobre os resultados no decorrer da


pesquisa científica. Tal abordagem é necessária para que o processo evolutivo do
emprego das novas tecnologias alcance um patamar de efetividade na prevenção e
repressão qualificada aos crimes no Estado.

Em relação à pesquisa documental, analisa-se a documentação normativa atinente


ao vídeomonitoramento e quanto às tecnologias ligadas à sua essência e
aprimoramento.

Objetivando o enriquecimento da pesquisa científica, além da análise bibliográfica e


documental, utiliza-se a técnica de entrevista aplicada ao corpo técnico da Diretoria
de Tecnologia e Sistemas, sendo delimitado aos engenheiros e profissionais
detentores de conhecimentos e experiências relacionadas aos projetos, estudos,
pesquisas e implementações tecnológicas ao vídeomonitoramento. A delimitação
abrange ainda a visão, a experiência e conhecimento estratégico do Diretor de
Tecnologia e sistemas, materializado em forma de entrevista para uma melhor
compreensão da visão prospectiva relacionada ao tema proposto.

O quadro 4 apresenta o perfil profissional dos entrevistados da DTS. Verifica-se a


existência de formação técnica, estratégica e até mesmo grande experiência nas
seções trabalhadas ou atuais. Portanto, conclui-se que os perfis profissionais dos
entrevistados convergem no sentido de contribuir para o estudo das principais
tecnologias capazes de potencializar o emprego do vídeomonitoramento na PMMG.

Tanto o conhecimento técnico dos profissionais da DTS quanto a visão estratégica,


associados à análise bibliográfica e documental possibilitam analisar o atual parque
tecnológico utilizado no sistema de vídeomonitoramento e conhecer a tendência do
vídeomonitoramento na Instituição.
53

Quadro 4 – Perfil profissional dos entrevistados

Entrevistado Formação Tempo na função Tempo na função


atual anterior

E1 Engenheiro 9 meses 8 anos


Eletricista

E2 CEGESP 9 meses -

E3 Engenheiro 14 anos -
Eletricista

E4 Engenheiro 2 anos 8 anos


Eletricista

Legenda: E1: Entrevistado 1; E2: Entrevistado 2; E3: Entrevistado 3; E4: Entrevistado 4.


Nota: O ‘-‘ representa dado não disponível.
Fonte: Elaborado pelo autor, a partir das entrevistas realizadas.

O vídeomonitoramento iniciou em Belo Horizonte no ano de dois mil e quatro, com a


instalação de câmeras analógicas segundo o entrevistado 1. No entanto, até os dias
atuais, ainda existem câmeras com tecnologia antiga e com o passar do tempo são
substituídas por tecnologia digital, conforme constata-se na figura 6, que retrata a
distribuição do vídeomonitoramento no interior do Estado de MG.

Em dois mil e quatro começou na região da praça da Liberdade, por volta de


oito câmeras. Foi um projeto que deu um resultado bastante exitoso nessa
área, e com isso, teve a implementação na área central de Belo Horizonte e
depois, entre dois mil e oito e dois mil e nove, na área do 34º BPM, que foi o
projeto Mineirão que eles chamavam (ENTREVISTADO 1, 2021).

No mesmo sentido, o Entrevistado 3 (2021), relata que “Em dois mil e quatro a gente
começou com o vídeomonitoramento, no caso, a gente usava uma tecnologia
analógica e era muito baseada em uma arquitetura [...] vídeomonitoramento fechado.”.
54

Para o memorando 40307 (2016) do Estado Maior da Polícia Militar (EMPM), que trata
a respeito dos procedimentos para a implantação de sistemas de vídeomonitoramento
em seu item 3, vai mais além quanto à data de implantação do primeiro sistema de
vídeomonitoramento da PMMG, ocorrido no ano de 2002.

O primeiro sistema de vídeomonitoramento da Instituição consistiu em um


projeto-piloto implantado na Região da Savassi, em Belo Horizonte/MG. Na
segunda quinzena de dezembro de 2002. Devido aos resultados positivos
desse projeto, com a redução significativa dos índices de criminalidade, a
PMMG encaminhou à Secretaria de Estado de Defesa Social (SEDS) uma
proposta de ampliação do sistema para outras vias da região centro-sul do
município. Assim sendo, em 13Dez04 foi implementado o sistema de
vídeomonitoramento denominado “Olho Vivo”, com 72 câmeras na área do 1º
BPM, com uma central de monitoramento no CICOP.

Grandes investimentos por parte do poder público municipal e posteriormente com o


poder público estadual contribuíram para alavancar as instalações de sistemas de
vídeomonitoramento na capital mineira e a sua expansão para o interior do Estado.
Projetos em Belo Horizonte através do orçamento participativo, apoio de
investimentos externos no Estado e outros investimentos decorrentes da realização
de grandes eventos com repercussão internacional, marcaram a expansão do parque
tecnológico voltado para a potencialização da segurança pública por meio dos
sistemas de vigilância, conforme é perceptível nos relatos dos entrevistados 1 e 2.

Ao analisar o período das primeiras implantações dos sistemas de


vídeomonitoramento, que vai desde o ano de dois mil e quatro até o ano de dois mil e
quinze, conforme afirma o entrevistado 4, torna-se visível um grande problema que é
a necessidade de manutenção, especialmente em relação às câmeras speed dome,
pois trabalham constantemente, vinte e quatro horas por dia. Com essa carga de
funcionamento ocorrem desgastes de peças.
55

Apesar da versatilidade das câmeras speed dome caracterizada por capacidade de


ser direcionada para captar imagens em várias direções, nem sempre ela está
apontada para o local que aparece uma ação solicitada por policiais, além de
dificuldades em relação a limitações de recursos humanos pra realizar o
monitoramento.

[...]uma das coisas que o vídeomonitoramento que às vezes peca é porque


as câmeras são PTZ, PAN, TILT e ZOOM, aí às vezes a câmera está virada
para um lado e o delito está ocorrendo do outro lado. Então a gente tem
tentado sugerir, a questão de projetos da gente para câmeras trezentos e
sessenta graus. Então esse é um dos estudos que a gente faz também de
deixar filmando trezentos e sessenta graus e deixar para buscar as imagens
sob demanda porque a gente tá com problemas de pessoas pra poder
monitorar. Não dá para colocar um militar ou contratar pessoas
(ENTREVISTADO 3, 2021).

O entrevistado 4 sugere uma solução para o ponto negativo apresentado em relação


à necessidade da captação de imagens em várias direções, que é a instalação de
câmeras fixas apontadas para todas as direções. Pode-se concluir que a instalação
de câmeras fixas em todas as direções supriria a necessidade de ter uma pessoa por
conta de mudar a direção do foco da câmera, um monitorante.

Outra solução apresentada pelo entrevistado 4 é em relação a implementação de uma


inteligência artificial vinculada a uma automação de pesquisas para obtenção de
ganho operacional dispensando a necessidade de ter uma pessoa por conta do
monitoramento das imagens produzidas pelas câmeras.

Para a utilização da tecnologia de reconhecimento facial com as câmeras que ficam


posicionadas em cima dos postes, a cinco metros de altura do nível do solo, segundo
o entrevistado 4 os diversos testes realizados não foram exitosos. A solução é o
posicionamento de câmeras para reconhecimento facial em locais mais baixos para
melhor focar nas faces das pessoas.

A partir das entrevistas realizadas e dos materiais disponibilizados, evidencia-se uma


nova tendência capaz de solucionar o problema do alto custo com manutenção e a
falta de investimentos do Estado, que é a parceria com terceiros através de convênio.
A integração de câmeras de particulares, empresas privadas e do setor público com
56

um sistema de vídeomonitoramento da Polícia Militar resulta em economia para o


Estado e potencialização do serviço.

O memorando 40307 (2016) do EMPM, em seu item 12.3, sob o amparo legal dos
artigos 6º e 7º da Lei Estadual 15.435 de 11 de janeiro de 2005, considera a
possibilidade de implantação de câmeras de estabelecimentos mediante convênio e
parcerias diversas.

As integrações de sistemas de câmeras diversos otimizam o alcance da prevenção


criminal. De acordo com o entrevistado 2, a polícia militar está tentando montar um
sistema integrado que vai possibilitar o acesso a várias câmeras.

Estamos tentando montar uma plataforma agregadora de câmera pública IP.


A gente vai jogar dentro do mapa que vai ficar na SOU. Quando ocorrer um
crime, vai abrir um MAPA, clica na câmera ao vivo e ver o que está
acontecendo. E se a imagem do criminoso passar por lá, você pega a imagem
e joga no REDS, mas para jogar a imagem para dentro do REDS, a gente
precisa de um programa que vai dar uma segurança de cadeia de custódia.
(ENTREVISTADO 2, 2021).

Com a solução apresentada pelo entrevistado 2, em uma visão mais estratégica e


técnica, abre as portas para um caminho necessário e de suma importância para a
potencialização do vídeomonitoramento, que é a criação de um programa capaz de
gerenciar diversos tipos de imagens e vídeos provenientes de câmeras fixas, móveis
ou portáteis. No mesmo sentido, o entrevistado 1 também está alinhado com a ideia
do entrevistado 2, no que diz respeito à necessidade de um sistema capaz de integrar
câmeras de qualquer plataforma, sejam de parceiros ou câmeras de órgãos públicos.

[...] o sistema de câmeras do City Câmeras que ele quer, é possibilitar uma
plataforma única que consiga receber câmeras de qualquer parceiro.
Qualquer pessoa que queira disponibilizar imagens de câmeras que façam
leitura de placas para a polícia militar, independente se a câmera faz leitura
na própria câmera ou que utiliza um sistema x ou um sistema z, não tem
problema. Qualquer empresa que queira integração com a polícia militar é
possível (ENTREVISTADO 1, 2021).

Em 20 de Janeiro de 2020, foi confeccionado um relatório técnico de uso de câmeras


de terceiros por parte do Adjunto e do Auxiliar da DTS3. A análise ocorreu no 6º
Batalhão e utilizou uma câmera de teste e uma plataforma da empresa GTFSeg,
especializada em segurança eletrônica patrimonial e automação residencial, sediada
em Governador Valadares. O teste foi realizado no período noturno, o que não
57

possibilitou leitura de placas de veículos em movimento, contudo, as imagens foram


nítidas durante o momento em que o veículo ficou estático. A tela inicial da plataforma
mostra a câmera aberta e a localização geográfica ao mesmo tempo. O sistema
apresentou uma interface bem intuitiva, apesar de apresentar ressalvas para leitura
de placas à noite com veículos em movimento.

Em continuidade à análise das tecnologias relacionadas ao vídeomonitoramento,


surge a tecnologia de reconhecimento ótico de caracteres (OCR), que utiliza o sistema
Hélios. Para o entrevistado 1, o sistema Hélios surgiu a partir da disponibilização de
pontos por parte da prefeitura de Belo Horizonte.

O Olho Vivo em dois mil e dezessete, teve a questão desse memorando que
foi estabelecido que viu que a polícia não investiria mais nessa questão de
implementar câmeras. Aí, com isso, eu vou puxar pro Hélios, por quê? Porque
o sistema Hélios surgiu aproveitando esse projeto da 153, vieram pra cá 30
pontos de OCR que a prefeitura estava fornecendo esse projeto e não estava
sendo utilizado. Então, a época aqui, houve umas tratativas entre a DTS3 e
CTS pra poder desenvolver o sistema Hélios (ENTREVISTADO 1, 2021).

O sistema Hélios segundo o entrevistado 1, veio com a ideia de não ter custos para a
Instituição em relação à manutenção de câmeras, além de possuir atualmente umas
setecentas câmeras ativas. A integração com outros sistemas e com câmeras de
terceiros é uma realizada.

A ideia hoje do Hélios é integrar com câmeras de terceiros. Quando tiver uma
integração bacana com o DETRAN, a gente vai ter informações mais
fidedignas. O banco de dados grava mais ou menos seis meses. À medida
que mais câmeras são cadastradas, aí vai diminuindo. O ideal que tivesse um
storage maior (ENTREVISTADO 1, 2021).

Segundo Martins (2018), as câmeras de duas Unidades integradas ao sistema Hélios


apresentaram excelentes resultados em termos de aumento de autuações de
condutores irregulares, apreensão de veículos também irregulares e um resultado
excelente de detecções de veículos produto de furto e roubo.

Com base nos conteúdos referenciais, é possível notar como o tema vem sendo
abordado, em produções científicas, de forma aritmética. Também é possível perceber
que o assunto apresenta uma relação com a possibilidade de expansão da
interligação de câmeras de entidades públicas e particulares. Conforme é possível
58

visualizar na Figura 17, atualmente a interligação de câmeras ao sistema Hélios está


bem representativa no Estado.

Figura 17 – Mapa das Câmeras Integradas ao Sistema Hélios no Estado de MG

Fonte: Sistema Hélios. Atualizado em 18 ago. 2021.

Assim, no que diz respeito ao alcance das detecções, e a distribuição espacial de


câmeras no Estado de Minas Gerais, os resultados podem atingir um aumento
considerável de abordagens originadas de alertas emitidos via sistema Hélios.

Analisando a implantação do sistema Hélio que segundo Martins (2018, p. 13), o


sistema foi implantado no ano de 2013 e 2014 com cento e cinquenta e três câmeras.
De acordo com os dados narrados pelo entrevistado 1, o sistema conta atualmente
com setecentas câmeras ativas, podendo esse número variar de acordo com as
condições funcionais das câmeras e dos sistemas de terceiros.

Nos dados listados pela gerência de pesquisa e projetos da DTS3 (APÊNDICE B),
verifica-se o quantitativo de câmeras instaladas e em processo de implantação para o
59

vídeomonitoramento, o que evidencia a grande projeção de expansão dos sistemas.


Nesse sentido, vislumbra-se uma possibilidade de envolver a inteligência artificial com
um algoritmo capaz de facilitar o gerenciamento de uma enorme gama de dados,
informações e conhecimento que servirão para potencializar os resultados utilizando
poucos recursos humanos. Assim, torna-se mais relevante o fato de interligação de
sistemas e a utilização de máquinas capazes de agir e pensar como seres humanos.

Ainda no que diz respeito ao emprego da IA, para Russell e Norvig (2013), abrange
uma série de subcampos do conhecimento e está em pleno processo evolutivo de
forma a empregar máquinas capazes de pensar e agir como humanos, contribuindo
para resultados cada vez melhores e em um tempo cada vez menor.

Sistemas de inteligência artificial e de identificação de placas gerenciadas pelo


sistema Hélios para funcionar de forma satisfatória necessitam de acesso a bancos
de dados atualizados e confiáveis. Segundo o entrevistado 3, os sistemas testados na
DTS não apresentaram eficiência.

O que a gente tem testado, a gente não teve aquela eficiência bacana, lógico,
é melhor do que nada, mas a gente não teve eficiência bacana. A gente não
tem um banco de dados fidedigno ainda. Esbarra muito em banco de dados,
sempre em banco de dados. Um banco de dados de pessoas para fazer
comparação. Se a gente não tiver como comparar, a gente não vai ter uma
eficiência, vamos dizer assim (ENTREVISTADO 3, 2021).

Conforme o entrevistado 4 consoante o entrevistado 1, há a necessidade de uma base


de dados confiável e com dados atualizados em relação ao sistema Hélios.

[...] o segundo erro que pode aparecer é que o dado está desatualizado na
base. A base também não é nossa porque não conseguimos construir uma
base. Então, eu acho que o sistema paga esse preço aí das falhas, dos
alarmes falsos positivos por querer ajudar, porque não é culpa dele. A câmera
não é nossa. A base de dados também não é nossa (ENTREVISTADO 4,
2021).

É possivel dizer, portanto, que existe a necessidade do sistema estar conectado a


uma base de dados que permita uma precisão nos processos de comparação e
análise do processamento das consultas de placas e que na polícia militar não existe
um banco de dados dessa natureza. Outra inexistência é em relação a ausência de
um banco de dados atualizado de faces para comparação.
60

[...] só reforçando a dificuldade, pra qualquer sistema para funcionar é a base


de dados. Então assim, a tecnologia para seguir sozinha sem ter esse apoio
para aquisição ou para acesso às bases de dados, se a gente não resolver
esse problema com o de placas, nós não vamos conseguir resolver com face
(ENTREVISTADO 4, 2021).

Conclui-se que para o pleno funcionamento, seja do sistema Hélios ou de um sistema


de reconhecimento facial, há a necessidade de acesso a um banco de dados
atualizado, confiável e interligado a várias sistemas, possibilitando assim que a
instituição potencialize os seus resultados operacionais ao longo da jornada de
evolução da polícia 4.0.

A necessidade de sistemas interligados, acesso a banco de dados atualizados e


confiáveis, aprimoramento do sistema Hélios e do sistema de videomonitoramento
denominado Olho Vivo, implantação de inteligência artificial, são preocupações
constantes na DTS, conforme é possível evidenciar nos projetos descritos pelo
entrevistado 2.

Estamos querendo desenvolver um projeto todo sistêmico. Câmera de vídeo


é um sistema, Olho vivo, LPR, o que a gente quer ter atrás disso é um sistema
de inteligência artificial. Um sistema de câmera pública e privada. Se a gente
conseguir colocar na comissão da SEJUSP as ideias que a gente teve no ano
passado, para frente, eu acho que a polícia vai avançar, vai dar um passo
largo. Fotos no REDS, vídeos no REDS, inteligência artificial, REDS
MOBILE, TC REDS MOBILE, esses são apenas alguns dos projetos que
estão sendo desenvolvidos (ENTREVISTADO 2, 2021).

Fica claro, portanto, que o emprego de novas tecnologias contribui para um melhor
direcionamento de esforços, possibilitando uma maior economia de recursos humanos
e logísticos diante de um atual cenário pandêmico.

Tomando por base o objetivo do presente trabalho, que trata de uma análise
tecnológica com vistas a potencializar o emprego do vídeomonitoramento da PMMG
aplicadas na prevenção e repressão qualificada aos crimes incidentes no Estado, é
possível notar que os resultados são satisfatórios.

Desse modo, as principais informações a serem tratadas aqui passam por uma
necessidade de maior sistematização no âmbito da Corporação, permitindo assim
uma padronização de procedimentos voltado para o emprego dessas tecnologias.
61

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A presente pesquisa científica teve como foco principal estudar quais as principais
tecnologias capazes de potencializar o emprego do vídeomonitoramento, analisando
o atual parque tecnológico e conhecer a tendência do vídeomonitoramento na PMMG.

Diante do estudo do sistema Hélios que utiliza tecnologia OCR para reconhecimento
ótico de caracteres constatou-se resultados aceitáveis. A partir das entrevistas
realizadas e da análise dos projetos em expansão dos sistemas de
vídeomonitoramento na capital do Estado e em municípios do interior, ficou evidente
a possibilidade de redução de custos quanto a manutenção dos sistemas, uma vez
que a normas vigentes permitem que prefeituras e empresas possam realizar
convênio e acordos de cooperação no sentido de implantação de sistemas de
vídeomonitoramento e interligação de câmeras ao sistema Hélios.

Um dos principais resultados da pesquisa evidenciou a necessidade de superar


fatores limitadores de sucesso para um melhor gerenciamento, precisão e tratamento
dos dados. Os fatores limitadores de sucesso estão relacionados à falta de um sistema
único capaz de gerenciar todas as imagens e vídeos produzidos por várias câmeras,
sejam provenientes de câmeras de estabelecimentos privados ou públicos.

Ainda, a falta de um banco de dados atualizado e confiável para retorno das pesquisas
sobre a existência de irregularidades no caso do sistema Hélios, é um fator limitador.
Essa limitação seria melhor solucionada com a integração ao banco de dados do
DETRAN, conforme verificou-se nos relatos do entrevistado 1.

Quanto a inteligência artificial, apesar de necessária, os testes realizados


apresentaram resultados não satisfatórios, conforme verificou-se nos relatos do
entrevistado 3. Para que a aplicação da inteligência artificial funcione no futuro dentro
da Instituição, será fundamental a existência de um banco de dados atualizado com
faces, o que ainda não existe na PMMG e não está acessível junto aos detentores
desse cadastro.
62

Apesar dos fatores limitadores de sucesso ainda continuarem sem solução, foi
perceptível por parte da Diretoria de Tecnologia e Sistemas, uma busca de caminhos
que levarão a Instituição a alcançar um patamar dentro do sonho de uma polícia com
sistemas interligados, com aplicações de inteligência artificial, processos
automatizados que possibilitarão fazer mais com menos, ou seja, produzir melhores
resultados em um menor tempo e utilizando menos recursos humanos e logísticos.

Conforme apresentado ao longo do estudo sobre a análise tecnológica com vistas a


potencializar o emprego do videomonitoramento, reforça-se a importância do assunto
abordado, visto que há fatos novos capazes de definir os melhores alicerces para a
implantação da Polícia 4.0.

As informações e dados apresentados neste trabalho contribuem de forma


significativa no campo de estudo das principais tecnologias relacionadas ao
videomonitoramento, pois a inteligência artificial possui um campo de atuação muito
amplo e está em pleno desenvolvimento seja no setor público ou privado. Sendo assim
é imperioso afirmar que a aplicação da tecnologia abordada gera economia de
recursos humanos e logísticos diante do atual cenário pandêmico e, até mesmo,
diante de futuras ameaças externas que poderiam impactar a sociedade
contemporânea.

Os conteúdos aqui apresentados demonstram que muitas outras pesquisas ainda


podem ser realizadas sobre as novas tecnologias aplicadas à segurança pública,
devido à importância do tema e inúmeras contribuições para o meio acadêmico, com
a finalidade de uma necessidade constante de manutenção das condições mínimas
da vida em sociedade, paz social.

Os objetivos propostos de estudar as principais tecnologias capazes de potencializar


o emprego do vídeomonitoramento na PMMG foram atingidos. Foram conceituados o
vídeomonitoramento e seu histórico de implantação, as principais tecnologias. Ainda,
foi analisado o atual parque tecnológico utilizado no sistema de vídeomonitoramento,
além de conhecer a tendência de um cenário baseado em trabalhar de forma
sistêmica, o que se espera de uma polícia 4.0.
63

A Pergunta “De que forma as novas tecnologias podem otimizar o emprego do


vídeomonitoramento da PMMG?” foi respondida, apesar de fatores limitadores de
exiguidade de tempo para a execução da pesquisa científica que foi desenvolvida na
vigência de um período global de ameaça biológica (restrições sociais).

A hipótese foi confirmada com a identificação das tecnologias capazes de contribuir


para a otimização do emprego do vídeomonitoramento:

a) câmeras fixas associadas a câmeras PTZ em locais estratégicos e capazes de


emitir alerta de irregularidades;
b) câmeras com tecnologia OCR acopladas em viaturas e interligadas ao sistema
Hélios;
c) câmeras para reconhecimento facial acopladas aos coletes antibalísticos dos
policiais;
d) câmeras de estabelecimentos de terceiros em vias públicas com ou sem OCR
e interligadas com os sistemas da Polícia Militar;
e) sistema Hélios com a utilização de câmeras OCR (com processamento interno
ou externo), detecção de laços indutivos, detecção por magnetômetro e
detecção por emissão de ondas eletromagnéticas;
f) software de gerenciamento de imagens capaz de realizar análises e dotado de
um algoritmo de IA.

A pesquisa possibilitou a identificação de fatores limitadores de sucesso para o pleno


desenvolvimento do videomonitoramento com as seguintes soluções:

a) interligação do sistema Hélios a um banco de dados/informações de


irregularidades veiculares atualizado e confiável;
b) criação de um banco de imagens de pessoas atualizado e confiável;
c) posicionamento de câmeras com reconhecimento facial em locais estratégicos
e em alturas compatíveis para um melhor enquadramento das faces das
pessoas;
d) aquisição de equipamentos de armazenamento de imagens para câmeras.
64

REFERÊNCIAS

BELLMAN, R. E. (1978). An Introduction to Artificial Intelligence: Can


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GLOSSÁRIO

AUTOMATIC Automático

DIGITAL Digital

DIGIFORT Empresa Especializada em Software de Segurança

LICENSE Licença

LIST Lista

MANAGEMENT Gerenciamento

MOBILE Móvel

MONGO DB Banco de Dados de Veículos

P3 Seção de Planejamento

PAN Panorâmico

PLATE Placa

PRODEMGE Companhia de Tecnologia da Informação de MG

RECORDER Gravação

RECOGNITION Reconhecimento

SPEED DOME Câmera de vídeo com zoom ótico, sensores e rotação.

STORAGE Equipamento utilizado para armazenar os dados de servidores

SYSTEM Sistema

TILT Inclinação
ZOOM Movimento de aproximação da imagem
69

APÊNDICE A – ROTEIRO DE ENTREVISTA

1. Em relação ao entrevistado:

a) Qual o nome do entrevistado/posto que ocupa na Instituição?

b) Qual o cargo/função que ocupa?

c) Quanto tempo encontra-se neste cargo/função?

2. Em relação ao conhecimento sobre o assunto “videomonitoramento”:

a) O que o entrevistado poderia dizer a respeito do videomonitoramento?

b) Conhece os sistemas de vídeomonitoramento disponível no mercado? Caso


positivo, saberia citar nomes? Quais são empregados na PMMG? Existe alguma
norma regulamentadora a respeito do vídeomonitoramento?

c) Conhece a existência de novas tecnologias com vistas a potencializar o emprego


do vídeomonitoramento da PMMG?

d) Existe algum estudo em andamento na PMMG sobre novas tecnologias? Caso


positivo, quais os impactos que poderiam trazer em termos de prevenção, repressão
qualificada e na gestão orçamentária e financeira?

e) Qual a atual situação do parque tecnológico sobre o sistema de


vídeomonitoramento na PMMG?
70

APÊNDICE A – ROTEIRO DE ENTREVISTA

3. Em relação ao conhecimento sobre o Sistema Hélios:

a) O que o entrevistado poderia dizer a respeito do Sistema Hélios?

b) Há alguma forma de benchmarking com outras organizações/empresas sobre


novas tecnologias aplicadas ao sistema Hélios?

c) Conhece alguma forma capaz de potencializar o sistema Hélios em termos de


prevenção e repressão qualificada?

d) Quais as necessidades atuais para a expansão do sistema Hélios no Estado? Existe


alguma norma que regula o sistema Hélios?

e) Tem algum outro aspecto relevante acerca do conhecimento em relação ao sistema


Hélios que possa acrescentar?

4. Em relação ao conhecimento sobre a expressão “Inteligência Artificial - IA”:

a) O que o entrevistado poderia dizer a respeito da Inteligência Artificial?

b) Há alguma forma de benchmarking com outras organizações/empresas sobre


ferramentas e aplicações de Inteligência Artificial?

c) Conhece aplicações específicas de Inteligência Artificial?

d) Conhece ferramentas de IA disponíveis no mercado? Se sim, sabe citar os nomes?

e) Tem algum outro aspecto relevante acerca do conhecimento em relação ao tema


IA que possa acrescentar?
71

APÊNDICE A – ROTEIRO DE ENTREVISTA

5. Em relação às novas tecnologias:

a) A onde a PMMG quer chegar nos próximos anos?

b) Quais os possíveis cenários prospectivos em termos tecnológicos aplicados à


Segurança Pública?

c) Quais os requisitos necessários para investimentos?

d) Há alguns fatores dificultadores?


72

APÊNDICE B – ENTREVISTAS TRANSCRITAS

ENTREVISTA COM O CHEFE DA SEÇÃO DE DESENVOLVIMENTO E SISTEMAS


DO CTS/DTS – ENTREVISTADO 1

Tempo de duração: 40 minutos e 5 segundos

Legenda:
E – Entrevistado
P - Pesquisador

Realizada em 20 de setembro de 2021

Inicialmente foi explicado ao entrevistado a respeito da pesquisa científica


(delimitação do tema; delimitação do espaço-temporal; caracterização do objeto de
pesquisa; problematização e problema de pesquisa; hipótese; objetivo geral; objetivos
específicos) para fins de atender ao requisito parcial para obtenção do Título de
Especialista em Segurança Pública.

Obs. Houve interrupção na entrevista porque adentrou à seção o senhor Coronel


Chefe da Diretoria de Tecnologia e Sistemas. Foram cumpridas as formalidades
regulamentares. Na sequência o senhor Coronel DTS tratou sobre algumas demandas
sobre tecnologias em estudo.

Identificação: F. C. R. – Há 9 meses na atual função e 8 anos na Gerência de Pesquisa


e Projetos da DTS3. Engenheiro Eletricista.

P. Em relação ao conhecimento sobre o assunto “videomonitoramento”?

E. Em dois mil e quatro começou o vídeomonitoramento no Estado de Minas Gerais.


A prefeitura de Guarujá do Estado de São Paulo foi um dos primeiros do Brasil. Em
dois mil e quatro começou na região da praça da Liberdade, por volta de oito câmeras.
Foi um projeto que deu um resultado bastante exitoso nessa área, e com isso, teve a
implementação na área central de Belo Horizonte e depois, entre dois mil e oito e dois
73

APÊNDICE B

mil e nove, na área do 34º Batalhão, que foi o projeto Mineirão que eles chamavam.
Com esses dois projetos aí a gente conseguiu cerca de cento e sessenta câmeras na
região central de Belo Horizonte e na região noroeste de Belo Horizonte.
Posteriormente, a gente ficou um tempo sem ter investimento por parte do Estado
nessa área de vídeomonitoramento. Em dois mil e treze, o Estado recebeu um grande
recurso, na verdade até antes um pouco, a prefeitura de Belo Horizonte investiu em
outros projetos que a gente chamava de 153, mais cento e cinquenta e três câmeras
que a prefeitura investiu no centro de Belo Horizonte e pegou a região do Cidade Nova
e Floresta, que é área do 16, região do Barreiro e região do Venda Nova. Isso foi
investido pela prefeitura de Belo Horizonte porque nessa época existia a questão do
orçamento participativo. Então ela começou a investir em meados de dois mil e doze
e dois mil e treze nessa parte também. E o Estado de Minas teve um grande recurso
por volta de dois mil e treze também pra poder investir cinquenta milhões através do
BID em todo o Estado de Minas. Nessa aí, a prefeitura de Belo Horizonte conseguiu
mais cento e vinte e oito câmeras e no Estado de Minas chegou por volta de
seiscentas câmeras mais ou menos. Em todo o Estado de Minas contemplou cerca
de vinte municípios. Na região metropolitana e nos principais municípios que tinham
maior incidência criminal na época. Teve um grande investimento nessa época.

Interrupção – nesse momento adentrou à seção o Senhor Coronel PM Chefe da


Diretoria de Tecnologia e Sistemas. Foram realizadas as devidas apresentações
formais, tendo o Senhor Coronel DTS dado continuidade a assuntos
relacionados às instalações de câmeras, testes com body cam, falou sobre a
necessidade de testes com câmeras acopladas ao corpo que tenham LPR,
inteligência artificial, dock station, cadeia de custódia, protocolo, dentre outras
informações envolvendo tecnologia.

E. O Olho Vivo em dois mil e dezessete, teve a questão desse memorando que foi
estabelecido que viu que a polícia não investiria mais nessa questão de implementar
câmeras. Aí, com isso, eu vou puxar pro Hélios, por quê? Porque o sistema Hélios
surgiu aproveitando esse projeto da 153, vieram pra cá 30 pontos de OCR que a
prefeitura estava fornecendo esse projeto e não estava sendo utilizado. Então, a
74

APÊNDICE B

época aqui, houve umas tratativas entre a DTS3 e CTS pra poder desenvolver o
sistema Hélios. O sistema, esse nome veio, foi até um analista lá do CTS que deu
esse nome em virtude do Deus Grego do Hélios, que vê tudo e tal. A concepção do
Hélios foi de pegar imagens de câmeras disponibilizadas por prefeituras,
concessionárias, pra poder fazer essa questão de leitura de placas. Então, hoje é um
projeto que ele não tem, tirando a hora/trabalho do analista, questão da hora dos
militares também que ficam à disposição do projeto às vezes, a ideia é não ter custo
nenhum para a polícia militar. Em dois mil e dezessete acabou com a questão da
polícia implementar o Olho Vivo. Então, estava gerando um custeio muito alto para a
Instituição. Quanto mais câmeras fosse implementar, a parte de custeio só iria
aumentar. O Hélios já veio com essa ideia de não ter custeio para a Instituição em
relação à manutenção de câmeras ou coisa do gênero. A ideia do sistema Hélios,
possivelmente o sistema de câmeras do City Câmeras que ele quer, é possibilitar uma
plataforma única que consiga receber câmeras de qualquer parceiro. Qualquer pessoa
que queira disponibilizar imagens de câmeras que façam leitura de placas para a
polícia militar, independente se a câmera faz leitura na própria câmera ou que utiliza
um sistema x ou um sistema z, não tem problema. Qualquer empresa que queira
integração com a polícia militar é possível. O que a gente vê de melhorias que podem
ser feitas no Hélios? É talvez uma participação maior das Unidades quando chamarem
essas empresas para conversar com a polícia militar. A gente percebe, agora eu
estando na seção, algumas empresas procuram a polícia militar, diretamente o CTS,
e não procuram o operacional, a Unidade tem a possibilidade de ter as câmeras no
Hélios e não utiliza. Ela nem conhece o sistema, nem sabe o que é sistema Hélios.
Uma possibilidade que a gente poderia dar para o Hélios, a gente vislumbra no futuro,
é a possibilidade de câmeras que estejam em viaturas, fazer a leitura de placas, jogar
pro Hélios e possibilitar fazer uma blitz já consultando o nosso sistema, uma blitz, no
caso, mais inteligente. Posicionava a viatura a trezentos, quatrocentos metros de uma
blitz, faria a leitura, indicaria só veículos com algum impedimento para eles poderem
fazer essa leitura de placas e essas consultas. Existe uma demanda muito nova em
relação ao sistema Hélios que o pessoal está pedindo atualmente, que é a verificação
de utilização de comboios. Isso o sistema Hélios faz simples ainda, já faz sem a ajuda
de empresas. Quanto o senhor define dois pontos, ele identifica quais veículos estão
75

APÊNDICE B

passando de forma conjunta. Não seria de uma forma mais inteligente ainda, mas de
uma forma manual. O próprio usuário já consegue verificar um, dois, três, quatro
pontos que ele queira verificar. Isso já é possível para fins de trabalho de inteligência.
Hoje o sistema Hélios tem três possibilidades, a página inicial com alertas de veículos
com queixa/furto. Esse veículo vai aparecer de acordo como perfil do usuário que a
P3 definir quais as câmeras que o usuário vai poder estar verificando. Essa,
basicamente é a parte de alertas. Tem uma outra parte que é a parte de pesquisas
em que o usuário vai pesquisar os veículos que ele quiser. Ele vai jogar a placa do
veículo, se ele não souber, a marca, modelo, algum caractere, ele consegue fazer na
parte de pesquisa para dar um norte em uma ocorrência. E a parte de operação na
qual o usuário determina, marca uma câmera no sistema Hélios e através dessa
câmera que ele marca, é possível verificar todas essas câmeras que passa com
queixa/furto nesse local, veículos que ele criou uma list anterior, lista de impedimento
ou que tenha problema administrativo, licenciamento atrasado, é possível fazer nessa
operação. Direcionaria para o policial aqueles veículos com problemas para poder
abordar. Atualmente não tem como saber a assertividade do sistema, se são setenta
ou oitenta por cento. A gente tem como saber a quantidade de veículos que passam
por dia, que são aproximadamente um milhão e seiscentos. A gente tem hoje umas
setecentas câmeras ativas. Esse número é muito dinâmico, ele varia de minuto a
minuto, porque a gente considera uma câmera inativa após vinte e quatro horas que
ela parou de mandar imagens pro sistema Hélios. A ideia hoje do Hélios é integrar
com câmeras de terceiros. Quando tiver uma integração bacana com o DETRAN, a
gente vai ter informações mais fidedignas. O banco de dados grava mais ou menos
seis meses. À medida que mais câmeras são cadastradas, aí vai diminuindo. O ideal
que tivesse um storage maior.
76

APÊNDICE B

P. Teria alguma contribuição quanto à inteligência artificial?

E. A gente não adquire nada para a polícia sem a gente testar. Sobre as body cam, a
gente já fez três testes. Já tem relatório dos testes e são passados para o Comando.
A gente não tem banco de dados para poder estar utilizando para o reconhecimento
facial. O grande gargalo é a questão do banco de dados. Vai reconhecer o quê? A
gente não tem o que comparar. A melhor alternativa seria ter no REDS a foto pra gente
começar a ter um banco de dados.
77

APÊNDICE B – ENTREVISTAS TRANSCRITAS

ENTREVISTA COM O DIRETOR DE TECNOLOGIA E SISTEMAS –


ENTREVISTADO 2

Tempo de duração: 15 minutos e 0 segundos

Legenda:
E – Entrevistado
P - Pesquisador

Realizada em 20 de setembro de 2021

Inicialmente foi explicado ao entrevistado a respeito da pesquisa científica


(delimitação do tema; delimitação do espaço-temporal; caracterização do objeto de
pesquisa; problematização e problema de pesquisa; hipótese; objetivo geral; objetivos
específicos) para fins de atender ao requisito parcial para obtenção do Título de
Especialista em Segurança Pública.

Identificação: C. M. P. – Diretor de Tecnologia e Sistemas. Possuidor do Curso de


Especialização em Gestão Estratégica em Segurança Pública. Há nove meses na
função atual.

P. Em relação ao conhecimento sobre o assunto “videomonitoramento”?

E. Estamos tentando montar uma plataforma agregadora de câmera pública IP. A


gente vai jogar dentro do mapa que vai ficar na SOU. Quando ocorrer um crime, vai
abrir um MAPA, clica na câmera ao vivo e ver o que está acontecendo. E se a imagem
do criminoso passar por lá, você pega a imagem e joga no REDS, mas para jogar a
imagem para dentro do REDS, a gente precisa de um programa que vai dar uma
segurança de cadeia de custódia. Eu acho que essa é uma boa oportunidade para
gente correr atrás, concorda? Tem um programa japonês que não faz reconhecimento
facial, mas faz reconhecimento criminológico de condições pessoais. O programa
pega uns cinquenta pontos do que os japoneses chamam lá de chacra e estuda como
78

APÊNDICE B – ENTREVISTAS TRANSCRITAS

está a sua aura. É criminologia avançada. Ele alia movimento corporal, tudo, tem uns
pontos lá de comparação, ele consegue saber se você está nervoso, se está falando
mentira, se tá tenso. Então isso gera um alerta. Eles têm usado nos aeroportos. Eles
usaram na copa do mundo. Só que eles estão precisando de grande massa de dados.
Ele não gera obrigatoriedade. Ele gera um alerta que tem que ser verificado. Ele ajuda
na identificação para gerar suspeição. Estamos querendo desenvolver um projeto todo
sistêmico. Câmera de vídeo é um sistema, Olho vivo, LPR, o que a gente quer ter
atrás disso é um sistema de inteligência artificial. Um sistema de câmera pública e
privada. Se a gente conseguir colocar na comissão da SEJUSP as ideias que a gente
teve no ano passado, para frente, eu acho que a polícia vai avançar, vai dar um passo
largo. Fotos no REDS, vídeos no REDS, inteligência artificial, REDS MOBILE, TC
REDS MOBILE, esses são apenas alguns dos projetos que estão sendo
desenvolvidos. No ano passado a gente conseguiu terminar a parte de implantação
do CAD nos destacamentos. Ainda tinha destacamento que estava fazendo REDS no
papel. Vamos fazer um chamamento público para a body cam, para o LPR. A visão
de futuro é trabalhar de forma sistêmica para que a gente consiga acessar esses
dados em um único programa para trabalhar em várias câmeras e imagens.
79

APÊNDICE B – ENTREVISTAS TRANSCRITAS

ENTREVISTA COM O AUXILIAR DA GERÊNCIA DE PESQUISA E PROJETOS DA


DTS3 – ENTREVISTADO 3

Tempo de duração: 38 minutos e 42 segundos

Legenda:
E – Entrevistado
P - Pesquisador

Realizada em 20 de setembro de 2021

Inicialmente foi explicado ao entrevistado a respeito da pesquisa científica


(delimitação do tema; delimitação do espaço-temporal; caracterização do objeto de
pesquisa; problematização e problema de pesquisa; hipótese; objetivo geral; objetivos
específicos) para fins de atender ao requisito parcial para obtenção do Título de
Especialista em Segurança Pública.

Obs. A entrevista ocorreu presencialmente na DTS. Houve interrupção na entrevista


no momento em que deslocamos até o estacionamento da DTS para conhecer a
viatura composta por novas tecnologias de identificação de placas e dotada de
capacidade de comunicação de dados 4G, antenas e computador acoplado.

Identificação: B. F. A. – Há 14 anos na Gerência de Pesquisa e Projetos da DTS3.


Engenheiro Eletricista.

P. Em relação ao conhecimento sobre o assunto “videomonitoramento”?

E. Esse aqui é o quantitativo de câmeras por cidade que a gente tem instalado. Eu
vou falar uma parte mais técnica do vídeomonitoramento. Em dois mil e quatro a gente
começou com o vídeomonitoramento, no caso, a gente usava uma tecnologia
analógica e era muito baseada em uma arquitetura, numa empresa chamada Pell,
praticamente um sistema de vídeomonitoramento fechado. A gente sempre usou fibra
80

APÊNDICE B – ENTREVISTAS TRANSCRITAS

ótica para evitar que travasse. No caso das câmeras analógicas, a gente precisava
sempre de um conversor que pegava o sinal de vídeo e transformava num sinal de
luz, vamos dizer assim, a gente chamava de conversor ótico, até chegar de novo,
pegar o sinal analógico e gravar no DVR. Esses foram os primeiros modelos aqui da
forma que era implantado o Olho Vivo. Foram substituídos, aqui foram substituídos.
Tem uma cidade que ainda usa essa tecnologia analógica. Está ocorrendo um
processo de digitalização, migrando do sistema analógico para o digital nos locais
remanescentes assim. A maioria é digital. Em Belo Horizonte começou dessa forma,
trocou as câmeras tudo, trocou os conversores e colocou um servidor com DIGIFORT,
software VMS. No reconhecimento facial quando a gente começou, salvo engano no
carnaval de dois mil e vinte, ele emprestou pra gente um servidor pra gente instalar
na praça da estação de forma que o pessoal ia entrando e a gente ia tentando fazer
esse reconhecimento. O que a gente tem testado, a gente não teve aquela eficiência
bacana, lógico, é melhor do que nada, mas a gente não teve eficiência bacana. A
gente não tem um banco de dados fidedigno ainda. Esbarra muito em banco de dados,
sempre em banco de dados. Um banco de dados de pessoas para fazer comparação.
Se a gente não tiver como comparar, a gente não vai ter uma eficiência, vamos dizer
assim.

P. Quanto à existência de novas tecnologias para potencializar o emprego do


vídeomonitoramento?

E. A gente tem uma questão aqui que a gente discute a parte ideal. No caso, uma das
coisas que o vídeomonitoramento que às vezes peca é porque as câmeras são PTZ,
PAN, TILT e ZOOM, aí às vezes a câmera está virada para um lado e o delito está
ocorrendo do outro lado. Então a gente tem tentado sugerir, a questão de projetos da
gente para câmeras trezentos e sessenta graus. Então esse é um dos estudos que a
gente faz também de deixar filmando trezentos e sessenta graus e deixar para buscar
as imagens sob demanda porque a gente tá com problemas de pessoas pra poder
monitorar. Não dá para colocar um militar ou contratar pessoas. Uma das coisas que
acontecia também, a prefeitura contratava alguém para fazer o monitoramento, às
vezes mudava o prefeito, terminava e o prefeito falava “nós não vamos mandar”. Então
81

APÊNDICE B – ENTREVISTAS TRANSCRITAS

às vezes acontecia de ter batalhões que o sistema estava funcionando e não tinha
ninguém para poder monitorar. No entanto, se a gente conseguisse filmar por vinte e
quatro horas filmando, gravando, a gente também não precisaria de ter uma pessoa
ali monitorando. Quando começou no analógico, havia uma pessoa para cada nove
câmeras. Depois colocou uma pessoa para cada dezesseis câmeras que era a parte
digital que a gente tinha como ideal. Só que hoje a gente não tem gente pra isso.
Então, se tivesse gravando vinte e quatro horas, aí tendo uma demanda em tal lugar,
aí uma pessoa pra duzentas câmeras, aí ela só ia pegar uma câmera para aquele
determinado ponto e analisar as imagens daquela câmera. Aconteceu alguma coisa,
cria a demanda de imediato e já salva a imagem, porque depois de dois meses que
aconteceu não tem jeito. Aí a imagem já seria subscrita. No olho vivo acontece que
quando vai buscar uma imagem gravada, aí acontece que está em outro ponto.
Dificilmente dá sorte estar filmando lá e pegando ao vivo.

P. Quanto ao atual parque tecnológico?

E. Muitas câmeras estão sem funcionar. No Barreiro tem muitas câmeras quebradas
porque parece que passa alguma coisa e arranca a câmera, um caminhão grande e
arranca a câmera, por exemplo. Um bate num poste, foi até recente, foi semana
passada. As bases comunitárias, aquelas que a gente chama de integradas, ela usa
a rede do Olho Vivo pra poder ter acesso às câmeras, pra poder ter acesso à internet.
Então, essa base especificamente que eu via no Barreiro, o poste que ela tem acesso,
parece que bateu um carro e derrubou o poste do Olho Vivo. A gente faz um link de
rádio, tem até uma ali no poste que a gente está fazendo teste.

P. E quanto ao sistema Hélios?

E. Tem muita tendência hoje da gente ter a questão do serviço, inclusive o do


vídeomonitoramento. Ah! Eu quero que a câmera seja integrada ao Hélios A gente
quer o resultado, estamos alugando, não estamos comprando. Tem que ser uma
câmera digital, no caso, conectada à internet. É possível fazer um analítico porque
tem um tipo de câmera, a própria câmera já faz, tira o que a gente precisa e já manda.
82

APÊNDICE B – ENTREVISTAS TRANSCRITAS

Com isso a gente tem menos processamento no servidor. Mas pode também a câmera
captar a imagem e o servidor analisar aquela imagem, tirar o que a gente precisa e
mandar. Aí aumenta o processamento do servidor. A gente está falando de câmeras
digitais, mas nesse caso de usar um servidor para analisar uma imagem gravada, não
vai precisar ser necessariamente digital porque a imagem já está sendo digitalizada.

P. Mais alguma observação sobre o Hélios?

E. O LPR é uma vertente do OCR. É mais restrito para reconhecimento de placas.

Interrupção – nesse momento deslocamos até a frente do prédio da DTS onde


está estacionada uma viatura com câmeras instaladas com o sistema OCR
embarcado, com câmeras, computador, comunicação 4G e antenas. Momento
também que foi cedido acesso aos arquivos dos projetos mais atuais em
andamento.

E. Essa viatura possui várias antenas para comunicação 4G e possibilitar não perder
o sinal.
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APÊNDICE B – ENTREVISTAS TRANSCRITAS

ENTREVISTA COM O CHEFE DA GERÊNCIA DE PESQUISA E PROJETOS DA


DTS3 – ENTREVISTADO 4

Tempo de duração: 40 minutos e 3 segundos

Legenda:
E – Entrevistado
P - Pesquisador

Realizada em 21 de setembro de 2021

Inicialmente foi explicado ao entrevistado a respeito da pesquisa científica


(delimitação do tema; delimitação do espaço-temporal; caracterização do objeto de
pesquisa; problematização e problema de pesquisa; hipótese; objetivo geral; objetivos
específicos) para fins de atender ao requisito parcial para obtenção do Título de
Especialista em Segurança Pública.

Obs. Houve interrupção na entrevista porque tivemos uma paralisação da imagem e


do áudio por quinze segundos, sendo que o sinal da internet estabilizou após esse
período. A entrevista ocorreu por videoconferência utilizando o aplicativo Google
Meet.

Identificação: R. F. B. – Há 2 anos na chefia da Gerência de Pesquisa e Projetos e


anteriormente permaneceu por 8 anos na função de Adjunto da mesma Seção (2012-
2019). Engenheiro Eletricista.

P. Em relação ao conhecimento sobre o assunto “videomonitoramento”?

E. As últimas grandes implantações foram até 2015, o último foi em 2015/16 em Nova
Serrana. Então tem muito tempo que não se investe nisso e dos que foram instalados,
a maior dificuldade que nós temos é a de manter o sistema funcionando. Uma coisa
importantíssima a ser dita: - nada, absolutamente nada na polícia trabalha igual a uma
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APÊNDICE B – ENTREVISTAS TRANSCRITAS

câmera dessas de vídeomonitoramento, porque enquanto não tem ninguém operando


a câmera, ela está fazendo a ronda, ela está girando, movimentando para lá e para
cá 24 horas por dia. Então é um dos equipamentos que mais desgasta. Desgasta
correia, desgasta engrenagem, aquela parte móvel dela. Então assim, eu desconheço
qualquer equipamento que tem uma jornada de trabalho igual essa. Nem a arma,
nem viatura, nem nada. Vai desgastar mesmo. É um equipamento que está submetido
a intempéries, está exposto a vandalismo, acidentes com caminhões, com ônibus,
com carga, uma infinidade de coisas. Então isso acarreta o que? Acarreta muita
manutenção e como não veio mais recurso por aquela realidade do Estado de
escassez de recurso, o que foi ficando para trás não se implantou e o que foi ficando
para trás a manutenção ficou prejudicada. Então nesse meio tempo já é um cenário
que não tem perspectiva de implantar novos sistemas desse mesmo modelo. Então
qual que é a solução então pra potencializar?

P. Esse modelo é analógico ou digital?

E. Hoje temos modelo analógico e digitais. Temos os dois funcionando. De 2012 para
cá, desde a época da Copa, o primeiro digital que foi instalado foi no entorno do
estádio Independência em 2012. Aí que a gente começou na época, foram os grandes
eventos lá né, de Copa, da Copa das Confederações, Copa do mundo aí que começou
com sistema digital, mas antes eram todos analógicos. Itabira já é analógico, ainda é
analógico e por aí vai. Para potencializar o que tá aí aproveitando o parque existente.
Aí eu aproveito o que? A câmera não dá para aproveitar mais. Eu vou aproveitar o
poste, a fibra, a energia elétrica, o que já está implantado lá. Aproveitar esse legado.
Aí a gente teria que buscar um outro tipo de câmera para aproveitar isso lá. E poderia
ser câmeras fixas apontadas em todas as direções ao invés de ter uma câmera
movimentando e girando, mesmo que eu perca um pouco e não consiga dar zoom,
mas eu tenha câmeras apontadas em todas as direções. Por quê? A que gira, ela é
muito útil quando eu tenho um monitorante. Se não tiver o monitorante, muitas vezes
o pessoal procura a imagem e a Câmera tava apontada para outro local. Até mesmo
furtou um veículo, uma ocorrência envolvendo militar e quando vai procurar a câmera
estava apontada para outro local. Então eu acho que um caminho, na minha
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APÊNDICE B – ENTREVISTAS TRANSCRITAS

opinião, o caminho é colocar as câmeras fixas apontadas para todas as direções. Aí


eu diminuiria a demanda, a necessidade de um operador. Então esse é um passo para
aproveitar o poste existente. Vamos assim, um município que tem fibra e postes
instalados para câmeras. O outro é colocar uma solução que tenha uma inteligência,
vamos falar assim, uma funcionalidade além da imagem. O único que tem funcionando
bem no Estado é o Hélios, que é o OCR com leitor de placas. É um caminho? Então
eu posso aproveitar o poste existente com a fibra, com a energia elétrica e colocar
uma câmera para ler placa. Certo? Isso é uma saída para eu poder aproveitar o que
já tem. Com pouco recurso eu compro uma cama e coloco lá, que ela já está
interligada com o meu parceiro, que é uma inteligência artificial vinculada aí com uma
automação de pesquisas que eu já tenho um ganho operacional com isso aí. Então
são as duas saídas. De reconhecimento facial fizemos diversos testes, contudo não
temos nada testado com êxito pra ser usado na altura que o poste fica, que a câmera
que o posto fica, que é a cinco metros. Então, diversas academias, prédios têm
reconhecimento facial na entrada, mas assim, é porque está próximo da pessoa,
próximo da face. O reconhecimento facial o segredo é uma boa exposição. Aí eu
coloco lá e consigo capturar bem a face da pessoa, aí facilita o meu reconhecimento,
mas se a câmera está muito alta ou passa com o rosto desviado, o desempenho já
vai lá pra baixo. Nesse momento, nenhuma das soluções que a gente testou aqui
deu bom desempenho com câmeras do olho vivo pra aproveitar no
videomonitoramento. Aproveitando o que já tem seria trocar para câmeras fixas, a
sugestão que a gente vai tentar testar aqui e câmera do Hélios nesses pontos. Agora
para potencializar o vídeomonitoramento não baseado só no que já tem, mas ter mais
câmeras para captar imagem seria um sistema utilizando câmeras de parceiros. O
senhor instala uma câmera na porta do condomínio do senhor, liga na internet do
senhor, cadastra aqui na polícia e quando tiver uma ocorrência por demanda, ninguém
vai ficar monitorando, quando tiver uma ocorrência naquela região, a polícia poder da
sala de operações acessar remotamente a imagem. Aí o senhor imagina uma rede de
vizinhos protegidos, um quarteirão inteiro que todos os vizinhos coloquem câmeras, a
probabilidade dos que cometerem ilícitos no quarteirão e não ser flagrado com
nenhuma das câmeras diminui bastante. Então a câmera na porta do senhor, ela não
atende só o senhor. Como ela está voltada para a rua ela atende toda a comunidade,
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todo mundo que transita por ali. Então a câmera do vizinho do Senhor a um quarteirão
pra baixo pode ser que vai filmar alguém, algum veículo de alguém que cometer um
delito na porta da casa do senhor. O senhor entendeu? Então ser um sistema
colaborativo. A vantagem, tem limitações? Tem limitações, mas a vantagem é que o
Estado não investe nada nisso. É uma, tipo assim, é uma revitalização, é uma
renovação da rede de vizinhos protegidos realmente monitorada. Isso está
acontecendo muito. Tem muitas cidades que os PM acessam câmeras de particulares
muito, mas não está regulamentado. Tem uma lacuna nisso na Instituição. Estão
fazendo por iniciativa, nada proibido. Agora o atual Coronel DTS, ele é a favor disso.
Tem buscado empresas para gente poder colocar isso no mapa e o senhor, o acesso
ser mais amigável. O senhor ter um mapa com a câmera de todo mundo. O senhor
clica ali e vai abrir. Posso até fazer um cerco e bloqueio virtual. Passou por aqui,
passou por ali, aí eu abro a câmera de um parceiro e volto as imagens. Então assim,
potencializar o vídeomonitoramento ou mesmo implantar onde não tem atualmente, o
caminho é esse utilizando câmeras de parceiros, câmeras de terceiros. Uma pergunta
que se faz: - a gente fica tentado, assim, eu sou favorável que não se coloque padrão
nenhum. Todo mundo contribui na medida que pode. Né? O nível da grade do portão
do muro do senhor é o que o senhor consegue pagar. Qualquer câmera, por mim ela
pode, eu acho que se a gente colocar um padrão, por mínimo que seja, a gente pode
estar cortando várias pessoas aí que poderiam contribuir de uma forma, ainda que
mais simples, de alguma forma contribuir. Às vezes o senhor quer só ver se um veículo
passou naquele ponto. Aí o senhor já sabe qual é o veículo alvo, se passou ou não
passou, por onde que ele foi. O senhor trabalhou no operacional, qualquer informação
que chegar é bem-vinda e por não ter custo nenhum pra polícia eu acho que se a
gente imprimir ao particular uma obrigação de melhorar o sistema dele, eu acho que
a gente vai estar restringindo o acesso. Não vamos ter ganho nenhum com isso. Só
pode ser pessoas que vão evitar. Já vai ter um custo de comprar a câmera, já vai ter
um custo de pagar internet. Eu, na minha opinião, o senhor entendeu? Mas também
não tem nada escrito disso. Aí a gente não deveria por um mínimo.

P. Ter um OCR na câmera já seria um fator limitador? Para terceiros?


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APÊNDICE B – ENTREVISTAS TRANSCRITAS

E. Eu não colocaria. Se o cidadão já tem a câmera dele, aí já é a realidade dele. O


senhor entendeu?

Interrupção – a internet estava oscilando. Depois normalizou.

P. Sobre o sistema Hélios, o que você poderia passar?

E. Olha, o sistema, a gente passa lá para os Cadetes, para os alunos lá na Academia


quando a gente tem a oportunidade de falar sobre. O sistema está no meio do
caminho. Só a gente que tem o sistema, mas ele vai para um lado que pega câmeras
de terceiros. Pega uma câmera da prefeitura. Hoje a gente não tem câmera nenhuma,
seja câmera de um radar, de qualquer pessoa, então, a câmera não é nossa. Não
investimos nada. Ele pega a imagem dessa câmera e pesquisa num banco de dados
do outro lado que também não é nosso, Ministério da Justiça. E entrega isso no
celular, na intranet do PM. O senhor entendeu que o sistema não tem culpa nenhuma
dos dois erros que podem aparecer? O sistema pode apresentar dois erros: - leu a
placa incorretamente porque a câmera não é nossa, confundir o O com D, com Q; o
segundo erro que pode aparecer é que o dado está desatualizado na base. A base
também não é nossa porque não conseguimos construir uma base. Então, eu acho
que o sistema paga esse preço aí das falhas, dos alarmes falsos positivos por querer
ajudar, porque não é culpa dele. A câmera não é nossa. A base de dados também
não é nossa. Então assim, é meio do perdido à metade sabe senhor Capitão? A gente
não ia ter pesquisa nenhuma, não ia ter pesquisa nenhuma, não ia consultar nenhum
veículo. Vamos supor que deu um erro lá de trinta por cento. Eu acho que nós estamos
no lucro porque a gente não investiu nem na câmera e nem temos a capacidade de
conseguirmos fazer uma base de dados. As câmeras vão evoluir com o tempo. Os
sistemas já evoluíram ou vão evoluir bastante. A base de dados nós vamos conseguir
de forma estratégica a base de dados segura. Enquanto isso, a gente já está
trabalhando o sistema. Óbvio que ele tem algumas coisas a serem melhoradas,
aprimoradas. Já vem sendo feito muito. Tem um custo mensal de a gente manter
esses analistas aí para manter o sistema funcionando aí na intranet, mas os dois
maiores erros, o sistema em si não tem culpa. Não tem como a gente atuar, o senhor
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APÊNDICE B – ENTREVISTAS TRANSCRITAS

entendeu? Extrapola a nossa competência disso aí. Ou então nós vamos ter que
comprar câmeras. É o que não fazemos hoje. E vamos ter que construir uma base de
dados ou comprar ou contratar uma. Dessas questões, o que está mais próximo da
realidade de funcionamento é o de leitura de placas. Reconhecimento facial pra nível
de rua é muito difícil. Vai funcionar bem em metrô, condomínios, eventos específicos
que a gente consiga controlar pessoas ou uma outra faze do reconhecimento facial
que a gente já trabalhou nele aqui, inclusive com a PRODEMGE é o reconhecimento
facial feito pelo policial com o SMART FONE. Aí numa abordagem o senhor tira uma
foto, mas aí tem toda uma questão de jurídico-legal da possibilidade de fazer isso.
Essa sim, o senhor vai controlar, o senhor vai tirar uma foto ali e vai submeter aquela
foto à pesquisa na base de dados. Hoje a gente tem a dificuldade de abordar pessoas,
esses nomes falsos. Nomes de outros que eles passam durante abordagem. A gente
não tem senhor capitão uma base 2021, recurso nenhum para evitar isso, né? O
senhor imagina num TCO, um TCO que está o policial, o senhor está aí no interior,
um militar em uma fração do senhor faz um TCO, sei lá, de um usuário de droga e ele
der os dados de um terceiro. Como que o militar vai garantir isso daí? Não foi até a
delegacia. Como que ele vai confirmar isso?

P. O sistema OCR. É possível através dele o reconhecimento facial? Ou tem alguma


outra tecnologia?

E. O OCR identifica caractere, números e letras, só isso.

P. Você tem conhecimento a respeito do aspecto da Inteligência Artificial?

E. O que a gente está testando agora pra polícia adquirir é a câmera na viatura para
poder fazer leitura de placas. A Capitão Audiléia pegou a viatura aqui hoje pra poder
usar no batalhão de trânsito para fazer isso. Tem câmera instalada na viatura pra
poder ler placa nas blitz, nas operações, fazer isso. Pode ir pra qualquer lugar e fazer
isso. De reconhecimento facial com câmeras nós não temos nesse momento na DTS
nenhum estudo em andamento. O que existe é um teste em conjunto com a
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PRODEMGE com o smartphone, mas a gente também não sabe aonde isso vai
chegar quanto à questão da legalidade, se vai ser possível colocar isso, utilizar isso
na prática. Mas no aspecto técnico o que vai trazer melhor resultado é com o
smartphone para o polícia abordar. Não temos base de dados também. Não temos
nenhum. O próprio Major Ladeira já tentou com o TRE e eles responderam
formalmente o seguinte: - se vocês quiserem, se a PM quiser uma parte específica,
fazer formalmente um ofício pedindo, a gente manda daquele, mas nós não vamos
ceder a base de dados toda, porque o objetivo não é esse, de segurança, é só da
biometria do sistema eleitoral. Agora senhor Capitão, o senhor imagina se em todo o
REDS a gente colocasse a foto dos envolvidos. O senhor coloca lá os dados, o nome
da mãe, dos indivíduos, CPF, RG. O senhor concorda? São todos dados até mais
sensíveis do que a própria foto, que podem causar mais transtorno do que a própria
foto. Considerando que a gente faz no mínimo um milhão de REDS por ano, daqui a
pouco as instituições é que estarão nos procurando. A gente está alimentando um
banco de dados de forma dinâmica e atualizado. O senhor concorda? Em um ano a
gente teria um milhão de faces cadastradas. O REDS já está sendo atualizado para
poder colocar outras imagens, não só nos acidentes de trânsito, mas outras imagens
como provas. Está sendo feito com a PRODEMGE. O Coronel Pongianelo está
tratando isso aqui na cadeia de custódia das provas para poder colocar no REDS tanto
vídeo quanto imagens, fotos dos crimes. No meu entendimento, era uma excelente
oportunidade da gente colocar foto aí, até mesmo para desonerar o PM. O senhor
imagina no caso do TCO, uma pessoa se identifica como tal. Foi esse indivíduo aqui
que apresentou como tal. Eu não tenho como conferir, confirmar a identidade. Eu acho
que a gente deveria pelo menos suscitar. Até mesmo para o Judiciário ia ser bom. O
senhor concorda? Quando a gente começou a fazer o teste de reconhecimento facial,
uma das primeiras bases que a gente pegou foi do sistema prisional, pelas fotos do
INFOPEN. Aí eles reportando pra gente que tinha um indivíduo lá que tinha entrado,
quatro vezes, o mesmo indivíduo com quatro nomes diferentes. Só na hora que eles
fizeram o reconhecimento facial dele lá para confirmar que esse aqui é a face do
mesmo. Não tem controle. Não tem forma de. Ninguém é obrigado a portar identidade,
obrigado a portar documento. Nas identificações sem um reconhecimento facial ficaria
muito fragilizado.
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APÊNDICE B – ENTREVISTAS TRANSCRITAS

P. Dependeria de uma autorização judicial? Uma garantia jurídica para esse sistema
desenvolver com fotos?

E. Pra gente colocar foto no REDS eu acho que dependeria do colegiado colocar aí e
deixar alguém questionar. Eu acho que já colocam dados muito mais sensíveis,
endereços, concorda? É muito mais fácil localizar pessoas pelo endereço, pelo nome
completo, pelo RG, o que tiver lá, do que pela foto propriamente dita, até mesmo, o
senhor vai entrar em qualquer prédio eles tiram a foto do senhor. Na polícia civil eles
estão aprimorando é o de habilitação, porque aquele do Instituto de identificação, não
dão qualidade para isso não, o senhor entende? Eu vi em uma reportagem. Eles
comparam a foto do senhor com a carteira anterior. Estão comparando se o senhor
for fazer um exame com a foto da carteira anterior. Reconhecimento facial de um pra
um.

P. Em relação a inteligência artificial, você acha que seria assim um caminho


futuramente? Aonde que a polícia quer chegar em relação a isso tudo? Nessa questão
da potencialização seria realmente envolvendo a inteligência artificial?

E. Olha pro senhor ver. O que a gente tem hoje, o que eu acredito que funciona hoje
é só o leitor de placa. Reconhecimento facial está um pouco mais distante e as
empresas oferecem por aí identificações de padrões que tendem a ser crime, tipo, a
pessoa sacou uma arma e a câmera identificar aí, pessoa correu, alguém levantou as
mãos, ou um tumulto, mais a gente não viu nenhuma funcionando com bom
desempenho. Se tem e eles estão querendo vender, eles deveriam no mínimo
apresentar isso pra gente. O senhor entendeu? Inúmeras empresas chegam, fazem
propaganda na internet. Ah! Aqui em Salvador tá assim, no Rio está assado, em São
Paulo está assado. Agora, na hora que chegam pra testar, isso eu registro, nenhuma
consegue fazer funcionar de forma adequada. Aí eu acho assim: - a eficiência desses
sistemas é muito baixa.

P. Você teria mais alguma questão que gostaria de contribuir em relação a tudo isso
que foi falado?
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APÊNDICE B – ENTREVISTAS TRANSCRITAS

E. Senhor Capitão, só reforçando a dificuldade, pra qualquer sistema para funcionar


é a base de dados. Então assim, a tecnologia para seguir sozinha sem ter esse apoio
para aquisição ou para acesso às bases de dados, se a gente não resolver esse
problema com o de placas, nós não vamos conseguir resolver com face. Tem outras
questões envolvidas. Até com placas, a questão de câmeras, a gente tem que levar
para os nossos representantes do legislativo pra que se tenha uma lei, algum disposto
legal que todo radar, todo radar, seja integrado a Segurança Pública. Tem um projeto
de lei tramitando. Tem um parágrafo lá no projeto de lei do Alencar da Silveira Junior
para que todos os radares sejam integrados à segurança pública, para serem usados
pela segurança pública.

P. Em relação ao benchmarking (verificação com outras polícias, outras empresas)


para avaliar tecnologias?

E. As empresas, o que elas vêm vender aqui ou demonstrar é o que tem em outros
Estados, eles vendem aqui facilmente ou apresentam aqui. O senhor entendeu? Então
a gente compara, mas não tenho viajado para visitar outras instituições pra ver isso
não, mas pelo através das próprias empresas dos fornecedores que apresentam aqui.
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APÊNDICE C – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO -


T.C.L.E. - ENTREVISTADO 1
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APÊNDICE C – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO -


T.C.L.E. - ENTREVISTADO 2
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APÊNDICE C – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO -


T.C.L.E. - ENTREVISTADO 3
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APÊNDICE C – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO -


T.C.L.E. - ENTREVISTADO 4
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ANEXO A - MAPA ESTRATÉGICO

Fonte: PMMG, 2021.


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ANEXO B – APRESENTAÇÃO DA DTS3 SOBRE O VIDEOMONITORAMENTO

Fonte: DTS, 2021.


98

ANEXO B – APRESENTAÇÃO DA DTS3 SOBRE O VIDEOMONITORAMENTO

Fonte: DTS, 2021.


99

ANEXO B – APRESENTAÇÃO DA DTS3 SOBRE O VIDEOMONITORAMENTO

Fonte: DTS, 2021.


100

ANEXO B – APRESENTAÇÃO DA DTS3 SOBRE O VIDEOMONITORAMENTO

Fonte: DTS, 2021.


101

ANEXO B – APRESENTAÇÃO DA DTS3 SOBRE O VIDEOMONITORAMENTO

Fonte: DTS, 2021.


102

ANEXO B – APRESENTAÇÃO DA DTS3 SOBRE O VIDEOMONITORAMENTO

Fonte: DTS, 2021.

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