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12/03/2024, 13:57 Direito do Trabalho - LGPD – TRATAMENTO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES - Consentimento, estagiário, aprendiz, menor, rescisão, modelos

rescisão, modelos de cláusulas

DIREITO DO TRABALHO
Boletim Trabalhista n° 14 - 2ª Quinzena. Publicado em: 28/07/2021

 Matéria elaborada conforme a legislação vigente à época de sua publicação, sujeita a mudanças em decorrência das alterações legais.

LGPD - TRATAMENTO DE DADOS DE CRIANÇAS E


ADOLESCENTES
Consentimento, estagiário, aprendiz, menor, rescisão, modelos de cláusulas

Roteiro 

1. Introdução
2. Conceito de Criança e Adolescente - Lei n° 8.069/90
3. Tratamento de Dados de Crianças e Adolescentes
3.1. Consentimento em Destaque de um dos Pais ou Responsável Legal
3.2. Tratamento sem Consentimento de um dos Pais ou Responsável Legal
3.3. Informações Claras e Acessíveis
3.4. Compartilhamento
4. Estagiário
4.1. Empresa e Estagiário
4.2. Empresa e Instituição de Ensino
4.3. Empresa e Agente de Integração do Estágio
5. Menor Aprendiz
5.1. Menor Aprendiz e a Empresa
5.2. Empresa e Instituição de Aprendizagem
5.3. Menor Aprendiz e a Instituição de Aprendizagem
5.4. Contrato de Aprendizagem
6. Trabalho do Menor
7. Rescisão Contratual
7.1. Assistência dos Pais ou Responsáveis
8. Modelo de Cláusula de Consentimento de Um dos Pais ou Responsável
9. Modelo de Cláusula de Compartilhamento de Dados

1. Introdução
A Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), instituída por meio da Lei n° 13.709/2018, ditou regras especiais para o tratamento de dados pessoais de crianças
e adolescentes, nas relações de trabalho, essas regras geram reflexos nos contratos de aprendizagem, no termo de compromisso de estágio, bem como, no
contrato de emprego do menor.

Deste modo, é indispensável observar as regras da LGPD, relativamente ao tratamento dos dados referente a crianças e adolescentes, a fim de adequar os
referidos contratos de trabalho, e o termo de compromisso de estágio, sempre que firmados com menores de 18 anos.

Sobre a LGPD, sugere-se a leitura das matérias indicadas a seguir:

LGPD - Lei Geral de Proteção de Dados - Aspectos Trabalhistas - Vigência, Conceitos, Aplicação, Requisitos,
Boletim n° 16/2020
Responsabilidade, Boas Práticas

LGPD - Agentes de Tratamento - Controlador, Operador, Atribuições, Responsabilidade, Exemplo de Controlador e


Boletim n° 07/2021
Operador

LGPD - Encarregado pelo Tratamento de Dados Pessoais/DPO - Conceito, Agentes de Tratamento, Dispensa de
Boletim n° 07/2021
Indicação, Responsabilidade

2. Conceito de Criança e Adolescente - Lei n° 8.069/90


Nos termos do artigo 2° da Lei n° 8.069/90 (Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA), considera-se criança, a pessoa até 12 anos de idade incompletos, e
adolescente aquela entre 12 e 18 anos de idade.

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DIREITO DO TRABALHO
Boletim Trabalhista n° 14 - 2ª Quinzena. Publicado em: 28/07/2021

 Matéria elaborada conforme a legislação vigente à época de sua publicação, sujeita a mudanças em decorrência das alterações legais.

3. Tratamento de Dados de Crianças e Adolescentes


Relativamente ao tratamento de dados de crianças e adolescentes, o artigo 14 da Lei n° 13.709/2018, deve ser executado em completo interesse destes. Isto
porque, a lei assegura que a utilização dos dados pessoais destes titulares seja efetuada com o objetivo de alcançar o que os interessa, da forma que seja
mais benéfico a eles.

3.1. Consentimento em Destaque de um dos Pais ou Responsável Legal


Conforme se verifica no § 1° do artigo 14 da Lei n° 13.709/2018, para fazer o tratamento dos dados pessoais de crianças, é preciso colher o consentimento
específico e em destaque, de pelo menos um dos pais ou responsável legal.

Destaca-se que é dever do controlador verificar se a permissão de fato foi concedida pelo responsável legal da criança, levando-se em consideração a
tecnologia disponível no instante da coleta, de acordo com o que orienta o § 5° do artigo 14 da Lei 13.709/2018.

Ainda, os controladores não devem trazer como condição a presença das crianças em aplicativos de internet, jogos, ou outras atividades, à concessão de
informações pessoais além das realmente necessárias à atividade. Isso significa que devem ser objeto de tratamento, apenas os dados realmente
necessários à obtenção do resultado pretendido, evitando-se assim, coletar dados em excesso ou desnecessários. (§ 4° do artigo 14 da Lei n° 14.709/2018).

Assim, por uma interpretação literal da LGPD, o consentimento específico e em destaque dado por um dos pais ou responsável legal, apenas é exigido no
caso de tratamento de dados pessoais de crianças, e para os adolescentes, seriam aplicadas as mesmas regras de tratamento de dados pessoais dos
adultos, nos termos dos artigos 7° e 11 da Lei n° 13.709/2018.

Entretanto, diante de uma interpretação mais profunda da lei, que leva em consideração o seu sentido e alcance, ou seja, a razão que a levou a ser editada,
bem como, o direito que se pretende preservar, deve-se atentar para a previsão contida no artigo 14 da Lei n° 13.709/2018, segundo a qual, o tratamento de
dados de crianças e adolescentes deve ser realizado em seu melhor interesse. Diante desta premissa, a interpretação preventiva é no sentido de que, o
consentimento de um dos pais ou responsável legal também deve ser aplicado ao tratamento de dados de adolescentes.

É necessário ressaltar que o tema é passível de regulamentação pela ANPD (Autoridade Nacional de Proteção de Dados), bem como, é importante
acompanhar a evolução da doutrina sobre o assunto.

Ao final, destaca-se que no tratamento de dados de crianças e adolescentes, os controladores deverão deixar pública a informação quanto às espécies de
dados colhidos, a maneira de utilizá-los e a forma procedimental para que o titular exerça os direitos assegurados pela LGPD (§ 2° do artigo 14 da Lei n°
13.709/2018).

3.2. Tratamento sem Consentimento em Destaque de um dos Pais ou Responsável Legal


Quando a coleta de dados pessoais de crianças for imprescindível para a finalidade de manter contato com os pais ou o responsável legal, para utilização
apenas uma única vez, e sem guarda/armazenamento, ou ainda, para a proteção do titular, o tratamento pode acontecer sem a permissão de um dos pais ou
o responsável legal, conforme expressa o § 3° do artigo 14 da Lei n° 13.709/2018.

Nestas hipóteses não é permitido o repasse dos dados pessoais a terceiros, exceto se houver o consentimento de um dos pais ou do responsável legal.

Embora essa regra faça referência apenas ao tratamento de dados pessoais das crianças, recomenda-se, que seja aplicada aos adolescentes também, em
virtude de interpretação legislativa teleológica. Ou seja, é necessário considerar um ideal de justiça e igualdade.

3.3. Informações Claras e Acessíveis


De acordo com o que determina o § 6° do artigo 14 da Lei n° 13.709/2018, no tratamento de dados de crianças e adolescentes, os dados sobre o tratamento
devem ser simples, claras e acessíveis.

Além disso, cabe ao controlador considerar os característicos físico-motores, perceptivos, sensoriais, intelectuais, fazendo uso de recursos audiovisuais
quando necessário, com o objetivo de proporcionar o adequado entendimento de quem detém a titularidade, e repassar a informação necessária aos pais ou
ao responsável legal.

3.4. Compartilhamento
Na forma do que prevê a LGPD, o controlador que deteve a permissão para o tratamento de dados pessoais, e que precisar comunicar ou compartilhar
informações pessoais com outros controladores, deverá coletar a autorização objetiva do titular para este fim, exceto nas hipóteses legislativas de dispensa
(§ 5° do artigo 7° da Lei n° 13.709/2018).

Destaca-se, que é direito constituído do titular das informações, obter do controlador dados sobre a entidade de natureza pública e privada com as que
manteve compartilhamento dos seus dados, nos moldes do inciso VII do artigo 18 da Lei n° 13.709/2018.

Ainda, ocorrendo a alteração na finalidade do compartilhamento, será necessário coletar novamente o consentimento do titular dos dados, a fim de atender
aos conselhos da LGPD. Vale ressaltar que a não observância desta regra, pode fazer com que o tratamento das informações se torne irregular (artigo 44da
Lei n° 13.709/2018).

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12/03/2024, 13:57 Direito do Trabalho - LGPD – TRATAMENTO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES - Consentimento, estagiário, aprendiz, menor, rescisão, modelos de cláusulas

DIREITO DO TRABALHO
Boletim Trabalhista n° 14 - 2ª Quinzena. Publicado em: 28/07/2021

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4. Estagiário
A Lei n° 11.788/2008 é a que regulamenta o contrato de estágio, e tem por objetivo a aprendizagem profissional, ou seja, proporcionar ao estagiário, o
exercício prático dos conhecimentos teóricos adquiridos, a fim de possibilitar experiência e desenvolvimento de habilidades práticas, da profissão que será
exercida futuramente.

Faz parte do compromisso de estágio, o estudante, a empresa contratante e a instituição de ensino, de acordo com o artigo 3°, inciso II, da Lei n°
11.788/2008.

Sobre o Estágio, recomenda-se a leitura da matéria abaixo, que traz detalhes:

Estágio - Conceitos, Modalidades, Duração, Carga Horária, Bolsa Auxílio, Limitação, eSocial Boletim n° 06/2019

4.1. Empresa e Estagiário


Relativamente à parte concedente do Estágio, é importante destacar o que prevê o artigo 9° da Lei n° 11.788/2008, abaixo transcrito:

Art. 9° As pessoas jurídicas de direito privado e os órgãos da administração pública direta, autárquica e fundacional de qualquer dos Poderes da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, bem como profissionais liberais de nível superior devidamente registrados em seus
respectivos conselhos de fiscalização profissional, podem oferecer estágio, observadas as seguintes obrigações:
I - celebrar termo de compromisso com a instituição de ensino e o educando, zelando por seu cumprimento;
II - ofertar instalações que tenham condições de proporcionar ao educando atividades de aprendizagem social, profissional e cultural;
III - indicar funcionário de seu quadro de pessoal, com formação ou experiência profissional na área de conhecimento desenvolvida no curso do
estagiário, para orientar e supervisionar até 10 (dez) estagiários simultaneamente;
IV - contratar em favor do estagiário seguro contra acidentes pessoais, cuja apólice seja compatível com valores de mercado, conforme fique
estabelecido no termo de compromisso;
V - por ocasião do desligamento do estagiário, entregar termo de realização do estágio com indicação resumida das atividades desenvolvidas,
dos períodos e da avaliação de desempenho;
VI - manter à disposição da fiscalização documentos que comprovem a relação de estágio;
VII - enviar à instituição de ensino, com periodicidade mínima de 6 (seis) meses, relatório de atividades, com vista obrigatória ao estagiário.
Parágrafo único. No caso de estágio obrigatório, a responsabilidade pela contratação do seguro de que trata o inciso IV do caput deste artigo
poderá, alternativamente, ser assumida pela instituição de ensino.

Assim, é imprescindível observar todos os requisitos acima indicados, para a validade do Estágio.

O tratamento das informações pessoais do estagiário deverá estar concordante às regras de proteção de informações dispostas na LGPD.

Deste modo, cabe a parte concedente do estágio verificar quais dados pessoais serão necessários para formalização do estágio.

Lembrando que, diante das regras especiais para o tratamento de informações de crianças e adolescentes, sempre que o estagiário for menor de 18 anos,
recomenda-se coletar o consentimento objetivo de um dos pais ou responsável legal, a fim de atender o que prevê o artigo 14 da Lei n° 13.709/2018.

Quando celebrado o compromisso de estágio, deve ser efetuada a informação ao eSocial, conforme consta o Manual de Orientação. Portanto, o estagiário
deve ser indicado pelo seu CPF no evento S-2300 - Trabalhador sem Vínculo, na categoria 901.

A parte que concedeu a oportunidade de estágio está obrigada a enviar as informações dos estagiários, independente da sua relação civil com o agente de
integração.

Portanto, mesmo sendo compromisso de estágio, há o compartilhamento de dados pessoais do estagiário com o poder público, para cumprimento de
obrigações acessórias. E, em se tratando de estágio obrigatório haverá o compartilhamento de informações relativas ao estagiário, bem como, acerca do
desenvolvimento do estágio, com a instituição de ensino.

Dessa forma, o recomendado é que no termo de compromisso do estágio, constem cláusulas sobre o tratamento dos dados pessoais, quais as suas
finalidades, qual o embasamento legal que autoriza o tratamento, quais os compartilhamentos que serão realizados, qual a forma de armazenamento dos
dados e como poderão ser acessados pelo titular, ou seja, qual o canal de comunicação que será disponibilizado para que o estagiário possa acessar os
seus dados de natureza pessoal e exercer os direitos previstos no artigo 18 da Lei n° 13.709/20218.

4.2. Empresa e Instituição de Ensino


Relativamente às obrigações da instituição de ensino, destaca-se o que determina o artigo 7° da Lei n° 11.788/2008, abaixo indicado:

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DIREITO DO TRABALHO
Boletim Trabalhista n° 14 - 2ª Quinzena. Publicado em: 28/07/2021

 Matéria elaborada conforme a legislação vigente à época de sua publicação, sujeita a mudanças em decorrência das alterações legais.

Art. 7° São obrigações das instituições de ensino, em relação aos estágios de seus educandos:
I - celebrar termo de compromisso com o educando ou com seu representante ou assistente legal, quando ele for absoluta ou relativamente
incapaz, e com a parte concedente, indicando as condições de adequação do estágio à proposta pedagógica do curso, à etapa e modalidade da
formação escolar do estudante e ao horário e calendário escolar;
II - avaliar as instalações da parte concedente do estágio e sua adequação à formação cultural e profissional do educando;
III - indicar professor orientador, da área a ser desenvolvida no estágio, como responsável pelo acompanhamento e avaliação das atividades do
estagiário;
IV - exigir do educando a apresentação periódica, em prazo não superior a 6 (seis) meses, de relatório das atividades;
V - zelar pelo cumprimento do termo de compromisso, reorientando o estagiário para outro local em caso de descumprimento de suas normas;
VI - elaborar normas complementares e instrumentos de avaliação dos estágios de seus educandos;
VII - comunicar à parte concedente do estágio, no início do período letivo, as datas de realização de avaliações escolares ou acadêmicas.
Parágrafo único. O plano de atividades do estagiário, elaborado em acordo das 3 (três) partes a que se refere o inciso II do caput do art. 3° desta
Lei, será incorporado ao termo de compromisso por meio de aditivos à medida que for avaliado, progressivamente, o desempenho do estudante.

Conforme mencionado, o termo de compromisso de estágio é firmado entre a parte concedente da vaga, a instituição de ensino quando se tratar de estágio
obrigatório e o estagiário. Deste modo, consequentemente, dados pessoais do estagiário, bem como, informações do estágio são compartilhados entre a
empresa concedente do estágio e a instituição de ensino.

Inclusive, uma das obrigações da parte concedente do estágio, é enviar à instituição de ensino, um relatório de atividades com vista obrigatória ao estagiário,
em um período mínimo de seis meses.

Desta forma, o termo de compromisso de estágio deve conter cláusulas sobre privacidade e proteção de dados do estagiário, os limites de responsabilização
da instituição de ensino e da parte que concede a vaga de estágio, bem como, indicar quais as medidas de segurança que serão empregadas para o
tratamento regular dos dados pessoais, conforme preceituam os artigos 46, 47 e 49 da Lei n° 13.709/2018.

Ainda, recomenda-se que este compartilhamento de dados ocorra com o consentimento do estagiário, bem como, é devido coletar o consentimento de um
dos pais ou do responsável legal do menor, de acordo com o § 5° do artigo 7°, e § 1° do artigo 14, da Lei n° 13.709/2018.

4.3. Empresa e Agente de Integração do Estágio


Inicialmente destaca-se que o estagiário pode ser contratado diretamente, com a participação da instituição de ensino, ou ainda, esta contratação pode
ocorrer por intermédio dos agentes de integração, a exemplo do Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE).

De acordo com o que prevê o artigo 5° da Lei n° 11.788/2008, as partes concedentes do estágio e as instituições de ensino, subjetivamente, podem se
socorrer do serviço de agentes de integração, sejam de natureza pública ou privada, conforme as condições mantidas na forma de acordo em instrumento
jurídico apropriado (ex. contratos ou termos), e no caso de contratação com recursos públicos, deve-se observar a normativa que estabelece as regras gerais
de licitações.

Desta forma, se acaso o estagiário for contratado com a intermediação de um agente de integração, este contrato deve conter cláusulas sobre privacidade e
proteção de dados pessoais, a responsabilidade de cada empresa (agente de integração, parte concedente do estágio e instituição de ensino), bem como,
quanto às medidas de segurança que serão empregadas para que o tratamento de dados seja regular, conforme preceituam os artigos 46, 47 e 49 da Lei n°
13.709/2018.

Além disso, conforme todo o exposto, no que diz respeito ao ato de compartilhar dados pessoais do estagiário, aconselha-se que seja coletado o
consentimento do estagiário, e também de um dos pais ou do responsável legal do menor, de acordo com o § 5° do artigo 7°, e § 1° do artigo 14, da Lei n°
13.709/2018.

5. Menor Aprendiz
A CLT proíbe qualquer forma de trabalho aos menores de 16 anos de idade, exceto na condição de aprendiz, a partir dos 14 anos (artigo 403 da CLT).

Assim, o contrato de aprendizagem pode ser firmado com o jovem a partir dos 14 até os 24 anos de idade. A idade máxima não se aplica ao portador de
deficiência, nos moldes dos artigos 403, 433 e § 5° do artigo 428 da CLT.

Deste modo, considera-se menor aprendiz, aquele entre os 14 até os 17 anos de idade. Portanto, neste contrato, além da observância as regras especiais do
trabalho do menor, e dos requisitos inerentes ao contrato de aprendizagem, é preciso atentar para o cumprimento dos imperativos de proteção de
informações de natureza pessoal disposta na LGPD.

Para maiores detalhes quanto ao contrato de aprendizagem, recomenda-se a leitura das matérias a seguir:

Aprendiz - Aspectos Trabalhistas - Obrigatoriedade, Deveres, Direitos, Remuneração, Jornada, Estabilidade, FGTS Boletim n° 08/2021

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DIREITO DO TRABALHO
Boletim Trabalhista n° 14 - 2ª Quinzena. Publicado em: 28/07/2021

 Matéria elaborada conforme a legislação vigente à época de sua publicação, sujeita a mudanças em decorrência das alterações legais.

Aprendiz - Aspectos Previdenciários - Conceito, Inscrição e Filiação, Contribuições Previdenciárias, Salário-


Boletim n° 06/2021
Maternidade

Ainda, sobre os cuidados com a proteção dos dados pessoais, na admissão e na demissão de trabalhadores, recomenda-se também, a leitura das matérias
abaixo indicadas:

LGPD - Procedimento de Admissão - Processo de Seleção, Admissão, Exames, Revogação do Consentimento,


Boletim n° 20/2020
Penalidades

LGPD - Tratamento de Dados na Demissão - Vigência, Aplicação, Demissão, Revogação do Consentimento,


Boletim n° 20/2020
Penalidades

5.1. Menor Aprendiz e a Empresa


Com alicerce no artigo 6° da Instrução Normativa SIT n° 146/2018, o contrato de trabalho de aprendizagem possui natureza especial, e tem por objetivo
principal assegurar ao aprendiz, inscrito em programa de aprendizagem, formação técnico-profissional metódica, compatível com o seu desenvolvimento
físico, moral e psicológico. E, ao aprendiz, cabe zelar e esforçar-se com cuidado as tarefas imperativas a essa formação.

Em razão do regramento específico previsto no § 1 do artigo 14 da Lei n° 13.709/2018, quando da contratação de um menor aprendiz, recomenda-se que
seja coletado o consentimento específico de um dos pais ou do responsável legal do menor.

Portanto, o contrato de aprendizagem também deve conter cláusulas sobre privacidade e proteção de dados pessoais do aprendiz, com a indicação de quais
medidas de segurança que serão empregadas, para o tratamento regular dos dados pessoais, e por qual modo o aprendiz poderá exercer os direitos
assegurados na LGPD, conforme preceituam os artigos 18, 46, 47 e 49 da Lei n° 13.709/2018.

Ademais, quanto ao compartilhamento de dados pessoais do aprendiz, além de ser necessário coletar o consentimento do titular dos dados, recomenda-se,
obter a autorização de um dos pais ou do responsável legal do menor, de acordo com o § 5° do artigo 7°, e § 1° do artigo 14, da Lei n° 13.709/2018.

5.2. Empresa e Instituição de Aprendizagem


O compartilhamento de dados do aprendiz entre o empregador e a instituição de aprendizagem/entidade formadora, deve ser realizado mediante
consentimento do titular, e de um dos pais ou do responsável legal, quando o aprendiz for menor de 18 anos, na forma do que preceitua o § 5° do artigo 7°, e
o § 1° do artigo 14, da Lei n° 13.709/2018.

Além disso, é recomendado que o programa de aprendizagem, firmado entre a empresa e a instituição de ensino, contenha cláusulas sobre privacidade e
proteção de dados pessoais do aprendiz, indicando quais as medidas de segurança que serão empregadas para o tratamento regular dos dados pessoais, e
por qual modo o aprendiz poderá exercer os direitos assegurados na LGPD.

Ainda, o ideal é que o programa de aprendizagem contenha disposições sobre os tratamentos que serão realizados por cada uma das empresas, e a posição
de cada empresa, se controladora ou operadora de dados, de acordo com a atuação e poder decisório em cada tratamento, conforme preceituam os artigos
18, 46, 47 e 49 da Lei n° 13.709/2018.

5.3. Menor Aprendiz e a Instituição de Aprendizagem


Conforme mencionado, o aprendiz deve ser devidamente esclarecido sobre quais dados pessoais que serão compartilhados com a entidade formadora, bem
como, quais os tratamentos de dados que serão realizados pela instituição de ensino, de forma que, o programa de aprendizagem deve estar compatível ao
regramento de proteção de dados. A permissão do titular é absolutamente necessária para que o compartilhamento de informações seja regular, e ainda, se
tratando de menor de 18 anos, aconselha-se a obtenção da permissão de um dos pais ou do responsável legal, de acordo com o § 5° do artigo 7°, e § 1° do
artigo 14, da Lei n° 13.709/2018.

5.4. Contrato de Aprendizagem


O contrato do aprendiz deve ser celebrado, observando o que prevê o artigo 7° da IN SIT n° 146/2018, abaixo transcrito:

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DIREITO DO TRABALHO
Boletim Trabalhista n° 14 - 2ª Quinzena. Publicado em: 28/07/2021

 Matéria elaborada conforme a legislação vigente à época de sua publicação, sujeita a mudanças em decorrência das alterações legais.

Art. 7° O contrato de aprendizagem deve ser pactuado por escrito e por prazo determinado com registro e anotação na CTPS, e para sua validade
exige-se:
I - matrícula e frequência do aprendiz à escola, caso não tenha concluído o ensino médio;
II - inscrição do aprendiz em programa de aprendizagem, desenvolvido sob a orientação das entidades qualificadas em formação técnico-
profissional metódica, a seguir relacionadas:
a) entes do Sistema Nacional de Aprendizagem;
b) escolas técnicas de educação;
c) entidades sem fins lucrativos que tenham por objetivo a assistência ao adolescente e à educação profissional, devidamente inscritas no
Cadastro Nacional de Aprendizagem e registradas no Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente - CMDCA;
d) entidades de prática desportiva das diversas modalidades filiadas ao Sistema Nacional do Desporto e aos Sistemas de Desporto dos Estados,
do Distrito Federal e dos Municípios.
III - programa de aprendizagem desenvolvido em conformidade com a regulamentação do Ministério do Trabalho.

Deste modo, no contrato de aprendizagem há a seleção, e também, o exercício de compartilhar os dados pessoais do aprendiz.

O aprendiz é informado no eSocial pelo seu CPF, no evento S-2200 (cadastramento inicial do vínculo e admissão).

O contrato do aprendiz está atrelado ao programa de aprendizagem, portanto, além do compartilhamento de dados pessoais do aprendiz com o poder
público, há também o ato de compartilhar de dados com a instituição de ensino ou entidade formadora, de modo que, este compartilhamento deve ser
autorizado pelo titular, bem como, por um dos seus pais, ou um responsável legal, de acordo com o § 5° do artigo 7°, e § 1° do artigo 14, da Lei n°
13.709/2018, conforme já explicitado.

Assim, o contrato de aprendizagem deve conter cláusulas relativas ao tratamento dos dados pessoais, quais as finalidades da utilização dos dados, quais as
bases legais que autorizam o tratamento, quais os compartilhamentos que vão ocorrer, qual a forma de armazenamento dos dados, e quais os canais de
comunicação disponibilizados para que o titular tenha acesso aos seus dados, e exerça seus direitos, além de indicar as medidas de segurança, bem como, o
consentimento para compartilhamento de dados, de acordo com os § 5° do artigo 7°, § 1° do artigo 14, e artigos 18, 46, 47 e 49 da Lei n° 13.709/2018.

6. Trabalho de Menor
A CLT autoriza a contratação como empregado a partir dos 16 anos completos, desde que, sejam observadas as proibições, e as regras de proteção ao
trabalho do menor, de acordo com o Decreto n° 6.481/2008 e artigos 403 a 423 da CLT.

Assim, na contratação do menor como empregado, o seu contrato laboral deve estar perfeitamente acertado à LGPD, abrangendo cláusulas sobre
privacidade e resguardo de dados pessoais, apontando-se os dados pessoais que serão tratados, e as competentes bases legislativas que autorizam o
tratamento, sempre que o tratamento de dados advier de obediência a imperativo legal. Além disso, é importante indicar as medidas de segurança que serão
empregadas para o tratamento regular dos dados pessoais, e por qual modo o titular poderá exercer os direitos assegurados na LGPD, conforme preceituam
os artigos 18, 46, 47 e 49 da Lei n° 13.709/2018.

No contrato de emprego do menor aplicam-se todos os cuidados já indicados nos itens anteriores desta matéria.

Por fim, recomenda-se que seja coletado o consentimento de um dos pais ou do responsável legal do menor, e que os compartilhamentos sejam
devidamente autorizados, pelo titular dos dados e pelo seu responsável, de acordo com o § 5° do artigo 7°, e § 1° do artigo 14, da Lei n° 13.709/2018.

7. Rescisão Contratual
Sobre a rescisão contratual do contrato do menor, é necessário observar o regramento especial da CLT, destacado no item a seguir.

7.1. Assistência dos Pais ou Responsáveis


Sabe-se que é legal o menor assinar recibo de remuneração de salário, todavia, na rescisão do contrato laborativo, não se permite ao menor de 18 anos, dar,
sem a assistência dos legalmente responsáveis, quitação ao empregador por receber a indenização devida (artigo 439 da CLT).

Assim, quando ocorrer a rescisão do contrato de aprendizagem ou do contrato empregatício do menor, e ainda, o fim do termo de compromisso de estágio,
há a obrigação de participar um dos pais ou responsável legal para a quitação, conforme artigo 439 da CLT, bem como, artigo 14, § 1° da Lei n° 13.709/2018.

8. Modelo de Cláusula de Consentimento de um dos Pais ou Responsável


No que se refere ao consentimento específico e em destaque, de um dos pais, ou responsável legal, segue modelo de cláusula, exemplificativo:

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DIREITO DO TRABALHO
Boletim Trabalhista n° 14 - 2ª Quinzena. Publicado em: 28/07/2021

 Matéria elaborada conforme a legislação vigente à época de sua publicação, sujeita a mudanças em decorrência das alterações legais.

Consentimento em Destaque de um dos Pais ou Responsável Legal


Por este instrumento, o representante legal (Pai, Mãe ou o Responsável Legal) do menor, neste ato devidamente identificado,
______________________ (nome completo), portador da Carteira de Identidade RG n°__________________, inscrito no Cadastro de Pessoa Física CPF
sob n° __________________, manifesta o seu CONSENTIMENTO ESPECÍFICO, na forma do que prevê o § 1° do artigo 14° da Lei n° 13.709/2018,
quanto a coleta e o tratamento dos dados pessoais do Titular, conforme as disposições constantes neste termo.

9. Modelo de Cláusula de Compartilhamento de Dados


Sobre o compartilhamento de dados pessoais das crianças e adolescentes, destaca-se a seguir modelo de cláusula, para essa finalidade:

Compartilhamento de Dados
A Controladora fica autorizada a compartilhar os dados pessoais do Titular com outros agentes de tratamento de dados, caso seja necessário
para as finalidades indicadas neste instrumento, desde que, sejam respeitados os princípios da boa-fé, finalidade, adequação, necessidade, livre
acesso, qualidade dos dados, transparência, segurança, prevenção, não discriminação, e responsabilização e prestação de contas.
Parágrafo Primeiro: Caso seja necessário o compartilhamento de dados com terceiros que não tenham sido relacionados nesse termo, ou
qualquer alteração contratual posterior, será ajustado novo termo de consentimento para este fim (§ 6° do artigo 8° e § 2° do artigo 9° da Lei n°
13.709/2018).
Parágrafo Segundo: Os dados pessoais e dados pessoais sensíveis podem, eventualmente, ser compartilhados para atender as solicitações da
ANPD (Autoridade Nacional de Proteção de Dados), do Poder Judiciário, e demais Órgãos do Poder Público.

Autor: Equipe Técnica Econet Editora

TODOS OS DIREITOS RESERVADOS


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artigo 184 do Código Penal.

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