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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ – UEPA

CENTRO DE CIÊNCIAS NATURAIS E TECNOLOGIA – CCNT

COMO MELHORAR AS LIXEIRAS DE BELÉM?

JOSÉ SANTANA PINTO JÚNIOR


MÁRCIO LUIZ OLIVEIRA OLIVEIRA

BELÉM - PA
2003
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JOSÉ SANTANA PINTO JÚNIOR


MÁRCIO LUIZ OLIVEIRA OLIVEIRA

COMO MELHORAR AS LIXEIRAS DE BELÉM?

Trabalho de Iniciação Científica apresentado ao


Centro de Ciências Naturais e Tecnologia, da
Universidade do Estado do Pará.

Orientadora: Profª Msc. Samantha Nahon.

BELÉM - PA
2003
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RESUMO

A cidade de Belém, segundo dados do IBGE (2002), é a terceira capital do país mais eficiente no
serviço de coleta residencial. No entanto, em relação à limpeza urbana, sua imagem perante a
população local não é das melhores, principalmente pela falta de lixeiras suficientes nos logradouros.
Neste trabalho foi feita uma análise sobre a distribuição e características das lixeiras encontradas nas
áreas públicas de Belém, sendo utilizados como locais de estudo doze bairros. Durante o levantamento
de campo foram pesquisados seis bairros centrais e seis periféricos, sendo analisados três logradouros
por bairro, podendo ser praças ou trechos de vias. Através do estudo das informações obtidas,
percebeu-se que as lixeiras são dispostas de forma aleatória, independente do bairro, além disso, os
bairros da periferia belenense possuíam lixeiras mal distribuídas por toda a sua área e com capacidades
insuficientes, levando-se em consideração a densidade demográfica desses bairros.
PALAVRAS-CHAVE: Bairros Centrais; Bairros Periféricos; Belém do Pará; Lixeiras; Logradouros
Públicos.

ABSTRACT

The city of Belém, according to data of the IBGE (2002), has one of the most efficient collector
garbage residential in Brazil. However, in relation the cleanness urban, its image is not good, especially
for the lack of garbage can in the public spaces. This work made an analysis of the distribution and
characteristics of garbage can found in the public spaces in Belém. Six central and six peripherals
quarters had been analyzed, three public spaces for each quarter. The study perceived that the garbage
can are used of random form and the peripherals quarters has badly distribution and insufficient
capacities in consideration the demographic density.
KEY WORDS: Quarters; Belém of Pará; Garbage Can; Public Spaces.
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INTRODUÇÃO

A cidade de Belém do Pará é famosa por ser a “cidade das Mangueiras”, pela chuva que cai no
meio da tarde, pela sua hospitalidade e por outros atrativos que tornaram na grande metrópole
amazônica. No que diz respeito a limpeza urbana, sua imagem perante a população local não é das
melhores, mesmo sendo considerada, segundo dados do IBGE (2002), como a terceira capital do país
mais eficiente no serviço de coleta residencial.
Sabe-se que um dos motivos principais para que isto ocorra é a falta de conscientização ambiental
por parte dos próprios belenenses, entretanto, não podemos esquecer que uma distribuição irregular das
lixeiras existentes na cidade também contribui decisivamente com este quadro. Neste trabalho foi feito
um amplo levantamento sobre a distribuição e características das lixeiras encontradas nas áreas
públicas de Belém, com o objetivo de verificar a quantidade de lixeiras nos logradouros, identificar se a
existência de lixeiras públicas ocorre de forma regular em todos os doze bairros da cidade que foram
utilizados como locais de estudo para a pesquisa.
A importância de pesquisas sobre este tema consiste na melhoria da qualidade de vida das
pessoas, pois o excesso de resíduos nas ruas da cidade é um dos principais responsáveis por danos à
saúde pública, através da proliferação de vetores e do entupimento de bueiros causando possíveis
enchentes, também no que diz respeito ao turismo, já que uma cidade suja não serve como atração para
os turistas.

METODOLOGIA

Este trabalho analisou a eficiência de um dos mobiliários urbanos de maior relevância para as
cidades, as caixas coletoras de lixo (lixeiras públicas). Parar entendermos o termo mobiliário urbano é
necessário conceituá-lo, “coleção de artefatos implantados no espaço público das cidades, de natureza
utilitária ou de interesse urbanístico, paisagístico, simbólico ou cultural” (PMRJ, s.d.). Como exemplo
de mobiliário urbano temos postes de distribuição elétrica, sinalização vertical de trânsito, hidrante,
telefone público, caixas coletoras de correio, caixas coletoras de lixo, outdoors e muitos outros.
Verificamos que alguns mobiliários urbanos implantados na cidade de Belém possuem uma
multiplicidade de elementos e formas de implantação que não se articulam uns com os outros,
prejudicando a utilização dos espaços públicos pela população, este é o caso das lixeiras.
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Analisar a distribuição e eficiência deste mobiliário urbano, é o objetivo principal desta


pesquisa. O produto desta experiência pioneira na cidade possibilitará uma futura normatização de
implantação de tais equipamentos.
Os espaços de implantação do mobiliário urbano são os logradouros públicos da cidade de uso
comum da coletividade, podem ser espaços de circulação ou de permanência. As vias de pedestres e
veículos são os principais espaços de circulação, enquanto que as praças, parques, jardins, orlas, são os
espaços de permanência.
Para determinar quais bairros seriam pesquisados, foi analisado o mapa de renda per capita da
cidade de Belém. Assim, foi possível estabelecer critérios para determinação dos bairros centrais e
periféricos. Importante destacar que “o termo periferia deve ser entendido enquanto resultado de
processos que combinam a condição do espaço com a condição social dos moradores” (NAHON,
2003). Trindade Jr. (1998) acrescenta que o termo periferia pode ser usado indiscriminadamente para
designar espaços próximos ou distantes do centro metropolitano, pois é um conceito relativo, que se
articula dialeticamente com o centro ou com áreas mais bem dotadas.
O projeto contou com três etapas: pesquisa da legislação, levantamento de campo e análise dos
dados. Durante o levantamento de campo foram pesquisados dois bairros por mês, um central e um
periférico, em cada bairro foram analisados três logradouros sendo que estes foram praças e trechos de
vias. Quanto a escolha dos logradouros pesquisados nos bairros, utilizamos tanto espaços de circulação
como de permanência, segundo dois critérios: primeiramente as ruas de maior fluxo de veículos e
pessoas do bairro (normalmente coincidente com a rua em que há transporte público) e, posteriormente,
uma praça expressiva que este bairro possua. Vale ressaltar que em alguns bairros não foram
encontrados praças que possam ser consideradas expressivas, sendo nestes pesquisadas apenas as ruas.
As variáveis analisadas foram: disposição, quantidade, ergonomia, padronização e
funcionalidade das lixeiras. As informações foram obtidas tomando como base um check-list contendo
dados obtidos sobre as variáveis analisadas em cada logradouro. Sobre o check-list, foram feitos duas
listas, uma específica para praças e outra para trechos de vias. Neles contêm itens como o total de
lixeiras, a situação atual (funcionando ou danificada), entre outros.
Com estas listas de controle, obtemos dados e informações que nos indicaram, por exemplo,
como está a distribuição das lixeiras nos logradouros. No segundo momento, foi realizada a pesquisa da
legislação que regula a distribuição deste mobiliário urbano na cidade de Belém, e finalmente foi feita a
análise dos dados coletados.
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RESULTADOS E DISCUSSÃO

Através do estudo das informações obtidas, percebeu-se que nos bairros considerados como
periféricos a quantidade de lixeiras distribuídas em seus territórios eram menores do que as encontradas
nos bairros centrais, além do que os bairros da periferia belenense possuíam lixeiras mal distribuídas
por toda a sua área e com capacidades insuficientes, levando-se em consideração a densidade
demográfica desses bairros.
Outros fatores também puderam ser constatados, entre eles:

¾ Quantificação das lixeiras


Em relação ao número de lixeiras, nos 12 bairros pesquisados foram encontradas um total de
611 lixeiras, sendo que destas 79,7 % presentes nos bairros centrais de Belém e 20,3 % nos bairros
periféricos. Dos 36 logradouros escolhidos dentro dos 12 bairros, 26 foram vias públicas e 10 praças.
Mesmo assim, sendo o número de vias pesquisadas 2,6 vezes maior do que o de praça, apenas 24,7 %
do total de lixeiras encontram-se nas vias.

500
460
450
400
124 350
300
250
487 200
150 151

100
50
Bairros Centrais Bairros Periféricos 0
Vias Praças

FIGURA 01 – Quantidade de Lixeiras Encontradas nos Bairros Pesquisados

¾ Ergonomia das lixeiras


Na ergonomia é levado em consideração o layout das lixeiras e o tipo de material utilizado na
fabricação das mesmas. Uma cidade como Belém, que possui um clima quente e úmido e com chuvas
diárias, materiais como ferro e madeira não são recomendáveis para serem utilizados, devido a grande
possibilidade de oxidação e putrefação, respectivamente.
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Do total de lixeiras, apenas 22,26 % são feitas de plástico, o material mais indicado para a
fabricação em cidades com as características supracitadas. Estas são anexas aos postes de iluminação
pública e servem apenas para o acondicionamento de lixos de tamanhos pequenos, inadequados, por
exemplo, para o armazenamento de cocos, bastante consumidos em Belém. Essa pequena quantidade se
deve pelo fato de todas as lixeiras presentes nas praças serem feitas de ferro e madeira.

FIGURA 02 – Ergonomia das lixeiras

¾ Padronização das lixeiras


Enquanto a padronização das lixeiras, as de ferro e madeira presentes nas praças possuem o
mesmo padrão em todas as praças pesquisadas. No caso das vias públicas, todas as lixeiras plásticas são
na cor alaranjada e as metálicas não possuem padrão determinado.

FIGURA 03 – Padronização das Lixeiras


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¾ Funcionalidade das lixeiras


Em relação à funcionalidade das lixeiras da cidade de Belém, percebeu-se que da totalidade das
lixeiras pesquisadas nos doze bairros, apenas 6,06 % delas estão danificadas, sendo que destas 81,08 %
são de ferro e madeira, na maioria localizadas nas praças da periferia.

Bairros
11 3
Centrais

Bairros
19 4
Periféricos

TOTAL 30 7

Ferro e Madeira Plástico

FIGURA 04 – Quantidade de Lixeiras Danificadas

CONCLUSÕES

Foi constatado que a distribuição das lixeiras nos bairros ocorrem de forma diferenciada para os
bairros centrais, que além da quantidade ser bastante superior as dos bairros periféricos, possuem mais
iniciativas em relação a limpeza urbana, como por exemplo a coleta seletiva. Esta diferenciação pode
ser percebida também através da quantidade de lixeiras danificadas nas praças belenenses, que nas
centrais são de apenas 2,7 % do total e nas da periferia são de 38 %.
Para que ocorra uma distribuição mais justa, o modo indicado seria a adoção de normas que
estabelecessem uma padronização do número de lixeiras em relação ao fluxo de pessoas, no caso de
vias públicas, e da quantidade de lixeiras para cada metro quadrado (m2), no caso de praças,
independente da região da cidade onde se localiza o logradouro.
No caso das características das lixeiras, os materiais mais utilizados na fabricação das mesmas,
no caso o ferro e a madeira, são inadequados para Belém. Deveria então ser feito um estudo para que
todas as lixeiras localizadas nas praças, locais nos quais concentram-se todas as fabricadas com esses
materiais, passassem a ser de plásticos, como acontece com as das vias públicas. Com isso, o número
de lixeiras danificadas cairiam de 6,06 % para 1,15 % do total, fazendo com que a situação atual se
tornasse ainda melhor do que a existente.
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Vale destacar que a padronização das lixeiras na cidade de Belém é boa, visto que facilmente se
identifica uma tanto nas vias públicas quanto nas praças. Levantando a possibilidade de que todas as
lixeiras nos logradouros passassem a ser de plástico, recomenda-se que as localizadas dentro das praças
possuíssem uma cor padrão diferente da utilizada para as encontradas em vias públicas, para uma
melhor identificação.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

• IBGE. Pesquisa Nacional de Saneamento Básico. PNSB, São Paulo, 2002.

• NAHON, Samantha. Os Muros da Cidade. (Dissertação de mestrado em Arquitetura e


Urbanismo– PPG /FAU/ UNB). Brasília, 2003.

• Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro – Secretaria Municipal de Urbanismo. Manual para


Implantação de Mobiliário Urbano na Cidade do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro,1996.

• TRINDADE Jr., Saint-Clair Cordeiro da. A Cidade Dispersa: os novos Espaços de


Assentamento em Belém e a Reestruturação Metropolitana. (Tese de doutorado em
Geografia Humana) São Paulo, 1998.
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ANEXO 1: Logradouros pesquisados

BAIRROS CENTRAIS
BAIRROS LOGRADOUROS
Praça Batista Campos
Batista Campos Rua dos Mundurucus
Travessa Padre Eutíquio
Praça Frei Caetano Brandão
Cidade Velha Praça do Carmo
Rua Dr. Assis
Praça do Pescador
Comércio Rua João Alfredo
Rua 15 de Novembro
Avenida Braz de Aguiar
Nazaré Avenida Nazaré
Praça do CAN
Avenida Visconde de Souza Franco
Reduto Praça Marechal Hermes
Rua Manoel Barata
Avenida Almirante Wandenkolk
Umarizal Praça Brasil
Rua Diogo Moia

BAIRROS PERIFÉRICOS
BAIRROS LOGRADOUROS
Avenida Barão de Igarapé Mirim
Guamá Avenida José Bonifácio
Avenida Perimetral
Avenida Cristóvão Colombo
Icoaraci Orla da Praia do Cruzeiro
Praça Matriz
Avenida Rodolfo Chermont
Marambaia Praça Dom Alberto Ramos
Rua da Mata
Complexo do Estádio Olímpico do Pará
Nova Marambaia Rodovia Augusto Montenegro
Rodovia Transcoqueiro
Avenida Duque de Caxias
Pedreira Avenida Marques de Herval
Avenida Pedro Miranda
Avenida Pedro Álvares Cabral
Telégrafo Avenida Senador Lemos
Travessa Djalma Dutra
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ANEXO 2: Check-list utilizado para praças

COMO MELHORAR AS LIXEIRAS DE BELÉM?


UEPA / ENGENHARIA AMBIENTAL

1. COORDENADORA: Samantha Nahon .


2. EXECUTORES: José Santana Pinto Júnior / Márcio Luiz Oliveira Oliveira .
3. PERÍODO DA PESQUISA: _______________________________________________
4. NOME DA PRAÇA: ______________________________________________________
5. LOCALIZAÇÃO: ________________________________________________________
6. ÁREA: _________________________________________________________________
7. QUANTIDADE DE LIXEIRAS INTERNAS: _________________________________
- SITUAÇÃO ATUAL:
FUNCIONANDO DANIFICADA

8. QUANTIDADE DE LIXEIRAS EXTERNAS: ________________________________


- SITUAÇÃO ATUAL:
FUNCIONANDO DANIFICADA

9. PROGRAMA DE COLETA SELETIVA: SIM NÃO


- QUANTIDADE DE LIXEIRAS: ______________________________________
- QUANTIDADE DE LIXEIRAS PARA:
METAL PAPEL PLÁSTICO VIDRO OUTROS

10. TOTAL DE LIXEIRAS NA PRAÇA: ________________________________________


11. ANOTAÇÕES:
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
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ANEXO 3: Check-list utilizado para logradouros

COMO MELHORAR AS LIXEIRAS DE BELÉM?


UEPA / ENGENHARIA AMBIENTAL

1. COORDENADORA: Samantha Nahon .


2. EXECUTORES: José Santana Pinto Júnior / Márcio Luiz Oliveira Oliveira .
3. PERÍODO DA PESQUISA: _______________________________________________
4. NOME DO LOGRADOURO: ______________________________________________
5. PERÍMETRO: __________________________________________________________
6. COMPRIMENTO: _______________________________________________________
7. QUANTIDADE DE LIXEIRAS: ____________________________________________
- SITUAÇÃO ATUAL:
FUNCIONANDO DANIFICADA

- LOCALIZAÇÃO DAS LIXEIRAS:

9. PROGRAMA DE COLETA SELETIVA: SIM NÃO


- QUANTIDADE DE LIXEIRAS: ______________________________________
- QUANTIDADE DE LIXEIRAS PARA:
METAL PAPEL PLÁSTICO VIDRO OUTROS

10. TOTAL DE LIXEIRAS NO LOGRADOURO: ________________________________


11. ANOTAÇÕES:
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________

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