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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

ESCOLA DE ENFERMAGEM DE RIBEIRÃO PRETO

MATEUS HENRIQUE GONÇALVES MESKA

O uso da moulage nas práticas de simulação clínica:


estudo de casos múltiplos

RIBEIRÃO PRETO

2020
MATEUS HENRIQUE GONÇALVES MESKA

O uso da moulage nas práticas de simulação clínica:


estudo de casos múltiplos

Dissertação apresentada à Escola de


Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade
de São Paulo, para obtenção do título de Mestre
em Ciências, Programa de Pós-Graduação em
Enfermagem Fundamental.

Linha de pesquisa: Formação de profissionais e


de professores na área da saúde

Orientador: Alessandra Mazzo

RIBEIRÃO PRETO

2020
Autorizo a reprodução e divulgação total ou parcial deste trabalho, por qualquer meio
convencional ou eletrônico, para fins de estudo e pesquisa, desde que citada a fonte.

Meska, Mateus Henrique Gonçalves


pppA utilização da moulage dentro das práticas de simulação clínica: estudo
de casos múltiplos . Ribeirão Preto, 2020.
ppp70 p. : il. ; 30 cm

pppDissertação de Mestrado, apresentada à Escola de Enfermagem de


Ribeirão Preto/USP. Área de concentração: Enfermagem Fundamental.
pppOrientador: Alessandra Mazzo
p

1. Educação em Saúde. 2. Simulação Clínica. 3.Moulage .


MESKA, Mateus Henrique Gonçalves

A utilização da moulage dentro das práticas de simulação clínica: estudo de


casos múltiplos

Dissertação apresentada à Escola de


Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade
de São Paulo, para obtenção do título de Mestre
em Ciências, Programa de Pós-Graduação em
Enfermagem Fundamental.

Aprovado em ........../........../...............

Presidente

Prof. Dr. ________________________________________________________

Instituição: ______________________________________________________

Comissão Julgadora

Prof. Dr. ________________________________________________________

Instituição: ______________________________________________________

Prof. Dr. ________________________________________________________

Instituição: ______________________________________________________

Prof. Dr. ________________________________________________________


Instituição: ______________________________________________________
Dedico esta dissertação, à memória de minha
mãe, Edna Maria Gonçalves, que deixou saudades
a todos seus amigos e familiares e nos ensinou a
sorrir e agradecer todos os momentos de nossas
vidas, valorizando acima de tudo o amor e a
compaixão com o próximo.
Agradeço ao meu pai, Alexandre Pojar Meska, a minha irmã Gabriela Meska, por toda
ajuda e amor que me proporcionaram, sempre me apoiando e me auxiliando em todas as
decisões.

Agradeço a minha Orientadora, que sempre esteve ao meu lado durante toda minha
formação, da graduação a pós-graduação, me mostrando infinitas possibilidades de
caminhos e realizações.

Á escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, por toda


oportunidade que oferece desde a graduação á pós-graduação.

Aos meus amigos, que são os presentes que a vida me deu, agradeço por sempre estarem ao
meu lado e a compartilharem comigo grandes momentos de aprendizado.

O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de


Pessoal de Nível Superior – Brasil (CAPES)
MESKA, Mateus Henrique Gonçalves. O uso da moulage nas práticas de simulação
clínica: estudo de casos múltiplos. 2020. Dissertação (Mestrado em Ciências) – Escola de
Enfermagem de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, 2020.

RESUMO

Introdução: A Moulage pode ser definida como o uso de maquiagem de efeitos especiais.
É uma técnica que possibilita simular doenças, contusões, feridas, sangue, incisões,
hematomas, idade do paciente, características clínicas, ou outros efeitos a um manequim ou
paciente simulado. Objetivo: Identificar como a moulage está sendo utilizada dentro das
práticas de simulação clínica. Método: Trata-se de um estudo de casos múltiplos, inclusivo
de caráter descritivo e exploratório. Este estudo tem aprovação do Comitê de Ética. Definiu-
se a proposição do estudo com a questão norteadora: Como e porque utilizar a moulage
dentro das práticas de simulação clínica? Após busca e seleção de arquivos dos
pesquisadores de casos de cenários simulados foram selecionados seis casos. Para a
realização da coleta de dados participaram experts, da área de educação em saúde ou experts
em simulação, que responderam a um questionário pré-estabelecido em relação ao caso
simulado, baseado nas etapas da construção da simulação clínica, com os seguintes itens:
objetivo do cenário; público alvo; método de ensino; tipo de simulador; descrição do caso
clínico, descrição da moulage pretendida; motivo da escolha da moulage; recursos humanos
(responsável pela confecção da moulage); tempo de preparo da moulage; recursos materiais
e custo. Posteriormente a análise do questionário foi baseado no protocolo elaborado pelos
autores, intitulado Protocolo de análise de dados da moulage em cenário clínico simulado,
que trata dos itens da construção do cenário simulado, composto por um fluxograma, que dá
ênfase ao uso da moulage no cenário simulado. Foi adotada a técnica de triangulação: análise
do questionário preenchido, análise e cruzamento dos dados com base no protocolo de
análise, análise das fotos das moulages. Resultados: Entraram para análise dos estudos de
caso, quatro casos, sendo eles, assistência interprofissional em emergência respiratória:
cuidados com traqueostomia; assistência de Enfermagem ao paciente com ferida; avaliação
de feridas de hanseníase; Trauma de extremidades. Nos quatro casos a moulage estava
inserida na descrição do caso clínico, e foi realizada em paciente simulado. Três casos
utilizaram cenários simulados como estratégia de ensino e um utilizou vídeo educativo.
Responderam como motivo da escolha da moulage o realismo, promover fidelidade, fácil
aplicação e baixo custo. Dos responsáveis pela confecção da moulage dois foram realizados
por aluno de graduação, um artista plástico e um docente da disciplina. Conclusão: Embora
esse estudo tenha se baseado em apenas quatro estudos de casos, foi possível identificar que
a moulage quando construída com rigor e método, seguindo as etapas da construção do
cenário simulado, influencia na fidelidade e no realismo do cenário simulado, impactando
de forma positiva na avaliação clínica do paciente por parte dos estudantes da área de saúde.
Os achados encontrados levaram ainda os pesquisadores a classificar a fidelidade da
moulage, o que pode ser ainda validado em futuros estudos.
Palavras-Chaves: Educação em saúde, Simulação Clínica; Moulage
MESKA, Mateus Henrique Gonçalves. The use of moulage in clinical simulation
practices: a multiple case study. 2020. Dissertação (Mestrado em Ciências) – Escola de
Enfermagem de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, 2020.

ABSTRACT

Introduction: Moulage can be defined as the use of special effects makeup. It is a technique
that makes it possible to simulate diseases, bruises, wounds, blood, incisions, bruises, the
patient's age, clinical characteristics, or other effects to a simulated mannequin or patient.
Objective: Identify through the case study how the moulage is being used in clinical
simulation. Method: This is a multiple case study, including a descriptive and exploratory
study. This study is approved by the Ethics Committee. The study proposal was defined with
the guiding question: How and why to use moulage within clinical simulation practices?
After searching and selecting files from the case researchers of simulated scenarios, six cases
were selected. Experts from the area of health education or simulation experts participated
in the data collection, who answered a pre-established questionnaire in relation to the
simulated case, based on the stages of the construction of the clinical simulation, with the
following items: objective the scenario; target Audience; teaching method; simulator type;
description of the clinical case, description of the intended moulage; reason for choosing the
moulage; human resources (responsible for making the moulage); preparation time for the
moulage; material resources and cost. Subsequently the analysis of the questionnaire was
based on the protocol developed by the authors, entitled Protocol of data analysis of the
moulage in a simulated clinical setting, which deals with the items of the construction of the
simulated scenario, composed of a flowchart, which emphasizes the use of moulage in the
scenario simulated. The triangulation technique was adopted: analysis of the completed
questionnaire, analysis and crossing of data based on the analysis protocol, analysis of the
photos of the moulages. Results: Four cases entered for analysis of the case studies, namely,
interprofessional assistance in respiratory emergency: care with tracheostomy; Nursing care
for patients with wounds; evaluation of leprosy wounds; Trauma of extremities. In the four
cases, the moulage was included in the description of the clinical case, and was performed
on a simulated patient. Three cases used simulated scenarios as a teaching strategy and one
used educational video. Realism, promoting fidelity, easy application and low cost were the
reasons for choosing the moulage. Of those responsible for making the moulage, two were
carried out by a graduate student, an artist and a teacher of the discipline. Conclusion:
Although this study was based on only four case studies, it was possible to identify that the
moulage when built with rigor and method, following the stages of construction of the
simulated scenario, influences the fidelity and realism of the simulated scenario, impacting
in a positive in the clinical evaluation of the patient by the students of the health area. The
findings found led the researchers to classify the fidelity of the moulage, which can still be
validated in future studies.
Key words: Health education, Clinical Simulation; Moulage
MESKA, Mateus Henrique Gonçalves. El uso del moulage en las prácticas de simulación
clínica: un estudio de caso múltiple. 2020. Dissertação (Mestrado em Ciências) – Escola
de Enfermagem de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, 2020.

RESUMEN

Introducción: Moulage se puede definir como el uso de maquillaje de efectos especiales.


Es una técnica que permite simular enfermedades, hematomas, heridas, sangre, incisiones,
hematomas, la edad del paciente, las características clínicas u otros efectos a un maniquí o
paciente simulado. Objetivo: Identificar a través del estudio de caso cómo se está utilizando
el moulage en la simulación clínica. Método: este es un estudio de caso múltiple, que incluye
un estudio descriptivo y exploratorio. Este estudio es aprobado por el Comité de Ética. La
propuesta de estudio se definió con la pregunta guía: ¿Cómo y por qué usar el moulage en
las prácticas de simulación clínica? Después de buscar y seleccionar archivos de los
investigadores de casos de escenarios simulados, se seleccionaron seis casos. Expertos del
área de educación en salud o expertos en simulación participaron en la recopilación de datos,
quienes respondieron un cuestionario preestablecido en relación con el caso simulado,
basado en las etapas de la construcción de la simulación clínica, con los siguientes ítems:
objetivo el escenario; Público-objetivo; método de enseñanza; tipo de simulador; descripción
del caso clínico, descripción del moulage previsto; razón para elegir el moulage; recursos
humanos (responsables de hacer el moulage); tiempo de preparación para el moulage;
recursos materiales y costo. Posteriormente, el análisis del cuestionario se basó en el
protocolo desarrollado por los autores, titulado Protocolo de análisis de datos Moulage en
un entorno clínico simulado, que trata los elementos de construcción del escenario simulado,
compuesto por un diagrama de flujo, que enfatiza el uso del moulage en el escenario
simulado. Se adoptó la técnica de triangulación: análisis del cuestionario completado,
análisis y cruce de datos basados en el protocolo de análisis, análisis de las fotos de los
moulages. Resultados: Cuatro casos ingresados para el análisis de los estudios de caso, a
saber, asistencia interprofesional en emergencias respiratorias: atención con traqueotomía;
Atención de enfermería a pacientes con heridas; evaluación de heridas de lepra; Trauma de
extremidades. En los cuatro casos, el moulage se incluyó en la descripción del caso clínico
y se realizó en un paciente simulado. Tres casos utilizaron escenarios simulados como
estrategia de enseñanza y uno utilizó video educativo. El realismo, la promoción de la
fidelidad, la fácil aplicación y el bajo costo fueron las razones para elegir el moulage. De los
responsables de realizar el moulage, dos fueron realizados por un estudiante graduado, un
artista y un maestro de la disciplina. Conclusión: Aunque este estudio se basó en solo cuatro
estudios de caso, fue posible identificar que el moulage cuando se construyó con rigor y
método, siguiendo las etapas de construcción del escenario simulado, influye en la fidelidad
y el realismo del escenario simulado, impactando en un positivo en la evaluación clínica del
paciente por parte de los alumnos del área de salud. Los hallazgos encontrados llevaron a los
investigadores a clasificar la fidelidad del moulage, que aún puede validarse en futuros
estudios.
Palabras clave: educación para la salud, simulación clínica; Moulage
SUMÁRIO
1.INTRODUÇÃO ................................................................................................12

1.1 Moulage .........................................................................................................16

2. OBJETIVO ......................................................................................................18

2.1 Objetivo geral ................................................................................................19

3. REVISÃO NA LITERATURA .......................................................................20

4. REFERENCIAL TEÓRICO ............................................................................25

5. MATERIAIS E MÉTODO ..............................................................................29

5.1. Tipo de Estudo ..............................................................................................30

5.2. Questões do estudo .......................................................................................30

5.3 Proposições de estudo ....................................................................................30

5.4 Unidade de análise - Os casos ......................................................................30

5.5 Inclusão e exclusão dos casos ........................................................................33

5.6 A lógica que une os dados as proposições .....................................................33

5.7 Considerações éticas ......................................................................................34

6.RESULTADOS ................................................................................................35

7. DISCUSSÃO ...................................................................................................43

8. CONCLUSÃO .................................................................................................50

9.REFERÊNCIAS ...............................................................................................52

APENDICE A ......................................................................................................61

ANEXO 1 ............................................................................................................62
12

1.INTRODUÇÃO
13

Na última década, a pesquisa científica focada no ensino, aprendizagem, na formação


e no aprimoramento de profissionais da saúde, têm despertado a atenção de docentes e
pesquisadores, principalmente pela maior exigência de preparar o estudante e aprimorar as
atividades dos profissionais, originando maior qualificação e, consequentemente, maior
segurança nos atendimentos dos serviços de saúde (COSTA et al., 2015; HUSEBØ et al.,
2012).
Logo, há uma enorme demanda nas metodologias e estratégias de ensino
aprendizagem, para maior qualificação dos profissionais de saúde em campo e também
durante sua formação. Dentre as várias propostas de metodologias para tal fim, têm se
destacado o uso de metodologias ativa, pelo fato de trazer para o aprendiz o senso crítico e
reflexivo, proporcionar a inserção do estudante em formação no mundo profissional
precocemente mesmo dentro dos laboratórios, estimulando-os a pensar, refletir e a fazer, o
que têm sido de enorme relevância para a formação e aprimoramento profissional (COSTA,
et al., 2015).
Para tanto, entre outros métodos, tem se investido na aquisição de centros de
simulações para o ensino aprendizagem e pesquisa em simulação clínica (PAGE-
CUTRARA, 2015). A Simulação é uma estratégia que permite recriar contextos reais, que
estão presentes no cotidiano dos profissionais de saúde, em cenários controlados e seguros,
desenvolvendo, preparando e qualificando os aprendizes para o contexto real da profissão.
Além disso, a simulação permite que o aluno, desenvolva o senso crítico, a tomada de
decisão, a comunicação, o trabalho em equipe e as habilidades técnicas profissionais. Nela,
o aprendiz é imerso em um cenário, o mais próximo do real possível, e pode desenvolver
todo seu aprendizado teórico-prático, se tornando mais confiante para ingressar e aperfeiçoar
as práticas clínicas. (JEFFRIES, MCNELIS, WHEELER, 2008; MORRISON,
CARANZARO, 2010).
O uso da simulação tal qual a conhecemos hoje, têm seus primeiros relatos
junto à aeronáutica, no treino e preparo de pilotos para a Segunda Guerra, em formação, nas
diversas situações de vôos. Na área da saúde, para a formação dos profissionais, sempre se
utilizou peças e objetos simulados para o treino de habilidades (MARTINS et al., 2012;
VASHDI et al., 2007).
Com o desenvolvimento da tecnologia, houve um grande avanço dos
manequins robotizados para o uso em simulação clínica, possibilitando ao aprendiz uma
maior vivência prática e permitindo que experiencie e pratique ainda mais as suas
14

habilidades (ISSENBERG et al., 2005). Desta maneira, hoje temos classificados os


simuladores como os de baixa, média e alta fidelidade e também as práticas simuladas como
de baixa, média e alta complexidade. Em simulação podem ainda ser utilizados simuladores
mistos e a técnica de dramatização para adequar esse processo (MAZZO, 2015).
A dramatização pode ser definida como uma representação teatral a partir de um tema
especificado. É um recurso que permite que os alunos vivenciem situações de um contexto
real, com enfoque nas relações humanas, permitindo a interação entre o participante e o
simulador/ator. Neste recurso, as técnicas exploradas podem ser o role play, ou jogo de
papéis, o uso de pacientes simulados (simulated patients), modelos mistos e dos pacientes
padronizados (standardized patients) (OLIVEIRA, PRADO, KEMPFER, 2014; NEGRI, et
al., 2017).
Pacientes simulados são indivíduos e/ou atores, treinados, que assumem um papel,
retratando uma história dentro da simulação. Pacientes padronizados, podem ser definidos
como um indivíduo que concorda em assumir o papel de paciente para uma atividade de
aprendizagem, por meio de um contrato legal junto à instituição de ensino, seja ela criança,
adolescente, adulto ou idoso. Os pacientes padronizados são pessoas normais ou pacientes
reais devidamente preparados para protagonizar casos clínicos, ou seja, não assumem um
papel para desempenhar características de outra pessoa ou paciente, mas são eles próprios a
responder qualquer questionamento da história médica e social a partir de seus
conhecimentos (OLIVEIRA, PRADO, KEMPFER, 2014).
O role play, ou jogo de papéis, consiste na situação em que o estudante, professor ou
instrutor desempenha o papel de um dos integrantes da situação clínica: médico, paciente,
familiar, acompanhante, membro da equipe profissional etc., para fins de ensino e de
treinamento. Essa estratégia pode desenvolver tanto o processo afetivo quanto o cognitivo
do aluno, pois permite o experimento de sensações, como a vivência do papel do paciente e
de outros profissionais (OLIVEIRA, PRADO, KEMPFER, 2014).
Os modelos mistos proporcionam ao aprendiz o desenvolvimento de habilidades
técnicas e comportamentais. O modelo misto combina paciente simulado com um simulador
de baixa fidelidade para o desenvolvimento, durante um cenário de uma atividade específica
como, por exemplo, um braço acoplado a um estudante para compor o cenário de coleta de
sangue, ou uma pelve acoplada aos membros inferiores do paciente para a realização de
cateterismo urinário (MAZZO, 2015; NEGRI et al., 2017).
Com o desenvolvimento dos simuladores, e a maior utilização da simulação
clínica no ensino da saúde, houve a necessidade de aperfeiçoar esta estratégia e organizá-la
15

em etapas, que hoje são divididas em pre-briefing, briefing, desenvolvimento do cenário e


debriefing (LIOCE et al., 2015; SITTNER et al., 2015; TYERMAN et al., 2016). Muitos
estudiosos na área da simulação clínica têm desenvolvido suas análises científicas com foco
nas etapas da simulação, e na importância de cada uma no aprendizado significativo do
estudante, destacando-se enquanto ganhos obtidos a satisfação, autoconfiança, motivação,
emoções, retenção do conhecimento, habilidades e competências entre outros (ALMEIDA
et al., 2015; BAPTISTA et al., 2014; JEFFRIES, MCNELIS, WHEELER, 2008; SHAROFF,
2015).
No que diz respeito aos cenários, podem ser divididos em níveis de complexidade,
ou seja, podemos ter cenários de baixa complexidade, voltada mais para o treino de
habilidades, média complexidade e alta complexidade, onde há resolução de um caso clínico
e trabalho em equipe respectivamente. (MEAKIM et al., 2013; PAIGE, MORIN, 2013). Em
simulação a escolha do cenário e dos recursos estão relacionados aos objetivos de
aprendizagem traçados. Nas práticas simuladas a complexidade do cenário não está
relacionada aos simuladores e sim a complexidade da situação a ser resolvida.
Neste contexto, para que cada vez mais na prática simulada seja possível vivenciar a
clínica simulada o mais próximo possível do real, os cenários de simulação buscam maior
nível de fidedignidade, excluindo o “fazer de conta”, e investindo em um ambiente que
envolva o aprendiz em um panorama rico e atrativo, interferindo de forma direta em seu
aprendizado (PAIGE, MORIN, 2013).
Têm sido comprovados que, quanto mais próximo do real, maior o envolvimento do
aprendiz, mais significativo é seu aprendizado e sua retenção de conhecimento. O realismo
possibilita a imersão do aprendiz na estratégia, intriga-o e o leva a um maior aproveitamento
e desenvolvimento na simulação (MARTINS et al., 2012; NEVES, PAZIN, 2018).
Para o realismo do cenário, pode-se utilizar desde o ambiente simulado que procura
replicar a casa do paciente, um acidente em ciclovia, uma sala de trauma, um quarto
hospitalar e até mesmo uma unidade de terapia intensiva. Em cada ambiente, para melhor
compor a fidelidade do cenário, são acrescentados objetos e mobílias, vestimentas, adereços
ao local e ao paciente simulado ou simuladores. Também têm se utilizado técnicas de
maquiagem, conhecidas como moulage, que têm como objetivo caracterizar o paciente
simulado e/ou simulador dentro do caso clínico simulado (MEAKIM et al., 2013; NEGRI et
al., 2017).
Quando a simulação, como a conhecemos nos dias atuais, se tornou parte da educação
de enfermagem em meados dos anos 2000, permitiu que os educadores proporcionassem
16

experiências clínicas aos aprendizes que aproximassem as experiências reais que poderiam
ser encontradas em um ambiente clínico. Nesses contextos simulados, os estudantes puderam
lidar com casos críticos, complexos e de alto risco, tudo isso sem o risco de pôr em perigo
um paciente real, permitindo que os participantes experimentassem e aprendessem ao
mesmo tempo (LA CERRA et al., 2018). Escolas de enfermagem, hospitais e locais de
educação clínica aderiram esta estratégia.
As organizações gastaram milhares de dólares adquirindo equipamentos, construindo
centros, aprendendo com programas extensivos de interface com usuários e escrevendo
casos, para descobrir e desenvolver a simulação clínica. Nesses contextos, embora o uso de
tecnologias possa parecer à resolução para o ensino em enfermagem, estudos científicos
começaram a expressar suas preocupações, principalmente relacionadas à falta de realismo
do cenário em comparação com o cenário clínico, e a incapacidade do cenário em possibilitar
a coleta de dados para a avaliação de enfermagem (BAPTISTA et al., 2014; BROWN, 2008).
À medida que o uso da simulação clínica se expande e se torna mais complexa, a
falta de experiências sensoriais tem se tornado uma questão central para que o aprendiz possa
atingir os objetivos do cenário e fornecer feedback ao instrutor em relação ao nível de
desempenho do participante. Como grande parte da avaliação de enfermagem é baseada na
experiência sensorial, o que é sentido, visto, ouvido e aspirado, esses são pontos válidos e,
quando apropriadamente aplicados, fornecem o elo que falta para a conexão entre a história
clínica real e a construção do cenário (MESKA et al., 2018; MESKA et al., 2020).

1.1 Moulage
A Moulage pode ser definida como o uso de maquiagem de efeitos especiais. É uma
técnica que possibilita simular doenças, contusões, feridas, sangue, incisões, hematomas,
idade do paciente, características clínicas, ou outros efeitos a um manequim ou paciente
simulado (FOOT et al., 2008; MERICA, 2011; SMITH-STONER, 2011).
A palavra moulage, tem origem francesa, significa fundição ou moldagem e é a arte
de criar lesões realistas para ajudar na prestação de técnicas, afim de promover realismo.
Pode ser simples como aplicar ferimentos previamente feitos de borracha ou látex ou tão
complexa quanto usar técnicas avançadas de maquiagem. (MERICA, 2011).
Moulage é uma técnica que incrementa a percepção sensorial no cenário simulado.
Os cenários são projetados para trabalhar com a fisiologia dos simuladores, e a adição de
moulage fornece as pistas restantes que permitem aos educadores preencher a lacuna entre
um caso clínico e a simulação clínica. Quando usado apropriadamente, ajuda o aluno a
17

confirmar os sinais físicos que apoiam o diagnóstico, permite que os aprendizes que
descubram os dados pertinentes para avaliar o paciente e os ensina a coletar informações
relevantes para fazer um diagnóstico correto. Aumenta o conhecimento e o desempenho no
tempo de resposta, avaliando pistas, pensamento crítico, realismo, engajamento sensorial e
diminuição da descrença durante a vivência no cenário (MERICA, 2011; STOKES-
PARISH, DUVIVIER, JOLLY, 2017).
A moulage pode ser desde uma técnica de maquiagem artística, como as realizadas
em cenários cinematográficos, até mesmo impressões digitais, feitas em 2D e 3D, que são
colocadas na simulação, em locais, tanto do simulador como do ator, para dar pistas ou
mostrar os casos clínicos do paciente (GARG, HALEY, HATEM, 2010; SMITH-STONER,
2011).
O aprofundamento do assunto, faz menção a fidelidade e o realismo da simulação
clínica, uma vez que a técnica de moulage pode incorporar além da maquiagem a percepção
sensorial da visão, do olfato e tato do aprendiz, e levá-lo a explorar ambientes simulados, a
se aproximar da realidade e da prática clínica do enfermeiro. Com a moulage, é possível
simular uma condição clínica de um paciente de forma mais próxima a realidade, como o
uso de sangramento de trauma, fratura exposta, feridas de lesão por pressão com exsudato e
também na maquiagem é possível acrescentar cheiros, advindos de produtos colocados na
maquiagem (MAZZO et al., 2018; MESKA et al., 2018).
Alguns estudos têm enfocado a moulage como sendo apenas uma representação
abstrata de uma caracterização do paciente. Porém a moulage é um elemento físico de
realismo, deve ser crucial na caracterização do simulador ou paciente simulado e quando
realizada, necessita incorporar nesse recurso, recursos que a remetam a uma figura real.
(PYWELL et al., 2016; SMITH-STONER, 2011; STOKES-PARISH, DUVIVIER, JOLLY,
2018).
A moulage pode servir tanto para caracterizar um paciente, quanto para trazer dicas
e achados clínicos para a tomada de decisão, ou até mesmo ser o objeto de aprendizado, de
acordo com o grau de especialidade dos aprendizes. Podem ser seu primeiro contato com
determinada lesão, corte, hematoma e etc., ou para aqueles que já conhecem os achados
clínicos servem de pista para a tomada de decisão do caso clínico como numa situação real
(LEE et al., 2003; PYWELL et al., 2016; STOKES-PARISH, DUVIVIER, JOLLY, 2017).
18

2. OBJETIVO
19

2.1 Objetivo geral


Identificar através do estudo de caso como a moulage está sendo utilizada em simulação
clínica.
20

3. REVISÃO NA LITERATURA
21

Os primeiros registros de moulage são encontrados em artefatos do antigo Egito, no


processo de caracterização de Faraós, após seu falecimento (COOKE, 2010). Esta técnica de
caracterização se perpetuou por milhares de anos, e foi desenvolvida e aperfeiçoada por
gregos e romanos. O primeiro registro e evidência documentada da moulage para fins
medicinais foi realizado no ensino de anatomia no início do século XIV, por um jovem
chamado Allessandra Giliani, em Bolonha (COOKE, 2010). Allesandra Giliani (1307-
1326),era umaanatomista italiano, assistente deum famoso professor da Universidade de
Bolonha. Ele conseguia solidificar os vasos sanguíneos após o resfriamento, por meio da
injeção de corantes. Isso permitia que os vasos sanguíneos fossem facilmente visíveis
(ALIC, 2005).
Cerca de um século depois, Andrea del Verrocchio, escultor, pintor e professor, foi
o primeiro a fazer moldes do corpo vivo como modelos para escolas. Andrea, insistia que
todos os alunos deviam aprender anatomia. Um dos seus alunos mais conhecidos foi
Leonardo da Vinci, que rapidamente se tornou mestre da anatomia topográfica, realizando
muitos estudos de músculos, tendões e outras características anatômicas visíveis (COVI,
2005; COOKE, 2010).
Quando em 1537, o médico Andreas Vesalius foi nomeado professor de Cirurgia na
Universidade de Pádua, na Itália, um de seus deveres era realizar dissecções anatômicas para
demonstrar anatomia para os estudantes de medicina. Ao contrário de seus contemporâneos,
Vesalius pregava o conceito de que para conhecer o corpo humano era necessário dissecá-
lo, e até mesmo realizava dissecções públicas. No entanto, percebia que as dissecações
duravam apenas por um curto período de tempo devido a alterações após a morte. Após
alguns anos, para superar este problema e ensinar seus alunos, Vesalius iniciou um arsenal
de moulages, e desenvolveu desenhos das dissecações, contratando um artista e utilizando
uma impressora para reproduzi-los. Em 1543, "De Humani Corporis Fabrica" tornou-se o
primeiro livro impresso da anatomia humana e a partir disso, a anatomia passou a ser
considerada uma disciplina científica (KICKHÖFEL, 2003; COOKE 2010).
Desde então, a produção de moulages ocorreu em uma escala maior, especialmente
para servir estudantes de medicina no estudo da anatomia humana. A partir disso, iniciou-se
a criação de moldes de cera para desenvolver réplicas anatômicas que foram posteriormente
pintadas para recriar semelhança mais próxima a anatomia real (WORM,
HADJIVASSILIOU, KATSAMBAS, 2007; COOKE, 2010).
A prática da moulage passou a ser conhecida como representações da anatomia
humana e de diferentes doenças, retiradas da moldagem direta do corpo, sendo realiza no
22

início com moldes de gelatina e posteriormente moldes de silicone. Os pesquisadores


utilizavam a cera como material primário e posteriormente começaram a ser substituído por
látex e borracha (MERICA, 2011; MEAKIM et al., 2013).
Após a moulage passar a ser difundida para o ensino em medicina, tanto para
anatomia como para patologia, no ano de 1780, na Florença, Itália, foi criado o museu de
física e história natural “La Specola”, que era aberto ao público. Neste museu, algumas obras,
que utilizavam a técnica de moulage, passaram a ser bastante conhecidas, a “Vênus
Anatômica”, obra em cera, em tamanho real, que representava uma mulher. Depois da
primeira outras foram criadas, e algumas das Vênus Anatômicas podiam ser desmontadas,
dissecadas, para revelar a presença de um feto no útero, outras apresentadas em estados
estáticos, com os órgãos internos à mostra, ou seja, anatomicamente despidas (MORENTE
PARRA, 2013).
Em 1827 a primeira fotografia foi feita por Joseph Nicéphore (OLIVEIRA, 2005).
Nesta mesma época, a moulage já estava perdendo sua popularidade (STOKES-PARISH,
DUVIVIER, JOLLY, 2018). No mesmo século, em consequência da criação da fotografia,
em 1895, na França, foi criado o cinema (MUNDIM, 2016), e a moulage passou a ser
fundamental para a indústria cinematográfica.
A maquiagem acompanha o homem, desde os tempos da caverna, onde a pintura de
rosto e corpo era um hábito cultural, que vem de encontro com a estética e também crenças
religiosas. No Egito, há registros que os faraós utilizavam a maquiagem como distinção
social, enquanto Cleópatra, maquiava seus olhos, registrando sua imagem, e servindo
inspiração para muitas mulheres durante séculos (SCHNEIDER, REIS, THIVES, 2009).
No século XX, a indústria da maquiagem também tomou forma, em 1921 em Paris,
o batom começou a ser comercializado, assim como as maquiagens de cobertura facial e, em
meados de 1930 Marilyn Monroe tornou-se o ícone da maquiagem, deslumbrando e
reforçando sua feminilidade (SCHNEIDER, REIS, THIVES, 2009).
Consequentemente neste século, a maquiagem passou a ser mais do que o make-up
e se transformou na mudança de conceitos e criações, direcionando um mundo de
possibilidades e realizações, podendo acrescentar, no cinema o realismo. No contexto em
geral da indústria cinematográfica, o efeito lúdico da maquiagem, passou a proporcionar o
realismo para o público (SCHNEIDER, REIS, THIVES, 2009).
Neste sentindo, filmes de terror e ação, começaram a utilizar a maquiagem de efeitos
especiais, para dar maior veracidade às películas de cinema, realizando efeitos de cortes,
23

sangues, deformidades dentre outros (FALCÃO et al., 2015), tendo o mesmo conceito do
que se utiliza hoje e que é reconhecido como moulage.
Nos dias atuais, a moulage, também reconhecida como maquiagem artística,
pode ser encontrada em diversas culturas e para diversos objetivos. É muito utilizada para
festas à fantasia, festas culturais, como a caracterização de personagens de filmes de terror
em datas festivas como halloween, dentre outros contextos. É possível encontrar cursos de
moulage, vídeos de maquiagens de terror, dentre outros, disponíveis de forma online em
páginas da web.
Estudos descritivos, da estratégia da simulação fazem menção à moulage para dar
maior fidedignidade ao cenário e para aproximar o ambiente simulada o mais próximo
possível do real. A maioria dos estudos encontrados em simulação que fazem menção a
moulage são descritivos e demonstram a técnica e a caracterização de atores e manequins
(SWAN 2013; PETERSEN et al., 2017; MAZZO et al., 2018).
Estudo de revisão realizado por STOKES-PARISH et al. (2018), procurou
evidencias cientificadas que mostrassem como a autenticidade da moulage afeta no
engajamento dos participantes nas práticas simuladas. Os pesquisadores encontraram poucos
estudos sobre o assunto e os resultados foram inconclusivos.
Em geral são poucas as evidências científicas sobre o uso da moulage em
simulação, entre os quais, a maioria com foco na técnica. Outros estudos sugerem que a
moulage pode aumentar a retenção do conhecimento (SMITH-STONER, 2011).
Lee et al. (2003), comparou a diferença entre os simuladores e o uso de atores
com moulage em um curso de trauma. O estudo demonstrou resultado significativo em favor
do simulador. Porém, não houve uma análise coerente da interferência e da significatividade
da moulage.
A maioria dos artigos encontrados na literatura, que exploram moulage, está no
campo da dermatologia (GARG, HALEY, HATEM., 2010; GOULART et al., 2012; JAIN
et al., 2013). Um dos estudos buscou comparar imagens em duas dimensões (2D) de um
melanoma com moulage 3D para estudantes de graduação na Disciplina de Dermatologia -
ao longo do tempo, o conhecimento daqueles do grupo 3D permaneceram inalterados,
enquanto aqueles do grupo 2D perdeu-se (GARG, HALEY, HATEM, 2010).
Para a aprendizagem baseada na experiência o envolvimento do aluno é essencial.
Componentes de engajamento críticos para o sucesso da simulação envolvem a percepção
dos aprendizes sobre a atividade, incluindo quão realisticamente ela é retratada (FOOT et
al., 2008; SWAN, 2013). Como muito utilizado na imagem cinematográfica, o envolvimento
24

do telespectador está nitidamente relacionado ao realismo do filme, ou seja, a maquiagem é


um dos itens capazes de retratarem um olhar real, desde que os objetos da cena ao redor se
encaixaram no contexto, dando ao telespectador a autenticidade de uma cena.
A autenticidade, “qualidade de ser real ou genuíno, não falso” ou “qualidade de
gravação precisa ou refletindo algo” depende da interação e da percepção do participante.
Exploração adicional da autenticidade identifica duas características principais, a saber,
contexto e processo de aprendizagem. Contexto refere-se à quão perto a experiência imita a
vida real (STOKE-PARISH, DUVIVIER, JOLLY, 2018). A aprendizagem autêntica na
educação é complexa e tem sido descrita como “uma abordagem pedagógica” que pode
inviabilizar o propósito do conjunto de aprendizagem para o participante (FOSCHIERA et
al., 2008).
Por exemplo, considere um cenário simulado de uma contusão, onde o objetivo é
identificar uma hemorragia interna e encaminhar o paciente para cirúrgica de urgência.
Porém é realizado uma moulage sobre a pele do simulador com muita maquiagem roxa e
vermelha, onde o aluno identifica incorretamente como um sangramento externo, pensando
em sangramento ativo e procura conter o sangramento, dispersando o aluno do objetivo de
aprendizagem original.
Apesar dos fatores-chave de engajamento na aprendizagem incluem as informações
aos participantes, podemos subestimar o impacto da precisão das pistas visuais. É necessário
explorar como e por que a moulage funciona, o propósito de moulage no ensino simulado
(STOKES-PARISH, DUVIVIER, JOLLY, 2018).
25

4. REFERENCIAL TEÓRICO
26

A aprendizagem experiencial consiste em um método que se baseia na aquisição


empírica do conhecimento, ou seja, o indivíduo aprende ao experimentar e ao reagir a
diferentes contextos de uma situação, sendo capaz de adquirir o conhecimento necessário
para resolver determinada situação. Devido a essa característica prática, a aprendizagem
experiencial não tem um professor que irá passar o conteúdo para memorização do estudante,
mas, sim, um facilitador do processo. Essa pessoa é responsável por oferecer e propor as
atividades e experiências que gerem o conhecimento (PIMENTEL, 2007).
A aprendizagem experiencial é considerada um processo contínuo fundamentado na
reflexão, a qual é ininterruptamente modificada por novas experiências. Desta maneira, um
ciclo de aprendizagem experiencial, começa quando um indivíduo se envolve em uma
determinada situação, reflete sobre sua experiência, deduz o significado da reflexão, e
finalmente coloca em ação a percepção recém-adquirida, através da mudança de
comportamento ou atitude. Embora grande parte da aprendizagem experiencial possa ser
desenvolvida naturalmente no cotidiano, ela também pode ser criada ou estruturada em
ambientes educacionais, através de ações e estratégias devidamente projetadas (;
PIMENTEL, 2007; DIECKMANN, RALL, 2008; SONAGLIO et al., 2012; CHINIARA et
al., 2013; LOPREIATO, 2016)
O modelo da aprendizagem experiêncial traz no conceito a experiência do estudante,
que é concreta e encaminha o aprendiz na construção de significados pessoais e subjetivos
dos conceitos abstratos, fornecendo um ponto de referência real e aprimorando as
implicações das ideias criadas durante o processo de aprendizagem (KOLB, 2001; ALVES,
TOMETICH, 2018; FAGUNDES, SEEBER, 2018), este é o ponto focal para a
aprendizagem.
A experiência concreta imediata é a base para a observação e a reflexão, ou seja, as
observações são assimiladas em uma teoria, a partir da qual, novas implicações para a ação
podem ser deduzidas e servem, então, como guias ao agir para criar novas experiências.
Além disso, a aprendizagem é considerada indutiva, o que significa que os participantes
chegam as suas próprias conclusões sobre a experiência e o conteúdo, o que torna mais fácil
para eles, aplicarem diretamente os ganhos obtidos com sua aprendizagem, nas situações do
mundo real (KOLB, 2001; ALVES, TOMETICH, 2018; FAGUNDES, SEEBER, 2018).
Esta abordagem para a educação tem inúmeros benefícios para os estudantes, pois é
um equilíbrio entre a aprendizagem emocional, comportamental e cognitiva.
Com isso, embasados nos princípios da aprendizagem experiencial, (KOLB, 2001)
desenvolveu o ciclo da aprendizagem experiencial, teoria que descreve como apreendemos,
27

processamos e, finalmente aplicamos o conhecimento. O ciclo está dividido em quatro


estágios e demonstra que a aprendizagem pode iniciar-se em qualquer uma das quatro fases.
Para aumentar o desenvolvimento e a oportunidade de aprendizagem, é ideal que o aprendiz
complete as quatro fases do ciclo, divididas em experiência concreta, observação reflexiva,
conceptualização abstrata e experimentação ativa (KOLB, 2001; PIMENTEL, 2007;
SONAGLIO et al., 2012; FAGUNDES, SEEBER, 2018; ALVES, TOMETICH, 2018).
A experiência concreta (aprendizagem pela experiência) indica o sentido que as
pessoas aprendem por estarem envolvidas em uma atividade e por se recordarem dos
sentimentos daquela experiência. Esta é forma relevante pela qual aprendemos e pode servir
como a base de todas as outras etapas do ciclo de aprendizagem. Nesta fase do ciclo, os
estudantes têm experiências relacionadas a fazer uma tarefa, tendendo a relacionar as
situações mais em termos das observações feitas e sentimentos do que com uma abordagem
teórica (ALVES, TOMETICH, 2018; SONAGLIO et al., 2012).
A observação Reflexiva (aprendizagem pelo processamento) tem a utilização da
experiência concreta como base, onde o estudante reflete sobre a experiência para obter mais
informações ou aprofundar sua compreensão. Os estudantes estão envolvidos a refletir sobre
a experiência concreta do estágio anterior, nesta fase não incluem necessariamente realizar
alguma ação (DIECKMANN, RALL, 2008; CHINIARA et al., 2013; LOPREIATO, 2016).
Já na conceptualização abstrata (aprendizagem pela generalização), o estudante,
consciente ou subconscientemente, classifica ou generaliza sua experiência como um esforço
para gerar novas informações. Neste estágio os estudantes se desenvolvem e agem no
domínio cognitivo da situação, para organizar o conhecimento. Esta etapa é crítica para que
os estudantes possam transferir seus conhecimentos de um contexto para outro, usando
teorias, hipóteses e raciocínio lógico para modelar e explicar os eventos (DIECKMANN,
RALL, 2008; SONAGLIO et al., 2012; LOPREIATO, 2016; CHINIARA et al., 2013).
Na experimentação ativa (aprendizagem pela atuação), o estudante aplica sua
percepção recém-adquirida no contexto real. A aplicação da própria aprendizagem é uma
nova experiência, na qual o ciclo se renova. Nesta fase do ciclo, os estudantes estão
envolvidos em atividades de planejamento, experimentando experiências que envolvem
mudança de situações. Este é o momento onde os estudantes usam as teorias para tomar
decisões e resolver os problemas.
Nesse sentido, a ideia está centralizada individualmente em cada estudante, e cada
um tem um estilo de aprendizagem. Mas para alcançar uma experiência de aprendizagem
28

bem-equilibrada é importante que os estudantes utilizem todos os quatro estilos de


aprendizagem (KOLB, 2001; ALVES, TOMETICH, 2018; FAGUNDES, SEEBER, 2018).
Com isso, a aprendizagem experiencial parte da premissa que todo desenvolvimento
profissional prospectivo decorre da aprendizagem atual, assim como o desenvolvimento já
constituído é imprescindível para a aprendizagem. Aprender pela experiência não significa
que qualquer vivência redunda em aprendizagem, uma vez que, a aprendizagem é um
processo meramente mental. Assim sendo, tornar os saberes procedentes da experiência
demanda processos contínuos de ação e reflexão.
A importância do ciclo da aprendizagem experiencial (Kolb, 2001), traz a luz dos
conhecimentos científicos a sua influência direta com o aprendiz na vivência da simulação
clínica. A aprendizagem experiencial enfatiza a interdependência entre características
internas ao estudante e circunstâncias externas do ambiente, entre conhecimento de origem
pessoal e social.
29

5. MATERIAIS E MÉTODO
30

5.1. Tipo de Estudo


Trata-se de estudo de casos múltiplos, inclusivo de caráter descritivo e exploratório
(COUTINHO, CHAVES, 2002; MEIRINHOS, OSÓRIO, 2016; YIN, 2015). O estudo de
caso não é uma metodologia específica, mas uma forma de organizar dados preservando o
caráter único do objeto social em estudo.
Um estudo de caráter descritivo e exploratório, não se integra com outras abordagens
ao mesmo assunto, ou ainda pretende extrapolar para além do que os dados recolhidos
revelam e sustentam (COUTINHO, CHAVES, 2002). É considerado inclusivo, pois será
constituído por uma série de subunidades cuja caracterização exige tratamento específico
(COUTINHO, CHAVES, 2002).
Para os estudos de casos, são especialmente importantes cinco componentes de um
projeto de pesquisa, a saber: questões de um estudo; proposições; unidades de análise; lógica
que une os dados as proposições e; critérios para se interpretar as descobertas.

5.2 Questões do estudo


Embora a essência das questões possa variar, Yin (2015) defende para a estratégia de
estudo de caso seja apropriada a questões do tipo "como" e "por que". Sendo assim a questão
do estudo foi: “Como e porque utilizar a moulage dentro das práticas de simulação clínica”?

5.3 Proposições de estudo


A proposição da pesquisa direciona a atenção para o foco do que se pretende
investigar (YIN, 2015), desta forma a proposição deste estudo é: “A moulage quando
construída com rigor e método, seguindo as etapas da construção do cenário simulado,
influencia na fidelidade da simulação e consequentemente na avaliação clínica do paciente
por parte dos estudados da área da saúde”

5.4 Unidade de análise - Os casos


Os estudos de casos permitem que se tenham amostras intencionais, uma vez
que os casos se caracterizam como casos típicos ou especiais, estudados a partir de contextos
reais. Além disso, no estudo de caso o pesquisador pode participar ativamente da coleta de
dados.
Dessa forma, após busca e seleção dos pesquisadores, dos casos de cenários
simulados que utilizaram moulage, foram selecionados intencionalmente seis casos que
31

ocorreram em diferentes contextos de ensino aprendizagem (cenários simulados, vídeo


educativo de cenário simulado). Os diferentes casos aconteceram em ambientes simulados
extracurriculares.
Para a realização da coleta de dados, foram então convidados pelos pesquisadores,
experts, da área de educação em saúde ou experts em simulação, que desenvolveram os casos
simulados selecionados utilizando moulage.
A coleta de dados se deu da seguinte forma:
Etapa 1) Contato e explanação dos objetivos da pesquisa e convite aos experts para
responderem um questionário pré-estabelecido (Apêndice 1), em relação ao caso simulado.
Etapa 2) Análise do questionário respondido pelos experts baseado no protocolo
elaborado pelos pesquisadores, intitulado Protocolo de análise de dados da moulage em
cenário clínico simulado conforme, demonstrado na figura 1.
Instrumentos de coleta e análise dos casos:
Questionário pré-estabelecido (Apêndice 1) – O questionário foi criado, baseado nas
etapas da construção da simulação clínica, propostas por FABRI et al (2017), com os
seguintes itens: objetivo do cenário; público alvo; método de ensino; tipo de simulador;
descrição do caso clínico, descrição da moulage pretendida; motivo da escolha da moulage;
recursos humanos (responsável pela confecção da moulage); tempo de preparo da moulage;
recursos materiais e custo (Apêndice 1).
O Protocolo de análise de dados da Moulage em cenário clínico simulado, foi
baseado no estudo de FABRI et al., (2017), que trata dos itens da construção do cenário
simulado e é composto por um fluxograma, que dá ênfase ao uso da moulage no cenário
simulado, conforme a Figura 1.
32

Figura 1 Descrição do Protocolo de análise de dados da moulage em cenário clínico

simulado, elaborado pelos pesquisadores. Ribeirão Preto – SP, 2020

Desenvolvimento da coleta e análise dos casos


Etapa 1)
a) Para responder ao questionário em relação ao caso simulado, os experts foram
convidados oficialmente via e-mail para participar do estudo, com anexo o Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido e do Termo de autorização para utilização de imagem
para fins de pesquisa.
b) Após o aceite e assinatura do TCLE, os experts foram direcionados a uma página
online do Google Forms para o preenchimento do questionário e tiveram o prazo de 20 dias
para efetuar o envio das respostas. Em caso de dúvida sobre o preenchimento do
questionário, os experts puderam solicitar esclarecimento ao pesquisador.
c) Após o preenchimento do questionário, dentro do Google Forms, foi pedido aos
experts para anexar fotos da moulage confeccionada no caso simulado. Foi esclarecido que
a foto deveria ser recortada dando ênfase apenas à moulage. Deveria ainda ser colorida, com
boa qualidade e que permitisse identificar e visualizar toda a moulage. Não foi aceito, foto
33

com logotipo de empresas, ou fotos que pudessem identificar o paciente simulado ou marca
do simulador.
Etapa 2) A análise dos casos foi elaborada seguindo os itens do Protocolo de análise
de dados da Moulage em cenário clínico simulado, criada pelos pesquisadores.

5.5 Inclusão e exclusão dos casos


Foram inclusos no estudo os casos devolvidos pelos experts que continham fotos e
descrição da moulage, seguindo as exigências elencadas pelos pesquisadores (foto com
ênfase nos detalhes da moulage) e o questionário respondido completamente e no tempo
determinado.
Foram critérios de exclusão os questionários que não estavam preenchidos
corretamente e, aqueles que não obtiveram os registros das fotos da moulage ou não
seguirem as exigências propostas pelos autores (foto com logo de empresa e identificação
do paciente simulado e simulador).
Foram selecionados seis casos simulados que utilizaram moulage: 1) Assistência
inter profissional as urgências respiratórias: cuidados com traqueostomia; 2) Assistência de
Enfermagem ao paciente com ferida; 3) Trauma de extremidades; 4) Avaliação de feridas de
hanseníase; 5) E-book de avaliação da Lesão por Pressão 6) Assistência de Enfermagem ao
paciente com ferida oncológica. Dos seis casos, quatro responderam aos critérios de inclusão
estabelecidos.

5.6 A lógica que une os dados as proposições


Para análise foi adotada a técnica de triangulação, a saber: análise do questionário
preenchido, análise e cruzamento dos dados com base no protocolo de análise, análise das
fotos das moulages. Os casos foram apresentados na forma de fluxograma, quadros e textos
discursivos.
Após, os casos foram analisados seguindo as proposições teóricas e objetivas do
estudo com base na revisão de literatura. Foram analisados individualmente e posteriormente
foi realizado o cruzamento em sua totalidade (YIN, 2015).
34

5.7 Considerações éticas


Este estudo tem aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da Escola de
Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, sob Parecer nº3.812.979 e
CAEE 21241219.5.0000.5393 (Anexo 1).
35

6.RESULTADOS
36

Dos seis casos selecionados, apenas quatro casos entraram para análise. Os quatro
casos analisados foram; Caso 1) Assistência interprofissional em emergência respiratória:
cuidados com; Caso 2) Assistência de Enfermagem ao paciente com ferida; Caso 3)
Avaliação de feridas em hanseníase; Caso 4) Trauma de extremidade.
Todos foram desenvolvidos em atividades clínicas simuladas extracurriculares, por
facilitadores com experiência em práticas clínicas, na docência e na área de simulação.
As figuras 2, 3, 4 e 5, representam os casos, estruturados no fluxograma das etapas
do Protocolo da descrição de moulage em cenário simulado, elaborado pelos pesquisadores.
37

Figura 2. Protocolo de análise de moulage em cenário simulado do caso 1“Assistência interprofissional em emergência respiratória: cuidados
com traqueostomia” Ribeirão Preto – SP, 2020.
38

Figura 3. Protocolo de análise de moulage em cenário simulado, do caso 2 “Assistência de enfermagem ao paciente com feridas”. Ribeirão Preto
– SP, 2020
39

Figura 4. Protocolo de análise de moulage em cenário simulado do caso 3: Avaliação de ferida em hanseníase. Ribeirão Preto – SP, 2020.
40

Figura 5. Protocolo de análise de moulage em cenário simulado do caso 4: “Trauma de extremidade” – SP, 2019.
41

A Figura 6. Mostra a descrição da análise da moulage realizada pelos pesquisadores.

Figura 6. Descrição da análise das fotos da moulage realizada pelos pesquisadores.


Ribeirão Preto – SP, 2020.

FOTO DESCRIÇÃO
Moulage localizada na região cervical anterior, pele
do simulador corada. Apresenta traqueostomia
metálica acoplada a moulage fixada por cordonê.

Moulage localizada na região do tornozelo do


simulador. Apresenta resultado, ser sanguinolento em
moderada quantidade. Leito da ferida apresentando
75% de tecido de granulação e tecido de esfacelo com
presença de fibrina. Apresenta bordas irregulares, com
presença de maceração e hiperemia em toda a pele.
Moulage na região plantar direita do ator. Em toda
extensão da região plantar, moulage representa pele
com ressecamento. Na região do 1º cabeça
metatarsiana apresenta ferida, com ausência de
exsudado, leito da ferida com tecido predominante de
granulação. Bordas íntegras, regulares hiperqueratose.
Ausência de hiperemia e processo infeccioso.
Moulage localizada na região do antebraço do
simulador. Lesão com exposição óssea, com presença
de sangue em pequena quantidade. Pele apresentando
hematoma e edema (2+/4+)
42

Tabela 1. Quadro descritivo dos quatro cenários simulados de acordo com o proposto por Fabri et al 2016. Ribeirão Preto, SP. 2020

Público Alvo Objetivo Habilidades Competências Tipo de Estratégia de Motivo da escolha da Recursos Custo Tempo de
simulado ensino moulage Humanos Total preparo
r (R$)
Caso 1 Estudantes 2º ano Realizar troca da Realizar troca Realizar Paciente Cenário Promover realização de 1 pós-graduando 182,77 2 horas
de medicina, cânula interna da de assistência simulado Simulado cenário de alta com experiência
fisioterapia e traqueostomia traqueostomia respiratória ao fidelidade; em maquiagem
enfermagem metálica. metálica paciente possibilitando a artística
traqueostomizado interação humana

Caso 2 Estudantes de Identificar a Avaliar a úlcera Realizar consulta Paciente Cenário Fácil aplicação da Artista plástico 75,54 40
enfermagem úlcera crônica de venosa e de enfermagem simulado Simulado moulage no paciente minutos
cursando o 3º ano etiologia identificar o para um paciente simulado e baixo custo
vasculogênica, tratamento com úlcera venosa
através da adequado
consulta de
enfermagem

Caso 3 Enfermeiros Simular uma Avaliar úlcera Realizar consulta Paciente Vídeo educativo Para tornar o caso 1 pós-graduando 150,49 1 hora
consulta de neuropática em de enfermagem simulado clínico mais realístico com experiência
enfermagem em pacientes com com pacientes em maquiagem
pessoas com hanseníase com hanseníase e artística
úlceras desenvolver
neuropáticas educação do
decorrentes da autocuidado
hanseníase.

Caso 4 Estudantes de Realizar Avaliar e Cuidar do Paciente Cenário Proporcionar realismo 1 facilitador 202,90 40
medicina e avaliação estabilizar o paciente simulado Simulado ao cenário. capacitado para minutos
enfermagem primária e trauma de traumatizado com construção de
secundária do extremidade trauma de moulage
trauma e conduta extremidade e
para estabilização lesão exposta
clínica
43

7. DISCUSSÃO
44

Este estudo procurou responder como e porque utilizar a moulage dentro das práticas
de simulação clínica. Foram analisados quatro casos descritivos de cenários simulados que
utilizaram a moulage.
Nesta dinâmica do processo de ensino aprendizagem, é importante que os educadores
estejam constantemente atualizados para utilizar os recursos didáticos mais diversos,
recomendados e disponíveis. Além disso, é imprescindível que a construção de cenários
clínicos simulados sejam planejados e estruturados, com objetivos, habilidades e
competências claros e definidos, possibilitando a criação de uma sistematização didática e
concreta (FABRI et al., 2017).
Conforme observado nos quatro casos deste estudo, o detalhamento da descrição do
caso clínico do cenário simulado foi subsidiado por meio dos objetivos, habilidade e
competências e deu os indícios para a fidelidade do cenário clínico e para o uso dos recursos
físicos, humanos e materiais. Esta etapa forneceu as informações como anamnese,
diagnóstico médico, sinais vitais prévios, exames laboratoriais, imagens, dentre outros e, a
estas informações servirão como elementos para a caracterização do cenário e paciente
simulado/simulador (FABRI et al., 2017), trazendo a possibilidade do uso da moulage e das
características da moulage.
É possível observar que a moulage dentro dos estudos de caso, além de prover
fidelidade ao caso clínico, é capaz de fornecer informações aos estudantes, e
consequentemente, tornar possível a realização da avaliação clínica e tomada de decisões
que os casos exigem, conforme demonstrado na figura 6, que demonstra que a moulage
apresenta uma variedade de características que são semelhantes aos contextos reais.
Durante a avaliação clínica, na semiologia e semiotécnica, a observação é uma das
etapas descritas como o uso atentivo dos sentidos (visão, audição, tato e olfato), que são
usados para coletar características ou informações direcionadas às estruturas corporais, no
plano geral e específico (BACHION, 2012). Nesse sentido, ofeedback visual e táctil que a
moulage cria oportuniza uma valiosa experiência prática principalmente quando se trata da
imersão de tarefas dos estudantes em relação aos cenários clínicos simulados (MILLS et al.
2018).
Com utilização da moulage, durante a avaliação clínica, o estudante pode aprimorar
sua observação e com isso, seus órgãos do sentido; na visão, identificando características
como o formato, tamanho, relevo, simetria, cor, rede venosa, condições da pele dentre
outros; no tato, realizando a palpação e identificando características como tamanho, textura,
formato, consistência e relevo e no olfato, identificando odores desagradáveis, odores
45

característicos de processo infeccioso, exsudato, sangue, odor cetônico, entre outros


(BACHION, 2012).
Com isso, observa-se que a moulage é uma forte estratégia para trabalhar os aspectos
da avaliação clínica em cenários simulados. Com critérios de alcance de resultados bem
definidos, grau de sistematização da obervação e uso dos sentidos sensoriais, em simulação
clínica com uso da moulage a avaliação clínica pode ser aperfeiçoada tanto com os
estudantes como também com profissionais da área da saúde.
O envolvimento dos participantes na simulação é aprimorado por fatores como
fidelidade, autenticidade e realismo, bem como a presença das pistas visuais (MILLS et al.,
2018). Com a moulage mais próxima da realidade, ela pode auxiliar ao estudante a identificar
imediatamente qual é o problema e a descobrir o que precisa ser feito no cenário simulado,
fazendo com que os estudantes sintam-se mais envolvidos na experiência de aprendizado, o
que contribui para a validade de face e conteúdo (MILLS et al., 2018).
As pistas visuais em cenários clínicos simulados, conforme mostrado nos casos de 1
a 4, orientam continuamente o estudante durante a simulação, fornecendo feedback
instantâneo e demonstrando que há algo, que precisa ser avaliado, interpretado, o que
corrobora com o raciocínio clínico e a tomada de decisão durante a simulação, (MILLS et
al., 2018).
Idealmente, os alunos em simulação necessitam da oportunidade de praticar
problemas clínicos como seriam apresentados na realidade, sem a necessidade de confiar em
seu sentido imaginativo. Expor os alunos a cenários envolvendo níveis mais altos de
fidelidade no início de seu currículo podem ter efeitos positivos durante sua formação
(ALINIER et al., 2004; MILLS et al. 2018).
Além de fornecer uma avaliação clínica mais precisa, os casos aqui analisados
demonstraram que a moulage pode possibilitar o treino de habilidades técnicas, conforme
monstrado no caso 1, no qual foi confecionada moulage na região cervical e com ela, foi
possível realizar a aspiração das vias aéras e a troca de traqueostomia metálica. Também,
conforme mostrado no caso 4, no qual foi realizado uma moulage de fratura exposta
possibilitando o treino da establização da fratura.
Nos casos 2 e 3, embora o expert não comente sobre a necessidade da realização do
curativo, outros estudos demonstram que a moulage pode servir para o treino da habilidade
técnica para o gerenciamento das feridas, como limpeza, troca do curativo da lesão,
desbridamento. (MAZZO et al., 2018).
46

Além disso, outros estudos têm demonstrado o uso da moulage na criação de


simuladores que permitem a realização do treino de habilidades, como por exemplo, a
estabilização de um trauma penetrante (PAI, SINGH, 2012), a realização da técnica de
escarotomia (FOOT et al., 2008), a palpação, exame de ultrassonografia e drenagem em um
abscesso simulado (PAI, SINGH, 2012).
Com estes achados, entende-se que a moulage tem sido trabalhada de diferentes
maneiras dentro da estratégia da simulação clínica. Com isso, compreende-se que seria
necessário classificar a moulage e seu nível de fidelidade na simulação, sendo esperado que
varie dependendo do nível da interação do participante com o cenário simulado.
Os cenários simulados são frequentemente avaliados utilizando-se medidas de
validade de face e de conteúdo. A validade da face está relacionada ao quanto o cenário
simulado está em concordância com a prática clínica e a validade do conteúdo está
relacionada à adequação do cenário simulado aos objetivos da capacitação (MAKKINK,
SLABBER, 2019). A fidelidade das práticas simuladas tem sido equiparadas ao quanto essas
atividades podem imitar a realidade clínica (JEFFRIES, 2005), sendo inclusive quantificada
como alta, média e de baixa fidelidade (JEFFRIES, ROGERS, 2007). Esse conceito
concentrava-se basicamente no simulador e no ambiente de simulação. Todavia o conceito
de realismo tem evoluído, incluindo atualmente as dimensões físicas, materiais e ambientais,
fato no qual a moulage realizada com recursos que lhe dêm textura, odores, podem despertar
emoções, sentimentos e raciocínio clínico, entre outros (DIECKMANN, GABA, RALL,
2007; RUDOLPH, SIMON, RAEMER, 2007; CHINIARA et al., 2013; LOPREIATO,
2016)
Quando pensamos em fidelidade de simuladores, pode-se caracterizar simuladores
de baixa fidelidade como peças anatômicas, sem o incremento de tecnologia, aqueles que
permitem o treino de habilidades técnicas e procedimentais. Os simuladores de média
fidelidade como manequins, com pouco uso de tecnologia, geralmente corpos anatômicos,
que emitem sons, e permitem o treino e aperfeiçoamento de algumas habilidades como a
ausculta pulmonar, ausculta de bulhas cardíacas, dentre outros. Os simuladores de alta
fidelidade, geralmente têm tecnologias avançadas, se aproximam do corpo humano, do
contexto real, permitem maior interação entre o aprendiz e ainda possuem achados clínicos
como convulsões, pupilas fotorreagentes, sudorese, cianose de lábios e extremidades, dentre
outros (RUDOLPH, RAEMER, SIMON, 2014; MESKA et al., 2016).
Neste sentido, a partir dos achados deste estudo e da carência de estudos do que se
refere à fidelidade da moulage na simulação, propomos, que a moulage no cenário clínico,
47

poderia também ser avaliada como Moulage de Baixa, Moulage de Média e Moulage de Alta
Fidelidade, o que dependeria basicamente do seu realismo (visual, tátil e de provocar odores,
da sua dimensionalidade, das pistas de raciocínio clínico que pudesse oferecer e do grau de
habilidades técnicas que pudesse proporcionar). Talvez esse estudo pudesse ter evoluído na
validação desses dados, o que pode ser considerado um dos seus fatores limitantes e
oportunizar novas pesquisas no assunto.
Com base nos dados analisados a moulage de baixa fidelidade, poderia ser definida
quando realizada de forma simples, bidimensional (2D), com largura e comprimento,
realizada com poucos recursos materiais, e que fornecem apenas pistas do cenário simulado,
como por exemplo um hematoma, icterícia, palidez, escoriações, sudorese, sangramento,
pequenas lesões, caracterização de paciente idoso, dentre outras.
As moulages de média fidelidade, poderiam ser consideradas aquelas que necessitam
do incremento de maiores técnicas e recursos materiais para sua confecção e que se
apresentam-se na forma tridimensional (3D), com largura, comprimento e altura (BORBAS,
BRUSCAGIM, 2007). Poderiam ainda ser aqui inclusas as próteses de silicone 3D pré-
moldadas. (GARG, HALEY, HATEM, 2010). Geralmente essas moulages podem ser
consideradas moulages de média-fidelidade por apresentar mais informações e/ou pistas para
o desenvolvimento do cenário, como por exemplo: lesões abertas como lesão por pressão,
úlcera venosa, cortes com sangramento, traumas, fraturas expostas, onde o participante
precisa avaliar e tomar decisões a partir dos achados clínicos.
As moulages de alta fidelidade, poderiam ser classificadas como aquelas que
possibilitam maior interação do estudante com o cenário, o treino de habilidades, como no
caso 1, pela aspiração de vias aéreas ou no caso 4, aquela que possibilitou a estabilização de
fratura exposta ou ainda aquelas que permitem avaliação, análise de odor, que instigam o
estudante a busca de dados clínicos, como em lesões que possibilitam avaliação do leito da
ferida, desbridamento, drenagem de abscesso, escarotomia, entre outros, conforme
encontrado em estudos anteriores (FOOT et al., 2008; MAZZO et al., 2018; PAI SINGH,
2012).
As moulages de alta fidelidade fornecem estímulos aos sentidos dos estudantes, como
o tato e o olfato, conforme demostrado no caso 1, 2 e 4. Neste contexto, quando tratamos de
moulages em formato 3D com acréscimo de outros estímulos multisenssoriais, podemos
obter as moulages quadridimensionais (4D). A indústria cinematográfica define o
Quadridimensional, como aquele recurso que têm como objetivo dar imersão da experiência
48

ao telespectador, com vibrações, movimentos, cheiros, dentre outros impulsos para outros
órgãos do sentido (RITTA, 2016; SILVA, 2019; WILHELM et al., 2019).
Diferente dos simuladores, que necessitam do uso de tecnologias robótica conforme
o nível de fidelidade, o que implica em maior investimento financeiro, a moulage incorpora
nos diferentes níveis de complexidade aqui propostos, maior criatividade e técnicas para sua
confecção. Ainda assim, apresenta custos acessíveis e muito inferior ao uso de simuladores,
conforme demonstra os quatro estudos de casos aqui analisados. Tais fatos não excluem a
possibilidade de associar os estímulos da moulage 3D, 4D aos recursos robóticos do
simulador, o que possibilitaria avaliação de parâmetros clínicos simulados (no simulador) e
outras pistas e possibilidades de treino de habilidades oferecidos por meio da moulage,
almejando o realismo.
Os modelos de moulage de silicone são encontrados na indústria, geralmente
confecionados por empresas que trabalham com simulação (MILLS et al. 2018). Nas
websites das empresas há disponível para a venda lesões que se assemelham ás lesões dos
casos apresentandos 2, 3 e 4. As empresas geralmente indicam que as próteses podem ser
associadas a paciente simulado e simulador reutilizadas, o que lhes da possibilidade de uso
em OSCE e outras avaliações por exemplo, devido a reprodutibilidade.
Na comparação do custo das moulages de silicone com o custo das moulages do
presente estudo, aparentemente as moulages confeccionadas com maquiagem apresentaram
custos inferiores quando comparados ao de moulage de silicone e a experiência única de uso
naquele paciente simulado ou simulador, quando associadas a odores e texturas que
possibilitam o raciocínio clínico. Todavia é importante destacar que maquiadores com
habilidades na aplicação da moulage não estão amplamente disponíveis. O custo de usar
maquiadores especialistas em moulages pode superar os benefícios de muitos programas
(FLORES, HESS, 2018; MAKKINK, SLABBER,2019).
Alguns estudiosos (FLORES, HESS, 2018), indicam que o custo da maquiagem
desenvolvida por profissional com experiência pode alcançar cifras altas. Nos casos
analisados nesse estudo, apenas o caso 2 contou com ajuda de um profissional. As moulages
dos casos 1 e 3 foram desenvolvidas por um estudante de pós-graduação com experiência
em maquiagem artística desenvolvida no laboratório de simulação, e a moulage utilizada no
caso 4 foi desenvolvida pelo próprio facilitador da simulação. Os quatro casos demonstraram
semelhança com os contextos reais. Estudos descreveram técnicas de moulage de baixo custo
usando ferramentas facilmente acessível aos educadores e descreveu como um educador
49

pode aplicar moulage de baixo custo para imitar feridas reais (SWAN, 2013; PYWELLet
al., 2016).
Estudo, recente, descreveu a experiência e a percepção dos estudantes de graduação
quando para construir as moulages (MAKKINK, SLABBER, 2019). As percepções dos
participantes sobre a validade facial e de conteúdo relacionadas a moulage auto-construídas
aplicada por amadores foi positiva, e melhorou o realismo do cenário. Os participantes
informaram ainda que na sua percepção as moulages foram mais fidedignas que os produtos
de silicone disponíveis no mercado. Nesse contexto, o pesquisador afirma que mesmo sem
a participação de um profissional na sua confecção, a moulage tem o potencial real de
aumentar a fidelidade e o realismo e melhorar autenticidade das simulações de forma menos
onerosa e que ao fazê-lo, aumenta o engajamento do estudante (MAKKINK, SLABBER,
2019).
50

8. CONCLUSÃO
51

Por meio deste estudo foi possível identificar que a moulage está sendo utilizada
dentro dos cenários de simulação clínica como um elemento fundamental na caracterização
do paciente para o caso clínico, fornecendo ao participante a adição de o feedback
multisensorial, proporcionando uma oportunidade valiosa para a experiência prática,
possibilitando ao participante que desenvolva e treine as habilidades, o raciocínio clínico e
a tomada de decisão.
Embora esse estudo tenha se baseado em apenas quatro estudos de casos, os
resultados apontaram que quando construída com rigor e método, seguindo as etapas da
construção do cenário simulado, pode ser um fator que influencia na fidelidade e no realismo
do cenário clínico simulado, impactando de forma positiva na avaliação clínica do paciente
por parte dos participantes da simulação.
Os achados encontrados levaram ainda os pesquisadores a classificar a fidelidade da
moulage, o que pode ser ainda validado em futuros estudos. A classificação da moulage
dentro do cenário simulado pode prover os elementos necessários para que o contexto da
simulação possa ser modificado em tamanho e complexidade, conforme os objetivos
propostos.
52

9.REFERÊNCIAS
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61

APENDICE A
QUESTIONÁRIO

Tema do cenário:
______________________________________________________________________
Objetivo do cenário:
_____________________________________________________________________
Público alvo:
______________________________________________________________________
Habilidades e competências:
______________________________________________________________________
Método de ensino (por exemplo: vídeo, cenário simulado, e-book, mapa conceitual):
______________________________________________________________________
Tipo de simulador (simuladores de baixa, média, alta fidelidade, paciente simulado,
troca de papéis):
_____________________________________________________________________
Descrição do caso clínico:
______________________________________________________________________
Descrição da moulage pretendida (descrever os detalhes da ferida que desejava para o
cenário):

______________________________________________________________________
Motivo da escolha da moulage:
______________________________________________________________________
Recursos humanos (responsável pela confecção da moulage):
______________________________________________________________________
Tempo de preparo da moulage:
______________________________________________________________________
Recursos materiais e custo(descrever todo o custo dos materiais utilizados da moulage):
______________________________________________________________________
62

ANEXO 1
63
64

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