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Hitler estava perturbado quando chegou ao local. Ele não lamentava pelo
Parlamento como instituição, já que sempre desprezou a democracia. O que
mais o incomodava era a suposição de que teriam sido seus arqui-inimigos, os
comunistas, os responsáveis pelo incêndio. A intenção, segundo Goebbels,
era, "por meio do incêndio e do terror, causar tumultos e, em meio ao pânico
geral, tomar o poder".
Hitler não acreditava nessa versão. Ele teria reagido de maneira totalmente
histérica ao relato de que uma única pessoa teria incendiado o Reichstag. E,
teimosamente, insistiu que uma conspiração comunista estava por trás de tudo.
"Se esse incêndio, como acredito, tiver sido obra dos comunistas, precisamos
exterminar essa peste assassina com punho de ferro", esbravejou o Führer em
um de seus notórios ataques. Hermann Göring, comandante da polícia
prussiana, declarou estado de alarme máximo, autorizando seus subordinados
a usar armas de fogo.
Nazistas colocaram a culpa em seus adversários comunistasFoto: Ullstein
Para os nazistas, o incêndio do Reichstag oferecia uma oportunidade única, o
que Hitler reconheceu de imediato. A população estava profundamente
insegura. E as elites conservadoras de burocratas, políticos e militares temiam
uma tomada de poder pelos comunistas.
Na sede do governo, o tumulto também era grande. Com toda pressa, foi
emitida uma portaria de defesa contra a suposta ameaça comunista. Ou seja,
no dia 28 de fevereiro de 1933, Von Hindenburg assinaria o Decreto do
Presidente do Reich para a proteção do povo e do Estado, que eliminava a
liberdade de expressão, de opinião, de reunião e de imprensa. O sigilo do
correio também era abolido. Além disso, o governo em Berlim ganhava poderes
para "intervir" nos estados, a fim de garantir "a paz e a ordem".
Grande parte da população acreditava naquilo que estava escrito nos jornais,
ou seja, que os comunistas tinham tentado dar um golpe. Um periódico bávaro
aplaudia: "Por isso, saudamos as últimas medidas de emergência".
Fato é que Hitler reconheceu a oportunidade e fez uso dela. Ao ver o Reichstag
em chamas, ele teria dito: "Agora não há mais piedade. Quem se colocar no
nosso caminho, será eliminado". Nos 12 anos que se seguiriam, ele
transformaria essas palavras em realidade, da maneira mais cruel e horrível
possível. (Marc von Lüpke-Schwarz)