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Metodologia da Pesquisa

Debora Bonat

3.ª edição / 2009


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© 2005-2009 – IESDE Brasil S.A. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autoriza-
ção por escrito dos autores e do detentor dos direitos autorais.

B699 Bonat, Debora. / Metodologia da Pesquisa. / Debora


Bonat. 3. ed. — Curitiba : IESDE Brasil S.A. , 2009.
[Atualizado até abril de 2009]
132 p.

ISBN: 978-85-387-0395-2

1. Direito. 2. Metodologia da Pesquisa. I. Título.

CDD 001.81

Capa: IESDE Brasil S.A.


Crédito da imagem: Jupiter Images/DPI Images

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Debora Bonat

Mestre em Direito pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).


Professora do Complexo de Ensino Superior de Santa Catarina (Cesusc) e profes­
sora substituta da UFSC. Advogada.

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Sumário
A pesquisa jurídica.......................................................................9
Pesquisa quantitativa e pesquisa qualitativa................................................................... 11
Pesquisa descritiva e prescritiva........................................................................................... 12
Pesquisa empírica ou prática................................................................................................. 13
Pesquisa teórica.......................................................................................................................... 14

Métodos de abordagem
e de procedimento................................................................... 21
Método........................................................................................................................................... 21

Produções científicas............................................................... 33
Livro................................................................................................................................................. 33
Folheto........................................................................................................................................... 34
Monografia................................................................................................................................... 34
Dissertação................................................................................................................................... 36
Tese.................................................................................................................................................. 36
Artigo.............................................................................................................................................. 37
Ensaio............................................................................................................................................. 37
Paper ou comunicação científica.......................................................................................... 38
Informe científico....................................................................................................................... 39
Resenha crítica............................................................................................................................ 39

Projeto de pesquisa.................................................................. 45
Tema................................................................................................................................................ 46
Problema....................................................................................................................................... 47

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Hipótese........................................................................................................................................ 48
Justificativa................................................................................................................................... 49
Objetivos....................................................................................................................................... 49
Embasamento teórico.............................................................................................................. 50
Metodologia................................................................................................................................. 52
Cronograma................................................................................................................................. 52
Referências bibliográficas....................................................................................................... 53

Levantamento, armazenamento
e análise dos dados.................................................................. 63
Levantamento de dados.......................................................................................................... 63
Leitura............................................................................................................................................. 64
Armazenamento de pesquisa................................................................................................ 67
Fichamento................................................................................................................................... 67
Análise do texto.......................................................................................................................... 70

Elementos pré-textuais da monografia............................. 77


Capa................................................................................................................................................ 77
Lombada....................................................................................................................................... 78
Folha de rosto.............................................................................................................................. 79
Errata............................................................................................................................................... 80
Folha de aprovação................................................................................................................... 81
Dedicatória................................................................................................................................... 82
Agradecimentos ........................................................................................................................ 82
Citação ou epígrafe.................................................................................................................... 83
Resumo.......................................................................................................................................... 83
Lista de ilustrações..................................................................................................................... 84
Lista de abreviaturas, siglas e símbolos............................................................................. 85
Sumário.......................................................................................................................................... 87

Elementos textuais................................................................... 93
Redação......................................................................................................................................... 93
Divisão da monografia............................................................................................................. 96
Formatação geral do trabalho............................................................................................... 98
Citações........................................................................................................................................101
Sistema de citação recomendado......................................................................................104

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Elementos pós-textuais.........................................................113
Referências..................................................................................................................................113
Glossário......................................................................................................................................119
Apêndices...................................................................................................................................119
Anexos..........................................................................................................................................120
Índices..........................................................................................................................................120

Referências.................................................................................127

Anotações..................................................................................131

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A pesquisa jurídica

Pesquisa “[...] é um procedimento formal, com método de pensamento


reflexivo, que requer tratamento científico e se constitui no caminho para co-
nhecer a realidade ou para descobrir verdades parciais”(LAKATOS; MARCONI,
2003, p. 155).

Quando estudamos um determinado assunto, ou observamos um objeto,


de forma sistematizada e controlada por um método científico com o obje-
tivo de responder perguntas, estamos fazendo pesquisa. E, sempre que esse
objeto ou assunto possua natureza jurídica, essa pesquisa compreenderá
uma pesquisa jurídica.

Dessa forma, pode-se entender que a “[...] pesquisa é o procedimento


prático de produção de conhecimento [...]” (BITTAR, 2003, p. 131) e, por esse
motivo, não se encontra alheia aos acontecimentos sociais e políticos. Isso
significa que sempre que estamos pesquisando, analisamos e compreende-
mos os dados utilizados para responder a um questionamento, e essa análise
e interpretação levam em consideração todo o arcabouço cultural, religioso,
moral, ideológico e político que possuímos.

Não é possível afirmar que o pesquisador deve atuar de forma neutra, sem
impor à sua pesquisa aspectos de sua vida pessoal. O pesquisador é um ser
humano, portanto, inserido em uma comunidade que impõe valores e con-
dutas. A falácia da neutralidade, produzida pela corrente do positivismo jurí-
dico, hoje não encontra mais lugar na sociedade.

A pesquisa relaciona-se diretamente com a vida profissional do operador


do Direito. Quando se realiza uma petição ou uma sentença, procede-se a
uma pesquisa. Da mesma forma, quando se realiza uma monografia, produz-
-se uma pesquisa, porém de cunho científico. O objetivo é distinto: no pri-
meiro caso, temos a busca pela resolução do caso concreto, e, no segundo, a
busca por uma pretensa verdade científica.

O primeiro passo de uma pesquisa é a existência de uma indagação,


uma inquietude, um problema. A pesquisa vai ser o elo entre o problema e

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Metodologia da Pesquisa

a resposta. Ela encaminha o pesquisador para encontrar a resposta, que muitos


denominam de verdade.

Dessa forma, podemos entender que a “[...] pesquisa é o procedimento racio-


nal e sistemático que tem como objetivo proporcionar respostas aos problemas
que são propostos” (GIL, 2002, p. 17).

Geralmente, essas questões ou problemas podem ser de duas ordens: intelec-


tual ou pura (conhecer por conhecer) e prática ou aplicada (conhecer para melho-
rar algo) (GIL, 2002, p. 17). Conforme a natureza do problema, será a natureza da
pesquisa.

É, portanto, por meio da pesquisa que se tenta satisfazer as curiosidades


do homem em relação ao meio em que vive. Mas isso não ocorre, entretanto,
simplesmente com o acúmulo de dados. Após a coleta dos dados necessários
para a resolução do problema, estes deverão ser analisados, interpretados,
compreendidos.

Evidencia-se assim que a pesquisa constitui um processo e, por isso, demanda


tempo e interesse do pesquisador, o qual, por meio de métodos e técnicas, cons-
trói, ou reconstrói, determinado posicionamento científico.

Para que a pesquisa adquira uma natureza científica, faz-se necessário que a
produção de conhecimento, a busca pela resposta de um problema, ocorra de
forma sistematizada, utilizando-se de um método científico específico.

É por isso que o perfil do pesquisador, principalmente no âmbito jurídico, no


qual a pesquisa é um processo solitário, deve agregar algumas qualidades, entre
elas: a curiosidade, a paciência, o interesse pelo assunto e a coragem de encontrar
respostas adequadas.

Além disso, o pesquisador deve ter a consciência dos recursos necessários para
a realização de sua pesquisa, tanto materiais quanto em relação ao tempo dispo-
nível para a pesquisa. Isso porque pesquisa é a realização de uma investigação
planejada, desenvolvida e redigida conforme normas metodológicas.

Essas habilidades podem ser desenvolvidas. Com a maturidade intelectual, o


pesquisador ultrapassa seus limites para alcançar seu objetivo. Mas a busca pela
produção de conhecimento pode ter como objeto uma resposta ou uma teoria
já criada por outros pesquisadores. Isso significa que a pesquisa não é utilizada

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A pesquisa jurídica

somente para buscar novas teorias, mas também para compilar e fornecer uma
nova visão de uma teoria já posta no mundo jurídico. Pode-se, neste momento,
fazer uma comparação do objeto a ser pesquisado com um polígono, cabendo ao
pesquisador olhá-lo a partir de uma nova perspectiva.

Alguns elementos são necessários para o desenvolvimento de uma pesquisa


jurídica. Primeiramente deve-se possuir uma inquietude, um problema, que con-
duzirá o pesquisador a buscar uma resposta.

Coleta, verificação e análise das fontes, ou experimentos, são necessários para


alcançar as respostas pretendidas. Note-se que a coleta e a interpretação dos
dados será mais complexa à medida que o problema seja mais complexo.

Utiliza-se de um marco teórico para formular respostas, a priori. Quando se


possui um problema, este será respondido de forma primária, com uma pesquisa
prévia. É com o final da pesquisa científica de natureza jurídica que serão obti-
das as comprovações dessas respostas, que metodologicamente tratam-se por
hipóteses.

E, por fim, deve-se verificar a validade e a extensão das respostas encontradas.

A pesquisa, para possuir uma natureza científica, deve ser estruturada, contro-
lada, sistemática e redigida de acordo com as normas metodológicas. Isso porque
o conhecimento, para ser caracterizado como ciência, deve ter como característi-
cas a generalização, a confiabilidade e a sistematização.

A qualidade da pesquisa depende de algumas habilidades a serem desenvol-


vidas pelo pesquisador, dentre as quais destacam-se: a curiosidade, a sensibilida-
de, a imaginação, a criatividade, o conhecimento prévio do assunto que vai ser
pesquisado, a perseverança e a paciência.

De acordo com o tipo de respostas buscadas, a pesquisa poderá ser classifica-


da em diferentes modalidades. Aqui nos fixaremos às modalidades de pesquisa
adotadas pelo pesquisador jurídico.

Pesquisa quantitativa e pesquisa qualitativa


A pesquisa quantitativa vai aferir aquilo que pode ser mensurado, medido,
contado. Possui, portanto, um alto teor descritivo. Afasta a análise de questões
pessoais, e, por isso, é tão privilegiada pelo positivismo.

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Metodologia da Pesquisa

Alguns exemplos são: número de empregados de determinada empresa,


número de prestadores de serviços, número de ações trabalhistas, valores das in-
denizações.

Já a pesquisa qualitativa constitui “[...] uma propriedade de ideias, coisas e pes-


soas que permite que sejam diferenciadas entre si de acordo com suas naturezas”
(MEZZAROBA, 2003, p. 110).

Aqui se analisa o exame da natureza, do alcance e das interpretações possíveis


para o fenômeno estudado; não se restringe a uma contagem ou a uma descrição,
mas busca-se a essência do fenômeno ou teoria.

Apanha-se o lado subjetivo dos fenômenos, contrariando o que foi pregado


pelo positivismo, ou seja, após a coleta dos dados, a bagagem cultural, o modo
de vida, os valores religiosos, morais e éticos influenciam na interpretação desses
dados. Deve-se lembrar que é impossível para um pesquisador manter-se neutro.
O que ele pode fazer é ser imparcial, procurar analisar todas as esferas do conhe-
cimento que interfiram na pesquisa e verificar a possibilidade de todos os resul-
tados obtidos.

Suas marcas principais são: profundidade, plenitude e produção de conheci-


mento de forma verticalizada, buscando a essência do assunto.

Por exemplo, o número de ações trabalhistas é uma forma de pesquisa quanti-


tativa, enquanto que o motivo dessas ações é uma pesquisa qualitativa.

Pesquisa descritiva e prescritiva


A pesquisa descritiva não tem como objetivo a proposição de soluções, mas sim
a descrição de fenômenos. Isso não significa que nessa modalidade de pesquisa
não exista interpretação ou aprofundamento. Aqui, o objeto é analisado de forma
a penetrar em sua natureza, descrevendo todos os seus lados e características.

Outra importante função da pesquisa descritiva é que ela fornece um amplo


diagnóstico do problema motivador da pesquisa. Note-se que verifica o proble-
ma e não sua solução, uma vez que esse não é seu objeto.

A pesquisa prescritiva, por sua vez, tem como objetivo a proposição de solu-
ções, as quais fornecem uma resposta direta ao problema apresentado, ou pres-
crevem um modelo teórico ideal para delimitar conceitos, que servirão posterior-
mente de respostas diretas.

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A pesquisa jurídica

Seu grau de complexidade é maior, pois além de identificar e diagnosticar o


problema, a pesquisa prescritiva propõe soluções para ele. Essas soluções podem
ser refutadas, posteriormente, por outros ou pelo próprio pesquisador. É assim
que a Ciência Jurídica desenvolve, por meio da proposição de ideias, teorias novas
e refutação de tendências, interpretações antigas. Isso não significa que a ciência
esteja em constante evolução, podem existir regressos científicos; a identificação
da teoria com o momento histórico e social ocorrerá por meio de critérios de ade-
quação e não de evolução necessariamente.

Pesquisa empírica ou prática


A pesquisa empírica ou prática busca informações verificadas na realidade, por
meio de uma amostragem determinada. Embora seja fundamentada em ativida-
des práticas, requer uma fundamentação teórica que servirá de suporte para a
análise dos dados obtidos.

A simples realização do experimento, ou a observação direta de um fenôme-


no, não é pesquisa. Ela deverá ter um suporte teórico, o qual fornecerá elementos
suficientes para a interpretação adequada desse fenômeno. Portanto, não há dis-
sociação integral da pesquisa teórica de uma pesquisa prática.

A pesquisa empírica divide-se em pesquisa de campo e de laboratório.

Pesquisa de campo
A pesquisa de campo parte da observação de fatos ou fenômenos tal como
ocorrem na realidade. Contudo, não se restringe à mera coleta de dados. É ne-
cessário que se proceda a uma sistematização desses dados coletados, a partir da
pesquisa bibliográfica prévia.

A pesquisa de campo pede que, primeiramente, seja elaborado um plano


geral da pesquisa, estabelecendo-se um modelo teórico inicial de referência. Pos-
teriormente, desenvolvem-se as técnicas para colher os dados e determina-se a
amostra.

Essa forma de pesquisa traz algumas vantagens, entre elas: o acúmulo de infor-
mações sobre um fenômeno específico e a facilidade na obtenção de uma amos-
tragem de indivíduos.

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Metodologia da Pesquisa

Todavia, a pesquisa de campo encerra um pequeno grau de controle na coleta


dos dados, uma vez que é baseada em comportamentos de pouca confiança, seja
verbal, seja visual.

Uma das formas de pesquisa de campo é a observação direta. Nesse caso, a


pesquisa ocorre por meio da verificação in loco, da oitiva de pessoas e de teste-
munhos, e do exame dos fatos e dos fenômenos.

Outra forma é a entrevista. Aqui há o encontro de duas pessoas, a fim de que


uma delas obtenha informações a respeito de determinado assunto ou aconteci-
mento, mediante a conversação. O ideal é que essa conversa seja gravada, para
evitar equívocos.

A terceira forma ocorre por meio do questionário. Aqui são feitas perguntas de
forma ordenada, as quais deverão ser respondidas por escrito, sem a presença do
entrevistador. Os questionários poderão ser entregues em locais predetermina-
dos ou enviados para que as pessoas os respondam. Contudo, deve ser enviada
junto com as perguntas uma carta explicando a importância de que o questioná-
rio seja respondido de forma correta, sem falseamento das respostas.

A pesquisa de campo sofre com esse possível falseamento, pois depende dos
resultados enviados ou respondidos pelos entrevistados. Uma coleta de dados
que não represente a verdade não trará uma conclusão adequada.

Da mesma forma, caso a observação direta interprete de forma equivocada


um dado colhido na realidade, a conclusão estará comprometida.

Pesquisa de laboratório
A pesquisa de laboratório é mais difícil, porém mais exata, pois vai preocupar-
-se em descrever, analisar situações que são controladas. Essas situações pode-
rão ocorrer tanto em um recinto fechado (um laboratório) como em um recinto
aberto, e terão como característica básica o controle sobre os dados e efeitos. Na
área jurídica não é muito utilizada.

Pesquisa teórica
A característica principal da pesquisa teórica é a utilização de documentos e
material bibliográfico suficientes para responder o problema. Como não há uma

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A pesquisa jurídica

comprovação empírica, a investigação bibliográfica deve ser rigorosa e aprofun-


dada, com o objetivo de excluir as dúvidas existentes sobre determinado tema.

Note-se que o fato de não possuir experimentos não significa que o seu re-
sultado não tenha implicações práticas, mas ao contrário: uma pesquisa teórica
pode gerar consequências empíricas, ocasionando grandes transformações so-
ciais, como ocorre na análise da constitucionalidade das leis.

A máxima do Direito “tudo o que é alegado deve ser comprovado” tem vali-
dade na área da pesquisa. Todas as afirmações devem ser comprovadas, seja por
meio de documentos, seja por meio de fontes secundárias ou bibliográficas.

Pesquisa documental: fontes primárias


Os dados ou fontes serão considerados primários quando constituírem docu-
mentos, sejam escritos ou não. Esses dados podem ser coletados no momento
em que estiverem acontecendo ou depois. Por exemplo: documentos de arquivos
públicos, publicações parlamentares, cartas, contratos, fotografias e estatísticas.

Pesquisa bibliográfica: fontes secundárias


As fontes secundárias abrangem os dados transcritos de fontes primárias, os
dados que já foram tornados públicos e analisados por outro pesquisador. A fina-
lidade é colocar o pesquisador em contato direto com tudo o que já foi escrito,
dito ou filmado sobre um determinado tema.

Note-se que uma revisão bibliográfica será suficiente para responder um de-
terminado problema, quando não existirem dúvidas sobre as respostas forneci-
das aos questionamentos.

Deve-se buscar por bibliografia que trate do tema especificamente, não se


prendendo somente aos manuais. A qualidade dos autores também é fundamen-
tal para o desenvolvimento de uma boa pesquisa.

O número mínimo e máximo de fontes secundárias a serem utilizadas pelo


pesquisador dependerá da abrangência do problema. Uma pesquisa de cunho
descritivo terá um problema com menor complexidade que uma pesquisa de na-
tureza prescritiva.

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Metodologia da Pesquisa

É possível afirmar, dessa forma, que as técnicas de pesquisa jurídica aqui estu-
dadas podem ser relacionadas diretamente, ou seja, em uma pesquisa é possível
utilizar mais de uma técnica de pesquisa.

Texto complementar
Organização da pesquisa jurídica1
(ADEODATO, 2002)

Uma questão que preocupa quem se propõe a escrever um trabalho cientí-


fico refere-se às dimensões, ao número de páginas que o texto deve ter. Claro
que não há uma resposta pronta para isto, devendo preponderar o bom senso.
O grau de especificidade e o número de partes, capítulos, subitens etc. depen-
derão, obviamente, do número de laudas. Subdividir tanto, a ponto de ter dois
ou mais subitens em uma só página ou mesmo um por página é um exagero
detalhista. Subdividir um trabalho de 100 laudas em apenas três partes é o
pecado oposto.
Um projeto é sobretudo prospectivo, diferindo do relatório, cujo caráter
é retrospectivo. Assim, nada há de errado em listar na bibliografia do proje-
to obras de que ainda não se dispõe nem se sabe como conseguir, obtidas
a partir das listagens bibliográficas de outras obras. Desonesto é fazê-lo na
versão final do trabalho.
Pesquisar é quase que sinônimo de estudar, significando, quando muito,
uma forma especial de estudo. O advogado que estuda para melhor funda-
mentar sua argumentação no processo faz pesquisa, sem dúvida. Especifica-
mente, contudo, o trabalho de pesquisa é mais ambicioso, apresentando-se
de forma sistemática, com pretensões de racionalidade e aplicação generali-
zada. Ele precisa apoiar-se o mais claramente possível no objeto investigado,
seja este objeto formado por eventos, um conjunto de normas ou opiniões
de leigos, agentes jurídicos, doutrinadores. Daí a importância das fontes de
referência, que serão comentadas adiante.

1
Extraído do artigo: “Bases para uma metodologia da pesquisa em Direito”, de João Maurício Adeodato (Mestre e Doutor pela
Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP) e professor da Pós-Graduação em Direito da Universidade Federal de
Pernambuco (UFPE)). Disponível na seção Doutrina do SaraivaJur.

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A pesquisa jurídica

Devido à inseparabilidade entre teoria e práxis, o trabalho de pesquisa pre-


cisa descrever seus pontos de partida e ao mesmo tempo problematizá-los
e explicá-los, isto é, procurar compreendê-los dentro de uma visão (“teoria”)
de mundo coerente. Esquecer as bases empíricas do Direito faz a “visão de
mundo” irreal e inútil, ainda que pareça coerente; reduzir-se a descrever dados
empíricos sem uma teoria, por outro lado, deixa a informação fora de rumo e
dificulta a comunicação.

Ainda que um trabalho de pesquisa possa ser predominantemente con-


ceitual ou predominantemente empírico, o pesquisador deve ter o cuidado
de explicitar as inter-relações entre as duas formas de abordagem: se quiser
conceituar a diferença entre a prescrição e a decadência, nada melhor do
que ajuntar exemplos reais e atuais, além da análise de precedentes, jurispru-
dência, casos concretos. Parece-nos, portanto, que um capítulo “empírico” ou
mesmo referências constantes a fatos reais só têm a enriquecer um trabalho
de pesquisa “teórico”.

Conceitualmente, então, devendo mais ser entendida como fases de uma


única tarefa do que como atitudes distintas, podemos dividir a pesquisa em
bibliográfica e empírica.

Pesquisa bibliográfica é aquela “desenvolvida a partir de material já ela-


borado, constituído principalmente de livros e artigos científicos”2. Mas ela
também inclui outras formas de publicação, tais como artigos de jornais e re-
vistas dirigidos ao público em geral. No caso da pesquisa jurídica, é importan-
te também o estudo de documentos como leis, repertórios de jurisprudência,
sentenças, contratos, anais legislativos, pareceres, entre outros – constituindo
uma vertente específica da pesquisa bibliográfica que podemos chamar de
documental.

Já na pesquisa empírica, o pesquisador vai mais diretamente aos eventos


e fatos, sem intermediação de outro observador, investigando as variáveis de
seu objeto e tentando explicá-las controladamente. Seus métodos são muitos,
tais como questionários, entrevistas, estudos de caso, entre outros.

A pesquisa jurídica pode ser classificada, dentre outros critérios, em cientí-


fica, que tem por fim descrever e criticar os fenômenos definidos como objeto,

2
GIL, Antonio Carlos. Como Elaborar Projetos de Pesquisa. São Paulo: Atlas, 1991. p. 48.

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Metodologia da Pesquisa

e dogmática, destinada a sugerir estratégias de argumentação e decisão diante


de conflitos a partir de normas jurídicas estabelecidas.

Os manuais sobre como redigir um trabalho, disponíveis nas livrarias, in-


sistem sobre os aspectos formais dos planos e projetos. Isto é, sem dúvida,
fundamental.

A parte mais importante é dividir o tema escolhido em tópicos razoavel-


mente detalhados. Esses tópicos devem ter títulos específicos, personalizan-
do o plano de trabalho desde logo. Não nos parecem os melhores aqueles
projetos de pesquisa com sumários assépticos, que poderiam servir a qual-
quer tema e a qualquer autor, tal como ensinado em alguns cursos de biblio-
teconomia: “Projeto: As estratégias de inconsistência no Judiciário Brasileiro.
1. Introdução (1.1. Importância do tema. 1.2. Justificativa). 2. Objetivos geral e
específicos. 3. Hipóteses de trabalho. 4. Metodologia (4.1. Material e métodos.
4.2. Universo. 4.3. Instrumentos. 4.4. Procedimentos). 5. Conceitos básicos. 6.
Conclusões. 7. Cronograma. 8. Bibliografia”.

Na pesquisa jurídica, pelo menos, isto não funciona. Ainda que tais ideias
precisem estar presentes por trás do projeto ou sumário, o autor deve procu-
rar títulos que já exponham ao leitor, a partir do índice, algo do conteúdo que
o espera e que individualizem o trabalho. O ideal é que a introdução tenha
um título específico, que já expresse uma justificativa pela escolha; dentro
dessa introdução, um subtítulo designará a importância do tema; outro ex-
plicitará a metodologia empregada, tanto na pesquisa (quais as fontes, quais
as formas utilizadas) quanto na redação (optou por este ou aquele sistema
de referência, este ou aquele autor-guia, porque excluiu ou incluiu este ou
aquele tema – dependendo de seu papel, a metodologia pode ocupar um
capítulo à parte); outro apontará, muito resumida e atrativamente, o conteú-
do de cada capítulo. No nosso exemplo: “Projeto: As estratégias de inconsis-
tência no Judiciário brasileiro. 1. Hipóteses de trabalho (1.1. Direito e Estado
subdesenvolvidos. 1.2. Direito estatal e direito extraestatal. 1.3. O Direito
extraestatal dependente do Estado. 1.4. Como se organiza esta pesquisa).
2. Pressupostos epistemológicos (2.1. Pluralismo jurídico versus monismo
estatal. 2.2. Estratégia. 2.3. Disfunção). 3. O Direito extraestatal no Judiciário
brasileiro (3.1. O nível dogmático previsto no ordenamento oficial. 3.2. O nível
extradogmático ensejado pelo ordenamento oficial. 3.3. O nível extradogmá-

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A pesquisa jurídica

tico contrário ao ordenamento oficial). 4. Metodologia (4.1. Pesquisa biblio-


gráfica dos fundamentos epistemológicos. 4.2. Coleta de decisões judiciais
singulares e jurisprudências exemplificativas. 4.3. Pesquisa de legislação. 4.4.
Levantamento estatístico de denúncias, tramitação e resultados. 4.5. Observa-
ção controlada e induzida de processos em tramitação no Foro do Recife). 5.
A atuação da sociedade no controle externo do Judiciário. 6. O Judiciário e o
controle interno das práticas extradogmáticas. 7. Conclusão: a ineficiência do
procedimento jurídico brasileiro na estruturação dogmática do Direito Positi-
vo. 8. Bibliografia”.

Ampliando seus conhecimentos


Como se Faz uma Tese, de Umberto Eco, editora Perspectiva.

Manual de Metodologia da Pesquisa no Direito, de Orides Mezzaroba e Claudia


Servilha Monteiro, editora Saraiva.

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