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Resenha dos textos: Desenvolvimento como liberdade – Amartya Sem

Sobre a democracia – Robert Dahl


Contra a canonização da democracia – João Quartim de Moraes

No texto em que Amartya Sen discute sobre a importância da democracia principalmente em países
de terceiro mundo onde as necessidades econômicas se tornam prioridade, entre as decisões do governo,
em detrimento das liberdades políticas, destaca-se uma questão: “Por que se preocupar com a sutileza das
liberdades políticas diante da esmagadora brutalidade das necessidades econômicas intensas?” (Amartya
Sem, 2010:174). A partir dessa questão o autor discorre sobre como a democracia e as liberdades políticas
são essenciais para evidenciar e suprir as necessidades econômicas.
Enquanto o autor afirma que liberdades políticas são importantes para que as pessoas reivindiquem
seus direitos e exponham suas necessidades, pressionando o governo de forma apropriada, a oposição
contra às democracias argumenta a partir de três afirmações dizendo que liberdades e direitos dificultam o
desenvolvimento econômico, que se as classes desfavorecidas pudessem escolher prefeririam sanar suas
necessidades econômicas à ter liberdades políticas (afirmação essa que foi refutada pelo autor no exemplo
em que ele relata como os indianos protestaram contra a supressão de direitos políticos e básicos e
denunciaram a pobreza econômica) e que democracia e liberdades contrariam valores asiáticos.
Ainda em “Desenvolvimento como liberdade”, Amartya Sem destaca a liberdade de expressão e a
discussão pública como elementos fundamentais para o bom funcionamento da democracia, que além de
ajudar nas reivindicações, também faz com que os indivíduos consigam fazer uma conceituação sobre
necessidades econômicas.
Em “Sobre a democracia”, a idéia central do autor é evidenciar os motivos pelos quais a democracia
é a melhor em relação aos outros tipos de governo. Para isso ele compara governos democráticos e
não-democráticos, discorrendo sobre como alguns conceitos são tratados a partir do estabelecimento da
democracia.
Entre a caracterização das vantagens de um governo democrático, a autodeterminação relaciona-se
fortemente com alguns conceitos de Rousseau em seu livro “Contrato Social”. Além disso, é possível fazer
uma associação com idéias de Amartya Sem quando o autor diz que “A democracia promove o
desenvolvimento humano mais plenamente do que qualquer opção viável”, mas que só um governo
democrático não basta para que aja o desenvolvimento ( Robert A. Dahl, 2001 :68 e 69).
Em “Contra a canonização da democracia”, a partir da seguinte declaração feita por Enrico
Belinguer, secretário-geral do Partido Comunista Italiano (PCI), “A democracia é hoje não apenas o terreno
no qual o adversário de classe é obrigado a retroceder mas é também o valor historicamente universal sobre
o qual fundar uma original sociedade socialista” João Quartim de Moraes começa a fazer sua crítica tanto
ao autor da declaração quanto a própria democracia.
A principal crítica é sobre a ambigüidade presente na frase do secretário-geral, que se refere a
democracia de duas formas distintas e sobre a universalização do mesmo conceito. O autor tenta
demonstrar que Belinguer está equivocado ao dizer que democracia é um terreno, mas também é um valor,
que confundiu um conteúdo histórico-objetivo com uma profissão de fé ético-política (João Quartim de
Moraes, 11) e ao tratar da universalização da democracia, ele a interpreta como uma doutrina com seus
seguidores fazendo uma comparação com o cristianismo.
Mais adiante, na segunda parte do texto, continuando a crítica a esse tipo de governo e utilizando
neologismos como “sorex” e ”demorex”, encontram-se várias definições de democracia, entre elas a
definição de Schumpeter de que a democracia é um método político, e isso é exemplificado observando os
EUA que usa a democracia como um método para escolher seus governantes e que é representada por
líderes liberais-imperialistas por meio de organizações repressivas como a OTAN e o Pentágono.

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