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TEXTO 1 muito afetadas.

Sobre a regulação, avançaremos apenas quando entendermos


Uma nova versão do PL 2630 das Fake News foi apresentada nesta quinta-feira, que essa luta contra discursos de ódio e desinformação não se ganha no varejo,
27, na Câmara dos Deputados, pelo relator e deputado Orlando Silva (PCdoB- mas no atacado. Ou seja, uma regulação deveria se preocupar em fiscalizar
SP). O atual texto retirou a criação de um órgão fiscalizador da atuação das como as plataformas fazem escolhas de distribuição de conteúdos aos usuários
plataformas, mas manteve a ideia principal já discutida: prever novas diretrizes e lucram com isso, e não colocá-las como polícia do que escrevem seus
para as redes sociais em relação a crianças e adolescentes, veiculação de usuários.
notícias, divulgação de conteúdo falso e impulsionamento de propaganda Fonte: https://www.estadao.com.br/politica/pl-2630-fake-news-especialistas-a-
eleitoral e de conteúdos políticos. favor-contra-nprp// (Adaptado)
O Estadão entrevistou dois especialistas, com opiniões opostas na área, para
entender as opiniões sobre o projeto de lei. Para Rose Marie Santini, diretora do TEXTO 2
Laboratório de Estudos de Internet e Redes Sociais (NetLab) da UFRJ, a
aprovação do PL é o primeiro passo para “começar a limitar os danos que podem
ser causados a população” pelas Big Techs.
Como você enxerga a retirada do órgão fiscalizador?
Marie: A retirada do órgão regulador é muito ruim, é um retrocesso, porque ele é
absolutamente necessário para aplicar a lei. Não existe regulação sem regulador.
É preciso instituir um órgão regulador para fiscalizar, detalhar a lei e aplicar tanto
a lei quanto as sansões administrativas. Será preciso retomar isso antes da
votação. Caso contrário, o PL fica muito frágil, que é o que as Big Techs querem.
André: A retirada do órgão fiscalizador e as últimas mudanças no texto são um
bom sinal de que o Legislativo está ouvindo alguns apelos da sociedade civil. No
entanto, é tarde. O eixo do projeto atinge em cheio a população que se expressa
nas redes e ela não foi chamada para o debate. Da forma como o projeto está
redigido, sou contra. Há brechas e dubiedades que abrem caminho para
interpretações subjetivas e arbitrárias que resultarão inevitavelmente em
censura.
Para além do órgão fiscalizador, como você vê as demais alterações no texto?
São positivas, negativas e por quê?
Marie: Percebemos que o texto da PL 2630 teve vários recuos como as contas
de interesse público e a remuneração das contas de interesse público, que
considero negativo. Porém, considero positivo ele ter mantido um repositório de Fonte: Site pessoal do chargista Duke, abril de 2023.
anúncios para todas as plataformas, independente se o anuncio é eleitoral ou
não. Mas, aqui temos um problema grave que permanece que precisa ser TEXTO 3
corrigido urgentemente: segundo o texto apresentado ontem, esse repositório só A pandemia das fake news
precisará ser atualizado semestralmente. Essa palavra “semestralmente” torna Por Luiz Roberto Serrano, jornalista e superintendente de Comunicação Social
esta uma obrigação completamente ineficiente. Imagina demorarmos seis meses da USP
para identificar anúncios de golpe e fraudes que causam danos econômicos aos Editorias: Artigos - URL Curta: jornal.usp.br/?p=314037
consumidores, anúncios de produtos fakes que enganam o consumidor, ou Luiz Roberto Serrano -Foto: Cecília Bastos/USP Imagens
mesmo anúncios gravíssimos de estimulo a massacre nas escolas? Temos que “Redobre a atenção com as mensagens falsas, e não só no grupo da família.
ter acesso a esses anúncios em tempo real, tal como em todos os outros meios Todo mundo anda meio paranoico ultimamente e até pessoas mais instruídas ou
de comunicação. A Meta oferece isso atualmente, e não podem retroceder na com mais familiaridade com as redes estão compartilhando conteúdos
transparência que já conquistamos. duvidosos. ”Esse conselho está no blog Hashtag Mídias Sociais e a Vida em
André: Mesmo com as alterações, não acredito que o projeto esteja adequado. Rede, no site da Folha de S. Paulo, num texto de Mateus Camillo sobre como
Há erros principiológicos. Regular as redes sociais, na maior parte dos países, “Fazer com que as redes sociais façam mais bem do que mal durante a
não significa o Estado policiar discursos, nem exigir que as plataformas o façam, quarentena”.
mas obrigá-las a expor seus critérios de gerenciamento de conteúdo, aclarando Eis aí um bom desafio, que vale além da quarentena, também. Conteúdos
de que forma criam e desfazem bolhas de afinidades, de que forma impulsionam duvidosos, quando não falsos, mentirosos, mal intencionados, criminosos etc.,
e desestimulam grupos de interesses políticos ou ideológicos e como lucram com invadiram as redes desde que elas ganharam visibilidade e se mostraram um
isso. ágil e universal meio de divulgação.
No atual contexto, o relator argumenta que todo o PL poderia acabar reprovado Assim como a invenção da impressora permitiu o acesso ao conhecimento que
na Câmara sem essas alterações. Como você avalia a evolução do tema no era de posse de poucas instituições e ampliou o espaço de debate nas
Congresso? É uma vitória das big techs e por que? O que ainda temos de sociedades, as redes possibilitam que bilhões entrem na arena. Democratizou
avançar nesse debate e na regulação como um todo? definitivamente o debate, possibilitando que cada indivíduo faça sua narrativa?
Marie: As Big Techs são empresas muito poderosas e estão jogando muito Teoricamente sim, mas é preciso lembrar os lamentos do escritor e intelectual
pesado e sujo para evitar a regulamentação que tem o objetivo de dar italiano, Umberto Eco, que nos deixou em 2017: “As mídias sociais deram o
transparência e proteger o consumidor no Brasil. Certamente, precisamos direito à fala a legiões de imbecis que, anteriormente, falavam só no bar, depois
avançar no debate e amadurecer vários pontos da regulamentação, e isso de uma taça de vinho, sem causar dano à coletividade. […] agora eles têm o
deverá ser um exercício constante, mas a aprovação da PL2630 é um primeiro mesmo direito à fala que um ganhador do Prêmio Nobel”.
passo, mas um passo fundamental para começar a limitar os danos que podem Sempre se pode classificar essa frase como elitista, emitida por um intelectual
ser causados a população, que são muitos, por isso a sua aprovação é tão que se julgava acima de seus contemporâneos, membro ilustre do olimpo do
urgente. saber. Mas o que vemos em nossos devices cotidianamente mostra que ele
André: O projeto será aprovado, mesmo com erros e ausências, mesmo com apontou na direção certa. “Imbecis” talvez seja uma palavra muito forte. Há
resistência das redes. Não creio que haverá grande dificuldade no Congresso muitos, é claro, mas a maioria está espertamente interessada em distorcer,
para a aprovação, independente da redação. E isso porque há uma imensa difamar, tirar vantagens do espraiamento de inverdades, meias verdades –
pressão do Executivo e do Judiciário. Se o Congresso hesitar, perderá o nunca construir. Só semear discórdia e buscar mais poder ou dinheiro ou seja lá
protagonismo sobre o tema. Não acho que as alterações foram uma vitória das o que for.
plataformas, elas chegaram tarde para o debate e, sob qualquer redação, serão

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Tomemos dois exemplos na política internacional que mostram faces diversas
do mesmo mundo digital. Pioneiro no uso intensivo da internet em campanha, PROPOSTA A | Modelo ENEM
Barack Obama inovou até no método de arrecadar recursos para suas A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos
campanhas presidenciais, abrindo as portas para milhares de pequenos construídos ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo
doadores por todo território dos Estados Unidos, escapando da dependência em norma-padrão da língua portuguesa sobre o tema: “Combate à
exclusiva dos grandes doadores. Já seu sucessor, Donald Trump, usou disseminação de discursos falsos em redes digitais no Brasil”. Apresente
largamente as redes sociais para destruir seus adversários, nunca debater proposta de intervenção que respeite os direitos humanos. Selecione, organize
propostas de governo. e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu
A mesma ferramenta, dois usos absolutamente contrastantes. Por aqui, no ponto de vista. Mínimo de 8 e máximo de 30 linhas.
Brasil, a campanha do presidente Bolsonaro usou e abusou das redes sociais,
construindo grande vantagem sobre as campanhas de candidatos que ainda não PROPOSTA B | ARTIGO DE OPINIÃO
haviam se lançado convictamente no mundo da internet – aliás, me parece que Amparado na coletânea anterior e em seus argumentos sobre o tema redija um
o mundo político ainda não aderiu integralmente a essa nova arena das ARTIGO DE OPINIÃO em que se posicione sobre a seguinte questão: é possível
campanhas eleitorais. regulamentar as redes sociais e a mídia sem criar uma censura?
O imenso benefício que a internet e as redes sociais entregam para a UFPR: 8 a 15 linhas (título facultativo)
comunicação global, em todos os campos do saber e da sociabilidade humana, UEM/UNICENTRO: de 15 a 22 linhas (título obrigatório)
de certa forma naturalizou-se, é um novo normal que faz parte do cotidiano. É UNIOESTE: 20 a 30 linhas (título obrigatório)
bom que seja assim. Diariamente, milhões de mensagens trafegam pelas mídias
sociais com informações úteis, debates, conferências, contatos pessoais, PROPOSTA C | CARTA DO LEITOR
familiares, negócios, enfim, uma relação infinita de conexões proveitosas. Em Amparado na coletânea anterior, redija, na condição de um leitor, uma CARTA
meio à pandemia desta covid-19, escolas e universidades garantem aulas a ARGUMENTATIVA para a seção Painel do Leitor, do site Estadão (texto 1),
distância aos seus alunos graças à internet, empresas de serviços continuam expondo seu ponto de vista acerca de proibição legislativa de fake news no
operando em sistema home office, só para citar dois exemplos do momento. Brasil. Apresente argumentos e fatos que explicitem seu ponto de vista e não se
Mas, por ser o novo normal, essa característica benéfica não tem a mesma esqueça de ser autônomo na construção da carta.
visibilidade que o lado desonesto, destruidor, da internet e das redes sociais. UFPR: 8 a 15 linhas (sem data ou assinatura)
Tanto é assim que boa parte da mídia e de instituições sérias dedicam espaço e UEM: 15 a 22 linhas (assinar como Carlos ou Eva)
tempo para desmentir e desautorizar fake news, tentando reconstruir verdades
irresponsavelmente dilapidadas com o auxílio de robôs assassinos de PROPOSTA D | ACAFE / UFSC / UEPG / INTEGRADO / FAG
reputações e verdades. Considere os textos motivadores presentes na proposta anterior e escreva um
Atualmente, o jornalismo que busca informar corretamente, seja por intermédio texto dissertativo-argumentativo sobre fake news no Brasil.
da mídia clássica ou das sociais, chega a ser valorado não por esse mérito UEL/UFPR: 08 a 12 linhas
intrínseco à sua atividade, mas em contraposição ao perigo representado pelas ACAFE: 15 a 33 linhas
fake news – o que é uma evidente inversão de valores, pois são as fake news, UEPG: 10 a 20 linhas
sob qualquer formato, que envenenam o mundo das comunicações. FAG/INTEGRADO/UFSC: 20 a 30 linhas
Historicamente, cabia a editores em postos-chave das redações clássicas o UNICENTRO: 15 a 22 linhas
trabalho de verificar a qualidade das milhares de informações que a eles
chegavam, sejam de seus repórteres ou de serviços de distribuição de notícias, PROPOSTA E | RESUMO
assessorias de imprensa e, recorrendo a um jargão, separar o joio do trigo. Elabore um resumo do texto 1, contemplando as peculiaridades da discussão e
Dizem os críticos da imprensa que os editores publicam o joio, mas minha longa o posicionamento do articulista acerca de tais assuntos.
experiência profissional me mostrou que – excetuada a imprensa marrom e Seu texto deve:
sensacionalista – essa é uma crítica irresponsável, de quem não gosta de  ter de 8 a 12 linhas;
conviver com fatos e verdades.  respeitar as características de um resumo;
Esse critério ainda existe nas mídias, que tentam sobreviver e se reinventar  ser elaborado com suas próprias palavras.
financeira, editorial e tecnologicamente neste mundo transfigurado pela internet
– e um dos valores essenciais dessa travessia é a credibilidade, pois sem ela os PROPOSTA F | COMENTÁRIO INTERPRETATIVO CRÍTICO
leitores, aliás, a audiência, no jargão atual, desaparece. Raciocínio que vale, Amparado no texto 2 da coletânea anterior, redija um COMENTÁRIO
também, para as publicações digitais que procuram e ganham espaço nas mídias INTERPRETATIVO CRÍTICO, para ser publicado no blog Investigações
sociais. Publicações que se multiplicam e enriquecem o leque de opções Filosóficas, sobre a tirinha. Lembre-se de que você deverá apresentá-la e
editoriais para os leitores. interpretá-la criticamente. Mínimo de 20 e máximo de 30 linhas.
Mas no mundo dos blogs, WhatsApp, do Twitter, do Facebook e outras tantas
redes essa prática, esse controle de qualidade, não existe. Historicamente, o PROPOSTA G | CARTA ABERTA
Facebook tem-se mostrado resistente a controlar editorialmente os posts que Amparado nas ideias veiculadas pela coletânea anterior, redija, na condição de
abriga, principalmente anúncios políticos e eleitorais. Só recentemente, junto Cidadão, uma carta aberta para a população brasileira, emitindo e defendendo
com Twitter e Instagram tiraram do ar posts com notícias falsas ou enganosas opinião relativa à fake news no Brasil. Assine como Cidadão Preocupado.
sobre a covid-19. A gravidade da crise sanitária os sensibilizou. Nem Bolsonaro UFPR: 8 a 12 linhas
escapou. Normalmente, contudo, joio e trigo circulam livremente e são UEM: de 17 a 22 linhas
compartilhados aos milhares e a audiência, desavisada, engole gato por lebre. UEPG: de 10 a 20 linhas
Ao fim e ao cabo, nós mesmos temos que nos imbuir do espírito de editores e, UFSC: 20 a 30 linhas
de acordo com nossas referências, prestigiar o que é sério e descartar, isso
mesmo, descartar o que é fake ou desconfiamos que seja. Devemos perguntar-
nos uma, duas, três vezes: essa informação é séria, a notícia é verossímil? O
que eu sei sobre esse assunto que me causa estranheza em relação a esse
post? Quem o está divulgando?
Já que agora todos, involuntariamente, fazemos parte do circuito das notícias,
vamos ser um pouco editores também. Quem sabe controlamos a pandemia das
fake news?
Fonte: https://jornal.usp.br/artigos/a-pandemia-das-fake-news/ (Adaptado)

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