Você está na página 1de 4

UGB-FERP

História – 7° Período – Noturno


Atividade Avaliativa de LPP 4 – Prof. Vagner
Nome: Luiza da Silva Cruz – Matrícula: 2020101564
Nome: Matheus Ferraz de Souza – Matrícula: 2020101391

Fake News que mudaram os rumos da História: O Incêndio do Reichstag

No dia 27 de fevereiro de 1933, por volta das 21h, o corpo de bombeiros de Berlim
recebeu uma notícia preocupante: o Reichstag, a sede do parlamento alemão, estava
em chamas. Os policiais cercaram o local para impedir o acesso dos curiosos que
vinham para ver o que restou do parlamento, após os bombeiros terem apagado as
chamas.
O chanceler recém-nomeado, Adolf Hitler chegou ao local acompanhado de Joseph
Goebbels, líder do partido nazista, o NSDAP e nitidamente transparecia o estado de
perturbação. Os dois foram informados que um comunista havia sido responsável por
atear fogo no marco da democracia alemã. Hitler havia sido nomeado chanceler em
30 de janeiro daquele ano e, menos de um mês depois, nem ele e nem o partido
nazista haviam se consolidado no poder e eram minoritários na coalizão que estava
no governo. Mesmo já tendo tomado medidas de cunho autoritário, como o decreto
de 04 de fevereiro, que limitava a liberdade de imprensa.
A polícia prendeu os suspeitos e começava o interrogatório em busca dos
responsáveis pelo incêndio. Entre os detidos estava um jovem holandês de 24 anos,
Marinus Van Der Lubbe, que havia sido membro da juventude comunista em seu país
dois anos antes, em 1931, e que estava há pouco tempo na capital alemã. Este
acabou confessando que provocou o incêndio, como um protesto pela ascensão dos
nazistas, mas que havia agido sozinho. Hitler afirmou existir uma conspiração
comunista para assumir o poder. Relatos e biógrafos dizem que o chanceler alemão
ficou totalmente histérico ao ser informado que uma única pessoa foi responsável pelo
incêndio no Reichstag.
Na mesma noite do incêndio, a polícia recebeu de Göring a instrução de prender
deputados comunistas e funcionários do partido. As tropas da SA, forças paramilitares
do partido nazista, logo entraram em ação. Elas levaram as pessoas para prisões
provisórias, onde muitas seriam torturadas. Durante o mês de março e de abril mais
de 25 mil pessoas foram detidas nestas ações da SA.
Em nome da proteção do povo e do Estado, no dia seguinte ao incêndio, o presidente
alemão, Paul von Hindenburg, assinou o decreto "Decreto de Incêndio do Reichstag",
que eliminava a liberdade de expressão, reunião, manifestação e de imprensa, assim
como o sigilo de correspondência, e deu o direito de o governo intervir em estados
para garantir a “paz e a ordem”, tudo isto contra a suposta ameaça comunista. Sem
provas, sem controle jurídico, sem evidências, Hitler começou a fechar qualquer jornal
que lhe fosse desfavorável, em nome da pátria alemã e de Deus. Sem grande
oposição, a exceção do movimento operário organizado, as liberdades democráticas
começaram a ser retiradas, e os grandes jornais faziam coro com a “ameaça
comunista”, saudando cada uma das medidas de segurança tomadas.
Apenas oito dias após o incêndio no Reichstag, em 05 de março, diante de uma forte
campanha contra os comunistas e demais partidos operários, aconteceram as
eleições na Alemanha. As ruas das principais cidades alemãs estavam tomadas pela
propaganda nazista, com cartazes nas ruas, apoiadores, jornais e até aviões com
mensagens a apoio a Hitler e seu partido. Obviamente o partido nazista e Hitler saem
vitoriosos, com 43,7% dos votos. O resultado não foi exatamente o esperado por
Hitler, que esperava superar facilmente os 50%, mas destas eleições em diante o
fortalecimento dos nazistas rumo a conquista do Poder e de sua ditadura de ódio
caminhou a passos largos.
Com a prisão dos 81 deputados do partido comunista e outros 11 do partido social
democrata, Hitler consolida sua maioria parlamentar. Estes dois partidos juntos
tiveram quase 40% dos votos. O restante da oposição ao partido nazista, acaba por
apoiar Hitler. Assim, com 441 votos contra 91, o parlamento concedeu plenos poderes
a Hitler, que concentraria cada vez mais o poder em suas mãos daí em diante, rumo
a um governo totalitário.

O que foi Fake News no episódio do Incêndio do Reichstag?

Oficialmente, até hoje permanece um mistério quem iniciou o fogo em 1933. Desde o
fim do regime nazista, a culpa de Van der Lubbe tem sido repetidamente questionada.
A maioria dos historiadores concorda que o holandês agira sozinho, enquanto alguns
acusam autoridades nazistas de terem provocado o incêndio deliberadamente para
justificar uma repressão a seus oponentes. O fato era que, para Hitler e os dirigentes
do partido nazista, este incêndio era uma oportunidade única. Com a população se
sentindo insegura, e as elites temendo a ameaça bolchevique, Hitler possuía a
desculpa ideal para perseguir seus inimigos, os comunistas e o movimento operário.
Nas eleições de 1928, quando as condições econômicas tinham melhorado após o
fim da hiperinflação de 1922-23, os nazistas ganharam apenas 12 lugares no
Reichstag. Após a Grande Depressão nas eleições de 1930, eles ganharam 107
lugares, tornando-se o segundo maior partido parlamentar. Após as eleições de julho
de 1932, os nazistas tornaram-se o maior partido no Reichstag, com 230 lugares.
Porém, o Partido Nazista não conseguiu uma maioria parlamentar. Embora os
nazistas tivessem ganho a maior parte dos votos nas duas eleições gerais do
Reichstag em 1932, não tinham maioria, e apenas uma pequena parcela no
parlamento aceitava suas propostas, o DNVP-NSDAP.
Quando o incêndio ocorreu, os nazistas ainda não haviam se consolidado no poder,
pois a apenas 28 dias antes que o presidente Von Hindenburg, havia nomeado Hitler
para o cargo de chanceler. Hitler não tinha a menor intenção de deixar o poder, e seu
grande receio era uma possível insurreição dos comunistas. Com o Reichstag em
chamas, Hitler teve a justificativa ideal para afirmar a existência de uma conspiração
comunista em curso.
Assim, no dia seguinte ao incêndio, com o Decreto do Incêndio do Reichstag, os
nazistas passaram a dispor da ferramenta decisiva para combater seus inimigos,
pavimentando assim, o caminho para a ditadura de Hitler. Depois de banidos os
Comunistas, ao longo do ano de 1933, o Partido Nazista eliminara toda a oposição e
concentraria cada vez mais os poderes. Em março de 1933, o Reichstag transmitia
suas funções legislativas ao poder executivo - no caso Hitler, a quem seria concedido
plenos poderes para governar por decretos. Ou seja, o Parlamento anulou seus
próprios poderes em favor de Hitler. Os social-democratas (SPD), apesar dos esforços
para apaziguar Hitler, seriam banidos em junho. Entre junho e julho os Nacionalistas
(DNVP), o Partido Popular (DVP) e o Partido do Estado (DStP) foram desmantelados.
O Zentrum dissolveu-se em 5 de julho de 1933. Em 14 de julho de 1933 a Alemanha
foi oficialmente declarada um estado de partido único por um decreto-lei. Com a morte
de Hindenburg em 2 de agosto de 1934, Hitler fundiria os cargos de Presidente e
Chanceler no novo título Führer, consolidando o poder total sobre a Alemanha
Se foram os próprios nazistas os perpetradores do incêndio, ou se de fato o jovem
comunista holandês foi o agente incendiário, uma tese pode ser negada: que
realmente fossem os comunistas tentando uma revolução. A ideia da conspiração
comunista que justificaria a concessão de poderes absolutos a Hitler é, de um jeito ou
outro, falsa. A propaganda nazista, nesse caso, foi muito bem-sucedida ao transformar
o fato do incêndio em falsa narrativa de uma conspiração em curso para perseguir a
oposição.

Fontes:
https://g1.globo.com/mundo/noticia/2019/07/27/relato-de-ex-nazista-poe-em-
xeque-incendio-no-reichstag-em-1933.ghtml

https://esquerdaonline.com.br/2018/10/22/o-incendio-no-parlamento-alemao-a-
fake-news-que-permitiu-a-hitler-perseguir-os-comunistas/

https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/reportagem/incendio-no-
reichstag-ha-90-anos-fogo-no-parlamento-alemao-impulsionava-consolidacao-
nazista.phtml

https://pt.wikipedia.org/wiki/Ascens%C3%A3o_de_Hitler_ao_poder#cite_ref-2
Ascensão e queda do Terceiro Reich Triunfo e Consolidação 1933-1939. Volume
I. William L. Shirer. Tradução de Pedro Pomar. Agir Editora Ldta., 2008. ISBN
978-85-220-0913-8

Você também pode gostar