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2.

ª edição / 2009
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dos direitos autorais.

B446d Bello Filho, Ney de Barros. / Direito Ambiental. / Ney


de Barros Bello Filho. 2. ed. — Curitiba : IESDE Bra-
sil S.A. , 2009.
128 p.

ISBN: 978-85-387-1107-0

1. Direito Ambiental. 2. Meio Ambiente – Legislação. 3. Pro-


teção Ambiental. 4. Recursos Naturais – Legislação. 5. Ecologia
– Legislação. I. Título.

CDD 341.347

Todos os direitos reservados.


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80730-200 • Curitiba • PR
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Sumário
O Direito Ambiental no Brasil e os seus princípios gerais...................................................5
A relação entre o Homem e a natureza disciplinada por meio do Direito...............................................5
A origem do Direito Ambiental no Brasil................................................................................................7
A autonomia do Direito Ambiental..........................................................................................................8
Os princípios gerais do Direito Ambiental..............................................................................................9
Conclusão................................................................................................................................................12

A Constituição Federal e o meio ambiente...........................................................................15


A Constituição e o ambiente....................................................................................................................15
A tutela constitucional do ambiente.........................................................................................................15
Espécies constitucionais de proteção ao ambiente..................................................................................18
Os deveres fundamentais de preservar o ambiente..................................................................................18
O direito fundamental ao ambiente..........................................................................................................21

Meio ambiente no ordenamento jurídico brasileiro..............................................................25


A positivação do direito ao ambiente.......................................................................................................25
A Lei do Sisnama.....................................................................................................................................25
O Código Florestal Brasileiro..................................................................................................................26
A Lei de Proteção à Fauna.......................................................................................................................26
A Lei de Crimes Contra o Meio Ambiente..............................................................................................27
A Lei de Recursos Hídricos.....................................................................................................................28
A Lei do Sistema Nacional de Unidades de Conservação – Sisnuc........................................................30
Conclusão................................................................................................................................................32

Sistema Nacional do Meio Ambiente...................................................................................35


O Sistema Nacional do Meio Ambiente – Sisnama.................................................................................35
Conceito de Sisnama................................................................................................................................35
Importância do Sisnama..........................................................................................................................35
Conceitos do Sisnama..............................................................................................................................36
Órgãos do Sisnama..................................................................................................................................37
Utilidades do Sisnama.............................................................................................................................40
Conclusão................................................................................................................................................41

Política Nacional do Meio Ambiente e os instrumentos jurídicos........................................43


A Política Nacional do Meio Ambiente – PNMA....................................................................................43
Os instrumentos da PNMA......................................................................................................................48
Conclusão................................................................................................................................................51

Tutela jurídica da fauna e da flora.........................................................................................53


Tutela jurídica da fauna...........................................................................................................................53
Tutela jurídica da flora.............................................................................................................................56
Conclusão................................................................................................................................................58

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Crimes contra o meio ambiente............................................................................................61
Crimes ambientais...................................................................................................................................61
Crimes contra a fauna..............................................................................................................................61
Crimes contra a flora................................................................................................................................64
Crimes de poluição..................................................................................................................................68
Crimes contra o ordenamento urbano e o patrimônio cultural................................................................70
Crimes contra a Administração Ambiental..............................................................................................71
Conclusão................................................................................................................................................72

Responsabilidade criminal ambiental...................................................................................75


A responsabilidade da pessoa física.........................................................................................................75
A responsabilidade criminal da pessoa jurídica.......................................................................................78
Conclusão................................................................................................................................................81

Responsabilidade administrativa por danos ao meio ambiente............................................83


A diferenciação das responsabilidades....................................................................................................83
A infração administrativa.........................................................................................................................84
As sanções administrativas......................................................................................................................85
Cumulação de sanções.............................................................................................................................88
O processo administrativo e procedimento administrativo.....................................................................88
Conclusão................................................................................................................................................90

O dano ambiental e a responsabilidade civil.........................................................................93


Dano ambiental........................................................................................................................................94
Dano ambiental individual.......................................................................................................................95
Dano ambiental coletivo..........................................................................................................................96
Reparação do dano ambiental..................................................................................................................98
Dano extrapatrimonial ou moral ambiental.............................................................................................99
Conclusão................................................................................................................................................101

Instrumentos Processuais de defesa do meio ambiente........................................................105


Processo Civil e preservação ambiental..................................................................................................105
A Ação Civil Pública ambiental...............................................................................................................106
A Ação Popular ambiental.......................................................................................................................109
A importância da AP ambiental e da ACP na tutela do ambiente............................................................111

Tutela jurídica do meio ambiente cultural............................................................................115


Cultura e ambiente...................................................................................................................................115
O direito ao ambiente cultural sadio........................................................................................................116
Conflito de direitos fundamentais: ambiente natural e ambiente cultural...............................................118
Tutela Constitucional do direito à cultura e do direito ao ambiente:
o direito ao ambiente cultural equilibrado...............................................................................................119
Patrimônio cultural..................................................................................................................................120
O tombamento.........................................................................................................................................120
Patrimônio turístico.................................................................................................................................121

Referências............................................................................................................................125

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Crimes contra
o meio ambiente

Crimes ambientais

E
xistem atitudes que agridem o ambiente sem que se constituam em atos ilícitos. São atos que,
embora danosos ao ambiente, não são rejeitados pelo direito e não ofendem as leis e o ordena-
mento jurídico.
Existem outras condutas humanas que se enquadram na categoria de atos ilícitos, mas que ge-
ram apenas responsabilidades civis ou administrativas, não gerando como consequência a aplicação
de uma penalidade, que é uma sanção de natureza criminal.
As condutas tipificadas na Lei 9.605/98 – Lei de Crimes Contra o Meio Ambiente – são atos
considerados criminosos cuja ocorrência acarreta a imposição de uma sanção criminal, uma pena,
que é colocada ao infrator como consequência da prática ilícita.
A lei protege os bens jurídicos ambientais, definindo objetos jurídicos – que são os bens jurídi-
cos tutelados pelas normas.
São bens jurídicos ambientais protegidos por normas criminais: a fauna, a flora, a sanidade do
meio, o ordenamento urbano, a cultura e a administração ambiental.

Crimes contra a fauna


O bem jurídico tutelado pela norma é o conjunto dos animais existentes na Terra. Protege-se
não apenas a sua vida, mas também a sua liberdade e possibilidade de reprodução. Todos os valores
relacionados à preservação da fauna são protegidos pelos tipos penais, cujo objeto é a fauna.
Os fatos típicos referentes à proteção do bem jurídico fauna estão tratados na Lei 9.605/98 do
artigo 29 até o artigo 37, na qual também estão explicitadas as causas de exclusão da ilicitude atinen-
tes à espécie.
Art. 29. Matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espécimes da fauna silvestre, nativos ou em rota migratória,
sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente, ou em desacordo com a obtida:
Pena - Detenção de seis meses a um ano, e multa.

Matar, perseguir, apanhar, caçar são condutas abrangidas pelo tipo penal. O crime é de ação
múltipla, bastando apenas uma das atitudes para ver-se configurado o delito. O conceito de animal
silvestre é dado pelo próprio legislador e a legislação protege, por meio do tipo penal, todas os espéci-
mes que são originários do ecossistema brasileiro, bem como os que para cá vieram em outros tempos
e aqui se desenvolveram.
Há determinados tipos de caça que são permitidos pela Lei de Proteção à Fauna, tais como a
caça amadorística, a caça de controle e a destinada a fins científicos. Dessa forma, a morte, a caça,
a apanha e a perseguição podem tornar-se lícitas se albergadas dentro do permissivo legal a partir
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Direito Ambiental

de permissão administrativa. Dada a natureza do bem jurídico, o órgão que pos-


sui atribuição para conceder o ato autorizativo é o Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
Art. 30. Exportar para o exterior peles e couros de anfíbios e répteis em bruto, sem a au-
torização da autoridade ambiental competente:
Pena - Reclusão, de um a três anos, e multa.

Exportar é vender para o exterior, razão pela qual ficam afastados do âmbito
de incidência da norma os atos de comércio praticados com o fito de remeter para
outros estados, municípios ou regiões, peles e couros de répteis ou anfíbios. Pune-
-se exclusivamente a atividade de remessa para o exterior. A expressão “em bruto”
quer dizer não manufaturado. O que se pune é a exportação de matéria-prima para
a indústria estrangeira.
Vale notar que nem toda exportação é punida, mas somente aquela realizada
“sem autorização competente”.
Art. 31. Introduzir espécime animal no País, sem parecer técnico oficial favorável e licen-
ça expedida por autoridade competente:
Pena - Detenção, de três meses a um ano, e multa.

O presente tipo penal visa proteger a fauna brasileira do desequilíbrio ecoló-


gico, eventualmente causado pela introdução em território nacional, de espécime
que possa alterar o equilíbrio do ecossistema.
Toda a importação de espécime da fauna, com sua respectiva entrada no
território nacional, caracteriza infração, desde que não revestida dos elementos
necessários que o próprio artigo indica.
Para a configuração do crime exige-se a existência de um elemento norma-
tivo do tipo que é a ausência de licença expedida pela autoridade competente e a
inexistência de parecer técnico oficial favorável.
Art. 32. Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos
ou domesticados, nativos ou exóticos:
Pena - Detenção, de três meses a um ano, e multa.

Praticar ato de abuso significa exagerar nas atividades impostas ao animal,


exigindo mais do que o nível suportado pelo espécime. Exemplo de abuso é a
utilização de animal de tração, impondo-lhe peso excessivo para arranque e car-
regamento.
A partir do artigo 136 do Código Penal tem-se a concepção de que o crime
de maus-tratos em animal pode ser definido como exposição ao perigo de vida e
exposição à saúde, pela sujeição ao trabalho excessivo ou inadequado, quer abu-
sando dos meios de correção, quer privando-o de alimentação e cuidados.
Interessante é perceber que a lei não deixa margens, a princípio, para a des-
criminalização de condutas que diariamente ocorrem na sociedade.
Art. 33. Provocar, pela emissão de efluentes ou carreamento de materiais, o perecimento
de espécimes da fauna aquática existentes em rios, lagos, açudes, lagoas, baías ou águas
jurisdicionais brasileiras:
Pena - Detenção, de um a três anos, ou multa, ou ambas cumulativamente.

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Crimes contra o meio ambiente

A conduta criminosa é provocar, pela emissão de efluentes, ou carreamen-


to de materiais, perecimento de unidades da fauna aquática existente em águas
brasileiras.
O elemento subjetivo do tipo é o dolo consistente na vontade livre e desim-
pedida em realizar a conduta. Não há necessidade da vontade específica de causar
a morte da fauna ictiológica, punindo-se tão somente a vontade livre de lançar
efluentes ou carrear materiais para as águas.
Protege-se com este delito o ambiente e especialmente a fauna ictiológica.
Trata-se de crime comum, material, de forma livre. A consumação ocorre com o
perecimento do animal. A tentativa é de possível configuração.
Art. 34. Pescar em período no qual a pesca seja proibida ou em lugares interditados por
órgão competente:
Pena - Detenção de um ano a três anos e multa, ou ambas as penas cumulativamente.

Pune-se a pesca fora do período em que a atividade é permitida. A lei não


faz diferenciação entre a pesca comercial, científica ou esportiva. Portanto, qual-
quer ruptura da norma administrativa que estabeleça período de pesca específico
dá azo à aplicação desta.
Incrimina-se também a pesca em locais proibidos.
O Ibama, que é o órgão competente para o exercício do poder limitador das
atividades pesqueiras, pode considerar impróprio para pesca determinados locais
e assim interditá-los para a atividade. Isso pode se dar em razão da necessária
preservação das espécies ameaçadas pela atividade humana.
O crime é cometido por meio de uma ação, é material, pois provoca resulta-
dos e se consuma com a prática do ato de pescar. A tentativa é admitida.
Art. 35. Pescar mediante a utilização de:
I - explosivos ou substâncias que, em contato com a água, produzam efeito semelhante;
II - substâncias tóxicas, ou outro meio proibido pela autoridade competente:
Pena - Reclusão de um a cinco anos.

A norma do presente artigo pune mais gravemente a pesca realizada com a


utilização de explosivos e substâncias tóxicas, ou outro meio similar ao tóxico ou
assemelhado ao explosivo quando em contato com a água.
Não há necessidade de norma administrativa proibindo a utilização de ex-
plosivos ou substâncias tóxicas, pois a proibição advém da própria Lei.
Trata-se de crime cujo elemento subjetivo do tipo é o dolo dirigido para o
fim de pescar, utilizando-se de tais instrumentos. Consuma-se com a realização
dos atos de pesca. Pune-se a tentativa, que é possível. Constitui crime comum,
comissivo e material.
Art. 36. Para os efeitos desta Lei, considera-se pesca todo ato tendente a retirar, extrair,
coletar, apanhar, apreender ou capturar espécimes dos grupos dos peixes, crustáceos, mo-
luscos e vegetais hidróbios, suscetíveis ou não de aproveitamento econômico, ressalvadas
as espécies ameaçadas de extinção, constantes nas listas oficiais da fauna e da flora.

A presente norma não contém um tipo penal, mas sim um conceito que
aproveita a todos os artigos que tratam da atividade pesqueira.
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Direito Ambiental

Não há ato de pesca que possa ser praticado contra tais animais, que
serão objeto do crime do artigo 29. De outro lado, cumpre observar que não
somente animais podem ser objetos de pesca, mas também os vegetais hidró-
bios. Seguindo a diretriz da legislação anterior, a Lei 9.605/98 estabeleceu que
determinado crime contra a fauna pode ser cometido, em exceção, tendo por
objeto um vegetal.
Art. 37. Não é crime o abate de animal, quando realizado:
I - em estado de necessidade, para saciar a fome do agente ou de sua família;
II - para proteger lavouras, pomares e rebanhos da ação predatória ou destruidora de ani-
mais, desde que legal e expressamente autorizado pela autoridade competente;
III - (Vetado)
IV - por ser nocivo o animal, desde que assim caracterizado pelo órgão competente.

O presente artigo estabelece cláusulas de exclusão de antijuricidade genéri-


cas, a rigor já previstas no próprio Código Penal brasileiro.
São hipóteses em que, muito embora os atos previstos como criminosos
sejam praticados, não é caso de ocorrência de crime porque incide uma cláusula
que o exclui.
Há hipóteses em que o abate animal não há de ser considerado uma atividade
contrária à preservação ambiental. É que o meio ambiente é um complexo de ele-
mentos culturais, biológicos e éticos, razão pela qual é possível perceber uma coe-
rência na atitude de descriminalizar certas atividades a princípio lesivas à fauna.

Crimes contra a flora


O bem jurídico tutelado pela norma é composto da totalidade da flora exis-
tente no Brasil. A depender das condutas que venham a ser objeto dos delitos o ar-
tigo estará protegendo imediatamente uma ou outra modalidade de flora presente
neste ou naquele ecossistema.
Os fatos típicos, bem como demais disposições específicas referentes à tute-
la criminal da flora, estão previstos na lei 9.605/98 entre os artigos 38 e 53.
Art. 38. Destruir ou danificar floresta considerada de preservação permanente, mesmo
que em formação, ou utilizá-la com infringência das normas de proteção:
Pena - Detenção, de um a três anos, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente.

A norma protege o patrimônio florestal, bem jurídico essencial à preserva-


ção de todos. Podem praticar o delito todas as pessoas, físicas ou jurídicas, pro-
prietárias ou não de terras que abrigam as florestas.
Não apenas a coletividade é sujeito passivo do crime por sofrer conse-
quências da devastação, mas também o proprietário das terras onde se situam as
florestas.
O crime se consuma com a destruição, danificação ou inutilização do bem.
Não há a necessidade, entretanto, de que a floresta seja totalmente devastada ou
danificada. O delito é tentado quando não se chega a consumar a destruição ou o
dano por ato alheio à vontade do agente.
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Crimes contra o meio ambiente

Art. 39. Cortar árvores em floresta considerada de preservação permanente, sem permis-
são da autoridade competente:
Pena - Detenção, de um a três anos, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente.

A conduta criminosa é a de cortar árvores em floresta definida administrati-


vamente ou legalmente como Área de Preservação Permanente (APP).
Para que ocorra o crime é necessário que haja vontade de cortar árvores em
floresta considerada de preservação permanente.
A consumação do delito se satisfaz com o corte de apenas um espécime,
não havendo necessidade de que diversas árvores sejam atingidas para consumar
o delito.
Art. 40. Causar dano direto ou indireto às Unidades de Conservação [...].:
Pena - Reclusão, de um a cinco anos.

O crime se configura quando um dano, de qualquer espécie, é praticado


contra a Unidade de Conservação (UC), assim definidas pela legislação pátria. O
que se intenta preservar é o ambiente como um todo. Qualquer pessoa, física ou
jurídica, pode cometer o crime cujas vítimas serão a União, os estados, os muni-
cípios e a coletividade.
A conduta se demonstra pela atitude de causar dano direto ou indireto a
uma unidade de conservação ou às áreas circundantes. Entendendo-se por área
circundante o raio de dez quilômetros.
O crime não é de destruição, mas de dano. Para que ocorra o delito faz-se
mister apenas a redução das características originais da unidade de Conservação.
Art. 41. Provocar incêndio em mata ou floresta:
Pena - Reclusão, de dois a quatro anos e multa.

A conduta criminosa é a de incendiar mata ou floresta. Pode-se perceber a


semelhança com a contravenção penal prevista no artigo 26, “e”, da Lei 4.771/65.
O incêndio, quando for levado a efeito em outras formas de vegetação que não
sejam a mata ou a floresta, não dá azo ao cometimento do crime mencionado neste
artigo, caracterizando a contravenção definida no Código Florestal.
Art. 42. Fabricar, vender, transportar ou soltar balões que possam provocar incêndios nas
florestas e demais formas de vegetação [...].:
Pena - Detenção de um a três anos ou multa, ou ambas as penas cumulativamente.

Trata-se de um crime de perigo. O que se criminaliza não é o incêndio


ou dano causado por balões, mas a possibilidade da ocorrência destes. O ato
de fabricar, vender, transportar ou soltar balões que potencialmente possam
causar incêndios em quaisquer formas de vegetação já representa a conduta
criminosa.
Qualquer pessoa física ou jurídica pode ser sujeito ativo do delito. Pune-
-se, contudo, o ato doloso, não havendo punição por negligência, imprudência ou
imperícia.
Caso haja incêndio posterior, este será mero exaurimento, pois o crime já
estará consumado desde a prática das ações descritas no artigo.
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Direito Ambiental

Art. 44. Extrair de florestas de domínio público ou consideradas de preservação perma-


nente, sem prévia autorização, pedra, areia, cal ou qualquer espécie de minerais:
Pena - Detenção, de seis meses a um ano, e multa.

Cuida-se de proteger as florestas de domínio público ou de preservação per-


manente. Quaisquer pessoas jurídicas ou físicas podem cometer o delito que se
tem por consumado quando se pratica a extração dos objetos mencionados no tipo
penal, sem o albergue em ato administrativo autorizativo.
É indiferente para a ocorrência do delito quem o pratica, seja pessoa física
ou pessoa jurídica. Até mesmo o proprietário da área pode cometer o delito.
Art. 45. Cortar ou transformar em carvão madeira de lei, assim classificada por ato do
Poder Público, para fins industriais, energéticos ou para qualquer outra exploração, eco-
nômica ou não, em desacordo com as determinações legais:
Pena - Reclusão, de um a dois anos, e multa.

O crime ocorre quando o agente corta ou transforma em carvão, madeira de


lei, em desacordo com as determinações legais. A expressão madeira de lei quer
dizer um especial tipo de madeira declarada como tal por ato do Poder Público.
Podem praticar o delito pessoas físicas ou jurídicas. Sujeito passivo é a cole-
tividade e, indiretamente o proprietário ou possuidor da área.
O crime estará consumado quando houver o efetivo corte da madeira de lei
para a produção de carvão ou sua transformação.
Art. 46. Receber ou adquirir, para fins comerciais ou industriais, madeira, lenha, carvão e
outros produtos de origem vegetal, sem exigir a exibição de licença do vendedor, outorga-
da pela autoridade competente, e sem munir-se da via que deverá acompanhar o produto
até final beneficiamento:
Pena - Detenção, de seis meses a um ano, e multa.

O crime é praticado quando ocorre a chamada receptação de madeira ilegal.


Toma-se por ilegal a madeira que não possui sua origem declarada por não estar
acompanhada da Autorização de Transporte de Produtos Florestais (ATPF).
Podem praticar o delito quaisquer pessoas físicas ou jurídicas. Trata-se de
crime que se pode praticar por múltiplas ações, tais como receber, e adquirir, que
representam ações criminosas quando o objeto é madeira, lenha, carvão e outros
produtos vegetais.
Art. 48. Impedir ou dificultar a regeneração natural de florestas e demais formas de ve-
getação:
Pena - Detenção, de seis meses a um ano, e multa.

O crime consiste em impedir ou dificultar a recuperação, a restauração na-


tural de florestas ou outras formas de vegetação, sejam elas os campos, os cer-
rados, as caatingas, os manguezais ou quaisquer outras existentes em território
nacional.
Qualquer forma de embaraço à regeneração dá azo ao cometimento do deli-
to pela só razão de que os meios impeditivos podem ser quaisquer.
Art. 49. Destruir, danificar, lesar ou maltratar, por qualquer modo ou meio, plantas de
ornamentação de logradouros públicos ou em propriedade privada alheia.
Pena - Detenção, de três meses a um ano, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente.
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Crimes contra o meio ambiente

Comete-se o crime do artigo 49 da Lei 9.605/98 com a destruição, danifica-


ção, lesão ou maus-tratos à planta ornamental. Trata-se de um crime que pode ser
cometido por qualquer pessoa física ou jurídica e cujo objeto é o patrimônio ambien-
tal, mais precisamente as espécies de vegetação destinadas a fins ornamentais.
Tal crime pode ser cometido na modalidade culposa, ou seja, por negligên-
cia, imprudência ou imperícia.
Art. 50. Destruir ou danificar florestas nativas ou plantadas ou vegetação fixadora de du-
nas, protetora de mangues, objeto de especial preservação:
Pena - Detenção, de três meses a um ano, e multa.

Trata-se de crime que pode ser praticado por diversas ações (crime de ação
múltipla), e se consuma com a destruição ou a produção de um dano sobre flo-
restas nativas ou plantadas ou vegetação fixadora de dunas ou ainda protetora de
mangues.
Isso implica dizer que se trata de um crime de dano à flora qualificado pela
especialidade do objeto, que é exatamente aquele mencionado no próprio artigo.
Qualquer pessoa, física ou jurídica, pode cometer esse delito, que, por sua
vez, admite a forma tentada que é aquela em que o crime não se consuma por
circunstâncias alheias à vontade do agente.
Art. 51. Comercializar motosserra ou utilizá-la em florestas e nas demais formas de vege-
tação, sem licença ou registro da autoridade competente:
Pena - Detenção, de três meses a um ano, e multa.

O crime pode ser praticado de duas maneiras. Primeiramente consiste em


negociar motosserra sem o registro do estabelecimento comercial responsável jun-
to ao Ibama. A segunda conduta criminosa é utilizá-la em quaisquer formas de
vegetação sem a licença, registro ou outra forma de controle do órgão ambiental.
Não é simplesmente o uso da máquina que se constitui em crime, mas sim
a ausência de licença ou de registro da autoridade competente, acrescido dos atos
de comercializar ou utilizar.
Trata-se de crime de perigo, uma vez que não é o dano que se pune, mas sim
a potencial possibilidade de ele vir a ocorrer.
Art. 52. Penetrar em Unidades de Conservação conduzindo substâncias ou instrumentos
próprios para caça ou para exploração de produtos ou subprodutos florestais, sem licença
da autoridade competente:
Pena - Detenção, de seis meses a um ano, e multa.

A conduta criminosa consiste na simples entrada na unidade de conserva-


ção portando substâncias ou instrumentos próprios para caça ou para exploração
de produtos e subprodutos florestais, sem autorização de órgão competente. A
entrada clandestina, portando as substâncias e os instrumentos indicados, é que
caracteriza o delito. O crime é de mera conduta e de perigo, uma vez que a consu-
mação se dá quando da simples entrada do agente na UC, e em razão da potencial
probabilidade de o dano ambiental vir a ocorrer.
Art. 53. Nos crimes previstos nesta Seção, a pena é aumentada de um sexto a um terço se:

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Direito Ambiental

I - do fato resulta a diminuição de águas naturais, a erosão do solo ou a modificação do


regime climático;
II - o crime é cometido:
a) no período de queda das sementes;
b) no período de formação de vegetações;
c) contra espécies raras ou ameaçadas de extinção, ainda que a ameaça ocorra somente no
local da infração;
d) em época de seca ou inundação;
e) durante a noite, em domingo ou feriado.

O artigo apresenta causas de aumento das penas previstas para os crimes


contra a flora de, no mínimo, um sexto e, no máximo, um terço do quantum fixa-
do. O juiz, depois de aplicar a pena-base, deve verificar primeiramente se é caso
de aplicação de algumas circunstâncias atenuantes e agravantes e, por último, a
incidência ou não das causas de aumento possíveis.

Crimes de poluição
Os denominados crimes de poluição são aqueles delitos que existem para
proteger o bem jurídico sanidade do meio, tipificando condutas afrontosas ao am-
biente e que causem uma diminuição na sua qualidade.
O conceito de poluição da Lei 6.938/81 – em que poluição é toda modifica-
ção para pior do ambiente – é corretamente utilizado como indicativo de conse-
quência esperada quando da realização do ato, justificando, assim, a tipificação da
conduta atentatória ao meio.
Os fatos típicos, bem como demais disposições específicas referentes a essa
tutela criminal, estão previstos na Lei 9.605/98 entre os artigos 54 e 61.
Art. 54. Causar poluição de qualquer natureza em níveis tais que resultem ou possam
resultar em danos à saúde humana, ou que provoquem a mortandade de animais ou a des-
truição significativa da flora:
Pena - Reclusão, de um a quatro anos, e multa.
§1.º Se o crime é culposo:
Pena - Detenção, de seis meses a um ano, e multa.

Poluição Qualificada
§2.º Se o crime:
I - tornar uma área, urbana ou rural, imprópria para a ocupação humana;
II - causar poluição atmosférica que provoque a retirada, ainda que momentânea, dos ha-
bitantes das áreas afetadas, ou que cause danos diretos à saúde da população;
III - causar poluição hídrica que torne necessária a interrupção do abastecimento pú bl i-
co de água de uma comunidade;
IV - dificultar ou impedir o uso público das praias;
V - ocorrer por lançamento de resíduos sólidos, líquidos ou gasosos, ou detritos, óleos
ou substâncias oleosas, em desacordo com as exigências estabelecidas em leis ou regu-
lamentos.
Pena - Reclusão, de um a cinco anos.

A conduta prevista como típica é a de causar poluição de qualquer natureza,


em níveis tais que possam causar ou causem danos à saúde humana, ou que pro-
voquem a mortandade de animais ou destruição significativa da flora.
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Crimes contra o meio ambiente

Incrimina-se a conduta de causar, que significa gerar, produzir, dar ensejo,


fazer acontecer instituto que se denomina poluição. Quaisquer instrumentos ap-
tos a causar o efeito podem se utilizados, não se preocupando com a forma pela
qual a poluição será causada.
Art. 55. Executar pesquisa, lavra ou extração de recursos minerais sem a competente au-
torização, permissão, concessão ou licença, ou em desacordo com a obtida:
Pena - Detenção, de seis meses a um ano, e multa.

O bem jurídico tutelado pela norma é o meio ambiente agredido pela mi-
neração. Consequentemente, também há a proteção do bem jurídico “minério”,
“floresta” e quaisquer outros agredidos com a atividade mineradora. Trata-se de
tipo penal que visa a proteção do meio ambiente e do patrimônio mineral, que é
de propriedade da União.
Trata-se de crime de perigo abstrato, em que não se perquire qualquer dano
e presume-se o perigo pela simples existência de uma atividade contrária à regu-
lamentação existente.
O tipo subjetivo é o dolo dirigido para a prática da mineração sem a existên-
cia de ato administrativo legitimador.
Admite-se a tentativa. Trata-se de crime comum, de ação múltipla e pratica-
do na forma comissiva, ou seja, mediante ação.
Art. 56. Produzir, processar, embalar, importar, exportar, comercializar, fornecer, trans-
portar, armazenar, guardar, ter em depósito ou usar produto ou substância tóxica, perigosa
ou nociva à saúde humana ou ao meio ambiente, em desacordo com as exigências estabe-
lecidas em leis ou nos seus regulamentos:
Pena - Reclusão, de um a quatro anos, e multa.

O bem jurídico tutelado pela norma é o meio ambiente sadio e equilibrado,


e por via transversa a saúde humana, que já está incluída no conceito de ambiente
equilibrado.
Quaisquer dos atos descritos pelo dispositivo, que sejam realizados tendo
por objeto substância nociva ou tóxica, realizam o tipo penal deste artigo.
Admite-se a tentativa, pois a conduta pode ser fracionada permitindo a inter-
rupção da ação por força de outrem. O elemento subjetivo é o dolo dirigido para um
fim específico, que é o de praticar ações descritas nos verbos empregados no tipo.
Art. 60. Construir, reformar, ampliar, instalar ou fazer funcionar, em qualquer parte do
território nacional, estabelecimentos, obras ou serviços potencialmente poluidores, sem
licença ou autorização dos órgãos ambientais competentes, ou contrariando as normas
legais e regulamentares pertinentes:
Pena - Detenção, de um a seis meses, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente.

A prática dessas ações representadas pelos verbos que constituem o núcleo


do tipo, desde que combinadas com as demais condições que indica o artigo, é o
que caracteriza a prática do ilícito.
Para a configuração do delito não basta que haja a prática de tais ações, mas
também que este estabelecimento, obra ou serviço, seja potencialmente poluidor.
O delito é crime de perigo abstrato, pois só a colocação em condições ilegais
o configura. Admite tentativa porque a conduta pode ser fracionada. O elemento
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Direito Ambiental

subjetivo que se busca é a vontade livre e desimpedida no sentido de praticar uma


das ações mencionadas no caput (cabeça – enunciado do artigo).
Art. 61. Disseminar doença ou praga ou espécies que possam causar dano à agricultura, à
pecuária, à fauna, à flora ou aos ecossistemas:
Pena - Reclusão, de um a quatro anos, e multa.

A conduta incriminada é a de disseminar doença, praga ou espécies que


possam vir a causar danos ao ecossistema, agricultura, pecuária, fauna e flora.
A atividade de biopirataria ou de bioterrorismo é que se pune com o presen-
te artigo.
Trata-se de crime de perigo abstrato. Não se perquire a possibilidade da
doença ou praga vir a causar dano, mas só a disseminação já causa a ocorrência
do delito.
O elemento subjetivo que se busca é a livre vontade de praticar o elemento
constitutivo do tipo, ou seja, a vontade do agente, necessária à configuração do
crime, deve ser a vontade de disseminar doença, praga ou espécie, e não a vontade
de causar dano ao ambiente.

Crimes contra o ordenamento


urbano e o patrimônio cultural
O meio ambiente cultural é parte integrante do conceito de ambiente. Tam-
bém os produtos da atividade intelectual – atividade esta que caracteriza o Ho-
mem e o diferencia dos animais – são bens ambientais que devem ser protegidos
por normas criminais.
Os fatos típicos, bem como demais disposições específicas referentes à tu-
tela criminal do ordenamento urbano e do patrimônio cultural, estão previstos na
Lei 9.605/98 entre os artigos 62 e 65.
Art. 62. Destruir, inutilizar ou deteriorar:
I - bem especialmente protegido por lei, ato administrativo ou decisão judicial;
II - arquivo, registro, museu, biblioteca, pinacoteca, instalação científica ou similar prote-
gido por lei, ato administrativo ou decisão judicial:
Pena - Reclusão, de um a três anos, e multa.

O crime ocorre quando o agente pratica destruição, inutilização ou deterio-


rização em objetos que ambos os incisos indicam. Observam-se três verbos que
se constituem em núcleos alternativos do tipo, caracterizando o crime como um
delito de ação múltipla.
O dolo exigido é genérico, o que implica dizer que a vontade a ser perqui-
rida é a vontade de praticar as ações descritas no artigo, independentemente da
finalidade. Permite-se a forma culposa, o que significa dizer que o delito pode ser
praticado por negligência, imprudência ou imperícia.
Art. 63. Alterar o aspecto ou estrutura de edificação ou local especialmente protegido por
lei, ato administrativo ou decisão judicial, em razão de seu valor paisagístico, ecológico,

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Crimes contra o meio ambiente

turístico, artístico, histórico, cultural, religioso, arqueológico, etnográfico ou monumen-


tal, sem autorização da autoridade competente ou em desacordo com a concedida:
Pena - Reclusão, de um a três anos, e multa.

Pratica-se o delito quando se transforma, transmuda o aspecto ou a estrutu-


ra da construção ou do local.
Entretanto, o delito somente se configura quando há proteção do local por
manifestação da Administração ou do Judiciário, e quando a prática ocorre sem a
autorização da autoridade competente ou em desacordo com a obtida.
Art. 64. Promover construção em solo não edificável, ou no seu entorno, assim conside-
rado em razão de seu valor paisagístico, ecológico, artístico, turístico, histórico, cultural,
religioso, arqueológico, etnográfico ou monumental, sem autorização da autoridade com-
petente ou em desacordo com a concedida:
Pena - Detenção, de seis meses a um ano, e multa.

O delito somente se configura se ocorre a ausência de autorização ou a


discordância com a que tenha sido obtida e quando o objeto são os valores paisa-
gísticos, ecológicos, artísticos, turísticos, históricos, culturais, religiosos, arqueo-
lógicos, etnográficos ou monumentais, e o fato se dá em solo não edificável.
Art. 65. Pichar, grafitar ou por outro meio conspurcar edificação ou monumento urbano:
Pena - Detenção, de três meses a um ano, e multa.

O delito ocorre quando se pratica a atividade de grafitar, pichar, ou ainda


qualquer outra que seja apta a conspurcar edificação ou monumento urbano. Aqui
se protege o patrimônio cultural material das agressões que possam ser levadas a
efeito por atividades urbanas depredadoras.
Há modalidade agravada quando se trata de bem especialmente protegido.

Crimes contra a Administração Ambiental


Compreende-se por Administração Pública ambiental o conjunto dos ór-
gãos administrativos que tutelam o meio ambiente e – integrantes do Sistema
Nacional do Meio Ambiente (Sisnama) – contribuem para a preservação do pa-
trimônio ambiental.
Os delitos cujo bem jurídico tutelado é a Administração são mediatamente
delitos ambientais na medida em que ao se proteger os serviços públicos protege-
-se o objeto da atuação dessa mesma administração.
Os fatos típicos, bem como demais disposições específicas referentes à tute-
la criminal da atividade administrativa ambiental, estão previstos na Lei 9.605/98
entre os artigos 66 e 69.
Art. 66. Fazer o funcionário público afirmação falsa ou enganosa, omitir a verdade, so-
negar informações ou dados técnico-científicos em procedimentos de autorização ou de
licenciamento ambiental:
Pena - Reclusão, de um a três anos, e multa.

O delito configura-se quando o agente pratica a ação de afirmar falsamente


ou enganosamente, omite a verdade ou sonega informações ou dados em meio a
procedimento de autorização ou de licenciamento ambiental.
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Direito Ambiental

Dessa forma, só há que se falar na ocorrência desse ilícito quando os com-


portamentos enfocados realizam-se em procedimentos especificados.
Art. 67. Conceder o funcionário público licença, autorização ou permissão em desacordo
com as normas ambientais, para as atividades, obras ou serviços cuja realização depende
de ato autorizativo do Poder Público:
Pena - Detenção, de um a três anos, e multa.

É crime conceder licença, sem autorização ou permissão para imple-


mentação de obras, atividades ou serviços em “desacordo com as normas am-
bientais”.
Trata-se de crime próprio e de mera conduta que se consuma com a outorga
pelo funcionário público dos atos autorizativos mencionados.
Art. 68. Deixar, aquele que tiver o dever legal ou contratual de fazê-lo, de cumprir obriga-
ção de relevante interesse ambiental:
Pena - Detenção, de um a três anos, e multa.

É crime o não fazer ou o não praticar ato que deva ser cumprido em razão
de um relevante interesse ambiental.
Trata-se de um crime omissivo próprio. A designação de um dever legal
ou contratual implica na necessidade de uma imposição deste dever por uma
outra norma ou um contrato, que complementa o sentido do tipo insculpido na
legislação.
Havendo a constatação de que houve uma omissão, de que a ação era obri-
gatória e que seu cumprimento era de relevante interesse ambiental haverá o co-
metimento do delito.
Art. 69. Obstar ou dificultar a ação fiscalizadora do Poder Público no trato de questões
ambientais:
Pena - Detenção, de um a três a nos, e multa.

O crime estará cometido quando houver a prática da atitude de obstar ou


dificultar a fiscalização ambiental. Por fiscalização ambiental subentende-se toda
a atividade do Poder Público com objetivo de constatar o cumprimento da legis-
lação ambiental.
É um delito comum, podendo qualquer pessoa ser o sujeito ativo.

Conclusão
A tutela criminal do ambiente, por meio do estabelecimento de fatos típicos
que protejam o ambiente é instrumento eficaz para a preservação ambiental.
São condutas que, por atentarem contra o ambiente de forma significativa
merecem a repreensão criminal e a imposição de pena compatível com o ilícito
praticado.

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Crimes contra o meio ambiente

Os crimes ambientais segundo a Lei 9.605/98


(MILARÉ, 2001, p. 462-463)

Publicada em 13 de fevereiro de 1998, com dez vetos, e após quarenta e cinco dias de vacân-
cia, entrou em vigor, em 30 de março, a Lei 9.605/98, que cumpriu ao mesmo tempo duas missões:
deu efetividade ao ideário constitucional de apenar as condutas desconformes ao meio ambiente
e atendeu a recomendações insertas na Carta da Terra e na Agenda 21, aprovadas na Conferência
do Rio de Janeiro, acolitando os Estados a formularem leis direcionadas à efetiva responsabilidade
por danos ao ambiente e para a compensação às vítimas da poluição.
Embora denominada Lei dos Crimes Ambientais, trata-se, na verdade, de instrumento nor-
mativo de natureza híbrida, já que se preocupa também com infrações administrativas e com
aspectos da cooperação internacional para a preservação do ambiente.
De fato, embora de elaboração mais criteriosa e técnica, padece também de certos vícios que
a fazem destoar do atual “estado da arte” das Ciências Ambientais. Alguns deles são produto de
excisões promovidas por pressão dos diversos lobbies interessados, que, segundo os noticiários,
desempenharam importante papel nos vetos presidenciais. Outros parecem resultar de concessões
a uma visão equivocada do verdadeiro interesse social onde se insere a preservação da qualidade
e dos recursos ambientais. Vários, enfim, decorrem da prodigalidade do legislador “no emprego de
conceitos amplos e indeterminados – permeados, em grande parte, por impropriedades linguísti-
cas, técnicas e lógicas –, o que contrasta com o imperativo inafastável de clareza, precisão e cer-
teza na descrição das condutas típicas” (Luiz Regis Prado. Princípios penais de garantia e a nova
lei ambiental. Boletim IBCCrim, edição especial do IV Seminário Internacional do IBCCrim, n.
70, p. 10, 1998).
Nada obstante, entendemos que o novo diploma, embora não seja o melhor possível, apresen-
tando ao contrário defeitos perfeitamente evitáveis, ainda assim representa um avanço político na
proteção ao meio ambiente, por inaugurar uma sistematização da punição administrativas com
severas sanções e tipificar organicamente os crimes ecológicos, inclusive na modalidade culposa.

Em grupo, descreva um caso ambiental com riqueza de detalhes. A seguir, passe para outro grupo
o caso elaborado e receba o texto feito por outros colegas. Ao final, descreva – também em grupo
– o enquadramento legal que achar adequado nos diversos crimes por ventura ocorrentes.

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Direito Ambiental

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