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PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE

Autora: Calani Helena Franz Müller

UNIASSELVI-PÓS
Programa de Pós-Graduação EAD
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
Fone Fax: (047) 3281-9000/3281-9090

Reitor: Prof. Dieter Sergeli Sardeli de Paiva

Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol

Coordenador da Pós-Graduação EAD: Prof. Norberto Siegel

Equipe Multidisciplinar da
Pós-Graduação EAD: Profa. Erika de Paula Alves
Profa. Cláudia Regina Pinto Michelli

Revisão de Conteúdo: Prof. Lírio Ribeiro

Revisão Gramatical: Profa. Janete Bridon Reis



Revisão Pedagógica: Profa. Patrícia Cesário Pereira Offial

Diagramação e Capa: Centro Universitário Leonardo da Vinci

Copyright © UNIASSELVI 2013


Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri
UNIASSELVI – Indaial.

344.046
M958p Muller, Calani Helena Franz
Proteção do Meio Ambiente/ Calani Helena Franz
Muller. Indaial : Uniasselvi, 2013.
166 p. : il

ISBN 978-85-7830-865-0

1. Proteção Ambiental.
I. Centro Universitário Leonardo da Vinci.
Calani Helena Franz Müller

• Possui Graduação em Engenharia Química,


pela UFSC (Universidade Federal de Santa
Catarina), em 1992 – Florianópolis (SC).
• Cursando MBA – Engenharia Sanitária
Ambiental no IPOG (Instituto de Pós-Graduação
& Graduação) – conclusão no inicio de 2014.
• Pós-graduada em Engenharia de Segurança
do Trabalho, pela UNIDAVI (Universidade para o
Desenvolvimento do Alto Vale do Itajaí), em 2006 –
Rio do Sul (SC).
• Pós-graduada em Gestão e Auditoria Ambiental, pela
FUNIBER (Fundação Universitária Iberoamericana),
em 2004 – Florianópolis (SC).
Experiência de 17 anos em Estação de Tratamen-
to de Água de pequeno porte; Em paralelo, atuação no
tratamento de efluentes em fábrica de papelão e de
fécu-la de mandioca.
Projetos para obtenção e/ou renovação de Licen-
ças Ambientais.
Elaboração de LTCAT e PPRA.
Atualmente, atua como professora-tutora do
curso de Tecnologia de Segurança no Trabalho.
Sumário

APRESENTAÇÃO...................................................................... 7

CAPÍTULO 1
Avaliação Ambiental..................................................................... 9

CAPÍTULO 2
A segurança do Trabalho nas Atividades que Envolvem
Resíduos Sólidos . .................................................................... 59

CAPÍTULO 3
Segurança do Trabalho e Saneamento Básico. .......................... 87

CAPÍTULO 4
Programas de Avaliação e Controle Ambiental........................ 127
APRESENTAÇÃO
Caro (a) pós-graduando (a), bem-vindo (a) a disciplina de Proteção ao
Meio Ambiente. Com este estudo você poderá compreender alguns conceitos
relacionados a temática ambiental e conhecer um pouco da legislação aplicada
ao assunto, além de estudar e interpretar o trabalho desenvolvido por pessoas
que labutam em setores responsáveis por solucionar ou minimizar os problemas
ambientais de empresas públicas e privadas e da população em geral.

No decorrer desta disciplina você terá acesso a vários conceitos e poderá


acompanhar alguns exemplos e comentários com o intuito de auxiliá-lo no
estudo e realização dos exercícios. Sugiro que você faça também as leituras
recomendadas com o objetivo de ampliar o conhecimento sobre o assunto.

Assim, na primeira unidade você poderá conhecer algumas definições


técnicas e aspectos legais da área ambiental, como o funcionamento do
CONAMA e a estrutura do SISNAMA com o objetivo de melhorar o entendimento
da legislação ambiental e estabelecer critérios e técnicas para a realização de
avaliação e controle dos diversos poluentes.

Na segunda unidade, será abordado o saneamento básico, em suas diversas


operações, como o abastecimento de água potável, a coleta e tratamento de
esgoto, a limpeza urbana, o manejo de resíduos sólidos urbanos e da água
pluvial. Neste ponto, recomendo atenção especial para a descrição dos riscos
envolvidos nas atividades relacionadas ao saneamento básico e que geralmente
são ignorados pela população.

Da mesma forma, na terceira unidade, em que você estudará os resíduos


sólidos, desde a geração até o destino final adequado, também serão conhecidos
as implicações sobre a saúde do trabalhador em contato com os diversos tipos
de resíduos.

E, por último, a quarta unidade apresenta alguns tipos de planos de


gerenciamento ambiental, dos quais, o Plano de Gerenciamento de Resíduos
Sólidos (PGRS), utilizado para indústrias, pode ser considerado de aplicação
ampla, enquanto outros planos possuem uso específico, como exemplo, o PGRSS
(plano de gerenciamento de resíduos de serviços da saúde).

Aproveite a oportunidade para ampliar seus conhecimentos e seu interesse

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pela problemática ambiental, para a qual você, futuro Engenheiro de Segurança
do Trabalho, poderá apresentar algumas soluções viáveis.

Um grande abraço e excelentes estudos!

A autora.
C APÍTULO 1
Avaliação Ambiental

A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes


objetivos de aprendizagem:

33 Compreender os conceitos básicos relacionados à avaliação ambiental.

33 Conhecer a legislação ambiental.

33 Identificar e avaliar os riscos ambientais inerentes às atividades laborais.

33 Escolher técnicas de avaliação e controle adequadas a cada tipo de poluente.


Capítulo 1 Avaliação Ambiental

Contextualização
A preocupação com a saúde e a segurança do trabalho, no Brasil, é recente,
mas percebe-se que vem aumentando, gradativamente, o interesse pelo assunto.
Com isso, são aprimoradas ou surgem novas leis, normas e regulamentações.
Sabendo que o homem faz parte do ambiente em que vive, torna-se necessária
a preocupação simultânea com a proteção do meio ambiente. Assim, além
das Normas Regulamentadoras do Ministério do Trabalho e Emprego, temos,
também, as Leis Ambientais e diversas resoluções do Conselho Nacional do Meio
Ambiente para auxiliar nas diretrizes do trabalho desenvolvido pelo Engenheiro de
Segurança do Trabalho.

Neste capítulo, estudaremos sobre a Avaliação Ambiental, necessária para


a realização do controle dos riscos ambientais, prevista na legislação. Para esta
leitura, precisamos, inicialmente, entender alguns conceitos relacionados ao tema,
como meio ambiente, diferenças entre poluição e contaminação, dentre outros.

Para o desenvolvimento do trabalho ligado à Engenharia de Segurança do


Trabalho, é necessário o conhecimento da legislação ambiental. Então, você
terá a oportunidade de conhecer duas leis federais, a saber: a Lei de Crimes
Ambientais e a Lei da Política Nacional do Meio Ambiente.

E, finalmente, aprenderemos a interpretar a Norma Regulamentadora (NR-


9), do Ministério do Trabalho e Emprego, que trata do Programa de Prevenção
de Riscos Ambientais. Além disso, acompanharemos alguns critérios e técnicas
utilizadas para a avaliação e controle dos poluentes.

Definições Técnicas

Meio Ambiente

No Brasil, o conceito legal de meio ambiente encontra-se disposto no art.3º,


I, da Lei nº. 6.938/81, que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente.
A lei diz que meio ambiente é “[...] o conjunto de condições, leis, influências e
interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida
em todas as suas formas” (BRASIL, 1981). No entanto, a Resolução CONAMA
nº 306/2002 acrescenta alguns termos na definição anterior: Meio Ambiente é
o conjunto de condições, leis, influência e interações de ordem física, química,
biológica, social, cultural e urbanística, que permite, abriga e rege a vida em
todas as suas formas (BRASIL, 2002). Já, na ISO 14001:2004 (ABNT, 2004, p.
2), encontramos a seguinte definição sobre meio ambiente: “[...] circunvizinhança
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Proteção do Meio Ambiente

em que uma organização opera, incluindo-se ar, água, solo, recursos naturais,
flora, fauna, seres humanos e suas inter-relações”. Ao interpretar essa definição,
podemos concluir que cada organização deve respeitar o meio ambiente,
cumprindo as legislações e as normas pertinentes e, consequentemente, não
causando poluição, pois é responsável pela “circunvizinhança”.

Para uma definição completa de meio ambiente, devemos considerar três


aspectos:

• Meio ambiente natural, ou físico, constituído pelo solo, a água, o ar


atmosférico, a flora; enfim, pela interação dos seres vivos e seu meio, onde
se dá a correlação recíproca entre as espécies e as relações destas com o
ambiente físico que ocupam.

• Meio ambiente artificial, constituído pelo espaço urbano construído.

• Meio Ambiente cultural, integrado pelo patrimônio histórico, artístico,


arqueológico, paisagístico, turístico, que, embora artificial, difere do anterior
pelo sentido de valor especial que adquiriu ou de que se impregnou. (SILVA,
2004, p. 21).

Além desses aspectos, temos, ainda, o Meio ambiente do trabalho, previsto


no art. 200, VIII, da Constituição Federal de 1988, ou seja, “[...] o conjunto de
fatores físicos, climáticos ou qualquer outro que interligados, ou não, estão
presentes e envolvem o local de trabalho da pessoa” (SANTOS, 2007).

A Constituição Federal de 1988, no Art. 225, capítulo VI, diz: “Todos têm
direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do
povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à
coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras
gerações”. (BRASIL, 1988).

Riscos Ambientais

A NR-9 define riscos ambientais como “[...] agentes físicos, químicos e


biológicos existentes nos ambientes de trabalho que, em função de sua natureza,
concentração ou intensidade e tempo de exposição, são capazes de causar danos
à saúde do trabalhador” (BRASIL, 1994). São considerados “agentes físicos”, as
diversas formas de energia a que possam estar expostos os trabalhadores. Ex.:
ruído, vibrações, pressões anormais, temperaturas extremas, radiações ionizantes,
radiações não-ionizantes, bem como o infrassom e o ultrassom. Esses agentes
são responsáveis por várias doenças ocupacionais. Vejamos alguns exemplos:

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Capítulo 1 Avaliação Ambiental

Ruído: existem dois fatores envolvidos na exposição ao ruído: a intensidade


e o tempo de exposição. A exposição ao ruído elevado ou prolongado reduz a
capacidade auditiva do trabalhador, podendo causar a surdez profissional.
O estado emocional do trabalhador exposto é afetado, com consequências
psicossomáticas e aumento dos casos de estresse, influenciando, negativamente,
na produtividade. O ruído também pode distrair o empregado ou mascarar sinais
de alarme sonoro, causando, indiretamente, acidentes de trabalho.

Vibrações: nos ambientes de trabalho são encontradas dois tipos de


vibrações: vibrações localizadas e vibrações de corpo inteiro. (Ex. trabalho com
britadeira, etc.). Essas vibrações podem desencadear distúrbios neurológicos,
vasculares, musculares, e, também, lesões osteoarticulares, afetando,
principalmente, a coluna vertebral.

Radiações ionizantes: são aquelas que incidem sobre os materiais ou as


pessoas expostas, produzindo uma ionização, ou seja, agem sobre as partículas
neutras, subdividindo-as em partículas eletricamente carregadas. Essas radiações
são provenientes de materiais radioativos como o raio gama (g), ou podem ser
produzidas artificialmente em equipamentos, como são os Raios X.

Radiações não-ionizantes: são aquelas de natureza eletromagnética.


A saúde humana pode ser afetada, mas depende de alguns fatores, como: a
duração e a intensidade da exposição, comprimento de onda da radiação e
a região do espectro em que estão situadas. A solda elétrica é um exemplo de
radiação não-ionizante.

Temperaturas extremas (Frio ou Calor): os profissionais que geralmente


estão expostos ao calor excessivo são os cozinheiros, os padeiros, os fundidores
de metais, os mineiros, os fabricantes de vidro, etc. As consequências dessa
exposição estão relacionadas à fraqueza, à incapacidade de concentração, à
ansiedade, à irritabilidade, à depressão, e, em casos mais graves, à desidratação
e a câimbras. Os riscos aumentam com o esforço físico prolongado (aumento da
quantidade de calor produzida pelo corpo) e com a umidade elevada (diminui o
efeito refrescante da sudorese). Os trabalhadores que, em geral, estão expostos ao
frio excessivo, são aqueles que executam tarefas em câmaras frigoríficas, serviços
de refrigeração e, também, em trabalhos a céu aberto em regiões de clima frio.
Em torno de -1°C pode ocorrer necrose dos tecidos, sendo o primeiro sinal dessa
lesão caracterizado por uma sensação aguda de adormecimento e de anestesia
dos tecidos atingidos. A necrose superficial pode evoluir até o congelamento dos
tecidos mais profundos, causando isquemia, trombose e gangrena.

Pressões anormais: trabalhos realizados nessas condições, muitas vezes,


estão relacionados a atividades ou a operações com ar comprimido e a trabalhos

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Proteção do Meio Ambiente

submersos. Ex.: mergulho para manutenção de plataformas de petróleo e


trabalhos em grandes altitudes. A alteração apresentada no organismo é a falta
de oxigenação que afeta diretamente o cérebro e apresenta alguns sintomas,
a saber: irritabilidade, alterações do sono, diminuição da capacidade motora e
sensitiva, fadiga muscular e, também, edema cerebral e de pulmão.

Umidade: as operações ou atividades executadas em locais com umidade


excessiva são aquelas desempenhadas em lugares alagados ou encharcados.
Ex.: lavação de carros. Essas atividades são capazes de produzir danos à saúde
dos trabalhadores.

As substâncias, os compostos ou, ainda, qualquer produto que tenha


a possibilidade de penetrar no organismo do trabalhador por meio das vias
respiratórias (ex.: poeiras, fumos, névoas, neblinas, gases e vapores), ou através
do contato, seja absorvido pela pele, seja ingerido, são considerados “agentes
químicos”. Esses agentes podem ser encontrados em estado líquido, sólido ou
gasoso.

O trabalhador poderá estar em contato com “riscos biológicos” quando


exposto a vírus, a fungos, a bactérias, a parasitas e a bacilos, os quais são micro-
organismos que podem causar doenças, tais quais: malária, febre amarela e
tuberculose. Podemos citar, também, alguns profissionais que geralmente estão
expostos a riscos biológicos: funcionários de hospitais, consultórios dentários,
sanatórios, laboratórios de análises biológicas, curtumes, estações de tratamento
de esgoto, etc.

A classificação dos riscos ambientais também é dada pela Portaria Nº. 25


de 29 de Dezembro de 1994 (BRASIL, 1994), por meio da sua Tabela I. Esses
riscos foram divididos em 5 grupos distintos com cores padronizadas, no intuito
de facilitar a visualização e a identificação pelo trabalhador, sendo eles: Riscos
Físicos (verde), Riscos Químicos (vermelho), Riscos Biológicos (marrom), Riscos
Ergonômicos (amarelo) e Riscos de Acidentes (azul). Assim, conforme essa
portaria, há a inclusão de riscos ergonômicos e de acidentes.

Os “riscos ergonômicos” podem ser diagnosticados em diversas atividades


profissionais, estando diretamente relacionados a fatores psicológicos e
fisiológicos que podem comprometer a saúde, a segurança e a produtividade
dos trabalhadores, causando alterações físicas e emocionais. Esses riscos estão
relacionados a movimentos repetitivos, ao levantamento e transporte manual de
pesos, ao trabalho em pé, à postura inadequada, à iluminação inadequada, ao
desconforto térmico e acústico, ao mobiliário inadequado, dentre outros.

Quando a rotina normal de trabalho é alterada por algum comportamento

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Capítulo 1 Avaliação Ambiental

do trabalhador ou por alguma circunstância, podendo causar acidente, temos


a existência de “riscos de acidentes” que podem ser diagnosticados, por
exemplo, quando temos máquinas desprotegidas, ferramentas ou procedimentos
inadequados e materiais perfuro-cortantes manipulados de forma incorreta.

Os cinco grupos de riscos, separados por cores, estão apresentados no


quadro 1 a seguir:

Quadro 1 - Classificação dos principais riscos ocupacionais em grupos de


acordo com a sua natureza e a padronização das cores correspondentes

GRUPO 1 GRUPO 2 GRUPO 3 GRUPO 4 GRUPO 5


VERDE VERMELHO MARROM AMARELO AZUL
Riscos Riscos Riscos Riscos Riscos de
Físicos Químicos Biológicos Ergonômicos Acidentes
Ruídos Poeiras Vírus Esforço físico Arranjo físico
intenso inadequado
Vibrações Fumos Bactérias Levantamento e Máquinas e
transporte manual equipamentos
de peso sem proteção
Radiações Névoas Protozoários Exigência de Ferramentas
ionizantes postura inadequadas ou
inadequada defeituosas
Radiações Neblina Fungos Controle rígido de Iluminação
não ionizantes produtividade inadequada
Frio Gases Parasitas Imposição de Eletricidade
ritmos excessivos
Calor Vapores Bacilos Trabalho em turno Probabilidade de
e noturno incêndio e explosão
Pressões Substâncias, Jornadas de Armazenamento
anormais compostas ou trabalho inadequado
produtos prolongadas
químicos em
geral
Umidade Monotonia e Animais peçonhentos
repetitividade
Outras situações Outras situações de
causadoras de stress risco que poderão
físico e/ou psíquico contribuir para ocorrência
de acidentes
Fonte: Brasil (1994).

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Proteção do Meio Ambiente

Os riscos ambientais podem estar presentes nos locais de


Os riscos
trabalho, podendo causar danos à saúde do trabalhador. A importância
ambientais podem
estar presentes nos deles, no entanto, é definida em função de sua natureza, concentração
locais de trabalho, ou intensidade e tempo de exposição.
podendo causar
danos à saúde
do trabalhador. A Poluição
importância deles,
no entanto, é A poluição ambiental pode ser definida como o lançamento ou a
definida em função
presença nas águas, no ar e/ou no solo, de matéria ou energia que
de sua natureza,
concentração ou podem danificar os usos, previamente definidos, desses recursos
intensidade e tempo naturais (NEFUSSI, 1976). Outra definição possível é: Poluição é uma
de exposição. alteração indesejável nas características físicas, químicas ou biológicas
da atmosfera, litosfera ou hidrosfera que cause ou possa causar
prejuízo à saúde, à sobrevivência ou às atividades dos seres humanos
e outras espécies (BRAGA et al., 2002).

De acordo com a Lei da Política Nacional do Meio Ambiente, POLUIÇÃO é


definida como “[...] degradação da qualidade ambiental resultante de atividades
que direta ou indiretamente:

a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população;

b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas;

c) afetem desfavoravelmente a biota;

d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente;

e) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais


estabelecidos.” (BRASIL, 1981).

A mesma Lei apresenta, ainda, que “POLUIDOR” é a pessoa física ou


jurídica, de direito público ou privado, responsável, direta ou indiretamente, por
atividade causadora de degradação ambiental.

Estas são algumas formas de poluição:

Quadro 2 – Algumas formas de poluição

Atmosférica Destrói a camada de ozônio e provoca chuva ácida.


Hídrica Polui rios e mares, atingindo inclusive as fontes subterrâneas.
Danifica a composição natural do solo e pode atingir/danificar a flora e a
Do solo
fauna.

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Capítulo 1 Avaliação Ambiental

Sonora Provoca problemas auditivos, stress, fadiga nos seres humanos.


Ocupa todos os espaços vazios em áreas urbanas, principalmente com
Visual propagandas diversas, podendo inclusive causar acidentes por desviar a
atenção dos motoristas.
Atinge os seres vivos em geral, por meio do uso de iluminação artificial
Luminosa incorreta, causando problemas de saúde nas pessoas e, também, distúr-
bios de crescimento e florescimento em plantas.
Provoca interferências nos rádios e aparelhos elétricos, dentre outras.
Eletromagnética
Essa poluição é considerada perigosa por não ser visível.

Fonte: Elaborado pela autora.

São consideradas fontes geradoras de poluição:

• Atividade doméstica: resíduos, esgotos e águas residuárias.

• Atividade industrial: resíduos, efluentes, material particulado e gases.

• Estocagem subterrânea de combustíveis: postos de gasolina.

• Sistemas de saneamento in situ: fossas comuns e sépticas.

• Cemitérios: necro chorume e resíduos.

• Atividade agropecuária: fertilizantes, agrotóxicos, esgoto e esterco de


animais.

A POLUIÇÃO DO AR pode ser diagnosticada quando encontramos a


presença de substâncias em concentrações capazes de interferir na saúde, na
segurança e no bem-estar dos seres humanos, na fauna, na flora e nos materiais,
por meio da alteração das características físicas, químicas e biológicas da
atmosfera.

Os compostos a seguir são responsáveis por 90% do problema de


contaminação atmosférica:

• monóxido de carbono (CO);

• óxidos de nitrogênio (Nox);

• hidrocarbonetos (HC);

• oxidantes fotoquímicos, como o Ozônio (O 3 );

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Proteção do Meio Ambiente

• óxidos de enxofre (Sox);

• particulados.

A POLUIÇÃO DA ÁGUA pode ser assim classificada:

• poluição térmica: descarga de efluentes a altas temperaturas;

• poluição física: descarga de material em suspensão;

• poluição biológica: descarga de bactérias patogênicas e vírus;

• poluição química: pode ocorrer por deficiência de oxigênio, toxidez e


eutrofização.

A POLUIÇÃO DO SOLO ocorre, principalmente, pelo uso indiscriminado de


produtos químicos na agricultura, também chamados de defensivos agrícolas ou
agrotóxicos. Além de contaminar os animais, afetando toda a cadeia alimentar,
também modifica a composição do solo. Contudo, além dos agrotóxicos, temos
outros causadores de poluição:

a) Aterros sanitários e industriais: os resíduos sólidos coletados nas cidades,


bem como os resíduos provenientes de indústrias, são enviados para os
aterros, onde a matéria orgânica sofre decomposição e gera o “chorume”,
que é um líquido. Os aterros são protegidos por argila compactada e forração
plástica. A contaminação do solo ocorre quando há vazamento desse líquido
ou quando os compostos considerados “perigosos” atingem camadas mais
profundas, chegando ao lençol freático.

b) Lixo radioativo: é produzido pelas usinas nucleares e causa grandes danos


quando há problemas no processo ou descarte inadequado, ao exemplo
do descarte da cápsula contendo césio 137 na cidade de Goiânia, o qual
contaminou o solo e milhares de pessoas. Essa cápsula, contendo apenas
19,26g de cloreto de césio-137 (CsCl) - um pó branco semelhante ao sal de
cozinha, o qual, no escuro, possui um brilho com coloração azul -, foi responsável
pela geração de aproximadamente 6000 toneladas de lixo (roupas, utensílios,
materiais de construção etc.). Esse lixo radioativo está confinado em 1.200
caixas, 2.900 tambores e 14 contêineres (revestidos com concreto e aço)
localizados em um depósito construído na cidade de Abadia de Goiás, onde deve
ficar armazenado por aproximadamente 180 anos.

As principais consequências da poluição são:

• prejuízo à saúde humana (transmissão de doenças);

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Capítulo 1 Avaliação Ambiental

• danos à flora e à fauna;

• prejuízos materiais;

• prejuízos às atividades econômicas e culturais;

• desfiguração da paisagem;

• desvalorização de áreas.

Para complementar o estudo sobre poluição da água e os


diversos contaminantes conhecidos, recomendo a leitura de um texto
de autoria da Dr.a Sônia Lucia Modesto Zampieron e do biólogo João
Luís de Abreu, disponível em http://educar.sc.usp.br/biologia/textos/
m_a_txt5.html.

Contaminação

A contaminação ocorre quando a concentração de determinadas substâncias


resulta em desvio da composição normal do ambiente, atingindo níveis mais
elevados que os normais (naturais), entretanto sem ainda causar algum
efeito danoso à fauna, à flora e ao homem. Assim, se essas substâncias não
alterarem as relações ecológicas existentes ao longo do tempo, a contaminação
não é considerada uma forma de poluição. Contaminante também pode ser
definido como um produto encontrado em um determinado meio, em níveis de
concentração abaixo do tolerável em relação a critérios adotados. Como principais
contaminantes da água, podemos citar:

• elementos que contenham CO2 em excesso (como fumaça industrial, por


exemplo);

• contaminação térmica;

• substâncias tóxicas;

• agentes tensoativos;

• compostos orgânicos biodegradáveis;

• agentes patogênicos;

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Proteção do Meio Ambiente

• partículas sólidas;

• nutrientes em excessos (eutrofização);

• substâncias radioativas.

Contaminação do solo

As grandes áreas de solos contaminados é consequência de muito lixo


doméstico descartado de forma inadequada, além de inúmeros produtos químicos
presentes nos resíduos provenientes das indústrias e de estabelecimentos de
saúde. Após a confirmação das áreas contaminadas, torna-se inviável a ocupação
para agricultura e também para moradias.

Consequências da contaminação do solo:

Resíduos industriais – são formados por diversos produtos químicos, metais


pesados e combustíveis que são lançados ou descartados inadequadamente
no solo, causando contaminação e podendo provocar doenças nas pessoas.
A remediação das áreas contaminadas é um processo lento e envolve grande
recurso financeiro. A contaminação da água subterrânea também ocorre como
consequência da contaminação do solo.
Embora se imagine
que a poluição Lixão – são áreas irregulares que recebem resíduos domésticos
seja sinônimo de compostos por vários poluentes. A decomposição desses resíduos,
atividade comercial constituídos, principalmente, de material orgânico, gera grande
e industrial, ela está quantidade de gases inflamáveis presos no solo e que podem
presente, também,
apresentar riscos de explosão.
nas atividades
domésticas. Assim,
é nossa função, Lixo eletrônico – causa contaminação química do solo. Ex.:
como estudantes descarte inadequado de televisores, impressoras, monitores, celulares,
da proteção do baterias, etc.
meio ambiente,
conscientizar outras Embora se imagine que a poluição seja sinônimo de atividade
pessoas sobre as
comercial e industrial, ela está presente, também, nas atividades
formas de diminuir
a poluição do domésticas. Assim, é nossa função, como estudantes da proteção
meio ambiente. do meio ambiente, conscientizar outras pessoas sobre as formas de
diminuir a poluição do meio ambiente.

Aspectos Legais
O SISNAMA
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Capítulo 1 Avaliação Ambiental

O Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA), criado por meio da Lei


nº 6.938/81, regulamentada pelo Decreto 99.274/90, é constituído por órgãos
e entidades da União, dos Estados, do Distrito Federal, e dos municípios, bem
como as fundações instituídas pelo Poder Público, responsáveis pela proteção e
melhoria da qualidade ambiental.

Estrutura do SISNAMA:

O Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA) é formado por vários


órgãos, quais sejam:

• Órgão superior – Conselho do Governo: Tem por finalidade


auxiliar a Presidência da República na elaboração da Política
Nacional do Meio Ambiente.

• Órgão Consultivo e Deliberativo - CONAMA: Tem por finalidade


o estudo para propor diretrizes e políticas governamentais
ambientais e também a deliberação sobre normas, critérios e
padrões de controles ambientais.

• Órgão Central - Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos


Hídricos e da Amazônia Legal: tem por finalidade implementar
os acordos internacionais relacionados ao meio ambiente
e coordenar, supervisionar e planejar as ações relativas à
Política Nacional do Meio Ambiente.

• Órgão Executor – IBAMA: tem por finalidade executar a Política


Nacional do Meio Ambiente e também realizar as fiscalizações
pertinentes.

• Órgãos Seccionais - Secretarias Estaduais do Meio Ambiente


e Entidades Supervisionadas: Têm por finalidade fiscalizar as
atividades potencialmente poluidoras e executar programas e
projetos de controle. A Fundação do Meio Ambiente (FATMA) é
um exemplo de entidade de supervisão e fiscalização.

• Órgãos locais - Entidades ou órgãos municipais: têm por


finalidade avaliar e estabelecer normas e padrões relativos ao
controle e à manutenção da qualidade Ambiental, incentivando
o uso racional dos recursos naturais.

O CONAMA

O Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) foi criado pela Lei nº


6.938, de 31 de agosto de 1981. Essa Lei, regulamentada pelo Decreto nº 99.274,
de 6 de junho de 1990, instituiu a Política Nacional de Meio Ambiente e disciplinou
as competências do Conselho.

21
Proteção do Meio Ambiente

Responsabilidades e Competências

O CONAMA tem por finalidade estudar, assessorar e também propor


diretrizes e políticas governamentais para o Conselho de Governo e para os
órgãos ambientais, além de deliberar sobre normas e padrões relacionados à
manutenção de um ambiente ecologicamente equilibrado, consequentemente
favorecendo a qualidade de vida.

Conforme o art. 7º, do Decreto nº 99.274/1990, posteriormente


alterado e/ou complementado pelos Decretos nº 3.942/2001 e
6.792/2009, as competências do CONAMA são:

I - estabelecer, mediante proposta do IBAMA, normas e critérios


para o licenciamento de atividades efetiva ou potencialmente
poluidoras, a ser concedido pela União, Estados, Distrito Federal
e Municípios e supervisionada pelo referido Instituto;

II - determinar, quando julgar necessário, a realização de estudos


das alternativas e das possíveis consequências ambientais de
projetos públicos ou privados, requisitando aos órgãos federais,
estaduais e municipais, bem assim a entidades privadas, as
informações indispensáveis para apreciação dos estudos de
impacto ambiental, e respectivos relatórios, no caso de obras ou
atividades de significativa degradação ambiental, especialmente
nas áreas consideradas patrimônio nacional;

III - decidir, por meio da Câmara Especial Recursal, como última


instância administrativa, os recursos contra as multas e outras
penalidades impostas pelo IBAMA;

IV - determinar, mediante representação do IBAMA, a perda ou


restrição de benefícios fiscais concedidos pelo Poder Público,
em caráter geral ou condicional, e a perda ou suspensão de
participação em linhas de financiamento em estabelecimentos
oficiais de crédito;

V - estabelecer, privativamente, normas e padrões nacionais


de controle da poluição causada por veículos automotores,
aeronaves e embarcações, mediante audiência dos Ministérios
competentes;

VI - estabelecer normas, critérios e padrões relativos ao controle e à


manutenção da qualidade do meio ambiente com vistas ao uso
racional dos recursos ambientais, principalmente os hídricos;
22
Capítulo 1 Avaliação Ambiental

VII - assessorar, estudar e propor ao Conselho de Governo


diretrizes de políticas governamentais para o meio ambiente e
os recursos naturais;

VIII - deliberar, no âmbito de sua competência, sobre normas e


padrões compatíveis com o meio ambiente ecologicamente
equilibrado e essencial à sadia qualidade de vida;

IX - estabelecer os critérios técnicos para declaração de áreas


críticas, saturadas ou em vias de saturação;

X - acompanhar a implementação do Sistema Nacional de Unidades


de Conservação da Natureza-SNUC;

XI - propor sistemática de monitoramento, avaliação e cumprimento


das normas ambientais;

XII - incentivar a instituição e o fortalecimento institucional dos


Conselhos Estaduais e Municipais de Meio Ambiente, de gestão
de recursos ambientais e dos Comitês de Bacia Hidrográfica;

XIII - avaliar a implementação e a execução da política ambiental do


País;

XIV - recomendar ao órgão ambiental competente a elaboração do


Relatório de Qualidade Ambiental, previsto no art. 9O inciso X
da Lei no 6.938, de 31 de agosto de 1981;

XV - estabelecer sistema de divulgação de seus trabalhos;

XV - promover a integração dos órgãos colegiados de meio ambiente;

XVII - elaborar, aprovar e acompanhar a implementação da Agenda


Nacional de Meio Ambiente, a ser proposta aos órgãos e às
entidades do SISNAMA, sob a forma de recomendação;

XVIII - deliberar, sob a forma de resoluções, proposições,


recomendações e moções, visando o cumprimento dos
objetivos da Política Nacional de Meio Ambiente;

XIX - elaborar o seu regimento interno.

Fonte: BRASIL (2012).

23
Proteção do Meio Ambiente

Composição e Funcionamento

O CONAMA é composto pela indicação das forças vivas da Federação


Brasileira, em que todos os Estados e o Distrito Federal estão presentes,
membros eleitos e designados pelas entidades mais representativas dos setores
econômicos, industriais e agrícolas, e, também, pela sociedade civil que participa
por intermédio das entidades ambientalistas da República, além do Governo
Federal por intermédio dos seus principais Ministérios.

Conforme o decreto 99.274, de 6 de junho de 1990, que regulamentou a Lei


6.938, de 31 de agosto de 1981, o CONAMA é formado por 106 conselheiros com
direito a voto e três conselheiros sem direito a voto, quais sejam:

Conselheiros com direito a voto:

• o Ministro do Meio Ambiente e o Secretário-Executivo do Ministério do Meio


Ambiente;

• um representante de cada um dos Ministérios, das secretarias da Presidência


da República e dos Comandos Militares do Ministério da Defesa, do IBAMA e
da Agência Nacional de Águas (ANA), indicados pelos respectivos titulares –
atualmente são 39 Conselheiros;

• um representante de cada um dos Governos Estaduais e também do Distrito


Federal, indicados pelos respectivos governadores – atualmente são 27
Conselheiros;

• oito representantes de Governos Municipais;

• 22 representantes da sociedade civil (sindicatos de trabalhadores, ONGs,


etc.);

• oito representantes de entidades empresariais;

• um membro honorário indicado pelo Plenário.

Conselheiros sem direito a voto:

• um representante do Ministério Público Federal;

• um representante dos Ministérios Públicos Estaduais, indicado pelo Conselho


Nacional dos Procuradores Gerais de Justiça;

24
Capítulo 1 Avaliação Ambiental

• um representante da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento


Sustentável da Câmara dos Deputados.

As instâncias do Conselho são:

• o Plenário;

• o Comitê de Integração de Políticas Ambientais (CIPAM);

• as Câmaras Técnicas;

• os Grupos de Trabalho;

• os Grupos Assessores.

Essas instâncias analisam e debatem as matérias em tramitação, sempre


buscando o consenso no âmbito de suas competências. As reuniões são públicas
e abertas a todos os interessados.

O Plenário reúne-se no mínimo a cada três (3) meses para deliberar sobre
propostas de resolução anteriormente encaminhadas pelas Câmaras Técnicas.
Após a aprovação, essas Resoluções são publicadas no Diário Oficial da União e
os demais atos deste Conselho (CONAMA) são publicados no Boletim de Serviço
do Ministério do Meio Ambiente. Essa é a instância máxima do CONAMA.

O Comitê de Integração de Políticas Ambientais (CIPAM) é a instância de


planejamento e integração técnica e política. É responsável pela admissibilidade
e pertinência das matérias que entram no CONAMA, procedendo da avaliação
sistemática e do planejamento em curto, médio e longo prazo das atividades.
E, ainda, promove a integração dos temas discutidos pelo Conselho. O CIPAM
é constituído por 10 conselheiros, sendo dois de cada um dos segmentos que
integram o CONAMA; e possui um presidente, necessariamente do MMA.

Cada Câmara Técnica é composta por 10 membros com mandato de dois


(2) anos. Estes são responsáveis pela elaboração das propostas de diretrizes
e, também, pelas normas técnicas e pelos padrões ambientais que garantem
a proteção, o controle ambiental e o uso sustentável dos recursos naturais. As
propostas são encaminhadas para a Câmara Técnica de Assuntos Jurídicos
para verificação da legalidade e constitucionalidade, sendo, posteriormente,
encaminhadas ao Plenário. Alguns exemplos de Câmaras Técnicas: Controle
Ambiental, Biodiversidade, Qualidade Ambiental e Gestão de Resíduos, Educação
Ambiental e Desenvolvimento Sustentável.

Os Grupos de Trabalho (GTs) são instâncias de caráter consultivo criadas

25
Proteção do Meio Ambiente

para assessorar e aprimorar discussões técnicas de matérias. Cada Grupo de


Trabalho é composto, no mínimo, por 10 membros, sendo duas vagas para cada
um dos segmentos que integram o CONAMA. O mandato de um GT é
A Lei nº 6.938, de até um ano, podendo ser prorrogado se houver interesse da Câmara
de 31 de agosto Técnica que o criou. Os GTs reúnem-se sempre em seção pública, e,
de 1981, ao final dos trabalhos, o coordenador encaminha à CT de origem o
regulamentada pelo relatório com possíveis dissensos surgidos durante a discussão.
Decreto nº 99.274,
de 6 de junho de Os Grupos assessores (GAs) são instâncias temporárias
1990, instituiu a instituídas pelo Plenário do CONAMA e se extinguem depois da
Política Nacional
conclusão dos trabalhos. Os GAs são responsáveis pela preparação
de Meio Ambiente
de pareceres, relatórios e estudos específicos solicitados pelo Plenário.
e criou o SISNAMA
e o CONAMA,
disciplinando as A Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, regulamentada pelo
competências do Decreto nº 99.274, de 6 de junho de 1990, instituiu a Política Nacional
Conselho. de Meio Ambiente e criou o SISNAMA e o CONAMA, disciplinando as
competências do Conselho.

Para saber mais sobre o CONAMA e participar das discussões


consulte o site www.mma.gov.br/conama.

ANVISA

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) foi criada pela Lei nº


9.782, de 26 de janeiro de 1999, com o objetivo de proteger a saúde do cidadão,
por meio do controle sanitário da produção e da comercialização de produtos e
serviços submetidos à vigilância sanitária, além de exercer controle de portos,
aeroportos e fronteiras e intermediar as negociações do Ministério das Relações
Exteriores com instituições estrangeiras na área de vigilância sanitária. (ANVISA,
2010). A ANVISA é uma autarquia vinculada ao Ministério da Saúde e integra o
Sistema Único de Saúde (SUS), com independência administrativa, estabilidade
de seus dirigentes durante o tempo de mandato e autonomia financeira.

Além da atribuição regulatória, a ANVISA também é responsável pela


coordenação do Sistema Nacional de Vigilância Sanitária (SNVS), de forma integrada
com outros órgãos públicos relacionados direta ou indiretamente ao setor da saúde.

Uma Diretoria Colegiada, composta por cinco membros é responsável pela


gestão da ANVISA. A sociedade pode opinar sobre assuntos importantes na área
da saúde por intermédio de:

26
Capítulo 1 Avaliação Ambiental

• Agenda regulatória.

• Audiências Públicas.

• Câmara Setorial.

• Câmaras Técnicas.

• Conselho Consultivo.

• Consultas Públicas.

• Ouvidoria.

• Visa Mobiliza.

Lei de Crimes Ambientais

A Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, também conhecida por LEI DE


CRIMES AMBIENTAIS ou LEI DA NATUREZA, dispõe sobre as sanções penais
e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente,
e dá outras providências. A Lei de Crimes Ambientais reordenou a legislação
ambiental brasileira em relação às infrações e às punições, pois ela declara que a
responsabilidade das pessoas jurídicas não exclui a das pessoas físicas, autoras,
coautoras ou partícipes da infração.

Tipos de Crimes Ambientais

De acordo com a Lei de Crimes Ambientais, eles são classificados em seis


tipos diferentes:

• Crimes contra a fauna: agressões cometidas contra animais silvestres, nativos


ou em rota migratória.

• Crimes contra a flora: destruir ou danificar floresta de preservação permanente


mesmo que em formação, ou utilizá-la em desacordo com as normas de
proteção.

• Poluição e outros crimes ambientais: a poluição que provoque ou possa


provocar danos à saúde humana, mortandade de animais e destruição
significativa da flora.

• Crimes contra o ordenamento urbano e o patrimônio cultural: construção

27
Proteção do Meio Ambiente

em áreas de preservação ou no seu entorno, sem autorização ou em


A Lei de Crimes
desacordo com a autorização concedida.
Ambientais ou
Lei da Natureza
declara que a • Crimes contra a administração ambiental: afirmação falsa ou
responsabilidade enganosa, sonegação ou omissão de informações e dados técnico-
das pessoas científicos em processos de licenciamento ou autorização ambiental.
jurídicas não exclui
a das pessoas • Infrações administrativas: ações ou omissão que viole regras
físicas, autoras,
jurídicas de uso, gozo, promoção, proteção e recuperação do meio
coautoras ou
partícipes da ambiente.
infração. Assim,
lembre que você, A Lei de Crimes Ambientais ou Lei da Natureza declara que a
profissional, poderá responsabilidade das pessoas jurídicas não exclui a das pessoas
ser considerado co- físicas, autoras, coautoras ou partícipes da infração. Assim, lembre que
responsável pelos você, profissional, poderá ser considerado co-responsável pelos crimes
crimes ambientais
ambientais cometidos pela empresa em que você trabalha.
cometidos pela
empresa em que
você trabalha.
Política Nacional de Meio Ambiente

Depois da Constituição Federal de 1988, o marco legal das políticas públicas


brasileiras relacionadas ao meio ambiente foi estabelecido pela Lei nº 6.938, de
31 de agosto de 1981, e pelo Decreto 99.274, de 6 de junho de 1990, quando
criaram a Política Nacional de Meio Ambiente (PNMA). Assim, a partir dessa
data, todos os entes federativos estão integrados e precisam seguir os objetivos
e as diretrizes relacionadas ao meio ambiente, estabelecidos pela União. Essa
integração está representada por meio da criação do Sistema Nacional do Meio
Ambiente, composto pelos três níveis da federação.

Segundo Sirvinskas (2005), a lei em questão definiu conceitos básicos como


o de meio ambiente, de degradação e de poluição e determinou os objetivos,
diretrizes e instrumentos, além de ter adotado a teoria da responsabilidade. De
acordo com Carneiro (2003), a política ambiental é a organização da gestão
estatal no que diz respeito ao controle dos recursos ambientais e à determinação
de instrumentos econômicos capazes de incentivar as ações produtivas
ambientalmente corretas.

Lustosa, Canépa e Young (2003, p. 135) afirmam o seguinte sobre a Política


Nacional do Meio Ambiente: “O conjunto de metas e mecanismos que visam
reduzir os impactos negativos da ação antrópica são aqueles resultantes da ação
humana sobre o meio ambiente”. Como toda política, há justificativa para sua
existência, fundamentação teórica, metas e instrumentos, e prevê penalidades
para aqueles que não cumprem as normas estabelecidas. Interfere nas atividades
dos agentes econômicos e, portanto, a maneira pela qual é estabelecida

28
Capítulo 1 Avaliação Ambiental

influencia as demais políticas públicas, inclusive as políticas industriais e de


comércio exterior.

Essa Lei apresenta os objetivos, instrumentos e diretrizes da PNMA, além


de criar e estabelecer a estrutura básica do Sistema Nacional do Meio Ambiente
(SISNAMA) e do Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA).

Objetivo da Política Nacional do Meio Ambiente

Sirvinskas (2005, p. 93-95) afirma que a Política Nacional do Meio


Ambiente tem como objetivo tornar efetivo o direito de todos ao meio ambiente
ecologicamente equilibrado, princípio matriz contido no caput do art. 225
da Constituição Federal. Por “meio ambiente ecologicamente equilibrado”
entende-se a qualidade ambiental propícia à vida das presentes e das futuras
gerações.

No entendimento de Oliveira (2005, p. 307), o objetivo da Política Nacional do


Meio Ambiente é viabilizar a compatibilização do desenvolvimento socioeconômico
com a utilização racional dos recursos ambientais, fazendo com que a exploração
do meio ambiente ocorra em condições propícias à vida e à qualidade de vida. Na
verdade, a Política Nacional do Meio Ambiente possui objetivo geral e objetivos
específicos, estando o primeiro previsto no caput do art. 2º da Lei nº 6.938/81:

A Política Nacional do Meio Ambiente tem por objetivo a preservação, melhoria


e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar, no país,
condições ao desenvolvimento socioeconômico, aos interesses da segurança
nacional e à proteção da dignidade da vida humana.

Os objetivos específicos da Política Nacional do Meio Ambiente estão


elencados no art. 4º da Lei 6.938/81, quando informa que a política visará:

I - à compatibilização do desenvolvimento econômico-social com a preservação


da qualidade do meio ambiente e do equilíbrio ecológico;

II - à definição de áreas prioritárias de ação governamental relativa à qualidade e


ao equilíbrio ecológico, atendendo aos interesses da União, dos Estados, do
Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios;

III - ao estabelecimento de critérios e padrões de qualidade ambiental e de


normas relativas ao uso e manejo de recursos ambientais;

IV - ao desenvolvimento de pesquisas e de tecnológicas nacionais orientadas


para o uso racional de recursos ambientais;
29
Proteção do Meio Ambiente

V - à difusão de tecnologias de manejo do meio ambiente, à divulgação de


dados e informações ambientais e à formação de uma consciência pública
sobre a necessidade de preservação da qualidade ambiental e do equilíbrio
ecológico;

VI - à preservação e à restauração dos recursos ambientais com vistas à utilização


racional e disponibilidade permanente, concorrendo para a manutenção do
equilíbrio ecológico propício à vida;

VII - à imposição, ao poluidor e ao predador, da obrigação de recuperar e/ou


indenizar os danos causados, e ao usuário da contribuição pela utilização de
recursos ambientais com fins econômicos.

Princípios da Política Nacional do Meio Ambiente

O art. 2º da Lei nº 6.938/81 apresenta os princípios norteadores:

I - ação governamental na manutenção do equilíbrio ecológico, considerando


o meio ambiente como um patrimônio público a ser necessariamente
assegurado e protegido, tendo em vista o uso coletivo;

II - racionalização do uso do solo, do subsolo, da água e do ar;

III - planejamento e fiscalização do uso dos recursos ambientais;

IV - proteção dos ecossistemas, com a preservação das áreas representativas;

V - controle e zoneamento das atividades potencial ou efetivamente poluidoras;

VI - incentivo ao estudo e à pesquisa de tecnologias orientadas para o uso


racional e a proteção dos recursos ambientais;

VII - acompanhamento do estado de qualidade ambiental;

VIII - recuperação de áreas degradadas;

IX - proteção de áreas ameaçadas de degradação;

X - educação ambiental a todos os níveis de ensino, inclusive a educação da


comunidade, objetivando capacitá-la para participação ativa na defesa do
meio ambiente.

Instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente

30
Capítulo 1 Avaliação Ambiental

São os mecanismos utilizados pelos órgãos da Administração Pública para


atingir os objetivos elencados na Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA).

De acordo com Antunes (2000), os instrumentos da Política Nacional do


Meio Ambiente encontram fundamento constitucional no art. 225 da Constituição
Federal, especialmente no § 1º e seus incisos.

O Art. 9º da Lei n° 6.938/81 apresenta os instrumentos da Política Nacional


do Meio Ambiente:

I - o estabelecimento de padrões de qualidade ambiental;

II - o zoneamento ambiental;

III - a avaliação de impactos ambientais;

IV - o licenciamento e a revisão de atividades efetiva ou potencialmente


poluidoras;

V - os incentivos à produção e instalação de equipamentos e a criação ou


absorção de tecnologia, voltados para a melhoria da qualidade ambiental;

VI - a criação de espaços territoriais especialmente protegidos pelo Poder Público


Federal, Estadual e Municipal, tais como áreas de proteção ambiental, de
relevante interesse ecológico e reservas extrativistas;

VII - o sistema nacional de informações sobre o meio ambiente;

VIII - o Cadastro Técnico Federal de Atividades e Instrumento de Defesa


Ambiental;

IX - as penalidades disciplinares ou compensatórias não cumprimento das medidas


necessárias à preservação ou correção da degradação ambiental;

X - a instituição do Relatório de Qualidade do Meio Ambiente, a ser divulgado


anualmente pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais
Renováveis - IBAMA;

XI - a garantia da prestação de informações relativas ao Meio Ambiente,


obrigando-se o Poder Público a produzi-las, quando inexistentes;

XII - o Cadastro Técnico Federal de atividades potencialmente poluidoras e/ou


utilizadoras dos recursos ambientais.

31
Proteção do Meio Ambiente

A legislação ambiental estabelece os padrões de qualidade em relação


aos níveis permitidos de poluição no ar, na água, no solo e também dos ruídos.
Segundo Machado (2001), os padrões de qualidade ambiental fornecem os
valores máximos de lançamento de poluentes permitidos.

A avaliação de impacto ambiental é formada por um conjunto de procedimentos


técnicos e administrativos com o objetivo de realizar uma análise sistemática dos
impactos ambientais relacionados à instalação e à operação de uma atividade.
Essa avaliação faz parte do licenciamento ambiental de empreendimentos. Oliveira
(2005) destaca que é, por meio da avaliação, que os impactos ambientais de uma
determinada atividade são levantados, de maneira a se apontar a viabilidade
ambiental da atividade ou não, visando a aumentar os impactos positivos e a
diminuir os impactos negativos.

Para Silva (2004, p. 216-217), esses instrumentos estão alocados em três


grupos distintos:

• instrumentos de intervenção ambiental: são os mecanismos condicionadores


das condutas e atividades relacionadas ao meio ambiente (incisos I, II, III, IV e
VI do art. 9º da citada Lei).

• Instrumentos de controle ambiental: são as medidas tomadas pelo Poder


Público para verificar se pessoas públicas ou privadas se adequaram às
normas e aos padrões de qualidade ambiental, e que podem ser anteriores,
simultâneas ou posteriores à ação em questão (incisos VII, VIII, X e IV do art.
9º da lei citada).

• Instrumentos de controle repressivo: são as medidas sancionatórias aplicáveis


à pessoa física ou jurídica (inciso IX da Lei citada).

NR-9 Programa de Prevenção de


Riscos Ambientais
Após o estudo de conceitos e também da legislação ambiental, em que sempre
tivemos como objetivo principal a preservação do meio ambiente, torna-se importante,
neste momento, inserir o ser humano nessa problemática, lembrando que o homem
é parte do “meio ambiente”, e, portanto, precisamos cuidar da sua saúde. Assim,
estudaremos o Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA).

O Programa de Prevenção de Riscos Ambientais foi estabelecido pela Norma


Regulamentadora - NR 9, Portaria MTb/SSST nº 25, de 29 de dezembro de 1994.
32
Capítulo 1 Avaliação Ambiental

A NR-9 estabelece a obrigatoriedade para todas as empresas que possuam


empregados de elaborar e de implementar um programa de higiene ocupacional,
também conhecido por Programa de Prevenção de Riscos Ambientais com o objetivo
de preservar a saúde e a integridade física dos trabalhadores. Nesse programa,
é necessário antecipar, reconhecer, avaliar e controlar a ocorrência de riscos
ambientais existentes e também que venham a existir no ambiente de trabalho.

Responsabilidades

O programa de prevenção de riscos ambientais deve ser elaborado e


implementado em todas as empresas e instituições que admitam trabalhadores
como empregados, sem distinção para grandes, médias ou pequenas empresas
ou que possuam muitos ou poucos empregados e também sem considerar o grau
de risco. Assim, a problemática surge para as pequenas empresas que, na sua
maioria, não possui profissional qualificado para a elaboração e/ou execução e
nem sempre tem a cultura de antecipação e prevenção de riscos.

A NR-9 não determina quem é o profissional responsável pela elaboração e


demais etapas do PPRA, mas, de acordo com outras exigências estabelecidas
na mesma Norma, sugere-se que a coordenação desse programa deverá ser
realizada por um profissional do serviço Especializado em Segurança e em
Medicina do Trabalho (SESMT).

De acordo com o item 9.3.1.1 da NR-9, a elaboração, a implementação, o


acompanhamento e a avaliação do PPRA poderão ser feitos pelo SESMT ou por
pessoa ou equipe de pessoas que, a critério do empregador, sejam capazes de
desenvolver o disposto nessa NR. Se a empresa não possuir o SESMT constituído,
o empregador poderá contratar um serviço terceirizado (empresa de consultoria,
instituição, profissional autônomo habilitado) ou delegar a tarefa à CIPA.

O PPRA deverá ser assinado pelo profissional responsável pela elaboração


do documento-base. O PPRA é composto de duas partes: documento-base (parte
qualitativa) e monitoramento (parte quantitativa). Os laudos de monitoramento
dos riscos ambientais e, consequentemente do PPRA, devem ser assinados por
engenheiro de segurança ou médico do trabalho, conforme estabelece o Art. 195
da CLT. O documento-base deve ficar à disposição da fiscalização do Ministério
do Trabalho, que, dentre muitos itens, fiscaliza o cumprimento do cronograma de
atividades proposto.

Documentos Complementares

Para a realização de um PPRA podem ser necessários alguns documentos


ou Normas apresentadas abaixo:
33
Proteção do Meio Ambiente

• Norma Fundacentro NHO 01 - 2001 - Norma de Higiene Ocupacional:


procedimento técnico: avaliação da exposição ocupacional ao ruído contínuo
ou intermitente e impacto.

• Norma Fundacentro NHO 02 - 1999 - Norma de Higiene Ocupacional: método


de ensaio: análise qualitativa da fração volátil (vapores orgânicos) em colas,
tintas e vernizes por cromatografia gasosa/detector de ionização de chama.

• Norma Fundacentro NHO 03 - 2001 - Norma de Higiene Ocupacional: método


de ensaio: análise gravimétrica de aerodispersoides sólidos coletados sobre
filtros de membrana.

• Norma Fundacentro NHO 05 - 2001 - Norma de Higiene Ocupacional:


procedimento técnico: avaliação da exposição ocupacional aos raios-X nos
serviços de radiologia.

• Norma Fundacentro NHO 06 - 2002 - Norma de Higiene Ocupacional:


procedimento técnico: avaliação da exposição ao calor.

• Norma Fundacentro NHO 07 - 2002 - Norma de Higiene Ocupacional:


procedimento técnico: calibração de bombas de amostragem individual pelo
método da bolha de sabão.

• Norma Fundacentro NHO 08 - 2007 - Norma de Higiene Ocupacional:


procedimento técnico: coleta de material particulado sólido suspenso no ar de
ambientes de trabalho.

Objetivos e Riscos Ambientais

O PPRA tem por objetivo a preservação da saúde e da integridade dos


trabalhadores. Assim, Barbosa Filho (2011) analisa os riscos relacionados aos
processos produtivos, afirmando que

[...] todo processo produtivo oferece riscos ao trabalhador,


mesmo que mínimos, cabendo ao gestor realizar medidas
corretivas e necessárias à proteção dos trabalhadores, desde
a etapa de planejamento das instalações e dos processos,
promovendo assim um ambiente seguro e saudável de
trabalho. (BARBOSA FILHO, 2011, p. 26).

O item 9.1.5 da NR-9 estabelece que, para fins de elaboração do PPRA,

[...] consideram-se riscos ambientais os agentes físicos,

34
Capítulo 1 Avaliação Ambiental

químicos e biológicos existentes nos ambientes de trabalho


que, em função de sua natureza, concentração ou intensidade
e tempo de exposição, são capazes de causar danos à saúde
do trabalhador. (BRASIL, 1994).

Porém, a título de prevenção, podem ser considerados os riscos ergonômicos


e de acidentes.

Estrutura do PPRA

O item 9.2.1 da NR-9 estabelece que o Programa de Prevenção de Riscos


Ambientais deverá conter, no mínimo, a seguinte estrutura:

a) planejamento anual com estabelecimento de metas,


prioridades e cronograma;

b) estratégia e metodologia de ação;

c) forma de registro, manutenção e divulgação dos dados;

d) periodicidade e forma de avaliação do desenvolvimento do


PPRA. (BRASIL, 1994).

Desenvolvimento do PPRA

Para o desenvolvimento do PPRA, torna-se necessário observar as diretrizes


estabelecidas para um programa de higiene ocupacional, a saber: reconhecer,
avaliar, monitorar e controlar os riscos ambientais existentes no ambiente de
trabalho.

O item 9.3.1 recomenda que o Programa de Prevenção de Riscos Ambientais


deverá incluir as seguintes etapas:

a) antecipação e reconhecimento dos riscos;

b) estabelecimento de prioridades e metas de avaliação e


controle;

c) avaliação dos riscos e da exposição dos trabalhadores;



d) implantação de medidas de controle e avaliação de sua
eficácia;

e) monitoramento da exposição aos riscos;

f) registro e divulgação dos dados. (BRASIL, 1994).

35
Proteção do Meio Ambiente

a) Antecipação e Reconhecimento dos Riscos

O trabalho de campo inicia com a identificação e reconhecimento das fontes,


atividades, tarefas e tipos de riscos ambientais. Após o levantamento dessas
informações, precisamos registrar os dados em uma planilha que será anexada
ao documento-base.

Para desenvolver essa etapa, podemos seguir o roteiro abaixo:

a) Identificar os possíveis riscos ambientais no local de trabalho.

b) Determinar e localizar as respectivas fontes geradoras.

c) Identificar as possíveis trajetórias e também os meios de propagação dos


agentes no ambiente laboral.

d) Quantificar os trabalhadores expostos e suas respectivas funções.

e) Caracterizar as atividades e os tipos de exposições.

f) Observar e pesquisar sobre trabalhadores com possíveis comprometimentos


da saúde em função da atividade laboral.

g) Pesquisar em literatura técnica sobre os possíveis danos à saúde relacionados


aos riscos ambientais identificados.

h) Identificar e descrever as medidas de controle utilizadas.

Essa etapa envolve a análise de projetos de instalações novas, dos métodos


ou dos processos de trabalho e também as modificações que poderão ocorrer.

Saliba (2004) salienta que essa fase deve constar de alguns requisitos:

[...] conhecimento das diferentes formas em que se


apresentam os agentes ambientais e dos riscos peculiares a
cada atividade profissional; conhecimento das características
intrínsecas e propriedades tóxicas dos materiais utilizados;
conhecimento dos processos e operações industriais desde
o recebimento da matéria-prima até o produto final acabado,
incluindo possíveis subprodutos indesejáveis. (SALIBA, 2004,
p. 424).

Para visualizar esta etapa do PPRA, observe o quadro 3 a seguir:


36
Capítulo 1 Avaliação Ambiental

Quadro 3 - Etapas do PPRA

FONTE MEIO DE
AGENTE SETOR
GERADORA PROPAGAÇÃO
Ruído Furadeiras Pelo ar, incidindo nos
contínuo Esmerilhadeiras ouvidos e ossos da
ou Oficina Aparelhos de solda cabeça do trabalhador
intermitente Serra Manual
Torno
Ruído Pelo ar, incidindo nos
de Ferraria Marteleta ouvidos e ossos da
impacto cabeça do trabalhador
Radiações Rampa de
não manutenção Sol Raios ultravioleta
ionizantes
Agentes Limpeza de peças Solventes, óleos e graxas Contato da pele com o banho
químicos Estacionamento Resíduos de inseticidas, óleos Contato com a pele e absorção
e graxas nos equipamentos Via respiração

Fonte: Elaborado pela autora.

b) Estabelecimento de prioridades e metas de avaliação e controle

Nesta etapa, precisamos estudar, detalhadamente, todos os setores, áreas,


departamentos em que foram anteriormente identificados riscos ambientais que
comprometam a saúde do trabalhador e, em seguida, ordenar esses setores em
função da prioridade, ou seja, conforme a gravidade do risco.

É importante salientar que devemos priorizar medidas de proteção coletivas


para eliminar ou minimizar a formação ou utilização dos agentes químicos, físicos
e biológicos prejudiciais à saúde.

O Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO) é


responsável pela realização de avaliações periódicas para observar a eficácia das
medidas adotadas.

c) Avaliação dos riscos e da exposição dos trabalhadores

Os riscos ambientais podem ser identificados de duas formas:

• Avaliação Qualitativa
37
Proteção do Meio Ambiente

• Avaliação Quantitativa.

Segundo a Norma Regulamentadora - NR 9, a avaliação qualitativa refere-


se ao estudo dos riscos presentes no ambiente de trabalho. Já a avaliação
quantitativa tem por objetivo:

• Comprovar o controle da exposição ou a inexistência dos riscos identificados


na etapa de reconhecimento.

• Dimensionar a exposição dos trabalhadores.

• Subsidiar o equacionamento das medidas de controle.

Para Scaldelai et al. (2011),

A análise qualitativa de riscos avalia a prioridade dos riscos


identificados usando a probabilidade de eles ocorrerem,
o impacto correspondente nos objetivos do projeto se
os riscos realmente ocorrerem, além de outros fatores,
como prazo e tolerância a risco, das restrições de custo,
cronograma, escopo e qualidade do projeto. (SCALDELAI et
al., 2011, p. 279).

Para diferenciar os dois tipos de avaliação e também entender a utilização de


ambos durante a identificação e a avaliação dos riscos nos ambientes de trabalho,
precisamos definir a avaliação quantitativa.

Scaldelai et al. (2011) define, também, a avaliação quantitativa:

É a análise numérica do efeito dos riscos identificados nos


objetivos gerais do projeto. A análise quantitativa de riscos
é realizada nos riscos que foram priorizados pelo processo
de análise qualitativa de riscos, por afetarem potencial e
significativamente as demandas conflitantes do projeto.
(SCALDELAI et al., 2011, p. 279).

Nem todos os agentes ambientais podem ser avaliados


quantitativamente. Para maiores esclarecimentos sobre a maneira de
conduzir um levantamento ambiental, sugerimos a leitura da NR 15 –
Atividades e Operações Insalubres.

38
Capítulo 1 Avaliação Ambiental

É importante mencionar que, após o levantamento quantitativo, o PPRA


deverá ser revisado para que seja possível identificar, no documento-base,
somente aquelas funções que tenham sido identificadas com nível de exposição
acima do Nível de Ação conforme definido no item 9.3.6 da NR 9.

Para realizar avaliação quantitativa, é necessário conhecimento básico das


diversas técnicas de medição instrumental, fundamentada nas normas expedidas
pela FUNDACENTRO ou National Institute for Occupational Safety and Health
(NIOSH). Para as avaliações quantitativas, devem ser utilizados os parâmetros
de referência estabelecidos na NR 15 ou os valores de limites de exposição
ocupacional adotados pela American Conference of Governmental Industrial
Higyenists (ACGIH) ou, ainda, os valores estabelecidos de negociações coletivas
de trabalho, desde que sejam mais rigorosos que os critérios técnicos legais
estabelecidos.

A ACGIH é a Conferência Norte-Americana de Higienistas Industriais


Governamentais - uma organização de profissionais de higiene ocupacional
patrocinados por instituições governamentais ou educacionais dos Estados
Unidos. A ACGIH desenvolve e publica, anualmente, limites recomendados
de exposição ocupacional denominado de Threshold Limit Values (TLV) para
centenas de substâncias químicas, agentes físicos. E, também, inclui Índices de
Exposição a Agentes Biológicos: Biological Exposure Indices (BEI). O TLV é marca
registrada da ACGIH cujos valores são atualizados e divulgados constantemente
por meio de publicações.

Os TLV da ACGIH são referências a serem utilizadas para fins de


implementação de medidas de controle no campo da higiene ocupacional. Os
TLV não devem ser usados para fins de caracterização de atividade ou operação
insalubre, para isso devem ser utilizados apenas os Limites de Tolerância (LT) da
NR 15 - Atividades e Operações Insalubres.

O quadro 4 a seguir apresenta as informações obtidas durante a avaliação


do local de trabalho:

Quadro 4 - Avaliação do local de trabalho

RISCO FÍSICO
FONTE MEIO DE AVAL. TEMPO DE
AGENTE SETOR
GERADORA PROPAGAÇÃO QUANT. EXPOSIÇÃO
estacionamento sol 8,8 h/dia,
Radiações rampa manut. sol raios ultravioleta quando
não-ionizantes oficina aparelho de solda necessário

39
Proteção do Meio Ambiente

furadeiras ar, incidindo 73 a 85,9 dBA


esmerilhadeiras nos ouvidos e 94 a 99.9 dBA
oficina aparelho de solda ossos da cabeça 77 a 79.2 dBA variável
Ruído serra manual do trabalhador 74 a 76 dBA
contínuo ou torno 74.9 a 75.9 dBA
intermitente forja ar, incidindo 77 a 80.2 dBA
ferraria policorte nos ouvidos e 78 a 84 dBA variável
calandra de chapa ossos da cabeça 75 a 77 dBA
calandra de tubos do trabalhador 79 a 80 dBA
Ruído de ferraria marteleta ar, incidindo 111 dBC variável
impacto nos ouvidos
RISCO QUÍMICO
FONTE MEIO DE AVAL. TEMPO DE
AGENTE SETOR
GERADORA PROPAGAÇÃO QUANT. EXPOSIÇÃO
Solventes, limpeza peças e produtos pele, variável
óleos e graxas de peças limpeza via respiração
Inseticidas, estacionamento Equipam. a serem pele e variável
Óleos e graxas consertados via respiração
RISCO BIOLÓGICO
FONTE MEIO DE AVAL. TEMPO DE
AGENTE SETOR
GERADORA PROPAGAÇÃO QUANT. EXPOSIÇÃO
Vírus, fungos estacionamento equipamentos pele, variável
protozoários, e oficina a serem absorção via
bactérias, etc. consertados respiração
RISCO DE ACIDENTES
FONTE MEIO DE AVAL. TEMPO DE
AGENTE SETOR
GERADORA PROPAGAÇÃO QUANT. EXPOSIÇÃO
Eletricidade todos os setores Equipam. Diversos contato físico variável
oficina torno contato físico variável
Metal cortante oficina Equipam. de corte contato físico variável
queda de mat. todos os setores contato físico variável
Calor ferraria peças de ferro contato físico variável
Atropelamento pátio veículos em contato físico variável
estacionamento movimento
RISCO ERGONÔMICO

40
Capítulo 1 Avaliação Ambiental

FONTE MEIO DE AVAL. TEMPO DE


AGENTE SETOR
GERADORA PROPAGAÇÃO QUANT. EXPOSIÇÃO
Movimentação todos os setores esforço físico, nos 8,8 h/dia
Man. de peso, membros superior,
postura inad. inferiores
ritmo de trab. e tronco

Fonte: Elaborado pela autora.

d) Implantação de medidas de controle e avaliação de sua eficácia

Deverão ser adotadas providências para extinção, minimização ou controle


de todos os riscos ambientais sempre que forem identificadas alguma destas
situações:

• Na etapa de antecipação, reconhecer risco potencial à saúde.

• Na etapa de reconhecimento, comprovar risco inegável à saúde.

• Se os resultados das avaliações quantitativas da exposição dos trabalhadores


ultrapassarem os valores dos limites mencionados na NR 15 ou, se necessário,
os valores adotados pela ACGIH ou determinados em negociação coletiva de
trabalho.

• Se, por meio do PCMSO, caracterizar o nexo causal entre os danos


detectados na saúde dos trabalhadores e a situação de trabalho em que eles
desenvolvem seu trabalho.

Conforme a NR 9, no item 9.3.5.2, “[...] o estudo, desenvolvimento e implantação


de medidas de proteção coletiva deverá obedecer à seguinte hierarquia:

a) medidas que eliminam ou reduzam a utilização ou a


formação de agentes prejudiciais à saúde;

b) medidas que previnam a liberação ou disseminação desses


agentes no ambiente de trabalho;

c) medidas que reduzam os níveis ou a concentração desses


agentes no ambiente de trabalho”. (BRASIL,1994).

Ao implantar medidas de controle é necessário realizar treinamento


com os trabalhadores sobre as medidas preventivas e, também, divulgar os
procedimentos adotados e instruir sobre o uso e limitações do Equipamento de
41
Proteção do Meio Ambiente

Proteção Individual (EPI), bem como as responsabilidades de cada trabalhador e


as consequências da exposição aos agentes ambientais identificados no ambiente
de trabalho.

São consideradas medidas de caráter administrativo:

a) redução do tempo de exposição;

b) adequação do ritmo de trabalho;

c) ordem e limpeza;

d) funcionamento de máquinas em períodos com menor número de trabalhadores


expostos, dentre outras.

São consideradas medidas de caráter coletivo, responsáveis pela proteção


do ambiente:

a) substituição de agentes químicos agressivos;

b) adequação da ventilação industrial;

c) implantar sistema de exaustão localizada;

d) enclausuramento de atividades com produtos tóxicos, dentre outras.

Na impossibilidade técnica de implantarem-se medidas de caráter coletivo ou


se as medidas adotadas não forem suficientes ou estiverem em fase de estudo,
planejamento ou implantação, ou, ainda, em condições complementares ou
emergenciais, deverão ser implantadas outras medidas obedecendo a seguinte
ordem prevista na NR 9:

a) Medidas relativas à organização do trabalho ou de caráter administrativo.

b) Emprego de equipamentos de proteção individual (EPI), seguindo todas as


recomendações previstas na NR-6.

Para aprofundar o conhecimento em relação ao uso de


EPI, consulte a NR-6 disponível em: <http://portal.mte.gov.br/
data/files/FF8080812DC56F8F012DCDAD35721F50/NR-06%20
(atualizada)%202010.pdf>.

42
Capítulo 1 Avaliação Ambiental

O quadro 5 a seguir apresenta alguns exemplos de medidas de controle e


também “nível de ação” para ruído.

Quadro 5 - Medidas de controle e “nível de ação” para ruído

AGENTE RUÍDO
NÍVEL DE LIMITE DE
NORMA CORRESPONDENTE
AÇÃO TOLERÂNCIA
85 dB(A) - 8 horas/
NR 15 Anexo 1 - Ruído contínuo/intermitente 80 dB(A)
dia
MEDIDAS DE CONTROLE INDICADAS
Uso obrigatório de protetor auricular para todos os funcionários, com NRR de 15 dB.
Evitar trabalhos próximos à fonte geradora.
AGENTE RUÍDO
NÍVEL DE LIMITE DE
NORMA CORRESPONDENTE
AÇÃO TOLERÂNCIA
NR 15 Anexo 2 - Ruído de Impacto 114 dB C 120 dB C
MEDIDAS DE CONTROLE INDICADAS
Uso obrigatório de protetor auricular com NRR de 15 dB.
Monitorar o ruído do equipamento.
AGENTE RADIAÇÕES NÃO IONIZANTES
NÍVEL DE LIMITE DE TOLE-
NORMA CORRESPONDENTE
AÇÃO RÂNCIA
NR 15 Anexo 7 ** **
MEDIDAS DE CONTROLE INDICADAS
Organizar o trabalho de forma que as atividades executadas ao ar livre
sejam desenvolvidas no período da manhã ou no final da tarde.

Interromper as atividades na ocorrência de condições climáticas que


comprometam a segurança do trabalhador.

Uso de EPI: chapéu ou outra proteção contra o sol, óculos de proteção


contra radiações não ionizantes, roupas para proteção do corpo inteiro
contra raios solares; calçado fechado.

Uso de creme protetor solar para a pele (profissional).

Uso de máscara de solda de segurança para proteção dos olhos e face


contra impactos de partículas volantes, contra radiações ultra violeta e
radiação infra-vermelha e luminosidade intensa.

Uso de luva de segurança para proteção das mãos contra radiações


ionizantes.

43
Proteção do Meio Ambiente

AGENTE HIDROCARBONETOS E OUTROS COMPOSTOS CARBONO


NÍVEL DE LIMITE DE
NORMA CORRESPONDENTE
AÇÃO TOLERÂNCIA
NR 15 - Anexo nº 13 ** **

MEDIDAS DE CONTROLE INDICADAS


Facilitar a ventilação através da abertura de janelas e portas, no setor de
limpeza de peças.

Dar preferência para produtos de limpeza não nocivos à saúde humana e


ao meio ambiente.

Uso de EPI: óculos para proteção dos olhos contra respingos de produtos
químicos, respirador purificador de ar para proteção das vias respiratórias
contra poeiras e névoas, luva de segurança para proteção das mãos contra
agentes químicos.

AGENTE RISCO DE ACIDENTES - ELETRICIDADE


MEDIDAS DE CONTROLE INDICADAS
Permitir o manuseio apenas para pessoas habilitadas.
Usar calçado de segurança adequado e luvas quando necessário.
Cuidado especial ao utilizar eletricidade em ambiente úmido.
AGENTE RISCO DE ACIDENTES - METAL CORTANTE E QUEDA DE MATERIAIS
MEDIDAS DE CONTROLE INDICADAS
Usar ferramentas adequadas ao uso e às características físicas do traba-
lhador, substituindo-as se necessário.
Usar as ferramentas exclusivamente para os fins a que se destinam.
Mantê-las sempre em perfeito estado de uso e afiadas.
Guardar as ferramentas de corte em local seguro.
Fornecer treinamento para o uso adequado de ferramentas cortantes.
Curso de primeiros socorros.

Uso de EPI: óculos contra lesões provenientes do impacto de partículas,


ou de objetos pontiagudos, cortantes e de respingos; luva de segurança
para proteção das mãos contra agentes cortantes e perfurantes; calçado de
segurança para proteção dos pés contra agentes cortantes e escoriantes.

AGENTE RISCO DE ACIDENTES - ATROPELAMENTO


MEDIDAS DE CONTROLE INDICADAS
Curso de primeiros socorros.
Curso de direção defensiva. Cuidado ao manobrar veículos no pátio.
Atenção ao trabalhar em veículos suspensos.

44
Capítulo 1 Avaliação Ambiental

RISCO BIOLÓGICO
MEDIDAS DE CONTROLE INDICADAS
Providenciar imunização do trabalhador exposto ao contato com dejetos e
água contaminada;
Fornecer treinamento quanto às medidas de segurança na manipulação de
excreções, incluindo a limpeza dos equipamentos contaminados.
Fornecimento de desinfetantes e de água suficientes para a adequada
higienização dos locais de trabalho.
Uso de EPI: luvas para proteção das mãos contra agentes biológicos.

BAIXO NÍVEL DE ILUMINAMENTO


NÍVEL DE LIMITE DE
NORMA CORRESPONDENTE
AÇÃO TOLERÂNCIA
NR 17 ** 500 LUX
MEDIDAS DE CONTROLE INDICADAS
Aumentar as aberturas de janelas para o exterior, favorecendo a ilumina-
ção natural.
Criar um programa (rotina) de limpeza das janelas, favorecendo a ilumina-
ção natural.
Criação de um programa de limpeza/substituição de lâmpadas.

Instalar uma lâmpada direcionada para as bancadas de trabalho.

LEVANTAMENTO MANUAL DE PESO E POSTURA INADEQUADA


NÍVEL DE LIMITE DE
NORMA CORRESPONDENTE
AÇÃO TOLERÂNCIA
NR 17 ** **
MEDIDAS DE CONTROLE INDICADAS
Evitar o levantamento e transporte de materiais pesados.
Intercalar as atividades para evitar a permanência por longo tempo na
mesma posição.

Conscientizar o trabalhador sobre os problemas de saúde em decorrência


de má postura.

Fonte: Elaborado pela autora.

A aplicação prática do item 9.3.5.6, da NR-9, quanto à verificação da eficácia


das medidas de proteção, diz respeito, por exemplo, à elaboração de estudos de
frequência para garantir que os protetores auriculares adquiridos pela empresa,
efetivamente, atenuem os níveis de ruídos presentes no ambiente de trabalho.

Denomina-se “nível de ação”, conforme a NR-9,

o valor acima do qual devem ser iniciadas ações preventivas


de forma a minimizar a probabilidade de que as exposições a
agentes ambientais ultrapassem os limites de exposição. As

45
Proteção do Meio Ambiente

ações devem incluir o monitoramento periódico da exposição,


a informação aos trabalhadores e o controle médico. (BRASIL,
1994).

Sempre que alguma situação apresentar exposição ocupacional acima dos


níveis de ação, deverá ser objeto de controle sistemático, conforme indicado nas
alíneas que seguem:

a) para agentes químicos, a metade dos limites de exposição ocupacional


considerados de acordo com a alínea “c” do subitem 9.3.5.1 da NR-9;

b) para o ruído, a dose de 0,5 (dose superior a 50”%), conforme critério


estabelecido na NR-15, Anexo nº 1, item 6.

Chamamos a atenção para não confundir o Nível de Ação


com o Limite de Tolerância. Este último quando superado, requer
medidas de controle imediatas, enquanto que o Nível de Ação ficará
restrito às ações de ordem preventiva e atenção por parte do médico
coordenador do PCMSO.

e) Monitoramento da exposição aos riscos

O Monitoramento é realizado por meio de avaliação quantitativa, sistemática


e também repetitiva de cada risco a que o trabalhador está exposto, incluindo,
também, um estudo estatístico dos dados. Esta etapa tem como finalidade a
implementação de medidas corretivas quando necessário.

f) Registro e divulgação dos dados

O registro de dados tem como objetivo estabelecer um arquivo técnico,


histórico e administrativo do desenvolvimento do PPRA. Esse registro é
denominado documento-base, sendo composto por relatórios de antecipação ou
de reconhecimento de risco, laudos técnicos de avaliação quantitativa de todos os
agentes ambientais e também os registros de treinamento, dentre outros.

O registro de dados deverá ser mantido por um período mínimo de 20 anos,


46
Capítulo 1 Avaliação Ambiental

pois esse é o prazo para prescrições das ações cíveis conforme


O Programa de
determinado no Art. 177 do Código de Processo Civil (CPC). Quanto Prevenção de
à divulgação, o documento do PPRA deverá estar sempre disponível Riscos Ambientais
aos trabalhadores interessados ou aos seus representantes e para (PPRA) estabelecido
pela NR-9, e
as autoridades competentes. Todos os trabalhadores devem ser obrigatório para
informados dos riscos da atividade, metas preventivas e formas de todas as empresas
proteção a todos os trabalhadores. que possuem
“empregados”,
deve ser elaborado
O Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA) e implementado
estabelecido pela NR-9, e obrigatório para todas as empresas com o objetivo de
preservar a saúde e
que possuem “empregados”, deve ser elaborado e implementado
a integridade física
com o objetivo de preservar a saúde e a integridade física dos dos trabalhadores,
trabalhadores, por intermédio da antecipação, reconhecimento, por intermédio
avaliação e controle dos riscos ambientais do ambiente de trabalho. da antecipação,
reconhecimento,
avaliação e
controle dos riscos
ambientais do
ambiente
Para aprofundar o conhecimento sobre o Programa de de trabalho.
Prevenção de Riscos Ambientais, consulte a NR-9. Disponível
em: <http://portal.mte.gov.br/data/files/FF8080812BE914E6012BEF1
CA0393B27/nr_09_at.pdf >.

Critérios e Técnicas de Avaliação e


Controle dos Poluentes
A avaliação de um contaminante químico no ar de um ambiente de trabalho
não é tarefa simples de ser realizada. Dependendo do ambiente industrial que
será avaliado, da precariedade das instalações, da falta de equipamentos de
proteção coletiva no processo industrial e da existência de vazamentos nas
tubulações, há necessidade de providenciar modificações, para que sejam
eliminados os problemas existentes, antes de proceder-se a uma avaliação
quantitativa do ambiente.

Os trabalhadores de atividades industriais e agrícolas estão expostos a


agentes ambientais originados, possivelmente, de fontes naturais ou artificiais,
com níveis de exposição que, geralmente, ultrapassam os limites de tolerância
mencionados nas respectivas normas técnicas.

47
Proteção do Meio Ambiente

A legislação ambiental e trabalhista brasileira estabelece que as empresas


devem identificar, quantificar e controlar os agentes ambientais dentro de níveis
considerados salubres.

Conforme estudado anteriormente, os agentes ambientais são classificados


em três categorias:

• agentes químicos - gases, vapores, fumos, névoas, poeiras e líquidos


capazes de agredir a saúde de uma pessoa;

• agentes físicos - ruído, vibração, calor e radiações;

• agentes biológicos - vírus, fungos e bactérias.

O reconhecimento e avaliação dos agentes ambientais são realizados por


meio de métodos científicos e objetivos, apresentando resultados que possam
ser comparados aos padrões preestabelecidos. Entretanto, vários agentes
ainda não possuem tais métodos, sendo necessária, então, a avaliação
subjetiva do avaliador.

Unidades de Medida

As concentrações de agentes químicos podem ser expressas em unidades


volumétricas ou de massa, como por exemplo:

• Parte Por Milhão (PPM) = partes do contaminante por milhão de partes de ar.

• Porcentagem (%) = Volume de contaminante em relação ao volume total de


ar.

• Miligrama por Metro Cúbico (Mg/M3) = Massa de contaminante, em miligrama,


por metro cúbico de ar.

Limites de Exposição

Não é um valor absoluto, mas engloba vários limites como o limite de


tolerância e o valor teto.

a) Limite de Tolerância

48
Capítulo 1 Avaliação Ambiental

É a concentração máxima ou mínima de um determinado agente em que


a maioria dos trabalhadores poderia permanecer exposta 8 horas diárias e 48
horas semanais, durante toda a sua jornada laboral, sem apresentar sintoma
de doenças.

Como jornada de trabalho, podemos definir que é a quantidade de horas que


o trabalhador permanece no local de risco. Para o cálculo da jornada, não são
consideradas as horas utilizadas para refeição e/ou descanso fora do local do
risco considerado.

A legislação brasileira admite a possibilidade de amostragem continua e/


ou instantânea para o cálculo da concentração dos agentes químicos. Para
a amostragem contínua, os valores serão ponderados em função do tempo
de amostragem. Para a amostragem instantânea, são exigidas, no mínimo, 10
amostragens com intervalo de 20 minutos entre cada uma, e o resultado deverá
ser expresso como a média aritmética das 10 amostragens. Nenhum dos
resultados pode ultrapassar o “valor máximo”.

b) Valor Teto

Conforme foi estabelecido na legislação brasileira, esse é o valor que não


pode ser ultrapassado em nenhum momento da jornada de trabalho. O valor teto
sempre é igual ao “limite de tolerância”.

c) Valor Máximo

É um valor estabelecido na legislação brasileira e que não pode ser


ultrapassado em nenhum momento da jornada de trabalho. Este valor é assim
calculado:

valor máximo = LT X FD
em que:

LT = limite de tolerância do agente químico


FD = fator de desvio, conforme indicado:

LT ppm ou mg/m3 FD
0a1 3
1 a 10 2
10 a 100 1,5
100 a 1000 1,25
> 1000 1,1

49
Proteção do Meio Ambiente

d) Limite de Curta Exposição

É um limite estabelecido pela legislação americana que indica o limite a


que um trabalhador pode ficar exposto durante 15 minutos, mas com intervalos
superiores a 60 minutos, não podendo ultrapassar 4 exposições em uma jornada
diária.

Em inglês, esse valor é conhecido como Short Term Exposure Limit (STEL).

e) TLV - Threshold Limit Value

É o limite estabelecido pela legislação americana, tendo o mesmo significado


que o “limite de tolerância” estabelecido pela legislação brasileira, com a exceção
de que o TLV é para 8 horas/dia, 40 horas/semana e o “LT” brasileiro é para 8
horas diárias e 48 horas semanais.

f) TLV - TWA - Threshold Limit Value - Time Weighted Average

Foi estabelecido, também, pela legislação americana para expressar o limite


de tolerância ponderado no tempo, ou seja, é a média ponderada de todas as
exposições durante a jornada, calculada em função do tempo de exposição a
cada nível.

g) Limite de Tolerância para Material Particulado

Material particulado são substâncias no estado sólido ou líquido - poeiras


e aerossóis. Em baixas concentrações, o material particulado pode inibir a
remoção de partículas tóxicas do pulmão por decréscimo da mobilidade dos
macrófagos. Em altas concentrações, essas partículas têm sido associadas ao
efeito eventualmente fatal, denominado “proteinose alveolar”.

Quando as tabelas de limites de tolerância da ACGIH não informam o


complemento ao lado do valor TWA para substâncias que se apresentam na forma
“particulada”, entende-se que se refere a “particulado total” (E), ou seja, particulado
que não contém asbesto e possui menos de 1% de sílica livre cristalizada.

Estratégia de amostragem e coleta

Deve-se efetuar uma visita preliminar ao local a ser avaliado para conhecer-se
o processo industrial, a disposição dos equipamentos industriais nas instalações,
50
Capítulo 1 Avaliação Ambiental

a ventilação do ambiente de trabalho e, também, como é o processo de trabalho


dos operários a serem avaliados. É de fundamental importância realizar uma
entrevista preliminar com os trabalhadores a serem avaliados, para esclarecer
o objetivo do trabalho a ser realizado e, ainda, coletar dados relativos à vida
profissional, à saúde e aos hábitos de alimentação, ao fumo e à bebida. São
fundamentais as informações como: descrição de como executa seu trabalho,
do posto de trabalho e relato de quanto tempo permanece nesse local, por hora
de trabalho.

Conforme recomendação do NIOSH - National Institute


for Occupational Safety and Health (USA), que estabeleceu os
requisitos necessários à monitoração da exposição ocupacional a
produtos químicos, “além de recursos humanos e equipamentos de
amostragem e análise, temos que utilizar processos estatísticos para
analisar as variações que podem ocorrer na amostragem, na análise
ou no próprio ambiente”.

Para a realização da coleta de amostras de um agente químico


devem ser considerados os seguintes fatores:

• O ponto ou o trabalhador onde a amostra será coletada deve


representar a exposição do grupo de trabalhadores daquela
função/atividade.

• O aparelho ou equipamento para amostragem deve ser colocado


na região representativa da via de absorção.

• Cada amostra coletada deverá ser identificada antes ou logo


após a amostragem com um código, de forma que possa ser
rastreada no laboratório e nos cálculos finais de concentração,
após análise.

• Para cada amostra deverá ser criada uma folha de campo,


inserindo os dados do local e função avaliadas, datas e dados de
calibragem, amostragem e também a aferição de equipamentos
de coleta, tempo e vazão de amostragem, pressão atmosférica
e temperatura no local da amostragem, número do equipamento
de amostragem e da amostra e outros dados que sejam
relevantes para futuras análises. Após a análise, a folha de
campo deverá ser complementada com os dados do certificado
e cálculos dos resultados.

51
Proteção do Meio Ambiente

Análise

A análise das amostras de contaminantes pode variar em


função do método adotado, que, geralmente, é definido pelo tipo de
amostrador e características do contaminante. Todos os métodos são
baseados em uma curva de calibração do instrumento de medição
que é obtida da seguinte forma:

• “Zera”-se o instrumento de medição com o meio que normalmente


é utilizado para medir o contaminante, assegurando-se que
esteja totalmente isento do contaminante que se vai analisar.

• Adiciona-se a este meio valores conhecidos de um padrão “puro”


do contaminante e faz-se as leituras correspondentes a cada
valor, determinando-se a “curva padrão” do instrumento.

• Nas análises posteriores, preparam-se as amostras segundo


o método, zera-se o instrumento e fazem-se as leituras. Os
resultados das leituras são comparados à curva de calibração
representando cada leitura a massa ou volume de contaminante
contido na amostra.

Atualmente, podemos destacar as seguintes análises:

• Volume;

• Titulação;

• Gravimetria;

• Precipitação;

• Extração;

• Espectrofotometria de Infravermelho, Ultravioleta e/ou Luz Visível;

• Difração de Rx;

• Espectrofotometria de Absorção Atômica;

• Cromatografia Gasosa.

Interpretação dos Resultados

52
Capítulo 1 Avaliação Ambiental

Ao realizar uma avaliação ambiental, deve-se considerar que


podem existir erros em todas as etapas do processo e que esses
erros se acumulam, podendo, inclusive, invalidar os resultados
encontrados. Podemos citar alguns erros como calibragem e aferição
inadequada dos equipamentos, escolha errada do local ou do horário
para coleta de amostras, etc.

Para as amostras com valores que variam pouco, o método


mais utilizado é a média aritmética e o desvio padrão. No entanto,
para agentes químicos, a média e o desvio padrão aritmético são
pouco aplicáveis, em função da grande variação dos resultados. É
comum os valores apresentarem variação dentro de uma jornada,
entre turnos e entre dias diferentes.

A certeza de que o valor verdadeiro está dentro do limite


estabelecido é atingida na medida em que se aumenta o número de
resultados, ou seja, quanto maior o número de avaliações, maior será
a certeza de que se conhece o valor real representativo da exposição
do trabalhador.

Fonte: Isegnet (200-).

O reconhecimento e a avaliação dos agentes ambientais é realizado


através de métodos científicos e objetivos, com resultados que são comparados
com padrões preestabelecidos. Mas, vários agentes ainda não possuem tais
métodos, sendo necessário uma avaliação subjetiva do avaliador, por isso é
muito importante conhecer o processo industrial, a disposição dos equipamentos
industriais nas instalações, a ventilação do ambiente de trabalho e, também, a
rotina de trabalho dos operários a serem avaliados.

Atividade de Estudos:

1) Defina “riscos ambientais” conforme a NR 9 (Norma


regulamentadora do Ministério do Trabalho e Emprego. Cite
exemplos de cada risco.
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Proteção do Meio Ambiente

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2) O que é CONAMA? Qual a sua finalidade?


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3) De acordo com a Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998,


conhecida por LEI DE CRIMES AMBIENTAIS ou LEI DA
NATUREZA, como são classificados os crimes ambientais?
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Capítulo 1 Avaliação Ambiental

4) Quais as etapas que compõem o PPRA (Programa de


prevenção de riscos ambientais?
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Considerações Finais
Caro aluno! Chegamos ao final do primeiro capítulo, no qual tivemos a
oportunidade de conhecer e/ou aprofundar o estudo sobre a proteção ao meio
ambiente, por meio do conhecimento de algumas definições técnicas relacionadas
ao tema e, também, por intermédio dos aspectos legais em que aprendemos
como e onde são elaboradas as leis relacionadas ao meio ambiente e quem é
responsável pela fiscalização da aplicação e obediência à legislação ambiental.

É importante que você entenda que o meio ambiente não se resume à flora e
à fauna, mas que o ser humano está inserido nesse ambiente e, portanto, quando
afirmamos que atuamos na preservação do meio ambiente, queremos dizer que
estamos preservando, principalmente, a espécie humana.

No âmbito laboral, a sua atuação como Engenheiro de Segurança do


Trabalho é imprescindível na elaboração e implementação do PPRA, pois você é
a pessoa capacitada para a realização dessa tarefa.

55
Proteção do Meio Ambiente

Referências
ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NORMA ISO 14001: 2004.
Sistemas da gestão ambiental - Requisitos com orientações para uso. 31 de
dezembro de 2004.

ANTUNES, Paulo de Bessa. Direito ambiental. 4. ed. Rio de Janeiro: Lumen


Juris, 2000.

ANVISA. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Portal Brasil. 2010. Disponível


em: <http://www.brasil.gov.br/sobre/saude/orgaos-vinculados>. Acesso em: 24 jul.
2013.

BARBOSA FILHO, Antônio N. Segurança do trabalho e gestão ambiental. 4.


ed. São Paulo: Atlas, 2011.

BRAGA, Benedito et al. Introdução à Engenharia Ambiental. São Paulo:


Prentice Hall, 2002.

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do


Brasil: promulgada em 5 de outubro de 1988. Brasília: Centro gráfico do Senado
Federal.

______. Lei 9.605 de 12 de fevereiro de 1.998. Diário Oficial da União. Brasília,


DF, 13 de fevereiro de 1998, p. 1.

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Garcia de Lacerda; DELMANTO, Fabio Machado de Almeida. (Coords). Rio de
Janeiro: Renovar, 2005.

57
C APÍTULO 2
A Segurança do Trabalho nas
Atividades que Envolvem
Resíduos Sólidos

A partir da concepção do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes


objetivos de aprendizagem:

� Classificar os resíduos sólidos de acordo com a origem, tipo de resíduo,


composição química e periculosidade.

� Conhecer as etapas envolvidas na gestão de resíduos sólidos.

� Identificar e avaliar os riscos associados ao trabalho com resíduos sólidos.


Capítulo 2 A Segurança do Trabalho nas
Atividades que Envolvem Resíduos Sólidos

Contextualização
Este capítulo foi reservado para o estudo de alguns aspectos relacionados
ao tema “resíduos sólidos”, um assunto atual e que envolve uma grande
problemática em relação à gestão de resíduos, conforme previsto na Lei nº 12.305
de 02 de agosto de 2010. Essa Lei foi responsável por apresentar, principalmente
aos governantes municipais, a Política Nacional de Resíduos Sólidos em que
estão enumeradas as responsabilidades do governo, da indústria, do comércio,
dentre outros. A lei também apresenta a responsabilidade da população, ou
seja, do consumidor final, denominando esse conjunto de “responsabilidade
compartilhada” quanto ao controle dos resíduos sólidos urbanos.

Ao iniciarmos o estudo, vamos, primeiramente, definir o que são resíduos


sólidos e conhecer algumas classificações possíveis, como a lista brasileira
de resíduos sólidos, elaborada pelo IBAMA. Outras classificações serão
apresentadas, porém atenção especial será dada à classificação da ABNT, por
meio da NBR 10.004 que separa os resíduos conforme a periculosidade em três
grandes classes, a saber: perigosos, inertes e não-inertes. Após conhecermos as
principais características dos resíduos, serão apresentadas informações sobre o
trabalho desenvolvido em cada etapa do manejo de resíduos sólidos, urbanos,
desde a segregação na fonte até a disposição final. Por último, mas muito
importante, é o conhecimento de alguns riscos ocupacionais dessas atividades,
bem como algumas ações a serem adotadas pela equipe de saúde e de segurança
do trabalho em relação à saúde e ao bem-estar dos trabalhadores envolvidos com
o manejo de resíduos sólidos.

Classificação dos Resíduos Sólidos


O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (IBAMA), por meio da Instrução
Normativa nº 13, de 18 de dezembro de 2012 (BRASIL, 2012), elaborou a Lista
Brasileira de Resíduos Sólidos com o objetivo de padronizar a linguagem utilizada
para prestação de informações sobre resíduos sólidos, permitindo e facilitando o
monitoramento, o controle, a fiscalização e a avaliação da eficiência da gestão e
do gerenciamento dos resíduos sólidos nos diversos níveis, inclusive dos resíduos
perigosos, dos rejeitos e dos sistemas de logística reversa implantados.

A referida Instrução Normativa, em seu Art. 2º, define, assim, resíduos


sólidos:

Todo material, substância, objeto ou bem descartado resultante


de atividades humanas em sociedade, a cuja destinação

61
Proteção do Meio Ambiente

final se procede, se propõe proceder ou se está obrigado a


proceder, nos estados sólido ou semissólido, bem como gases
contidos em recipientes e líquidos cujas particularidades
tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos
ou em corpos d’água, ou exijam para isso soluções técnicas
ou economicamente inviáveis em face da melhor tecnologia
disponível. (BRASIL, 2012).

Para a classificação dos resíduos sólidos apresentados nesta “Listagem


Brasileira”, foram considerados alguns fatores:

• identificação do processo ou atividade que deu origem ao resíduo;

• identificação dos constituintes e características dos resíduos;

• comparação dos constituintes de resíduos sólidos com as listagens de resíduos


e substâncias com impactos à saúde e ao meio ambiente já conhecidos.

Você sabia?

Todas as informações sobre os resíduos sólidos prestadas


ao IBAMA são disponibilizadas junto ao Sistema Nacional de
Informações sobre a Gestão dos Resíduos Sólidos (Sinir) e ao
Sistema Nacional de Informação sobre Meio Ambiente (Sinima).

A Lista Brasileira de Resíduos Sólidos é formada por 20 capítulos que representam


a classificação dos resíduos, apresentando cada capítulo suas subdivisões.

01 - Resíduos da prospecção e da exploração de minas e de pedreiras, bem


como de tratamentos físicos e químicos das matérias extraídas.

02 - Resíduos da agricultura, horticultura, aquicultura, silvicultura, caça e pesca,


e da preparação e processamento de produtos alimentares.

03 - Resíduos do processamento de madeira e da fabricação de painéis,


mobiliário, papel e celulose.

04 - Resíduos da indústria do couro e produtos de couro e da indústria têxtil.


62
Capítulo 2 A Segurança do Trabalho nas
Atividades que Envolvem Resíduos Sólidos

05 - Resíduos da refinação de petróleo, da purificação de gás natural e do


tratamento pirolítico do carvão.

06 - Resíduos de processos químicos inorgânicos.

07 - Resíduos de processos químicos orgânicos.

08 - Resíduos da fabricação, formulação, distribuição e utilização de


revestimentos (tintas, vernizes e esmaltes vítreos), colas, vedantes e tintas
de impressão.

09 - Resíduos da indústria fotográfica.

10 - Resíduos de processos térmicos.

11 - Resíduos de tratamentos químicos e revestimentos de metais e outros


materiais; resíduos da hidrometalurgia de metais não ferrosos.

12 - Resíduos da moldagem e do tratamento físico e mecânico de superfície de


metais e plásticos.

13 - Óleos usados e resíduos de combustíveis líquidos (exceto óleos alimentares


e capítulos 05, 12 e 19).

14 - Resíduos de solventes, fluídos de refrigeração e gases propulsores


orgânicos (exceto 07 e 08).

15 - Resíduos de embalagens; absorventes, panos de limpeza, materiais


filtrantes e vestuário de proteção não anteriormente especificado.

16 - Resíduos não especificados em outros capítulos desta Lista.

17 - Resíduos de construção e demolição (incluindo solos escavados de locais


contaminados).

18 - Resíduos dos serviços de saúde.

19 - Resíduos de instalações de gestão de resíduos, de estações de tratamento


de águas residuais e da preparação de água para consumo humano e água
para consumo industrial.

20 - Resíduos sólidos urbanos e equiparados (resíduos domésticos, do comércio,


indústria e serviços), incluindo as frações provenientes da coleta seletiva.

63
Proteção do Meio Ambiente

Todos os resíduos que foram incluídos na Lista são identificados por um


código formado de seis dígitos, assim representado:

05 07 02 Resíduos contendo enxofre

Em que:

05 representa o capítulo: Resíduos da refinação de petróleo, da purificação


de gás natural e do tratamento pirolítico do carvão.

05 07 representa o subcapítulo: Resíduos da purificação e transporte de gás


natural.

O IBAMA elaborou 05 07 02 representa o resíduo: Resíduo contendo enxofre.


a Lista Brasileira de
Resíduos Sólidos Se, após o código de seis dígitos, estiver indicado um asterisco (*),
para facilitar o
significa que este resíduo é perigoso, apresentando risco à saúde pública ou
monitoramento,
o controle, a à qualidade ambiental em função da sua origem ou das suas características
fiscalização e (carcinogenicidade, corrosividade, inflamabilidade, reatividade, toxicidade,
a avaliação da patogenicidade, teratogenicidade ou mutagenicidade).
eficiência da gestão
e do gerenciamento
O IBAMA elaborou a Lista Brasileira de Resíduos Sólidos para
dos resíduos
sólidos. facilitar o monitoramento, o controle, a fiscalização e a avaliação da
eficiência da gestão e do gerenciamento dos resíduos sólidos.

Para conhecer melhor essa classificação e também as etapas


a serem seguidas para identificar um resíduo na Lista Brasileira
de Resíduos Sólidos, leia a Instrução Normativa IBAMA nº 13, de
18/12/2012, disponível em: <www.ibama.gov.br/.../5?...6712%3Alista
brasileiraderesiduossolidostexto>.

Ainda, outras classificações são possíveis:

Quanto à natureza física:

• Resíduos secos: são todos os materiais recicláveis, como papéis, metais,


plásticos, vidros, etc.

64
Capítulo 2 A Segurança do Trabalho nas
Atividades que Envolvem Resíduos Sólidos

• Resíduos molhados: são todos os resíduos orgânicos (restos de comida,


casca de alimentos, etc.) e os rejeitos (resíduos de banheiro, etc.).

Quanto à composição química:

• Resíduos orgânicos: são restos de substâncias de origem vegetal ou animal,


que podem ser encaminhados para compostagem e transformados em adubo
orgânico.

• Resíduos inorgânicos: são resíduos que não possuem origem biológica e


levam mais tempo para degradação, quando são lançados no meio ambiente
sem um tratamento prévio.

Quanto à natureza ou à origem:

• Resíduos agrossilvipastoris: resultam de atividades da agropecuária e da


silvicultura, inclusive os resíduos provenientes dos insumos.

• Resíduos da construção civil: são gerados em obras, desde a preparação e


a escavação do terreno até a construção, as reformas, os reparos e também
as demolições. Esses resíduos são classificados pela Resolução CONAMA
nº 307:

Classe A: alvenaria, argamassa, concreto e solos. Podem ser reutilizados ou


reciclados e, ainda, destinados a aterros licenciados.

Classe B: madeira, plástico, papel, metal. Podem ser reutilizados, reciclados


ou serem armazenados temporariamente.

Classe C: gesso e outros materiais que ainda não possuem tecnologia


disponível para recuperação. A destinação final é realizada conforme a norma
técnica específica.

Classe D: óleos, tintas, solventes e outros resíduos perigosos. O seu destino


é determinado por norma técnica específica.

• Resíduos industriais: são gerados nos processos produtivos em todas as


instalações industriais.

• Resíduos de mineração: provenientes da extração e beneficiamento de


minérios e, também, das atividades de pesquisa desses materiais.

• Resíduos sólidos urbanos: são gerados nos domicílios (atividades diárias

65
Proteção do Meio Ambiente

de uma residência) e também na limpeza urbana (varrição de vias públicas,


restos de podas de árvores, limpeza de praias, galerias, córregos, etc.).

• Resíduos comerciais: possuem composição variável, conforme as atividades


dos estabelecimentos comerciais e de serviços.

• Resíduos dos serviços públicos de saneamento básico: lodo das estações de


tratamento de água e de esgoto.

• Resíduos de serviços de saúde: são provenientes do atendimento à saúde


humana e animal. A Resolução CONAMA nº 358/05 classifica esses resíduos
em cinco grupos, conforme podemos observar no quadro 6 que segue:

Quadro 6 – Classificação dos resíduos de serviços de saúde

São substâncias ou produtos com presença de agentes biológicos que, em fun-


ção das características, podem representar riscos de infecção. Ex.: bolsas trans-
GRUPO A
fusionais contendo sangue, carcaças, placas e lâminas de laboratório, peças
anatômicas, tecidos, etc.

São substâncias químicas que além de oferecer riscos à saúde pública, também
GRUPO B podem contaminar o meio ambiente. Ex.: reagentes de laboratório, medicamen-
tos, resíduos contendo metais pesados.

São materiais que contém radionuclídeos em quantidades superiores aos limites


GRUPO C especificados pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEM). Ex.: servi-
ços de radioterapia e medicina nuclear.

São resíduos similares aos resíduos domésticos. Ex.: sobras de alimentos e


GRUPO D
resíduos da área administrativa.

São os materiais perfurocortantes ou escarificantes. Ex.: agulhas, ampolas de


GRUPO E
vidro, lâminas de barbear, lâminas de bisturi, etc.

Fonte: Elaborado pela autora.

• Resíduos de serviços de transportes: são gerados em portos, aeroportos,


rodoviárias, terminais alfandegários e ferroviários e passagens de fronteira.

Alguns resíduos necessitam de cuidados especiais no manuseio,


acondicionamento, estocagem, transporte e disposição final em função
das características que apresentam, podendo ser tóxicas, radioativas ou
contaminantes. São resíduos classificados como “especiais” e definidos como
resíduos obrigatórios da logística reversa. Ex.: agrotóxicos, seus resíduos e
também as respectivas embalagens; pilhas e baterias; lâmpadas fluorescentes
66
Capítulo 2 A Segurança do Trabalho nas
Atividades que Envolvem Resíduos Sólidos

de vapor de sódio e mercúrio e de luz mista; pneus; produtos eletrônicos; óleos


lubrificantes, seus resíduos e embalagens.

Para esses resíduos, os fabricantes, importadores, distribuidores e


comerciantes são obrigados a estruturar, implementar e operacionalizar os
sistemas de “logística reversa”, com o auxílio do consumidor que deverá retornar
o produto, após o uso, não o destinando ao serviço público de limpeza urbana.
Assim, na “logística reversa”, o resíduo retorna ao fabricante, sendo este
responsável pela destinação final adequada ou reutilização dos resíduos.

Classificação quanto aos riscos potenciais de contaminação do meio


ambiente:

Essa classificação é apresentada por uma norma da ABNT (2004).


Considerando o risco à saúde pública e também ao meio ambiente, a NBR
10.004/2004 dividiu os resíduos em classes, quais sejam:

• Resíduos de Classe I (perigosos): são resíduos que apresentam risco


à saúde pública (aumento da mortalidade ou morbidade) e ao meio
ambiente (manuseio e disposição inadequada), por terem características de
inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade e patogenicidade. Ex.:
óleo usado, baterias, pilhas, tintas, resíduos de serviços de saúde, etc.

• Resíduos Classe II (não perigosos): essa categoria está subdividida em “não


inertes” e “inertes”. Os resíduos não inertes são classificados como Resíduos
Classe II A. Esses resíduos não se enquadram nas classificações I e IIB. Não
apresentam riscos à saúde pública e ao meio ambiente. Ex.: papel, restos
de alimentos, etc. Os resíduos inertes são classificados como Resíduos
Classe IIB. Não solubilizam em contato com a água. Ex.: vidros, tijolos, alguns
plásticos, borrachas, etc.

Caracterização dos Resíduos sólidos

Com o objetivo de planejar a coleta, o transporte e, também, a disposição


final dos resíduos sólidos, é importante que estes sejam analisados por meio de
três características, a saber: físicas, químicas e biológicas.

Características físicas - A NBR 10.004 da ABNT considera as seguintes


características físicas: geração per capita; composição gravimétrica;
compressividade; peso específico aparente; teor de umidade.

Características químicas - poder calorífico; pH; composição química;


relação carbono/nitrogênio.
67
Proteção do Meio Ambiente

Características biológicas – são importantes para a fabricação


Para classificar um
dos inibidores de cheiro e também de aceleradores e retardadores da
resíduo sólido é
fundamental definir decomposição orgânica do lixo, ou seja, é imprescindível conhecê-
suas características las para determinar os métodos de tratamento e disposição dos
físicas, químicas resíduos sólidos.
e biológicas, além
de conhecer a sua Para classificar um resíduo sólido é fundamental definir suas
natureza ou origem
características físicas, químicas e biológicas, além de conhecer a sua
e o seu potencial de
contaminar o meio natureza ou origem e o seu potencial de contaminar o meio ambiente.
ambiente.

A Geração dos Resíduos Sólidos


Devido à diversidade de atividades industriais e, consequentemente,
de processos produtivos, temos a possibilidade de gerar vários tipos de
resíduos sólidos, líquidos e gasosos. Essa diversidade de processos dificulta o
planejamento de procedimentos e atividades de controle dos resíduos gerados.

Assim, ao iniciarmos o estudo sobre as diversas etapas que compõem


o manejo de resíduos sólidos, é importante conhecermos as diversas fases do
processo, desde a geração até a disposição final dos resíduos sólidos.

De uma maneira bastante simplificada, podemos dizer que esse processo é


composto das seguintes etapas:

• geração;

• acondicionamento;

• coleta;

• estação de transferência ou transbordo;

• processamento e recuperação;

• disposição final.

É de suma importância, portanto, que os resíduos sejam caracterizados e


quantificados no ponto de origem (geração), possibilitando o planejamento em
relação ao tipo de tratamento e acondicionamento adequados. Os resíduos de
categorias diferentes (perigosos, não-inertes e inertes) não devem ser misturados.
Assim, isso requer atenção especial dentro da indústria, na atividade de
acondicionamento e, também, em todos os outros pontos de geração de resíduos,
particularmente nas residências e nos estabelecimentos de saúde.
68
Capítulo 2 A Segurança do Trabalho nas
Atividades que Envolvem Resíduos Sólidos

Com o objetivo de diminuir o volume de resíduos destinados ao tratamento ou


à disposição final, as empresas estão reduzindo os gastos operacionais e, muitas
vezes, estão conseguindo gerar uma receita extra para a indústria, por meio da
segregação do material e da posterior reciclagem. Existem várias experiências
com reciclagem de material orgânico, gerando compostos e fertilizantes por
intermédio da compostagem: papel, papelões, cartões e cartolinas para fabricar
papel reciclado; reutilização de plásticos, vidros e metais na própria indústria ou
sua utilização para fabricação de embalagens.

Segundo Figueiredo, Santos e Ferrari et al. (2000), para realizar a prevenção


da poluição devemos realizar práticas que visem a redução e/ou eliminação das
cargas poluidoras na própria fonte geradora, em termos de volume, concentração
ou toxicidade do resíduo. Podemos obter bons resultados com a modificação
em equipamentos, procedimentos, processos, substituição de matéria-prima
e reformulação de produtos. Em alguns estados, com o objetivo de
incentivar a reciclagem e recuperação de resíduos, já existem “bolsas Ao realizarmos o
de resíduos”, que são publicações periódicas, gratuitas, nas quais as acondicionamento
indústrias oferecem seus resíduos para venda ou doação. em recipientes
adequados, estamos
contribuindo para
Perante a legislação, o gerador de resíduos sólidos é responsável a prevenção de
pelo adequado acondicionamento destes, facilitando a coleta posterior. acidentes, evitando
Para escolher o recipiente adequado para o acondicionamento a proliferação de
insetos e pragas,
dos resíduos, devemos sempre observar as características e as
diminuindo o
quantidades geradas, bem como a frequência em que será realizada a impacto visual e
coleta, o tipo de edificação existente e, também, o preço do recipiente. olfativo e facilitando
a coleta seletiva.
Ao realizarmos o acondicionamento em recipientes adequados, A modificação de
equipamentos,
estamos contribuindo para a prevenção de acidentes, evitando a procedimentos,
proliferação de insetos e pragas, diminuindo o impacto visual e processos,
olfativo e facilitando a coleta seletiva. A modificação de equipamentos, substituição de
procedimentos, processos, substituição de matéria-prima e matéria-prima e
reformulação de
reformulação de produtos são, também, exemplos de práticas que
produtos são,
podem ser adotadas para reduzir e/ou eliminar a concentração e o também, exemplos
volume dos resíduos sólidos provenientes de diversas atividades. de práticas que
podem ser adotadas
Com o intuito de padronizar as cores utilizadas nos recipientes para reduzir e/
ou eliminar a
de materiais recicláveis, o Conselho Nacional do Meio Ambiente concentração e o
(CONAMA), elaborou a Resolução nº 275, de 25 de abril de 2001. As volume dos resíduos
cores determinadas foram as seguintes: sólidos provenientes
de diversas
atividades.

69
Proteção do Meio Ambiente

Quadro 7 – Padronização das cores para reciclagem

AZUL Papel/papelão

VERMELHO plástico

VERDE vidro

AMARELO metal

PRETO madeira

LARANJA Resíduos perigosos

BRANCO Resíduos ambulatoriais e de serviços de saúde

ROXO Resíduos radioativos

MARROM Resíduos orgânicos


Resíduo geral não reciclável ou misturado, ou contaminado,
CINZA não passível de separação.
Fonte: Elaborado pela autora com base em Brasil (2001).

Para visualizar a separação dos resíduos em vasilhames de cores diferentes,


apresento, a seguir, uma figura.

Figura 1 - Vasilhames da Coleta Seletiva – Cores e Símbolos

Fonte: Disponível em: <http://criarfazer.net/wp-content/uploads/2012/03/


lixeiras-coloridas-coleta-seletiva-1.jpg>. Acesso em: 12 out. 2013.

Nesse sentido, os sacos plásticos sem retorno podem ser utilizados para
embalar o lixo domiciliar. A NBR 9.190, da ABNT (1993a), regulamenta as
características dessas embalagens:
70
Capítulo 2 A Segurança do Trabalho nas
Atividades que Envolvem Resíduos Sólidos

• resistência contra rompimento durante o manuseio;


• volume de 20, 30, 50 ou 100 litros;
• possuir fita para fechamento da “boca”;
• qualquer cor, com exceção da branca (geralmente os sacos são de cor preta).

Os resíduos sólidos urbanos também podem ser acondicionados em


contêineres de plástico, em polietileno de alta densidade (PEAD), com
capacidades de 120, 240 e 360 litros (contêineres de duas rodas) e 760 e 1.100
litros (contêineres de quatro rodas), ou, ainda, em contêineres metálicos com
capacidade de 750 a 1500 litros, providos de rodízios, que podem ser basculados
por caminhões compactadores.

O acondicionamento dos resíduos públicos pode ser feito em papeleiras de


rua, em cestas coletoras plásticas para pilhas e baterias e em sacos plásticos
ou contêineres. Já o lixo domiciliar de grandes geradores e de estabelecimentos
públicos é acondicionado em contêineres de grande porte, com capacidade
superior a 360 litros, de dois tipos:

• contêineres providos de rodas, de metal ou plástico (polietileno de


alta densidade), com capacidade de 760, 1.150 e 1.500 litros que são
basculados mecanicamente;
• contêineres estacionários, geralmente metálicos, com capacidade até
5 m3, basculáveis nos caminhões ou contêineres intercambiáveis com
capacidade de 3 a 30 m3, também metálicos que são manejados por
sistema de guindastes.

Os resíduos da construção civil (entulho de obras) são acondicionados em


contêineres metálicos estacionários com capacidade de 4 ou 5 m3.

No acondicionamento de baterias, devemos considerar as reações químicas


possíveis, portanto é importante evitar o contato dos eletrodos entre as baterias
ou com objetos de metal. Assim, recomenda-se que estas sejam embaladas
individualmente em sacos plásticos. Os contêineres que estocam baterias devem
ser selados ou vedados com o objetivo de evitar a liberação do gás hidrogênio,
o qual é explosivo em contato com a atmosfera. O armazenamento também
deverá ser realizado em local arejado e protegido do sol e da chuva. Devido
às suas características tóxicas, as pilhas e baterias são resíduos inclusos na
“logística reversa”, em que a responsabilidade do acondicionamento, da coleta,
do transporte e da disposição final é dos fabricantes, dos comerciantes, dos
importadores e da rede autorizada de assistência técnica.

71
Proteção do Meio Ambiente

As lâmpadas que contêm mercúrio (lâmpadas fluorescentes) são, também,


de responsabilidade do fabricante e da cadeia de empresas que as comercializam,
devendo ser armazenadas seguindo as seguintes exigências:

• lâmpadas inteiras são estocadas em caixas ou bombonas plásticas,


rotuladas, evitando que possam quebrar com o manuseio;
• se quebrar alguma lâmpada, os cacos de vidro devem ser removidos e a
área de contato deve ser lavada;
• as lâmpadas quebradas devem ser armazenadas em contêineres selados
e identificados “Lâmpadas Fluorescentes Quebradas – contém mercúrio”.
• quando enviar lâmpadas para reciclagem, é importante informar o nome
do fornecedor, o endereço, a transportadora e o reciclador; número de
lâmpadas enviadas e data do carregamento. Recomenda-se manter esses
registros (notas) por três anos, no mínimo.

Os pneus também são considerados resíduos enquadrados na “logística


reversa”, sendo a coleta e a destinação final de responsabilidade das empresas
fabricantes e das importadoras. Temos algumas recomendações para o
acondicionamento de pneus para a coleta, tendo em vista a saúde pública e a
preservação do meio ambiente:

• não acumule pneus, encaminhe-os para coleta assim que cessar o seu uso;
• durante o acondicionamento, utilize depósitos em ambientes cobertos e
protegidos das intempéries;
• não queime pneus.

Os resíduos sólidos industriais possuem algumas formas de acondicionamento,


conforme o tipo de resíduo:

72
Capítulo 2 A Segurança do Trabalho nas
Atividades que Envolvem Resíduos Sólidos

• tambores metálicos de 200 litros são utilizados para resíduos que não possuem
características corrosivas;
• bombonas plásticas de 200 ou 300 litros são utilizadas para resíduos corrosivos
e também resíduos semissólidos;
• sacos de polipropileno trançado (big-bags plásticos), com capacidade de
armazenamento superior a 1 m3;
• contêineres plásticos padronizados em 120, 240, 360, 750, 1.100 e 1.600
litros são utilizados para resíduos que permitem o retorno da embalagem de
acondicionamento;
• caixas de papelão, com capacidade de armazenar até 50 litros, são utilizadas
para resíduos destinados a incineração.

Para o acondicionamento de resíduos radioativos, é importante observar que


os recipientes devem ser à prova de radiação, sendo confeccionados de chumbo,
concreto, etc., e é indispensável a utilização de alguns Equipamentos de Proteção
Individual (EPI) durante o manuseio, como avental de chumbo, sapato, luvas,
máscara e óculos adequados.

Os resíduos de portos e aeroportos são acondicionados em recipientes


idênticos aos utilizados para lixo domiciliar, com exceção de haver alerta de
“quarentena”, em que são necessários cuidados especiais com os resíduos de
pessoas ou das cargas provenientes de países com situação epidêmica.

A ABNT, por meio da NBR 12.809 (ABNT, 1993b), regulamenta o manuseio


de resíduos provenientes dos serviços de saúde, estabelecendo os cuidados
mínimos para segregar os resíduos na fonte e, também, durante o manuseio
de resíduos perigosos. A etapa principal desses procedimentos é a separação,
na origem, do lixo infectante, que representa em torno de 10 a 15% do total de
resíduos, mas é a principal causa de infecção hospitalar. Durante o manuseio dos
resíduos infectantes é necessário a utilização dos seguintes EPI: avental plástico,
bota de PVC ou sapato fechado, luvas adequadas, máscara e óculos.

A ABNT, por meio das NBR 9.190 e 9.191 (ABNT, 1993a, 2000), regulamenta
o acondicionamento dos resíduos originados em serviços de saúde, prevendo que
estes sejam acondicionados diretamente em sacos plásticos adequados, evitando
o contato direto dos funcionários. Os sacos plásticos obedecem à especificação
de cores, sendo os transparentes utilizados para lixo comum reciclável; coloridos
opacos, para lixo comum não reciclável; e branco leitoso, para lixo infectante ou
especial, com exceção do lixo radioativo.
73
Proteção do Meio Ambiente

O CONAMA (BRASIL, 2001), por meio da Resolução nº 275/2001,


O CONAMA
padronizou as cores a serem utilizadas nos recipientes de materiais
(BRASIL, 2001), por
meio da Resolução recicláveis: azul, vermelho, verde, amarelo, preto, laranja, branco, roxo,
nº 275/2001, marrom e cinza. Cada resíduo, uma cor.
padronizou as cores
a serem utilizadas Ao serem retirados dos locais de trabalho, os sacos plásticos
nos recipientes
de materiais devem ser colocados em contêineres que realizam o transporte até
recicláveis: azul, abrigos temporários. Esses contêineres também são diferenciados por
vermelho, verde, cores, sendo adotada a cor branca para o lixo infectante e qualquer
amarelo, preto, outra cor para o lixo comum.
laranja, branco,
roxo, marrom
e cinza. Cada
resíduo, uma cor.
A Coleta dos Resíduos Sólidos
A coleta, propriamente dita, acontece quando os resíduos, depois de
acondicionados corretamente, são recolhidos e encaminhados por meio de
transporte adequado para uma estação de transferência, para tratamento ou
para disposição final. Essa etapa tem significativa importância, pois o seu correto
planejamento pode evitar problemas de saúde gerados pela proliferação dos
vetores encontrados em depósitos de lixo.

O serviço de coleta e transporte dos resíduos sólidos urbanos, formado pelo


lixo produzido nas residências, nos estabelecimentos públicos, no comércio e nas
vias públicas, geralmente é realizado pela prefeitura municipal ou terceirizado por
esta. No entanto, também ocorre a coleta informal por intermédio de “catadores”
em busca de material destinado à reciclagem. Além dos catadores, muitas
prefeituras já implantaram a coleta seletiva, em que o resíduo é segregado na
fonte, facilitando a coleta e posterior reciclagem.

A seguir, na figura 2, uma sugestão de segregação na fonte:

74
Capítulo 2 A Segurança do Trabalho nas
Atividades que Envolvem Resíduos Sólidos

Figura 2 – Modelo de segregação na fonte

Fonte: Disponível em: <http://www.demsur.com.br/upload/


editor/20130724164207_753.jpg>. Acesso em: 04 nov. 2013.

No caso do lixo gerado por estabelecimentos que produzem mais de 120 litros
de lixo por dia (grandes geradores), a coleta é realizada por empresas particulares,
que, necessariamente, precisam estar cadastradas e autorizadas pela prefeitura.
Temos como exemplo de “grandes geradores” os hotéis e os restaurantes
situados em cidades turísticas ou lugares de muito movimento. As indústrias
e os estabelecimentos de saúde também possuem coleta de resíduos realizada
por empresas particulares que mantêm contratos com compromissos de coleta e
transporte planejados em intervalos adequados ao tipo e ao volume de resíduo.

Para todas as situações expostas, a regularidade do serviço é muito


importante, bem como o planejamento do itinerário e do horário de execução do
serviço. É importante observar que a coleta em centros comerciais deverá ser
realizada, preferencialmente, em horário noturno, quando as ruas possuem menor
tráfego. No entanto, em áreas residenciais, deve-se priorizar a coleta diurna
devido aos ruídos gerados, dificultando e atrapalhando o sono dos moradores.

Para o transporte dos resíduos sólidos urbanos, geralmente são utilizados


dois tipos de caminhões, conhecidos por “compactadores” e “sem compactação”,
sendo desejável que ambos possuam algumas características:

75
Proteção do Meio Ambiente

• possibilitar a compactação do resíduo na proporção de 3:1, ou seja, a


coleta de 3 m3 de resíduos é transformada, por compactação, em 1 m3 de
resíduo;
• a altura da carroceria, ou altura de carregamento, deverá ser de 1,20 m em
relação ao solo;
• favorecer o carregamento traseiro, evitando que os trabalhadores circulem
na lateral do veículo e, consequentemente, diminua a ocorrência de
atropelamentos;
• evitar o derramamento do lixo em vias públicas, principalmente do chorume,
que, além do mau cheiro, pode percolar e contaminar o solo e as águas;
• possuir local adequado para transportar os trabalhadores.

O transporte realizado por esses veículos geralmente é realizado desde


a coleta porta a porta até as estações de transferência. A partir desse ponto, os
resíduos são transportados por veículos maiores com o objetivo de diminuir o custo
de transporte até os aterros sanitários. Experiências mostram que esses veículos
transportam o resíduo equivalente ao resíduo coletado por três caminhões. É
importante observar que esses veículos devem ser equipados com telas ou lonas
plásticas para proteção da carga, evitando derramamento de lixo em vias públicas.

No caso da coleta em serviços de saúde, os resíduos infectantes e os


especiais são separados dos resíduos comuns e, após acondicionamento
adequado em sacos plásticos brancos, eles são descartados em contêineres
basculáveis e despejados mecanicamente em veículos especialmente contratados
para este fim, que não possuam sistema de compactação ou que sejam de baixa
taxa de compactação para evitar o rompimento dos sacos, que sejam herméticos
e também possuam dispositivos para captação de líquidos. O lixo comum é
destinado para a coleta normal.

A coleta de materiais perfuro cortantes provenientes de consultórios


dentários, farmácias, laboratórios de análises, etc., geralmente é realizada por
meio de furgões leves com capacidade aproximada de 2 m3 e que
possuem carroceria hermética com revestimento interno em fibra de
O correto
vidro, facilitando a higienização do compartimento.
planejamento
da coleta de
resíduos pode O correto planejamento da coleta de resíduos pode evitar
evitar problemas problemas de saúde gerados pela proliferação dos vetores encontrados
de saúde gerados em depósitos de lixo.
pela proliferação O transporte de resíduos industriais é realizado por veículos de
dos vetores
vários tamanhos, desde pequenos furgões até carretas e tanques,
encontrados em
depósitos de lixo. conforme o tipo de resíduo, quantidade produzida e a capacidade

76
Capítulo 2 A Segurança do Trabalho nas
Atividades que Envolvem Resíduos Sólidos

interna de estocagem. O transporte geralmente é realizado diretamente da


empresa até o destino final.

Destino Final dos Resíduos Sólidos


Antes de considerar o destino final do resíduo, é importante destacar que,
geralmente, ele necessita de um tratamento, que é um conjunto de procedimentos
com o objetivo de reduzir o volume e/ou o potencial poluidor dos resíduos,
transformando-os em materiais inertes ou biologicamente estáveis. A primeira
etapa do tratamento é realizada pela própria população quando utiliza o princípio
dos 3 R’ (reduzir, reutilizar e reciclar), e, desta maneira, evita o desperdício,
reaproveita alguns materiais e separa os resíduos destinados à reciclagem.
Assim, o volume de resíduos destinados à coleta terá seu volume reduzido. Essa
é a reciclagem ideal em que a população separa todos os resíduos recicláveis em
casa e descarta no “lixo” apenas o material orgânico e os rejeitos.

O homem é responsável pela geração de uma diversidade muito grande de


resíduos, o que dificulta a adoção de um processo de tratamento preestabelecido,
sendo necessária a constante realização de pesquisas e desenvolvimento de
processos que sejam economicamente viáveis.

Na usina de reciclagem são observadas três etapas no processo:

• recepção: ocorre a aferição de peso ou volume do resíduo que chega na


usina, por meio de balança ou cálculo estimativo e depois o material é
armazenado em silos ou depósitos;
• alimentação: com o auxílio de pás carregadeiras e pontes rolantes os
resíduos são carregados nas linhas de processamento;
• triagem: nessa etapa são utilizadas as esteiras transportadoras e os
tambores revolvedores. Os catadores ficam posicionados ao longo da
esteira, separando os diversos tipos de materiais recicláveis. Em usinas
maiores, a separação também é realizada em peneiras, separadores
balísticos, magnéticos e pneumáticos.

Nas usinas de reciclagem, de modo geral, os seguintes resíduos são


separados: garrafas inteiras, metal ferroso (latas, chaparia), metal não-ferroso
(alumínio, cobre, etc.), papel, papelão, plástico duro (PVC, polietileno de alta
densidade, PET), plástico filme (polietileno de baixa densidade), vidros (claros,

77
Proteção do Meio Ambiente

escuros e mistos).

Nas usinas de compostagem natural, o lixo é fragmentado em moinhos de


martelo e depois depositado em montes, chamados de “leiras”, que são revirados
com frequência pré-determinada para que ocorra a bioestabilização da matéria
orgânica. Esse processo ocorre em um prazo aproximado de 60 dias. Em seguida,
esse produto rico em húmus e nutrientes minerais é peneirado e destinado ao
uso agrícola. O chorume produzido é tratado em lagoas de estabilização. Nos
pátios de compostagem, pode observar-se o trânsito de caminhões (trazendo
matéria-prima e levando produto acabado) e máquinas para carregar e revolver
os materiais.

Para os resíduos da construção civil, geralmente o tratamento consiste de


segregação, trituração e reutilização na própria indústria da construção civil. Esse
processo pode ser realizado em usinas automáticas ou semiautomáticas. No
sistema automático, temos um equipamento robusto, de alta potência que recebe
o entulho proveniente das obras e realiza o trituramento sem ocorrer a separação
das ferragens que estão retidas nos concretos. Em seguida, o separador
magnético retira o material ferroso que é encaminhado para uma prensa e,
posteriormente, é comercializado. O material inerte é classificado em peneiras
vibratórias, conforme a granulometria. No processo semiautomático, ocorre a
separação prévia das ferragens.

É um processo que gera grande quantidade de poeira, por isso é importante


observar a instalação de aspersores de água, bem como o revestimento de
borracha para reduzir o nível de ruído. Em ambos os processos, inicialmente
é realizada a retirada de plásticos e matéria orgânica que podem danificar os
equipamentos. Os produtos provenientes desse tipo de tratamento são: agregado
miúdo para revestimento; agregado para a construção de meio-fio, bocas de
lobo, sarjetas; blocos para muros e alvenaria de casas populares; briquetes para
calçadas e bases para rodovias.

As lâmpadas fluorescentes devem ser recicladas e gerenciadas, recebendo


o tratamento utilizado para lixo tóxico. Considerando que as pilhas e baterias
são consideradas resíduos Classe I, portanto resíduos perigosos, devem
receber tratamento e destinação final conforme os resíduos industriais Classe
I. Os resíduos industriais, quando não são reciclados, recebem processos de
tratamento variados, como:

78
Capítulo 2 A Segurança do Trabalho nas
Atividades que Envolvem Resíduos Sólidos

• neutralização – utilizado quando o resíduo apresenta acidez ou alcalinidade


acentuada;
• secagem – mistura de resíduos com alto teor de umidade com resíduos
secos;
• encapsulamento – utilização de resinas sintéticas para revestir os resíduos;
• incorporação – adição de massa de concreto ou cerâmica em alguns
resíduos, em quantidades determinadas para que não prejudiquem o meio
ambiente. Da mesma forma, alguns resíduos podem ser acrescentados aos
materiais combustíveis, sem gerar gases tóxicos;
• destruição térmica – conhecidas como incineração e pirólise.

Para os resíduos provenientes de serviços de saúde, o processo


recomendado é a incineração, que consiste na queima controlada do resíduo com
presença de excesso de oxigênio, ocorrendo a decomposição do material rico em
carbono e gerando cinzas, enquanto que são liberados gases na atmosfera que
precisam ser gerenciados com o objetivo de evitar a liberação de contaminantes.
A cinza gerada no processo, bem como o lodo resultante do tratamento de gases,
precisa receber disposição final adequada. Os incineradores mais usados são os
de grelha fixa, de leito móvel e o rotativo.

O princípio dos 3 R’ (reduzir, reutilizar e reciclar) consiste em evitar


O princípio dos 3 R’
o desperdício, reaproveitar alguns materiais e separar os resíduos
(reduzir, reutilizar e
destinados à reciclagem. Após a realização do tratamento adequado reciclar) consiste em
aos diversos tipos de resíduos, estes devem receber disposição final evitar o desperdício,
ambientalmente correta. reaproveitar
alguns materiais
Para os resíduos domiciliares, há duas possibilidades: aterro e separar os
sanitário e aterro controlado; embora o mais indicado, tecnicamente, resíduos destinados
à reciclagem.
seja o aterro sanitário, pois, nele, os resíduos são dispostos sobre
Após a realização
um terreno, por meio de confinamento em camadas cobertas com do tratamento
material inerte (solo), conforme normas técnicas específicas. No adequado aos
aterro controlado, os resíduos também são dispostos em camadas, no diversos tipos de
entanto não é realizado o tratamento do chorume e do gás. resíduos, estes
devem receber
O aterro sanitário é composto de várias unidades: disposição final
ambientalmente
correta.
• unidades operacionais;

• células destinadas ao lixo domiciliar;

• células destinadas ao lixo hospitalar;

79
Proteção do Meio Ambiente

• impermeabilização de fundo;

• impermeabilização superior é opcional;

• sistema de coleta e tratamento do chorume;

• sistema de coleta e queima do biogás;

• sistema de drenagem das águas pluviais;

• sistema de monitoramento ambiental, topográfico e geotécnico;

• local para estocagem de materiais;

• setores de apoio;

• barreira vegetal;

• guarita de entrada;

• balança rodoviária e controle de entrada dos resíduos.

No aterro industrial, são utilizadas algumas técnicas que permitem confinar


os resíduos em áreas pequenas. É um aterro com características idênticas ao
aterro sanitário, porém ele recebe apenas os resíduos gerados nas indústrias.
Cada aterro é formado por divisões chamadas “células”, que são módulos
independentes. Esses aterros são classificados em aterros classe I, classe IIA
e classe IIB, conforme a classificação dos resíduos em perigosos, não-inertes e
inertes, respectivamente. Além desses tratamentos e disposição final de resíduos,
existem alternativas sendo estudadas e aprimoradas com o objetivo de tornar o
processo economicamente viável e, também, ambientalmente correto.

Durante a jornada de trabalho, os trabalhadores são expostos a vários


riscos, que podem ser biológicos, físicos, químicos, ergonômicos e de acidentes,
conforme a atividade que o trabalhador desenvolve e também o tipo de resíduo
manipulado. Observa-se, no entanto, que os riscos químicos e biológicos, quando
diagnosticados na fase inicial de trabalho, acompanham o resíduo até o processo
final (destinação final) ou no mínimo até a etapa de tratamento.

A manipulação de resíduos sólidos urbanos e também provenientes


de estabelecimentos de saúde expõe o trabalhador a riscos biológicos,
representados, principalmente, por bactérias, fungos, protozoários e vírus. Ao
analisar algumas funções desempenhadas pelos trabalhadores com resíduos

80
Capítulo 2 A Segurança do Trabalho nas
Atividades que Envolvem Resíduos Sólidos

sólidos, verificamos a exposição a alguns agentes físicos, como ruído, vibração,


calor e radiações não ionizantes.

Os resíduos sólidos possuem composição química variada, tanto em


resíduos domiciliares, quanto em resíduos da saúde ou industriais, o que, muitas
vezes, dificulta o levantamento de todos os riscos químicos a que o trabalhador
está exposto. Podemos observar algumas situações que ocorrem no trabalho,
como a inalação de poeira durante a coleta de resíduos urbanos e, também,
no trabalho junto aos aterros que é bastante acentuado em consequência do
tráfego de caminhões. Às vezes, a exposição não está relacionada ao resíduo
propriamente dito, mas ao contexto do trabalho, como é o caso dos trabalhadores
responsáveis pela manutenção de veículos, máquinas e equipamentos expostos
a óleos, a graxas e a solventes. A degradação dos compostos orgânicos, que
ocorre principalmente no tratamento por compostagem e nos aterros sanitários,
libera metano e gás sulfídrico, que é inalado pelos trabalhadores não protegidos
por máscaras adequadas.

Ao observarmos os postos de trabalho, podemos verificar, também, riscos


ergonômicos se considerarmos que, normalmente, são pessoas que realizam
grande esforço físico, principalmente na coleta de resíduos sólidos urbanos em
que, além de carregar peso, precisam acompanhar a velocidade do caminhão de
coleta. E, também, durante o tratamento do resíduo, como na reciclagem, pois os
operadores desenvolvem tarefas repetitivas, com sobrecarga muscular e postura
inadequada, durante o trabalho de seleção de materiais desempenhado junto
às esteiras. Também o risco de acidentes está presente em diversas atividades
e etapas do trabalho com resíduos, desde a coleta em que pode ocorrer um
corte provocado por cacos de vidro descartados inadequadamente nos resíduos
domiciliares até o esmagamento, principalmente, dos membros superiores,
provocado pelo compactador instalado nos caminhões de coleta ou,
até mesmo, a queda do veículo em movimento ou um atropelamento. Trabalhadores
Nos aterros, também podem acontecer atropelamentos, soterramento envolvidos nas
e explosão provocada pela presença de metano. Trabalhadores diversas etapas do
envolvidos nas diversas etapas do manejo de resíduos sólidos podem manejo de resíduos
estar expostos a todos os tipos de riscos (físicos, químicos, biológicos, sólidos podem
estar expostos
ergonômicos e de acidentes), dependendo da função que exerce e do
a todos os tipos
tipo de resíduo que manipula. de riscos (físicos,
químicos, biológicos,
O trabalho laboral com segurança e higiene é um direito de ergonômicos e
todo trabalhador, assegurado pela legislação brasileira. Assim, os de acidentes),
profissionais ligados à saúde e à segurança precisam preocupar- dependendo da
função que exerce
se em criar e manter ambientes com condições adequadas para os
e do tipo de resíduo
trabalhadores e, consequentemente, para a empresa e para o meio que manipula.
ambiente. Para auxiliar essa atividade, é importante iniciar pela

81
Proteção do Meio Ambiente

conscientização da população usuária dos serviços de coleta de resíduos, por


meio de campanhas de educação ambiental eficazes, no sentido de praticar a
reciclagem na fonte, com a correta segregação dos materiais. O poder público, ao
implementar o Plano Nacional de Resíduos Sólidos, também contribui, pois estará
preocupado em soluções técnicas cada vez melhores para as diversas etapas
do trabalho com resíduos, como a coleta seletiva eficaz com a possibilidade de
instalar contêineres que poderão diminuir o contato dos trabalhadores com o lixo.
O treinamento dos trabalhadores para as atividades que desempenham pode
diminuir o número de acidentes na medida em que estarão conscientes dos riscos
a que estão expostos.

O trabalho com resíduos sólidos exige o uso de EPI, que não devem ser
negligenciados, ou seja, devem ser fornecidos e controlados, como calçados
adequados, uniformes, luvas, óculos, protetores auriculares e máscaras.

A figura 3 a seguir apresenta um trabalhador com os EPI adequados para o


transporte de resíduos sólidos, que, considerando a cor do “saco de lixo”, trata-se
de resíduo de estabelecimentos de saúde.

Figura 3 – Trabalhador usando EPI adequado

É, também, muito
importante adotar
campanhas de
educação ambiental
para conscientizar a
população usuária Fonte: Disponível em: <http://athotransportes.blogspot.
dos serviços com.br/>. Acesso em: 13 out. 2013.
de coleta de
resíduos quanto
aos benefícios A NR-24, norma regulamentadora do Ministério do Trabalho,
de praticar a também estabelece que o empregador deve propiciar condições
reciclagem na sanitárias e de conforto nos locais de trabalho. Nesse caso, o
fonte, com a correta empregador precisa prever instalações para higiene dos trabalhadores,
segregação dos como, por exemplo, um local para o banho após a jornada de trabalho.
materiais.
É, também, muito importante adotar campanhas de educação

82
Capítulo 2 A Segurança do Trabalho nas
Atividades que Envolvem Resíduos Sólidos

ambiental para conscientizar a população usuária dos serviços de coleta de


resíduos quanto aos benefícios de praticar a reciclagem na fonte, com a correta
segregação dos materiais.

Para auxiliar na gestão da segurança e saúde dos operários, é importante


implementar alguns programas previstos nas normas regulamentadoras, como o
Programa de Prevenção de Acidentes (PPRA) e o Programa de Controle Médico de
saúde Ocupacional (PCMSO), contemplados nas NR-9 e NR-7, respectivamente,
além de implantar e incentivar os trabalhos realizados pela Comissão Interna de
Prevenção de Acidentes (CIPA ).

Atividade de Estudos:

1) O que são resíduos especiais? Cite alguns exemplos.


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2) O que é o “princípio dos 3 R’s?


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3) Qual é a norma regulamentadora do Ministério do Trabalho


que estabelece a obrigatoriedade de o empregador propiciar
condições sanitárias e de conforto nos locais de trabalho para os
empregados?

83
Proteção do Meio Ambiente

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Algumas Considerações
Caro aluno! Nesse capítulo, tivemos a oportunidade de conhecer um pouco
sobre o manejo dos resíduos sólidos provenientes de diversos setores, sendo
da indústria, do comércio, dos estabelecimentos de serviços da saúde, das
residências, dentre outros.

Sabemos que o ser humano é responsável pela geração de diversos tipos


de resíduos, por isso, ao pensarmos nessa problemática, precisamos sempre
conhecer, identificar as características, classificar de acordo com a legislação
vigente para facilitar o planejamento e o manejo desse produto, que, muitas vezes,
ainda apresenta um considerável valor econômico ou um potencial poluidor muito
grande. Aliás, ao realizarmos esse planejamento, devemos considerar, sempre,
que existem seres humanos envolvidos nessas atividades e que nós, engenheiros
de segurança do trabalho, somos responsáveis pela saúde e pela segurança
desses empregados que atuam no manejo de resíduos sólidos.

Se você realmente estiver interessado e comprometido com a questão da


minimização dos danos ambientais causados pela disposição final inadequada
dos resíduos sólidos, sugiro que faça a leitura da Lei nº 12.305/2010, também
chamada de Política Nacional dos Resíduos Sólidos, em que estão previstas
as diretrizes para a gestão dos resíduos e, também, as responsabilidades de
diversos setores da sociedade, desde a produção do bem até o consumidor final.

84
Capítulo 2 A Segurança do Trabalho nas
Atividades que Envolvem Resíduos Sólidos

Referências
ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 10.004: Resíduos
sólidos – Classificação. Rio de Janeiro, 2004.

______. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 9.190. Sacos plásticos


para acondicionamento de lixo – Classificação. Rio de Janeiro, 1993a.

______. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 12.809. Procedimento


de Manuseio dos Resíduos de Serviços de Saúde. Rio de Janeiro, 1993b.

______. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 9.191. Especificação


de sacos plásticos para acondicionamento de lixo. Rio de Janeiro, 2000.

BRASIL. Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução CONAMA nº 275 de


25 de abril de 2001. Publicada no Diário Oficial da União, Brasília, DF, 19 jun.
2001. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res01/ res27501.
html>. Acesso em: 14 set. 2013.

______. Ministério do Meio Ambiente. Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos


Recursos Naturais Renováveis. Instrução Normativa Nº 13, de 18 de dezembro
de 2012. Diário Oficial da União, seção 1, n. 245, p. 200.

______. Presidência da República. Casa Civil Subchefia para Assuntos


Jurídicos. Lei nº 12.305, de 02 de agosto de 2010. Institui a Política Nacional de
Resíduos Sólidos; altera a Lei no 9.605, de 12 de fevereiro de 1998; e dá outras
providências. Brasília, 2010.

______. Ministério do trabalho e emprego. NR 24 - Condições Sanitárias


e de Conforto nos Locais de Trabalho. Portaria SSST n.º 13, de 17
de setembro de 1993. Disponível em: <http://portal.mte.gov.br/data/files/
FF8080812BE914E6012BF2D82F2347F3/nr_24.pdf>. Acesso em: 1 nov. 2013.

______. Ministério do trabalho e emprego. NR 9 – Programa de prevenção de


riscos ambientais. Portaria SSST n.º 25, 29 de dezembro de 1994. Disponível
em: <http://portal.mte.gov.br/data/files/FF8080812BE914E6012BEF1CA0393B27/
nr_09_at.pdf>. Acesso em: 1 nov. 2013.

______. Ministério do trabalho e emprego. NR 7 – Programa de controle


médico de saúde ocupacional. Portaria SSST n.º 24, de 29 de dezembro de
1994. Disponível em : <http://portal.mte.gov.br/data/files/8A7C812D308E2166013
0E0819FC102ED/nr_07.pdf >. Acesso em: 1 .nov. 2013.
85
Proteção do Meio Ambiente

FIGUEIREDO, M. G.; SANTOS, M. S.; FERRARI, L. R. Estação de Tratamento


de Efluentes das Indústrias Têxteis: otimização através da implantação de
medidas de prevenção à poluição. In: Congresso Interamericano de Engenharia
Sanitária e Ambiental, 27, 2000, Porto Alegre. Anais... Porto Alegre, 2000.

86
C APÍTULO 3
Segurança do Trabalho
e Saneamento Básico

A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes


objetivos de aprendizagem:

� Conhecer as atividades que compõem o saneamento básico.

� Identificar e avaliar os riscos inerentes às atividades relacionadas com o


saneamento básico.

� Propor ações para a melhoria dos ambientes de trabalho.


Capítulo 3 Segurança do Trabalho e
Saneamento Básico

Contextualização
A Lei nº 11.445 de 5 de janeiro de 2007, que traz as diretrizes básicas
nacionais para o saneamento básico e para a política federal de saneamento
básico, em seu art. 3º estabelece que o saneamento básico é o “[...] conjunto de
serviços, infraestruturas e instalações operacionais de abastecimento de água,
esgotamento sanitário, limpeza urbana, manejo de resíduos sólidos e drenagem
e manejo das águas pluviais urbanas” (BRASIL, 2007, p. 3). Ou seja, são ações
com o objetivo de alcançar um ambiente salubre e, consequentemente, uma
população saudável.

Ao realizarmos o estudo sobre a segurança do trabalho relacionada ao


saneamento básico, torna-se importante definir e contextualizar os ambientes de
trabalho, ou seja, o local onde o empregado realiza o seu trabalho e desempenha a
sua função. Assim, ao conhecer o ambiente de trabalho e as operações envolvidas,
é possível realizar um levantamento dos riscos ambientais presentes em cada
setor do saneamento básico. Além disso, faz-se importante definir quais são as
medidas de segurança obrigatórias ou recomendadas para diminuir ou anular os
riscos em cada ambiente de trabalho. Assuntos que serão tratados neste capítulo.

Boa Leitura!

Abastecimento de Água Potável


Conforme a Lei nº 11.445 de 5 de janeiro de 2007, em seu art. 3º, o
abastecimento de água potável é “[...] constituído pelas atividades, infraestruturas
e instalações necessárias ao abastecimento público de água potável, desde
a captação até as ligações prediais e respectivos instrumentos de medição”
(BRASIL, 2007, p. 3).

Na superfície da terra não encontramos água quimicamente pura, no entanto,


utilizamos a expressão “água pura” como sinônimo de “água potável”, que é a
água com qualidade satisfatória para o uso doméstico.

Características da água

Podemos estudar a água, analisando as suas características físicas,


químicas e biológicas, a saber:

a) Características físicas: estão relacionadas ao aspecto estético da água. São


exemplos dessas características:

89
Proteção do Meio Ambiente

• Cor – a água pura não possui cor. Esta é observada quando encontramos
substâncias em suspensão. Quando ocorre a presença de matéria orgânica,
de minerais, como ferro e manganês, ou despejos coloridos provenientes de
efluentes industriais, fica acentuada a presença de cor na água.

• Turbidez – resulta da presença de materiais em suspensão na água, como


partículas insolúveis de solo, matéria orgânica e, também, organismos
microscópicos. A turbidez pode ser causada por partículas de argila ou lodo,
descarga de esgoto doméstico ou industrial, presença de um grande número
de microrganismos. Além isso, a turbidez pode ser causada por bolhas
de ar finamente divididas em alguns pontos da rede de distribuição ou em
instalações domiciliares.

• Sabor e Odor – são consideradas em conjunto, pois, geralmente, o sabor


é consequência do odor. São causados por impurezas dissolvidas, muitas
vezes de natureza orgânica, como fenóis e clorofenóis, resíduos industriais,
gases dissolvidos e sólidos totais em concentração elevada.

b) Características Químicas: são determinadas por meio de análises, seguindo


os métodos adequados e padronizados.

• Agressividade – é consequência da presença de gases em solução, como


oxigênio, gás carbônico e gás sulfídrico. Possui o inconveniente de causar
corrosão em metais e outros materiais, como o cimento.

• Alcalinidade – é consequência da grande quantidade de bicarbonato de


cálcio e manganês, carbonatos ou hidróxidos de sódio, potássio, cálcio
e magnésio. Contribui para a salinidade da água e influi nos processos de
tratamento da água.

• Cloretos – podem ocorrer na água, naturalmente ou em função da poluição


provocada por esgotos sanitários ou industriais. Por isso, podem ser usados
como indicadores de poluição por esgotos sanitários.

• Compostos de Nitrogênio – estão presentes na água sob diversas formas:


amoniacal, nitritos e nitratos. São provenientes de esgotos domésticos e
industriais e da drenagem das áreas fertilizadas. A quantidade de nitrogênio na
água pode indicar se a poluição é recente ou remota, sendo possível avaliar
o grau e a distância de uma poluição, pela concentração e pela forma do
composto nitrogenado presente na água. Exemplo: águas com predominância
de nitrogênio orgânico e amoniacal estão poluídas por descarga de esgoto
próxima; águas com concentração de nitrato predominante indicam poluição
remota, pois o nitrato é o produto final da oxidação do nitrogênio. Em crianças,

90
Capítulo 3 Segurança do Trabalho e
Saneamento Básico

o nitrato é responsável pela incidência de uma doença infantil conhecida


como metemoglobinemia ou cianose que provoca descoloração da pele, em
consequência de alterações no sangue.

• Compostos Tóxicos – alguns elementos ou compostos químicos, como


arsênio, cianetos, chumbo, cromo hexavalente, prata, mercúrio, etc., podem
tornar a água tóxica, e, em concentrações muito elevadas, podem levar à
morte. Geralmente essas impurezas são provenientes de esgotos industriais
e de usos agrícolas.

• Detergentes – são responsáveis pela formação de espuma em águas


agitadas, que, por consequência, causa grandes problemas operacionais em
estações de tratamento de água. Em teores elevados, torna a água tóxica e
com sabor desagradável.

• Dureza – resulta da presença, principalmente, de sais alcalino terrosos (cálcio


e magnésio), e, em menor intensidade, de outros íons metálicos bivalentes,
tais quais: os íons ferrosos (Fe+2) e estrôncio (Sr+2). Os principais problemas
apresentados pelas águas com dureza elevada são: extinção da espuma do
sabão e incrustações e obstruções nas tubulações e caldeiras.

• Ferro e Manganês – conferem à água um sabor amargo, adstringente e


coloração amarelada ou avermelhada, no caso do ferro; e marrom, no caso
do manganês, decorrente de sua precipitação quando oxidados. Causam
transtorno quando mancham roupas e porcelanas, prejudicam a indústria têxtil
e de papel e obstruem as tubulações.

• Fluoretos – embora o flúor seja benéfico para a prevenção de cáries


dentárias, em doses mais elevadas, podem provocar alterações ósseas e
ocasionar a fluorose dentária, que é o aparecimento de manchas escuras nos
dentes, inflamação do estômago e do intestino.

• Matéria Orgânica – é responsável pela cor, odor, turbidez e pelo consumo


do oxigênio dissolvido na água, devido à estabilização e à decomposição
biológica. Essa poluição é avaliada por meio do oxigênio dissolvido (OD),
demanda bioquímica de oxigênio (DBO) e demanda química de oxigênio
(DQO).

• Pesticidas – são substâncias químicas utilizadas em larga escala,


principalmente na agricultura, para combater as pragas, tais como: fungicidas,
formicidas, herbicidas, inseticidas e raticidas. Essas substâncias são tóxicas
ao homem, aos peixes e, também, a outros animais; por isso, causam
grandes prejuízos ao abastecimento público de água. Afetam o sistema
nervoso central.
91
Proteção do Meio Ambiente

• Salinidade – está presente quando ocorre excesso de sais dissolvidos na


água, como sulfatos, bicarbonatos e cloretos. Apresenta propriedade laxativa.

• Substâncias radioativas – são desenvolvidas pela indústria nuclear,


causando prejuízos ao homem e ao meio ambiente.

c) Características Biológicas: na água encontramos um grande número


de formas vivas, de origem animal e vegetal, que podem ser tipicamente
aquáticos ou serem introduzidos na água (poluição). São exemplos
Para ser de organismos que podem ser encontrados na água: algas e
considerada microrganismos patogênicos, como bactérias, vírus, protozoários e
“potável”, a vermes. Esses microrganismos podem alcançar o ser humano por meio
água precisa
do contato ou ingestão de água, causando doenças. Entre as bactérias
ter qualidade
satisfatória para o do grupo coliformes, a mais importante para indicador de poluição fecal
consumo humano, é a Escherichia coli.
atendendo padrões
físicos, químicos e Para ser considerada “potável”, a água precisa ter qualidade
biológicos pré-
satisfatória para o consumo humano, atendendo padrões físicos,
estabelecidos.
químicos e biológicos pré-estabelecidos.

Sistemas de abastecimento de água

Os sistemas de abastecimento de água têm como objetivo proporcionar água


aos consumidores com qualidade indispensável à preservação de sua saúde e,
também, na quantidade necessária aos seus diversos usos (consumo humano,
industrial, etc.).

O abastecimento de água para consumo humano deve ter qualidade


adequada, ou seja, não conter impurezas ou contaminantes em níveis superiores
aos padrões de potabilidade fixados, no Brasil, pela Portaria nº 2914, de 12
de dezembro de 2011, do Ministério da Saúde. Valores acima dos limites
estabelecidos são considerados nocivos à saúde humana.

Recomendo, a título de leitura complementar, o texto da Portaria


MS nº 2914, de 12 de dezembro de 2011, que dispõe sobre os
procedimentos, necessários e obrigatórios, de controle e de vigilância
da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de
potabilidade. Essa portaria está disponível em: <http://bvsms.saude.

92
Capítulo 3 Segurança do Trabalho e
Saneamento Básico

gov.br/bvs/saudelegis/gm/2011/prt2914_12_12_ 2011.html>. Acesso


em: 17 set. 2013.

Um sistema de abastecimento de água é composto, normalmente, das


seguintes unidades:

Manancial – recurso hídrico de onde é captada a água, podendo ser


superficial (rios e lagos) ou subterrâneo. A avaliação para escolha do manancial
considera a sua localização, quantidade de água disponível e a qualidade da
água bruta.

Captação – é a etapa de retirada da água do manancial, podendo ser feita


por meio de tomada direta ou utilizando sistemas de bombeamento.

Adução – transporte de água entre duas unidades do sistema de


abastecimento, realizado por intermédio de tubulações ou canais (adutoras).
Temos adução de água bruta e de água tratada.

Tratamento – é o conjunto de processos que são adotados para transformar


a água bruta em água potável, atendendo aos padrões físicos, químicos e
bacteriológicos definidos em legislação específica. O tratamento é realizado na
Estação de Tratamento de Água (ETA).

Reservação – é o acúmulo de água em reservatórios para compensar as


variações de consumo, garantir o abastecimento quando ocorrem as paradas
no sistema de captação e adução de água e proporcionar a pressão mínima
necessária na rede de distribuição.

Rede de distribuição – são tubulações dispostas nas vias públicas com o


objetivo de efetuar o fornecimento de água às edificações.

Em alguns sistemas de abastecimento são necessárias estações elevatórias


ou de recalque, com instalações de bombeamento para proporcionar o transporte
de água de pontos mais baixos para os mais elevados.

A figura a seguir apresenta um esquema das etapas de um sistema de


tratamento de água, com os respectivos processos de tratamento envolvidos
na operação.

93
Proteção do Meio Ambiente

Figura 4 – As etapas do sistema de tratamento de água

Fonte: Portal São Francisco (2011).

Tratamento de água

Os principais processos utilizados em Estações de Tratamento de Água


(ETA) convencionais são:

Coagulação (Mistura rápida) – ocorre a adição de substâncias coagulantes


com o objetivo de aglutinar as minúsculas partículas presentes na água, formando
flocos que, posteriormente, serão sedimentados e filtrados. O sulfato de alumínio
(sólido ou líquido) é um coagulante bastante utilizado, mas estudos comprovam a
eficiência de outros produtos como: cloreto férrico, sulfato ferroso, sulfato férrico e
polímeros sintéticos.

Floculação – ocorre a formação dos flocos, em câmaras (floculadores) onde


a água recebe agitação lenta, permitindo a aglutinação das impurezas.

Decantação – etapa em que ocorre a sedimentação dos flocos por meio da


ação da gravidade, em unidades chamadas de decantadores.

Filtração – é a passagem da água por uma camada filtrante (leito), formada

94
Capítulo 3 Segurança do Trabalho e
Saneamento Básico

de areia, cascalho e antracito. Esses filtros podem ser lentos (taxa de filtração
de 3 a 9 m3/m2.dia) ou rápidos (taxa de filtração de 120 a 360m3/m2.dia), sendo
os primeiros indicados para cidades pequenas, quando a água não apresentar
turbidez muito elevada. Os filtros rápidos podem ser de fluxo ascendente ou
descendente.

Desinfecção – são adicionadas substâncias desinfetantes com o objetivo


de eliminar os microrganismos patogênicos eventualmente presentes na água
e garantir um residual de cloro ativo para prevenir possíveis contaminações
na rede de distribuição. Os produtos mais utilizados são os compostos de
cloro (hipocloritos, cal clorada, cloro gasoso, etc.), mas também podem ser
usados outros processos, como o ozônio, raios ultravioletas, permanganato de
potássio, etc.

Correção do pH – para que a água distribuída à população esteja dentro


dos padrões de potabilidade, geralmente é necessário realizar a correção do pH
por meio da adição de produtos químicos. Dependendo do valor do pH da água,
são adicionados produtos que provocam a sua diminuição (ácido clorídrico,
ácido sulfúrico) ou a sua elevação (cal hidratada, hidróxido de sadio, bicarbonato
de sódio).

Fluoretação – a fluoração ou fluoretação da água é recomendada


com o objetivo de prevenir a cárie dentária, por intermédio da adição Ao analisar uma
de fluoreto de cálcio, fluorsilicato de sódio e ácido fluossilício. ETA, lembre-se
de verificar quais
Dependendo das características da água bruta, podem ser os produtos
químicos utilizados
necessários outros tratamentos específicos, complementares aos
e as respectivas
listados anteriormente. Em águas subterrâneas, com excesso de ferro quantidades, para
e/ou manganês, é recomendado realizar “aeração” ou “pré-cloração”. que seja possível
uma avaliação dos
Ao analisar uma ETA, lembre-se de verificar quais os produtos riscos químicos
inerentes ao
químicos utilizados e as respectivas quantidades, para que seja
processo.
possível uma avaliação dos riscos químicos inerentes ao processo.

A Segurança do Trabalho e o Sistema de Tratamento de Água

O Cadastro Nacional de Atividade Econômica (CNAE) classifica as


empresas que atuam com o sistema de tratamento de água, com o nº 41.00-
9 e, desta maneira, conforme a NR-4, o grau de risco dessa atividade é 3 e o
Serviço Especializado de Segurança e Medicina do Trabalho (SESMT) deverá
ser, assim, organizado:
95
Proteção do Meio Ambiente

Quadro 8 - Dimensionamento dos SESMT

Acima de
5.000 para
Grau 50 101 251 501 1.001 2.001 3.501 cada grupo
Nº de empregados
de a a a a a a a de 4.000
no estabelecimento
Risco 100 250 500 1.000 2.000 3.500 5.000 ou fração
acima de
2.000**
Técnicos                
Técnico Seg. Trabalho - - - 1 1 1 2 1
Engenheiro Seg. Trabalho - - - - - 1* 1 1*
1
Aux. Enfermagem Trabalho - - - - - 1 1 1
Enfermeiro do Trabalho - - - - - - 1* -
Médico do Trabalho - - - - 1* 1* 1 1*
Técnico Seg. Trabalho - - - 1 1 2 5 1
Engenheiro Seg. Trabalho - - - - 1* 1 1 1*
2 Aux. Enfermagem Trabalho - - - - 1 1 1 1
Enfermeiro do Trabalho - - - - - - 1 -
Médico do Trabalho - - - - 1* 1 1 1
Técnico Seg. Trabalho - 1 2 3 4 6 8 3
Engenheiro Seg. Trabalho - - - 1* 1 1 2 1
3 Aux. Enfermagem Trabalho - - - - 1 2 1 1
Enfermeiro do Trabalho - - - - - - 1 -
Médico do Trabalho - - - 1* 1 1 2 1
Técnico Seg. Trabalho 1 2 3 4 5 8 10 3
Engenheiro Seg. Trabalho - 1* 1* 1 1 2 3 1
4 Aux. Enfermagem Trabalho - - - 1 1 2 1 1
Enfermeiro do Trabalho - - - - - - 1 -
Médico do Trabalho   1* 1* 1 1 2 3 1
(*) - Tempo parcial (mínimo de três horas)
OBS.: Hospitais, Ambulatórios, Maternidades, Casas
(**) - O dimensionamento total deverá ser feito
de Saúde e Repouso, Clínicas e estabelecimentos
levando-se em consideração o dimensiona-
similares com mais de 500 (quinhentos) empregados
mento da faixa de 3.501 a 5.000 mais o dimen-
deverão contratar um Enfermeiro do Trabalho em tem-
sionamento do(s) grupo(s) de 4.000 ou fração
po integral.
de 2.000.

Fonte: Disponível em: <http://www.guiatrabalhista.com.br/ legislacao/


nr/nr4_quadroII.htm>. Acesso em: 29 out. 2013.

Conforme o Manual de Auditoria em Saneamento (GOMES, 2002), as


atividades que podem ser relacionadas ao tratamento e à distribuição de água
potável apresentam os seguintes riscos:

96
Capítulo 3 Segurança do Trabalho e
Saneamento Básico

Riscos Físicos:

• Radiação não ionizante é caracterizada pela exposição ao sol (trabalhos a


céu aberto) e em trabalhos envolvendo solda (oficinas de manutenção).

• Temperaturas extremas (calor excessivo) em situações de trabalho a céu


aberto ou ambiente sem ventilação adequada, quando o Índice de IBUTG está
acima do limite de tolerância.

• Ruído que é proveniente de máquinas e equipamentos. Exemplo: bombas


localizadas nas estações elevatórias, roçadeiras de grama, máquinas de
aspersão de produtos químicos em represas e lagos, etc.

• Vibração decorrente das centrais de comando de elevatórias instaladas em


pavimento superior ao da casa de máquinas.

• Umidade.

Riscos Químicos:

• Exposição a inseticidas em caso de limpeza e manutenção de margens de


represas. Exemplo: organofosforados. É proibido o seu uso.

• Exposição ao cloro gasoso nos processos de pré-cloração e desinfecção.

• Exposição ao dióxido de cloro e cloritos durante o processo de tratamento de


água.

• Exposição ao gás metano, com risco de asfixia e, também, de explosão,


sendo o metano encontrado em poços de visita e em tanques esvaziados para
reparos.

• Exposição a produtos químicos nos laboratórios de análises, nos setores


de manutenção e durante o processo de diluição e de armazenamento dos
produtos utilizados no tratamento. Ocorre a formação de gases e vapores.

• Contato com óleos, graxas e, também, solventes nos trabalhos de manutenção


e na pintura de máquinas e de veículos em geral.

Riscos Ergonômicos

• Esforço físico proveniente da utilização de equipamentos pesados. Exemplo:


97
Proteção do Meio Ambiente

retirada de resíduos sólidos, no tratamento preliminar de água, com o uso de


garfos e pás.

• Trabalho solitário, especificamente para os operadores de estações menores


ou de reservatórios, em que os trabalhadores ficam inseguros, expostos à
violência por segurança pública ineficiente.

• Trabalhadores dos setores de telemarketing, reclamações e atendimento ao


público, estão sujeitos ao esforço repetitivo, consequência do trabalho de
digitação.

Riscos de Acidentes

• Acionamento indevido de máquinas e equipamentos.

• Explosão em ambientes com grande concentração de metano (tanques


esvaziados para reparo, locais de instalação de registros ou poços de visita).

• Explosão em consequência do uso de solda oxi-acetilênica (oficinas de


manutenção).

• Atropelamento durante o trabalho realizado em vias públicas.

• Acidentes de trânsito, envolvendo veículos da empresa.

• Choques elétricos pelo contato com partes desprotegidas de máquinas e


equipamentos e, também, pelo contato com redes elétricas subterrâneas
durante trabalhos de escavações nas redes de distribuição.

• Contusões e quedas.

• Picadas de animais peçonhentos que podem habitar em áreas verdes, nas


estações de tratamento e, também, nos poços de visita.

• Mordedura de cães, que podem ocorrer durante os trabalhos de leitura de


consumo de água em residências e, também, por cães de rua durante os
trabalhos realizados em vias públicas.

• Afogamento em lagos e represas, em tanques de tratamento e em


reservatórios.

• Soterramento ocorrido durante os trabalhos de construção, manutenção e


reparação das redes de água.
98
Capítulo 3 Segurança do Trabalho e
Saneamento Básico

• Traumas diversos em consequência de objetos e materiais


Analise cada posto
pesados, como as sacarias, nos procedimentos de descarga e
de trabalho, observe
armazenamento de produtos químicos. as atividades
desenvolvidas pelos
Analise cada posto de trabalho, observe as atividades trabalhadores e
desenvolvidas pelos trabalhadores e você terá a real dimensão dos você terá a real
riscos envolvidos no tratamento e na distribuição de água potável. dimensão dos
riscos envolvidos
no tratamento e na
Ações de Prevenção
distribuição de
água potável.
• Alterar as tarefas e revezar com companheiros de trabalho, com o
objetivo de reduzir a exposição ao sol.

• Em postos de trabalho fixos, com exposição ao sol, instalar toldos e guarda-


sóis para diminuir a incidência dos raios solares.

• Fornecer EPI para proteção da pele (creme com protetor solar), que seja
recomendado pelo médico, no PCMSO.

• Fornecer EPI para os trabalhadores que realizam trabalhos com solda e


acompanhar exames de radiografia de tórax e espirometria para avaliar a
exposição aos aerodispersóides não fibrogênicos.

• Realizar dosimetria de ruído para avaliar a exposição dos trabalhadores e


implementar o Programa de Conservação Auditiva (PCA) quando necessário.
Se não for possível adotar as medidas de controle coletivas, iniciando pela
redução da geração de ruído, fornecer o EPI adequado para a área de trabalho.

• Realizar acompanhamento médico dos empregados expostos a


organofosforados.

• Implantar os Planos de Contingências e, também, o Controle de Emergência


para vazamento de produtos tóxicos.

• Realizar treinamento com os trabalhadores envolvidos com atividades que os


expõem a produtos químicos, com o objetivo de esclarecer sobre os métodos
de manuseio adequados e os respectivos riscos à saúde.

• Fornecer treinamento para os trabalhadores expostos a ambientes confinados


para que estejam cientes das medidas de segurança para entrar nesses locais.

• Utilizar o EPI adequado para cada atividade.

• Adotar sinalização de segurança conforme NR-26.


99
Proteção do Meio Ambiente

• Realizar treinamento com os motoristas visando a direção defensiva.

• Fornecer treinamento adequado aos trabalhadores envolvidos com


manutenção de máquinas e equipamentos e, também, emitir ordens de
serviço para o trabalho com máquinas.
• Verificar o aterramento de todas as máquinas.

• Realizar inspeção periódica dos cilindros de gases utilizados nos equipamentos


de solda.

• Adotar o uso de procedimentos operacionais padronizados em todas as


tarefas ligadas ao tratamento de água.

• Realizar uma campanha junto aos consumidores para a vacinação dos animais
(cães) e orientar para instalar o hidrômetro em local adequado, evitando o
contato do leiturista com o cão.

O Esgoto – Coleta e Tratamento


Conforme a Lei nº 11.445 de 5 de janeiro de 2007, em seu art. 3º, o
esgotamento sanitário é “[...] constituído pelas atividades, infraestruturas e
instalações operacionais de coleta, transporte, tratamento e disposição final
adequados dos esgotos sanitários, desde as ligações prediais até o seu
lançamento final no meio ambiente” (BRASIL, 2007,p. 3).

Estações de Tratamento de Esgoto (ETE)

Os processos de tratamento utilizados em ETE são projetados conforme a


composição do esgoto e, também, em função das características que se pretende
para o efluente da estação. Essas características dependem da capacidade do
corpo receptor receber a carga poluidora e dos usos da água a jusante do ponto
de lançamento.

Para entender o processo de tratamento de esgotos, agrupamos assim:

a) Tratamento preliminar:

• remoção de sólidos grosseiros (grade);

• remoção de areia (caixa de areia).

b) Tratamento primário:

100
Capítulo 3 Segurança do Trabalho e
Saneamento Básico

• decantação de sólidos-lodo (decantador primário);

• digestão do lodo (digestor);

• secagem do lodo (leitos de secagem, adensamento, desidratação).

c) Tratamento secundário:

• remoção da matéria orgânica (tratamento biológico);

• decantação do lodo (decantador secundário);

• eliminação de microrganismos patogênicos (desinfecção).

d) Tratamento terciário:

• remoção de nutrientes, metais pesados, compostos não biodegradáveis,


microrganismos patogênicos.

O processo de tratamento inicia com o gradeamento, que tem por objetivo


reter os sólidos de maior dimensão (fraldas, sapatos, peças metálicas, garrafas,
plásticos, etc.) que foram carreados pelo esgoto. O material separado nessas
grades, conforme composição e características, recebe tratamento específico ou
é direcionado aos aterros sanitários.

As partículas menores (detritos minerais inertes), como areia, argila, etc.,


são retidas na caixa de areia. Essas etapas são realizadas com o propósito de
proteger as tubulações, válvulas, bombas e demais equipamentos das estações de
tratamento, como as estações elevatórias. Em seguida, o efluente é transportado
até os decantadores, onde são removidos os sólidos sedimentáveis (lodo),
compostos de substâncias orgânicas e inorgânicas. As estações convencionais
são projetadas com decantadores primários e secundários. O lodo, separado no
decantador primário, pode seguir uma sequência de tratamento: digestão, secagem,
adensamento, desidratação ou aplicação no solo, pois o lodo pode ser usado como
adubo orgânico. O efluente líquido, separado nos dois tipos de decantadores, é
encaminhado aos tanques de aeração, onde ocorre o tratamento biológico.

Quando o processo envolve “lodos ativados”, é realizada a agitação do


esgoto com simultânea injeção de ar, com o objetivo de formar uma massa líquida
de microrganismos. Nessa etapa, observamos que a matéria orgânica presente
no esgoto serve de alimento para os microrganismos presentes no efluente, que,
assim, se proliferam na presença do oxigênio injetado.

O tratamento biológico, em estações convencionais, pode utilizar dois

101
Proteção do Meio Ambiente

processos: o lodo ativado e o filtro biológico aeróbio. Essa etapa é


Muito importante
realizada com o objetivo de remover a matéria orgânica do efluente, ou
iniciar o tratamento
de efluentes com seja, reduzir Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO).
a instalação de
grades, pois estas Nas ETE convencionais, com tratamento por lodo ativado, o esgoto
são responsáveis fica, aproximadamente, de 6 a 8 horas no tanque de aeração (reator),
por reter objetos de e o lodo permanece de 4 a 10 dias no sistema. Estações de tratamento
todas as espécies
que são lançados com lodo ativado possuem grande capacidade de produção em áreas
na rede coletora reduzidas.
e que, se não
forem eliminados, Muito importante iniciar o tratamento de efluentes com a instalação
podem interromper de grades, pois estas são responsáveis por reter objetos de todas
o processo de
as espécies que são lançados na rede coletora e que, se não forem
tratamento.
eliminados, podem interromper o processo de tratamento.

A figura 5 a seguir apresenta um esquema com as etapas do processo de


lodos ativados em uma ETE para que você visualize o contexto com as diversas
etapas do tratamento.

Figura 5 – Etapas do processo de lodos ativados

Fonte: Disponível em: <http://www.feb.br/index.php?option=com_docman&task=doc_


download&gid=369&Itemid=168>. Acesso em: 24 ago. 2013.

A Segurança do Trabalho e o Esgoto Sanitário


102
Capítulo 3 Segurança do Trabalho e
Saneamento Básico

Conforme o Manual de Auditoria em Saneamento (GOMES, 2002), as


atividades que podem ser relacionadas à coleta e ao tratamento dos esgotos,
apresentam os seguintes riscos:

Riscos Físicos:

• Radiação não ionizante é caracterizada pela exposição ao sol (trabalhos a


céu aberto) e em trabalhos envolvendo solda (oficinas de manutenção).

• Temperaturas extremas (calor excessivo) em situações de trabalho a céu


aberto ou ambiente sem ventilação adequada, quando o Índice de IBUTG está
acima do limite de tolerância.

• Ruído que é proveniente de máquinas e equipamentos. Exemplo: bombas


localizadas nas estações elevatórias, roçadeiras de grama.

• Umidade.

Riscos Químicos:

• Exposição a inseticidas em caso de limpeza e manutenção das redes coletoras


e da estação de tratamento.

• Exposição ao ozônio durante o tratamento do lodo pode causar irritações dos


olhos, nariz e chegar ao pulmão.

• Exposição ao cloro gasoso ou líquido, durante o processo de desinfecção do


efluente líquido, conforme a concentração do produto e o tempo de exposição,
pode ser fatal.

• Exposição ao gás metano, bem como ao gás sulfídrico, ambos formados nos
processos de digestão do lodo.

• Exposição a produtos químicos nos laboratórios de análises.

• Contato com óleos, graxas e, também, solventes nos trabalhos de manutenção


e de pintura de máquinas e de veículos em geral.

Riscos Biológicos

• Exposição a microrganismos presentes no esgoto bruto que podem causar


103
Proteção do Meio Ambiente

doenças infecciosas, como diarreia e hepatite. Exemplos de microrganismos:


vírus, bactérias e fungos.

Riscos Ergonômicos

• Esforço físico proveniente da utilização de equipamentos pesados. Exemplo:


retirada de resíduos sólidos, no tratamento preliminar, com o uso de garfos.

• Trabalho noturno.

Riscos de Acidentes

• Acionamento indevido de máquinas e de equipamentos.

• Explosão em ambientes com grande concentração de metano (ambientes


confinados, tanques de sedimentação e reatores aeróbios).

• Explosão em consequência do uso de solda oxi-acetilênica (oficinas de


manutenção).

• Atropelamento durante o trabalho realizado em vias públicas.

• Acidentes de trânsito, envolvendo veículos da empresa.

• Choques elétricos pelo contato com partes desprotegidas de máquinas e


equipamentos e, também, pelo contato com redes elétricas subterrâneas
durante trabalhos de escavações nas redes coletoras de esgoto.

• Contusões e quedas.

• Picadas de animais peçonhentos que podem habitar em áreas verdes, nas


estações de tratamento e também nos poços de visita.

• Afogamento em tanques de tratamento.

• Soterramento ocorrido durante os trabalhos de construção, manutenção e


reparação das redes coletoras.

Medidas de Prevenção Sugeridas

• Alterar as tarefas e revezar com companheiros de trabalho, com o objetivo de


reduzir a exposição ao sol.
104
Capítulo 3 Segurança do Trabalho e
Saneamento Básico

• Em postos de trabalho fixos, com exposição ao sol, instalar toldos e guarda-


sóis para diminuir a incidência dos raios solares.

• Fornecer EPI para proteção da pele (creme com protetor solar), que seja
recomendado pelo médico, no PCMSO.

• Fornecer EPI para os trabalhadores que realizam trabalhos com solda e


acompanhar exames de radiografia de tórax e espirometria para avaliar a
exposição aos aerodispersóides não fibrogênicos.

• Realizar dosimetria de ruído para avaliar a exposição dos trabalhadores e


implementar o Programa de Conservação Auditiva (PCA) quando necessário.
Se não for possível adotar as medidas de controle coletivas, iniciando pela
redução da geração de ruído, fornecer o EPI adequado para a área de trabalho.

• Realizar acompanhamento médico dos empregados expostos a


organofosforados (inseticidas).

• Implantar os Planos de Contingências e, também, o Controle de Emergência


para vazamento de produtos tóxicos.

• Realizar treinamento com os trabalhadores envolvidos com atividades que os


expõem a produtos químicos, com o objetivo de esclarecer sobre os métodos
de manuseio adequados e os respectivos riscos à saúde.

• Fornecer treinamento para os trabalhadores expostos a ambientes confinados,


para que estejam cientes das medidas de segurança para entrar em locais
confinados.

• Utilizar o EPI adequado para cada atividade.

• Adotar sinalização de segurança conforme NR-26.

• Realizar treinamento com os motoristas visando a direção defensiva.

• Fornecer treinamento adequado para os trabalhadores envolvidos com


manutenção de máquinas e de equipamentos e, também, emitir ordens de
serviço para o trabalho com máquinas.

• Verificar o aterramento de todas as máquinas.

• Realizar inspeção periódica dos cilindros de gases utilizados nos equipamentos


de solda.

105
Proteção do Meio Ambiente

• Adotar o uso de procedimentos operacionais padronizados em todas as


tarefas ligadas ao tratamento de esgoto.

Apesar de todos
• O empregador deverá fornecer condições físicas adequadas para
os riscos serem
importantes e que o trabalhador consiga manter hábitos rigorosos de higiene pessoal.
precisarem ser Exemplo: local para banho ao finalizar a jornada diária de trabalho.
monitorados,
precisamos • Realizar vacinação dos trabalhadores para a respectiva
monitorar imunização, conforme orientação dos profissionais da saúde.
e controlar,
adequadamente, os
riscos biológicos, • Realizar controle médico permanente e periódico com exames
por serem parasitológicos de fezes e outros que se fizerem necessários.
praticamente
invisíveis e, Apesar de todos os riscos serem importantes e precisarem ser
portanto, não monitorados, precisamos monitorar e controlar, adequadamente, os
receberem a
riscos biológicos, por serem praticamente invisíveis e, portanto, não
importância devida.
receberem a importância devida.

Resíduos Sólidos Urbanos e Limpeza


Urbana
Os resíduos sólidos urbanos e a limpeza urbana fazem parte do Plano
Nacional de Saneamento Básico, pois foram classificados no art. 3º da Lei
nº 11.445 de 5 de janeiro de 2007, como sendo o “[...] conjunto de atividades,
infraestruturas e instalações operacionais de coleta, transporte, transbordo,
tratamento e destino final do resíduo sólido urbano, também conhecido como lixo
doméstico, bem como o lixo originário da varrição e limpeza de logradouros e vias
públicas” (BRASIL, 2007, p. 3).

Para tratar do tema “resíduos sólidos”, no Brasil, temos uma legislação bem
ampla, composta por várias leis, decretos, resoluções, instruções normativas e
portarias. Mas, a partir da Lei nº 12.305 de 2 de agosto de 2010, que institui a
Política Nacional dos Resíduos Sólidos (PNRS), foi concretizado o gerenciamento
dos resíduos sólidos - essa lei dispõe sobre os princípios, objetivos e instrumentos
e, também, sobre a gestão integrada e o gerenciamento dos resíduos sólidos,
determinando as responsabilidades dos agentes geradores e do poder público.

Na literatura, encontramos várias definições para os resíduos sólidos, mas,


para o nosso estudo, estaremos atentos a duas definições principais.

Segundo a Política Nacional de Resíduos Sólidos, resíduo sólido é:

106
Capítulo 3 Segurança do Trabalho e
Saneamento Básico

[...] todo material, substância, objeto ou bem descartado


resultante de atividades humanas em sociedade, a cuja
destinação final se procede, se propõe proceder ou se
está obrigado a proceder, no estado sólido ou semissólido,
bem como gases contidos em recipientes e líquidos cujas
particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede
pública de esgotos ou em corpos d’água, ou exijam, para isso,
soluções técnicas ou economicamente inviáveis em face da
melhor tecnologia disponível. (BRASIL, 2010, p. 2).

Contudo, a NBR 10.004/2004 tem a seguinte definição para os resíduos


sólidos:

Resíduos nos estados sólido e semissólido, que resultam


de atividades de origem industrial, doméstica, hospitalar,
comercial, agrícola, de serviços e de varrição. Ficam
incluídos nesta definição os lodos provenientes de sistemas
de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e
instalações de controle de poluição, bem como determinados
líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu
lançamento na rede pública de esgotos ou corpos de água,
ou exijam, para isso, soluções técnica e economicamente
inviáveis em face da melhor tecnologia disponível. (ABNT,
2004).

Dentre os diversos resíduos sólidos existentes, temos uma categoria


denominada RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS, que, conforme a Pesquisa
Nacional de Saneamento Básico, realizada em 2008, pelo IBGE, são “[...]
resíduos sólidos de natureza convencional, gerados em residências, em
estabelecimentos comerciais e/ou de prestação de serviços, instituições
públicas ou privadas, e similares” (IBGE, 2010, p. 187, grifos nossos).

A problemática do “lixo”, principalmente no meio urbano, assume


proporções preocupantes na medida em que as pessoas ainda não tem noção
da quantidade de “lixo” que estão produzindo e, também, não se preocupam com
o destino desse resíduo, pois, ainda, é pequena a conscientização em relação
à coleta seletiva e à forma correta de descarte. Essas práticas inadequadas são
responsáveis por diversos impactos no meio ambiente, como: contaminação do
solo e dos corpos hídricos, assoreamento, enchentes, proliferação de vetores
transmissores de doenças, emissões atmosféricas de gases responsáveis pelo
efeito estufa, mau cheiro, poluição visual e indisponibilidade econômica das
áreas utilizadas pelos lixões.

Quando falamos em “lixões”, não podemos nos esquecer do principal


poluente, o “chorume”, que é um composto líquido altamente contaminado,
proveniente da decomposição da matéria orgânica e de mistura com água
da chuva e, também, com outros líquidos existentes originalmente no lixo.

107
Proteção do Meio Ambiente

Esse líquido infiltra-se no solo, podendo alcançar o lençol freático e


Para resolver o
contaminar a água subterrânea.
problema “lixo”,
principalmente
nos aspectos Para resolver o problema “lixo”, principalmente nos aspectos
relacionados à relacionados à geração, devemos despertar, na população, por meio
geração, devemos de campanhas educativas, a conscientização de que o compromisso é
despertar, na individual para o benefício da coletividade.
população, por
meio de campanhas
De acordo com o Art. 9º, da Lei nº 12.305/2010, os processos
educativas, a
conscientização de de gestão e gerenciamento de resíduos sólidos deverão observar a
que o compromisso seguinte ordem de prioridade:
é individual para
o benefício da 1º - não geração;
coletividade.
2º – redução;

3º – reutilização;

4º – reciclagem;

5º – tratamento;

6º - disposição final adequada dos rejeitos. (BRASIL, 2010, p. 2).

Assim, precisamos adotar o Princípio dos três Rs: Redução, Reutilização


e Reciclagem, que é parte integrante da gestão e do gerenciamento dos
resíduos sólidos.

• Redução – precisamos diminuir o consumo de matérias-primas e energia, com


o objetivo de reduzir os resíduos gerados e, assim, combater o desperdício.
Essa estratégia é possível por meio de mudanças em processos produtivos
e, também, com a conscientização da população no sentido de realizar o
consumo consciente.

• Reutilização – devemos aproveitar os resíduos sólidos antes da


transformação físico-química ou biológica, observando as condições e os
padrões estabelecidos pelos órgãos competentes. Nas residências, podemos
praticar a reutilização, utilizando os dois lados da folha de papel para escrita
(rascunho), usando potes diversos para guardar alimentos, encaminhar para
doação os móveis e utensílios que estão em bom estado de conservação,
quando resolvemos adquirir outro melhor.

• Reciclagem – podemos alterar as propriedades físicas, químicas e biológicas


dos resíduos sólidos por meio de processos que transformam os materiais em
108
Capítulo 3 Segurança do Trabalho e
Saneamento Básico

insumos ou novos produtos. Essa etapa poderá ser realizada nas residências
(aproveitamento de óleo de cozinha usado para produção de sabão,
embalagens PET utilizadas para confecção de peças utilitárias e decorativas,
etc.) e por intermédio da coleta seletiva, gerando economia de energia e
matéria-prima e, também, diminuindo os custos com a coleta de resíduos e a
disposição final em aterros. A inclusão da coleta seletiva gera trabalho e renda
por meio da formação de microempresas e de cooperativas de catadores que
realizam a coleta e comercializam o material reciclável.

No contexto do princípio dos três Rs (redução, reutilização e reciclagem),


está inserida a Logística Reversa, que a Lei nº 12.305/2010 define como
“[...] o conjunto de ações, procedimentos e meios desenvolvidos pelos setores
privados, visando viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos para
reaproveitamento em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou ainda outra
destinação final ambientalmente adequada” (BRASIL, 2010, p. 2).

Assim, a referida lei estabelece, também, que os fabricantes, os importadores,


os distribuidores e os comerciantes são obrigados a implementar os sistemas de
logística reversa, independentemente do serviço público de manejo de resíduos
sólidos, para os seguintes produtos: agrotóxicos (incluindo as respectivas
embalagens vazias), pilhas e baterias, pneus, óleos lubrificantes (incluindo os
resíduos e embalagens, lâmpadas - fluorescentes, de vapor de sódio e mercúrio
e de luz mista - e produtos eletrônicos - incluindo os componentes individuais).

Ainda, pensando em Coleta Seletiva, é muito importante que a população


realize a segregação dos resíduos sólidos na fonte, ou seja, nas residências, nos
estabelecimentos comerciais, nas repartições públicas, etc. Essa segregação
é realizada pela separação em, no mínimo, três grupos: orgânicos, secos e
rejeitos. Os materiais orgânicos (restos de alimentos e folhas, etc.) são destinados
à compostagem. Os resíduos secos (papéis, plásticos, metais, vidros) são
classificados e comercializados para empresas que utilizam esses materiais na
fabricação de novos produtos. Os rejeitos (clipes, espelhos, cristais, fotografias,
papéis toalha, papéis higiênico, etc.) devem ser acondicionados e coletados pelo
serviço de coleta de lixo domiciliar tradicional.

A gestão dos resíduos sólidos urbanos precisa, necessariamente,


A gestão dos
adotar um conjunto de ações previstas no princípio dos 3 Rs – reduzir, resíduos sólidos
reutilizar e reciclar. urbanos precisa,
necessariamente,
Considerando o risco à saúde pública e, também, ao meio ambiente, adotar um conjunto
a NBR 10.004/2004 dividiu os resíduos em classes, quais sejam: de ações previstas
no princípio dos
3 Rs – reduzir,
• Resíduos de Classe I (perigosos): são resíduos que apresentam
reutilizar e reciclar.
risco à saúde pública e ao meio ambiente, por terem características
109
Proteção do Meio Ambiente

de inflamabilidade, corrosividade, reatividade e patogenicidade. Exemplo: óleo


usado, baterias, pilhas, tintas, resíduos de serviços de saúde, etc.

• Resíduos Classe II (não perigosos): essa categoria está subdividida em “não


inertes” e “inertes”. Os resíduos não inertes são classificados como Resíduos
Classe II A. Esses resíduos não se enquadram nas classificações I e IIB. Não
apresentam riscos à saúde pública e ao meio ambiente. Exemplo: papel,
restos de alimentos, etc. Os resíduos inertes são classificados como Resíduos
Classe IIB. Não solubilizam em contato com a água. Exemplo: vidros, tijolos,
alguns plásticos, borrachas, etc.

Etapas desenvolvidas durante o manejo dos resíduos sólidos urbanos:

a) Coletar o lixo domiciliar e dos serviços de saúde. Geralmente é realizado porta


a porta, com utilização de veículos de diversos tamanhos.

b) Varrer e recolher os lixos das ruas.

c) Destinar o lixo para locais adequados, passando geralmente pelas estações


de transferência e seguindo para aterros, compostagem, reciclagem industrial
e incineração. Os aterros podem ser divididos em: aterros sanitários, aterros
controlados e lixão.

Riscos laborais no setor de Resíduos Sólidos Urbanos (RSU)

Antes de relacionarmos os riscos inerentes ao trabalho com resíduos sólidos,


vamos ler um texto que conta a história de trabalho de pessoas que dependem
dessa atividade para sobreviver. Durante a leitura, você poderá identificar alguns
riscos a que esses trabalhadores estão expostos. É um texto extraído de um guia
do profissional em treinamento de saúde e segurança do trabalho aplicado ao
gerenciamento de resíduos sólidos urbanos.

“Dois trabalhadores, João e Antônia, são agentes de limpeza


pública e trabalham na coleta de resíduo domiciliar e varrição de ruas
e avenidas.

Eles realizam as atividades ao ar livre, ficam expostos ao calor,


ao frio e à chuva.

Durante a realização de coleta domiciliar, João sobe e desce do

110
Capítulo 3 Segurança do Trabalho e
Saneamento Básico

caminhão compactador de lixo muitas vezes e percorre cerca de


18 km de ruas e avenidas movimentadas da cidade. Em algumas
ruas existem ladeiras muito fortes, e isso faz com que o caminhão
compactador suba fazendo muito esforço e barulho. Isso incomoda
João que está pendurado na parte traseira do caminhão.

Após recolher os sacos de lixo deixados pelas pessoas nas ruas,


o compactador de lixo é acionado, o que também gera muito barulho.
Esse barulho também incomoda o João, principalmente nos dias
em que a população armazena latas, vidro e até entulhos de obras
dentro dos sacos plásticos. Um dia destes, ele até cortou a sua mão
em uma garrafa que não foi separada e ainda embrulhada de
maneira incorreta em jornais.

Pior foi o que aconteceu com André, companheiro de trabalho


de João, que foi picado por um escorpião ao recolher o entulho
depositado irregularmente próximo ao córrego que passa pela cidade.

Já, em outro dia, funcionários de uma clínica de idosos colocaram


na coleta domiciliar os resíduos das atividades do ambulatório,
contendo curativos, sangue e uma série de agulhas.

Enquanto João trabalha na coleta, Antônia se esforça para


deixar as ruas da cidade bem limpas. Ela trabalha na praça principal,
que é uma das mais movimentadas da cidade. O tráfego de ônibus
e automóveis é intenso; assim, uma quantidade enorme de poeira e
gases são liberados nessa região diariamente.

Na última segunda-feira, Raimundo, um companheiro dela de


trabalho, infelizmente, foi atropelado. Um motorista de táxi não viu
Raimundo trabalhando na varrição da avenida, pois ele não tinha
colocado o cone de sinalização e estava de costas para o
sentido de tráfego da avenida principal.

Antônia trabalha na varrição há cerca de 20 anos e, como


descuidou da sua postura ao promover a varrição das ruas, hoje ela
está com fortes dores na coluna. Durante esses anos de trabalho, ela
tem feito esforços físicos intensos e trabalha com sua coluna em
posição inadequada e sempre de maneira repetitiva.”

Fonte: ReCESA (2008, p. 25).

111
Proteção do Meio Ambiente

Durante a jornada de trabalho, os trabalhadores estão expostos a muitos


riscos, que podem ser classificados em: biológicos, físicos, químicos, ergonômicos
e de acidentes.

Riscos Biológicos

• Exposição a bactérias, a fungos, a protozoários e a vírus, por meio de contato


oral ou parenteral (trauma perfurocortante) com os resíduos humanos.
Exemplo: vírus causadores da hepatite. Esse risco está presente em todas as
etapas, mas acentua-se durante a coleta e nas linhas de separação (seleção
de resíduos nas esteiras em usinas de compostagem).

• Exposição a bactérias presentes em particulados suspensos no ar ou, também,


em acidentes com perfurocortantes, como o contato com a bactéria leptospira,
encontrada em fezes e urina de ratos, causadora da leptospirose. Esse risco
é bem maior para os trabalhadores da coleta de lixo, os quais, muitas vezes,
precisam aproximar as embalagens ao corpo para conseguir carregar
Algumas vacinas, várias embalagens.
como antitetânica
e de hepatite, são • Exposição ao mosquito aedes aegypti, transmissor da dengue,
responsáveis pela pelo contato com pneus, garrafas e outros materiais que foram
minimização das depositados indevidamente em locais abertos e ficaram com acúmulo
consequências de água (local apropriado para proliferação desse mosquito).
provenientes
do contato com
resíduos sólidos Algumas vacinas, como antitetânica e de hepatite, são
urbanos. responsáveis pela minimização das consequências provenientes do
contato com resíduos sólidos urbanos.

Riscos Físicos

• Ruído: exposição ao ruído causado pelo compactador de lixo instalado nos


caminhões de coleta; ruído proveniente dos veículos que circulam nas ruas;
pelos trituradores de entulhos da construção civil; pelas esteiras das usinas
de compostagem, onde os resíduos são selecionados manualmente; pelos
equipamentos e máquinas do setor de manutenção.

• Vibração: transmitida pelos veículos coletores aos empregados que trabalham no


estribo do caminhão, durante a coleta; ocorre vibração, também, nas unidades
de recebimento de entulhos, onde ocorre a trituração desse material; nas usinas
de compostagem a vibração ocorre no processo de trituração de galhos.

• Calor e radiações não ionizantes: o trabalho a céu aberto é realizado em

112
Capítulo 3 Segurança do Trabalho e
Saneamento Básico

várias situações, como, na rua, por ocasião da varrição e coleta; nas usinas
de compostagem; nas oficinas de manutenção, com o trabalho de solda.

Riscos Químicos

• Exposição, durante a coleta, a resíduos de produtos químicos, acondicionados


inadequadamente. Exemplo: (inseticidas diversos metais, como: chumbo,
mercúrio, níquel, etc.).

• Exposição à poeira mineral durante a varrição das ruas e da coleta do lixo, e


também, durante o contato com a grande circulação de veículos em aterros.

• Exposição a óleos, a graxas e a solventes, contendo tolueno e xileno, durante


o trabalho de manutenção de máquinas, de equipamentos e de veículos.

• Inalação de metano, gás sulfídrico e mercaptanas, provenientes da


decomposição orgânica dos resíduos. Ocorre, principalmente, no trabalho em
lixões e aterros.

• Nos processos de incineração, poderá haver exposição a dioxinas, a óxidos


de enxofre, ao monóxido de carbono, ao tolueno, a metais e a furanos, caso
ocorra falha no sistema de combustão. Os metais pesados carcinogênicos
(arsênio, berílio, cádmio e cromo) e os metais pesados não carcinogênicos
(alumínio, antimônio, bário, chumbo, mercúrio, níquel, prata e tálio) não são
destruídos durante a incineração e podem ser encontrados na fumaça da
chaminé e nas cinzas ou escórias.

• Exposição ao monóxido de carbono liberado pelos veículos que circulam nas


ruas durante o trabalho de varrição e coleta de resíduos.

• Trabalho com solda expõe o trabalhador a fumos metálicos.

Riscos Ergonômicos

• Esforço físico: para acompanhar a velocidade do veículo que realiza a coleta


de lixo, os “coletores” precisam caminhar e até correr muito durante a jornada
de trabalho, precisam subir e descer várias vezes ao dia do estribo do veículo
de coleta, carregam peso e varrem os locais onde são instaladas feiras livres.

• Sobrecarga muscular: com a realização de trabalhos repetitivos de


varredores de rua, coletores, operadores de máquinas, selecionadores de
materiais nas esteiras.
113
Proteção do Meio Ambiente

• Postura inadequada: trabalho realizado em pé com flexão e torção repetida de


algumas partes do corpo.

• Muitas vezes não ocorrem pausas entre a realização dessas atividades.

• Trabalho noturno.

• Trabalho sob pressão: são determinados os trechos para coleta a serem


cumpridos em determinado espaço de tempo.

• Baixa autoestima: ocasionada pela constatação de que a maioria da população


não valoriza e não reconhece o trabalho dos coletores, considerando-os parte
do lixo.

Riscos de Acidentes

• Cortes e ferimentos causados por resíduos descartados inadequadamente,


como agulhas de seringa e cacos de vidros diversos.

• Esmagamento de partes do corpo, causado pelo compactador instalado nos


veículos de coleta e pelas máquinas com partes móveis desprotegidas.

• Traumas causados pelo choque de partes do corpo contra o veículo em


movimento, pelo conjunto de cilindros da máquina trituradora de galhos, pelo
gancho de suspensão das caçambas de coleta de lixo.

• Atropelamento durante o trabalho de varrição e coleta.

• Queda do veículo coletor ocasionado por velocidade excessiva e pelas


irregularidades da pavimentação de estradas. O principal problema, porém, é
o tipo de transporte utilizado para os trabalhadores envolvidos na coleta de lixo.

• Mordeduras de animais durante o serviço de coleta e também nos aterros.


Exemplo: cachorros e ratos.

• Presença de corpos estranhos nos olhos.

• Explosão pela presença de metano (aterros) e pelo uso de solda oxi-


acetilênica sem a devida inspeção periódica dos cilindros de gases (oficinas
de manutenção).

114
Capítulo 3 Segurança do Trabalho e
Saneamento Básico

Você sabia?

Além dos riscos já comentados aqui, existe, ainda, o risco pela


falta de conforto e higiene, que nada mais é do que a exposição do
profissional à ausência de conforto no ambiente de trabalho e a riscos
sanitários. Podem-se citar alguns deles: falta de produtos de higiene
pessoal, como sabonete líquido e toalha descartável nos lavatórios;
ausência de água potável para consumo; não fornecimento de
uniformes ou equipamentos de proteção individual – EPIs; ausência
de vestiários com armários para a guarda de pertences; falta de local
apropriado para lanches ou refeições; falta de proteção contra chuva,
dentre outros. (RECESA , 2008).

Condições para um trabalho seguro

A equipe de profissionais responsáveis pela saúde e pela segurança


dos trabalhadores que exercem suas atividades junto às empresas de coleta,
transporte, tratamento e destino final dos resíduos sólidos, tem a obrigação de
fornecer um ambiente com as mínimas condições de higiene e segurança laboral.
Assim, estas são algumas sugestões de ações ou medidas a serem implantadas:

a) Programar a coleta seletiva com conteinerização dos resíduos, diminuindo o


contato dos coletores com os resíduos.

b) Realizar campanhas educativas junto à população, ensinando a forma correta


de acondicionar o lixo.

c) Umidificar as estradas não pavimentadas e, também, as vias de circulação de


veículos dentro dos aterros.

d) Implantar realização de coleta em horário de menor movimento de veículos


nas ruas e, também, modificar o ponto de saída dos gases de combustão
dos veículos de coleta. Geralmente esses pontos encontram-se na base do
veículo, podendo ser instalada no topo do veículo.

e) Reduzir a jornada de trabalho dos coletores ou implantar um rodízio de tarefas


para diminuir a exposição ao sol. Fornecer cremes de proteção solar com fator
de proteção recomendado pelo Médico do trabalho, constando no PCMSO.

115
Proteção do Meio Ambiente

Fornecer líquidos, de preferência, água, em quantidade e qualidade, para os


trabalhadores expostos ao sol.

f) Realizar a análise ergonômica do trabalho, considerando que as condições


de trabalho sempre estarão adaptadas às características psicofisiológicas
do trabalhador, e não o trabalhador adaptado ao posto de trabalho. Essa
análise deverá contemplar as características do posto de trabalho, incluindo a
observação das máquinas e dos equipamentos utilizados para o desempenho
da função e que possam causar impactos na saúde dos trabalhadores.
Ao analisar aspectos relacionados à sobrecarga do corpo humano, tais
quais: esforço físico, levantamento de peso, posturas inadequadas, grupos
musculares envolvidos no desempenho das tarefas; verificar possíveis
consequências à saúde dos trabalhadores. Se houver necessidade de realizar
pausas durante a jornada de trabalho, indicar a periodicidade e a duração
da pausa. Para indicar a alternância de funções, deve-se indicar o grupo
de músculos que serão poupados. Ao avaliar a organização do trabalho, é
necessário comparar o trabalho prescrito e o trabalho real. Para isso, são
analisadas questões como: conteúdo das tarefas, ritmo de trabalho, horas-
extras, trabalho em turnos, etc., devendo esses aspectos serem investigados
junto aos trabalhadores.

g) Realizar acompanhamento médico adequado para observar doenças em


decorrência ou agravadas por determinados trabalhos que sugerem riscos
ergonômicos.

h) Para os trabalhadores da manutenção, substituir os produtos utilizados por outros


menos tóxicos e fornecer, treinar e, também, exigir o uso de cremes protetores
para óleo-água. Prever a instalação de ventilação e exaustão de fumos nas
oficinas que trabalham com solda e exigir o exame radiológico periódico.

i) Promover manutenção adequada dos veículos, observando o ruído produzido.

j) Sempre que possível, enclausurar as máquinas ruidosas, ou parte delas, além


de realizar a sua manutenção preventiva.

k) Para diminuir a vibração em veículos, instalar dispositivos que amortecem o


impacto dos trabalhadores que viajam pendurados nos estribos de caminhões
e, também, realizar a manutenção preventiva dessas peças.

l) Fornecer e controlar o uso de Equipamento de Proteção Individual (EPI), como


luvas adequadas para cada função, protetor auricular, óculos de proteção,
máscara facial e capa de chuva.

116
Capítulo 3 Segurança do Trabalho e
Saneamento Básico

m) Fornecer uniformes suficientes para possibilitar a troca diária, sendo a


higienização destes realizada pela empresa. De acordo com a NR-24, é dever
do empregador propiciar condições sanitárias e de conforto nos locais de
trabalho. Assim, deverá estar previsto, dentre outros itens, local e
condições adequadas para a higiene pessoal. Exemplo: banho ao
final da jornada de trabalho. Conforme a Lei
nº 12.305, a
municipalidade
n) Implantar e controlar o calendário de vacinação dos trabalhadores
deverá implantar
em área de risco. aterros sanitários
adequados para
o) Verificar se os programas que envolvem a segurança do a destinação final
funcionário estão implementados na empresa, sendo os principais do lixo, prevendo
a captação e a
e iniciais: o Programa de Prevenção a Riscos Ambientais (PPRA) e
drenagem do
o Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO). chorume, e a
captação, queima
p) Incentivar a atuação efetiva da Comissão Interna de Prevenção de ou utilização dos
Acidentes (CIPA). gases liberados no
aterro. Se ocorrer
a implantação de
q) Por último, mas considerando o principal item e que abrange todas incineradores, estes
as questões anteriores, é muito importante a implementação de deverão seguir
um sistema de gestão de segurança e saúde. critérios e normas de
engenharia rigorosa
Conforme a Lei nº 12.305, a municipalidade deverá implantar para construção
e operação,
aterros sanitários adequados para a destinação final do lixo,
assegurando a
prevendo a captação e a drenagem do chorume, e a captação, combustão completa
queima ou utilização dos gases liberados no aterro. Se ocorrer e, também,
a implantação de incineradores, estes deverão seguir critérios a existência
e normas de engenharia rigorosa para construção e operação, de sistemas
herméticos para o
assegurando a combustão completa e, também, a existência de
despoeiramento.
sistemas herméticos para o despoeiramento.

Manejo de Água Pluvial Urbana


Para iniciarmos o estudo sobre o manejo da água pluvial urbana, precisamos
definir o que é água pluvial.

Águas pluviais são as águas que resultam das precipitações atmosféricas


(chuva, neblina, granizo, neve) e caem nos telhados, coberturas, etc., chegando
ao solo e infiltrando-se ou podendo escoar na superfície. De uma forma mais
simples, é a “água da chuva”. Fazendo parte do ciclo hidrológico, esta é muito
importante para a humanidade, na medida em que controla ou interfere nos
117
Proteção do Meio Ambiente

processos da natureza. Podemos citar alguns “serviços ambientais” prestados


pela água pluvial:

• manutenção da biodiversidade e do ecossistema urbano;

• recarga de corpos hídricos;

• Recarga do aquífero;

• Solvente universal.

Conforme a Lei nº 11.445, de 5 de janeiro de 2007, em seu art. 3º, a


drenagem e o manejo das águas pluviais urbanas é o “[...] conjunto de atividades,
infraestruturas e instalações operacionais de drenagem urbana de águas pluviais,
de transporte, detenção ou retenção para o amortecimento de vazões de cheias,
tratamento e disposição final das águas pluviais drenadas nas áreas urbanas”
(BRASIL, 2007, p. 3).

A drenagem de águas pluviais é assunto que preocupa muito os


administradores públicos, pois, entre os setores do saneamento, é aquele que
não pode falhar, pois, caso contrário, apresenta consequências imediatas, visíveis
e, geralmente, de grande impacto.

Com o objetivo de minimizar problemas relacionados aos recursos hídricos,


precisamos realizar a “gestão dos recursos hídricos urbanos”, ou seja, acompanhar
e controlar a disponibilidade hídrica e a drenagem urbana. Assim, para realizar
a gestão das águas pluviais, precisamos monitorar as chuvas, entender o ciclo
hidrológico, realizar a previsão do microclima e destinar, adequadamente, a água
precipitada por meio do uso de práticas que diminuam os impactos da urbanização
e garantam disponibilidade da água da chuva.

Quando pensamos em gestão da água, é importante conhecer os principais


sistemas relacionados à água no meio ambiente urbano, quais sejam:

• mananciais de águas;

• abastecimento de água;

• saneamento de efluentes domésticos;

• controle da drenagem urbana;

• controle das inundações ribeirinhas.

118
Capítulo 3 Segurança do Trabalho e
Saneamento Básico

O processo de drenagem urbana é realizado a partir da coleta da água e


resíduos sólidos provenientes da precipitação pluviométrica sobre as superfícies.
Essa água recebe tratamento e retorna aos rios, fechando o ciclo hidrológico.

O controle das inundações ribeirinhas é realizado para evitar que as


inundações naturais atinjam as populações que ocupam áreas pertencentes ao
leito maior do rio. Infelizmente, as pessoas esquecem o ciclo hidrológico da água
e ocupam áreas que podem sofrer impacto de inundações.

Um sistema de drenagem bem projetado e com manutenção eficiente


proporciona alguns benefícios:

• gastos menores com manutenção de vias públicas;

• valorização das propriedades localizadas na área com sistema de drenagem;

• rápido escoamento das águas superficiais, evitando problemas de


trafegabilidade em caso de chuvas intensas;

• redução de prejuízo às propriedades e, principalmente, diminuição do risco de


perdas humanas;

• eliminação de áreas alagadas, com águas estagnadas e também formação


de lama;

• diminuição dos impactos ambientais, causados pela chuva. Exemplo: erosões


e poluição de rios e lagos.
No Brasil, ainda
• redução da ocorrência de doenças causadas pelo contato com é muito utilizado
água poluída. um sistema misto,
em que a rede
de drenagem tem
No Brasil, ainda é muito utilizado um sistema misto, em que capacidade de
a rede de drenagem tem capacidade de transporte elevada, e, com transporte elevada,
isso, escoa o esgoto e as águas pluviais. Desta maneira, possibilita e, com isso, escoa
levar o esgoto para longe das pessoas, porém causa elevado impacto o esgoto e as águas
pluviais. Desta
ambiental sobre o sistema fluvial.
maneira, possibilita
levar o esgoto para
Antes de lançar as águas pluviais nas redes coletoras, podemos longe das pessoas,
adotar algumas medidas de controle com o objetivo de diminuir o porém causa
volume de água a ser escoada e, também, aproveitar a água pluvial elevado impacto
ambiental sobre o
para atividades que não necessitam de água potável. Veja alguns
sistema fluvial.
exemplos no quadro 9 a seguir:

119
Proteção do Meio Ambiente

Quadro 9 - Principais medidas de controle na fonte

CARACTERÍSTICA
OBRAS FUNÇÃO EFEITO
PRINCIPAL
Armazenamento temporário Retardo e/ou redução
Pavimento com da chuva no local do próprio do escoamento pluvial
Pavimento
camada de base porosa pavimento. Áreas externas gerado pelo pavimento
poroso
com reservatório. ao pavimento podem e por eventuais
também contribuir. áreas externas.

Reservatório linear Infiltração no solo ou reten- Retardo e/ou redução


Trincheira
escavado no solo ção, de forma concentrada do escoamento pluvial
de infiltra-
preenchido com e linear, da água da chuva gerado em área adja-
ção
material poroso. caída em superfície limítrofe. cente.

Infiltração no solo ou Retardo e/ou redução


Vala de Depressões lineares em retenção no leito da vala, do escoamento pluvial
infiltração terreno permeável. da chuva caída em áreas gerado em área
marginais. vizinha.
Retardo e/ou redução
Infiltração pontual, na
Reservatório vertical do escoamento pluvial
Poço de camada não saturada e/ou
e pontual escavado gerado na área contri-
infiltração saturada do solo, da chuva
no solo. buinte
caída em área limítrofe.
ao poço.
Armazenamento temporário Retardo e/ou redução
Reservatório de pequenas
Microreser- do esgotamento pluvial de do escoamento pluvial
dimensões, tipo caixa
vatório áreas impermeabilizadas gerado em áreas
d´água residencial.
próximas. impermeabilizadas.

Armazenamento temporário Retardo e/ou redução


Telhado Telhado com função
da chuva no telhado da do escoamento pluvial
reservatório reservatório.
edificação. da própria edificação.

Armazenamento temporário Retardo e/ou redução


Bacia de Reservatório e/ou infiltração no solo do do escoamento pluvial
detenção vazio (seco). escoamento superficial da da
área contribuinte. área contribuinte.
Armazenamento temporário
Retardo e/ou redução
Bacia de Reservatório com e/ou infiltração no solo do
do escoamento pluvial
retenção água permanente. escoamento superficial da
da área contribuinte.
área contribuinte.

Armazenamento temporário Retardo e/ou redução


Bacia Reservatório coberto,
do escoamento superficial da do escoamento pluvial
subterrânea abaixo do nível do solo.
área contribuinte. da área contribuinte.

120
Capítulo 3 Segurança do Trabalho e
Saneamento Básico

Condutos Condutos e dispositivos Amortecimento do


Armazenamento temporário
de armaze- com função de a escoamento afluente
do próprio sistema pluvial.
namento rmazenamento. à microdrenagem.

Amortecimento de
Faixas de terreno
Faixas Área de escape para en- cheias
marginais a corpos
gramadas chentes. e infiltração de contri-
d´água.
buições laterais.

Fonte: Silveira (2002).

O sistema de escoamento das águas pluviais urbanas

O escoamento das águas pode ocorrer de duas maneiras:

• Natural: depressão no terreno, riacho e ribeirão.

• Artificial: subdividido em microdrenagem (sarjetas, bocas de lobo, galerias) e


macrodrenagem (canais abertos e fechados).

A etapa denominada de microdrenagem é, geralmente, constituída dos


seguintes itens:

a) Pavimento da via.

b) Sarjetas.

c) Sarjetões.

d) Bocas de lobo.

e) Tubos de ligação.

f) Poço de visita.

g) Galerias.

h) Condutos forçados.

e) Estações de bombeamento.

No conceito clássico de drenagem, utiliza-se a expressão: “Toda água circulante


deve ir rapidamente para o esgoto, evitando insalubridades e desconfortos,
121
Proteção do Meio Ambiente

nas casas e nas ruas”. (SILVEIRA, 2002, p. 7). Nesse sistema de drenagem,
o início ocorre nas edificações em que a água pluvial é recolhida nas áreas
de contribuição (telhados, pátios, etc.), por meio de calhas, e transportada por
tubulações e condutores até ser lançada nas galerias pluviais que conduzem até
o corpo receptor mais próximo (riachos, rios, lagos, etc.).

O projeto das galerias, considerando a vazão de água e as condições


físicas e econômicas, poderá optar por formatos circulares, retangulares,
trapezoidais ou mistos. Sempre que o escoamento superficial é inviável, são
instaladas “bocas de lobo” para encaminhar a água até as redes de águas
pluviais. Conforme a complexidade requerida para o sistema, ainda são
implantadas obras complementares, como os bueiros, dissipadores de energia
e estações elevatórias.

No conceito moderno de drenagem urbana, o escoamento adequado e,


também, a destinação correta das águas pluviais, não é aquele realizado o mais
rápido possível, mas sim o escoamento que apresenta maiores benefícios para a
sociedade e para o meio ambiente.

A NBR 15527/2007 que recomenda os padrões de qualidade para as águas


pluviais, também estabelece a frequência de manutenção de cada componente
do sistema de drenagem urbana:

• dispositivo de descarte de detritos: inspeção mensal e limpeza trimestral;

• dispositivo de descarte do escoamento inicial: limpeza mensal;

• calhas, condutores verticais e horizontais: semestral;

• dispositivos de desinfecção: mensal;

• bombas: mensal;

• reservatório: limpeza e desinfecção anual.

Higiene e segurança do trabalho em serviços com águas pluviais

Ao executar trabalhos relacionados a águas pluviais, desde a construção


do sistema de drenagem de águas pluviais urbanas até a operação, envolvendo
a manutenção dos diversos componentes, é necessário observar e cumprir as
diversas Normas Regulamentadoras de cada tipo de trabalho realizado, além da
legislação específica do setor de saneamento.

122
Capítulo 3 Segurança do Trabalho e
Saneamento Básico

Ao relacionar os riscos envolvidos nessas atividades, podemos observar que


são idênticos aos riscos já enumerados na seção anterior, quando tratamos do
esgoto doméstico. Assim, sugiro que você faça novamente a leitura deste tópico,
bem como das medidas de segurança aplicáveis a este trabalho.

Além dos riscos já apresentados, podemos acrescentar mais um risco: expor


o trabalhador, nas instalações de elevação e tratamento, ao aumento brusco
de caudal e inundações súbitas. Para esse risco apresentado, podemos sugerir
algumas medidas de segurança, tais quais: estabelecer acessos compatíveis com
a previsão de níveis de inundação; vigiar a situação pluviométrica durante todo o
desenvolvimento do trabalho nas áreas de risco e adotar medidas de evacuação
do local.

O trabalho em redes pluviais ainda não está bem definido, assim como
estão as atividades desenvolvidas dentro de indústrias, hospitais, etc., em que os
riscos já foram estudados e catalogados em diversas áreas. Cabe ao Engenheiro
de Segurança do Trabalho avaliar todas as operações/ações executadas nos
trabalhos ligados ao saneamento básico e, em especial, às redes pluviais,
comparando-os com as Normas Regulamentadoras do Ministério do Trabalho com
o objetivo de valorizar uma atividade laboral muito importante para a preservação
do meio ambiente e, certamente, para a preservação de vidas humanas e seus
respectivos patrimônios.

A título de informação, leia o artigo Processo de Trabalho em


Redes de Esgotos Pluviais ou Mistas da Cidade de Porto Alegre:
Readaptação ou Ampliação de Condutas e Procedimentos da NR33
- Segurança e Saúde nos Trabalhos em espaços confinados, de Luiz
Francisco Pedroso Lopes, disponível em: <http://www.ppci.com.br/
pdf/nr33repm.pdf>. Acesso em: 4 set. 2013.

Atividade de Estudos:

1) Descreva as etapas que compõem um sistema de abastecimento


de água.
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123
Proteção do Meio Ambiente

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2) Quais são os riscos físicos geralmente encontrados no trabalho


com esgoto doméstico?
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3) Qual a lei que criou o Plano Nacional dos Resíduos Sólidos


(PNRS)? O que ela dispõe?
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124
Capítulo 3 Segurança do Trabalho e
Saneamento Básico

4) O que é logística reversa?


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Considerações Finais
Podemos dizer que o saneamento básico brasileiro está amparado por
meio de legislação própria. A Lei nº 11.445 de 5 de janeiro de 2007 é um marco
regulatório na história do saneamento. Essa lei estabelece as diretrizes básicas
em âmbito nacional e a política federal de saneamento básico.

Vimos, nesse capítulo, que o saneamento básico é composto por um “[...]


conjunto de serviços, infraestruturas e instalações operacionais de abastecimento
de água, esgotamento sanitário, limpeza urbana, manejo de resíduos sólidos e
drenagem e manejo das águas pluviais urbanas” (BRASIL, 2007, p. 3). Desta
forma, nós, engenheiros de segurança do trabalho, precisamos desenvolver ações
e atitudes com o objetivo de fornecer um ambiente salubre aos trabalhadores
envolvidos com o saneamento básico e, assim, possibilitarmos um índice maior
de população saudável.

Referências
ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 10.004: Resíduos sólidos
– classificação. Rio de Janeiro, 2004.

BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos


Jurídicos. Lei nº 11.445, de 5 de janeiro de 2007. Estabelece diretrizes nacionais
para o saneamento básico; altera as Leis nos 6.766, de 19 de dezembro de 1979,
8.036, de 11 de maio de 1990, 8.666, de 21 de junho de 1993, 8.987, de 13 de
125
Proteção do Meio Ambiente

fevereiro de 1995; revoga a Lei no 6.528, de 11 de maio de 1978; e dá outras


providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 8 jan. 2007, p. 3.

______. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos


Jurídicos. Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2.010. Institui a Política Nacional de
Resíduos Sólidos; altera a Lei no 9.605, de 12 de fevereiro de 1998; e dá outras
providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 3 ago. 2010, p. 2.

BRASIL. R 4 - Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em


Medicina do Trabalho (104.000-6). Aprovada pela Portaria nº 33, de 27/10/1983.
1983. Disponível em: <http://www010.dataprev.gov.br/sislex/paginas/05/mtb/4.
htm>. Acesso em: 19 set. 2013.

GOMES, Beatriz Emília; REZENDE, June Maria Passos; CERQUEIRA, Marli.


Manual de Procedimentos para Auditoria no Setor Saneamento Básico.
Ministério do Trabalho e Emprego. 2002. Disponível em http://sna.saude.gov.br/
download/MANUAL%20DE%20AUDITORIA%20EM%20SANEAMENTO.pdf .
Acesso em 06 ago.2013.

IBGE. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Instituto Brasileiro


de Geografia e Estatística – IBGE. Diretoria de Pesquisas. Coordenação de
População e Indicadores Sociais. Pesquisa Nacional de Saneamento Básico.
Rio de Janeiro: IBGE, 2010.

PORTAL SÃO FRANCISCO. Tratamento de água. 2011. Disponível em: <http://


www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/meio-ambiente-agua/tratamento-2.php>.
Acesso em: 19 set. 2013.

RECESA. Ministério das Cidades. Secretaria Nacional de Saneamento


Ambiental (Org.). Resíduos sólidos: saúde e segurança do trabalho aplicadas
ao gerenciamento de resíduos sólidos urbanos : guia do profissional em
treinamento: nível 1. Belo Horizonte: ReCESA, 2008. 56 p.

SILVEIRA, A. L. L. Ciclo hidrológico e bacia hidrográfica. In Hidrologia: ciência e


aplicação. 4. ed. cap. 2, Porto Alegre, RS: Ed. Universidade/UFRGS, 2002.

126
C APÍTULO 4
Programas de Avaliação
e Controle Ambiental

A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes


objetivos de aprendizagem:

� Conhecer alguns planos de gerenciamento elaborados para realizar a


proteção do meio ambiente.

� Organizar planos de gerenciamento de resíduos sólidos de origem diversa e


também de origem específica, como, construção civil e serviços de saúde.
Capítulo 4 Programas de Avaliação
e Controle Ambiental

Contextualização
Neste capítulo, estudaremos alguns Programas utilizados para a Avaliação e
Controle Ambiental, principalmente em relação aos resíduos sólidos gerados em
indústrias, comércios, estabelecimentos de saúde, dentre outros.

Ao iniciarmos o estudo sobre os resíduos, precisamos destacar as políticas


nacionais e as legislações ambientais existentes que dizem respeito ao assunto
em questão:

• a Política Nacional de Meio Ambiente (Lei nº 6.938 de 31/08/1981);

• a Política Nacional de Saúde (Lei Orgânica da Saúde nº 3.080 de 19/09/90);

• a Política Nacional de Educação Ambiental (Lei nº 9.795 de 27/04/1994);

• a Política Nacional de Recursos Hídricos (Lei nº 9.433 de 08/01/1997);

• a Lei de Crimes Ambientais (Lei nº 9.605 de 12/02/1998);

• o Estatuto das Cidades (Lei nº 10.257 de 10/07/2001);

• a Política Nacional de Saneamento Básico (Lei nº 11.445/07);

• a Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei nº 12.305/10).

A implementação de Planos de Gerenciamento adequados e eficazes para


cada setor produtivo e, também, a devida fiscalização e controle dos resíduos
sólidos, desde a sua geração até a disposição final, de forma continuada
e sustentável, certamente implicará em reflexos positivos no âmbito social,
ambiental e econômico. Os benefícios provenientes desse gerenciamento são
inúmeros, dos quais podemos enumerar alguns: diminuição da extração dos
recursos naturais, a abertura de novos mercados, a geração de emprego e renda,
a inclusão social de catadores, a erradicação do trabalho infantojuvenil nos lixões,
a disposição ambientalmente adequada de resíduos sólidos e a recuperação de
áreas degradadas.

Para conhecer o funcionamento desde a elaboração até a implementação dos


Planos de gerenciamento, apresentaremos alguns procedimentos recomendados:

• Plano de Controle Ambiental – PCA

• Plano de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil – PGRCC


129
Proteção do Meio Ambiente

• Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos – PGRS

• Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde – PGRSS

Aproveitem, também, para ler algumas leis e resoluções recomendadas


durante o estudo deste capítulo com o objetivo de aumentar o conhecimento
sobre o manejo de diversos resíduos sólidos.

Boa leitura!

Plano de Controle Ambiental – PCA


O processo de licenciamento ambiental de atividades potencialmente
poluidoras é geralmente composto de 3 etapas:

• Licença Prévia.

• Licença de Instalação.

• Licença de Operação.

Em cada etapa estão previstas exigências específicas de projeto, documentos


e, também, Planos de Controle Ambiental.

O Plano de Controle Ambiental (PCA) é exigência prevista na Resolução


CONAMA 009, de 6 de dezembro de 1990, quando prevê que o pedido de
concessão da Licença Ambiental de Instalação para as atividades de extração de
todos os minerais previstos no Decreto-Lei 227/67 seja acompanhado do referido
Plano. Contudo, na prática, alguns órgãos de licenciamento ambiental solicitam o
PCA também para outros tipos de atividades potencialmente poluidoras.

As atividades relacionadas à exploração da mineração possuem grande


potencial degradador do meio ambiente, pois são responsáveis pela modificação
física, biológica, antrópica e biótica do espaço em que atuam. Com o objetivo
de controlar, monitorar e mitigar os efeitos da mineração, são elaborados os
Planos de Controle Ambiental, em que estão previstas ações preventivas desde
a implantação do empreendimento, por ocasião da supressão da vegetação,
com a respectiva retirada da camada fértil, até a retirada do material principal,
que é o objeto a ser explorado. A conservação dos acessos para a extração e o
monitoramento da quantidade (volume) explorada também fazem parte do Plano.

O PCA é um documento composto pelos projetos executivos elaborados


130
Capítulo 4 Programas de Avaliação
e Controle Ambiental

para a minimização dos impactos ambientais, anteriormente avaliados


O licenciamento
durante a execução do EIA/RIMA, solicitado na fase de Licenciamento
ambiental de
Prévio. Ele pode ser exigido, também, para complementar o EIA/RIMA empresas e/
da fase de Licença Prévia. ou atividades
potencialmente
O licenciamento ambiental de empresas e/ou atividades poluidoras é
potencialmente poluidoras é composto de três licenças, requeridas e composto de três
obtidas nesta ordem: LAP, LAI, LAO. licenças, requeridas
e obtidas nesta
ordem: LAP,
Conforme a Instrução Normativa nº 04, para o licenciamento LAI, LAO.
ambiental de atividades industriais, elaborada pela Fundação do Meio
Ambiente (FATMA) - órgão responsável pelas emissões de Licenças Ambientais
no estado de Santa Catarina:

Os programas de controle ambiental devem avaliar a


possibilidade de intervenções no processo, visando à
minimização da geração de efluentes líquidos, efluentes
atmosféricos, de resíduos sólidos, de poluição térmica e sonora,
bem como a otimização da utilização de recursos ambientais.
Simultaneamente a esta providência, o empreendedor
deve promover a conscientização, o comprometimento e o
treinamento do pessoal da área operacional, no que diz respeito
às questões ambientais, com o objetivo de atingir os melhores
resultados possíveis com a implementação dos programas de
controle ambiental. (SANTA CATARINA, 2013a, p. 5).

Mais especificamente, na Instrução Normativa nº 07, elaborada pela


FATMA, para Atividades de Mineração, no item 3, que apresenta a relação
de Documentação a ser apresentada para fins de licenciamento ambiental,
encontramos a exigência de apresentar o protocolo do PCA (Plano de Controle
Ambiental) e/ou o Plano de Recuperação das Áreas Degradadas (PRAD),
elaborado por técnico habilitado.

Na mesma Instrução Normativa, no item 5, estão descritas


as medidas genéricas de controle ambiental para as atividades
de mineração. Neste momento, com o objetivo de aumentar o
conhecimento relacionado ao assunto (controle ambiental), sugiro
que faça a leitura das medidas referidas:

• proceder à umectação das vias de acesso (particulares e/ou


públicas) durante o período de explotação;

• impedir a dispersão de resíduos carregados por caminhões ao


longo das vias públicas;

131
Proteção do Meio Ambiente

• no caso do minério ficar estocado, deverá o minerador fazê-lo fora


da Área de Preservação Permanente (APP), adotando técnica
eficiente para impedir o escoamento do material para os rios ou
outros corpos d’água;

• a área de transbordo definida como aquela que primeiramente


receberá o material oriundo do processo de dragagem, deverá
situar-se a uma distância nunca inferior a 15 metros do corpo
d’água, bem como não poderá servir como porto de estocagem,
sendo o minério ali depositado imediatamente retirado após
sua secagem e depositado no porto de estocagem de material
localizado fora da APP do referido corpo d’água;

• possuir sistema de contenção e separação de óleos e graxas da


água quando este procedimento for realizado na área de extração,
observando a Resolução CONAMA 357/05;

• possuir bacia de decantação (caixa de coleta) de sedimentos


espaçadas ao longo das canaletas de águas pluviais. Realizar
limpezas periódicas. A bacia de decantação de finos deverá
ser dimensionada de acordo com a granulometria e volume do
material gerado;

• priorizar a manutenção preventiva de máquinas e equipamentos;

• a troca de óleo lubrificante das dragas e das embarcações


de apoio deverá ser efetuada à margem do corpo d’água, se
adotadas as devidas precauções que impeçam seu derramamento
e consequente poluição do local;

• somente será permitido o transporte de combustível para


abastecimento das dragas e das embarcações de apoio, devendo
realizar-se dentro de recipientes fechados, impedindo-se o seu
derramamento no corpo hídrico.

Fonte: Santa Catarina (2013b).

É importante observar que o PCA seja elaborado com o objetivo de neutralizar


todos os tipos de impactos ambientais, por meio de uma extração mineral com
atividades eficientes e principalmente eficazes, conciliadas com o meio ambiente,
de maneira que a área utilizada possa ser reabilitada, possibilitando, ao menos,
a sua utilização com outra finalidade. Tendo em vista que a etapa de exploração
132
Capítulo 4 Programas de Avaliação
e Controle Ambiental

mineral é responsável pela retirada de um grande volume de material mineral,


geralmente a recuperação total é impossível ou economicamente inviável.

O PCA pode ser considerado uma ferramenta de aferição utilizada em


casos de medidas preventivas e também corretivas, se considerarmos que
muitas empresas ainda possuem uma cultura antiga, em que não estava previsto
a recuperação das áreas utilizadas na extração de minerais, precisando ser
fiscalizadas e regulamentadas.

Para a elaboração do Plano de Controle Ambiental (PCA), é necessária


uma equipe multidisciplinar, composta de geólogo, topógrafo, laborataristas,
engenheiro civil e engenheiro de segurança do trabalho, pois o plano é composto
de várias etapas, quais sejam:

• considerar o ambiente regional em que está inserida a atividade, observando


e descrevendo o meio físico (clima, recursos hídricos, etc.), meio biótico (flora
e fauna), meio antrópico e também a geologia, incluindo os recursos minerais;

• descrever a atividade a ser realizada;

• informar o histórico da empresa; Considerando


que as atividades
• observar as características do local e, principalmente, a vocação relacionadas à
para mineração; exploração da
mineração são
• realizar análises do solo para determinar o manejo da extração, responsáveis pela
modificação física,
informando, principalmente, a espessura e também o volume que
biológica, antrópica
pode ser retirado;
e biótica do espaço
em que atuam, é
• projetar a infraestrutura necessária para a exploração, imprescindível que
possibilitando o trabalho sem interrupções; a elaboração do
PCA seja realizada
• orientar o departamento de saúde, segurança e higiene do por profissionais
trabalho no sentido de manter, sempre que possível, um ambiente de várias áreas
salubre, com minimização dos riscos ocupacionais e fornecer de atuação,
conseguindo,
treinamento periódico aos trabalhadores com o objetivo de manter
dessa maneira,
um aprendizado contínuo sobre a atividade laboral e áreas diagnosticar a
circunvizinhas, principalmente se forem habitadas. situação real de
cada empresa/
• avaliar constantemente o PCA, com o objetivo de identificar mineradora para, a
possíveis novos impactos do meio ambiente e também a eficácia seguir, implantar as
da implementação do plano atual. medidas de controle
necessárias, ou
seja, implementar
Considerando que as atividades relacionadas à exploração
o plano.
da mineração são responsáveis pela modificação física, biológica,
133
Proteção do Meio Ambiente

antrópica e biótica do espaço em que atuam, é imprescindível que a elaboração


do PCA seja realizada por profissionais de várias áreas de atuação, conseguindo,
dessa maneira, diagnosticar a situação real de cada empresa/mineradora para, a
seguir, implantar as medidas de controle necessárias, ou seja, implementar o plano.

Sugestão de leitura: Agora que você já conhece os


procedimentos básicos para a realização de um PCA, aproveite para
aumentar o seu conhecimento sobre o assunto com a leitura de um
caso real de Relatório de Controle Ambiental e Plano de Controle
Ambiental, realizado para uma jazida de argila com área de 32,75
hectares, localizada no município de Pelotas, no Rio Grande do Sul.
Disponível em: <http://licenciamento.ibama.gov.br/Rodovias/BR%20
116RS%20-%20Lote%208%20-%20Jazida%20EC%2009/RCA-PCA.
pdf>. Acesso em: 19 out. 2013

Seguindo a mesma linha de raciocínio adotada para o Plano de Controle


Ambiental elaborado para uma atividade de mineração ou de qualquer atividade
com potencial poluidor, também podemos utilizar o PCA para um município, com
o objetivo de construir uma sociedade sustentável, preocupada e comprometida
com o desenvolvimento da cidade de forma equilibrada, respeitando o meio
ambiente. Nesse sentido, em junho de 2008, o município de Curitiba, pioneiro na
preocupação com a qualidade de vida da população e o respeito ao meio ambiente,
através da Secretaria do Meio Ambiente, elaborou o “PLANO MUNICIPAL DE
CONTROLE AMBIENTAL E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL”, com
o objetivo de construir uma sociedade sustentável, ou seja, uma população
preocupada em produzir e consumir, considerando a sua história, sua cultura e
seus recursos naturais e que desenvolva um senso crítico sobre a problemática
do desenvolvimento da cidade x respeito com o meio ambiente.

Sugestão de Leitura: O Plano Municipal de Controle Ambiental do


município de Curitiba está disponível, na íntegra, para download, no
seguinte endereço: <http://www.portalodm.com.br/plano-municipal-
de-controle-ambiental-e-desenvolvimento-sustentavel--bp--401--
np--11.html>. Trata-se de um Plano amplo, com grande abrangência,
incluindo a sustentabilidade, a educação ambiental, as áreas verdes,
os recursos atmosféricos, o ruído urbano, os resíduos sólidos, os
recursos hídricos, a fauna, os recursos minerais, as unidades de

134
Capítulo 4 Programas de Avaliação
e Controle Ambiental

conservação, o patrimônio cultural, arquivístico, edificado, artístico,


imaterial, documental e arqueológico. Certamente, uma leitura de
grande utilidade para aperfeiçoamento no assunto relacionado ao
controle ambiental.

Plano de Gerenciamento de
Resíduos da Construção Civil –
PGRCC
De acordo com a Resolução CONAMA nº 307 de 5 de julho de 2002, que
estabelece as diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão dos resíduos
da construção civil, todos os geradores de resíduos provenientes
de atividades relacionadas à construção civil devem elaborar e Este plano tem por
implementar o Plano de Gerenciamento de Resíduos da Construção objetivo principal
Civil (PGRCC). O poder público municipal é responsável pela a não geração de
resíduos, seguido,
elaboração de um Plano Integrado de Gerenciamento que incorpore
também, de outras
o Programa Municipal de Gerenciamento para pequenos geradores e ações, nesta
os projetos para fiscalização e aprovação dos empreendimentos com sequência: redução,
grandes volumes de resíduos. reutilização,
reciclagem e
destinação final
Este plano tem por objetivo principal a não geração de resíduos,
correta dos
seguido, também, de outras ações, nesta sequência: redução, resíduos.
reutilização, reciclagem e destinação final correta dos resíduos.

Assim, além do objetivo principal, a implementação do PGRCC apresenta


outros resultados, como:

a) canteiro de obras com maior organização e limpeza;

b) triagem de resíduos, dificultando a mistura com os insumos;

c) reaproveitamento dos resíduos, antes do descarte final;

d) quantificação e qualificação dos resíduos descartados com a possibilidade de


identificar pontos com desperdício de materiais;

e) os resíduos recebem destino final adequado, conforme legislação vigente.

135
Proteção do Meio Ambiente

Conforme essa resolução, fazem parte do segmento de resíduos da


construção civil aqueles provenientes de atividades relacionadas à construção,
aos reparos, às reformas e às demolições de edificações e estradas, bem como à
remoção de vegetação e à escavação de solos.

Esses planos de gerenciamento podem variar desde os modelos básicos


até alguns mais completos, com um elevado grau de exigência na realização das
etapas de geração até a destinação final dos resíduos. Independentemente do
modelo a seguir, algumas informações são necessárias:

• Identificação do empreendedor: para pessoa jurídica, informar a razão social,


o nome fantasia, CNPJ, alvará de localização, endereço completo e os dados
pessoais do responsável legal pela empresa. Em caso de pessoa física,
informar o nome, CPF, RG e endereço completo.

• Responsável técnico pela obra: informar o nome com CPF e nº de inscrição


no CREA, além do endereço, e-mail e telefone.

• Responsável técnico pela implementação do PGRCC: informar o nome,


a formação profissional e a respectiva inscrição no conselho de classe
do profissional ou de todos os membros da equipe responsável pela
implementação do plano.

• Caracterização do empreendimento: informar o endereço completo e a


indicação fiscal; caracterizar a obra, descrevendo resumidamente o sistema
construtivo; apresentar a planta arquitetônica para implantação, contendo o
canteiro de obras, a área total do terreno, a área de projeção da construção
e a área total construída; nº total de trabalhadores, próprios e terceirizados;
cronograma de execução da obra.

• Caracterização dos resíduos: estimar o volume de resíduos gerados em cada


etapa da obra, informando os respectivos tipos e classes de resíduos.

Para as obras de construção, considerar as seguintes etapas: serviços gerais


e administração, instalação do canteiro de obras, fundação, estrutura, fechamento
das alvenarias, instalações prediais e revestimento.

Para as obras de demolição, o Gerador é responsável por informar e


descrever as etapas consideradas para a respectiva obra. Para identificar e
classificar os resíduos provenientes das diversas etapas da construção civil,
utilize as Resoluções CONAMA nº 307/2002, a qual estabelece diretrizes, critérios
e procedimentos para a gestão dos resíduos da construção civil; e CONAMA
nº 348/2004, que altera a Resolução CONAMA nº 307, de 5 de julho de 2002,
incluindo o amianto na classe de resíduos perigosos.
136
Capítulo 4 Programas de Avaliação
e Controle Ambiental

• Triagem dos resíduos: descrever todos os procedimentos que serão utilizados


no processo de triagem dos resíduos, lembrando, sempre que possível,
que essa etapa deverá ser realizada na origem. Realizar a separação dos
RCC conforme as classes descritas na Resolução CONAMA 307. O espaço
apropriado para a realização da triagem dos resíduos deverá estar identificado
no projeto do canteiro de obras.

• Acondicionamento dos resíduos: informar o tipo de sistema adotado para cada


classe de resíduo, bem como descrever as suas características construtivas,
considerando a classificação inicial do RCC. Identificar cada área, evitando
a mistura de resíduos de classes diferentes e, também, facilitando a coleta
posterior. O projeto do canteiro de obras deverá prever um local adequado
para o armazenamento dos resíduos.

• Transporte dos resíduos: identificar os tipos de transportes utilizados para


cada classe de resíduo, conforme legislação, observando o cadastro e
o licenciamento das empresas de transportes nos órgãos ambienteis
competentes, e, também, estimar o volume de cada tipo de RCC que será
transportado. Realizar o controle do transporte e destinação final dos resíduos
por meio do Manifesto de Transporte de Resíduos (MTR).

• Identificação das áreas destinadas para cada tipo de resíduo, após o


licenciamento dos órgãos ambientais, informando a razão social do
empreendimento, o nome fantasia, o CNPJ, o endereço completo, o
responsável legal pela empresa com os respectivos dados pessoais e nº da
autorização do órgão ambiental competente.

As transportadoras e as áreas para destino final dos resíduos, identificadas no


projeto, poderão ser substituídas após a realização do registro no Relatório de
Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil.

• Plano de Capacitação: elaborar um Plano prevendo educação ambiental


e ações de sensibilização para os trabalhadores (próprios e terceiros) que
atuam nas diversas etapas da construção civil com o objetivo de envolvê-
los na realização das metas previstas no plano, em relação à minimização,
à reutilização e à separação dos resíduos na origem e, também, ao
acondicionamento, ao armazenamento e aos transportes adequados.

• Cronograma de implementação do PGRCC: elaborar um cronograma prevendo


todas as etapas previstas na execução da obra e, consequentemente, todas
as etapas geradoras de resíduos.

Uma visão geral das etapas do PGRCC pode ser obtida por meio do
organograma apresentado a seguir:
137
Proteção do Meio Ambiente

Quadro 10 - Uma visão geral das etapas do PGRCC pode ser


obtida através do organograma apresentado a seguir

1. INFORMA- 3. COMUNICAÇÃO
2. ATIVIDADES 4. CRONO-
ÇÕES E
EDUCAÇÃO GRAMA
GERAIS DO PGRCC
AMBIENTAL

Identificação do Caracterização Apresentação do Plano Apresentação do


empreendedor dos resíduos de comunicação e cronograma de
educação ambiental implantação do
Responsável Minimização PGRCC
Técnico pela dos resíduos
obra
Segregação
Equipe técnica dos resíduos
responsável pelo
PGRCC Transporte
interno dos
Caracterização do resíduos
empreendimento
acondicionamento
inicial dos
resíduos

Reutilização e
reciclagem dos
resíduos

Transporte
externo dos
resíduos

acondicionamento
final dos resíduos

Transbordo dos
resíduos

Destinação
dos resíduos

Fonte: BRUM, Fábio Martins e HIPPERT, Maria Aparecida Steinherz: 2012.

Para aprofundar o conhecimento, sugiro a leitura da Resolução nº 307, de 5


de julho de 2002, apresentada a seguir:

138
Capítulo 4 Programas de Avaliação
e Controle Ambiental

RESOLUÇÃO Nº 307, DE 5 DE JULHO DE 2002

Estabelece diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão


dos resíduos da construção civil.

O CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE-CONAMA, no


uso das competências que lhe foram conferidas pela Lei nº 6.938,
de 31 de agosto de 1981, regulamentada pelo Decreto nº 99.274, de
6 de julho de 1990, e tendo em vista o disposto em seu Regimento
Interno, anexo à Portaria nº 326, de 15 de dezembro de 1994, e

Considerando a política urbana de pleno desenvolvimento da


função social da cidade e da propriedade urbana, conforme disposto
na Lei nº 10.257, de 10 de julho de 2001;

Considerando a necessidade de implementação de diretrizes


para a efetiva redução dos impactos ambientais gerados pelos
resíduos oriundos da construção civil; Considerando que a disposição
de resíduos da construção civil em locais inadequados contribui para
a degradação da qualidade ambiental;

Considerando que os resíduos da construção civil representam


um significativo percentual dos resíduos sólidos produzidos nas
áreas urbanas;

Considerando que os geradores de resíduos da construção civil


devem ser responsáveis pelos resíduos das atividades de construção,
reforma, reparos e demolições de estruturas e estradas, bem como por
aqueles resultantes da remoção de vegetação e escavação de solos;
Considerando a viabilidade técnica e econômica de produção e uso de
materiais provenientes da reciclagem de resíduos da construção civil; e

Considerando que a gestão integrada de resíduos da construção


civil deverá proporcionar benefícios de ordem social, econômica e
ambiental, resolve:

Art. 1º Estabelecer diretrizes, critérios e procedimentos para


a gestão dos resíduos da construção civil, disciplinando as ações
necessárias de forma a minimizar os impactos ambientais.

Art. 2º Para efeito desta Resolução, são adotadas as seguintes


definições:

139
Proteção do Meio Ambiente

I - Resíduos da construção civil: são os provenientes de


construções, reformas, reparos e demolições de obras de
construção civil, e os resultantes da preparação e da escavação
de terrenos, tais como: tijolos, blocos cerâmicos, concreto em
geral, solos, rochas, metais, resinas, colas, tintas, madeiras e
compensados, forros, argamassa, gesso, telhas, pavimento
asfáltico, vidros, plásticos, tubulações, fiação elétrica etc.,
comumente chamados de entulhos de obras, caliça ou metralha;

II - Geradores: são pessoas, físicas ou jurídicas, públicas ou privadas,


responsáveis por atividades ou empreendimentos que gerem
os resíduos definidos nesta Resolução;

III - Transportadores: são as pessoas, físicas ou jurídicas,


encarregadas da coleta e do transporte dos resíduos entre as
fontes geradoras e as áreas de destinação;

IV - Agregado reciclado: é o material granular proveniente do


beneficiamento de resíduos de construção que apresentem
características técnicas para a aplicação em obras de
edificação, de infraestrutura, em aterros sanitários ou outras
obras de engenharia;

V - Gerenciamento de resíduos: é o sistema de gestão que visa


reduzir, reutilizar ou reciclar resíduos, incluindo planejamento,
responsabilidades, práticas, procedimentos e recursos
para desenvolver e implementar as ações necessárias ao
cumprimento das etapas previstas em programas e planos;

VI - Reutilização: é o processo de reaplicação de um resíduo, sem


transformação do mesmo;

VII - Reciclagem: é o processo de reaproveitamento de um resíduo,


após ter sido submetido à transformação;

VIII - Beneficiamento: é o ato de submeter um resíduo a operações e/


ou processos que tenham por objetivo dotá-los de condições que
permitam que sejam utilizados como matéria-prima ou produto;
IX - Aterro de resíduos da construção civil: é a área onde serão
empregadas técnicas de disposição de resíduos da construção
civil Classe “A” no solo, visando a reservação de materiais
segregados de forma a possibilitar seu uso futuro e/ou futura
utilização da área, utilizando princípios de engenharia para

140
Capítulo 4 Programas de Avaliação
e Controle Ambiental

confiná-los ao menor volume possível, sem causar danos à


saúde pública e ao meio ambiente;

X - Áreas de destinação de resíduos: são áreas destinadas ao


beneficiamento ou à disposição final de resíduos.

Art. 3º Os resíduos da construção civil deverão ser classificados,


para efeito desta Resolução, da seguinte forma:

I - Classe A - são os resíduos reutilizáveis ou recicláveis como


agregados, tais como:

a) de construção, demolição, reformas e reparos de pavimentação


e de outras obras de infraestrutura, inclusive solos provenientes
de terraplanagem;

b) de construção, demolição, reformas e reparos de edificações:


componentes cerâmicos (tijolos, blocos, telhas, placas de
revestimento etc.), argamassa e concreto;

c) de processo de fabricação e/ou demolição de peças pré-


moldadas em concreto (blocos, tubos, meios-fios etc.)
produzidas nos canteiros de obras;

II - Classe B - são os resíduos recicláveis para outras destinações,


tais como: plásticos, papel/papelão, metais, vidros, madeiras
e outros;

III - Classe C - são os resíduos para os quais não foram


desenvolvidas tecnologias ou aplicações economicamente
viáveis que permitam a sua reciclagem/recuperação, tais como
os produtos oriundos do gesso;

IV - Classe D - são os resíduos perigosos oriundos do processo


de construção, tais como: tintas, solventes, óleos e outros,
ou aqueles contaminados oriundos de demolições, reformas
e reparos de clínicas radiológicas, instalações industriais e
outros.

Art. 4º Os geradores deverão ter como objetivo prioritário a não


geração de resíduos e, secundariamente, a redução, a reutilização, a
reciclagem e a destinação final.

§ 1º Os resíduos da construção civil não poderão ser dispostos


141
Proteção do Meio Ambiente

em aterros de resíduos domiciliares, em áreas de “bota fora”, em


encostas, corpos d’água, lotes vagos e em áreas protegidas por Lei,
obedecidos aos prazos definidos no art. 13 desta Resolução.

§ 2º Os resíduos deverão ser destinados de acordo com o


disposto no art. 10 desta Resolução.

Art. 5º É instrumento para a implementação da gestão dos


resíduos da construção civil o Plano Integrado de Gerenciamento de
Resíduos da Construção Civil, a ser elaborado pelos Municípios e
pelo Distrito Federal, o qual deverá incorporar:

I - Programa Municipal de Gerenciamento de Resíduos da


Construção Civil; e

II - Projetos de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil.

Art 6º Deverão constar do Plano Integrado de Gerenciamento de


Resíduos da Construção Civil:

I - as diretrizes técnicas e procedimentos para o Programa


Municipal de Gerenciamento de Resíduos da Construção
Civil e para os Projetos de Gerenciamento de Resíduos da
Construção Civil a serem elaborados pelos grandes geradores,
possibilitando o exercício das responsabilidades de todos os
geradores.

II - o cadastramento de áreas, públicas ou privadas, aptas


para recebimento, triagem e armazenamento temporário
de pequenos volumes, em conformidade com o porte da
área urbana municipal, possibilitando a destinação posterior
dos resíduos oriundos de pequenos geradores às áreas de
beneficiamento;

III - o estabelecimento de processos de licenciamento para as


áreas de beneficiamento e de disposição final de resíduos;

IV - a proibição da disposição dos resíduos de construção em áreas


não licenciadas;

V - o incentivo à reinserção dos resíduos reutilizáveis ou reciclados


no ciclo produtivo;

VI - a definição de critérios para o cadastramento de transportadores;

142
Capítulo 4 Programas de Avaliação
e Controle Ambiental

VII - as ações de orientação, de fiscalização e de controle dos


agentes envolvidos;

VIII - as ações educativas visando reduzir a geração de resíduos e


possibilitar a sua segregação.

Art 7º O Programa Municipal de Gerenciamento de Resíduos da


Construção Civil será elaborado, implementado e coordenado pelos
municípios e pelo Distrito Federal, e deverá estabelecer diretrizes
técnicas e procedimentos para o exercício das responsabilidades
dos pequenos geradores, em conformidade com os critérios técnicos
do sistema de limpeza urbana local.

Art. 8º Os Projetos de Gerenciamento de Resíduos da


Construção Civil serão elaborados e implementados pelos geradores
não enquadrados no artigo anterior e terão como objetivo estabelecer
os procedimentos necessários para o manejo e destinação
ambientalmente adequados dos resíduos.

§ 1º O Projeto de Gerenciamento de Resíduos da Construção


Civil, de empreendimentos e atividades não enquadrados na
legislação como objeto de licenciamento ambiental, deverá ser
apresentado juntamente com o projeto do empreendimento para
análise pelo órgão competente do poder público municipal, em
conformidade com o Programa Municipal de Gerenciamento de
Resíduos da Construção Civil.

§ 2º O Projeto de Gerenciamento de Resíduos da Construção


Civil de atividades e empreendimentos sujeitos ao licenciamento
ambiental, deverá ser analisado dentro do processo de licenciamento,
junto ao órgão ambiental competente.

Art. 9º Os Projetos de Gerenciamento de Resíduos da


Construção Civil deverão contemplar as seguintes etapas:

I - caracterização: nesta etapa o gerador deverá identificar e


quantificar os resíduos;

II - triagem: deverá ser realizada, preferencialmente, pelo gerador


na origem, ou ser realizada nas áreas de destinação licenciadas
para essa finalidade, respeitadas as classes de resíduos
estabelecidas no art. 3º desta Resolução;

III - acondicionamento: o gerador deve garantir o confinamento

143
Proteção do Meio Ambiente

dos resíduos após a geração até a etapa de transporte,


assegurando em todos os casos em que seja possível, as
condições de reutilização e de reciclagem;

IV - transporte: deverá ser realizado em conformidade com as


etapas anteriores e de acordo com as normas técnicas vigentes
para o transporte de resíduos;

V - destinação: deverá ser prevista de acordo com o estabelecido


nesta Resolução.

Art. 10. Os resíduos da construção civil deverão ser destinados


das seguintes formas:

I - Classe A: deverão ser reutilizados ou reciclados na forma de


agregados, ou encaminhados a áreas de aterro de resíduos
da construção civil, sendo dispostos de modo a permitir a sua
utilização ou reciclagem futura;

II - Classe B: deverão ser reutilizados, reciclados ou encaminhados


a áreas de armazenamento temporário, sendo dispostos de
modo a permitir a sua utilização ou reciclagem futura;

III - Classe C: deverão ser armazenados, transportados e


destinados em conformidade com as normas técnicas
específicas.

IV - Classe D: deverão ser armazenados, transportados, reutilizados e


destinados em conformidade com as normas técnicas específicas.

Art. 11. Fica estabelecido o prazo máximo de doze meses para que
os municípios e o Distrito Federal elaborem seus Planos Integrados
de Gerenciamento de Resíduos de Construção Civil, contemplando os
Programas Municipais de Gerenciamento de Resíduos de Construção
Civil oriundos de geradores de pequenos volumes, e o prazo máximo
de dezoito meses para sua implementação.

Art. 12. Fica estabelecido o prazo máximo de vinte e quatro meses para
que os geradores, não enquadrados no art. 7º, incluam os Projetos
de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil nos projetos
de obras a serem submetidos à aprovação ou ao licenciamento dos
órgãos competentes, conforme §§ 1º e 2º do art. 8º.

144
Capítulo 4 Programas de Avaliação
e Controle Ambiental

Art. 13. No prazo máximo de dezoito meses os Municípios


e o Distrito Federal deverão cessar a disposição de resíduos de
construção civil em aterros de resíduos domiciliares e em áreas de
“bota fora”.

Art. 14. Esta Resolução entra em vigor em 2 de janeiro de 2003.

JOSÉ CARLOS CARVALHO - Presidente do Conselho

Publicada DOU 17/07/2002.

Fonte: Brasil (2002).

Legislação aplicada à gestão dos resíduos da construção civil – Para


realizar uma gestão eficaz dos resíduos da construção civil, é fundamental
conhecer a legislação aplicada ao tema. Assim, com o objetivo de auxiliar no
reconhecimento da legislação aplicável, foram disponibilizadas algumas leis,
resoluções, normas técnicas, etc. A seguir, veremos alguns exemplos:

• Resolução CONAMA nº 307 – Gestão dos Resíduos da Construção Civil, de 5


de julho de 2002.

• Resolução CONAMA n°348 de 18 de Agosto de 2004 - Altera a Resolução


CONAMA n° 307, de 5 de julho de 2002, incluindo o amianto na classe de
resíduos perigosos.

• Resolução CONAMA n°431 de 24 de maio de 2011 - Altera a Resolução


CONAMA n° 307, de 5 de julho de 2002, estabelecendo uma nova classificação
para o gesso.

• NBR 15112:2004 - Resíduos da construção civil e resíduos volumosos - Áreas


de transbordo e triagem - Diretrizes para projeto, implantação e operação.

• NBR 15113:2004 - Resíduos sólidos da construção civil e resíduos inertes -


Aterros - Diretrizes para projeto, implantação e operação.

• NBR 15114:2004 - Resíduos sólidos da construção civil - Áreas de reciclagem


– Diretrizes para projeto, implantação e operação.

• NBR 15115:2004 - Agregados reciclados de resíduos sólidos da construção


civil – Execução de camadas de pavimentação – Procedimentos.

145
Proteção do Meio Ambiente

• NBR 15116:2004 - Agregados reciclados de resíduos sólidos da construção


civil – Utilização em pavimentação e preparo de concreto sem função
estrutural – Requisitos.

Sugestão de leitura: O Conselho Regional de Engenharia


O impulso na (CREA) do estado do Paraná lançou um manual elaborado por
indústria da
Rosimeire Suzuki Lima e Ruy Reynaldo Rosa Lima, denominado
construção civil que
vem ocorrendo nas Guia para Elaboração de Projeto de Gerenciamento de Resíduos
últimas décadas da Construção Civil, em que estão descritas todas as etapas do
é responsável projeto de gerenciamento de resíduos da construção civil, além
pela geração de
grande quantidade de apresentar um roteiro básico para a elaboração do PGRCC,
de resíduos que acompanhado da legislação pertinente ao assunto. Certamente,
precisam ser uma leitura importante com várias dicas para quem iniciar
gerenciados por trabalhos nessa área. Este guia está disponível em: <http://
meio de uma
gestão eficaz, creaweb.crea-pr.org.br/WebCrea/biblioteca_virtual/downloads/
que esteja cartilhaResiduos_baixa.pdf>. Acesso em: 2 out. 2013.
comprometida
com a diminuição
da geração até a
destinação final
adequada desses O impulso na indústria da construção civil que vem ocorrendo nas
subprodutos, os últimas décadas é responsável pela geração de grande quantidade
quais, geralmente, de resíduos que precisam ser gerenciados por meio de uma gestão
possuem um
valor econômico eficaz, que esteja comprometida com a diminuição da geração até a
agregado. destinação final adequada desses subprodutos, os quais, geralmente,
possuem um valor econômico agregado.

Plano de Gerenciamento de
Resíduos Sólidos – PGRS
O Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos, o qual estudaremos agora,
é utilizado por empresas dos ramos industriais, como indústrias alimentícias,
papeleiras, químicas, metalúrgicas, dentre outras. Os resíduos sólidos
provenientes dessas atividades apresentam características muito diversificadas
e, geralmente, apresentam toxicidade elevada. Exemplos de resíduos: lodos de
tratamentos de efluentes, óleos, cinzas, resíduos ácidos ou alcalinos, plásticos,
borrachas, vidros, cerâmicas, etc. Conforme já estudado no capítulo anterior e
como estabelece a NBR 10.004 da ABNT, esses resíduos podem ser classificados
em perigosos (classe I), não perigosos e não inertes (classe IIA) e não perigosos
e inertes (classe IIB).
146
Capítulo 4 Programas de Avaliação
e Controle Ambiental

A Norma Regulamentadora (NR-25) do Ministério do Trabalho e Emprego


(MTE), que trata dos Resíduos Industriais, estabelece a obrigatoriedade da
elaboração de medidas de prevenção de riscos e/ou sua eliminação quando
afirma que “[...] os resíduos líquidos e sólidos produzidos por processos e
operações industriais deverão ser convenientemente tratados e/ou dispostos e/ou
retirados dos limites da indústria, de forma a evitar riscos à saúde e à segurança
dos trabalhadores” (BRASIL, 2011, p.1).

Conforme a legislação brasileira, em especial a Lei 12.305/2010, que


estabelece a Política Nacional dos Resíduos Sólidos (PNRS), o gerenciamento
dos resíduos sólidos deve ser realizado com “responsabilidade compartilhada”,
ou seja, poder público, instituições governamentais e empresas privadas são
responsáveis pela gestão dos resíduos. Assim, podemos citar alguns exemplos
de geradores responsáveis pelo gerenciamento dos seus resíduos:

• Geradores de resíduos públicos de saneamento básico, com exceção da


limpeza pública e resíduos sólidos domiciliares.

• Geradores de resíduos provenientes de indústrias, considerando o processo


produtivo e as instalações industriais.

• Geradores de resíduos de serviços de saúde.

• Geradores de resíduos da construção civil, proveniente de construções,


reformas e demolições.

• Geradores de resíduos provenientes da área comercial, desde que estes não


sejam semelhantes aos resíduos domiciliares.

• Geradores de resíduos em terminais rodoviários, portuários, aéreos, etc., bem


como nas empresas de transporte.

• Geradores de resíduos provenientes de atividades agrossilvopastoris, desde


que seja exigido pelo órgão ambiental.

A Lei nº 12.305, que estabelece o Plano de Gerenciamento de Resíduos


Sólidos (PGRS), em seu Art. 21, apresenta o conteúdo mínimo previsto para a
elaboração do plano:

a) Descrição do empreendimento ou atividade responsável pela geração de


resíduos:

147
Proteção do Meio Ambiente

IDENTIFICAÇÃO DO GERADOR

Razão Social: CNPJ:

Nome fantasia:

Endereço: Município: UF:

CEP: Telefone: Fax: E-mail:

Área ocupada pela atividade (m2): N° de funcionários:

Responsável pelo PGRS:

Responsável legal:

Descrição da atividade:

Nome do contador e telefone:

b) Caracterização dos resíduos, informando também a origem e o volume:

Unidade/ Eq. Acondicion./ Tratamento Frequência de Estoque


Item Resíduo Classe
gerador Armazen. adotado geração Interno Externo

Responsável pelo empreendimento: Assinatura:

c) Relação dos responsáveis por cada etapa do gerenciamento de resíduos.

148
Capítulo 4 Programas de Avaliação
e Controle Ambiental

d) Planejamento dos procedimentos operacionais relativos às etapas do PGRS:

Estocagem temporária Destinação final


Item Resíduo Classe Observações
Data de Data de Destino
Quant. Local Quant.
entrada saída final

Responsável pelo empreendimento: Assinatura:

e) Informações sobre as possibilidades de soluções consorciadas ou


compartilhadas com outros geradores de resíduos.

f) Planejamento de ações preventivas e corretivas para utilização, em caso de


acidentes ou gerenciamento inadequado.

g) Descrição das metas e dos procedimentos previstos para a minimização, a


reutilização e a reciclagem dos resíduos.

h) Medidas saneadoras dos passivos ambientais.

i) Informações sobre os prazos para revisão do plano e prazo de vigência da


licença de operação.

Assim, todos os grandes geradores de resíduos são obrigados a elaborar


e implementar um Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos (PGRS) que
contemple os seguintes aspectos:

• minimização na geração: apresentar as técnicas e os procedimentos que a


empresa pretende implementar para reduzir a geração e para reaproveitar os
resíduos.

• segregação: separar os resíduos por classe, conforme norma ABNT NBR-


10.004, identificando-os e acondicionando-os adequadamente no momento
de sua geração, para evitar a mistura daqueles incompatíveis e possibilitando
a reutilização, a reciclagem e a segurança no manuseio.

149
Proteção do Meio Ambiente

• acondicionamento e identificação: Especificar os tipos e a capacidade


dos recipientes adotados, por tipo ou grupo de resíduos, realizando a sua
identificação por meio de simbologia padrão e estabelecer os procedimentos
corretos para o fechamento, vedação e manuseio desses recipientes. Informar
os equipamentos de proteção individual (EPI) necessários para as atividades
de acondicionamento e transporte dos resíduos e listar os produtos químicos
utilizados para a higienização dos EPIs, dos equipamentos e dos recipientes,
bem como os procedimentos recomendados.

• coleta e transporte interno: Informar se a coleta é manual ou mecânica e


descrever também os procedimentos adotados nessa atividade. Relacionar os
equipamentos utilizados nessa etapa com suas respectivas especificações.
Informar quais os procedimentos adotados em caso de acidente com
rompimento de recipientes, vazamento de líquidos ou sólidos derramados em
lugar impróprio. Descrever os procedimentos de higienização dos recipientes
de coleta e transporte e relacionar os produtos químicos utilizados. Importante
apresentar a planta baixa do estabelecimento com as rotas dos resíduos;

• armazenamento temporário: Descrever a área de armazenamento


temporário de resíduos, obedecendo as seguintes medidas de segurança
e proteção ambiental: impermeabilização do piso; cobertura e ventilação;
drenagem das águas pluviais, dos líquidos percolados e dos derramamentos
acidentais; projeto de bacia de contenção; isolamento e sinalização da
área; acondicionamento adequado; controle de operação; treinamento de
pessoal; monitoramento da área; rotulagem dos tambores e dos contêineres;
apresentar em planta baixa a localização das áreas utilizadas para estocagem
temporária dos resíduos.

• tratamento interno: Especificar o tipo e a quantidade de resíduos a serem


tratados e também as características e a quantidade de resíduos resultantes
do tratamento; descrever o princípio de funcionamento do equipamento
utilizado para o tratamento de resíduos, bem como os procedimentos previstos
para situações de emergência; apresentar em planta baixa a localização do(s)
equipamento(s) utilizados no tratamento.

• coleta e transporte externo: Especificar a frequência, o horário e o tipo de


veículo transportador utilizado para cada tipo de resíduo; informar se a
empresa responsável pela coleta externa é o próprio gerador ou empresa
contratada, fornecendo o nome, o endereço, o telefone/fax, os dados do
responsável técnico, etc.; informar dados sobre o sistema de Coleta Seletiva,
com a identificação dos resíduos; descrever o programa de treinamento da
equipe de coleta; apresentar cópia da autorização ambiental de transporte de
resíduos perigosos, quando necessário; apresentar um plano de contingência

150
Capítulo 4 Programas de Avaliação
e Controle Ambiental

para os casos de acidentes ou incidentes causados pelo manuseio incorreto


dos resíduos.

• tratamento externo: apresentar as alternativas de tratamento adotadas para


cada tipo de resíduo; relacionar todos os equipamentos utilizados,
informando o tipo, a marca, o modelo, as características, a O Plano de
capacidade nominal e operacional; apresentar cópia da Licença Gerenciamento
Ambiental da Unidade Receptora de Resíduos. deve ser elaborado
pelo gerador
• disposição final: descrever as instalações, os processos dos resíduos e
e procedimentos que visam a destinação ambientalmente encaminhado ao
órgão ambiental
adequada dos resíduos de acordo com as exigências ambientais.
competente
Observando as características e a classificação do resíduo, pode- do SISNAMA
se utilizar o reprocessamento, a reciclagem, a descontaminação, a para análise e
incorporação, o coprocessamento, o re-refino, a incineração ou a aprovação, pois
disposição final em aterros sanitários ou industriais. é documento que
integra o processo
O Plano de Gerenciamento deve ser elaborado pelo gerador dos de licenciamento
ambiental dos
resíduos e encaminhado ao órgão ambiental competente do SISNAMA
empreendimentos
para análise e aprovação, pois é documento que integra o processo ou atividades.
de licenciamento ambiental dos empreendimentos ou atividades.

Quando o empreendimento não é passível de licenciamento ambiental,


o plano de gerenciamento de resíduos sólidos deverá ser encaminhado às
autoridades municipais competentes.

O art. 22 da PNRS estabelece que “[...] para a elaboração,


implementação, operacionalização e monitoramento de todas as
etapas do plano de gerenciamento de resíduos sólidos, nelas incluído
o controle da disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos,
será designado responsável técnico devidamente habilitado”.
(BRASIL, 2010, p. 2).

Caro(a) aluno(a), apresento, a seguir, uma lista com algumas leis, normas,
decretos, com o objetivo de orientar e fornecer diretrizes para os procedimentos
necessários no manejo adequado dos resíduos sólidos.

Legislação Aplicável aos Resíduos Sólidos:

• Lei 12.305/2010 – Estabelece a Política Nacional de Resíduos Sólidos.


151
Proteção do Meio Ambiente

• NBR 10004/87 - Resíduos sólidos – Classificação.

• NBR 10005/87 - Lixiviação de resíduos – Procedimento.

• NBR 10006/87 - Solubilização de resíduos – Procedimento.

• NBR 10007/87 - Amostragem de resíduos – Procedimento.

• NBR 12235/87 - Armazenamento de resíduos sólidos perigosos.

• NBR 7500 - Transporte de produtos perigosos.

• NBR 7501/83 - Transporte de cargas perigosas.

• NBR 7503/82 - Ficha de emergência para transporte de cargas perigosas.

• NBR 7504/83 - Envelope para transporte de cargas perigosas. Características


e dimensões.

• NBR 8285/96 - Preenchimento da ficha de emergência.

• NBR 8286/87 - Emprego da simbologia para o transporte rodoviário de


produtos perigosos.

• NBR 11174/89 - Armazenamento de resíduos classes II (não inertes) e III


(inertes).

• NBR 13221/94 - Transporte de resíduos – Procedimento.

• NBR 13463/95 - Coleta de resíduos sólidos – Classificação.

• NBR 12807/93 - Resíduos de serviço de saúde – Terminologia.

• NBR 12.235/92 - Armazenamento de Resíduos Sólidos Perigosos.

• NBR 7.500/00 - Símbolos de risco e manuseio para o transporte e


armazenamento de materiais.

• NBR 10157/87 - Aterros de resíduos perigosos – Critérios para projetos,


construção e operação.

• NBR 8418/83 - Apresentação de projetos de aterros de resíduos industriais


perigosos.

152
Capítulo 4 Programas de Avaliação
e Controle Ambiental

• NBR 11175/90 - Incineração de resíduos sólidos perigosos – Padrões de


desempenho (antiga NB 1265).

• NR-25 Resíduos industriais.

• CONTRAN nº 404 - Classifica a periculosidade das mercadorias a serem


transportadas.

• Resolução CONAMA nº 06/88 - Dispõe sobre a geração de resíduos nas


atividades industriais.

• Resolução CONAMA nº 05/93 - Estabelece normas relativas aos resíduos


sólidos oriundos de serviços de saúde, portos, aeroportos, terminais
ferroviários e rodoviários.

• Resolução CONAMA nº 275/01 - Simbologia dos Resíduos.

• Resolução CONAMA nº 09/93 - Dispõe sobre uso, reciclagem, destinação re-


refino de óleos lubrificantes.

• Portaria MINTER nº 53/79 - Dispõe sobre o destino e tratamento de resíduos.

• Decreto Federal nº 96.044/88 - Regulamenta o Transporte Rodoviário de


Produtos Perigosos.

• Portaria INMETRO nº 221/91 - Aprova o Regulamento Técnico Inspeção em


equipamentos destinados ao transporte de produtos perigosos a granel não
incluídos em outros regulamentos.

Os responsáveis pelos Planos de Gerenciamento de Resíduos


Sólidos poderão ser multados, condenados a 3 anos de prisão
e sofrer sanções administrativas em caso de descumprirem as
obrigações estabelecidas na Lei nº 12.305/2010. Além disso, os
responsáveis pelos resíduos deverão reparar o dano causado ao
meio ambiente com a poluição dos recursos hídricos superficiais e
do lençol freático. Atualmente, observa-se que o investimento técnico
financeiro para a gestão adequada dos resíduos é bem menor que
aquele utilizado para a reparação do dano.

153
Proteção do Meio Ambiente

A implementação do Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos (PGRS)


requer uma sequência de ações, das quais podemos citar algumas:

• Definir as funções e responsabilidades de cada membro da empresa.

• Treinar e conscientizar todas as pessoas envolvidas no processo, desde a alta


gerência até os trabalhadores envolvidos na produção, inclusive trabalhadores
terceirizados.

• Comunicar a implementação do PGRS a todos os interessados, desde


trabalhadores, acionistas, clientes, fornecedores e comunidade do entorno.

• Elaborar e controlar a documentação referente ao plano.

• Controlar os processos envolvidos no plano, desde a classificação dos


resíduos até a destinação final adequada.

• Contratar empresas licenciadas pelos órgãos ambientais para realizar o


transporte, o tratamento e a destinação final dos resíduos.

Benefícios do PGRS

A implementação do PGRS apresenta benefícios sociais, ambientais e


econômicos, dos quais podemos citar alguns:

a) Aumento de eficiência na utilização do material durante o processo, mediante


maior controle operacional, sendo possível mensurar os resultados.

b) Redução dos gastos com a disposição final dos resíduos, por meio da
diminuição das quantidades enviadas aos aterros.

c) Lucro através da venda dos resíduos recicláveis.

d) Diminuição dos impactos ambientais e visuais.

e) Preservação dos recursos naturais renováveis e não-renováveis.

f) Marketing positivo da empresa, vinculada à imagem de responsabilidade


social e ambiental.

g) Cumprimento da legislação.
154
Capítulo 4 Programas de Avaliação
e Controle Ambiental

O correto gerenciamento dos resíduos permite uma renda extra,


O correto
por meio da venda de resíduos recicláveis.
gerenciamento dos
resíduos permite
uma renda extra, por
meio da venda de
A AGENDA 21 E OS RESÍDUOS SÓLIDOS resíduos recicláveis.

A Agenda 21 constitui um marco mundial importante na busca do


desenvolvimento sustentável em médio e longo prazo. É o principal
documento da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente
e Desenvolvimento Humano. Diz respeito às preocupações com o
nosso futuro, a partir do século XXI. Esse documento foi assinado
por 170 países, inclusive o Brasil.

O problema dos resíduos sólidos recebeu atenção especial. O


tema foi discutido amplamente e, no capítulo 21, seção II - Buscando
soluções para o problema do lixo sólido - são apontadas algumas
propostas para o seu enfrentamento , entre as quais se destacam as
seguintes recomendações:

• redução: redução do volume de resíduos na fonte (com ênfase


no desenvolvimento de tecnologias limpas nas linhas de
produção e análise do ciclo de vida de novos produtos a serem
colocados no mercado);

• reutilização: reaproveitamento direto sob a forma de um


produto, tal como as garrafas retornáveis e certas embalagens
reaproveitáveis;

• recuperação: extração de algumas substâncias dos resíduos


para uso específico como, por exemplo, os óxidos de metais etc.;

• reciclagem: reaproveitamento cíclico de matérias-primas de fácil


purificação como, por exemplo, papel, vidro, alumínio etc.;

• tratamento: transformação dos resíduos através de tratamentos


físicos, químicos e biológicos;

• disposição final: promoção de práticas de disposição final


ambientalmente seguras;

• recuperação de áreas degradadas: identificação e reabilitação de


áreas contaminadas por resíduos;

155
Proteção do Meio Ambiente

• ampliação da cobertura dos serviços ligados aos resíduos:


incluindo o planejamento, desde a coleta até a disposição final.

Fonte: ANVISA (2006, p. 35).

Plano de Gerenciamento de Resíduos


de Serviços de Saúde – PGRSS

Os resíduos de serviços de saúde são considerados parte importante do


total de resíduos sólidos urbanos, não pela quantidade gerada (cerca de 1% a
3% do total), mas pelo risco potencial que representam à saúde pública e ao meio
ambiente. Por isso, não podem e não devem ser negligenciados.

Segundo a ANVISA (2006, p. 30), esses resíduos representam um potencial


de risco em duas situações:

a) para a saúde ocupacional de quem manipula esse tipo de resíduo, seja o


pessoal ligado à assistência médica ou médico-veterinária, seja o pessoal
ligado ao setor de limpeza e manutenção;

b) para o meio ambiente, como decorrência da destinação inadequada de


qualquer tipo de resíduo, alterando as características do meio.

O regulamento técnico Resolução da Diretoria Colegiada (RDC)


É importante da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) nº 306, de 7 de
observar que a dezembro de 2004 e a resolução CONAMA nº 358 de 29 de abril de
implantação do 2005 estabelecem que todos os geradores de resíduos do serviço em
referido plano saúde são obrigados a elaborar e implantar o Plano de Gerenciamento
é obrigatória
de Resíduos de Serviços de Saúde (PGRSS).
para todos os
estabelecimentos
de saúde. É importante observar que a implantação do referido plano é
obrigatória para todos os estabelecimentos de saúde.

O PGRSS é um documento em que estão relacionadas e explicadas as ações


planejadas para o manejo dos resíduos sólidos do estabelecimento gerador nas
diversas etapas, quais sejam: geração, segregação, acondicionamento, coleta,
armazenamento, transporte, tratamento e disposição final, respeitando sempre
a proteção à saúde pública e ao meio ambiente. Em cada etapa do manejo

156
Capítulo 4 Programas de Avaliação
e Controle Ambiental

devem estar previstas as metas, os programas, os sistemas organizacionais e as


tecnologias compatíveis com a realidade do local.

O Regulamento Técnico da ANVISA define como geradores de resíduos de


serviços de saúde, todos os serviços relacionados ao atendimento:

a) à saúde humana ou animal, inclusive os serviços de assistência domiciliar e


de trabalhos de campo;

b) laboratórios analíticos de produtos para saúde;

c) necrotérios, funerárias e serviços onde se realizem atividades de


embalsamento (tanatopraxia e somatoconservação);

d) serviços de medicina legal;

e) drogarias e farmácias inclusive as de manipulação;

f) estabelecimentos de ensino e pesquisa na área de saúde;

g) centros de controle de zoonoses;

h) serviços de acupuntura;

i) distribuidores de produtos farmacêuticos, importadores, distribuidores e


produtores de materiais e controles para diagnóstico in vitro;

j) unidades móveis de atendimento a saúde;

k) serviços de tatuagem, dentre outros similares.

No entanto, essa resolução não se aplica em caso de fontes radioativas


seladas, as quais devem seguir as determinações da Comissão Nacional
de Energia Nuclear (CNEN), e as indústrias de produtos para a saúde devem
observar as condições estabelecidas no licenciamento ambiental.

Segundo a ANVISA (2006), no Manual de Gerenciamento de Resíduos dos


Serviços da Saúde,

a elaboração, implantação e desenvolvimento do PGRSS


devem envolver os setores de higienização e limpeza, a
Comissão de Controle de Infecção Hospitalar - CCIH ou
Comissões de Biosegurança e os Serviços de Engenharia

157
Proteção do Meio Ambiente

de Segurança e Medicina no Trabalho - SESMT, onde houver


obrigatoriedade de existência desses serviços, através de
seus responsáveis, abrangendo toda a comunidade do
estabelecimento, em consonância com as legislações de
saúde, ambiental e de energia nuclear vigentes. (ANVISA,
2006, p. 36).

Na elaboração do PGRSS, é importante observar alguns pontos essenciais:

• a classificação dos resíduos em 6 grupos distintos, que determinam o


tratamento e destino final adequado;

• as fases envolvidas no manuseio dos resíduos, desde a segregação até o


destino final;

• treinamento das pessoas envolvidas no processo;

• monitoramento do plano, observando possíveis melhorias.

Classificação dos resíduos da saúde

A resolução CONAMA nº 358/05 classifica os resíduos provenientes de


atividades relacionadas com a saúde humana ou animal em:

Grupo A: são substâncias ou produtos com presença de agentes biológicos,


que, em função das características, podem representar riscos de infecção. Ex.:
bolsas transfusionais contendo sangue, carcaças, placas e lâminas de laboratório,
peças anatômicas, tecidos, etc.

Grupo B: são substâncias químicas que, além de oferecer riscos à saúde


pública, também podem contaminar o meio ambiente. Ex.: reagentes de
laboratório, medicamentos, resíduos contendo metais pesados.

Grupo C: são materiais que contêm radionuclídeos em quantidades


superiores aos limites especificados pela Comissão Nacional de Energia Nuclear
(CNEM). Ex.: serviços de radioterapia e medicina nuclear.

Grupo D: são resíduos similares aos resíduos domésticos. Ex.: sobras de


alimentos e resíduos da área administrativa.

Grupo E: são os materiais perfurocortantes ou escarificantes. Ex.: agulhas,


ampolas de vidro, lâminas de barbear, lâminas de bisturi, etc.

158
Capítulo 4 Programas de Avaliação
e Controle Ambiental

O manuseio dos resíduos em etapas

Para a elaboração do PGRSS são geralmente consideradas as seguintes


etapas de manuseio: geração e segregação, identificação e acondicionamento,
coleta, armazenamento, transporte, tratamento e disposição final.

a) Geração e segregação: ao considerar a geração do resíduo, é importante


mencionar que, nessa etapa, o objetivo principal é a minimização de resíduo
gerado nas diversas atividades. A segregação consiste na separação dos
resíduos sempre no momento e local da geração, em conformidade com as
características físicas, químicas, biológicas, considerando, também, seu
estado físico e os riscos envolvidos.

b) Identificação e acondicionamento: A NBR 9191/2000, da ABNT, estabelece


que os resíduos devem ser acondicionados em sacos constituídos de
material resistente à ruptura e à vazamento, impermeável e respeitando os
limites de peso para cada embalagem. É proibido esvaziar ou reaproveitar
essas embalagens. Os resíduos líquidos são acondicionados em vasilhames
plásticos rosqueados e vedados. Devem-se identificar todos os sacos de
acondicionamento, os recipientes de coleta interna e externa, os recipientes
de transporte interno e externo, os locais de armazenamento, em local de
fácil visualização, com símbolos, cores e frases, atendendo aos parâmetros
estabelecidos na norma NBR 7.500.

c) Coleta e armazenamento temporário: a coleta ou transporte interno de


resíduos deverá ser realizada conforme critérios estabelecidos pela
resolução, respeitando horários preestabelecidos e utilizando
recipiente adequado, conforme recomendações específicas. O É importante
armazenamento temporário desses recipientes, contendo os observar que o
armazenamento
resíduos devidamente identificados, é realizado em local próximo
temporário não
aos pontos de geração, com o objetivo de agilizar o transporte poderá ser
interno e otimizar o deslocamento entre a geração do resíduo e o realizado por meio
ponto destinado para a coleta externa. Sempre que possível, este da disposição
local, quando exclusivo, será identificado como “sala de resíduos”. dos sacos
diretamente sobre
o piso, mas deverá
É importante observar que o armazenamento temporário
sempre utilizar
não poderá ser realizado por meio da disposição dos sacos os recipientes de
diretamente sobre o piso, mas deverá sempre utilizar os acondicionamento!
recipientes de acondicionamento!

d) Coleta e transporte externos: a coleta e o transporte externos de resíduos


dos serviços de saúde seguem as determinações estabelecidas nas normas
NBR 12.810 e NBR 14.652, ambas da ABNT. Essa etapa diz respeito ao

159
Proteção do Meio Ambiente

transporte dos resíduos das unidades geradoras até os pontos de tratamento


ou disposição final. O transportador deverá estar licenciado junto aos órgãos
ambientais, possuindo, portanto, a Licença Ambiental de Operação (LAO);
logo treinado para realizar o transporte de maneira a preservar as condições
de acondicionamento dos resíduos e também manter a integridade dos
trabalhadores envolvidos no processo, das pessoas da comunidade e do
meio ambiente.

e) Tratamento: Os sistemas responsáveis pelo tratamento dos resíduos


provenientes de serviços de saúde, de acordo com a Resolução CONAMA
nº 237/1997, devem ser licenciados pelos órgãos ambientes competentes
(federal, estadual ou municipal). São, portanto, passíveis de fiscalização e
também controle pelos órgãos de meio ambiente e de vigilância sanitária. A
Resolução CONAMA nº 316/2002 estabelece os requisitos e regulamenta os
sistemas de tratamento térmico por incineração. O tratamento escolhido para
cada resíduo deve considerar as suas características e, também, a legislação
vigente, tendo em vista que o processo precisa ser licenciado pelo órgão
ambiental. Por exemplo, a incineração ainda é proibida em alguns estados.

f) Disposição final: a Resolução CONAMA nº 237/97 estabelece os critérios


técnicos para construção e operação dos aterros para resíduos sólidos,
devendo esses aterros também serem licenciados pelos órgãos ambientais
competentes.

O Treinamento

O treinamento de todos os profissionais que atuam direta ou indiretamente


nos serviços de saúde é muito importante para o sucesso do Plano de
gerenciamento de resíduos de serviços de saúde. O treinamento não poderá
ser superficial, mas deverá ser específico para cada função, em cada parte
do processo. Além dos profissionais envolvidos na gestão, os pacientes e o
público externo também devem ser informados e, se possível, treinados sobre o
gerenciamento dos resíduos.

A RDC ANVISA 306/04 recomenda que seja estabelecido um Programa de


Educação Continuada com o objetivo de “[...] orientar, motivar, conscientizar e
informar permanentemente a todos os envolvidos sobre os riscos e procedimentos
adequados de manejo, de acordo com os preceitos de gerenciamento de
resíduos”. (ANVISA, 2006).

O Manual de gerenciamento de resíduos elaborado pela ANVISA (2006, p.


59) recomenda alguns temas para o Programa de Educação Continuada:

160
Capítulo 4 Programas de Avaliação
e Controle Ambiental

• Noções gerais sobre o ciclo da vida dos materiais.

• Conhecimento da legislação ambiental, de limpeza pública e de vigilância


sanitária relativas aos RSS.

• Visão básica do gerenciamento dos resíduos sólidos no município.

• Definições, tipo e classificação dos resíduos e seu potencial de risco.

• Orientações sobre biossegurança (biológica, química e radiológica).

• Orientações especiais e treinamento em proteção radiológica quando houver


rejeitos radioativos.

• Sistema de gerenciamento adotado internamente no estabelecimento.

• Formas de reduzir a geração de resíduos e reutilização de materiais.

• Identificação das classes de resíduos.

• Conhecimento das responsabilidades e de tarefas.

• Medidas a serem adotadas pelos trabalhadores na prevenção e no caso de


ocorrência de incidentes, acidentes e situações emergenciais.

• Orientações sobre o uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs)


e Coletiva (EPCs), específicos de cada atividade, bem como sobre a
necessidade de mantê-los em perfeita higiene e estado de conservação.

• Orientações sobre higiene pessoal e dos ambientes.

• Conhecimento sobre a utilização dos veículos de coleta.

O empregador deve manter os documentos comprobatórios da


realização do treinamento informando a carga horária, o conteúdo
ministrado, o nome e a formação profissional do instrutor e os
trabalhadores envolvidos.

161
Proteção do Meio Ambiente

O Monitoramento

Devem ser definidos “indicadores de desempenho” durante a fase de


elaboração do PGRSS para possibilitar a avaliação do plano. Algumas ações são
sugeridas:

• verificar as razões da ocorrência de possíveis diferenças entre os resultados


planejados e aqueles conquistados;

• avaliar a possibilidade de utilizar outros indicadores, possibilitando um


monitoramento mais eficaz;

Lembre-se: • elaborar um quadro demonstrativo com o resultado da avaliação;


monitorar não é
controlar. Após o
monitoramento dos • apresentar propostas provenientes da avaliação do plano ou de
resíduos gerados, outras auditorias;
é importante
implementar • discutir com os membros da equipe a possibilidade de adaptações
o controle dos propostas.
resíduos, por
intermédio de
técnicas adequadas Lembre-se: monitorar não é controlar. Após o monitoramento
para a preservação dos resíduos gerados, é importante implementar o controle dos
do meio ambiente. resíduos, por intermédio de técnicas adequadas para a preservação
do meio ambiente.

As informações detalhadas para a elaboração e implantação


do Plano de Gerenciamento de Resíduos dos Serviços de Saúde
(PGRSS) estão disponíveis no Manual de Gerenciamento de Serviços
de Saúde, da ANVISA, que está disponível em: <http://www.anvisa.
gov.br/servicosaude/manuais/manual_gerenciamento_residuos.pdf>.
Acesso em: 6 out. 2013.

Atividade de Estudos:

1) Cite alguns tipos de planos de gerenciamento elaborados para


realizar a proteção do meio ambiente.
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Capítulo 4 Programas de Avaliação
e Controle Ambiental

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2) Cite alguns exemplos de resultados obtidos com a implementação


do PGRCC.
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3) Qual a Norma Regulamentadora do Ministério do Trabalho


e Emprego que estabelece: “os resíduos líquidos e sólidos
produzidos por processos e operações industriais deverão ser
convenientemente tratados e/ou dispostos e/ou retirados dos
limites da indústria, de forma a evitar riscos à saúde e à segurança
dos trabalhadores”?
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Proteção do Meio Ambiente

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4) Como a resolução CONAMA nº 358/05 classifica os resíduos


provenientes de serviços de saúde?
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Capítulo 4 Programas de Avaliação
e Controle Ambiental

Considerações Finais
Podemos considerar que a Política Nacional dos Resíduos (PNRS),
estabelecida pela Lei nº 12.305/2010, é um marco na legislação brasileira de
resíduos sólidos, pois, a partir dela, ficou determinado que o gerenciamento dos
resíduos sólidos deve ser realizado com “responsabilidade compartilhada”, em que
o poder público, instituições governamentais e empresas privadas são responsáveis
pela gestão dos resíduos. Ao mesmo tempo, ela responsabiliza “todos” os
geradores, desde empresas até pessoas físicas, a separar o lixo na fonte.

Para facilitar e organizar a gestão desses resíduos, foram elaborados alguns


planos específicos, como o plano de gerenciamento de resíduos da construção
civil e o plano utilizado para o gerenciamento dos serviços de saúde.

Cabe aos profissionais habilitados nas diversas áreas a aplicação desses


planos bem como sugerir e implantar as melhorias possíveis, tendo em vista que a
cada dia surgem novos resíduos que ainda precisam ser identificados e gerenciados.

Referências
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no Diário Oficial da União em 28 de dezembro de 1990. Seção I. Disponível em:
<http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res90/res0990.html>. Acesso em: 24
set. 2013.

______. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos


Jurídicos. Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2.010. Institui a Política Nacional de
Resíduos Sólidos; altera a Lei no 9.605, de 12 de fevereiro de 1998; e dá outras
providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 3 ago. 2010, p. 2.

______. Resolução RDC nº 306, de 7 de dezembro de 2004. Publicada no


Diário Oficial da União em 10 de dezembro de 2004. Disponível em: <http://
www.anvisa.gov.br/hotsite/segurancadopaciente/documentos/rdcs/RDC%20
N%C2%BA%20306-2004.pdf>. Acesso em: 6 out. 2013..

______. Resolução CONAMA nº 307, de 5 de julho de 2002. Publicada no Diário


Oficial da União em 17 de julho de 2002. Disponível em: <http://www.mma.gov.
br/port/conama/res/res02/res30702.html>. Acesso em: 27 set. 2013.

______. Resolução CONAMA nº 358, de 29 de abril de 2005. Publicada no

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Proteção do Meio Ambiente

Diário Oficial da União em 4 de maio de 2005, Seção 1, páginas 63-65.


Disponível em: <http://www.mma.gov.br/port/conama/legislacao/CONAMA_RES_
CONS_2005_358.pdf>. Acesso em: 6 out. 2013.

______. NR 32 – Norma regulamentadora 32. Segurança e saúde no trabalho


em serviços de saúde. 2011. Disponível em: <http://portal.mte.gov.br/data/file s/
8A7C816A350AC8820135161931EE29A3/NR-32%20(atualizada%202011)pdf>.
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F9B2F25242/nr25.pdf>. Acesso em: 12 nov. 2013.

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gerenciamento de resíduos de serviços de saúde. Brasília: Ministério da
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BRUM, Fábio Martins; HIPPERT, Maria Aparecida Steinherz. Projeto de


gerenciamento de resíduos da construção civil: uma análise das propostas
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07. Atividades de Mineração. Junho 2013b. Disponível em: <http://www.fatma.
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Acesso em: 10 nov. 2013.

166

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