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Legislacao
ao Direito Ambiental
Fabrício Ferreira
Mariana Souza
Enio Cesar Gonçalves Pimenta
Curitiba
2016
FAEL
Carta ao aluno | 5
Conclusão | 163
Referências | 165
Prezado aluno,
O profissional ligado à gestão do Meio Ambiente encontra hoje
uma série de desafios, principalmente pertinente ao atingimento do
Desenvolvimento Sustentável.
A importância disso está ligada ao fato de o desenvolvimento
sustentável nos permitir utilizar os recursos naturais para satisfação
de nossas necessidades, sem que retiremos das gerações futuras essa
possibilidade.
Assim, o meio ambiente deve estar, segundo o artigo 225 da
Constituição Federal brasileira, preservado para as presentes e futu-
ras gerações.
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Objetivos de aprendizagem:
22 Compreender as principais diferenças entre o conceito de norma
e de lei;
22 Diferenciar os conceitos de Direito e de Moral;
22 Compreender a divisão de Direito Público e Direito Privado;
22 Identificar as condições de eficácia e validade da norma jurídica;
22 Conhecer os sujeitos de Direito.
Você Sabia
Entende-se por “Justiça” aquilo que é “justo e correto”, como o
respeito à igualdade.
O termo provém do latim justitia, que seria o princípio básico que
mantém a ordem social por meio da preservação dos direitos em sua
forma legal.
Em Roma, ela é representada por uma estátua, que tem os seus olhos
vendados. Tal simbologia pretende demonstrar que “todos são iguais
perante a lei”, ou de outra forma, que “a justiça é cega”. Ela carrega,
também, uma espada e uma balança de pratos.
A espada que segura, simboliza o poder de decisão, a sanção que pode
ser aplicada e o rigor da condenação, enquanto que a balança, apresen-
tada sempre imóvel e nivelada, representa a imparcialidade da justiça.
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Saiba mais
No livro “Direito Constitucional”, de Francis Hamon, páginas 01-09,
disponível na biblioteca virtual da instituição, você poderá conhecer
um pouco mais sobre os significados da palavra “direito”.
Uma interessante leitura é o texto do prof. Gustavo Rabai, acerca do
conceito de Direito: http://www.egov.ufsc.br/portal/sites/default/
files/anexos/25296-25298-1-PB.html
Importante
Nas palavras do prof. Paulo Nader (2014), o direito é um conjunto
de normas de conduta social, imposto coercitivamente pelo Estado,
para a realização da segurança, segundo os critérios de justiça.
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Importante
O que se entende como sendo uma conduta moralmente aceita
envolve, necessariamente, a compreensão do momento histórico e a
evolução daquela sociedade.
Pense, por exemplo, no caso daquele funcionário que achou uma mala
de dinheiro, sem qualquer identificação, no aeroporto de Brasília, e res-
ponda: você devolveria a mala? A entregaria no setor de “achados e perdidos”
do aeroporto?
Algumas pessoas talvez escolham devolvê-la, outras ficarão com o seu
conteúdo. A resposta (sem qualquer crítica) envolve, diretamente, a compre-
ensão do que você entende como sendo uma conduta moralmente justa.
Saiba mais
Conheça a história do funcionário do aeroporto de Brasília que achou
uma mala cheia de dinheiro: http://noticias.r7.com/distrito-federal/
noticias/veja-como-esta-o-ex-faxineiro-que-achou-e-devolveu-mala-
-cheia-de-dolares-20120420.htmll
Saiba mais
Virgindade deixa de anular casamento. Disponível em: http://www1.
folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u35006.shtml
Termo “mulher honesta” sai do Código Penal: http://www1.folha.uol.
com.br/fsp/cotidian/ff3003200518.htm
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Importante
O sentido de norma é mais amplo que o de lei, pois além de conter
o conceito de lei, engloba, também, os princípios gerais de direito
e o costume.
Importante
Comumente, utiliza-se a palavra Lei, para nos referirmos às normas jurí-
dicas emanadas do Congresso Nacional e que têm caráter imperativo.
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Constituição
Complementar
Leis
Ordinária
Regulamentos
Decretos
e atos administrativos
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Saiba mais
Conheça um pouco mais sobre o desmatamento ilegal na matéria: Agro-
pecuária é responsável por 90% do desmatamento ilegal no Brasil, dis-
ponível em: http://www.cartacapital.com.br/sustentabilidade/agropecu-
aria-e-responsavel-por-90-do-desmatamento-ilegal-no-brasil-7771.html
Importante
Eficácia no tempo: é elemento que está diretamente ligado com a
entrada em vigor da lei. A lei normalmente entra em vigor na data
de sua publicação. Se não houver dispositivo expresso na lei, ela
vigorará 45 dias após sua publicação, bem como, salvo dispositivo
em contrário, vigerá por prazo indeterminado, ou até que outra lei
posterior surja para modificá-la ou revogá-la. Se possuir prazo deter-
minado, deixará de vigorar ao término deste.
Sendo admitida a lei brasileira em território estrangeiro, ela iniciará sua
vigência três meses após sua publicação oficial.
Eficácia no espaço: o cumprimento da norma (lei) é imediato, e
abrange todo o território nacional. Em algumas situações, pode vigo-
rar fora do território nacional, ocorrendo, aí, a chamada extraterrito-
rialidade da lei, estendendo sua eficácia a lugares que serão conside-
rados como o próprio território nacional, a exemplo dos navios de
guerra em portos estrangeiros e as embaixadas.
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A eficácia, então, não pode ser confundida com a validade da lei, que é
a capacidade que a lei possui para ser imposta.
A validade da lei pode ser observada quando, mesmo não gostando, ou
não querendo cumprí-la, o cidadão se vê na contingência de obedecê-la, sob
pena de, forçado pelo Estado, receber as penalidades dela decorrentes.
A vigência de uma lei, por sua vez, é o tempo de aplicabilidade da
norma, ou seja, vai da sua criação até a sua retirada do ordenamento jurídico.
Por fim, tem-se que uma norma pode perder os seus efeitos, o que pode
acontecer por meio da ab-rogação ou pela derrogação. A ab-rogação é quando
acontece a revogação total da norma, enquanto que a derrogação, acontece a
revogação parcial da norma.
Importante
Ato jurídico perfeito é aquele ato que foi praticado à época da lei
vigente, obedecendo todas as regras aplicáveis, razão pela qual,
vindo lei nova, esta não poderá modificá-lo. Ex.: um produtor rural
obteve autorização para desmatar uma determinada área. Posterior-
mente, foi editada uma nova lei, tornando ilegal qualquer hipótese
de desmatamento. A edição da nova lei não possibilita que se consi-
dere o desmatamento a ser realizado, com base na autorização ante-
rior, ilegal, uma vez que o ato obedeceu todas as regras existentes à
época, sendo, portanto, considerado como um ato jurídico perfeito.
O direito adquirido é aquele direito que já foi incorporado ao patri-
mônio de alguém, mesmo que ainda não o tenha exercido. Se, por
exemplo, uma determinada pessoa obtém o direito de se aposen-
tar, porém, considerando-se ainda apta ao labor deixa de fazê-lo e,
posteriormente, é alterada a legislação de aposentadoria, alterando
o prazo mínimo de trabalho, esta alteração não pode impedir que
aquele cidadão se aposente, uma vez que, à época e considerando
a legislação naquela oportunidade vigente, ele já adquiriu o direito,
não podendo a lei nova violá-lo.
Coisa Julgada: coisa julgada é a característica inerente à imutabili-
dade da sentença, ainda que sobrevenha lei nova, ou seja, o direito
garantido por uma sentença não pode vir a ser alterado em razão da
publicação de uma nova lei.
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Você sabia
A pessoa jurídica criada pelos interesses dos sócios não se confunde
com a pessoa daqueles, muito menos com o seu patrimônio, salvo
no caso do artigo 50 do Código Civil.
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Resumindo
Ao longo deste capítulo, vimos a diferença entre Direito e Moral, perce-
bendo que a moral é um conceito que está ligado a uma determinada socie-
dade, dentro de um determinado contexto geográfico e histórico, enquanto
que o direito é um conjunto de princípios, regras e instituições destinados a
possibilitar a vida em sociedade.
Dentro deste contexto, diferenciamos a Norma e a Lei.
Vimos que o Direito se divide em ramos, como o Direito Público (onde
o Direito Ambiental está inserido) e o Direito Privado, bem como, pudemos
compreender a diferenças entre as pessoas físicas e as pessoas jurídicas.
Conseguimos, também, identificar as condições de eficácia e validade
da norma jurídica, ponto extremamente importante para que se saiba, por
exemplo, se o ato praticado pelo proprietário de terra, em um determinado
ano, é ou não válido, ou se ele poderá vir a ser sancionado ou não pelo Ibama,
em razão do advento de uma nova lei.
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Objetivos de aprendizagem:
22 Conhecer e compreender o processo formativo dos Direitos Humanos;
22 Identificar os Direitos Fundamentais e os Direitos Humanos liga-
dos à proteção ambiental;
22 Identificar direito ao meio ambiente como um direito huma-
no fundamental.
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Saiba mais
Conheça alguns dos direitos fundamentais que estão diretamente liga-
dos com a nossa disciplina:
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer
natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residen-
tes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à
igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos
termos desta Constituição;
II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa
senão em virtude de lei;
III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desu-
mano ou degradante;
IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o
anonimato;
XXII - é garantido o direito de propriedade;
XXIII - a propriedade atenderá a sua função social;
XXVI - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde
que trabalhada pela família, não será objeto de penhora para paga-
mento de débitos decorrentes de sua atividade produtiva, dis-
pondo a lei sobre os meios de financiar o seu desenvolvimento;
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Importante
Para a compreensão da extensão e importância do conceito de Direi-
tos Humanos, é relevante compreender o que é universal, histórico,
irrenunciável, imprescritível e inalienável.
Universal: todos os homens são iguais e todos têm direito à proteção
da dignidade da pessoa humana, sem qualquer tipo de distinção.
Histórico: os direitos humanos se formam e se consolidam em razão de
um determinado momento histórico pelo qual atravessa a sociedade.
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Saiba mais
Assista ao vídeo: http://tinyurl.com/7zhb8ul produzido pela ONG
United for the Human Rights
Saiba mais
A Revolução industrial foi um conjunto de mudanças que acontece-
ram na Europa nos séculos XVIII e XIX. A principal particularidade
dessa revolução foi a substituição do trabalho artesanal pelo assala-
riado e com o uso das máquinas.
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Saiba mais
Com relação a evolução histórica dos direitos humanos, assista o vídeo
do professor Solon Viola, que explica a formação destes, como sendo
fruto de uma construção histórica: http://tinyurl.com/n93lmp5
– 29 –
cuidado para com o próximo, que não é obrigado a sentir o cheiro de uma
cremação dentro de sua própria residência.
Assim, como essa limitação, outras foram sendo criadas ao longo do
tempo, até que chegamos, hoje, por exemplo, com a noção de que dentro
da propriedade privada rural deve haver uma área destinada a Reserva Legal
que encontra restrições de uso; ou, que deve ocorrer a proteção de Áreas
de Preservação Permanente (ambas reguladas conforme disposto no Código
Florestal - Lei n. 12.651/2012), sendo uma obrigação do proprietário; bem
como que a propriedade deve atender a função social, daí porque, aquelas que
não atingirem os critérios dispostos pelo Incra, poderão ser desapropriadas.
A função social da propriedade deve fazer com que se possa utilizar da
propriedade, mantendo-se o respeito ao meio ambiente, seja o natural, seja o
urbano (ALEXANDRINO, 2013).
Você sabia
O meio ambiente tem 4 aspectos: o natural, o construído, o cultural
e o do trabalho?
O meio ambiente natural é aquele composto pelos elementos natu-
rais, como animais, vegetação e demais elementos com vida; o
construído, é aquele que foi criado pelo homem, tal como uma casa,
um bairro ou até mesmo uma cidade; o cultural, está relacionado
com a interconexão do homem com a natureza; e o do trabalho visa
garantir condições mínimas para o trabalhador.
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Importante
Na época do descobrimento do Brasil, um dos primeiros animais
levados da América do Sul, por Vicente Yáñez Pinzón (1499),
capitão da nau “Nina”, para o continente europeu, sob a designa-
ção de “animal monstrosum” foi uma fêmea de um gambá ou saruê
(a mucura para os amazônidas). Vejam o relato: (...) viram um
novo animal como que monstruoso, que tinha o corpo e focinho
de raposa, garupa e os pés de trás de macaco e os da frente quase
como de homem, as orelhas como de morcego. E sob o ventre,
um outro ventre externo como uma bolsa, onde esconde seus
filhotes depois de nascidos; nunca os deixa sair, até quando eles
mesmos estejam aptos a nutrir-se, exceto quando querem mamar.
Um destes tais animais, junto com seus filhotes, foi levado de
Sevilha à Granada aos Sereníssimos Reis. Entretanto, no navio
morreram os filhotes e, o adulto, na Espanha; os quais, apesar de
mortos, foram vistos por muitas e diversas pessoas (TEIXEIRA &
PAPAVERO, 2002, 19).
Registros da Nau Pélérine (1532):
22 15 mil toras de pau-brasil (8 ducados cada);
22 300 quintais de algodão (cerca de 1,8 toneladas, valendo 10
ducados o quintal);
22 3 mil peles de onças (3 ducados cada);
22 300 macacos (6 ducados cada);
22 600 papagaios (6 ducados cada);
22 Valor total aproximado da carga: 62.300 ducados (acrescida das
demais mercadorias)
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mente as corporações, são capazes de causar danos efetivos aos direitos funda-
mentais e podem oprimir tanto ou até mais que os Estados.
Imagine a situação em que um determinado funcionário, que não cum-
pre as metas impostas pela empresa, seja submetido à obrigação de caminhar
pelos seus corredores com um chapéu pontiagudo, no qual se lê: “Burro!”.
Tal conduta da empresa não se harmoniza com os direitos humanos e
nem com os direitos fundamentais, uma vez que não respeita a dignidade da
pessoa humana.
Assim, a eficácia horizontal se percebe no trato entre os particulares.
Por sua vez, a eficácia vertical dos Direitos Humanos é devida a uma
relação assimétrica entre o indivíduo e o Estado, uma vez que o Estado (o
coletivo) se coloca acima do interesse individual.
Ocorre que, mesmo dentro desta perspectiva, o Estado sofre limitações
para agir, considerando que dentro do seu poder, que é maior que o cida-
dão, este deve respeitá-lo, considerando os direitos humanos e fundamen-
tais já conquistados.
Nesse sentido, por exemplo, o Estado deve respeitar o direto à vida do cida-
dão, não pode torturá-lo, não pode privá-lo de seus bens sem que tenha havido
processo judicial, no qual tenha sido assegurado a ampla defesa e o contraditório.
Entendeu? Fácil, não é mesmo?
Vejamos agora as “ondas” que levaram a formação dos direitos humanos.
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– 34 –
2.3 A cidadania
A cidadania, portanto, pode ser considerada como o exercício dos direi-
tos e deveres civis, políticos e sociais estabelecidos na Constituição Federal,
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Resumindo
Ao longo deste capítulo, vimos a forma com que foram construídos os
Direitos Humanos e a sua diferença para com os Direitos Fundamentais, que
são direitos ligados à garantias constitucionais de um Estado.
Conhecemos, também, as dimensões e as gerações de direitos, bem
como as suas características, como a proibição do retrocesso, a historicidade,
a inalienabilidade, entre outras.
Dentro deste contexto, percebemos a inter-relação entre a gestão do
meio ambiente, a garantia e o exercício dos direitos humanos e fundamentais,
como a garantia à vida e o direito ao meio ambiente ecologicamente equili-
brado para as presentes e futuras gerações.
Por fim, aprendemos que a cidadania é o fazer; ou seja, é o “por em
prática” os direitos, e também os deveres, que estão dispostos em nossa Cons-
tituição Federal.
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Objetivos de aprendizagem:
22 Conhecer a história e formação do pensamento ambientalista;
22 Conhecer os períodos do pensamento ambientalista e a crise ambiental;
22 Identificar a diferença entre conservação e preservação e
22 Identificar os aspectos do meio ambiente;
completamente da natureza,
pois, se o inverno fosse rigoroso,
por exemplo, morreriam de frio;
se as árvores não provessem fru-
tos em quantidade suficiente,
morreriam de fome.
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Podemos dizer que sempre tivemos uma relação muito próxima com a
natureza, principalmente em razão da dependência em relação à disponibili-
dade dos recursos naturais. É a natureza que provê, por exemplo, alimento,
água doce, madeira, combustível, moradia, transporte, fármacos, cosméticos,
variedades selvagens de produtos cultiváveis, regulação climática, fertilizan-
tes, solventes, fermentos, têxteis, óleos, moléculas e enzimas, genes e, ainda,
benefícios recreativos, estéticos e espirituais.
Denominamos de período de dependência da natureza o intervalo
entre o surgimento do homem na Terra e, aproximadamente, 10 mil anos
antes da nossa era, com o início da agricultura.
Saiba mais
Ficou curioso sobre a vida na era dos caçadores-coletores? Confira o vídeo
no Youtube que trata o tema com bastante humor. Acesse: <https://youtu.
be/VFykQE8ge7I>.
Importante
Para entendermos a elaboração da legislação ambiental é importante compre-
endermos os conceitos de biocentrismo e antropocentrismo e suas influências.
BIOCENTRISMO: o ser humano deve estar em pé de igualdade frente
às outras formas de vida; deve fazer parte de todo o sistema ecológico,
saindo da posição de “dono, detentor” para a de “partícipe, integrante”,
logo o meio ambiente ecologicamente equilibrado deve ser o foco prin-
cipal de suas ações. Nessa linha é o pensamento da chamada deepeco-
logy, ou ecologia profunda, que prega a redução da população humana
para que o planeta seja sustentável para todas as espécies naturais; busca a
autorrealização e a bioigualdade (todos os seres têm igual direito à vida e
valor de existência) e considera a defesa somente da fauna e da flora que
interessa aos humanos como ecologia rasa. Era a ideologia de uma minoria
no fim do século XX, que contém questões importantes para o conceito de
sustentabilidade (Dicionário brasileiro de ciências ambientais, 2002, p.90).
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Você sabia
Não só os animais são domesticados, mas as plantas também. Os
homens escolhiam as frutas mais doces e plantavam suas sementes,
fazendo a seleção natural da espécie e escolhendo as características que
mais se adaptassem à sua região, como frio, calor e umidade. Este pro-
cesso caracteriza a domesticação de plantas (DIAMONDS, 2007).
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10
9 9 / 2042*
8 8 / 2024*
7 7 / 2011
6 6 / 1999
5 5 / 1987
4 4 / 1974
3 / 1960
3
2 / 1927
2
1 / 1804
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Saiba mais
Nos links, existem dois vídeos bastante interessantes, os quais apre-
sentam visões diferenciadas sobre o agronegócio e da pressão que
o ser humano vem aplicando sobre os recursos naturais.< https://
youtu.be/CPagnViZ31M> e < https://youtu.be/aoiP-WK3V8o>
Você sabia
Há um site que nos proporciona um interessante exercício. Aces-
sem o endereço <http://www.pegadaecologica.org.br/2015/index.
php> e respondam aos questionamentos. O resultado apontará o
cálculo de quantos planetas serão necessários para que cada pessoa
do globo tenha o mesmo nível de consumo que você.
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Saiba mais
Entre os acidentes podemos citar (THEODORO, 2002):
22 o lançamento de gases tóxicos na atmosfera, em Bhopal, na Índia,
onde morreram 3,4 mil pessoas em 1984;
22 o acidente nuclear em Chernobil , na antiga União Soviética,
que, como consequência, além das vítimas imediatas, fará com
que aproximadamente 100 mil pessoas sofram com danos gené-
ticos ou tenham problemas de câncer nos 100 anos seguintes;
22 em 1987 ocorreu o acidente com o Césio 137 em Goiânia (GO) e
22 a partir de 1989 diversos vazamentos de petróleo ocorreram ao
longo dos oceanos e das praias mundiais.
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Saiba mais
Assista aos seguintes vídeos e compreenda um pouco mais sobre o
meio ambiente:
https://www.youtube.com/watch?v=QshfVyHkm58&list=FLoxNfF
IWT6kNF4evssi6Lcw&index=7
https://www.youtube.com/watch?v=emDakP5m_qA&list=FLoxNfF
IWT6kNF4evssi6Lcw&index=6
https://www.youtube.com/watch?v=LYzHIEcdP2g&list=FLoxNfFI
WT6kNF4evssi6Lcw&index=8
– 45 –
– 46 –
Importante
A Lei 6.938/1981, que dispõe sobre a Política Nacional do Meio
Ambiente, define o meio ambiente como sendo (art. 3º, inciso I): “o con-
junto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química
e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas.”
Saiba mais
Ecologia é um termo cunhado pelo biólogo e médico alemão Ernst
Heinrich Haeckel, em 1866, como a proposta de uma nova disci-
plina científica, que pode ser definida como o estudo do lugar onde
se vive, com ênfase sobre a totalidade ou padrão de relações entre
os organismos e o seu ambiente.
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Isso quer dizer que o meio ambiente não se restringe ao meio natural
ou físico, pois perpassa todas as demais esferas que venham a ser objeto de
relação entre o homem e seu meio.
Conforme citado linhas acima, o conceito legal ou jurídico de meio
ambiente é (art. 3º, inciso I, da Lei nº 6.938/1981): “o conjunto de condi-
ções, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que
permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas.”
Então, para compreender esse conceito, é necessário recorrer à Biologia,
à Geografia, à Agronomia, à Engenharia Florestal, à Biotecnologia, à Ecologia
etc. A isso, denomina-se transversalidade, uma vez que é quase impossível
estudar e aplicar o direito ambiental sem recorrer a conhecimentos de outros
ramos das ciências.
É necessário, então, atentar para o fato de que o meio ambiente deve ser
analisado sob todos os seus aspectos:
Figura 3: aspectos do meio ambiente
Meio ambiente
do trabalho
Meio ambiente
artificial
Importante
O meio ambiente natural “congrega o espaço não necessariamente
alterado pelo homem”, contempla a proteção do solo, da água, do
ar atmosférico, da fauna e da flora. (art. 225, §1º, I, VII da CF/88).
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Resumindo
Ao final deste capítulo, percebe-se que a relação do homem com o meio
ambiente, em razão de suas ações e da forma com que o utiliza para alcançar o
que denomina desenvolvimento ou progresso, sofreu profundas mudanças ao
longo dos anos, deixando de ser visto como mero recurso necessário à manu-
tenção de uma forma de desenvolvimento, para representar um elemento
que, se não estiver protegido, poderá causar dificuldades para a sobrevivência
em um futuro próximo.
O conceito de meio ambiente, para o direito ambiental, não deve englo-
bar somente os fatores naturais, mas também os elementos que compõem a
– 49 –
cultura humana, para que sejam preservados todos os seus aspectos: o natural,
o artificial, o cultural e o do trabalho.
Da mesma forma que a natureza busca encontrar um equilíbrio, esse
também deve ser o objetivo da proteção do meio ambiente: encontrar um
meio termo entre o desenvolvimento e a preservação ambiental, de tal sorte
que alcancemos o meio ambiente ecologicamente equilibrado.
Nesse sentido, é imperiosa a necessidade dos profissionais que lidam com
o direito ambiental busquem a transversalidade do conhecimento, pois, para
compreendê-lo, são necessários conhecimentos de outros campos do saber,
como a biologia, a geografia, a agronomia, a engenharia florestal, a ecologia etc
– 50 –
Aliás, quem poderia ser considerado poluidor? Será que você polui? Será
que a sua atividade econômica polui?
Quais são as suas responsabilidades dentro deste ciclo produtivo?
Estas são algumas das perguntas que, por meio da leitura deste capítulo,
poderão ser respondidas.
Objetivos de aprendizagem:
22 Compreender o conceito de meio ambiente;
22 Compreender o conceito de recursos naturais;
22 Identificar o conceito legal de poluição;
22 Identificar quais são as pessoas e atividades que poderão ser consi-
deradas poluidoras
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Parece que sim, não é mesmo? Os rios e as florestas também fazem parte
do conceito legal, uma vez que a vida habita nestes lugares e eles propiciam
que ela aconteça.
Mas e nós, humanos?
Já vimos que fazemos parte deste contexto, mas somente quando con-
sideramo-nos como animais. Afinal, esta é a interpretação do conceito legal.
Mas, é fato que interagimos com o meio ambiente de diversas formas.
Somos, também, conhecidos pela nossa inteligência e pela contribuição intelec-
tual. Em razão disso, introduzimos diversas transformações no meio ambiente.
Nesse sentido, esses locais onde introduzimos nossa manifestação inte-
lectual e cultural, ou onde exercemos nossas atividades laborais diárias, pode-
mos considerá-los como meio ambiente?
Imagine que o local onde antes era uma mata frondosa, hoje é uma
plantação de milho ou arroz; o espaço no qual se situava um grande cerrado,
tornou-se uma cidade.
E então? O local onde estamos, neste exato momento, é ou não é
meio ambiente?
Segundo o Dicionário Brasileiro de Ciências Ambientais (Lima e Silva,
2002), ambiente é o conjunto de fatores naturais, sociais e culturais que
envolvem um indivíduo e com os quais ele interage, influenciando e sendo
influenciado por eles.
Importante
Perceberam que o conceito legal foi alargado? Que além dos fatores
naturais, foram incorporados os fatores sociais que envolvem um indi-
víduo e com os quais ele interage?
Saiba mais
Podemos dizer, então, que o conceito de meio ambiente engloba
tanto o conceito de ecologia, quanto as questões relacionadas ao
patrimônio histórico e cultural, o espaço urbano construído e as con-
dições saudáveis para o exercício de um trabalho.
– 54 –
É necessário atentar para o fato de que o meio ambiente deve ser analisado
sob todos os seus aspectos: o natural, o artificial, o cultural e o do trabalho.
O meio ambiente natural refere-se ao espaço natural que não teve influ-
ência direta do homem, e é objeto do Direito Ambiental, por exemplo, ao
contemplar a proteção do solo, da água, do ar atmosférico, da fauna e da flora.
Nesse contexto, temos o Código Florestal e o Código de Águas, que,
além de outros dispositivos legais, proíbem a pesca no período de defeso,
impõem limite mínimo para o abate de determinadas espécies, definem os
limites de áreas de proteção permanente, etc.
A Constituição Federal, no artigo 225, disciplina que todos têm
direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, impondo-se ao
Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as
presentes e futuras gerações.
Dentro da responsabilidade específica do Poder Público, estão as de pre-
servar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecoló-
gico das espécies e ecossistemas. Além de proteger a fauna e a flora, vedadas,
na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica,
provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais à crueldade.
Saiba mais
A proteção dos processos ecológicos, da fauna e flora é objeto do
Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), regula-
mentado pela Lei nº 9.985/2000, além de outras leis.
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Saiba mais
Assistam as seguintes reportagens realizadas pela TV Justiça acerca
do tratamento dos resíduos sólidos.
https://youtu.be/djRKpRBYN0s
https://youtu.be/mgp3uami1PM
https://youtu.be/pb5XxQFAvIE
Importante
Não confunda, por exemplo, o interesse em proteger uma área, em
razão de determinado atributo ambiental, com o interesse de proteger
o mesmo espaço em razão do vínculo cultural que o homem criou.
São dois objetos distintos e, portanto, podem incidir formas distintas
de proteção, ainda que sobre o mesmo espaço territorial.
– 56 –
Saiba mais
Quer aprofindar seus conecimentos sobre o ritual Yaokwa, do povo
Enawene nawe?
Assista ao vídeo: https://youtu.be/VHbPDF9dnMU.
Importante
Vejamos o que a legislação ambiental diz a respeito do tema:
Art. 3º - Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por:
I - meio ambiente, o conjunto de condições, leis, influências e intera-
ções de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege
a vida em todas as suas formas;
II - degradação da qualidade ambiental, a alteração adversa das carac-
terísticas do meio ambiente;
III - poluição, a degradação da qualidade ambiental resultante de ati-
vidades que direta ou indiretamente:
– 58 –
– 59 –
Importante
Se a alteração do meio ambiente é positiva, ou seja, se há alteração
“para melhor” das características do meio ambiente, isso não é legal-
mente considerado degradação.
Importante
A alteração adversa deve ser decorrente de uma ação humana. Um
vendaval que derruba casas e acaba com uma lavoura ou um terre-
moto, não tem suas consequências consideradas como degradação.
– 60 –
Você sabia
Os agrotóxicos são substâncias químicas que podem contaminar
tanto o solo quanto a água, podendo, inclusive, prejudicar os lençóis
freáticos, os poços artesianos, os córregos e os lagos.
– 61 –
– 62 –
Saiba Mais
Entenda o que são as APPs: Leia os artigos 3º e 4º do Código Florestal
Saiba Mais
Os Tratados Internacionais podem ser assim nomeados:
Convenção: cria normas gerais, principalmente no âmbito dos direitos humanos;
Convênios: normalmente referem-se a assuntos culturais ou de transporte;
– 63 –
Resumindo
Ao final deste capítulo, percebe-se que o meio ambiente pode ser visto pelas
mais diversas óticas. Ele pode ser compreendido como um mero bem, e aí o
analisamos sob a ótica do recurso natural. Se agregamos a variável humana, inte-
ragindo com ele, temos o conceito de meio ambiente.
Por força desta interação homem-natureza, temos que o meio ambiente
possui quatro aspectos: o natural, o artificial, o do trabalho e o cultural, os quais
podem estar ecologicamente equilibrados ou não.
Caso haja uma alteração adversa das características do meio ambiente, cha-
mamos isso de degradação da qualidade ambiental, e se esta, por exemplo, altera
desfavoravelmente a biota, a caracterizamos como poluição, que pode ser prati-
cada por pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado.
E, onde buscamos as informações pertinentes ao que é juridicamente correto ou
os elementos necessários para a elaboração de uma lei? Nas fontes de direito ambiental.
– 64 –
Objetivos de aprendizagem
22 Compreender a relação entre meio ambiente, populações tradicio-
nais e povos indígenas;
22 Identificar a variável ambiental nas questões étnico-raciais.
– 66 –
Saiba mais
À faculdade humana advinda da linguagem, de se aperfeiçoar, Jean-
-Jacques Rousseau denominou “perfectibilidade”. Segundo sua pro-
posição, ela permanece latente enquanto o meio externo permane-
cesse imutável, efetivando-se como uma capacidade de reação em
função das circunstâncias (ROUSSEAU. 2008, p. 56).
– 67 –
– 68 –
BIOMA AMAZÔNIA
BIOMA
CAATINGA
BIOMA CERRADO
BIOMA PANTANAL
BIOMA PAMPA
– 69 –
Saiba mais
Você quer aprofundar mais seu conhecimento na formação multicul-
tural brasileira? Confira os livros abaixo: RIBEIRO, Darcy. O Povo
Brasileiro: A formação e o sentido de Brasil.
22 PRADO Jr, Caio. Formação do Brasil contemporâneo.
22 HOLANDA, Sérgio Buarque de. Raízes do Brasil.
22 FREYRE, Gilberto. Casa-grande e senzala.
22 FAORO, Raymundo. Os Donos do Poder.
Você sabia
“Segundo dados do Programa das Nações Unidas para o Desenvol-
vimento (PNUD), as comunidades tradicionais constituem aproxima-
damente 5 milhões de brasileiros e ocupam ¼ do território nacional.
– 70 –
– 71 –
– 72 –
– 73 –
– 74 –
Importante
“Rondon propôs a criação de uma agência indigenista do Estado
tendo por objetivos: estabelecer uma convivência pacífica com os
índios; garantir a sobrevivência física dos povos indígenas; fixar o índio
à terra; fortalecer as iniciativas cívicas e o sentimento indígena de per-
tencer à nação brasileira; influir amistosamente na vida indígena; esti-
mular os índios a adotarem hábitos civilizados; possibilitar o acesso e a
produção de bens econômicos nas terras dos índios; empregar a força
de trabalho indígena no aumento da produtividade agrícola; contribuir
para o povoamento do interior do Brasil” (Lima, 1987).
– 75 –
– 76 –
– 77 –
– 78 –
identidade cultural dos povos indígenas, limitar a atuação dos maiores interes-
sados nos processos de criação e desenvolvimento de políticas de Estado sobre
a questão indigenista se afigura como um injustificável retrocesso, ecoando a
tradicional perspectiva etnocêntrica de “tutela orfanológica”. Certamente, no
atual estágio de consciência dos povos indígenas, é de se esperar que muitos
serão os movimentos de pleito da regulação de um conselho de caráter delibe-
rativo e autônomo, que deveria há muito ter sido a opção do Estado brasileiro.
Em 18 de dezembro de 2015, foram publicados decretos de homolo-
gação de mais quatro Terras Indígenas no Estado do Amazonas, somando-se
246 mil hectares ao montante demarcado.
– 79 –
– 80 –
5.4.3 Faxinalenses
Em situação desfavorável como polo atrativo de imigrantes europeus
– em comparação com Estados Unidos, Canadá e Argentina, o Estado brasi-
leiro precisou praticar uma política ativa de imigração, contratando serviços
de agenciamento (como, por exemplo, no Decreto nº 5.663/1874), compro-
metendo-se a custear despesas com o transporte marítimo a partir da Europa
até o destino final do imigrante em solo brasileiro; hospedagem e alimenta-
ção na primeira semana depois de sua chegada, etc. As correntes imigratórias
eram direcionadas para as lavouras de café em São Paulo e para a colonização
– 81 –
da Região Sul do País. Entre 1870 e 1920, momento áureo do largo período
denominado como “grande imigração”, os imigrantes que entraram no Brasil
eram 3,3 milhões de pessoas (IBGE. 2007, p. 161).
O cenário que os imigrantes aqui encontravam costuma ser bem dife-
rente daquela imagem de esperança da propaganda que era divulgada. O
Estado desorganizado não cumpria os compromissos empenhados, dei-
xando os colonos abandonados sem qualquer infraestrutura. Nesse ambiente
desafiador, muitos imigrantes viram na atuação cooperativa o único meio
de subsistir, desenvolvendo um modelo social próprio, marcado por uma
produção agrícola de subsistência, que combina a exploração privada da
propriedade à utilização de áreas comuns de pastagens e de exploração de
recursos naturais.
Uma porção das terras é privativa de cada família, onde constrói sua
habitação, cria pequenos animais e mantém uma agricultura de subsistência,
cujos excedentes são objeto de escambo ou venda; para além dessas divisões
privadas, há uma grande porção de terreno de uso comunal, em que todas as
famílias comungam o direito de explorarem conjunta ou concomitantemente
para a criação de gado bovino/arietino. O uso e/ou exploração dessas áreas
comuns é exercido pelos integrantes daquela comunidade, segundo regras
específicas, consensualmente definidas pelo grupo social, denominadas “acor-
dos comunitários”. Essas comunidades de diferenciada prática agropastoril e,
por conseguinte, de valores culturais e sociais diferentes dos valores comuns
ao meio rural brasileiro, são conhecidas como “faxinalenses”.
É interessante notar que a cultura desenvolvida pelos Faxinais, no exer-
cício de suas atividades agrosilvipastoris, não apenas garantiu a estabilidade
daquelas comunidades em um cenário de adversidades, como ainda tem por
característica uma relação equilibrada com o ecossistema na exploração dos
recursos naturais – tanto que, mesmo estando ali assentados, muito antes do
ordenamento jurídico criar as áreas de preservação, suas atividades tradicio-
nais vêm contribuindo expressivamente para a preservação das Florestas de
Araucária, ecossistema ameaçado de extinção.
Ocorre que, como acontece com outros grupos étnicos e comunidades
tradicionais, é crescente a ameaça de extinção da expressão cultural faxina-
lense, vez que seu modo de produção, pouco rentável, sofre pressão da agri-
– 82 –
Resumindo
A exposição até aqui desenvolvida de fatos, leis e decretos nos exige assu-
mir e defender (não obstante tratar-se de evidência subvalorizada – e mesmo
negligenciada – nos estudos sobre o tema) que o meio ambiente é uma vari-
ável importante no estabelecimento e conformação da cultura. Mesmo que o
estágio de desenvolvimento econômico há muito encaminha o senso comum
à valorização da cultura, por suas expressões de sofisticação no que nela se
pode produzir de bens intelectuais, artísticos, tecnológicos, sociais, etc., não
se pode perder de vista sua dimensão “funcional” prioritária de satisfação das
necessidades vitais dos indivíduos que compõem o grupo.
– 83 –
– 84 –
Objetivos de aprendizagem:
22 Compreender a competência para legislar na esfera ambiental;
22 Compreender a competência para proteger (fiscalizar) o meio
ambiente;
22 Identificar as competências de cada um dos entes da federação
(União, Estados, Municípios e Distrito Federal).
de demonstrar a necessidade e
pressuposta possibilidade de se
conciliar crescimento econômico
e conservação ambiental, divul-
gando um conjunto de premis-
sas, que desde então passaram a
orientar os debates sobre o tema.
– 86 –
Importante
O primeiro autor a utilizar o conceito desenvolvimento sustentável
foi Robert Pescott-Allen, em 1980, no livro The World Conservation
Strategy: Living Resource Conservation for Sustainable Development,
nesses termos:
desenvolvimento é aqui definido como: a modificação da bios-
fera e a aplicação de recursos humanos, financeiros, vivos e não-
-vivos para satisfazer as necessidades humanas e melhorar a qua-
lidade de vida humana. Para o desenvolvimento ser sustentável,
deve levar em conta tanto os fatores sociais e ecológicos, quanto
os econômicos; a base de recursos vivos e não-vivos; e as vanta-
gens e desvantagens a curto e longo prazo das ações alternativas
(Allen. 1980, p. 18 – tradução livre).
Você sabia
A defesa estatal do ambiente é essencialmente antropocêntrica: a
conservação do equilíbrio ecológico do ambiente é condição de vida
da espécie humana – da presente e, principalmente, das futuras gera-
ções. Na longa história da vida na Terra, em que nós só surgimos nos
últimos segundos do capítulo atual – a natureza já passou por várias
“grandes extinções”, recuperando-se através de longos períodos de
– 87 –
Saiba mais
Se você quer entender um pouco mais sobre o tema da resiliência da
vida na Terra, vale a pena a leitura da obra “Diversidade da vida” de
Edward O. Wilson (Editora Companhia de Bolso, 2012).
– 88 –
– 89 –
– 90 –
Importante
“Em síntese, o princípio da predominância do interesse se manifesta
da seguinte forma: na União o interesse é geral e tem competên-
cia em território nacional, estabelecendo normas gerais com patamar
mínimo de proteção; nos Estados-Membros o interesse é regionali-
zado, tendo também sua competência de forma regional, suplemen-
tando a legislação federal de acordo com as peculiaridades regionais,
podendo formular normas que desdobram o conteúdo e os princí-
pios das normas gerais; nos Municípios o interesse é local com uma
competência localizada; e no Distrito Federal o interesse é regional e
local.” (Cassilla e Fantin, 2013, p. 40)
– 91 –
– 92 –
IV – águas [...]
XII - jazidas, minas, outros recursos minerais e metalurgia;
XXVI - atividades nucleares de qualquer natureza.
– 93 –
Há, nesse ponto, uma aporia no sistema constitucional que deve ser
levantada: a competência para fiscalizar a exploração de recursos hídricos é
comum da União, Estados e Municípios, segundo dicção do artigo 23, inci-
sos VI e XI, da Constituição; mais além, o inciso I do artigo 26 inclui entre os
bens dos Estados “as águas superficiais ou subterrâneas, fluentes, emergentes e
em depósito, ressalvadas, neste caso, na forma da lei, as decorrentes de obras
da União”; entretanto, o inciso IV do artigo 22 estabelece competência priva-
tiva da União para legislar sobre águas.
As fronteiras entre as competências legislativas da União, Estados e Muni-
cípios não são nítidas e a atividade legiferante dos entes da federação é conflitu-
osa. Em caso de conflito, três possibilidades devem ser levadas em consideração:
a) pode ocorrer que, mesmo observando os seus campos de atuação,
União e Estados legislem de forma conflitante. Nesse caso, entende-se
que deverá predominar a regra mais restritiva, uma vez que se busca a
satisfação de um interesse público;
b) uma segunda possibilidade consiste na inobservância dos limites
constitucionais impostos ao exercício da competência concorrente. A
invasão de campo de atuação alheio, como já mencionado, implica a
inconstitucionalidade da lei, seja ela federal, seja ela estadual;
c) finalmente, pode ainda o conflito entre leis resultar da impossibilidade
de definir precisamente o que são normas gerais e normas especiais. Tais
conflitos devem ser solucionados tendo por base o princípio in dubio pro
natura, devendo prevalecer a norma que melhor defenda o direito fun-
damental tutelado, ou seja, o meio ambiente (Ferreira. 2007, p. 215).
– 94 –
– 95 –
Assim como não há hierarquia formal entre as leis emanadas pelos dife-
rentes entes da federação, “não há hierarquia na atuação das diferentes admi-
nistrações públicas. A administração pública federal ambiental não está num
plano hierárquico superior ao da administração pública ambiental munici-
pal”. (Machado, 1996, p.170).
Para orquestrar as competências convergentes e coincidentes das três
esferas da administração pública, a Constituição Federal estabelece, no pará-
grafo único do artigo 23, o Princípio da Cooperação entre a União Federal,
Estados-Membros, Distrito Federal e Municípios “tendo em vista o equilíbrio
do desenvolvimento e do bem-estar em âmbito nacional”.
A Constituição de 1988 havia imposto um revés na tendência moder-
nizante iniciada em 1967, cristalizando um modelo administrativo rígido e
direito, marcantemente hierarquizado e centralizador, evidenciando o intuito
constituinte de garantir a continuidade da exploração patrimonialista do
Estado brasileiro (Bresser-Pereira, 2002, p. 175). Inicia-se então um movi-
mento desarticulado de reconfiguração da máquina estatal em busca de um
perfil operacional de empresa privada (com severos planos de austeridade fiscal
e contenção de investimentos e gastos públicos, dentre outras medidas) bali-
zado por objetivos e metas (com controle a posteriori de resultados, em subs-
tituição ao controle weberiano sobre cada etapa do processo administrativo),
passando pela promoção de várias formas de relações com empresas privadas
(como terceirização e parcerias público-privadas) e, por fim, estabelecendo
sistemas de gestão de resultados (voltada ao atendimento das demandas do
contribuinte-cliente em substituição ao viés burocrático autorreferenciado).
Em 1998, a Emenda Constitucional nº 19 promoveu diversas mudan-
ças no sentido de modernizar o aparelho estatal (dentre as quais se destaca a
possibilidade de aumento da autonomia gerencial, orçamentária e financeira
dos órgãos e entidades da administração direta e indireta, mediante contrato,
a ser firmado entre seus administradores e o poder público, que tenha por
– 96 –
– 97 –
Como regra geral, seu artigo 5º garante aos entes federados o direito de
delegar a execução de ações administrativas ou mesmo suas atribuições ambien-
tais, por meio da celebração de convênios, desde que o destinatário conte com
um conselho de meio ambiente e com órgão ambiental capacitado e com estru-
tura compatível com a demanda das respectivas ações administrativas.
A promulgação da citada Lei Complementar, treze anos depois da
Constituição Federal entrar em vigor, finalmente traria elementos para que
se concretizasse uma atuação harmônica e de cooperação das três esferas de
governo na proteção do meio ambiente, com a redução dos conflitos negati-
vos e positivos de competências ambientais, especialmente no que concerne
ao licenciamento ambiental, propiciando uma política ambiental uniforme.
Entretanto, a cooperação das entidades políticas na seara ambiental é
mais formal do que efetiva. Disputas políticas e econômicas norteadas, às
vezes, por interesses setoriais alheios ao interesse comum e a constante pre-
ocupação dos gestores públicos em cumprir suas dívidas de campanha, sem
incidir nas iras da Lei de Responsabilidade Fiscal, agravaram o lugar-comum
do conflito entre os diferentes entes no exercício de suas competências mate-
riais concorrentes, especialmente no que concerne ao licenciamento ambien-
tal de atividades lesivas ao meio ambiente.
A ausência de um sistema harmônico de proteção e defesa do meio ambiente
cria um cenário nacional de desperdício dos parcos recursos destinados para ges-
tão das questões socioambientais; uma pluralidade de “autoridades competen-
tes” cujo somatório de ações resulta em uma burocracia ineficiente convergindo,
por fim, em um quadro de degradação socioambiental e insegurança.
– 98 –
– 99 –
Resumindo
Nas derradeiras décadas do século XX, a humanidade deparou-se com a
realidade da finitude dos recursos naturais e a incompatibilidade dessa incon-
testável condição com seu desejo de infinito crescimento econômico. A cres-
cente desproporção entre os anseios socioeconômicos da cultura vigente e a
restrita capacidade do planeta em oferecer recursos e assimilar os efeitos cola-
terais das atividades humanas despertou a consciência de que definir e deli-
mitar essas atividades de acordo com os limites naturais representa condição
essencial para a perpetuação da espécie humana. A sustentabilidade tornou-se
um conceito em voga no âmbito das organizações, nos discursos políticos e
na mídia. Atualmente, tudo que se diz e que se espera é ser sustentável. Toda
atividade humana, para ser tomada como politicamente correta, precisa osten-
tar – ou ao menos aparentar – adequar-se à ideia do respeito ao patrimônio
socioambiental da comunidade global.
Ocorre que esse indicador de evolução da cultura contemporânea pode
esconder – e de fato esconde – perigosas armadilhas. Muitos críticos susci-
tam dúvidas – e com razão – quanto ao que há de efetividade no discurso
institucionalizado da sustentabilidade. A definição do conceito é vaga e a
maciça divulgação de interpretações superficiais, ineptas ou mesmo pernicio-
– 100 –
– 101 –
Objetivos de aprendizagem:
22 Identificar o conceito de Desenvolvimento Sustentável;
22 Analisar os principais instrumentos de gestão ambiental;
22 Compreender os princípios que regem a legislação aplicada ao
Direito Ambiental.
22 Compreender a responsabilidade civil ambiental.
A Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA) é regulada pela Lei
nº 6.938/1981, que também criou instrumentos de gestão ambiental com
órgãos de controle. O Sistema Nacional de Meio Ambiente (Sisnama) foi ins-
tituído com o intuito de estabelecer uma rede de agências estaduais, distritais
e municipais de meio ambiente, a fim de atuar nos diversos níveis da federa-
ção. O Sisnama visa à implementação da PNMA, a integração e coordenação
entre todos os entes do sistema visto a complexidade da sua configuração, a
desigualdade técnica, científica, política, estrutural e até mesmo econômica
entre os integrantes do sistema.
O art. 2° da PNMA apresenta a preservação, a melhoria e recuperação
ambiental necessária à vida, pois objetiva assegurar ao País condições para o
desenvolvimento econômico, aos interesses da segurança nacional e a prote-
ção da dignidade humana. A PNMA é implementada por meio dos princí-
pios de direito ambiental, estabelecidos pela CF/88, pela legislação infracons-
titucional e que serão apresentados a seguir.
– 104 –
– 105 –
– 106 –
Vedação ao
É defeso o recuo dos patamares legais de proteção ambiental, salvo
retrocesso
temporariamente em situações calamitosas.
ecológico
Respon-
Todas as nações são responsáveis pelo controle da poluição e a busca
sabilidade
da sustentabilidade, mas os países mais poluidores deverão adotar as
comum, mas
medidas mais drásticas.
diferenciada
Gestão
As competências ambientais são repartidas por todos os entes federati-
ambiental des-
vos, que deverão cooperar harmonicamente na sua eficiente realização,
centralizada,
contando com o apoio da sociedade, que deverá participar ativamente
democrática
da gestão ambiental.
e eficiente
A dignidade da pessoa humana é um valor supremo que atrai o con-
teúdo de todos os direitos fundamentais do homem, desde o direito à
vida. O conceito de dignidade da pessoa humana obriga a uma densi-
ficação valorativa que tenha em conta o seu amplo sentido normativo-
Dignidade
-constitucional, não uma qualquer ideia apriorística do homem, não
da pessoa
podendo se reduzir o sentido da dignidade humana à defesa dos direi-
humana
tos pessoais tradicionais, esquecendo-a nos casos de direitos sociais,
ou invocá-la para construir “teoria do núcleo da personalidade” indi-
vidual, ignorando-a quando se trate de garantir as bases da existência
humana. Awad,2006
Fonte: adaptado de Amado (2014), Antunes (2012) e Awad (2006 pg.1).
– 107 –
– 108 –
Importante
De acordo com Antunes (2012, pg.60 e 61), se entendermos a PNMA
como norma de gestão ambiental, ela é calcada nos seguintes aspectos:
Aspecto institucional
i. Definição de áreas prioritárias de ação governamental relativa
a qualidade e ao equilíbrio ecológico, atendendo aos interes-
ses da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios
e dos Municípios;
ii. A imposição ao poluidor pagador e ao predador, da obriga-
ção de recuperar e indenizar os danos causados, e ao usuá-
rio de contribuição pela utilização de recursos ambientais com
fins econômicos;
iii. Sistema nacional de informações sobre o meio ambiente;
iv. Cadastro técnico federal de atividades e instrumento de defesa
ambiental
v. Cadastro técnico federal de atividades potencialmente poluidoras
e, ou utilizadoras dos recursos ambientais;
vi. Instituição do relatório de qualidade do meio ambiente, a ser
divulgado anualmente pelo Ibama;
vii. Garantia da prestação de informações relativas ao meio ambiente,
obrigando-se o poder publico a produzi-las, quando inexistentes.
Aspecto econômico
i. Compatibilização do desenvolvimento econômico-social com a pre-
servação da qualidade do meio ambiente e do equilíbrio ecológico;
ii. Incentivos a produção e instalação de equipamentos e a criação
ou absorção de tecnologia voltados para a melhoria da quali-
dade ambiental.
iii. Aspecto gerencial
iv. A difusão de tecnologias de manejo do meio ambiente, a divul-
gação de dados e informações ambientais e a formação de ma
consciência publica sobre a necessidade de preservação da qua-
lidade ambiental e do equilíbrio ecológico.
– 109 –
Aspecto Ecológico
i. O estabelecimento de critérios e padrões da qualidade ambiental
e de normas relativas ao uso e manejo de recursos ambientais;
ii. O estabelecimento de pesquisas e de tecnologias nacionais
orientadas para o uso racional dos recursos ambientais
iii. A preservação e a restauração dos recursos ambientais com
vistas a sua utilização racional e a disponibilidade permanente
concorrendo para a manutenção do equilíbrio ecológico pro-
pício a vida.
Aspecto territorial
i. Zoneamento ambiental;
ii. Criação de espaços territoriais especialmente protegidos pelo
poder publico federal, estadual, distrital e municipal, tais como
áreas de proteção ambiental, de relevante interesse ecológico e
reservas extrativistas.
Aspecto de controle
i. Estabelecimento de padrões de qualidade ambiental;
ii. Avaliação de impactos ambientais;
iii. Licenciamento e revisão de atividade efetiva ou potencialmente
poluidora;
iv. Penalidades disciplinares ou compensatórias ao não cumprimento
das medidas necessárias a preservação ou correção da degrada-
ção ambiental.
– 110 –
– 111 –
Você Sabia
As competências do Conama estão previstas no art.8 da Lei nº 6938/1981,
disponível no site: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L6938.htm
O plenário do Conama é composto por representantes da sociedade
e do governo. Seu conselho possui regimento interno, disponível em:
http://www.mma.gov.br/port/conama/estr.cfm
– 112 –
Você Sabia
A servidão florestal, espécie de servidão ambiental, era prevista no
artigo 44-A, da Lei 4.771/1965 (antigo CFlo), tendo sido inserida
por meio da MP 2.166-67/2001.12 Contudo, com o advento do
novo Código Florestal, a servidão florestal foi extinta e substituída
pela servidão ambiental, que já existia, mas que teve o regime jurídico
alterado pela Lei nº 12.651/2012.
– 113 –
– 114 –
– 115 –
Por atingir o meio ambiente, que é bem de uso comum do povo, o dano
ambiental necessita de formas de reparação diversa, não contemplada pelo sis-
tema clássico de reparação do dano. A partir dessa leitura, é possível verificar que
a averiguação do dano é uma tarefa difícil e complexa. A começar pela prova
técnica, que pode envolver uma equipe interdisciplinar, que deverá ser capaz de
apurar todos os impactos envolvidos, considerando os efeitos sinérgicos.
– 116 –
Poder Público contra o particular. Para isso, são fiscalizadas as condutas consi-
deradas como lesivas ao meio ambiente (MACHADO, 2012; SILVA, 2004).
O art. 70, caput inicia delimitando o que é infração administrativa.
Essa definição é de suma importância, pois considera infração a violação a
qualquer regra jurídica, que deve estar prevista em algum texto publicado
(MACHADO, 2012). Ela pode vir a ser considerada uma lei em branco,
pois a norma não tipifica nem define as infrações. É possível entender como
infração administrativa o não cumprimento a qualquer norma legal ou regu-
lamentadora em matéria ambiental em vigor na União, Estados, ou Municí-
pios, abrangendo a inobservância às exigências técnicas realizadas por autori-
dade competente e constante nas licenças ambientais concedidas pelo poder
competente (SILVA, 2004; MARCHESAN et al, 2013).
O parágrafo 1° nos revela quem são as autoridades competentes para a
fiscalização ambiental, isto é, quem poderá lavrar auto de infração ambiental
e instaurar processo administrativo ambiental. As penalidades impostas por
órgãos vinculados de forma direta ou indireta aos entes estatais são sanções
administrativas e estão ligadas ao poder de polícia (FIORILLO, 2012). As
infrações e sanções administrativas devem seguir aos princípios da adminis-
tração pública e, para isso, necessitam ter previsão em lei, no entanto são
aceitos as especificações em regulamentos. No caso da aplicação de sanções, a
notificação deverá conter a regra jurídica transgredida. As infrações serão apu-
radas respeitando a Constituição Federal e demais leis vigentes (MACHADO,
2012). A lei de crimes ambientais confere alto grau de discricionariedade ao
agente público quanto ao enquadramento das condutas lesivas, em especial
quando se trata das infrações administrativas, de tal forma que é possível
considerar que essa lei ampliou as infrações ambientais de forma genérica
(SILVA, 2004; MARCHESAN et al, 2013).
O parágrafo 2° define quem é competente para dirigir representação
para o exercício do poder de polícia individual. No entanto, estamos tratando
de um direito difuso, trans-individual. Como resultado desse direito de 4ª
geração, Fiorillo (2012) cita que “o poder de polícia está ligado as atividades da
administração pública destinadas a regular prática de atos ou em razão da defesa
de bens de uso comum do povo”, como previsto no art. 225 da CF/88.
O parágrafo 3° legisla sobre a responsabilidade dos órgãos administrati-
vos, seja pertencente a União, Estados, Distrito Federal ou Municípios. Em
– 117 –
– 118 –
o ordenamento legal. A primeira nos faz concluir que não é necessário que a con-
duta seja ilícita, basta que da ação ou omissão resulte um dano ambiental.
Dessa forma, é possível concluir que o agente, empresário, poderá ser
responsabilizado no âmbito penal e administrativo mesmo se não praticar
nenhum ilícito penal ou administrativo. Já a responsabilidade civil se aplica
de forma objetiva ao agente, por definição – atribuição legal.
– 119 –
Resumindo
Neste capítulo, aprendemos sobre os princípios de Direito Ambiental, que
são a sua base e escoram a Política Nacional do Meio Ambiente (PMNA). A
PMNA apresenta os principais órgãos, conselhos do sistema ambiental brasi-
leiro, bem como os instrumentos de gestão ambiental. Também aprendemos
sobre a servidão ambiental que foi incluída recentemente como instrumento de
gestão ambiental e sobre responsabilidade ambiental, a administrativa e a civil.
Com isso você foi capaz de entender a base do Direito Ambiental brasileiro.
– 120 –
– 122 –
– 123 –
– 124 –
– 125 –
– 126 –
Saiba mais
Estudo de Impacto de Vizinhança:o estatuto das cidades, Lei
10257/00, introduziu o estudo de impacto de vizinhança (EIV).
Este instrumento de política urbana prevê a possibilidade de se
exigir o estudo para projetos que impactem na qualidade de vidada
da população, em especial da população que vive ao redor do futuro
empreendimento. O EIV possui semelhança com o EIA/Rima, mas
com ele não se confunde devido à peculiaridade de aplicação. O
EIA/Rima é mais abrangente que o EIV, e este só pode ser exigido
se estiver previsto na legislação municipal, conforme a Constituição
Federal e o Estatuto das Cidades.
– 127 –
– 128 –
– 129 –
– 130 –
a) Licença prévia
Esta é a primeira etapa do licenciamento (rito ordinário), em que se
verifica a viabilidade ambiental do projeto, se aprova a concepção
do empreendimento. Dependendo do da atividade a ser exercida ou
do projeto, pode ser precedida de EIA/Rima ou de outros relatórios
ambientais. De acordo com a resolução Conama 237/97, a licença
terá prazo máximo de validade de cinco anos e não pode ser renovada.
b) Licença de instalação
Esta é a segunda etapa do licenciamento (rito ordinário), em que o
Poder Público autoriza a instalação da atividade econômica ou do
empreendimento, aprovado anteriormente. Nesta etapa, verifica-se
se o empreendimento foi executado de acordo com os projetos e
planos aprovados nos órgãos competentes, também analisa-se as
medidas de controle e mitigação ambiental. Em casos de empre-
endimentos que dependam da instalação de equipamentos e estru-
turas adequadas a atividades, faz-se necessária a terceira etapa do
licenciamento. De acordo com a resolução Conama 237/97, a
licença terá prazo máximo de validade de seis anos.
c) Licença de operação
A licença de operação é a terceira e última etapa do licenciamento
ambiental (rito ordinário), é concedida para o empreendimento
iniciar as suas atividades, isto é, operar, desde que cumprida todas
as exigências realizadas nas etapas anteriores, incluindo as medidas
mitigadoras e de controle. De acordo com a resolução Conama
237/97, a licença terá prazo mínimo de validade de quatro e
máximo de dez anos de validade.
Você Sabia
O Estado do Paraná restringiu a resolução Conama 237/97, e o
prazo máximo de validade da LP é de 2 anos sem renovação.
Assim, a LI também foi restringida, e o prazo máximo de sua validade
é de 2 anos sem renovação.
– 131 –
– 132 –
Importante
A autorização ambiental necessita da certidão de uso de ocupação do
solo para verificar se a atividade ou o empreendimento proposto pode
ser desenvolvido naquela região do município ou naquele zoneamento.
Em suma, a certidão de uso e ocupação do solo é um ato administrativo
municipal de comando e controle sobre o território gerenciado, e sobre
as atividades desenvolvidas e a serem desenvolvidas sobre o mesmo.
– 134 –
– 135 –
Resumindo
Neste capítulo, aprendemos sobre os requistos legais do EIA/Rima. Os
tipos de licenciamento ambiental, como a licença prévia, a licença de ins-
talação, a licença de operação, o licenciamento simplificado, a dispensa de
licenciamento ambiental, a autorização ambiental e a validade destes atos
administrativos. O plano de recuperação de áreas degradadas é um instru-
mento que auxilia o Poder Público a analisar o empreendimento e ver se ele
possui condições de ser consolidado, visto os impactos, as metidas preventivas
e mitigadoras a serem desenvolvidas na área em questão.
Por fim, aprendemos sobre as competências do licenciamento ambien-
tal, as competências pertinentes à União e aos municípios, e as atribuições
restantes foram destinadas aos estados.
– 136 –
Objetivos de aprendizagem
22 Identificar as principais espécies de espaços territoriais especial-
mente protegidos;
22 Identificar áreas sobre as quais incida especial proteção ambiental;
Importante
Em Direito Ambiental é possível que um bem, público ou privado,
seja de uso comum do povo, em uma conotação diversa à classificação
tradicional dos bens públicos adotada pelo Direito Administrativo. Em
Direito Administrativo os bens das pessoas jurídicas são divididos de
direito público em dominicais, de uso comum do povo e de uso
especial, tendo em conta a natureza autônoma do bem ambiental,
naturalmente difuso. Um exemplo desta situação são os casos de pro-
prietários de áreas com cobertura florestal, que têm direitos reais, mas,
ao mesmo tempo, não podem desmatar sem licenciamento ambiental,
nem acima dos limites legais da tolerância. Assim, o bem é privado,
mas o seu equilíbrio ambiental é direito difuso, imaterial, de terceira
dimensão, de todo o povo e tutelável autonomamente.
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– 139 –
– 140 –
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– 143 –
Saiba mais
O Instituto Chico Mendes é o órgão do poder executivo que gere as
unidades de conservação que, em 2015 conta com 173 UC’s de uso
sustentável. Acesso o site <http://www.icmbio.gov.br/portal/quem-
-somos/gestao-estrategica.html> para conferir outras informações.
Você Sabia
Os corredores ecológicos integram os denominados mosaicos de
unidade de conservação, criados pela Lei 9985/2000, no artigo 26.
Atuam com o objetivo específico de promover a conectividade entre
fragmentos de áreas naturais. Eles são definidos no SNUC como
porções de ecossistemas naturais ou seminaturais, ligando unidades
de conservação, que possibilitam entre elas o fluxo de genes e o
movimento da biota, facilitando a dispersão de espécies e a recoloni-
zação de áreas degradadas, bem como a manutenção de populações
que demandam para sua sobrevivência áreas com extensão maior do
que aquelas das unidades individuais.
– 144 –
Importante
A definição legal de APP está caçada no art. 3°, II, do novo código
florestal, lei 12.651/2012, transcrita abaixo:
“área protegida, coberta ou não por vegetação nativa, com
a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a pai-
sagem, a estabilidade geológica e a biodiversidade, facilitar
o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar
o bem-estar das populações humanas”.
– 145 –
– 146 –
Resumo
Neste capítulo aprendemos que uma área é convertida em uma unidade
de conservação quando o poder público assim o declara, de forma expressa,
com o objetivo de atribuir um regime jurídico mais restritivo e determinado,
podendo ser de proteção integral ou não os seus recursos naturais, conside-
rando também a presença de populações tradicionais no interior desta área
como compatíveis ou não.
O princípio da função social ambiental permite que seja imposto ao
proprietário comportamentos positivos, no exercício do seu direito e autoriza
o poder público a realizar desapropriação em áreas privadas situadas no inte-
rior de unidades de conservação se entender esta como a melhor forma de
preservar o meio ambiente para as presentes e futuras gerações.
– 147 –
Relacionando-se a essa garantia, o Direito Penal tem sido cada vez mais
utilizado no auxílio à luta pela defesa do meio ambiente. O que tem sido
glorificada por alguns, pois entendem que o meio ambiente possui relevân-
cia suficiente para justificar a previsão por crimes ambientais; e criticada por
outros, que se manifestam pela utilização do Direito Penal apenas nos casos
mais graves e nocivos à sociedade (princípio da intervenção mínima).
– 150 –
Você Sabia
Elemento subjetivo: os crimes ambientais podem ser punidos a título
de dolo ou, quando previsto expressamente em lei, de culpa. O crime
doloso configura-se quando o agente quer o resultado ou assume o
risco de produzi-lo (artigo 18, I do Código Penal). O crime culposo
ocorre nos casos em que o agente deu causa ao resultado, por ter
faltado com o dever objetivo de cuidado (o que ocorre quando age
de maneira negligente, imperita ou imprudente), quando lhe era pos-
sível prever que, agindo de tal modo, iria dar causa ao resultado que,
efetivamente, ocasionou (artigo 18, II do Código Penal).
Antes da edição da Lei n° 9.605/1998, basicamente só eram punidos
os crimes ambientais dolosos.86 Atualmente, diversos crimes ambien-
tais foram previstos a título de culpa, valendo citar os tipos penais pre-
vistos nos artigos 38, 40, 41, 49, 54, 56, 62, 67, 68 e 69-A da Lei.
Sujeito ativo: nos termos dos artigos 2º87 e 3º88 da Lei n° 9.605/1998,
pessoas físicas ou jurídicas podem ser sujeito ativo nos crimes ambientais.
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– 153 –
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– 157 –
Saiba mais
Vamos conhecer qual o entendimento sobre a Lei Ambiental por parte do
Superior Tribunal de Justiça, no recurso especial n° 610.114-RN. Quinta
Turma. Relator: Ministro Gilson Dipp. Julgado em 17 de novembro de
2005. In: DJ, de 19 de dezembro de 2005, p. 463, transcrito a seguir:
I. A Lei Ambiental, regulamentando preceito constitucional, passou
a prever, de forma inequívoca, a possibilidade de penalização crimi-
nal das pessoas jurídicas por danos ao meio-ambiente.
[...]
III. A responsabilização penal da pessoa jurídica pela prática de deli-
tos ambientais advém de uma escolha política, como forma não ape-
nas de punição das condutas lesivas ao meio-ambiente, mas como
forma mesmo de prevenção geral e especial.
IV. A imputação penal às pessoas jurídicas encontra barreiras na
suposta incapacidade de praticarem uma ação de relevância penal,
de serem culpáveis e de sofrerem penalidades.
V. Se a pessoa jurídica tem existência própria no ordenamento jurí-
dico e pratica atos no meio social através da atuação de seus adminis-
tradores, poderá vir a praticar condutas típicas e, portanto, ser passível
de responsabilização penal.
VI. A culpabilidade, no conceito moderno, é a responsabilidade
social, e a culpabilidade da pessoa jurídica, neste contexto, limita-se à
vontade do seu administrador ao agir em seu nome e proveito.
[...]
X. Não há ofensa ao princípio constitucional de que “nenhuma pena
passará da pessoa do condenado [...]”, pois é incontroversa a existência
de duas pessoas distintas: uma física — que de qualquer forma contri-
bui para a prática do delito — e uma jurídica, cada qual recebendo a
punição de forma individualizada, decorrente de sua atividade lesiva.
XI. Há legitimidade da pessoa jurídica para figurar no pólo passivo da
relação processual-penal.
– 158 –
– 159 –
– 160 –
Importante
A tabela 1 apresenta o resumo das responsabilidades de crime
ambiental cometido por pessoa jurídica, tanto a responsabilidade em
si, quanto a denuncia quando ajuizada penas contra a pessoa jurídica
como o posicionamento dos tribunais para a situação de paciente
(réu preso ou em situação prisão eminente) em Habeas corpus.
Resumindo
Neste capítulo aprendemos sobre os requisitos legais da Lei de Crimes
Ambientais (LCA nº 9.605/1998), demais leis esparsas e compiladas que
complementam este importante marco legal para o Direito Ambiental bra-
sileiro. O Código Penal previa alguns tipos de crimes considerados ambien-
tais, porém foi contextualizado antes da reforma de 1940 e, naquela época, a
preocupação com o meio ambiente era bem menos significativa que no final
dos anos 90. Atualmente, a legislação ambiental prevê, em diversas leis, cri-
mes ambientais, mas a LCA ainda é a norma que introduziu a possibilidade
de aplicação da pena para pessoa jurídica, bem como o cumprimento desta
medida coercitiva do Estado.
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– 169 –
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