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Desde 2020 , o mundo tem atravessado, entre altos e baixos, uma doença que chegou sem avisar e

até o momento não tem prazo para partir. Essa doença que ficou popularmente conhecida como
Covid-19 ou simplesmente Coronavírus, é causada pelo vírus Sars-Cov-2 e infectou em torno de 627
milhões de pessoas pelo mundo todo, segundo dados atualizados pelo consórcio de veículos de
imprensa. Além das contaminações, foi confirmada mais de 6 milhões de mortes pela doença. No
Brasil o número de mortes bateu mais de 600 mil, deixando a nação no ranking de países mais
afetados pela pandemia.

Com este vírus perigoso e solto pelo ar, todos os cidadãos do planeta foram forçados a adaptar suas
vidas e rotina dentro de um rígido isolamento social até que uma luz de esperança caísse sobre suas
cabeças, sendo essa luz uma vacina eficaz ou algo muito maior, como a cura. Mas até que este
esse
primeiro sinal de otimismo chegasse para todos, foram quase 2 dois anos de aflição. Durante esse
período isolados em casa, muitas preocupações em diversas escalas surgiram justamente por não
haver expectativas claras de um bom futuro, além do medo em relação à saúde, seja própria ou de
familiares , . ainda Aindahouve desafios a serem traçados nos principais âmbitos de convivência , e o
âmbito de relações amorosas foi um dos que mais sentiu os efeitos colaterais do isolamento social.

Casais afastados, casais se conhecendo e se habituando à nova realidade, novos relacionamentos e


solteiros tendo que lidar com a própria solidão durante a propagação de um vírus letal. Como amar
em tempos tão difíceis?

No aúdio áudio ao lado, o psicólogo Vagner Miranda, que


atua na área há 16 anos e é especializado em psicologia
psicanalítica traz uma análise sobre a importância das
relações amorosas na vida dos seres humanos.

Para quem é fã de literatura, ficou quase impossível não se lembrar , ou fazer um trocadilho (que leva
o título desta reportagem) , com o livro “O amor nos tempos do Cólera” , escrito pelo colombiano e
Nobel da literatura Gabriel Garcia Márquez. A lembrança inicial vem pela doença que serviu de pano
de fundo para a história o enredo da obra , . mesmo Mesmo que diferente do que vivemos hoje,
porém o tempero especial é sobre como o Garcia Márquez conseguiu escrever uma bela história de
amor vivida naquele período onde a sociedade estava desacreditada e não tinha grandes
expectativas , além de sobreviver a epidemia do Cólera , que acontecia na Europa e no Caribe
colombiano no século 19. E foi sobrevivendo que esse amor foi construído.

No livro, conhecemos a história de Florentino e Fermina que se


apaixonam e por serem de classes sociais diferentes, a relação não é
aprovada pelos pais da moça, que acaba se casando com um médico.
Apesar dessa escolha, Fermina se habitua com o marido que até
então não tinha certeza que amava, mas com mais de 50 anos
juntos, cresceu-se uma ótima relação com amor e companheirismo,
porém sempre manteve contato com Florentino durante estes anos ,
via telégrafo e cartas , até que após a morte do marido, Florentino
pode pôde então finalmente pedir a mão de Fermina em casamento.

Voltando para os tempos atuais, neste século e nos últimos dois anos vivendo com a pandemia da
Covid-19, cartas e telégrafos já caíram em desuso graças aos avanços da tecnologia dentro dos
canais de comunicação. Hoje, são as redes sociais que são as peças fundamentais para manter laços
e expandir relações , principalmente neste período que não era possível sair de casa.

Na entrevista ao lado, o professor, pesquisador e jornalista


Luís Mauro Sá Martino, especialista em comunicação e
mídia, autor dos livros "Teoria da Comunicação", "Teoria das
Mídias Digitas", dentre outros, conta sobre o impacto das
interações online e sua importância durante o isolamento
social, reforçando que esse tipo de conexão não substitui as
interações ao vivo.

SOLTEIRICE DURANTE A PANDEMIA: MATCH AO ALCANCE DA MÃO, MAS LONGE DOS OLHOS

Além do uso de redes sociais, para os solteiros em tempos pandêmicos, o uso de aplicativos de
namoro foi em demasia neste período. Como os encontros e interações ao vivo acabaram sendo
afetadas afetados , consequentemente o interesse por esse tipo de aplicativo teve um aumento
significativo nos últimos dois anos. Segundo um relatório divulgado pela plataforma de marketing
Lifoff, especializada em aplicativos, mais de 270 milhões de pessoas ao redor do mundo criaram
contas em aplicativos de relacionamento desde o início da pandemia. O Brasil, de acordo com uma
pesquisa divulgada pelo Pew Research Center, é o segundo país do planeta com mais usuários
deste
desses tipo s de aplicativo s, que no quais, durante o isolamento social , o número de downloads
cresceu em torno de 215%.

“Uso há muito tempo, desde que os smartphones se tornaram populares. Já passei por alguns, mas
meu favorito é o Tinder, porque é o app mais popular e sinto que a variedade de pessoas é maior.
Gosto também porque exige algumas confirmações de segurança, para validar a autenticidade do
usuário, o que me deixa mais tranquilo em marcar dates. Já passei por alguns apps semelhantes,
mas , pelo menos para mim enquanto homem gay, sinto que outros não são tão populares ou não
tem o perfil de pessoas que me interessa”, relata Douglas Tomaro, de 28 anos, que tem preferências
para o uso de alguns aplicativos e reforça como o uso dessas plataformas de conexão já estão
enraizadas nesta geração. “Como os apps de namoro se tornaram populares logo no início da minha
vida adulta, sempre achei estranho ir em a lugares específicos presencialmente para conhecer
pessoas, como faziam as gerações anteriores. Quase todos os homens que eu me relacionei vieram
de algum match em aplicativos de relacionamento.” E completa: “Ir em a bares ou outros lugares
mais abertos para encontrar potenciais dates é algo que eu jamais faria, não parece fazer sentido
mais hoje em dia .” .

Doug, como é chamado pelos seus amigos e familiares, trabalha como supervisor de atendimento
em um banco , e com o início da pandemia, acabou tendo que trabalhar dentro de casa. Com o
isolamento forçado, Doug, que antes da pandemia tinha alguns encontros esporádicos, decidiu dar
prioridade ao que tangia a sua carreira profissional, abdicando qualquer conexão online. “Minha
vida amorosa não estava muito agitada e , durante esse período, deixei completamente de lado esse
aspecto, me focando mais em outras atividades. Não me sentia confortável em sair para um date, e
não via propósito em manter contato virtualmente sem perspectiva de encontro presencial. Quase
não acessei aplicativos de relacionamento nos primeiros meses.”

Mesmo com o foco na carreira, a preocupação com a saúde também foi um fator determinante para
Doug. ‘’Durante os primeiros meses não cheguei a acessar com frequência ([aplicativos de namoro ).
]. Não marquei nenhum date enquanto não tivesse pelo menos uma dose da vacina, eu realmente
tentei ao máximo seguir as recomendações de isolamento .” .

Com a demora para o surgimento de uma vacina eficaz e o tombamento das medidas protetivas,
Douglas relembra seu passado pré -pandêmico . : “Minha vida amorosa não estava muito ativa antes
da pandemia. Havia sido promovido recentemente, e estava muito focado no trabalho. Tinha dates
esporádicos, mas com pouca frequência porque as demandas profissionais me esgotavam e preferia
passar o tempo livre em casa. Se eu soubesse que os anos seguintes seriam restritos em relação à
a
encontros presenciais, teria me esforçado mais para me encontrar com outras pessoas .” .

Para Silas Vadan, de 42 anos, esse período de isolamento teve um impacto mais perceptível , pois
antes da pandemia ele já tinha uma rotina de encontros . : “Eu costumava sair pelo menos uma vez
por semana para encontros, as conversas eram mais frequentes. A vida amorosa era zero, mas os
encontros eram muitos, normalmente aos finais de semana, mas sempre algo casual .” . Silas trabalha
como vendedor numa loja de shopping e , com o início da pandemia, ficou afastado por pouco tempo
do seu local de trabalho, então durante esse período em casa se sentiu confortável e apenas sentiu
falta da rotina de encontros casuais . : “Fiquei afastado do trabalho por três meses, fui apenas para o
supermercado, cumpri fielmente a quarentena, como sou caseiro, não senti tanto problema no
isolamento, estava sem trabalhar, o que foi ótimo, só sentia falta dos meus encontros semanais, mas
de resto foi bem tranquilo pra mim”.

Apesar da vontade de ter encontros, Silas foi respeitoso com o estágio da doença e, mesmo usando
aplicativos neste período apenas para interações de forma virtual, esperou pacientemente pela
primeira dose da vacina: “Eu usava aplicativos apenas para paquera, mas nada de encontros, a
maioria dos caras com quem eu conversei, estavam preocupados com o contágio, assim como eu .” .
E relembra: “Tinham muitos que insistiam em encontros, diziam que não tinha problema, que
estavam em home office, esse tipo de coisa, muitos não ligavam para a pandemia e viviam
normalmente, mas encontro mesmo, com muito cuidado, apenas após a primeira dose da vacina .” .

Já para a analista de marketing, Thamires Marins, de 28 anos, o uso de aplicativos para fins
amorosos e sexuais entrou em sua vida há pouco tempo, pois tinha costume de se relacionar com
pessoas dentro do seu círculo social , como amigos de amigos e colegas de trabalho. “Eu sempre tive
facilidade em me relacionar com as pessoas ao meu redor. Sou uma pessoa extrovertida e nunca tive
grandes dificuldades. Antes eu criticava a interação online, sobretudo por conta da insegurança de
lidar com desconhecidos .” , comenta.

Após ouvir feedbacks sobre alguns aplicativos e histórias de sucesso , foique Thamires enfim
começou a utilizar utilizá-lostambém :. “Me permiti experimentar os aplicativos, a priori, por pura
experiência antropológica , e passado um tempo passei a sentir simpatia pela modalidade , .
meu
Meu último relacionamento , inclusive , veio a partir de uma conexão em um dos aplicativos que mais
gostei de usar, que foi o Bumble .” . E relembra: “Nos conectamos logo no primeiro encontro e
vivemos uma relação muito produtiva em muitos aspectos pra mim. Em uma das nossas conversas
sobre esse assunto, ele me disse que o aplicativo foi uma boa saída pra ele, já que ele era
introvertido e não tinha tanta facilidade em puxar assunto ao vivo. Achei interessante esse ponto de
vista e fiquei contente por ter dado uma chance .” .

A relação de Thamires com esta essa última conexão via aplicativo terminou tempos antes do
de o
Brasil confirmar os primeiros casos de Covid , . esse Esse status da sua vida amorosa trouxe um
desafio maior para atravessar o isolamento social enquanto recém solteira , pois não havia
pretensões de paquera naquele momento. “Um mês antes da covid Covidchegar ao Brasil, eu tinha
terminado este esse relacionamento que durou 6 seis meses, o término foi difícil, eu queria ter
investido mais e ter tido mais retorno daquela relação. Mas como nada disso aconteceu, eu estava
muito frustrada e pessimista com a minha vida amorosa naquele primeiro ano de pandemia .’’
, relembra.

Thamires conta que naquele período ela até tentou criar conexões online pelos aplicativos, mas
percebeu que o momento de isolamento serviu de reflexão para o futuro :. “Me esforcei, tentei
algum tipo de conversa e paquera pelos aplicativos, mas o primeiro ano de pandemia foi muito
tenso, tinha medo de perder o emprego, medo de não ter vacinas, não ter cura, além de estar
emocionalmente envolvida e abalada com o relacionamento anterior. O isolamento trouxe muitas
questões e eu não podia me enganar, eu não estava disponível para algo muito profundo .” .

Apesar das questões, Thamires relata que conseguiu ter um encontro durante o isolamento . : “Em
2021, assim que o calendário de vacinas começou a rodar, eu comecei a ter pensamentos mais
otimistas para o futuro. Sou humana, sinto vontades, tenho desejos e queria muito um encontro
casual, mas não queria colocar minha segurança em risco ou de outra pessoa, ainda mais
desconhecida. Acabei não usando aplicativos para essa busca e reinvesti no meu vizinho que tive um
affair anos atrás .” . E completa: “Em nossas conversas, soube que ele respeitou o isolamento social
durante todo ano de 2020 , assim como eu, então me senti segura já que ele morava do ladinho da
minha casa, então acabou rolando alguns encontros .” .

SER DOIS E SER DEZ E AINDA SER UM: O ISOLAMENTO SOCIAL ENQUANTO CASAL

Se para os solteiros , os desafios com isolamento social foram grandes, para os casais não foi
diferente.

Para Qquem já morava junto, a convivência intensificada externou algumas questões que fazia m
parte da relação e que não eram notadas pela correria do dia a dia, fazendo-se necessário olhar pra
si e para o outro com mais empatia. Já para os casais que moravam em suas respectivas casas, a
distância física em prol da saúde intensificou o sentimento de cuidado e saudade.

Ao lado, o professor, pesquisador e jornalista Luís Mauro Sá Martino


reforça sobre como a comunicação foi um agente importante para a
boa convivência entre os casais , não só durante o isolamento.

A analista de supply chain, Bianca Silva, de 26 anos, e o analista de performance , Mayer Schuman,
de 28 anos, estão juntos há 2 dois anos e meio e começaram a namorar no mês de junho do
primeiro ano de pandemia. Até a oficializar a relação, oOcasal que se conheceu por um aplicativo de
namoro , e passou os primeiros meses de isolamento conversando de forma online, sem grandes
planos. “Eu buscava apenas me distrair por conta da pandemia, tanto que busquei apenas alguém
para conversar, me sentia totalmente cansada das pessoas que já conhecia. Já ele buscava algo mais
casual, porém seguro também”, relembra Bianca, que antes da pandemia estava num momento
mais introspectivo em relação a à sua vida amorosa, diferente de Mayer. “Eu havia entrado em um
período de autoconhecimento, após passar quase um ano sofrendo por um menino que me fez mal
após alguns meses que estávamos ficando. Estava em momento de TCC
[Trabalho de Conclusão de Curso]
, por isso quase não saia, mas quando saia eu ia para barzinhos em busca de distração e
participei ativamente dos blocos de carnaval. Enquanto, o Mayer estava com algumas ‘peguetes’,
frequentando alguns bares, porém socialmente, já que estava em um período focado no trabalho”.

Durante o início da pandemia no Brasil, Bianca e Mayer foram respeitosos com o isolamento,
seguindo o período da maneira que cada um podia, já que Bianca trabalhava presencialmente,
enquanto Mayer trabalha em casa. O casal só ‘’“quebrou ”’’o isolamento para enfim se encontrar,
depois de 3 três meses conversando continuamente. “Me lembro de decidirmos nos encontrar, e
isso me deixar muito tensa e ele quase desistir , . nós Nósnunca sabemos se a pessoa realmente está
falando a verdade. No primeiro encontro, que aconteceu no dia 1 de maio, numa sexta, minha vó
tinha acabado de ir se isolar com a minha família e eu me senti mais tranquila em me expor a isso. O
baque do encontro foi instantâneo, nos demos muito bem, cozinhamos juntos, assistimos filme,
ouvimos música e acabamos estendendo o encontro de um dia até domingo”, conta Bianca, que
mesmo tendo dado certo o encontro, o casal sentiu as dificuldades dessa escolha. “Sempre fomos a
favor do isolamento e tínhamos muito medo de pegar a doença, até então desconhecida. Nos
encontrávamos , de início , a cada 15 dias, não saímos por nada e ficávamos apenas nisso .” . E
relembra: ‘’Não tivemos aquela fase ‘vamos jantar, vamos tomar um sorvete em tal lugar’ ”. “

Após alguns encontros nesse formato, Bianca tomou coragem e pediu Mayer em namoro e , 5
cinco
meses depois, o casal decidiu morar junto. O fator decisivo para engatar essa relação num momento
tão complicado que o mundo estava passando foi não olhar para o passado e curtir o presente.
Bianca relembra: “Desde o início conversamos muito, decidimos não focar no que já havia passado e
em como nossas antigas relações eram , . queríamos Queríamos fazer diferente e , por esse
momento, sempre conversamos muito , o que nos ajudou a não sermos pegos pelo tédio ou brigas
desnecessárias ”.’’.

Para manter a relação tranquila, a comunicação foi fundamental neste nesse período, mas ainda
assim havia preocupações em relação ao futuro incerto , . Bianca conta que esses anseios foram
contornados de forma otimista, pensando em atividades para o casal . : “Apesar de nos
aproximarmos e nos entendermos tanto, nosso medo sempre foi o que aconteceria ,
.
particularmente Particularmente , eu achava que poderia acabar, já que existiriam pessoas e a sede
pós pós-pandemia. Porém, sempre planejávamos ir mos em diversos lugares .” .

O consultor de negócios Leonardo Bamonte, de 33 anos , e a Designer Fernanda Lane, de 29 anos ,


estão juntos há 3 três anos e meio e se conheceram um pouco antes da pandemia, dentro de um
grupo de amigos onde costumavam jogar RPG. O casal tinha uma rotina tranquila e se encontravam
com frequência. “Morávamos perto um do outro e dormíamos juntos todos os dias (na casa da
família dele ou na casa da minha família). Frequentávamos barzinhos, casa de amigos, além de
jogarmos RPG juntos eventualmente”, conta Fernanda , enquanto Leonardo relembra que já tinha
planos em mente de morar junto com a namorada naquele momento :. “Eu havia voltado de um
afastamento pelo INSS e ela tinha acabado de conseguir um emprego num shopping, então a ideia
era nos organizarmos financeiramente e recuperar a minha saúde para , quem sabe, morarmos
juntos.”

Com a pandemia decretada oficialmente , e por consequência o isolamento social foi imposto , e o
casal precisou se adaptar para continuar junto, mas protegendo familiares. “Não conseguimos seguir
com o isolamento do jeito que gostaríamos. Ela trabalhava no shopping até o lockdown e eu acabei
sendo promovido no trabalho. Como o shopping nesse período ficou fechado, achamos melhor ela
passar um tempo vivendo na casa da minha família por ser um espaço maior e ser possível evitar
contato já que nossas mães fazem parte do grupo de risco. Como eu trabalhava com público, acabei
saindo todos os dias, pois meu local de trabalho fazia parte dos serviços essenciais .” .

Com o tempo passando e sem perspectivas para um futuro sem a doença, o casal sentiu as
mudanças bruscas na vida e na rotina, então foi decidido enfim buscar um local para morarem
juntos, pensando na segurança e comodidade dos dois e de seus familiares. “No meio de 2020,
devido a à promoção do Leo, decidimos morar juntos pra proteger nossas mães. No final de 2020 ,
ele foi promovido novamente e os shoppings reabriram, fazendo com que eu precisasse voltar ao
trabalho presencial”, relembra Fernanda . E acrescenta: “Pelo stress que eu passava devido a
à
reabertura do comércio, decidimos que eu sairia do shopping e ficaria em casa estudando ”.’’.

Com a nova rotina, o casal conseguiu se adaptar , apesar da saudade de conviver com os familiares
mais próximos. “Além do lockdown em si, ficamos muito tempo juntos nos vendo o dia inteiro. Claro
que tivemos discordâncias e discussões por questões da casa nova, mas de modo geral o convívio a
dois foi muito tranquilo, o problema foi ficar sem ver nossas mães sempre que eventualmente
conseguíamos visitá-las, mas sem contato físico ”’’, conta Leonardo.

O RPG, hobby em comum que fez o casal se conhecer e estabelecer o relacionamento, foi um dos
momentos de diversão que Leonardo e Fernanda tiveram para passar o tempo e fortalecer ainda
mais a relação entre os dois e o ciclo de amizades. “Começamos a jogar RPG de forma onlinecom
nossos amigos que já jogavam pré-isolamento. Por sermos um casal que joga junto, tivemos uma
presença muito forte de amigos que estavam em isolamento, então fora do meu horário de trabalho
e após ela terminar os estudos do dia, jogávamos online”. ”E completa: “Apesar do presente receio
de algo acontecer com nossas mães, foi relativamente tranquilo o isolamento e fortalecemos o
relacionamento ainda recente .” .

O estudante de filosofia Diego Vasconcelos . , de 27 anos , e o estudante de psicologia Matheus


Emanuel, de 22 anos , se conheceram no fim de 2020 e desde então permanecem numa união
estável. O casal que se conectou graças ao uso de um aplicativo de namoro não tinha pretensões de
assumir qualquer tipo de relacionamento por esse método.

"Nunca coloquei na minha cabeça que ao usar es ses aplicativos eu estaria procurando algo que
durasse mais que uma ficada", relembra Diego, enquanto Matheus também relembra sobre o uso de
aplicativos: "Eu também, usava esses aplicativos apenas para uma ficada, sem esperar que passasse
disso ." .

Diego conta que antes da pandemia, quando era solteiro, não tinha uma vida amorosa super ativa.
"Eu nunca fui muito de marcar muitos encontros porque , por um lado , eu sou um pouco medroso,
não queria cair em enrascadas, e por outro eu sou muito preguiçoso, as às vezes eu até marcava
algo , mas chegando próximo eu desistia. A vida amorosa não era tão agitada, mas acontecia algo de
vez em quando."

Já Matheus relembra que , enquanto solteiro, ele tinha algumas aventuras, mas nada muito
profundo. "Eu marcava alguns encontros, mas nada muito sexual , e também frequentava muito
balada, que acabava rolando algumas ficadas esporádicas".

O casal ao lado conta como se conheceram durante a pandemia e


como os dois lidaram com as questões em relação a à segurança, já
que naquele momento não havia vacinas disponíveis no Brasil.

Por conta das circunstâncias da pandemia e pela nova rotina criada


durante o isolamento, o casal decidiu morar sob o mesmo teto após
alguns meses de relacionamento.

Durante a entrevista, Diego e Matheus explicam quais fatores eles


levaram em consideração para essa escolha.

Durante o tempo confinado s, o casal alimentou muitas expectativas


e planos para um futuro com vacinas, dentre esses planos existia a
vontade de viajar e conhecer parentes mais próximos como pais e
avós. Diego reforça que , além disso , existia a dúvida de sobre como
seria a convivência dos dois mundo à fora, já que Matheus é mais
extrovertido enquanto ele tem o perfil mais introvertido.

Sobre a adaptação dentro da vida à a dois, num momento em que a


convivência entre o par foi maior do que o habitual, Diego e
Matheus relatam que algumas atividades e hobbys, como ir a
à
academia ou ver uma série, o casal fazia separado para evitar o tédio
ou até possíveis desentendimentos.

ATÉ QUE O ISOLAMENTO NOS SEPARE?

O analista de CRM Gustavo Menezes, de 27 anos, terminou seu relacionamento de quase 4


quatro
anos após a aplicação da primeira dose de vacina. as Asprimeiras arestas surgiram porque ambos
não tinham experiência em dividir uma casa como um casal. “O isolamento acabou impactando
bastante, especialmente , pois era a primeira vez dos dois convivendo com alguém de fora da família,
e tivemos que adaptar a rotina um ao outro. A convivência mudou muito quando estávamos todos
os dias juntos, e acabávamos sempre fazendo as coisas que eram mais prioridade para a outra
pessoa .” . O casal se conheceu em 2017 num grupo de facebook Facebook sobre cinema , e após
2
dois anos de namoro , já estavam planejando morar juntos. “Antes da pandemia, o relacionamento
estava encaminhando para algo mais sério, os dois estavam insatisfeitos com o lugar onde moravam
com os pais, e estávamos começando a pensar em morar juntos”, diz Gustavo e relembra que o
isolamento social decretado no início da pandemia acelerou o processo de mudança. “Os planos já
eram juntar dinheiro pra sair de casa e morar juntos, porém, a pandemia acabou auxiliando, pois
quando foi informado sobre a quarentena, antes de realmente acontecer, corremos com tudo para
nos mudarmos” , completa.

O confinamento forçado foi uma experiência radical para os casais e trouxe uma sobrecarga
emocional sem preparo para a rotina que antes era alimentada por trabalho, passeios e outras
atividades. Não havendo mais esses desvios e sobrando apenas a convivência maior entre duas
pessoas sob o mesmo teto, questões importantes como divisão de afazeres domésticos, criação dos
filhos e até DRs para manutenção da relação se tornaram grandes estopins para brigas e términos
da
de namoros e casamentos. Segundo dados do Colégio Notarial do Brasil (CNB) que representa os
9
nove mil cartórios espalhados pelo país, 80753 casais se divorciaram, um aumento de quase 18% em
relação ao ano de 2019.

No áudio ao lado , o psicólogo Vagner Miranda analisa os motivos de


atrito entre casais e como a falta hobbys individuais e a expectativa
que cada um espera do outro impactou de forma negativa para que
esses pares optassem pela separação.

Gustavo conta que o casal começou a sentir o impacto do isolamento já no começo, pois os dois
nunca tinham passado tanto tempo juntos e era a primeira vez que eles viviam com alguém que não
fosse um parente. “Tudo que envolvia o convívio era difícil. Os dois faziam as coisas de formas
totalmente diferentes, e isso gerava um atrito muito forte, e na quarentena, nós brigávamos, e não
tínhamos exatamente como ter um tempo sem estar com o outro, devido ao convívio no mesmo
local .” . Gustavo relembra que a ex encontrava formas de evitar atritos, mas da pior maneira:
“Muitas vezes, ela me ignorava por dias, mesmo estando no mesmo lugar que ela, e dizia que isso
era o tempo que ela precisava ficar sozinha .” .

Ao revisitar o passado, Gustavo justifica que esse impacto causado durante ao isolamento se deu
porque o casal antes era muito ativo, sempre fazendo viagens e fazendo atividades na rua. “Sempre
ficamos muito na rua antes da pandemia, e acho que o fato de estarmos muito em casa naquele
momento , acabou impactando fortemente também, pois éramos muito ativos, e dentro de casa
acabávamos ficando muito ociosos .” . O casal tentou melhorar, se adaptar aos desafios impostos
pelo momento, porém para o Gustavo o fim já era certo. “Sobre adaptações, acredito que quando
chegamos nesse ponto, a relação já estava quase ou completamente acabada, e apesar de nas brigas
dizermos que iriamos iríamos nos adaptar a X coisas, nunca de fato ocorria .” .

A analista de audiovisual Susana Pires, de 27 anos, terminou seu relacionamento de 1 um ano e


6
seis meses durante o segundo semestre de 2021. Ela conheceu o ex -namorado dentro do círculo de
amizades do seu bairro. “Ele é um dos meus amigos de infância, a gente brincava na rua e
frequentava a casa um do outro, mas como ele é mais novo que eu, nunca foi algo que imaginei,
namorar com ele. Ele morava aqui em São Paulo com a mãe dele, perto da minha casa e a tia dele
também mora perto de mim. Nossas famílias são muito amigas. Eu e meus irmãos fomos
praticamente criados na casa da Tia Li (a tia do Robson)”.
Susana conta que o namoro com Robson sempre foi conturbado, antes mesmo do isolamento social:
“A gente brigava muito, por coisas pequenas e irritantes. Eu lembro que fiquei muito feliz quando
completamos um mês de namoro, porque eu realmente não acreditava que nosso namoro duraria
mais que isso. Acho que de 30 dias num mês, a gente ficou uns seis dias sem brigar”. Susana
relembra que, apesar do temperamento de Robson, ela se sentia bem ao lado dele: “Ele nunca foi
uma pessoa de sentar e conversa, ou se desculpar, ceder ou tentar melhorar. Mas isso é muito
engraçado, porque a energia e a química que saia da gente eram uma coisa de outro mundo. Por
mais que a gente só brigasse, eu queria sempre estar com ele”.

O casal, que iniciou o namoro semanas antes da pandemia chegar ao Brasil, não conseguiu
aproveitar tanto a vida a dois ao ar livre. “Nós sempre fomos duas pessoas ‘rolezeiras’, sempre que
tínhamos a oportunidade de sair, a gente saia. Mas como casal, isso nunca aconteceu, nem tivemos
tempo pra isso, pois nosso namoro começou um pouco antes de ficarmos isolados em casa”,
relembra Susana, que analisa sobre a rotina dos dois no início do isolamento:

“A quarentena não mudou muito a nossa rotina, a diferença é que antes a gente se via uma vez por
dia, e com o isolamento começou a ser duas vezes diárias. No começo era muito bom, porque se a
gente transava uma vez por dia, começou a ser duas, assim tudo duplicou, as risadas, fofocas e
refeições, mas infelizmente, as brigas também passaram de duas pra quatro”.

Susana conta que durante esse período em casa, o número de brigas aumentava cada vez mais. “Os
detalhes, as pequenas coisas irritantes começaram a ser coisas grandes e cada dia mais difíceis de
lidar, e como o diálogo era quase impossível, cada dia era mais complicado de fazer dar certo. O
Robson terminou comigo umas seis vezes, sempre falava que não aguentava mais e que não queria
mais nada. Mas no outro dia, ele estava na minha casa de novo, e a gente junto tentando fazer dar
certo. A partir das brigas insuportáveis que não acabavam nunca, começamos a tentar algumas
coisas, tipo, ficar uns dias sem se ver, não ficar pegando no pé um do outro e dar mais espaço pro
outro”.

Susana relembra que, apesar de tantas arestas, o casal no fundo ainda tentava se esforçar para
continuar junto e tentava fazer planos para o futuro. “Era muito estranho, porque dava pra ver que
nenhum dos dois queria sair da relação, por motivos diferentes. Combinamos de ir pra praia em
outubro de 2020, que foi quando as coisas já estavam mais flexíveis, mas não deu certo.
Combinamos de abrir uma conta e guardar um dinheiro pra viajar depois que tivesse vacina e a
pandemia acabasse de vez. Eu cheguei a abrir a conta, mas nunca sobrava dinheiro pra guardar,
então nunca rolou a viagem".

Por fim, após a primeira dose da vacina, nenhum plano vingou e o casal, então, decidiu se separar de
vez. “No meio de setembro de 2021, as coisas ficaram muito difíceis entre a gente, e nosso namoro
acabou. Depois que terminamos, eu preferi só viver a minha vida, sair pra me divertir, mas mesmo
assim a saudade estava sempre presente na minha vida. Tivemos muitas recaídas depois do término.
Até que ele decidiu voltar para Bahia e, ao que tudo indica, não vai mais voltar”.

Apesar do número expressivo de casais separados durante o isolamento social, muitos se


esforçaram para diminuir as tensões, procurando ajuda profissional como a terapia, assim, evitando
um ponto final na história de amor do par apenas por causa de um momento delicado como a
pandemia, que é uma experiência que ninguém esperava viver.

No áudio ao lado, o psicólogo Vagner Miranda, a partir de suas lembranças


de atendimento com seus pacientes, relembra que os principais motivos
pelo quais os casais buscavam ajuda se baseavam no sonho em comum que
o par tinha a partir de toda a construção do relacionamento, somado a
à
dificuldade de recomeçar e encontrar alguém que tenha o mesmo sonho em
comum.

O AMOR NOS TEMPOS DA VACINA: RECOMEÇO?

A cura ainda não veio, mas os primeiros sinais de alívio chegaram ao Brasil no início de 2021 com a
primeira vacina criada e disponibilizada no país, além da compra de outras vacinas fabricadas pelo
mundo. Segundo dados divulgados pelo o consórcio de veículos de imprensa, mais de 79% da
população brasileira está com o primeiro ciclo vacinal completo (sendo duas doses tomadas ou
vacina de dose única).

Com esse momento histórico acontecendo, a população teve as esperanças renovadas e começou a
se adaptar ao que ficou apelidado de “novo normal”.

E assim como o isolamento social trouxe dúvidas e anseios, esse momento pós-vacina trouxe novos
desafios para os solteiros que desejavam sociabilizar fora da telinha do celular. Muitos estavam
dispostos para combinar encontros e conhecer novas pessoas, porém ninguém imaginava que após
tanto tempo em casa seria tão difícil retomar a rotina da vida amorosa, o que manteve muita gente
isolada ainda, mantendo conexões apenas de forma online.

Combinar um encontro com alguém desconhecido já gerava certa ansiedade, agora esse sentimento
foi somado com o medo de sair de casa para lugares cheios e possibilidades de contatos mais
íntimos com a incerteza em saber se a outra pessoa se vacinou e respeitou o isolamento.

Toda essa confusão de sentimentos faz parte do fenômeno batizado de F.O.D.A. (Fear of Dating
Again, que em tradução livre significa algo como o medo de se encontrar/namorar de novo). O termo
foi criado durante uma pesquisa realizada em 2021, pelo diretor de relacionamentos do app Hunge,
Logan Ury.

Nessa pesquisa, Ury constatou que mais de 50% das pessoas solteiras responderam estar com medo
de entrar no universo de paquera novamente, como se essa habilidade de flertar estivesse
“enferrujada” após tanto tempo se virando em casa usando redes sociais e aplicativos de namoro.

No vídeo ao lado, o professor Luís Mauro Sá Martino analisa este


novo momento da sociedade, reforçando que esse tipo de
isolamento já existia, porém a pandemia só potencializou esse
processo social que é a dificuldade de se comunicar.

No áudio ao lado, o psicólogo Vagner Miranda avalia esse momento


de anseios pós - isolamento, e , assim como o professor Luís Mauro,
reforça como práticas narcisistas materializaram essas questões
durante esse período pandêmico.

Apesar do medo e da preocupação tomarem conta da nova rotina amorosa, muitas pessoas
tomaram coragem e tentaram se aventurar em novos encontros. Abaixo, os solteiros e separados
Douglas Tomaro, Silas Vadan, Thamires Marins, Gustavo Menezes e Susana Pires , que
compartilharam suas histórias durante o isolamento, agora contam como se sentiram em relação à
vida amorosa após completarem o ciclo vacinal e relembram a experiência do primeiro encontro
após anos confinados em casa.

Douglas Tomaro:

"As conexões online começaram a ter muito mais sentido. Apesar de eu ser um grande defensor dos
aplicativos de namoro, já que são ferramentas excelentes para encontrar pessoas que têm
afinidades em comum e que você sabe que também tem têm interesse em você, não tenho
interesse em manter um contato longo com alguém sem qualquer perspectiva de encontro
presencial. Isso tem muito a ver com minha preferência por relacionamentos não monogâmicos e
mais casuais.

Meu primeiro date pós - flexibilização foi com um rapaz que encontrei no Tinder. Ele morava no
interior e , devido ao trabalho, passava algumas temporadas em São Paulo. Não nos encontramos em
lugares públicos, já que ainda havia algum risco de contrair covid, e fui direto pro apartamento onde
ele estava hospedado.

Como estávamos apenas eu e ele, foi bastante confortável nesse sentido. Sabia que ainda havia
riscos mesmo dividindo o espaço com apenas uma pessoa, mas ainda assim me senti mais tranquilo
já que nem eu nem ele tínhamos demonstrado qualquer sintoma. Como fazia meses desde que eu
não tinha encontros, as expectativas eram altas e sinto que valeu muito a pena”.

Silas Vadan:

"As interações online pós-vacina geravam mais a ansiedade de poder estar com alguém depois de
tanto tempo. Ainda assim era engraçado, porque as conversas nesse período eram muito 'Você
pegou covid?', 'Como foi a quarentena?', 'Qual vacina você tomou?', algo que nunca pensei em
conversar durante um encontro.

Meu primeiro encontro foi com um cara que eu conheci pelo Grinder. conversamos
Conversamos
durante um bom tempo, nem tínhamos previsão de quando iremos iríamos tomar a vacina, então
depois da primeira dose, nos sentimos mais seguros em nos vermos, e fui até a casa dele, foi bem
diferente dos encontros que eu costumava ter, devido ao momento de pandemia que nós vivíamos,

dDepois de muita conversa, o ato em si , foi algo parecido com a primeira vez, aquela ansiedade de
estar com alguém, depois de tanto tempo, fez com que o encontro se tornasse muito bom, saímos
depois algumas vezes ”. "

Thamires Marins:

“Notei que o tempo de interação online diminuiu e as pessoas estavam mais dispostas a ir para os
encontros presenciais. Mas como tinha mais pessoas disponíveis, ninguém parecia muito
interessado em se aprofundar no papo. Ou seja, tinha muita gente disposta a ir para os encontros,
mas não para se relacionar de fato.

Meu primeiro encontro foi com um homem que, aparentemente, tinha muitas afinidades comigo.
Não conversamos por muito tempo pelo aplicativo. Marcamos um cinema.

Por conta das afinidades, eu esperava encontrar nele pelo menos um amigo para transas casuais.
Mas , pessoalmente , o match não foi tão bom. E ele tinha terminado uma relação longa havia pouco
tempo, notei que ele estava numa fase intensa de experimentação. Como eu estava me
recuperando de um término com algumas idas e vindas também, eu não tinha expectativas objetivas
naquele momento. Mas também não estava fechada para nenhuma possibilidade ”. “

Gustavo Menezes:

“No começo, pós pós-vacina, tanto pelo tempo em que estava em um relacionamento, quanto pela
pandemia, foi amedrontador. Eu fiquei receoso no começo , pois não sabia o quanto eu estava me
arriscando com a covid, e também havia algum tempo desde que tinha saído com alguém, mesmo
que tenha sido um amigo, então existia também uma ansiedade sobre a socialização novamente,
tanto boa quanto ruim devido à inexistência dela durante a pandemia.

Meu primeiro encontro pós pós-pandemia foi em outra cidade , . ela Elamorava em Sorocaba, fui até
lá, e inicialmente íamos ao cinema. Vimos o filme, depois bebemos e fomos para um motel. Nós
conversamos durante duas semanas antes de sair, e havia muito tempo desde que eu não ia ao
cinema. Admito que fiquei nervoso em relação à covid, pois o cinema era um lugar fechado, e isso
me deu certo nervosismo. Eu sentia a todo tempo que estava me expondo muito a à doença, porém,
conforme o dia foi seguindo, os sentimentos melhoraram ”. ”

Susana Pires:

"Depois que terminei meu namoro, eu fiquei desesperada para conhecer, beijar e transar com
outras pessoas, porém não entrei em nenhum aplicativo de namoro até mais ou menos abril de
2022. Conversei com algumas pessoas, mas nunca cheguei a conhecer ninguém pessoalmente. Esses
aplicativos , me passam a impressão de vazio nas pessoas.

Em julho de 2022 , eu entrei em um grupo de “ ‘pegação ’” voltada para pessoas negras. Logo depois
que eu entrei, um cara me chamou no Privado privado e no mesmo dia saímos e depois fomos pra
casa dele. Confesso que as minhas expectativas eram altas sobre esse “date ”. E na verdade, elas
foram muito bem atingidas. Ele foi super receptivo e atencioso comigo, fez de tudo para que eu não
me sentisse desconfortável. E , depois de mais de 2 dois anos, eu transei com alguém diferente e que
não tinha nenhum tipo de sentimento. Nossos encontros duraram apenas um mês. Eu não criei
nenhum tipo de expectativa sentimental até porque não quero me envolver emocionalmente com
alguém. Decidi que quero apenas me divertir sem me machucar ou machucar outras pessoas ”. "

Os casais Bianca Silva e Mayer Schuman, Leonardo Bamonte e Fernanda Lana e Diego Vasconcelos e
Matheus Emanuel também compartilham como se sentiram após o isolamento social , já que esse
momento foi importante para a relação de cada um , e relembram o primeiro passeio do par após
completarem o primeiro ciclo de vacina sl.

Bianca e Mayer:
"Após conseguirmos nos vacinar, já estávamos morando juntos, então foi a parte do relacionamento
de conhecer o que queríamos juntos, de mostrar um pouco do mundo fora de casa que cada um se
identificava.
Nosso primeiro passeio no pós foi ao cinema, os dois sempre gostaram muito de cultura geral, por
esse motivo foi uma aventura. Estávamos no shopping e decidimos ver um filme, foi um de super-
heróis, que não lembramos, rs. Foi um momento de tensão, já que ainda tínhamos muito medo da
doença.

Até hoje ainda há um sentimento de medo em relação à doença, até porque eu tive a doença após
os dois anos de isolamento. Seguimos e sempre seguiremos como dois amantes, que se arriscaram
em plena pandemia no intuito de nada, porém, que conseguiram tudo”.

Leonardo e Fernanda:

"Nos sentimos com um pouco mais de liberdade pra sair e 'curtir'. Mas a verdade é que nos
acostumamos com o isolamento social e ficar em casa, então nos tornamos pessoas muito caseiras.
Geralmente saímos quando nossos amigos nos visitam em São Paulo, mas a maioria das vezes
acabamos ficando em casa jogando algum jogo de tabuleiro e RPG, além de pedir delivery de
comida. Nosso primeiro passeio com 'aglomeração' foi uma ida à Avenida Paulista, ficamos um
pouco tensos e mantendo a proteção (máscaras, álcool em gel, etc.), mas de forma geral foi sem
grandes problemas. Depois bateu o sentimento de possível exposição, mas como já tínhamos duas
doses da vacina, nos sentimos mais seguros. Hoje o medo de uma contaminação é baixo, mas
continuamos preocupados com nossas mães e cobrando que se protejam”.

Matheus e Diego:

"Mesmo depois das vacinas, a gente demorou para se sentir seguro e sair. Tanto que mudamos um
pouco a dinâmica de passeios, preferindo algo com menos aglomeração, como um almoço por
exemplo ou fazer algo em casa. Hoje nós sentimos um equilíbrio muito legal em relação àquela
incerteza que tínhamos sobre a nossa vida como casal após as flexibilizações. O primeiro passeio que
fizemos foi ao parque do Ibirapuera. Já tínhamos tomado três doses da vacina, então foi seguro. Mas
ainda assim no início achamos estranho ver tanta gente próxima e, principalmente, sem máscara.
Tivemos que ser racionais, afinal, estávamos num local aberto e completamente vacinados, não
tinha motivo para ficarmos apavorados. No fim foi bem gostoso, o dia estava lindo e ensolarado e
conseguimos curtir”.

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