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Tópicos do capítulo:
Finale
2
Informam-no, a 30 de abril, por volta de
meia-noite, de que um coronel alemão acabou
de apresentar-se com uma bandeira branca,
perto do Landwehrkanal, e pergunta em que
lugar o General Krebs, chefe do Estado-
Maior-Geral da Wehrmacht, poderia
atravessar as linhas para realizar uma missão
junto ao comandante soviético. Tschuikov dá
ciência disso ao Marechal Zhukov, que o
autoriza a receber o emissário inimigo.
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A primeira surpresa - a menor - é o
rebaixamento de Goering. A segunda é um
radiograma de Bormann denunciando a
traição, as negociações clandestinas de
Himmler. “O Fuhrer - concluiu Bormann -
espera que V.Exa agirá imediata e
inflexivelmente contra todos os traidores”.
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Enquanto isso, importantes deliberações
foram tomadas em Flensburgo. Doenitz
convocou as principais autoridades civis e
militares dos territórios ainda ocupados pela
Wehrmacht. Seyss-Inquart veio da Holanda;
Terboven e o General Boehm, da Noruega; o
Dr. Best e o General Lindemann, da
Dinamarca; o General Foertsch, chefe do
Estado-Maior do Grupo Norte, da Curlândia;
o Reichsprotektor Franz e o General Von
Natzmer, chefe do Estado-Maior do Grupo
Centro, da Tchecoslováquia. Todos
concordaram em que a situação é
desesperadora. Seyss-Inquart revela que já
determinou conversações, e Franz informa
que negocia com os políticos burgueses de
Praga para que tomem o poder e chamem as
tropas americanas. Natzmer, todavia, declara
que não pode responder pelo seu chefe, o
Marechal Schörner, capa de querer defender-
se, até o último alento, no quadrilátero
boêmio.
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Trava-se a batalha. A parte da cidade situada
ao norte de Passig é conquistada com relativa
facilidade, mas os quarteirões situados ao sul
do rio exigem uma luta encarniçada. Duas
divisões americanas, a 37a e a 1a de Cavalaria,
esmagam um a um os ninhos de resistência: o
Estádio Rizel, o Parque Harrison, a
Municipalidade, o Correio Central, o Hotel
Manila. MacArthur assiste à tomada deste
último e vê as chamas devorarem o alpendre -
ainda guarnecido por seus livros e por seus
móveis - onde ele tantas vezes meditou
contemplando a baía luminosa. Os últimos
marinheiros do Almirante Iwabushi
entrincheiraram-se na cidade colonial Intra
Muros, atrás do baluarte espanhol do século
XVIII. MacArthur nega ainda aos seus
generais a autorização para arrasar esse
reduto com a ajuda de um ataque aéreo, mas
teve de autorizar o emprego do canhão; uma
preparação de artilharia de cinco dias reduz
Intra Muros a escombros. O assalto é
realizado por escalada, a 23 de fevereiro. Os
últimos japoneses são eliminados a 3 de
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março. Os americanos tiveram 1.010 mortos e
5.565 feridos. Manila é um campo de ruínas.
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Durante a feroz batalha, a aviação estratégica
inflige ao Japão um golpe terrível. Em 9 de
março, 334 B-29 decolam das Marianas
carregados de 2.000 toneladas de bombas
incendiárias. Os quarteirões de Tóquio que as
recebem possuíam cerca de 55.000 habitantes
por km², e a superfície dos tetos atinge a
metade da área total. Um mar de chamas,
atiçado por um tufão, traga esse aglomerado
de construções frágeis e a humanidade que
elas abrigam. São destruídas 267.711 casas;
há 83.793 mortos. Multidões atiraram-se nos
canais e morreram escaldadas. Sobrevoando o
braseiro, mordendo seu grande charuto, o
chefe da hecatombe, o General Curtis Le
May, disse: “Reconduziremos o Japão à Idade
da Pedra”. As fotografias tiradas nos dias
seguintes mostram imensas manchas
enegrecidas, correspondentes aos quarteirões
carbonizados. De 44 bombardeiros atingidos
pela DCA apenas 14 não regressaram. As
tripulações de 5 destes foram salvas no mar, o
que reduz a 45 vidas americanas o custo do
ataque.
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Os golpes multiplicam-se. Os exércitos de
MacArthur aceleram a reconquista das
Filipinas. O exército de Lorde Mountbatten
aproxima-se de Rangum. O esquadrão aéreo
de Le May projeta estender a todas as cidades
japonesas o tratamento infligido a Tóquio. E,
antes mesmo que a batalha de Iwo Jima tenha
chegado ao fim, a frota e o exército do
Almirante Nimitz atacam o arquipélago
Riuquiú, ante-sala do Japão.
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A invasão de Okinawa começa no dia de
Páscoa, Easter Sunday, 1o de abril. A zona
escolhida para o desembarque é o centro da
ilha, de um lado e de outro de um pequeno rio
denominado Busha. Sob as ordens do
Almirante Raymond Turner, 1.213 navios
põem em terra a 6a e a 1a Divisões de
Marines, a 7a e a 96a Divisões do Exército.
Não há qualquer resistência: dir-se-ia não
haver inimigos em Okinawa. A ilha é
atravessada de um lado a outro desde o
primeiro dia e a conquista dos aeródromos de
Yontan e de Kadena custa apenas dois
mortos. O coronel de um regimento que
recebe o batismo de fogo fanfarroneia:
“Mandem-me um japonês, vivo ou morto.
Meus homens jamais viram isso...”
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Em 4 de junho, o 32o Exército conta ainda
30.000 homens, mas consistem
principalmente em soldados dos serviços e
milicianos. Quatro quintos das armas pesadas
estão perdidos. Os americanos arrasam as
cidades, inutilizam as estradas, encurralam os
defensores nas cavernas, onde são
exterminados com lança-chamas. A 18 de
junho, o General Simon Bolivar Bucker é
morto, num observatório de artilharia, por um
dos últimos obuses japoneses. Quatro dias
depois, os americanos ocupam toda a costa.
Os japoneses apenas ainda resistem em
alguns abrigos esparsos. Num deles, junto da
encosta 89, de que o 32o RIUS ocupa a crista,
os generais Ushijima e Cho fazem o haraquiri
formal. Cho escreve este epitáfio: “Chi
Isumo, Tenente-Coronel do Exército Imperial
japonês. Idade da partida: 51 anos. Morro sem
arrependimento, sem medo, sem desonra e
sem dívidas”. Os prisioneiros serão
relativamente numerosos, 7.400, tendo alguns
grupos ouvido os auto-falantes dos
americanos de origem japonesa (niseis), que
os exortam a sobreviver. As perdas japonesas
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elevam-se a 131.000 mortos, dos quais 42.000
civis. As perdas dos US Army e do US
Marine Corps atingem a 7.213 mortos. A US
Navy acrescenta a estes 4.907 mortos ou
desaparecidos, a maior parte vítima dos
kamikazes. Esse preço de sangue parece
gigantesco para a opinião pública americana,
e as críticas levantadas pela campanha de Iwo
Jima ressoam de novo.
Potsdam e Alamogordo
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Enquanto isso, a bomba atômica toma corpo.
No início de maio, o General Groves informa
Truman do estado de adiantamento dos
trabalhos. Little Boy, a bomba de plutônio,
estará pronta no início do verão. Fat Man, a
bomba de urânio, venceu as imensas
dificuldades técnicas apresentadas pelo
processo de separação isotópica por difusão
gasosa. Uma formação especial de B-29, o
509o Composite Group, comandado pelo
Coronel Paul Tibbets, prepara-se, desde o fim
de 1944, para lançar bombas postiças com as
correspondentes características previstas para
os dois engenhos. Stimson, enérgico
protagonista do plano da bomba, já constituíra
um Target Commitee, encarregado de propor
os objetivos mais convenientes. O Comitê
apresentou a seguinte lista: 1. Hiroxima
(grande porto e cidade militar importante); 2.
Kokura (principal arsenal japonês); 3. Niigata
(grande porto, refinaria de petróleo, fábrica de
alumínio, etc.); 4. Quioto (grande diversidade
de indústrias de guerra). Apesar dos protestos
de Groves, Stimson riscou Quioto, em razão
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de seus tesouros artísticos, e substitui-a por
Nagasáqui.
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De Tinian, chega a Potsdam, via Washington,
um relatório: o 509o Grupo compósito da US
Air Force está pronto, dependendo das
condições meteorológicas, a realizar a missão
de que foi encarregado. O comandante da
aviação estratégica, Spaatz, recusou-se “a
matar talvez 100.000 pessoas mediante
simples instruções verbais” e exigiu ordens
por escrito. Recebeu-a em 25 de julho,
assinada por Stimson e Marshall. Todavia,
ainda se trata de ordem preparatória. A ordem
de execução somente pode ser dada pelo
comandante-chefe das Forças Armadas, o
Presidente.
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O rádio espalha a notícia. Antes de embarcar,
Truman gravou uma mensagem anunciando
que o mundo entrara na era atômica. Por aí e
pelos comentários da Rádio de São Francisco
é que o Ministro dos Negócios Estrangeiros
do Japão, Shigenori Togo, soube da natureza
do projétil que acabava de ferir seu país.
Informa seu colega da Guerra, solicitando-lhe
pormenores sobre a explosão. Os militares,
porém, são evasivos. Reconhecem
simplesmente que os danos sofridos por
Hiroxima são muito importantes. O
comunicado, que eles esperarão o dia seguinte
para divulgar, fala unicamente de um “novo
tipo de bomba”, a respeito da qual estão
sendo feitas investigações. De Hiroxima
restam apenas somente alguns esqueletos de
edifícios de concreto. A cidade começava seu
dia de trabalho. Seguindo a regra, o alarma
não foi dado para os aviões isolados que a
sobrevoam. Um clarão aterrador devorou-a,
deixando atrás um incêndio colossal, atiçado
e propagado em um segundo. Os bondes
permaneceram cheios de passageiros
calcinados, oprimidos nos bancos, ou
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amontoados em pé nas plataformas. Um vento
de 1.200 km/hora pôs abaixo paredes num
raio de 1.500 metros, indo estilhaçar janelas a
12 km do “ponto zero”. Um ciclone de fogo,
semelhante aos que centenas de bombardeiros
atearam em Dresden, Hamburgo e Tóquio,
redemoinhou durante seis horas. Em seguida,
verificaram-se nos sobreviventes estranhos
fenômenos: vômitos, diarréias de
extraordinária intensidade, uma infinidade de
pequenas hemorragias na boca e na garganta.
Muitas vítimas portadoras desses sintomas
agonizam. O balanço, que será levantado
depois, acusará 78.150 mortos, 9.284 feridos
graves e 13.938 desaparecidos. Não
computará os militares, em número de
40.000, cuja metade talvez tenha sido vítima
da explosão. O QG do 2o Exército, a sede do
Comando Territorial do Oeste, a escola e o
hospital dos militares foram destruídos.
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Sob o ponto de vista americano, o reide não
se desenvolveu nas condições de perfeição
obtidas em Hiroxima. A bomba, com carga de
plutônio, era destinada a Kokura, mas as
nuvens cobriam a ilha de Quiuxiú e o chefe
da expedição, major Sweney, teve de desviar-
se para o alvo de substituição, Nagasáqui. A
explosão, mais violenta ainda que a de 6 de
agosto, por pouco não desagregou o B-29,
que, abalado, foi descer, como pôde, em
Okinawa. As colinas de Nagasáqui, porém,
atenuaram os efeitos da deflagração,
reduziram a importância dos danos e o
número de vítimas. Depois disso, o arsenal
atômico está vazio. Várias semanas
decorrerão antes que Hanford e Oak Ridge
produzam as quantidades de matéria físsil
necessária para novas explosões.
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