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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE — UFF

Disciplina: Pesquisa e Prática Educativa IV — História


Turma: SB — Semestre 2023.2
Docente: Fernando de Araujo Penna
Discentes: Jorge Antônio Cassiano do Nascimento
Pedro Henrique Lourenço Guimarães
Victor Magno Quimas Fernandes

PROJETO DE TRABALHO – AULA FORA DOS MUROS

NITERÓI
2023
Projeto Resistência e Identidade: Vivências de Uma Comunidade Quilombola –
Quilombo do Grotão

Tipo de escola: Pública


Ano/Série: 1º ano do Ensino Médio
Número de alunos: 30 alunos
Número de encontros: 3 encontros
A BNCC neste projeto:
Competências gerais da Educação Básica: 1,2,3,6,7 e 8.
Competências específicas de Ciências Humanas e Sociais
Aplicadas: 5 e 6. Competências específicas de Linguagens e suas
Tecnologias: 1, 2, 3.
Habilidades: EM13LP01, EM13LP04, EM13LP24---EM13CHS502,
EM13CHS503, EM13CHS601, EM13CHS606, EM13CNT304 e
EM13CNT305.
Tema: Identidade e Resistência: A Vivência nas Comunidades Quilombola
Tema(s) transversal(is): Multiculturalismo - Diversidade Cultural; Educação para
valorização do multiculturalismo nas matrizes históricas e culturais brasileiras;
Consciência sobre Preservação Ambiental; Relações Étnico-Raciais e Cultura Afro-
Brasileira.
Disciplinas envolvidas: Ciências Humanas e Sociais Aplicadas
Conteúdos abordados: Escravidão no Brasil, Herança Afro-Brasileira e Produção
Textual. Objetivo(s) geral(is): O projeto visa integrar o aprendizado convencional
sobre comunidades quilombolas e heranças afro-brasileiras com uma experiência única
de visita a comunidade Quilombo do Grotão. Tendo os alunos uma oportunidade ímpar
de conhecer o cotidiano, cultura, identidade e formas de vivências dessas comunidades.
Aplicando na prática os conhecimentos adquiridos e intuitivamente desenvolvendo sua
consciência histórica e social. Promovendo sobretudo o respeito à diversidade que
advém do conhecimento de múltiplas realidades sociais.
Avaliação: Trabalho de pesquisa em grupo de 5 alunos em processo que culmine na
produção de um texto dissertativo-argumentativo sobre o tema geral da atividade
objetivando o treinamento dos alunos para o Exame Nacional do Ensino Médio
(ENEM). Alia-se assim o aprendizado social com a preparação necessária para a sua
progressão educacional.

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1º Encontro

(Sob orientação dos profissionais de Humanas)

Tempo estimado do encontro: 2 tempos de 50 minutos.

Objetivos específicos do encontro: Retomando de forma instrumental e breve o


contexto histórico do processo da diáspora africana para América Portuguesa e a
características gerais da escravidão no Brasil de sua emancipação até a abolição,
seguindo apresentar aos alunos os debates e discussões sobre as heranças afro-brasileiras
e existências/resistências dessas comunidades quilombolas na atualidade.

Metodologia: Exposição clássica com o auxílio de Power Point para os temas de


diáspora e escravidão geral. Uma vez aclarado o conteúdo, segue-se arguições sobre o
tema cultura afro-brasileira na atualidade. Abordagem voltada especificamente para
exemplificar o que seriam as comunidades quilombolas, suas História e especificidade.
Sessão de perguntas e questionamentos aos alunos se conhecem alguma comunidade
quilombola ou se vivem ou já viveram/conhecem alguém que é quilombola; tomada das
impressões dos educandos. Segue-se a explanação sobre a comunidade “Quilombo do
Grotão”. Finalizando com a apresentação da iniciativa pensada para a aula fora dos
muros detalhando o objetivo da saída, suas propostas, oportunidades e possibilidades.
Igualmente estabelecendo o itinerário da saída e apontando para as regras necessárias
para o bom funcionamento da programação. Além de explicitar o modelo de avaliação
previamente.

Recursos materiais: Slides - programa de edição gráfica Power Point

2º Encontro

(Sob orientação dos profissionais de Humanas e com demais profissionais)

Tempo estimado do encontro: 5 Horas.

Objetivos específicos do encontro: Conduzir os educandos a vivenciar a experiência


prática de aprendizado cultural e buscar provocar a reflexão intuitiva dos alunos através
da interação com o espaço em que estarão inseridos. Aplicar o prescrito no encontro
anterior.

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Metodologia: Ao chegar ao Quilombo do Grotão os educandos terão um breve
panorama da paisagem no qual estão inseridos com um reforço teórico sobre a história e
natureza da comunidade que irão visitar. Sendo recebidos naturalmente pelos dirigentes
do local com breves explanações sobre o funcionamento e utilidade múltiplas do local.
Estando os professores dirimindo quaisquer dúvidas adjacentes e contribuindo para sanar
dúvidas e curiosidades dos alunos, acompanhando-os todo o tempo. Seguindo haverá um
tour por todo o local onde serão mostrados todos os pontos importantes do Quilombo
desde o local de reuniões, até a casa dos santos e todas as demais dependências com a
explicações dos guias e auxílio dos docentes. Ao longo do passeio os alunos serão
estimulados a fazerem perguntas sobre os mais diferentes aspectos, inclusive os
trabalhados em sala de aula. Importante atenção seria dada ao papel das comunidades
quilombolas, em particular o Grotão, na defesa ambiental de suas regiões de instalação
(Serra da Tiririca). É notório acentuar a questão religiosa sobre o debate que circunscreve
em função da questão dos terreiros em uso cultural da manifestação da crença e prática
religiosa de matriz africana. Relativo a personagens no processo de construção histórica,
destaca-se o papel de Renatão do Quilombo, liderança comunitária, e de sua família no
costructo histórico na defesa da Serra da Tiririca, de modo que a espacialidade
geográfica do Quilombo é objeto de construção da consciência ambiental. Outro fator
importante seria atentar com os alunos para o marco histórico da região do Engenho do
Mato, tendo nas imediações a trilha percorrida pelo célebre biólogo inglês que
revolucionaria toda a concepção da humanidade sobre si mesmo, Charles Darwin. Seria
estimulado aos alunos pensarem sobre a importância da viagem de Darwin a bordo do
Beagle, inclusive suas impressões horrorizadas sobre a escravidão brasileira e como suas
teorias posteriormente foram deturpadas para embasar cientificamente discriminações
raciais. Podendo os professores previamente oferecerem contextualização histórica para
subsidiar essa reflexão.
Seguindo a esse reconhecimento geral haverá a pausa para degustação, gratuita de
acordo com contrato prévio, da tradicional feijoada em fogo de lenha. A experiência
gastronômica deverá ser desenrolada em aprendizado conforme orientação dos
professores para que se ressalte a importância da cultura afro-brasileira na gastronomia.
Passado breve intervalo inicia-se as oficinas de Jongo onde os alunos poderiam
conhecer mais da dança e suas influências nos estilos musicais brasileiros, sobretudo o
samba. Ao passo que se desenvolveria também rodas de capoeiras. Os educandos
seriam levados a interagir com os jogadores e dançarinos para tirar dúvidas sobre os

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ritmos e historicidade das tradições ali representadas. Participando também de oficinas
de artesanato e conhecendo a produção dos artesãos e tendo noção de como funciona a
mini economia que financia a comunidade, professores guiando o aluno nas reflexões
inerentes aos modos de vida das pessoas que vivem dessas atividades. E após as
atividades das oficinas o encerramento se daria com uma roda de samba de raiz. Tendo
os docentes o cuidado de esboçar para os alunos uma breve história do samba e
apresentar características gerais do samba de raiz e de sua importância para a história
da música popular brasileira. Com a finalização dos agradecimentos gerais e despedidas
os docentes incentivam mais uma vez os alunos a guardarem as experiências que
tiveram naquele lugar já apontando o esperado deles para a próxima etapa do projeto
que será a aplicação dessas vivências nas atividades escolares, com a confecção do texto
dissertativo argumentativo.

Logística: Previamente ao primeiro encontro os alunos seriam consultados e tendo o


aval de amplos setores da turma, iria ser iniciado os preparativos e negociações juntos
aos demais profissionais. Tendo um parecer positivo de todos, começa-se a angariar
partidários junto a coordenação da escola, com uma apresentação formal à direção.
Tendo o aval, a etapa seguinte é organizar os meios de transportes necessários. Ofícios
seriam enviados à SEEDUC para disponibilização de verbas adicionais à instituição
para o fretamento visando a execução do projeto. Com a aprovação entra-se nas etapas
seguintes. Tendo a negativa, a solução remanescente seria ou buscar financiamento
junto à própria turma ou organizar a saída com meios convencionais como o transporte
público. Ficando a critério dos organizadores decidir. Solucionada a primeira parte, a
emissão de termos de compromisso para a assinatura dos responsáveis dos alunos é o
próximo passo. Tomando-se as circunstâncias ressalvas em caso de negativa de um dos
pais, buscando contornar a situação. Os horários estipulados, em se tratando do turno
matutino, seria uma saída da escola às 09h00 da manhã objetivando chegar no
Quilombo por volta das 10h00/30, tendo especial atenção a pontualidade. E a saída
sendo programada para no máximo 15h00.

3° Encontro:

Tempo estimado: 50 minutos

Objetivos específicos do encontro: Entrega dos trabalhos e dissertação argumentativa do


professor a uso de conectores da experiência de campo proporcionado aos alunos sobre

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o tema da questão africana quanto a herança sócio cultural e suas especifidades no decurso
do erguimento histórico da sociedade brasileira.

Metodologia: Verbalização (resumo) a partir das experiências sensoriais dos alunos


durante a visita ao Quilombo, busca-se a construção de argumentos que auxiliem os
alunos a desenvolverem o pensamento histórico social em promoção de compreederem a
validação da mémória dos povos africanos quanto a presença deles em território brasileiro
relativo a inserção por meio de um processo compulsório – escravidão – e o reflexo aos
desafios de sobrevivência em comunidade como ato de resistência a preservação da
historicidade pelos descendentes afro a tempo presente, fazendo exposição dos
Quilombos como um exemplo a ser pensado no aspecto identitário. Neste encontro o
professor destacará um tempo arguindo os alunos atinente aos fatos que mais lhe
chamaram atenção no Quilombo do Grotão, utilizará as respostas para adensar possíveis
correções e acentamento do tema.

Recursos materiais: Quadro + pilot ou giz ( a depender do quadro utilizado)

Bibliografia:
ADICHIE, Chimamanda Ngozi. O perigo de uma história única. São Paulo: Companhia
das Letras, 2018.

ALVES, Nilda; ANDRARDE, Nívea. Os Sonhos de Kurosawa na Pandemia -


‘fazerpensar’ escolas com estudantes e docentes- Por Escolas Perambulantes, pp. 489-
503. ed. -- Petrópolis, RJ : DP et Alii : Laboratório Educação e Imagem, 2021.

DEISTER, Jaqueline. Quilombo do Grotão: resistência tradicional em Niterói (RJ). Brasil


de Fato | Rio de Janeiro (RJ) | 23 de novembro de 2018. Disponível em:
https://www.brasildefatorj.com.br/2018/11/23/quilombo-do-grotao-resistencia-
tradicional-em-niteroi-rj. Acesso em 16/11/2023.

MONTEIRO, Gabriel. O Quilombo em Questão: sobreposições e insurgências a partir do


conflito socioambiental e territorial da comunidade negra do Grotão no Parque Estadual
da Serra da Tiririca - 2016. Ensaios de geografia. 4. 28.
10.22409/ensaiosgeo2015.v4i8.a21972.

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Anexos:
Imagens da Comunidade Quilombola do Grotão

Figura 1. Entrada do Quilombo do Grotão, Engenho do Mato, em Niterói – Tércio Teixeira/Folhapress. Disponível
em: https://fotografia.folha.uol.com.br/galerias/1773703360461421-quilombo-do-grotao

Figura 2. Quilombo do Grotão, em Niterói – Tércio Teixeira/Folhapress. Disponível em:


https://fotografia.folha.uol.com.br/galerias/1773703360461421-quilombo-do-grotao

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Figura 3. Quilombo do Grotão – Irma Lasmar. Disponível em: https://odia.ig.com.br/niteroi/2020/05/5926115-
recanto-centenario--quilombo-do-grotao-perpetua-cultura-africana-em-niteroi.html

Figura 4. Quilombo do Grotão – Irma Lasmar. Disponível em: https://odia.ig.com.br/niteroi/2020/05/5926115-


recanto-centenario--quilombo-do-grotao-perpetua-cultura-africana-em-niteroi.html

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