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PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSAS DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E

TECNOLÓGICA
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE FLUMINENSE DARCY RIBEIRO
CENTRO CCH
LABORATÓRIO LEEL

Relatório do período: 07/2017 a 07/2018

RELATÓRIO FINAL

Nome do Bolsista: Luiza Soares de Almeida Souza

Curso e N° Matrícula: Psicologia (UFF) - 315081081

Orientador: Maria Clareth Gonçalves Reis

Título do Projeto: Tradição e Memória Quilombola ao som dos Tambores de


Machadinha

Título do Plano de Trabalho: Tradição e Memória Quilombola ao som dos Tambores de


Machadinha

Fonte financiadora da Bolsa: CNPq

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Sumário

1- Etapas propostas no plano de trabalho

2- Introdução ................................................................................................................ 03
2.1 - Conceito de Quilombo ...................................................................................
2.2- Contextualização de Quissamã ........................................................................... 04
2.3 - Contextualização da Comunidade Quilombola Fazenda Machadinha ................ 06
2.4 - Questão normativa – Lei 26A LDB – Educação Escolar Quilombola .................. 09
2.5 - O Jongo no Brasil .................................................................................................11
2.6 - O Jongo em Machadinha/Quissamã ....................................................................13

3- Resumo das etapas anteriores .................................................................................15

4- Material e Métodos ....................................................................................................15

5- Resultados e Discussão ........................................................................................... 17

6- Conclusão .................................................................................. .............................. 23

7- Literatura Citada ....................................................................................................... 24

8- Apêndice ....................................................................................................................26
8.1- Perguntas da entrevista semiestruturada .............................................................. 26
8.2- Questionário aplicado ............................................................................................ 26

9- Anexo ........................................................................................................................ 31

10- Participação em congressos e trabalhos publicados ou submetidos ..................... 34

11- Outras atividades .................................................................................................... 35

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1 Etapas propostas no plano de trabalho

1.2. Concluir a edição e divulgação do documentário;

De acordo com a proposta, gravamos vídeos para o documentário que se


encontra no processo final de edição. O atraso ocorreu devido a necessidade de
esperar por uma apresentação do grupo Tambores de Machadinha na Comunidade e
pela indisponibilidade da produtora. Temos a pretensão de apresentar alguns minutos
no X CONFICT e o documentário completo na comunidade quilombola pesquisada no
mês de Junho de 2018.

1.3. A continuidade da análise dos questionários e entrevistas;

1.4. Sistematizar os resultados da pesquisa para organização de banco de dados


para estudos;

1.5. Elaboração de um artigo com os resultados parciais e finais da pesquisa;

1.6. Elaboração de um material para o grupo de jongo sanar suas dúvidas em relação
ao jongo no Brasil, especificamente na região sudeste;

Até o momento, não tivemos tempo hábil para realizar esta etapa, mas
continuaremos nos esforços para realiza-la.

1.7. Relatório final.

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2 – Introdução

O presente relatório tem como objetivo apresentar os resultados finais da


segunda etapa da pesquisa iniciada em julho de 2017.
Inicialmente, consideramos importante destacar que por meio da pesquisa
adquirimos novos aprendizados, onde os dados empíricos articulados com a teoria
podem nos permitir avanço intelectual ou, até mesmo apontar pistas para contribuirmos
com novas possibilidades de intervenção e mudança na sociedade. (Reis, 2016)
O projeto de pesquisa desenvolvido buscou fazer um levantamento de dados
sobre o Jongo, presente nas manifestações culturais da comunidade remanescente de
quilombos Fazenda Machadinha, situada no município de Quissamã/RJ. Acreditamos
que este levantamento poderá colaborar com os estabelecimentos de ensino da rede
municipal na inserção de tais manifestações em suas práticas pedagógicas. Além da
contribuição para a implementação das Diretrizes Curriculares Nacionais para a
Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-
Brasileira e Africana e das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Escolar
Quilombola, poderá estimular o debate acerca do racismo, da discriminação e
preconceito raciais ainda presentes na sociedade brasileira e, consequentemente, no
interior das escolas. (Reis, 2016).
Ressaltamos ainda que o tema foi escolhido visando compreender o valor que o
jongo de Machadinha representa para a própria comunidade, pois ao conhecer a
Fazenda Machadinha percebeu-se desde o princípio que o jongo transmitia a quem
assistia uma força que advinha das vivências das lutas que a comunidade enfrentou no
passado colonial e enfrenta até hoje pelos seus direitos. Além da contribuição desta
manifestação cultural para que a comunidade se afirmasse enquanto quilombola.
Compreendemos ainda que o tema é relevante para a valorização e preservação
cultural do nosso pais, principalmente em relação as manifestações afro-brasileiras que
mais sofrem e sofreram preconceitos e estigmas raciais.
O principal objetivo desta pesquisa foi analisar o grupo de Jongo Tambores de
Machadinha da Comunidade Quilombola Fazenda Machadinha, em Quissamã/RJ.
Como objetivos específicos, pretendemos conhecer elementos históricos que marcam a

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origem do jongo Tambores de Machadinha na região de Quissamã; compreender como
elementos da memória do grupo de Jongo Tambores de Machadinha se articulam às
questões sociais, culturais e políticas da comunidade; conhecer os desafios enfrentados
pela manutenção do Jongo na comunidade pesquisada; compreender como a
comunidade se organiza para manter a juventude inserida no grupo de jongo; elaborar
um banco de dados com os materiais da pesquisa, como fotografias, vídeos, textos etc.;
e articular os conhecimentos do jongo Tambores de Machadinha com as Diretrizes
Curriculares Nacionais para a Educação Escolar Quilombola.

2.1. – Conceito de Quilombo

Atualmente, as escolas ensinam, quando ensinam, uma visão de quilombo do


período colonial, um lugar construído e mantido por escravos que fugiam e se uniam
para viverem escondidos em modo de cooperação. Citam apenas o Quilombo de
Palmares como se não houvessem outros, além de destacar que os indígenas lutavam,
morriam e por isso não foram escravizados como os negros, anulando a resistência
negra e reafirmando estereótipos racistas nas salas de aula (SANTOS, 2012, p. 654).
A palavra quilombo possui origem africana dos povos de língua bantu: kílombò
(Munanga, 1995-1996, apud FERREIRA, 2012, p.647), e seu significado original possui
semelhanças com a definição brasileira de quilombo. Ney Lopes sobre a interpretação
do termo africano afirma: ”(...) Quer dizer acampamento guerreiro na floresta, sendo
entendido ainda em Angola como divisão administrativa” (Lopes, Siqueira e Nascimento
1987: 27-28 citado por LEITE, 2000, p.03. Grifo nosso). Evidenciando desta forma que
foi aplicada a herança guerreira africana na denominação deste espaço de resistência.
Uma das primeiras tentativas de definir o que seria um quilombo ocorreu em
1740, quando o Conselho Ultramarino o descreveu da seguinte forma:
“toda habitação de negros fugidos que passem de cinco, em parte
desprovida, ainda que não tenham ranchos levantados nem se achem
pilões neles”. (SCHMITT; TURATTI; CARVALHO, 2002, p.02). De acordo com José

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Alípio Goular, apud PIOVESAN (2006), algumas definições de alguns lugares do Brasil
descreviam somente dois ou três escravos fugidos em local escondido como um
quilombo. Evidenciando desta forma, o temor dos dominadores diante de um grupo
muito pequeno de negros fugidos.
Cada autor constrói a sua interpretação sobre o conceito, Clóvis Moura (1981)
por exemplo, compreende o quilombo como uma forma de organização possível para
os oprimidos resistirem a estrutura opressora do sistema escravocrata. O autor afirma
ainda que este tipo de organização de “comunidades de ex-escravos” se deu de modo
semelhante em vários países, incluindo a figura do “capitão do mato”.
O quilombo é também denominado “terras de preto”, por muitos autores, dentre
eles, Edilson Vitorelli (2012), pois o conceito que ele apresenta diz respeito a um
agrupamento da população negra rural que viva naquele território aproximadamente
desde o início do século XX até os dias atuais, com alguma relação histórica, identidade
e o autoreconhecimento previsto na legislação.
De acordo com Freitas, 1980, apud LEITE (2000, p. 337) os quilombos não eram
todos iguais em seu modo de organização, eles tinham bases econômicas distintas,
desta forma, alguns eram predominantemente agrícolas, outros extrativistas, haviam
também os mercantis, os mineradores, os pastoris, os de serviços e os que realizavam
saques.
Dentre as diversas características importantes dos quilombos, destacamos a da
resistência à violência sofrida, pois, estas pessoas tornaram possível um meio de vida
com liberdade em meio ao caos, uma vitória a aquela luta. Além disso, significou um
furo feito no sistema escravagista que poderia destruí-lo como Azevedo (1987) afirma:

“[...] revela o grande temor provocado pelos “negros fugidos” nos grupos
sociais dominantes, não só porque suas fugas lhes traziam prejuízos de ordem
material, mas também, sobretudo, porque seu movimento de rebelião e ruptura em
relação à situação de escravizado ameaçava a ordem estabelecida (Azevedo, 1987,
apud FERREIRA, 2012, p.647). ”

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Deste modo, não significava apenas um lugar para se afugentar e manter-se
fugido, escondido, mas sim, ativo, no sentido de se organizar em grupo para enfrentar
um sistema opressor muito forte.
A Constituição de 1988 traz pela primeira vez um marco legal referente à
reparação dos danos da escravidão, “reconhece parte da população negra brasileira
como sujeito de direitos” (FERREIRA, 2012, p. 650). Há, desta forma a
ressemantização do conceito de quilombo e passa a ser denominado então como
comunidade remanescente de quilombo. Assim, determina o artigo 68 do Ato das
Disposições Constitucionais Transitórias: “Aos remanescentes das comunidades dos
quilombos que estejam ocupando suas terras, é reconhecida a propriedade definitiva,
devendo o Estado emitir lhes os títulos específicos” (FERREIRA, 2012, p. 650).
Porém, a constituição não delimitava o que seria considerado uma comunidade
remanescente do quilombo, fator que trazia complicações. De acordo com Ferreira
(2012, p.650) as comunidades quilombolas tinham muita dificuldade em comprovar a
posse da terra com base somente nos documentos e a comprovação antropológica que
era exigida, pois, a realidade das formações dos quilombos eram distintas, muitas
pessoas receberam a terra por meio de doações, outras permaneceram nas senzalas
em que viviam. Deste modo, as comunidades quilombolas, o movimento negro e o
ministério público, através de ações políticas, torna possível a promulgação do decreto
presidencial nº 4.887/2003 que traz soluções para questões como essa, utilizando de
critérios de auto atribuição:

Art. 2º Consideram-se remanescentes das comunidades dos quilombos, para os fins


deste Decreto, os grupos étnico-raciais, segundo critérios de auto-atribuição, com
trajetória histórica própria, dotados de relações territoriais específicas, com presunção
de ancestralidade negra relacionada com a resistência à opressão histórica sofrida.
(Brasil, 2003. Grifo nosso).

De acordo com a norma, na auto atribuição, a comunidade se reúne e realiza uma


votação como assembleia para decidirem se reconhecer como quilombolas e entregam
a Fundação Palmares um certificado de auto atribuição e a Fundação efetua o registro.
Entretanto, muitas comunidades possuem dificuldade de se reconhecer como
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quilombolas, mesmo com os benefícios, tamanha foi a negação que as comunidades
sofreram por conta da opressão histórica e discriminação social. (VITORELLI, 2012,
p.235)
Piovesan e Martins de Souza (2006) lembram bem que a responsabilidade do
Estado não se finda na regularização das terras, visto que trata-se de um território cheio
de especificidades que precisam e devem ser trabalhadas com a participação da gestão
pública como por exemplo a Educação Escolar Quilombola, as cotas para quilombolas
no ensino superior, citando até então somente a área da Educação, pois há muitas
outras demandas em âmbitos como da preservação da cultura, do patrimônio histórico,
do trabalho e renda no campo, dentre outros.
Infelizmente a legislação não possui a eficácia que deveria, pois interesses como
os econômicos atravessam, atrapalham e dificultam as titulações de terra em prol dos
quilombolas.
Portanto, a constituição e modificação do termo quilombo ao longo do tempo tem
importância para a titulação das terras que requer o reconhecimento das comunidades
quilombolas como tais legalmente. Para este reconhecimento ser adequado a realidade
atual o conceito teve de mudar de conjunto de escravos fugidos para o atual de
comunidade remanescente de quilombo. Finalmente, abarcando a compreensão do
processo histórico de opressão que a população negra enfrentou e enfrenta até os dias
atuais.

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2.2. - Contextualização de Quissamã

A Fazenda Machadinha localiza-se no município de Quissamã situado no Norte


Fluminense do Estado do Rio de Janeiro. O município possui estimadamente 23 mil
habitantes segundo o IBGE (2016).
Atualmente, o site da prefeitura de Quissamã divulga que sua principal fonte de
arrecadação é a extração de petróleo e, portanto recebe royalties para serem utilizados
no desenvolvimento do município. Mas, há também outras atividades
agrícolas/econômicas principais como a cana-de-açúcar, coco anão verde, abacaxi,
aipim, e a pecuária.
De acordo com Machado (2006, p.17), a história da cidade se inicia em 1627
com sete capitães, donos de engenhos no Rio de Janeiro, que requisitaram ao
governador Martim de Sá as terras localizadas na extensão do rio Macaé até o rio
Iguaçu. Os capitães realizaram este pedido em função de serviços que foram prestados
a Coroa Portuguesa, como pagamento por eles terem expulsado os franceses do litoral
do Rio de Janeiro. Em uma viajem feita para conhecer as terras, os capitães
encontraram índios e em uma segunda viagem encontraram um negro sozinho e
perguntaram a ele como foi parar naquele local e ele somente disse que era forro e da
nação de “Kissama” (nação localizada na África) e fugiu com medo. Assim, os capitães
decidiram chamar o local de Quissamã.
Em relação a classe senhorial de Quissamã que financiou a criação da Fazenda
Machadinha, Machado relata:
A primeira atividade econômica de Quissamã foi a criação de gado, cujo
objetivo era abastecer de carne a cidade do Rio de Janeiro. Por volta de
1750, a cana-de-acúcar foi introduzida em Campos dos Goytacazes e
passou a ser a principal atividade econômica da região. Em 1779, foi
erguida a casa Mato de Pipa, que representa um importante marco na
história local, por ser considerada a casa-mãe da futura classe senhorial
de Quissamã. Nela nasceu José Carneiro da Silva, o Visconde de
Araruama, considerado “o mais importante proprietário rural de sua
época”, e seus descendentes se tornaram proprietários de importantes
solares como Machadinha, Mandiquera, Quissamã e demais fazendas
históricas do município. Pouco tempo depois, em 1798, João Carneiro
da Silva, irmão do Visconde de Araruama, inaugurou em engenho de
açúcar próximo a antiga sede da Fazenda Machadinha. (MACHADO,
2006, p.17,18)

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Segundo Machado (2006, p.19), no ano de 1867 a população de Quissamã era
formada em sua maioria por escravos, totalizando 1.681, enquanto que pessoas livres
totalizavam 1.196. Outro fato curioso que este autor traz se refere ao ano de 1871,
quando estavam implantando a Lei do Ventre Livre, o genro do Visconde de Araruama
foi extremamente contra e tinha a ideia de que o escravo era “uma propriedade e um
instrumento de trabalho”. Desta maneira, podemos visualizar essa relação escravocrata
na antiga Quissamã que deixou vestígios até os dias atuais.
Em 1877, foi inaugurado o Engenho Central de Quissamã, com isso, os
pequenos fecharam. Os que eram fazendeiros de açúcar passaram a ser fornecedores
ou acionistas do Engenho Central e os fazendeiros de café passaram a trabalhar no
Engenho. Devido ao crescimento dessa economia do açúcar, Quissamã se
desenvolveu e foram sendo construídas casas, comércios, entre outros, muito para
atender a elite local.
Porém, em 1929 a economia mudou, por conta da crise, os fazendeiros
perderam suas propriedades para o Engenho Central que monopolizou a economia da
região. Após isto, a economia se estagnou e somente voltou a se desenvolver em 1989
com a descoberta do petróleo na bacia de Campos (situada na mesma região)
Quissamã teve um movimento para a emancipação, não pertencendo mais a partir de
então a Macaé. Alves (2016, p.102) informa que os royalties fizeram o município ficar
no “ranking dos cem mais altos PIB do Brasil e um dos primeiros colocados no ranking
do Rio de Janeiro”.
Devido a Quissamã possuir grande parte de seus rendimentos provenientes do
petróleo, que se trata de um recurso finito, há, segundo Alves (2016, p.102) uma
preocupação da gerência municipal de criar outras fontes para capitação de recursos,
desta maneira, surge o interesse pelo turismo ecológico e histórico. Neste âmbito do
turismo histórico-cultural que o quilombo Fazenda Machadinha e o jongo se inserem.

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2.3- Contextualização da Comunidade Quilombola Fazenda Machadinha

“As terras da Fazenda Machadinha foram adquiridas em meados do século XVIII


por João Carneiro da Silva, contratador de diamantes da coroa portuguesa.”
(MACHADO, p.22)
De acordo com Machado, em 1789, Manoel Carneiro da Silva, filho de João
Carneiro da Silva, herdou as terras com a morte do pai. Após a morte de Manoel, seu
filho João Carneiro se torna responsável pelas terras e constrói em 1808 a primeira
moradia e a capela Nossa Senhora do Patrocínio em 1833 que permanece preservada
até os dias atuais. Somente depois a casa grande foi construída e inaugurada em 1867
a mando do sobrinho de João Carneiro, Manuel Carneiro da Silva que recebeu a terra
depois de sua morte e se tornou Visconde de Ururaí.
A Fazenda Machadinha segundo informa (DALMASO, 2007, p.105) é um
complexo composto de 5 sítios sendo eles: Machadinha, Santa Luzia, Boa Vista, Mutum
e Bacurau. Sendo Machadinha considerada a central para a realização de eventos,
reuniões, talvez por possuir nela os patrimônios arquitetônicos como a senzala, as
ruínas da Casa Grande, o Memorial, a Casa de Artes, a roda de jongo, enfim, tudo se
concentra, e é marcado para ocorrer neste sitio.
O complexo Fazenda Machadinha é formado pelas senzalas que foram
reformadas; pela Casa Grande, que está em ruínas e; pela capela de Nossa Senhora
do Patrocínio, tombado pelo INEPAC (Instituto Estadual do Patrimônio Cultural) em
1979. E em 2006 “a comunidade adquiriu a certificação de comunidade quilombola pela
Fundação Palmares” de acordo com (DALMASO, p.105).
Há na comunidade, uma escola aparentemente nova que possui Ensino Infantil e
Fundamental; o memorial onde se encontra exposto para turistas e visitantes da
comunidade, sua história, sua relação com a África, objetos afins como tambores e
outros, além de ser um ponto de encontro para as atividades da comunidade como o
jongo, o artesanato, a contação de histórias, etc. A casa de Artes (antiga cavalariça)
que, assim como o memorial foi reformado pela prefeitura e é um ótimo e estruturado
local que se destina a ser um restaurante; “um bar rústico, onde antes era o antigo
Armazém e que manteve o nome” (SILVA, 2009, p.90); uma pracinha construída pela

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prefeitura. A Casa Grande em ruínas encontra-se deteriorando a cada dia, sem suporte
nenhum para retardar um pouco esse processo de perda, até que consigam recursos
para a sua restauração; um campo gramado em frente a Casa Grande, onde segundo
moradores ficava o tronco nos tempos de escravidão. Em relação à disposição das
senzalas SILVA, 2009 explica:

O agrupamento possui ainda as senzalas restauradas de Machadinha,


que compreendem 40 unidades residenciais dispostas em dois blocos
de casas geminadas. O primeiro bloco tem o formado da letra “L”, uma
linha fica à margem direita do solar, enquanto a outra delimita os fundos
deste, o outro bloco é retilíneo e, fica de frente para a Capela de Nossa
Senhora do Patrocínio construída em 1833. (SILVA, 2009, p.90)

De acordo com Machado o termo Quilombo ganhou uma interpretação mais


ampla, se antes pensávamos que comunidade quilombola era aquela somente como a
de Zumbi de Palmares onde os escravos que se rebelaram, fugiram e ali se mantinham,
hoje são considerados todos os lugares onde existiam escravos, inclusive é claro, nas
senzalas.
Segundo, o Decreto no 4887/03 estabelece no Art. 2º um novo conceito ao termo
quilombo, ou seja:
Art. 2º - Consideram-se remanescentes das comunidades dos
quilombos, para os fins deste Decreto, os grupos étnico-raciais, segundo
critérios de auto-atribuição, com trajetória histórica própria, dotados de
relações territoriais específicas, com presunção de ancestralidade negra
relacionada com a resistência à opressão histórica sofrida.

Conforme o Atlas Observatório Quilombola (2014), no Estado do Rio de Janeiro


existe aproximadamente 40 (quarenta) comunidades remanescentes de quilombos.
Mais da metade delas está localizada na região litorânea do Estado, nos municípios de
Búzios, Cabo Frio, São Pedro da Aldeia, Rio de Janeiro, Mangaratiba, Angra dos Reis e
Paraty. As demais comunidades estão localizadas no interior no Estado, nos municípios
de Quissamã, Vassouras, Valença, Quatis, Petrópolis e Rio Claro.
A comunidade Fazenda Machadinha desperta o interesse de turismo do público
de uma maneira geral, por possuir preservada as casas como eram no período
escravocrata, as telhas por exemplo, são mantidas as originais feitas nas pernas dos
negros escravizados (com um reforço de telhas ‘comuns’ por baixo das originais).
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Outro fator que serve de incentivo ao turismo é o dos descendentes deste período
permanecerem morando na comunidade, como em uma espécie de “turismo vivo”. Ou
seja, com a abolição e a falta de estrutura fizeram com que os ex- escravos e seus
descendestes permanecessem morando no mesmo local. Atualmente ainda observa-se
que dois sobrenomes dos moradores da comunidade se repetem muito, indicando o
parentesco compartilhado entre eles.
Diante da possibilidade do ganho econômico do município em relação ao turismo
que a comunidade desperta, Machado informa que:

Em 2001, a prefeitura de Quissamã adquiriu do Engenho Central de


Quissamã todo o conjunto arquitetônico da Fazenda Machadinha, com o
objetivo de preservar as construções e revitalizar a cultura local.
Segundo Maria José de Queiróz Carneiro da Silva, irmã do prefeito de
Quissamã, Armando Cunha Carneiro da Silva, a idéia inicial da
prefeitura era transformar as ruínas do casarão em um parque.
(MACHADO, 2006, p.17,18)

Entretanto, nem tudo que foi prometido se realizou, devido, segundo o autor, ao
fato de que “o complexo arquitetônico estar tombado pelo INEPAC”, inviabilizando
assim, a restauração da Casa Grande que continua sem destino definitivo até os dias
atuais em 2017.
A prefeitura restaurou as senzalas com a ajuda de empresários locais e
restaurou também a Casa de Artes de Machadinha que foi construída onde antes era a
oficina da Casa Grande, ela foi pensada com o objetivo de ser “um local para receber
turistas e apresentar as danças, a culinária e o artesanato”. (MACHADO, 2006)
Segundo Darlene dos Santos Monteiro (cunhada do ex prefeito de Quissamã e
conhecida como “diretora” pelos moradores da comunidade), eles tinham uma
expectativa de que fosse construído um tablado na Casa de Artes “para a apresentação
das danças do fado e do jongo, além do boi malhadinho.” (MACHADO,2006) Tablado
este que não foi construído até hoje.
Machado, 2006 afirma que: “Os projetos desenvolvidos na Fazenda Machadinha
visam a autosustentabilidade e a inclusão social dos moradores.” Porém, até o ano de
2017, esta proposta não estava sendo de fato cumprida, pois os moradores
reclamavam em relação A Casa de Artes, local que foi reformado e possui estrutura
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para o funcionamento de um restaurante, porém que estava fechado e as chaves não
se encontravam em posse da comunidade.
Anteriormente, a estrada que liga a Fazenda Machadinha até o centro de
Quissamã, só era asfaltada até uma localidade, ou seja, o asfalto não chegava a
Machadinha, algo que depois foi modificado pela prefeitura, mostrando assim seu
interesse pela facilitação ao turismo e visitação para conhecimento do trabalho de
cultura do local.

2.4- Questão normativa – Lei 26A LDB – Educação Escolar Quilombola

O artigo 26-A da LDB/9394 de 1996, dispõe acerca da obrigatoriedade do ensino


da história e cultura afro-brasileira e indígena nos estabelecimentos de ensino
fundamental e de ensino médio, públicos e privados. Ele é um marco legal que visa
“minimizar os preconceitos, as discriminações e o racismo que imperam na sociedade
brasileira e atingem, sobretudo, estudantes negros e negras de nosso país”
(MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, 2007). Seguindo essas afirmações, entendemos que a
educação transforma e que ninguém nasce com o preconceito, ele é adquirido,
ensinado de forma natural no meio racista em que vivemos, utilizando-se desta lógica é
que aposta-se em leis como essa que implementem ações que façam com que as
crianças e jovens aprendam a identificar os preconceitos em nossa sociedade desde
cedo e não os tomem para si.
Outro marco legal é a “Resolução CNE n. 01/2004, que instituiu as Diretrizes
Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino
de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana” (MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, 2007)
onde inclui a Educação Escolar Quilombola que se trata de uma educação que deve
levar em consideração a valorização do território quilombola, sua cultura, memória,
oralidade, práticas, tradições, dentre outros, ou seja, uma educação que englobe a
comunidade em que se vive e não a exclua como se fosse algo a parte, entende-se
desta forma, que este meio caracteriza o indivíduo, compreendendo assim, o aluno de
modo biopsicossocial.

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Atualmente, está sendo implementada na Escola Municipal Felizarda Maria
Conceição de Azevedo, localizada na Comunidade Quilombola Fazenda Machadinha,
Quissamã, a Educação Escolar Quilombola. Foi uma iniciativa da comunidade, em
parceria com as universidades UENF, UFF e UFRJ e a secretaria de Educação do
Municipio de Quissamã. Esta iniciativa já deveria ter ocorrido, porém devido a questões
possivelmente políticas ainda não havia sido realizado. Entretanto, no ano de 2017,
houve o interesse desta proposição. Deste modo, a Secretaria Municipal de Educação
de Quissamã, juntamente com Associação de Remanescentes do Quilombo de
Machadinha (ARQUIMA) e algumas universidades, dentre elas a UENF, uniram
esforços para propor a referida escola um curso de formação em Educação Escolar
Quilombola direcionado aos professores, funcionários dos serviços gerais, merendeiras,
coordenação pedagógica, gestores da Escola Municipal Felizarda Maria Conceição de
Azevedo, representantes da CRQ Machadinha e gestores municipais de educação de
Quissamã. (Reis, 2017)
Um dos objetivos específicos do projeto de formação quilombola da escola de
Machadinha é “Contribuir com a valorização da cultura da Comunidade Quilombola
Machadinha dentro da Escola Felizarda Maria Conceição de Azevedo”. (Reis, 2017)
Ou seja, o jongo e demais expressões da comunidade, serão trabalhados também
dentro da escola, contribuindo para uma maior informação das crianças e jovens acerca
das manifestações culturais e também aumento de interesse por parte delas e desta
forma ajudando a mantê-las vivas. Além de saber mais sobre a história dos quilombos
que auxiliará na afirmação da identidade negra e quilombola.

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2.5- O Jongo no Brasil

De acordo, com a ALERJ (2011), o jongo é uma manifestação cultural afro-


brasileira de matriz africana reconhecida como Patrimônio Cultural Nacional em 2005.
Em relação a sua origem é “Característico da região sudeste do país, era praticado
pelos trabalhadores escravizados de origem bantu, nas lavouras de café e cana-de-
açúcar como forma de lazer e resistência à dominação colonial.” (ALERJ, 2011).
Segundo Abreu (2008), os primeiros registros do jongo se deram por conta de
viajantes que observaram os “batuques, nome de qualquer expressão cultural praticada
por africanos e escravos”. Porém, essas manifestações só podiam ocorrer quando
fossem permitidas ou negociadas, como “em dias de festas de santos, ou nas noites de
sábado e domingo, nos terreiros de café da fazenda, bem próximos das senzalas.” A
permissão, portanto, ficava a cargo dos senhores, e mesmo após a abolição havia um
preconceito que fazia até Posturas Municipais como foi o caso de Vassouras, impedir
que esta fosse realizada por ser considerada “coisa de preto”.
O jongo une o tambor e o canto em sua sonoridade e possui ainda a dança em
forma de roda muitas vezes, porém, é dançado e cantado de maneira diversa de acordo
com a comunidade em que se encontra inserido e pelas modificações que sofreu em
cada lugar. Diante disso, seu nome é modificado, se tornando conhecido também
como: tambu, batuque, caxambu.
No tocante a como a dança ocorre Melo descreve: (...) “uma dança de roda que
gira em sentido lunar, com a presença ao centro de um par ou apenas um indivíduo que
faz evoluções até ser substituído por outro, até que todos tenham tomado parte como
solistas” (MELO, 2006, p.88).
A letra do jongo cantado é denominada ponto de jongo, era utilizada no passado
como metáfora para conseguir se comunicar, falar sobre as fugas por exemplo, sem
que os capatazes e senhores pudessem compreender. São transmitidos pelos mais
velhos, conservando assim, modos de vida em suas letras.
O som do batuque do tambor é uma característica bem marcante e definida
dessa manifestação cultural, por isso a importância do tambor, pois, ele irá

16
instrumentalizar esta sonoridade que identifica fortemente o jongo, desta maneira,
quem conhece seu som logo saberá do que se trata.
De acordo com (ABREU, 2008), se analisarmos o mapa de onde se encontram
atualmente as comunidades jongueiras, como vemos abaixo, veremos que a posição
geográfica é muito semelhante ao local no qual se encontravam os portos clandestinos
de tráfico negreiro e as grandes plantações de café do século XIX. Ou seja, com a
expansão cafeeira, maior era a necessidade de exploração de mão de obra escrava
negra, portanto maior violência sofrida e para se manter firme a resistência se faz
presente com a utilização do jongo e seus pontos.
Mapa das comunidades jongueiras

Fonte: ALERJ. Comissão de Cultura da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro. Jongo,


Patrimônio cultural do Brasil e do Rio de Janeiro. Cartilha. Rio de Janeiro, 2011.

17
2.6- O Jongo em Machadinha / Quissamã

Segundo MACHADO (2006, p.77), Darlene dos Santos teve a iniciativa em 2003
(ano informado por Dalma, coordenadora do jongo mirim) de reunir um grupo para
retornar com o jongo, ou tambor, que estava caindo no esquecimento. Outras pessoas
da comunidade se uniram a Darlene neste retorno como Dalma dos Santos cita:

(...) juntou seu Gilson, Cheiro, Dona Preta e teve mais outro, Cici um que
já faleceu também era mestre de tambor e Leandro, o mais novo
Leandro, ai o que acontece, eles se reuniram e formaram um grupo,
grupo cultural Tambores de Machadinha, ai o que eles fizeram? Eles
começaram a passar os saberes, os conhecimentos as novas gerações,
ela começou a passar para as netas e Dona Preta também para os
netos ai foi passando de geração a geração (...) (Entrevista Sra. Dalma
dos Santos. – 07 out. 2015)

Deste modo, os que foram se dedicar ao grupo tiveram que aprender as músicas
e a dança. Dona Guilhermina Rodrigues Azevedo, mais conhecida como Dona Cheiro
ficou responsável pela organização do grupo já que ela era uma das mais idosas e
sabia as letras das músicas e a dança porque dançava desde menina.
O grupo de Jongo da comunidade intitula-se Tambores de Machadinha, com
aproximadamente 15 integrantes, e é formado basicamente por adolescentes e adultos
jovens, de ambos os sexos. A idade mínima para poder participar do grupo é de 12
anos, porém, antes dessa idade já é possível se inserir nesta manifestação cultural
desde pequeno com um outro grupo formado também dentro da comunidade, o “Jongo
Mirim” coordenado por Dalma dos Santos, moradora da comunidade, professora por
formação e experiente em lidar com as crianças, pois também realiza contação de
histórias, sempre objetivando a valorização cultural. O grupo de jongo adulto viaja por
todo o estado do Rio de Janeiro para apresentações, encontros de Grupos de Jongo do
Sudeste, apresentações em Universidades, dentre outros.
No jongo de Machadinha os integrantes se revezam em duplas no centro da
roda, e, nenhuma roda de jongo precisa ser igual a outra, há variabilidade quanto aos
pontos que são cantados, aos integrantes, ao número de tambores, dentre outros. Em
algumas rodas o mestre Leandro se põe ao centro também para entoar palavras de

18
luta, pontos de jongo e realizar uma performance com corrente nos pulsos, fazendo
alusão ao sofrimento da escravidão. As apresentações do grupo de jongo costumam
ocorrer quando há festas, dias dos santos, eventos, turistas ou convidados na
comunidade e realizadas preferencialmente no período da noite, pois acende-se uma
fogueira grande no centro da roda usada também para esquentar a parte superior do
tambor feita de couro de boi.
O Mestre Leandro, embora jovem conserva a sabedoria de fazer tambores
artesanais como os primeiros que havia, utilizando tronco de árvore e pele de boi bem
esticada e presa com cordas e/ou pregos. Ele explica e mostra que há diferença na
sonoridade de um tambor desse para um industrializado.
Alves (2006) quando escreve sobre a memória do grupo de jongo remete a um
dos objetivos específicos da pesquisa que é compreender como elementos da memória
do grupo de Jongo Tambores de Machadinha se articulam às questões sociais,
culturais e políticas da comunidade, em resposta a este objetivo a autora afirma que o
jongo traz consigo todas essas questões:

O jongo de Machadinha está estreitamente ligado à história da própria


comunidade por dois motivos: em primeiro lugar, a trajetória do jongo
reflete a história da comunidade e todo o contexto social em que o jongo
esteve mergulhado durante séculos desde o período da escravidão. Ou
seja, a poesia do jongo expressa musicalmente as paisagens sociais
através da prática da memória oral. Neste sentido, a memória do jongo é
a memória da própria comunidade: a memória da trajetória. Em segundo
lugar, o jongo, ao guardar dentro de sua poética uma memória viva e
que se atualiza, reflete nos seus processos de rememoração, as
lacunas, os esquecimentos, as temporalidades, as contradições, as
relações de poder e novas demandas: é a trajetória da memória.
(ALVES, 2016, p. 109)

Em suma, afim de salientar a importância do jongo Tambores de Machadinha,


notamos que sempre quando a comunidade é apresentada, não deixa-se de falar
acerca de suas manifestações culturais como o jongo, o fado, e a culinária, pois estas
constituem o que vem a ser a comunidade. As rodas de jongo cumprem este papel
quando se fazem vistas e se transformam em uma forma de afirmar que os moradores
estão presentes, ativos e conscientes do que aquela manifestação os constitui. Além
disso o jongo atrai parceiros como instituições, pesquisadores e profissionais das mais
19
variadas áreas para lutar junto nas proposições que necessitam ser pleiteadas e
garantir que direitos como a titulação das terras e a educação escolar quilombola se
tornem efetivos.

3- Resumo das etapas anteriores

Em um primeiro momento, realizamos a revisão bibliográfica acerca do tema e o


aprofundamento da estrutura conceitual do projeto por meio de grupo de estudos.
Posteriormente, foi realizado um trabalho de campo etnográfico, três entrevistas
semiestruturadas, analise documental, observação e a aplicação de quinze
questionários com os jovens do grupo de jongo e duas pessoas relacionadas.
Através da análise dos resultados foi possível concluir que os jovens do grupo de
jongo possuem conhecimento acerca da história do jongo na comunidade, que se trata
de um conhecimento experienciado obtido por pessoas há mais tempo na comunidade
e foi identificado também que há a carência de um conhecimento histórico e acadêmico
sobre o jongo e seu surgimento em âmbito geral.
Concluiu-se ainda, que o preconceito negativo e religioso em relação ao jongo
ameaça o grupo de jongueiros a continuar com jovens participantes e este é um grande
desafio enfrentado para a manutenção no jongo na comunidade, respondendo a um
dos objetivos específicos da pesquisa.
Por fim, conseguimos identificar por meio das entrevistas que um dos atrativos
para a participação dos jovens no grupo de jongo Tambores de Machadinha, é o fato de
poderem viajar para outras cidades e regiões, possibilitando a troca de conhecimento
cultural com outros grupos de jongo, lembrando que cada comunidade jongueira faz o
seu jongo de um modo próprio.

20
4- Material e Métodos

Para responder as questões propostas nesta pesquisa, utilizou-se a abordagem


qualitativa por entender que ela privilegia a interpretação dos fenômenos sociais ao
invés de explicações em termos da relação causa e efeito (Monteiro, 1998). Porém, a
opção por essa abordagem vai além da dicotomia quantitativo-qualitativo, pois
conforme André (1995), “posso fazer uma pesquisa que utiliza basicamente dados
quantitativos, mas na análise que faço desses dados estarão sempre presentes o meu
quadro de referências, os meus valores, e, portanto, a dimensão qualitativa” (p.24).
Além disso, conforme Minayo (1996) os dados quantitativos e os qualitativos acabam se
complementando dentro de uma pesquisa.
Assim, a opção metodológica optou-se pela etnografia, inclusive em face de este
tipo de abordagem se "referir ao estudo do modo como os indivíduos constroem e
compreendem as suas vidas cotidianas” (BOGDAN & BIKLEN, 1994, p.17). (REIS,
2016, p.11)
É importante salientar que na pesquisa pudemos contar com a grande
colaboração da Janaina Patrocínio que é integrante do grupo Tambores de Machadinha
bolsista de extensão da UENF, modalidade universidade aberta, que nos forneceu
muitos dados importantes e facilitou a pesquisa na comunidade.
Houve ainda incontáveis idas a comunidade para o trabalho de campo e registro
nos diários de campo e também, a elaboração e realização de 3 entrevistas
semiestruturadas (perguntas da entrevista se encontram no apêndice) com pessoas
significantes para a pesquisa, sendo elas: Janaina Pessanha Patrocínio, integrante do
grupo de jongo Tambores de Machadinha; Dalma dos Santos, coordenadora do jongo
mirim e Leandro Nunes Firmino, mestre do tambor/jongo.
Além disso, foi elaborado um questionário contendo 14 itens de perguntas
fechadas e 14 itens de perguntas abertas (questionário completo no apêndice) e este
foi aplicado com 13 integrantes do grupo de jongo Tambores de Machadinha e 2
pessoas relacionadas com o grupo e a comunidade que são: Dalma dos Santos,
coordenadora do jongo mirim e Wagner Nunes Firmino, ativo presidente da associação

21
dos moradores de Machadinha e irmão do Mestre do jongo Leandro Nunes Firmino,
totalizando 15 questionários aplicados.
Ainda, realizamos mais uma revisão bibliográfica para aprofundar a
compreensão do conceito de quilombo. Esta, foi incluída no artigo, elaborado conforme
proposta, que se encontra em fase de revisão e será publicado no próximo mês
(Junho/2018).
Finalmente, realizamos um levantamento de trabalhos científicos publicados na
área da Psicologia acerca do tema. Através disto, a análise dos dados foi aprimorada
trazendo contribuições da área de atuação da bolsista, a Psicologia, onde gerou-se
alguns resultados e discussões apresentados a seguir.

5 - Resultados e Discussão

Tendo em vista a necessidade de relacionar os recursos teórico-conceituais e


metodológicos da psicologia à pesquisa, foi realizado um levantamento nas principais
bibliotecas virtuais com acervo de artigos científicos, como a BVS- Psi Brasil (Biblioteca
Virtual de Psicologia do Brasil) que realiza buscas em outras bibliotecas e espaços
virtuais como: PePSIC, SciELO, Index Psi Livros Eletrônicos (E-BOOKS), Index Psi
TCCs, Dicionário Biográfico de Psicologia, Anais e Resumos de Congressos, e nas
Bases em Ciências da Saúde e áreas correlatas como: LILACS, Portal BVS, BVS
Brasil, Portal de Revistas da USP, Periódicos CAPES, SciELO Livros.
Desta forma, utilizando as palavras-chave “jongo” e “jongo and psicologia” não
foram encontrados resultados de pesquisas na área de Psicologia. Encontramos em
outras buscas, Eliane Silvia Costa (2012) que se dedicou ao estudo da psicologia em,
(segundo ela), uma das primeiras comunidades negras rurais do estado de São Paulo a
conquistar título de terras quilombolas, o quilombo Maria Rosa, e é a única citada no
livro de Relações Raciais do Conselho Federal de Psicologia que trabalha a temática
quilombola, mas não trata das expressões culturais relacionadas.

22
De acordo com SCHUCMAN, (2017) que analisou brevemente a produção
acadêmica do Instituto de Psicologia da USP (IPUSP), somente 15 pesquisas
abordaram a temática racial e somente uma se dedicou ao estudo sobre uma
comunidade quilombola. Paralelo a isto, em setembro deste ano de 2018 será
promovido pelo Conselho Federal de Psicologia, juntamente com instituições de ensino
e pesquisadores o 1º Encontro Nacional de Rede de Articulação Psicologia, povos
indígenas, quilombolas, de terreiro, tradicionais e em luta por território, evidenciando
quão recente tem sido estas reflexões.
Na psicologia dos processos grupais, o respeitado Enrique Pichon-Rivière, apud
COSTA (2016) traz o conceito do porta voz do grupo, alguém que se destaca e traz a
tona ou denuncia as questões, problemáticas e ideias do imaginário do grupo como um
todo, na pesquisa em questão o porta voz foi a integrante Janaina Pessanha Patrocínio,
pois, ela apontou questões que nortearam a criação do questionário e trouxe respostas
que foram confirmadas posteriormente através dos questionários do grupo.
René Kaes (2011) psicanalista dos processos grupais, nos mostra como o
inconsciente individual e coletivo aparecem no grupo, ” o inconsciente de cada sujeito
carrega traços, na sua estrutura e nos seus conteúdos, de inconsciente de um outro e,
mais precisamente, de mais de um outro” (p. 30)
Na análise dos questionários aplicados aparece esse inconsciente individual em
um dos itens do questionário quando indagamos: “Em uma palavra, defina o que o
jongo significa para você:”, cada um forneceu sua resposta particular como vemos no
quadro abaixo:

Pergunta 7- Em uma palavra, defina o que o jongo significa para você:


Nomes Respostas
1 João de Oliveira Nunes Amor.
2 Lairton Inácio Ribeiro Amor.
3 Janaina Pessanha Patrocinio Amor.
4 Deivid Gomes dos Santos Aprendizado.
5 Luis Henrique Pacheco da Silva Cultura.
6 Mirely Ribeiro Azevedo Tudo para mim.

23
7 Renato Ribeiro Tudo para mim.
8 Josefer Ferreira Ribeiro Tudo de bom.
9 Livia Pessanha Azevedo Tudo para minha vida.
10 Raiza Rodrigues Azevedo Alegria.
11 Maura da Hora Azevedo Silva Maravilhoso.
12 Wagner Nunes Firmino Resistência
13 Dalma dos Santos Ricardo Resistência
14 Suelem do S. Azevedo Luta.
15 Camilla dos Santos Azevedo Não respondeu.

Portanto, podemos notar que embora as respostas fossem dadas de maneira


individual, (nenhum integrante soube da resposta do outro), algumas se repetiram,
apontando a influência recebida por esse inconsciente coletivo do grupo que interfere
na subjetividade de seus membros.

24
6 – Conclusões

As revisões bibliográficas realizadas, todo o trabalho de campo etnográfico, a


coleta de dados e análise, foram imprescindíveis para que chegássemos a conclusões
deste trabalho.
Desta forma, concluímos a partir dos resultados apresentados, que parte do
grupo absorveu o discurso coletivo do jongo enquanto um instrumento de luta da
comunidade pela conquista de direitos.
Descobrimos ainda, por meio da observação, que os jovens do grupo Tambores
de Machadinha acessam a memória do jongo por meio das vivências no grupo.
Conclui-se nesta etapa da pesquisa que devido à recente inserção da psicologia
em alguns espaços, é evidente a sua falta de contribuição em relação a pesquisas em
comunidades quilombolas e mais ainda sobre expressões culturais afro-brasileiras
como o jongo, evidenciando assim, a necessidade de investimento de pesquisas neste
campo.
Concluímos que a pesquisa obteve êxito pois respondeu aos objetivos propostos
e avançou com novas contribuições à temática, possibilitando a posteriori que sejam
realizados outros trabalhos a partir deste.

25
7 - Literatura Citada

ABREU, Martha; MATTOS, Hebe. (Orgs) Pelos Caminhos do Jongo e do Caxambu:


História, Memória e Patrimônio. Niterói: UFF. Neami, 2008.

ALERJ. Comissão de Cultura da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro. Jongo,


Patrimônio cultural do Brasil e do Rio de Janeiro. Cartilha. Rio de Janeiro, 2011.
BRASIL. Decreto nº 4.887, de 20 de novembro de 2003. Regulamenta o procedimento
para identificação, reconhecimento, delimitação, demarcação e titulação das terras
ocupadas por remanescentes das comunidades dos quilombos de que trata o art. 68 do
Ato das Disposições Constitucionais Transitórias. Disponível em: Acesso em: 06 fev.
2018.

ALVES, Heliana Castro, “EU NÃO SOU MILHO QUE ME SOCA NO PILÃO”: Jongo e
Memória pós-colonial na comunidade quilombola Machadinha – Quissamã.
Trabalho de conclusão de curso. Programa de Pós-Graduação em Psicossociologia de
Comunidades e Ecologia Social EICOS. Doutorado em Psicossociologia. Rio de
Janeiro, 2016.

COSTA, Eliane Silvia; SCARCELLI, Ianni Regia. Psicologia, política pública para a
população quilombola e racismo. Psicologia USP, São Paulo, v. 27, n. 2, p. 357-366,
aug. 2016. ISSN 1678-5177. Disponível em:
<http://www.revistas.usp.br/psicousp/article/view/119784>. Acesso em: 30 may 2018.

FERREIRA, Simone Raquel Batista. Quilombolas. In: Dicionário da Educação do


Campo. CALDART, Roseli Salete, PEREIRA, Isabel Brasil, ALENTEJANO, Paulo,
FRIGOTTO, Gaudêncio. (Orgs). São Paulo: Expressão Popular, 2012, p. 647- 651.

IBGE, Cidades. Estimativa da população de Quissamã em 2016. Disponível em:


<http://cidades.ibge.gov.br/xtras/perfil.php?codmun=330415> Acesso em: 03 de Maio
de 2017.

26
KAES, R. (2011). Um singular plural: a psicanálise à prova
do grupo. São Paulo, SP: Loyola

LEITE. Ilka Boaventura. Os quilombos no brasil: questões conceituais e


normativas. Etnográfica, Vol. IV (2), 2000, pp. 333-354.

MACHADO, Fábio da Silva. Fazenda Machadinha: memória e tradições culturais em


uma comunidade de descendentes de escravos. Trabalho de conclusão de curso.
Programa de Pós-Graduação em História Política e Bens Culturais – PPHPBC.
Mestrado profissionalizante em bens culturais e projetos sociais, 2006.

MAROUN, Kalyla. Jongo e educação escolar quilombola: diálogos no campo do


currículo. CADERNOS DE PESQUISA. V. 46, nº 160, p. 484 -502, Abril/ Junho -2016.

MELO, Ricardo Moreno de. Tambor de machadinha: devir e descontinuidade de


uma tradição musical em Quissamã. Dissertação (Mestrado em Música) –
Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, Programa de Pós-Graduação em
Música, 2006.

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Educação Quilombola. TV ESCOLA/ SALTO PARA O


FUTURO. Boletim 10. 2007.

MOURA, Clóvis. Rebeliões na Senzala, Quilombos, Insurreições, Guerrilhas, São


Paulo, Ed. Ciências Humanas.1981.

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Negros (v.1, n.5, out. 2001). Disponível em <
http://www.koinonia.org.br/oq/artigosdetalhes.asp?cod=12579> Acesso em 3 de Maio
de 2017.

27
PIOVESAN, Flávia; MARTINS DE SOUZA, Douglas (Coords.). Ordem jurídica e
igualdade étnico-racial. Brasília: Seppir, 2006.

REIS, João José. Quilombos e revoltas escravas no Brasil. Revista USP, SÃO
PAULO : 1 4 - 3 9 , DEZEMBRO/FEVEREIRO. 1995/96.

REIS, Maria Clareth Gonçalves. Tradição e Memória Quilombola ao som dos


Tambores de Machadinha. Projeto de Iniciação Científica. Campos dos Goytacazes -
RJ, 2016.

REIS, Maria Clareth Gonçalves; SOARES, Maria Raimunda Penha; COSTA, Ruth
Ramos da Silva. Reflexões acerca da Educação Escolar Quilombola na
comunidade remanescente de quilombo Machadinha/ Quissamã/RJ. Revista
Humanidades e Inovação v.4, Nº 04 – 2017.

REIS, Maria Clareth Gonçalves; SOARES, Maria Raimunda Penha, et al. Proposta
para Formação em Educação Escolar Quilombola. Quissamã, Rio de Janeiro. 2017.

SCHMITT, Alessandra; TURATTI, Maria Cecília Manzoli; CARVALHO; Maria Celina


Pereira de. A Atualização do Conceito de Quilombo: Identidade e Território nas
Definições Teóricas. Ambiente & Sociedade - Ano V – Nº 10 – 1º Semestre de 2002.

SCHUCMAN, Lia Vainer; NUNES, Sylvia da Silveira; COSTA, Eliane Silvia. A


Psicologia da Universidade de São Paulo e as relações raciais: perspectivas
emergentes. Psicologia USP, São Paulo, v. 28, n. 1, p. 144-158, apr. 2017. ISSN 1678-
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<http://www.revistas.usp.br/psicousp/article/view/130694/127085>. Acesso em: 23 maio
2018.

28
VITORELLI, Edilson. Estatuto da igualdade racial e comunidades
quilombolas: Lei nº 12.228/2010,23 Decreto nº 4.887/2003, dicas para
realização de provas de concursos artigo por artigo. Salvador: JusPodivm,
2012. 300 p.

29
8- Apêndice

8.1 - Perguntas da entrevista semiestruturada

1- Como surgiu o jongo na comunidade de Machadinha?


2- Os moradores da comunidade colaboram para manter o jongo? De que forma?
3- Existe alguma dificuldade que o grupo de jongo encontrou na trajetória de sua
organização? Se sim, qual?
4- Em sua opinião, quais são os motivos dos jovens se interessarem e participarem do
grupo de jongo?
5- E por fim, o que o jongo significa para sua vida?

8.2 – Questionário aplicado

Questioná rio
Nome: CPF:

RG: Órgão Expedidor: UF:

Curso: Nº. de matrícula:

Endereço:

Contato Fone Fixo: ( ) Celular: ( )

E-mail:

Seu sexo: Masculino [ ] Feminino [ ] Data de nascimento:

Cor/etnia: [ ] Branca. [ ] Parda [ ] Preta [ ] Amarela. [ ] Indígena

Qual seu estado civil?

1. [ ] Solteiro(a).

2. [ ] Casado(a).

3. [ ] Separado(a) / divorciado(a)/ desquitado(a).

30
4. [ ] Viúvo(a).

5. [ ] União estável

Somando a sua renda com a renda das pessoas que moram com você, quanto é, aproximadamente, a renda familiar
mensal? (Marque apenas uma resposta)

1. (A) Nenhuma renda.

2. (B) Até 1 salário mínimo (até R$ 880,00).

3. (C) De 1 a 3 salários mínimos (de R$ 880,01até R$ 2.640,00).

4. (D) De 3 a 6 salários mínimos (de R$ 2.640,01 até R$ 5.280,00).

5. (E) Acima de 6 salários mínimos (Acima de R$ 5.280,00).

6. (F) Nenhuma Resposta

7. (G) Não Sei

JOVENS E ADOLESCENTES DO JONGO

1) Você tem conhecimento da histó ria do jongo da comunidade?

( ) SIM ( ) NÃ O (Salte a pró xima questã o)

Se sim, explique como tomou conhecimento:


_______________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________

2) Quais sã o suas motivaçõ es para dançar o jongo:

1. ( ) Resgate da histó ria local.


2. ( ) Para que a dança e a comunidade se torne mais conhecida.
3. ( ) Apresentar o jongo fora da comunidade e assim conhecer novos lugares.
31
4. ( ) Interagir com outros jovens e fazer amizades.

3) Você acha que o jongo tem alguma “influência” força política (Ou seja, favorecer um bem
comum, no caso à Comunidade Quilombola Fazenda Machadinha)

( ) SIM ( ) NÃ O (Salte a pró xima questã o)

3.1. Se sim, marque a opçã o que condiz com sua resposta:


1. ( ) Dar mais visibilidade para as questõ es da comunidade.
2. ( ) Valorizar a identidade quilombola.
3. ( ) Ajudar na conquista de direitos (regularizaçã o de territó rio; educaçã o quilombola e
manter viva a tradiçã o afro-brasileira).

4) O jongo contribui para a sua formaçã o como ser? (ou seja, como ser humano mais solidá rio,
mais amigo, que se preocupa com o pró ximo...)

( ) SIM ( ) NÃ O (Salte a pró xima questã o)

4.1: Se sim, explique de que maneira:-


_______________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________

5) O jongo contribui para a sua autoestima (ou seja, gostar de si pró prio, de suas qualidades, do
seu corpo, de sua cor, do seu tipo de cabelo etc.)?

( ) SIM ( ) NÃ O (Salte a pró xima questã o)

5.1: Se sim, explique de que maneira:


_______________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________

32
6) Na sua opiniã o, a comunidade te ajuda a continuar no jongo?

( ) SIM ( ) NÃ O (Salte a pró xima questã o)

6.1: Se sim, explique de que maneira:


____________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________

7) Em apenas 1(uma) palavra, defina o que o jongo significa para você:

__________________________________________________________________________________________

8) Quais a maiores dificuldades encontradas para a manutençã o do grupo de jongo:

1. ( ) Ter outros compromissos no horá rio do jongo


2. ( ) A saída de jovens do grupo devido a maternidade
3. ( ) A saída de jovens devido a questõ es pessoais
4. ( ) A saída de jovens devido a entrada na igreja
5. ( ) A perda de interesse
6. ( ) Outra. Qual? __________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________

9) Como seus familiares se sentem em relaçã o a sua participaçã o no grupo de jongo?

1. ( ) Muito satisfeito
2. ( ) Satisfeito
3. ( ) Indiferente
4. ( ) Insatisfeito
5. ( ) Muito insatisfeito

10) Por fim, você acredita que o jongo fortalece o desenvolvimento (crescimento,
fortalecimento) da comunidade como quilombola?

( ) SIM ( ) NÃ O
33
10.1. Se sim, como fortalece:

1. ( ) Através do jongo as pessoas passam a conhecer a comunidade gerando renda


através do artesanato, culiná ria e festas.

2. ( ) Dar visibilidade a comunidade para resgatar a memó ria remanescente


quilombola.

3. ( ) Manter ativa a cultura, suas lendas e tradiçõ es para que jongo nã o acabe.

4. ( ) Valorizar o conhecimento da comunidade, através de sua histó ria quilombola,


permitindo uma melhor educaçã o voltada para conquistas e direitos.

11. Você acredita que daqui alguns anos o jongo irá existir?
( ) SIM ( ) NÃ O

12. Em sua opiniã o, como o jongo é visto em Quissamã ?


__________________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________

13. Você tem interesse em levar a cultura do jongo para outros lugares?

( ) SIM ( ) NÃ O

13.1. Se sim, explique por que:


__________________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________

14. Por fim, você teria interesse em saber mais sobre o jongo?

( ) SIM ( ) NÃ O

34
14.1. Se sim, o que gostaria de saber?
__________________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________

9- Anexo

Fotos da Comunidade Quilombola Fazenda Machadinha

Figura: Um dos blocos da senzala restaurados da Comunidade Fazenda Machadinha.


Fonte: Site Oficial da Prefeitura de Quissamã.

35
Figura: Apresentação do Grupo de Jongo Tambores de Machadinha na comunidade Fazenda
Machadinha.
Fonte: Clique Diário. Disponível em: <http://cliquediario.com.br/index.php/2016/07/20/quissama-
abriga-um-dos-maiores-patrimonios-culturais-do-nosso-pais/> Acesso em 29/05/2017

Figura - Apresentação do Jongo Mirim na V Feijoada da Liberdade na Comunidade Quilombola


Fazenda Machadinha, Quissamã no dia 27 de Maio de 2017.
Fonte: Site Oficial da Prefeitura de Quissamã.

36
Figura: Momento de aquecer os tambores na fogueira e preparação para o início da Roda de
Jongo na Comunidade Fazenda Machadinha no Evento da V Feijoada da Liberdade. Data: 27
de Maio de 2017. Fonte: Fernanda Bastos.

37
10- Participação em congressos e trabalhos publicados ou submetidos

A presente pesquisa foi apresentada no II Congresso de Pesquisadores (as)


Negros (as) da Região Sudeste, no dia 02 de março de 2018 no Campus Pampulha da
Universidade Federal de Minas Gerais (Belo Horizonte – MG).
O artigo que se encontra em processo de revisão será publicado no próximo mês
(Junho/2018) em uma revista científica.

11 - Outras atividades

1- Participação de Grupos de Estudos sobre a temática;

2- Participação de eventos na comunidade pesquisada como a tradicional


“Feijoada da Liberdade” para compreender as relações sócio-políticas em que
o grupo de jongo está inserido;

3- Entrevista para uma matéria na Revista PIBIC/UENF “Conhecendo a Ciência”


que a pesquisa foi selecionada para compor.

12 - Data e assinatura do bolsista

30 de Maio de 2018,

13 - Data e assinatura do orientador

30 de Maio de 2018,

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Comissão de bolsas de Iniciação Científica

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