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ª edição / 2009
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ISBN: 978-85-387-1107-0
CDD 341.347
Referências............................................................................................................................125
Crimes ambientais
E
xistem atitudes que agridem o ambiente sem que se constituam em atos ilícitos. São atos que,
embora danosos ao ambiente, não são rejeitados pelo direito e não ofendem as leis e o ordena-
mento jurídico.
Existem outras condutas humanas que se enquadram na categoria de atos ilícitos, mas que ge-
ram apenas responsabilidades civis ou administrativas, não gerando como consequência a aplicação
de uma penalidade, que é uma sanção de natureza criminal.
As condutas tipificadas na Lei 9.605/98 – Lei de Crimes Contra o Meio Ambiente – são atos
considerados criminosos cuja ocorrência acarreta a imposição de uma sanção criminal, uma pena,
que é colocada ao infrator como consequência da prática ilícita.
A lei protege os bens jurídicos ambientais, definindo objetos jurídicos – que são os bens jurídi-
cos tutelados pelas normas.
São bens jurídicos ambientais protegidos por normas criminais: a fauna, a flora, a sanidade do
meio, o ordenamento urbano, a cultura e a administração ambiental.
Matar, perseguir, apanhar, caçar são condutas abrangidas pelo tipo penal. O crime é de ação
múltipla, bastando apenas uma das atitudes para ver-se configurado o delito. O conceito de animal
silvestre é dado pelo próprio legislador e a legislação protege, por meio do tipo penal, todas os espéci-
mes que são originários do ecossistema brasileiro, bem como os que para cá vieram em outros tempos
e aqui se desenvolveram.
Há determinados tipos de caça que são permitidos pela Lei de Proteção à Fauna, tais como a
caça amadorística, a caça de controle e a destinada a fins científicos. Dessa forma, a morte, a caça,
a apanha e a perseguição podem tornar-se lícitas se albergadas dentro do permissivo legal a partir
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Direito Ambiental
Exportar é vender para o exterior, razão pela qual ficam afastados do âmbito
de incidência da norma os atos de comércio praticados com o fito de remeter para
outros estados, municípios ou regiões, peles e couros de répteis ou anfíbios. Pune-
-se exclusivamente a atividade de remessa para o exterior. A expressão “em bruto”
quer dizer não manufaturado. O que se pune é a exportação de matéria-prima para
a indústria estrangeira.
Vale notar que nem toda exportação é punida, mas somente aquela realizada
“sem autorização competente”.
Art. 31. Introduzir espécime animal no País, sem parecer técnico oficial favorável e licen-
ça expedida por autoridade competente:
Pena - Detenção, de três meses a um ano, e multa.
A presente norma não contém um tipo penal, mas sim um conceito que
aproveita a todos os artigos que tratam da atividade pesqueira.
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Direito Ambiental
Não há ato de pesca que possa ser praticado contra tais animais, que
serão objeto do crime do artigo 29. De outro lado, cumpre observar que não
somente animais podem ser objetos de pesca, mas também os vegetais hidró-
bios. Seguindo a diretriz da legislação anterior, a Lei 9.605/98 estabeleceu que
determinado crime contra a fauna pode ser cometido, em exceção, tendo por
objeto um vegetal.
Art. 37. Não é crime o abate de animal, quando realizado:
I - em estado de necessidade, para saciar a fome do agente ou de sua família;
II - para proteger lavouras, pomares e rebanhos da ação predatória ou destruidora de ani-
mais, desde que legal e expressamente autorizado pela autoridade competente;
III - (Vetado)
IV - por ser nocivo o animal, desde que assim caracterizado pelo órgão competente.
Art. 39. Cortar árvores em floresta considerada de preservação permanente, sem permis-
são da autoridade competente:
Pena - Detenção, de um a três anos, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente.
Trata-se de crime que pode ser praticado por diversas ações (crime de ação
múltipla), e se consuma com a destruição ou a produção de um dano sobre flo-
restas nativas ou plantadas ou vegetação fixadora de dunas ou ainda protetora de
mangues.
Isso implica dizer que se trata de um crime de dano à flora qualificado pela
especialidade do objeto, que é exatamente aquele mencionado no próprio artigo.
Qualquer pessoa, física ou jurídica, pode cometer esse delito, que, por sua
vez, admite a forma tentada que é aquela em que o crime não se consuma por
circunstâncias alheias à vontade do agente.
Art. 51. Comercializar motosserra ou utilizá-la em florestas e nas demais formas de vege-
tação, sem licença ou registro da autoridade competente:
Pena - Detenção, de três meses a um ano, e multa.
Crimes de poluição
Os denominados crimes de poluição são aqueles delitos que existem para
proteger o bem jurídico sanidade do meio, tipificando condutas afrontosas ao am-
biente e que causem uma diminuição na sua qualidade.
O conceito de poluição da Lei 6.938/81 – em que poluição é toda modifica-
ção para pior do ambiente – é corretamente utilizado como indicativo de conse-
quência esperada quando da realização do ato, justificando, assim, a tipificação da
conduta atentatória ao meio.
Os fatos típicos, bem como demais disposições específicas referentes a essa
tutela criminal, estão previstos na Lei 9.605/98 entre os artigos 54 e 61.
Art. 54. Causar poluição de qualquer natureza em níveis tais que resultem ou possam
resultar em danos à saúde humana, ou que provoquem a mortandade de animais ou a des-
truição significativa da flora:
Pena - Reclusão, de um a quatro anos, e multa.
§1.º Se o crime é culposo:
Pena - Detenção, de seis meses a um ano, e multa.
Poluição Qualificada
§2.º Se o crime:
I - tornar uma área, urbana ou rural, imprópria para a ocupação humana;
II - causar poluição atmosférica que provoque a retirada, ainda que momentânea, dos ha-
bitantes das áreas afetadas, ou que cause danos diretos à saúde da população;
III - causar poluição hídrica que torne necessária a interrupção do abastecimento pú bl i-
co de água de uma comunidade;
IV - dificultar ou impedir o uso público das praias;
V - ocorrer por lançamento de resíduos sólidos, líquidos ou gasosos, ou detritos, óleos
ou substâncias oleosas, em desacordo com as exigências estabelecidas em leis ou regu-
lamentos.
Pena - Reclusão, de um a cinco anos.
O bem jurídico tutelado pela norma é o meio ambiente agredido pela mi-
neração. Consequentemente, também há a proteção do bem jurídico “minério”,
“floresta” e quaisquer outros agredidos com a atividade mineradora. Trata-se de
tipo penal que visa a proteção do meio ambiente e do patrimônio mineral, que é
de propriedade da União.
Trata-se de crime de perigo abstrato, em que não se perquire qualquer dano
e presume-se o perigo pela simples existência de uma atividade contrária à regu-
lamentação existente.
O tipo subjetivo é o dolo dirigido para a prática da mineração sem a existên-
cia de ato administrativo legitimador.
Admite-se a tentativa. Trata-se de crime comum, de ação múltipla e pratica-
do na forma comissiva, ou seja, mediante ação.
Art. 56. Produzir, processar, embalar, importar, exportar, comercializar, fornecer, trans-
portar, armazenar, guardar, ter em depósito ou usar produto ou substância tóxica, perigosa
ou nociva à saúde humana ou ao meio ambiente, em desacordo com as exigências estabe-
lecidas em leis ou nos seus regulamentos:
Pena - Reclusão, de um a quatro anos, e multa.
É crime o não fazer ou o não praticar ato que deva ser cumprido em razão
de um relevante interesse ambiental.
Trata-se de um crime omissivo próprio. A designação de um dever legal
ou contratual implica na necessidade de uma imposição deste dever por uma
outra norma ou um contrato, que complementa o sentido do tipo insculpido na
legislação.
Havendo a constatação de que houve uma omissão, de que a ação era obri-
gatória e que seu cumprimento era de relevante interesse ambiental haverá o co-
metimento do delito.
Art. 69. Obstar ou dificultar a ação fiscalizadora do Poder Público no trato de questões
ambientais:
Pena - Detenção, de um a três a nos, e multa.
Conclusão
A tutela criminal do ambiente, por meio do estabelecimento de fatos típicos
que protejam o ambiente é instrumento eficaz para a preservação ambiental.
São condutas que, por atentarem contra o ambiente de forma significativa
merecem a repreensão criminal e a imposição de pena compatível com o ilícito
praticado.
Publicada em 13 de fevereiro de 1998, com dez vetos, e após quarenta e cinco dias de vacân-
cia, entrou em vigor, em 30 de março, a Lei 9.605/98, que cumpriu ao mesmo tempo duas missões:
deu efetividade ao ideário constitucional de apenar as condutas desconformes ao meio ambiente
e atendeu a recomendações insertas na Carta da Terra e na Agenda 21, aprovadas na Conferência
do Rio de Janeiro, acolitando os Estados a formularem leis direcionadas à efetiva responsabilidade
por danos ao ambiente e para a compensação às vítimas da poluição.
Embora denominada Lei dos Crimes Ambientais, trata-se, na verdade, de instrumento nor-
mativo de natureza híbrida, já que se preocupa também com infrações administrativas e com
aspectos da cooperação internacional para a preservação do ambiente.
De fato, embora de elaboração mais criteriosa e técnica, padece também de certos vícios que
a fazem destoar do atual “estado da arte” das Ciências Ambientais. Alguns deles são produto de
excisões promovidas por pressão dos diversos lobbies interessados, que, segundo os noticiários,
desempenharam importante papel nos vetos presidenciais. Outros parecem resultar de concessões
a uma visão equivocada do verdadeiro interesse social onde se insere a preservação da qualidade
e dos recursos ambientais. Vários, enfim, decorrem da prodigalidade do legislador “no emprego de
conceitos amplos e indeterminados – permeados, em grande parte, por impropriedades linguísti-
cas, técnicas e lógicas –, o que contrasta com o imperativo inafastável de clareza, precisão e cer-
teza na descrição das condutas típicas” (Luiz Regis Prado. Princípios penais de garantia e a nova
lei ambiental. Boletim IBCCrim, edição especial do IV Seminário Internacional do IBCCrim, n.
70, p. 10, 1998).
Nada obstante, entendemos que o novo diploma, embora não seja o melhor possível, apresen-
tando ao contrário defeitos perfeitamente evitáveis, ainda assim representa um avanço político na
proteção ao meio ambiente, por inaugurar uma sistematização da punição administrativas com
severas sanções e tipificar organicamente os crimes ecológicos, inclusive na modalidade culposa.
Em grupo, descreva um caso ambiental com riqueza de detalhes. A seguir, passe para outro grupo
o caso elaborado e receba o texto feito por outros colegas. Ao final, descreva – também em grupo
– o enquadramento legal que achar adequado nos diversos crimes por ventura ocorrentes.