A língua portuguesa é conhecida por sua complexidade e variações
regionais e sociais, o que torna cada vez mais importante o desenvolvimento da competência da oralidade nas aulas de língua portuguesa. A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) estabelece que, desde as séries iniciais do ensino básico, a oralidade deve ser uma das competências trabalhadas em sala de aula, com o objetivo de desenvolver a capacidade do aluno de compreender, utilizar e valorizar as diferentes variedades linguísticas.
Desmitificar a ideia de que o "certo" é apenas a norma culta é
fundamental para valorizar a riqueza e diversidade da língua portuguesa e combater o preconceito linguístico. Infelizmente, ainda é comum a discriminação velada em relação às diferentes variações linguísticas, o que pode levar à exclusão e ao reforço de estereótipos prejudiciais.
Nesse sentido, o trabalho da oralidade pode ser uma ferramenta
importante para a construção do conhecimento e das relações interpessoais. Ao estimular atividades que envolvam a fala, os estudantes podem trocar ideias, argumentar e desenvolver o raciocínio crítico. É também um importante meio de expressão da subjetividade, da emoção e da criatividade, permitindo ao aluno aperfeiçoar sua capacidade de comunicação, independente de sua origem ou classe social.
Para que o trabalho da oralidade seja efetivo, é fundamental que os
educadores estejam atentos ao preconceito linguístico, que pode ser expresso através do comportamento dos professores e colegas em relação às diferenças de pronúncia, construção frasal, entonação e vocabulário. Promover um ambiente inclusivo e democrático, que respeite e valorize todas as formas de expressão, é fundamental para combater o preconceito linguístico.
Dessa forma, ao desenvolver a competência da oralidade nas aulas de
língua portuguesa, os estudantes podem se tornar cidadãos mais capazes de se expressar, dialogar e compreender a variedade de formas de falar presentes na sociedade brasileira. Essa habilidade é essencial para a inclusão social e a promoção da democracia cultural em uma sociedade cada vez mais diversa e plural.
Referências bibliográficas:
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A educação é a arma para mudar o mundo Pá gina 3 de 3