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MATERIAL DE APOIO PEDAGÓGICO PARA APRENDIZAGENS – MAPA

REFERÊNCIA
2024

COMPETÊNCIA ESPECÍFICA:

Competência: 1: Analisar processos políticos, econômicos, sociais, ambientais e culturais nos âmbitos
local, regional, nacional e mundial em diferentes tempos, a partir da pluralidade de procedimentos
epistemológicos, científicos e tecnológicos, de modo a compreender e posicionar-se criticamente em
relação a eles, considerando diferentes pontos de vista e tomando decisões baseadas em argumentos e
fontes de natureza científica.
Competência 2: Analisar a formação de territórios e fronteiras em diferentes tempos e espaços,
mediante a compreensão das relações de poder que determinam as territorialidades e o papel
geopolítico dos Estados-nações.

OBJETO(S) DE
HABILIDADE(S):
CONHECIMENTO:

Expansão territorial (EM13CHS101) Identificar, analisar e comparar diferentes fontes e narrativas


brasileira e as expedi- expressas em diversas linguagens, com vistas à compreensão de ideias
ções oficiais. filosóficas e de processos e eventos históricos, geográficos, políticos,
Africanos no Brasil: cul- econômicos, sociais, ambientais e culturais.
tura resistência e
(EM13CHS205) Analisar a produção de diferentes territorialidades em suas
escravidão.
dimensões culturais, econômicas, ambientais, políticas e sociais, no Brasil e
no mundo contemporâneo, com destaque para as culturas juvenis.

PLANEJAMENTO
TEMA DE ESTUDO: A capoeira como resistência da cultura afro-brasileira.

A) APRESENTAÇÃO:
A sequência didática irá abordar a capoeira enquanto como uma manifestação cultural e forma de
resistência utilizada pelos negros durante o período colonial, relacionando-a ao contexto histórico e social
da época. Para essa sequência, vamos nos apoiar em metodologias que garantam o protagonismo dos
estudantes como:
▪ Roda de conversa sobre o tombamento da capoeira como patrimônio imaterial;
▪ Exibição de vídeo com questionário (em formato JigSaw) sobre a diáspora africana;
▪ Análise de letras de capoeira.
Nessa sequência iremos trabalhar com duas habilidades.
A habilidade 1 busca analisar contextos históricos através de fontes diversas como textos, imagens, e
músicas, nos quais vamos nos ancorar para realizar análises de contextos e expressões populares.
Já a segunda habilidade traz o conceito de territorialidade, onde a capoeira se insere enquanto expressão
cultural brasileira com características particulares de cada região e como um movimento que engloba
pessoas de diversas idades.

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A sequência se inicia com uma sensibilização, ou seja, uma prática que mostra a valorização da capoeira
enquanto patrimônio imaterial. Em seguida os estudantes são convidados a conhecer o que é a diáspora
africana e relacioná-la à história da capoeira. No terceiro momento os estudantes deverão fazer uma
atividade utilizando a metodologia JigSaw (descrita abaixo) para responder o que foi aprendido através
de um vídeo. Para dar fundamentação teórica e histórica, o quarto momento promove uma análise de
trechos de textos acadêmicos e no último momento os estudantes farão análises das letras de músicas
de capoeira.

B) DESENVOLVIMENTO:

1º MOMENTO: SENSIBILIZAÇÃO

Organização da turma A escolha do professor.

Recursos e providências Texto impresso.

A sequência didática deverá iniciar com duas perguntas no quadro:

● “A capoeira é um jogo, uma dança ou uma luta?”


● Qual a origem da capoeira?”

O professor deverá ouvir os estudantes sobre a opinião deles. A ideia é que eles respondam que a
capoeira é uma mistura de jogo, luta e dança e que, apesar de ter nascido no Brasil, a capoeira possui
elementos culturais africanos como a religiosidade e a musicalidade baseada em instrumentos de
percussão. Em seguida trazer a notícia do reconhecimento da capoeira como Patrimônio Imaterial da
Humanidade. A leitura poderá ser feita em dupla, grupo ou individual. O objetivo dessa atividade é levar
um breve conhecimento sobre a capoeira e sobre a importância da cultura imaterial.

Capoeira é reconhecida como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade

Mistura de dança e arte marcial, símbolo de resistência dos escravos, a roda de capoeira foi
reconhecida, nesta semana, pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a
Cultura (Unesco), como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade.
Com o título, a capoeira se tornou a quinta manifestação cultural brasileira reconhecida pela
Unesco. O samba de roda do Recôncavo Baiano; o Kusiwa, arte e pintura corporal própria dos povos
indígenas Wajãpi, do Amapá; o frevo; e a peregrinação religiosa do Círio de Nazaré já foram incluídos
na lista do patrimônio cultural da ONU.
A técnica da capoeira era considerada subversiva e, até a metade da década de 30, foi
marginalizada. No governo de Getúlio Vargas, a capoeira foi reconhecida como esporte nacional. Em
2008, a capoeira foi tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
Hoje, essa manifestação cultural afro-brasileira conquistou o mundo. É praticada em mais de
160 países, e por pessoas de todas as idades.
Para conversar sobre a importância dessa conquista, o Com a Palavra... entrevistou o
coordenador da Frente Parlamentar em Defesa da Capoeira, deputado Acelino Popó (PRB-BA).
(Duarte, 2014)

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2º MOMENTO: DISCUTINDO A DIÁSPORA AFRICANA

Organização da turma A escolha do professor.

Recursos e providências Imagem projetada ou impressa.

Nesse segundo será abordada a diáspora africana. Para isso, introduza ao estudante o conceito de
diáspora, que significa a fuga forçada de seu território de origem. Cite exemplos como o caso dos
gregos e dos judeus, contextualizando esses dois exemplos. A partir desse conceito, exiba o infográfico
no projetor ou entregue para os estudantes a imagem impressa.

Imagem 1: Diáspora africana

Fonte: (SOARES, 2020)

A leitura do infográfico poderá trazer dúvidas aos estudantes quanto a alguns conceitos. Para isso,
registre no quadro as palavras e discuta com os estudantes seus significados.
Para conectar o assunto entre a diáspora africana e a capoeira, peça que os estudantes assistam ao
vídeo que apresenta essa relação chamado A DIÁSPORA AFRICANA - Portos de embarque,
escravidão, Capoeira e ancestralidade Prof. Carlos Eugênio (disponível em
https://youtu.be/pPhT_lzdSi8?si=NZwjLcxU6jxnLOAL) e peça-os que registrem as principais ideias
presentes no vídeo. Caso seja necessário e possível, exiba o vídeo em sua aula, lembrando que o vídeo
tem um tempo de 15 minutos. Uma outra opção para trabalhar com o mesmo tema é utilizar o texto
abaixo e fazer uma discussão em sala de aula.

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 TEXTO: O GINGADO QUE VEM DA ÁFRICA ( ícone clicável)

3º MOMENTO: JIGSAW

Organização da turma Grupos de 5 pessoas.

Recursos e providências Vídeo do YouTube Questionário JigSaw.

A fim de conectar à aula anterior em que foi pedido que os estudantes assistissem ao vídeo A
DIÁSPORA AFRICANA - Portos de embarque, escravidão, Capoeira e ancestralidade Prof.
Carlos Eugênio (disponível em https://youtu.be/pPhT_lzdSi8?si=NZwjLcxU6jxnLOAL). Nesse momento
utilizaremos uma metodologia ativa chamada JigSaw, que em inglês significa “Quebra-cabeça”. Essa
metodologia tem por objetivo possibilitar a troca de informações entre estudantes de diferentes grupos
em que não estejam acostumados a conversar. Vamos ver como funciona:

JigSaw
1. Imprima o questionário abaixo. Como a atividade será em grupo, imprima de acordo com a
quantidade de grupos.
2. Recorte as perguntas em tiras, deixando um espaço para resposta e agrupando as perguntas em
sequência:

Pacote 1 Pacote 2 Pacote 3 Pacote 4 Pacote 5

Perguntas 1, 2, Perguntas 1, 2, Perguntas 1, 2, Perguntas 1, 2, Perguntas 1, 2,


3, 4, 5 3, 4, 5 3, 4, 5 3, 4, 5 3, 4, 5

3. Em sala peça para os estudantes montarem grupos de acordo com a quantidade de perguntas
em cada pacote (exemplo: caso sejam 5 perguntas, separe em grupos de 5 pessoas);
4. Peça-os para cada um escolher uma pergunta e tentar responder na própria folha. Nesse
momento os estudantes terão de 5 a 10 minutos para responder;
5. Terminado o tempo, redistribua os grupos de maneira que cada grupo fique com a mesma
pergunta.

Grupo 1 Grupo 2 Grupo 3 Grupo 4 Grupo 5

Pergunta 1 Pergunta 2 Pergunta 3 Pergunta 4 Pergunta 5

6. Cada grupo deverá discutir as respostas entre si e os estudantes poderão ajudar nas respostas.
Nesse momento eles terão também de 5 a 10 minutos para discutir;
7. Terminado o tempo, os estudantes voltam para seu grupo original. Nesse momento o professor
poderá intervir para discutir as respostas.
8. Ao final da discussão os estudantes deverão colocar as perguntas em um envelope com o nome
dos integrantes e entregar ao professor ou poderão montar um cartaz com as respostas.

 QUESTIONÁRIO JIGSAW - A CAPOEIRA E A DIÁSPORA AFRICANA ( ícone clicável)

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4º MOMENTO: ANÁLISE DE FONTE SECUNDÁRIA

Organização da turma A escolha do professor.

Recursos e providências Texto impresso.

Esse é um momento de análise de fontes. O trabalho com as fontes é importante, pois garante um
embasamento histórico e teórico sobre a capoeira enquanto movimento de resistência à escravização de
pessoas. Os textos abordam a forma como a capoeira era vista pelos praticantes e pela sociedade
escravista patriarcal brasileira. Peça para os estudantes lerem os textos e em seguida faça uma roda de
conversa sobre outras formas de resistência à dominação dos senhores de engenho que os africanos
tinham como o samba, o sincretismo religioso e até mesmo as fugas para os quilombos.

 TEXTOS 1 E 2 ( ícone clicável)

5º MOMENTO: ANÁLISE DE LETRAS DE MÚSICA

Organização da turma Grupos de 5 pessoas.

Recursos e providências Texto impresso.

Como fechamento dessa sequência didática, proponha uma análise de cantigas de capoeira. Essas
cantigas que são cantadas nos dias de hoje contêm diversos elementos culturais da vida dos
descendentes de africanos como as expressões, os nomes e a forma como é cantada e tocada. Como
sugestão, procure as músicas e mostre para os estudantes conhecerem a musicalidade dessas letras e o
sentimento que é passado por elas.
Os estudantes deverão escolher uma das músicas e elaborar um cartaz com a letra e seus significados e
origens das expressões. Um exemplo é a música “Besouro Preto” que fala do capoeirista Besouro, que
viveu no início do século XX e na Bahia. Os estudantes devem pesquisar quem é ele e falar sobre as
crenças e símbolos que aparecem na música.

 TEXTO: BESOURO PRETO ( ícone clicável)

Para concluir o último momento o professor poderá utilizar dois recursos:

Exibição do filme
 Besouro.
Disponível em https://youtu.be/Y7H3PspISdU?si=ZymtG8-f0OOwJESy)
● Levar capoeiristas para ensinar os estudantes a filosofia por trás da capoeira.

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ANEXO
TEXTO: O GINGADO QUE VEM DA ÁFRICA

O GINGADO QUE VEM DA ÁFRICA

Desde o século XVI, milhares de africanos deixaram forçadamente o seu continente em direção ao
Brasil para o trabalho escravo. O tráfico negreiro provocou um dos maiores deslocamentos
populacionais da história da humanidade, pois o Brasil hoje concentra a maior população negra fora
do continente africano. Apesar da dominação e exploração sobre esses sujeitos, existem marcas de
sua presença na identidade histórica e cultural brasileira.
Mesmo com todas as barbaridades em que os negros foram submetidos durante o processo de
escravidão no Brasil, percebe-se que não abandonaram sua identidade e cultura, chegando a
transmiti-la para seus descendentes e influenciando na construção da identidade brasileira. Mesmo
sob condições subumanas os africanos e afro-brasileiros não perderam sua identidade e deixaram
registradas manifestações culturais que são muito importantes para a história brasileira. Durante o
processo de escravidão, sua cultura negada e suprimida mantiveram vivas suas tradições chegando a
reproduzir e deixar marcas e uma delas é a capoeira.
Para os africanos escravizados em nossas terras, a dança e a música sempre tiveram uma função
social e religiosa. Durante esse período, a população negra tinha sua liberdade restrita só podendo
recorrer ao canto e à dança para manter viva sua cultura e identidade. Através da mistura com outros
povos e culturas, estilos musicais e danças ricas em espontaneidade foram surgindo e penetraram
também todo o interior do país, uma delas é a capoeira. A capoeira é um exemplo das marcas
deixadas pelos africanos no país e a cultura negra faz parte de nossa história.
De acordo com Areias (1983), a capoeira foi criada em terras brasileiras por africanos, tendo, assim,
uma origem afro-brasileira, porém sua origem ainda é muito discutida. Para Rego (1968, p.31), “tudo
leva a crer que seja uma invenção dos africanos no Brasil, desenvolvida por seus descendentes afro-
brasileiros, tendo em vista uma série de fatores colhidos em documentos escritos”. O autor chega a
essa conclusão tendo em vista também o seu convívio com capoeiras que vivem na Bahia.
A importância que a capoeira e o negro tiveram na constituição do Brasil é imensurável. Fizeram a
história e são parte dela, mesmo com todos os problemas enfrentados, como miséria, pobreza e
preconceito, e acima de tudo sem o apoio do Estado

Fonte: FARIA, M. C. L.; ARAÚJO, N. C. C. O Gingado Que Vem Da África: A Capoeira Na Construção Da Identidade Negra No
Brasil. Periferia, v. 10, n. 1, p. 179–201, 2018. Disponível em: https://www.redalyc.org/journal/5521/552157593011/html/.

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QUESTIONÁRIO JIGSAW - A CAPOEIRA E A DIÁSPORA AFRICANA

Questionário JigSaw - A capoeira e a diáspora africana

1. Segundo o professor Carlos Eugênio, etnia é uma divisão política. O que isso quer dizer?

2. Por que o professor Carlos Eugênio afirma que já havia escravização na África, porém o europeu
deu uma dimensão “estúpida” para esse processo?

3. Por que africanos trazidos para a América Portuguesa como cativos eram rebatizados e seus
sobrenomes alterados para nomes de regiões da África como Angola, Cabinda e Moçambique?

4. De acordo com o vídeo, a capoeira foi uma invenção brasileira ou africana?

5. Existe alguma relação entre a capoeira e outras expressões culturais na América ou esse tipo de
expressão ocorre somente no Brasil?

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TEXTOS 1 E 2

Texto 1
A capoeira escrava: resistência no sistema escravista
A escravidão negra era um negócio lucrativo para a metrópole portuguesa e para os fazendeiros.
Ambos obtinham renda de duas formas: na produção da mercadoria (fabricação de açúcar e depois
café), através da utilização da mão-de-obra escrava, e na compra e venda desta mão-de-obra. Esse
regime escravista brasileiro foi, com o tempo, encontrava resistência de intelectuais favoráveis à
abolição da escravatura. Foi dessa resistência que a população negra aperfeiçoou as suas práticas de
lutas existentes no continente africano. Essa prática consistia em técnicas de pernadas e cabeçadas
utilizadas na luta corporal. Essa luta ficou conhecida como capoeira e, no universo literário, demarca o
período da capoeira escrava. Mestre Magal expressa essa lógica ao falar sobre a origem da prática da
capoeira:
A prática da capoeira tem relação com um ritual que havia a algum tempo atrás
no continente africano que, segundo Mestre Moraes, era uma luta de pernada e
cabeçada (n´golo) imitada dos animais. Os rapazes que praticavam esta luta
fazia uma disputa onde quem ganhava levava a donzela.

Soares (1994, p.25), ao pesquisar os registros policiais, percebe que a identidade africana era um forte
componente dos detidos por prática de capoeiragem, o que reforça a ideia da capoeira ser uma
invenção escrava, tendo sido criado no Brasil, nas condições da escravidão urbana como prática social
e tendo os africanos como praticantes majoritariamente.
(COSTA, 2018, p. 2)

Texto 2
Surgida a capoeira e fazendo parte de suas vidas, os negros a praticavam tanto nas fazendas quanto
nos terreiros. No entanto, de acordo com Mello (1996, p. 32),

essa prática se dava de maneira clandestina, pois, uma vez que ela era utilizada
como arma de luta, os senhores de engenho passaram a coibi-la
veementemente, submetendo a terríveis torturas todos aqueles que a
praticassem.

Santos (1990, p. 19) comenta que, para assegurar a sobrevivência da capoeira naquela época, os
capoeiristas, quando na presença dos senhores de engenho, praticavam-na em forma de brincadeira,
quando, na verdade, estavam treinando.
O berimbau, que servia para dar ritmo, também servia para anunciar a chegada de um feitor, ou seja,
a hora de transformar a luta em dança.
Com o passar dos tempos, os nossos colonizadores perceberam o poder fatal da
capoeira, proibindo esta e rotulando a de ‘arte negra’ (SANTOS, 1990, p. 34).

(Fontoura; Guimarães, 2002, p. 143)

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TEXTO: BESOURO PRETO

Besouro Preto Berimbau Mandou Benzer

Abadá Capoeira Abadá Capoeira


Lá, lá e lá
Quem é você que acaba de chegar ( Coro )
Lê, lê
Eu sou Besouro Preto
Mandinga de Angola,
Besouro de Mangangá
Berimbau mandou se benzer
Eu vim lá de Santo Amaro Ê, ê, ê, berimbau mandou se benzer
Vim aqui só pra jogar
Ê, ê, ê, berimbau mandou se benzer
Quem é você que acaba de chegar
Quem é você que acaba de chegar ( Coro ) Capoeira é malícia e mandinga
Mantendo sua tradição
Eu sou Besouro Preto E reza pra todos os santos
Besouro de Mangangá E aos seus orixás pedindo proteção
Ando com corpo fechado Ê, ê, ê, berimbau mandou se benzer
Carrego meu patuá Ê, ê, ê, berimbau mandou se benzer
Quem é você que acaba de chegar Agachado ao pé do berimbau
Quem é você que acaba de chegar ( Coro ) Ele fez o sinal da cruz
Capoeira é sua estrela guia
Me chamam Besouro Preto É ela que te conduz
Besouro de Mangangá Ê, ê, ê, berimbau mandou se benzer
Bala de rifle nào me pega Berimbau é quem comanda o jogo
Que dirá faca de matar Seus rostos como cazumbá
Quem é você que acaba de chegar O negro tem corpo fechado
Pois leva seu patuá
Quem é você que acaba de chegar ( Coro )
Ê, ê, ê, berimbau mandou se benzer
Aqui em Maracangalha No ar há desejo de briga
Você não vai escapar Os olhos não vão desviar
Contra faca de tucum E no canto do mandingueiro
Cantigas de provocar
Ninguém pode se salvar
Ê, ê, ê, berimbau mandou se benzer
Quem é você que acaba de chegar
O aperto de mão é manhoso
Quem é você que acaba de chegar ( Coro ) Sem saber como vai terminar
O que é certo na volta do mundo
É que vão se encontrar
Ê, ê, ê, berimbau mandou se benzer

Fonte: Vagalume, 2023. Disponível em: Fonte: Vagalume, 2023. Disponível em:
https://www.vagalume.com.br/abada-capoeira/besouro- https://www.vagalume.com.br/abada-
preto.html#. capoeira/berimbau-mandou-benzer.html#.

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Balaio de Café
Capoeira Brasil

Oi, nego pego balaio de café


Oi, nego leva o filho e a mulher
Oi, nego pego balaio de café
Oi, nego leva o filho e a mulher
Chico mineiro vivia no seu terreiro a cantar
O dia inteiro canto de lamentação
Do sofrimento que passava na senzala
Como trabalhava o nego no tempo da escravidão
Oi, nego pego balaio de café
Oi, nego leva o filho e a mulher
Oi, nego pego balaio de café
Oi, nego leva o filho e a mulher
Chico escutava no som do seu berimbau
Cada cana que caia dentro do canavial
Calça rasgada sofrimento o dia inteiro tratado como
Animal dentro do navio negreiro

Oi, nego pego balaio de café


Oi, nego leva o filho e a mulher
Oi, nego pego balaio de café
Oi, nego leva o filho e a mulher

Composição: Nego Chulé

Fonte: Vagalume, 2023. Disponível em:https://www.letras.mus.br/capoeira-brazil/399812/balaio-de-cafe-print.html.

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COMPETÊNCIA ESPECÍFICA:

Competência: 3: Analisar e avaliar criticamente as relações de diferentes grupos, povos e sociedades


com a natureza (produção, distribuição e consumo) e seus impactos econômicos e socioambientais,
com vistas à proposição de alternativas que respeitem e promovam a consciência, a ética
socioambiental e o consumo responsável em âmbito local, regional, nacional e global.

OBJETO(S) DE
HABILIDADE(S):
CONHECIMENTO:

A exploração mineral no (EM13CHS304) Analisar os impactos socioambientais decorrentes de


Brasil e seus impactos práticas de instituições governamentais, de empresas e de indivíduos,
ambientais no passado e discutindo as origens dessas práticas, selecionando, incorporando e
no presente. promovendo aquelas que favoreçam a consciência e a ética
Características das socie- socioambiental e o consumo responsável.
dades açucareira e mine-
radora.
Produção cultural advindas
da extração do ouro no
Brasil.

PLANEJAMENTO
TEMA DE ESTUDO: Impactos socioambientais na Capitania das Minas Gerais no século XVIII.
A) APRESENTAÇÃO:
Olá, professor!
A sequência didática a seguir faz um estudo sobre os impactos socioambientais que a mineração teve na
capitania das Minas Gerais. A importância de estudar os impactos socioambientais na Capitania das
Minas Gerais no século XVIII reside na compreensão das consequências da atividade mineradora para a
sociedade e o meio ambiente. Ao explorar essa temática, é possível analisar as transformações ocorridas
nas Minas Gerais durante esse período crucial da história brasileira, compreendendo as dinâmicas
sociais, econômicas e ambientais envolvidas.
Estudar os impactos socioambientais dessa época permite uma reflexão crítica sobre as consequências
da exploração desenfreada dos recursos naturais, mostrando como as atividades econômicas afetaram o
sistema social e as dinâmicas de poder. Além disso, proporciona uma visão mais ampla sobre as
desigualdades sociais geradas pela mineração e o deslocamento de comunidades tradicionais.
O conhecimento desses impactos históricos permite ainda traçar paralelos com os desafios
socioambientais enfrentados nos dias atuais. Ao entender as consequências da exploração mineral no
passado, é possível refletir sobre investimentos e políticas para minimizar os impactos negativos e
promover uma convivência mais sustentável com o meio ambiente. É um tema relevante para a
compreensão da nossa história e para o desenvolvimento de soluções e práticas mais responsáveis no
presente.
O principal objetivo dessa sequência didática é levar o estudante a compreender os principais impactos
causados pela atividade mineradora na Capitania das Minas Gerais no século XVIII, relacionando-os com
as consequências sociais e ambientais da época. Para alcançá-lo serão necessários quatro momentos -
lembrando que cada momento pode corresponder a uma aula de 50 minutos, mas pode também
compor uma parte desse tempo ou até mesmo extrapolar esse limite sendo necessárias mais aulas para
serem contempladas. Dessa maneira cabe ao professor realizar as adaptações necessárias para adequar
o tempo ao seu planejamento.

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A sequência será organizada em:
1. Contextualização histórica
2. Impactos sociais da mineração
3. Impactos ambientais da mineração
4. Reflexões e debates sobre os impactos da mineração
Cada etapa da sequência prevê sempre um momento de sensibilização, que traz uma atividade rápida
inicial e se relaciona ao conteúdo abordado. Esses momentos são de escuta dos estudantes, onde
muitas vezes serão abordados temas e ideias que trabalham emoções e percepções dos estudantes.

B) DESENVOLVIMENTO:

1º MOMENTO: CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA

Organização da turma A escolha do professor.

Recursos e providências Texto impresso.

Sensibilização: A sequência didática será iniciada com uma atividade lúdica de sensibilização. Para isso
será necessário a projeção de um site chamado Mentimeter (www.mentimeter.com). Nele é possível
criar uma nuvem de palavras usando um link ou um qrcode. Entre no site, cadastre-se e crie um
Brainstorm com a seguinte frase: “Em Minas tem …” e peça para que os estudantes completem a frase.
No celular dos estudantes eles acessam pelo qrcode e já podem escrever uma palavra ou expressão. O
objetivo é criar uma conexão dos estudantes com o tema da aula e trazer uma aproximação afetiva com
o que eles conhecem do estado. A atividade poderá ser realizada também no quadro, sendo que os
estudantes poderão eles mesmos escrever o que quiserem. Outra adaptação é a entrega de pequenos
pedaços de papel, escrever e entregar para o professor.
Contextualização: Esse é o momento de realizar uma retomada de conteúdos abordados no Ensino
Fundamental procurando sempre aprofundar os temas. Será feita uma contextualização da sociedade e
da economia da capitania das Minas Gerais e para isso deverão ser pontuadas algumas questões
importantes como:
▪ A formação da capitania ao redor da mineração.
▪ As formas de extração do ouro, diamante e esmeraldas.
▪ A divisão social na região abordando os proprietários das minas, os escravizados e o que os
homens pobres livres.
▪ A religiosidade católica presente nos centros urbanos e no meio rural.
▪ A presença das identidades africanas e suas influências no cotidiano e nos rituais.

Para realizar essa contextualização o professor poderá usar o vídeo Mineração no Brasil Colônia | Parte 1
– Brasil Escola (disponível em https://youtu.be/dV9wTmlitng?si=EgjL15i2MkDWhxYF) que aborda o
período minerador e suas características básicas. Outra opção é o vídeo Ouro! A sociedade mineradora
na América Portuguesa no século XVIII | Tempo de Estudar | História (disponível em
https://youtu.be/jBfknDUyR58?si=oRXBXn2OhbTlo5hH). Esse vídeo também faz um panorama geral
sobre o período minerador.
Para dar mais dinâmica à aula, após a exibição do vídeo, faça questionamentos para alguns estudantes
utilizando algum objeto como uma caneta ou uma bolinha de borracha ou de papel. Jogue a bolinha e
peça para o estudante responder a uma pergunta e escolher outro colega para responder a próxima.

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Caso não seja possível utilizar o vídeo em sala, uma opção é a utilização do texto abaixo, que poderá
ser lido coletivamente ou alguns estudantes escolhidos para lê-lo.

 TEXTO: O IMPACTO DA MINERAÇÃO NO BRASIL COLÔNIA ( ícone clicável)

Encaminhamentos: Para passar para o segundo momento, é importante que os estudantes já tenham
um conhecimento prévio sobre a migração para as Minas Gerais. O professor deve então entregar ao
final da aula o texto abaixo e pedir que leiam em casa para o momento seguinte.

 TEXTO: MINERAÇÃO, ESCRAVIDÃO E MIGRAÇÃO PARA O BRASIL (MINAS GERAIS,


SÉCULO XVIII) ( ícone clicável)

2º MOMENTO: IMPACTOS SOCIAIS DA MINERAÇÃO

Organização da turma A escolha do professor.

Recursos e providências Imagem projetada ou impressa.

Sensibilização: Nesse momento falaremos dos impactos sociais na sociedade mineira colonial. Para
isso, o professor deverá propor um desafio aos estudantes. Eles deverão escrever em um papel quantas
pessoas eles acham que existem no mundo, no Brasil e em Minas Gerais atualmente. Esse papel deverá
ser entregue na mesa do professor que revelará as populações.

Segundo estatísticas:

População mundial: 8.073.886.000*


* Esse número é aproximado, pois varia de acordo com o crescimento vegetativo, ou seja, a
diferença entre a taxa de natalidade e a taxa de mortalidade.
Fonte: https://www.worldometers.info/world-population/. Acesso em: 19 nov. 2023.

População brasileira: 203.080.756**


Fonte: https://censo2022.ibge.gov.br/panorama/. Acesso em 19 nov. 2023.

População mineira: 20.539.989**


** Segundo dados do IBGE de 2022.
Fonte: https://www.ibge.gov.br/cidades-e-estados/mg.html. Acesso em: 19 nov. 2023.

O professor poderá também mostrar a densidade demográfica no Brasil, que mostra que os estados com
as maiores populações são Minas Gerais e São Paulo, realizando a conexão entre esses dados e o
período minerador do século XVIII.

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Imagem1: Densidade demográfica brasileira 2022

Fonte: (Censo, 2022)

Roda de conversa: O professor deverá pedir que os estudantes se organizem em grupos em torno de
4 pessoas e que eles criem uma pergunta sobre o texto disponibilizado no momento anterior. Eles terão
entre 5 e 10 minutos para criar a pergunta. É preciso deixar claro para eles que sejam feitas perguntas
mais aprofundadas e que suscitem discussões. Após o término do tempo as perguntas deverão ser
embaralhadas e entregues a outro grupo para responder em 5 a 10 minutos. Ao término das respostas,
deverão devolver a pergunta respondida para o grupo inicial e este deverá ler em voz alta para que toda
a sala possa ouvir e opinar.
É importante salientar que enquanto os estudantes estão escrevendo as perguntas que o professor
oriente-os a pensar nas questões sociais e nos problemas enfrentados pelos colonos em Minas Gerais
como a fome por exemplo. Após a discussão das perguntas, o professor deverá complementar a
discussão com as informações importantes que ficaram de fora. Para facilitar seguem os temas que
devem ser abordados nesse momento:
▪ A falta de alimentos na região das Minas Gerais.
▪ A chegada de imigrantes de diversos lugares.
▪ A divisão da população entre brancos, mestiços e negros.
▪ As políticas adotadas pela coroa portuguesa para controlar a chegada de imigrantes.

Encaminhamentos:
Ao fim do momento, o professor deverá pedir aos estudantes que assistam ao vídeo “Produção
aurífera no brasil colônia” (disponível em https://youtu.be/oeLkSPe9SBM?si=WPVfi5BMPvV0ExhW)
que traz um panorama da extração de ouro e explica como funcionava a retirada de ouro dos rios e
os impostos que a corte portuguesa cobrava pelo outro extraído. Caso seja necessário, mostre o
vídeo no momento seguinte.
Em caso de impossibilidade de acesso à internet é possível realizar a leitura coletiva do texto sobre o
ciclo do ouro no Brasil.

 TEXTO: HISTÓRIA DO OURO NO BRASIL ( ícone clicável)

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3º MOMENTO: PESQUISA SOBRE IMPACTOS AMBIENTAIS DA MINERAÇÃO

Organização da turma Grupos de 5 pessoas.

Recursos e providências Laboratório de informática ou tablets / celulares.

Pesquisa: A mineração é uma atividade econômica essencial para a extração de recursos minerais
como minério de ferro, ouro, prata, entre outros. No caso de Minas Gerais, a extração do ouro desde o
século XVII trouxe inúmeras consequências ambientais.
O estudo desses impactos permite compreender as consequências diretas e indiretas da mineração no
ambiente em que ela é realizada. A degradação do solo, o desmatamento, a contaminação de recursos
hídricos, a erosão e a perda da biodiversidade são alguns dos impactos ambientais comuns causados
pela mineração. Compreender esses efeitos é fundamental para promover uma exploração mais
sustentável dos recursos minerais, evitando danos irreversíveis aos ecossistemas.
Além disso, o estudo dos impactos ambientais da mineração possibilita identificar soluções e práticas
mitigadoras. Através de pesquisas e análises, é possível desenvolver tecnologias e métodos que
reduzam o impacto no meio ambiente, como a recuperação de áreas degradadas, o uso de técnicas de
revegetação, a reciclagem de resíduos e o tratamento adequado dos efluentes gerados pela atividade
mineradora.
Outro aspecto relevante é a conscientização da sociedade sobre a importância da preservação ambiental
frente à atividade mineradora. O estudo dos impactos ambientais proporciona subsídios para a educação
ambiental e engaja a população na busca por práticas mais sustentáveis. Ao compreender os efeitos
negativos da mineração, a sociedade pode pressionar por medidas de controle e fiscalização mais
rigorosas, bem como exigir a adoção de políticas públicas que promovam a proteção do meio ambiente.
Por essas razões acima mencionadas, o professor deverá levar os estudantes a pesquisarem sobre esses
impactos. Em grupos de 5 estudantes, eles deverão ir ao laboratório pesquisar sobre os impactos
ambientais causados pela mineração. Esses grupos deverão elaborar cartazes em formato de
infográficos com informações e alertas sobre os danos ambientais causados pela mineração tanto na
beira dos rios quanto em minas subterrâneas.
Para dica de como montar um infográfico, o professor poderá consultar os seguintes sites:
 Como fazer um infográfico em 5 passos.
Disponível em: https://pt.venngage.com/blog/como-fazer-um-infografico/
 Crie seu infográfico e de um Show de Informação e Arte Visual com o Canva.
Disponível em: https://www.canva.com/pt_br/criar/infografico/
 [Tutiorial completo] Como fazer um infográfico em 5 passos simples + exemplos.
Disponível em: https://resultadosdigitais.com.br/marketing/como-fazer-um-infografico/.

Os grupos deverão elaborar os infográficos em um dos três eixos temáticos.


1. Os impactos socioambientais abordados nas aulas anteriores;
2. Possíveis soluções e alternativas para minimizar os impactos negativos da mineração;
3. A importância da conscientização e da preservação do meio ambiente nos dias atuais.
Encaminhamento: Os estudantes deverão ter um tempo estendido para elaborar os cartazes com os
infográficos, que deverá ser apresentado na escola. Como o trabalho envolve o tema sustentabilidade, é
uma boa oportunidade para realizar uma parceria com os professores de biologia e geografia, pois
abordará assuntos relevantes nas duas disciplinas.

35
4º MOMENTO: REFLEXÕES SOBRE OS IMPACTOS DA MINERAÇÃO

Organização da turma A escolha do professor.

Recursos e providências Uso de outras salas.

Apresentações: Para apresentar os infográficos sugere-se que se utilize outros espaços para
conscientizar estudantes de outras séries e turmas. Com a permissão da direção da escola, utilize a
quadra ou o auditório da escola para que os estudantes apresentem as ideias escritas nos infográficos e
colem os cartazes em locais com bastante circulação de pessoas para que todos possam ver. Uma
alternativa aos espaços abertos seria a ida dos grupos a outras salas para apresentar suas ideias, mas
lembre-se se combinar antes com outros professores.
Feedback: Os feedbacks desempenham um papel essencial no ambiente educacional, proporcionando
uma comunicação efetiva entre estudantes e educadores. Essa troca de informações contribui para o
crescimento e desenvolvimento dos estudantes, favorecendo a melhoria contínua do processo de
aprendizagem. Por isso, é fundamental reconhecer a importância dos feedbacks em sala de aula.
Um feedback bem elaborado e direcionado oferece aos estudantes informações específicas sobre seu
desempenho, destacando tanto os pontos fortes quanto as áreas que ainda precisam ser aprimoradas.
Ele fornece orientação valiosa, ajudando os estudantes a identificarem suas dificuldades e fornecendo
estratégias para superá-las. Além disso, um feedback construtivo incentiva a reflexão e o
autoconhecimento, permitindo que os estudantes tenham maior consciência de suas habilidades e
progresso.
Além disso, o feedback também desempenha um papel motivador em sala de aula. Ao reconhecer e
valorizar o esforço e o progresso dos estudantes, eles se sentem mais engajados e encorajados a
continuar se dedicando aos estudos. O feedback positivo reforça a autoestima dos estudantes,
promovendo um ambiente de confiança e estimulando o desejo de aprender e crescer academicamente.
Outro benefício importante dos feedbacks em sala de aula é a possibilidade de estabelecer um diálogo
aberto e honesto entre educador e estudante. O feedback permite que os estudantes se expressem,
façam perguntas e compartilhem suas opiniões. Dessa forma, o ambiente de aprendizagem se torna
mais inclusivo e participativo, promovendo uma cultura de colaboração e construção do conhecimento.
Para realizar um bom feedback é importante ter claro os objetivos que se pretende alcançar. Nesse caso
os objetivos são:
● Conscientizar os estudantes sobre a preservação do meio ambiente;
● Discutir as soluções para minimizar os impactos ambientais e sociais;
● Refletir sobre os impactos ambientais e sociais da mineração;
● Relacionar os acontecimentos do passado em Minas Gerais com a realidade atual.
Outro ponto importante são os critérios que serão adotados. Uma dica é usar rubricas para auxiliar
numa avaliação mais assertiva. Elas são tabelas com critérios a serem adotados para avaliar cada
estudante. Veja os exemplos:

36
Rubrica 1: Participação nas discussões e debates

Critérios de avaliação:

Participação ativa e construtiva nas discussões em sala de aula, demonstrando compreensão


A( )
dos impactos socioambientais na Capitania das Minas Gerais no século XVIII.

Contribuição com ideias relevantes e embasadas, enriquecendo o debate e promovendo o


B( )
diálogo entre os colegas.

Respeito pelas opiniões dos colegas, evidenciando uma postura colaborativa e receptiva às
C( )
diferentes perspectivas apresentadas.

Rubrica 2: Entrega das atividades complementares propostas

Critérios de avaliação:

Entrega das atividades complementares dentro do prazo estipulado, evidenciando


A( )
organização e comprometimento com a sequência didática.

Clareza na exposição das ideias e argumentos apresentados nas atividades, demonstrando


B( )
compreensão dos conteúdos abordados.

Criatividade e originalidade na elaboração das atividades, evidenciando um trabalho bem


C( )
desenvolvido e autônomo.

Rubrica 3: Elaboração de um projeto de preservação ambiental

Critérios de avaliação:

Formulação de um projeto consistente, com objetivos claros e estratégias efetivas para


A( )
minimizar os impactos ambientais da mineração.

Análise adequada dos impactos socioambientais estudados, relacionando-os com a realidade


B( )
atual e apresentando soluções aplicáveis.

Coerência e qualidade na estruturação e apresentação do projeto, com uma abordagem


C( )
coerente e embasada, demonstrando a compreensão dos conteúdos estudados.

37
ANEXO
TEXTO: O IMPACTO DA MINERAÇÃO NO BRASIL COLÔNIA

O impacto da mineração no Brasil Colônia

Quando falamos sobre economia mineradora para os alunos, poucos têm a curiosidade de investigar
ou estabelecer os limites do desenvolvimento desta atividade econômica em terras brasileiras. Logo
de cara, muitos alunos associam a extração aurífera à obtenção de uma vasta riqueza. Como se
obtenção de ouro fosse a única questão relevante ao considerarmos o assunto!
Para tentarmos dissipar a força desse pensamento simplista, oferecemos ao professor uma
consideração sobre o assunto que dialoga de modo muito interessante com as impressões iniciais da
turma. Em artigo publicado em novembro de 2008, a Revista de História da Biblioteca Nacional fez a
seguinte consideração sobre a importância da economia mineradora, no Brasil Colonial:

“Mais do que um recurso natural. Mais do que um artigo de exportação. O que se descobriu
em Minas, depois de dois séculos de colonização, foi uma fortuna em estado puro. Ao contrário
do que ocorria com a cana-de-açúcar no Nordeste, o metal extraído dos leitos dos rios mineiros
não dependia da demanda internacional e suas oscilações de cotação; já vinha em forma de
dinheiro, pronto para ser posto em circulação ali mesmo. O ouro em pó transformou-se
imediatamente na principal moeda das Minas Gerais naquele final do século XVII. E era
tãoabundante que, embora quase sempre tivesse Portugal como destino, causou enorme
impactoeconômico e social também deste lado do Atlântico.”

(REVISTA DE HISTÓRIA DA BIBLIOTECA NACIONAL, nov/2008.)

Realizando a leitura do trecho com a turma, o professor pode levantar questões diversas sobre o
impacto da mineração no Brasil. Primeiramente, é relevante questionar por qual razão o ouro
brasileiro deve ser visto como “mais do que um artigo de exportação”. Ao fazer essa afirmativa, o
texto sugere que a mineração do tempo colonial não foi somente responsável por enriquecer os
cofres portugueses.
Seguindo a linha de raciocínio apresentada, o texto chega a concordar que a descoberta do ouro
teve impacto econômico imediato. Afinal de contas, o metal precioso era empregado como moeda e
não estava sujeito a longos processos de fabricação ou a existência de mercado. Enquanto produto,
o ouro em si já era particularmente capaz de proporcionar a execução de outras ações de natureza
econômica.
Apesar da brevidade do parágrafo, vemos ainda que esse texto abre caminho para que o aluno
busque novas informações sobre a dimensão que a economia mineradora teve no Brasil Colonial. Ao
dizer que o ouro “causou enorme impacto econômico e social também deste lado do Atlântico”, o
texto permite que o professor conduza uma pesquisa junto à turma sobre esses tais impactos.
Como sugestão, recomendamos que o professor exponha aos alunos alguns diferentes aspectos
desse impacto, como a interiorização, a criação de novos núcleos urbanos, a formação de classes
médias heterogêneas ou o enrijecimento da fiscalização lusitana. Superado esse repasse de
informação, peça para que os alunos revisem o conteúdo aprendido produzindo charges ou
quadrinhos sobre os aspectos trabalhados. É uma forma criativa e divertida de se fixar o tema
abordado.
Fonte: SOUZA, Rainer. O impacto da mineração no Brasil Colônia. Brasil Escola, [s. l.]. 2023. Disponível em
https://educador.brasilescola.uol.com.br/estrategias-ensino/o-impacto-mineracao-no-brasil-colonia.htm.

38
TEXTO: MINERAÇÃO, ESCRAVIDÃO E MIGRAÇÃO PARA O BRASIL (MINAS GERAIS, SÉCULO
XVIII)

Mineração, escravidão e migração para o Brasil (Minas Gerais, século XVIII)

A corrida do ouro para Minas Gerais, entre o final do século XVII e a primeira metade do século XVIII,
proporcionou “talvez” o maior fluxo migratório de pessoas – escravos africanos, brancos e livres –
para um continente ao longo da história ponto a febre do ouro no Brasil foi o acontecimento mais
espetacular observado na Era Moderna.
[...]
Ao desembarcarem, os portugueses encontraram uma colônia em delírio já que a febre desenfreada
pelo ouro também provocava grandes migrações internas. De todas as partes da América portuguesa,
toda sorte de gente rompia os matos da Serra da Mantiqueira deslocando-se rumo aos regatos
auríferos.
[...]
Assim que chegavam às Minas, os exploradores descobriam uma realidade muito diferente da que
havia povoado seus sonhos. Aqueles aventureiros que conseguiram atingir o Eldorado mineiro
tratavam de logo iniciar os trabalhos de mineração, sem se preocupar em plantar ou criar animais
para subsistência. Os alimentos que chegavam da Costa e as poucas roças então existentes não eram
suficientes para sustentar o fluxo desordenado de pessoas vindas de diferentes lugares e como
consequência crises de fome assolará a região entre os anos de 1697 traço 1698, 1700 a 1701 e em
1713 (Guimarães, Carlos Magno; Reis, Flávia, 2007: 323).
[...]
Para atenuar as crises de abastecimento de fome, a coroa portuguesa iniciou uma política de
concessão de terras entre a população livre, as chamadas sesmarias, que passaram a produzir parte
dos gêneros de subsistência para a população. Incentivos à agropecuária ocorreram em menor
proporção enquanto o ouro e outros minerais como o ferro e o Diamante, [...] dominavam a
importância econômica local.
(Rodrigues, 2014, p. 48-52)

39
TEXTO: HISTÓRIA DO OURO NO BRASIL

História do Ouro no Brasil

No fim do século XVII a produção açucareira no Brasil enfrenta uma séria crise devido à
prosperidade dos engenhos açucareiros nas colônias holandesas, francesas e inglesas da América
Central. Como Portugal dependia, e muito, dos impostos que eram cobrados da colônia a Coroa
passou a estimular seus funcionários e demais habitantes, principalmente os do Planalto de
Piratininga, atual São Paulo, a desbravar as terras ainda desconhecidas em busca de ouro e pedras
preciosas.
A primeira grande descoberta deu-se nos sertões de Taubaté, em 1697, quando o então
governador do Rio de Janeiro Castro Caldas anunciou a descoberta de “dezoito a vinte ribeiro de ouro
da melhor qualidade” pelos paulistas. Neste mesmo ano, em janeiro, a Coroa havia enviado a Carta
Régia onde prometia ajuda de custos de R$ 600.000/ano ao Governador Arthur de Sá para ajudar nas
buscas pelos metais preciosos.
Iniciou-se então a primeira “corrida do ouro” da história moderna. A quantidade de gente
deixando Portugal para vir ao Brasil era tanta que em 1720 D. João V criou uma lei para controlar a
saída dos portugueses, como a proibição da emigração de portugueses do noroeste de Portugal, bem
como autorizações especiais e passaportes para outros casos. De 300 mil habitantes em 1690, a
colônia passara a cerca de 2.000.000.
Durante o século XVIII, auge do período de exploração do ouro no Brasil, diversos
povoamentos foram fundados. Esta foi a medida encontrada pela Coroa para tentar acalmar um pouco
o verdadeiro caos que se instalara na colônia com cidades inteiras sendo abandonadas por seus
habitantes que saíam em busca de ouro nos garimpos.
Após a queda de produção do sistema de exploração aurífera de aluvião, passou a ser
necessárias técnicas mais refinadas que exigiam a permanência por maior período do garimpeiro junto
aos locais de exploração o que também contribuiu para o estabelecimento das vilas.
É nesse período que são fundadas as Vilas de São João Del Rei, do Ribeirão do Carmo, atual
Mariana, Vila Real de Sabará, de Pitanguí e Vila Rica de Ouro Preto, atual Ouro Preto, além de outras.
Porém, a Coroa, que já impusera o imposto do Quinto quando do começo das explorações,
onde exigia que um quinto de tudo que fosse extraído seria dela por direito, ainda resolvera completar
a carga tributária com mais impostos gerando uma série de insatisfações (incluindo a Inconfidência
Mineira, que teve na exploração da metrópole um de seus principais motivos).
A exploração do ouro no Brasil teve grande importância porque deslocou o eixo político-
econômico da colônia para região sul-sudeste, com o estabelecimento da capital no Rio de Janeiro.
Outro fator importante foi a ocupação das regiões Brasil adentro e não apenas no litoral como se fazia
até então. A exploração aurífera possibilitou ainda, um enorme crescimento demográfico e o
estabelecimento de um comércio/mercado interno, uma vez que os produtos da colônia não eram
mais apenas para exportação como ocorria com o açúcar e o tabaco do nordeste e fez com que
surgisse a necessidade de uma produção de alimentos interna que pudesse suprir as necessidades dos
novos habitantes. Ainda um último aspecto importante da explosão demográfica provocada pelo
período de exploração do ouro no Brasil colônia, foi a questão do desenvolvimento de uma classe
média composta por artesãos, artistas, poetas e intelectuais que contribuíram para o grande
desenvolvimento cultural do Brasil naquela época.
(FARIA, 2020)

40
REFERÊNCIAS
A PRODUÇÃO AURÍFERA NO BRASIL COLÔNIA. Disponível em:
https://youtu.be/oeLkSPe9SBM?si=lb5Sos4O8qQEhSg4. Acesso em: 20 nov. 2023.
FARIA, C. História do Ouro no Brasil. Disponível em: https://www.infoescola.com/historia-do-
brasil/historia-do-ouro-no-brasil/. Acesso em 18 dez. 2023.
IBGE. Censo 2022. Disponível em: https://censo2022.ibge.gov.br/panorama/. Acesso em 19 nov.
2023.
ROCHA, Ana Paula; RAMOS, Jânia M. Estudos de dialetologia em Minas Gerais: breve histórico.
Revista de Estudos Lingüísticos e Literários, v. 41, p. 71-86, 2010. Disponível em
http://www.letras.ufmg.br/padrao_cms/documentos/nucleos/nupevar/Rocha%20&%20Ramos%20_200
9_.pdf. Acesso em 19 nov. 2023.
RODRIGUES, André Figueiredo. Mineração, escravidão e migração para o Brasil (Minas Gerais,
século XVIII). Separata de: GALEANA, Patricia (coord.). Historia comparada de las migraciones en las
Américas. 1. ed. México: UNAM, 29 agosto 2014 2014. cap. 6, p. 45-66. ISBN Mineração, escravidão e
migração para o Brasil (Minas Gerais, século XVIII). Disponível em:
https://archivos.juridicas.unam.mx/www/bjv/libros/8/3828/6.pdf. Acesso em: 19 nov. 2023.
SCHWARTZ, Stuart B. Segredos internos: engenhos e escravos na sociedade colonial. São Paulo:
Companhia das Letras, 1998.
SILVA, Célia Nonata. A teia da vida: violência interpessoal nas minas setecentistas. UFMG: Belo
Horizonte. 1998. Disponível em: <https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/VCSA-
6HLL42/1/disserta__o.pdf>. Acesso em: 20 nov. 2023.
SOUZA, Rainer. O impacto da mineração no Brasil Colônia. Brasil Escola, [s. l.]. 2023. Disponível em
https://educador.brasilescola.uol.com.br/estrategias-ensino/o-impacto-mineracao-no-brasil-colonia.htm.
Acesso em 18 dez. 2023.
COSTA, Marcelo Cardoso. O berimbau na cidade: história, resistência e memória social da
capoeira. COPENE: Uberlândia. 2018. p. 1-16. Disponível em
https://www.copene2018.eventos.dype.com.br/resources/anais/8/1534309070_ARQUIVO_Artigo-
Oberimbaunacidadehistoria,resistenciaememoriasocialdacapoeira(COPENE).pdf. Acesso em 18 nov.
2023.
DUARTE, Elisabel Ferriche e Sérgio. Capoeira é reconhecida como Patrimônio Cultural Imaterial da
Humanidade - Rádio Câmara, 28 nov. 2014. Disponível em:
https://www.camara.leg.br/radio/programas/446238-capoeira-e-reconhecida-como-patrimonio-cultural-
imaterial-da-humanidade/. Acesso em 18 nov. 2023.
FARIA, M. C. L.; ARAÚJO, N. C. C. O Gingado Que Vem Da África: A Capoeira Na Construção Da
Identidade Negra No Brasil. Periferia, v. 10, n. 1, p. 179–201, 2018.
FONTOURA, Adriana Raquel Ritter; GUIMARÃES, Adriana Coutinho de Azevedo. História da capoeira.
Revista da Educação Física, Maringá, v. 13, n. 2, p. 141-150, 2. sem. 2002. Disponível em:
https://periodicos.uem.br/ojs/index.php/RevEducFis/article/download/3712/2553/. Acesso em: 18 nov.
2023.
MINAS GERAIS. Secretaria do Estado de Educação. Currículo Referência de Minas Gerais: Ensino
Médio. Escola de Formação e Desenvolvimento Profissional de Educadores de Minas Gerais, Belo
Horizonte, 2022. Disponível em:
https://acervodenoticias.educacao.mg.gov.br/images/documentos/Curr%C3%ADculo%20Refer%C3%AA
ncia%20do%20Ensino%20M%C3%A9dio.pdf. Acesso em: 04 out. 2023.
SOARES, Verônica. Minas faz Ciência. A história negra das Américas. Belo Horizonte, 2020.
Disponível em http://www.fapemig.br/pt/noticias/339/. Acesso em 18 nov. 2023.

41
93
HISTÓRIA

A CAPOEIRA COMO RESISTÊNCIA DA CULTURA AFRO-BRASILEIRA

Queridos estudantes!

Nesse planejamento de História será abordada a capoeira enquanto instrumento de resistência contra a
escravização na América Portuguesa e como ela hoje é vista e trabalhada, já que foi tombada como
patrimônio imaterial e é praticada em vários lugares do mundo. Através das aulas você irá conhecer a
história da capoeira e a relação dela com a diáspora africana.

A história da capoeira no Brasil

Símbolo de combate e resistência, a capoeira faz parte da identidade cultural brasileira, sendo
reconhecida mundialmente como prática que une o esporte e a arte.

A história da capoeira no Brasil

Julho é mês de celebrarmos a capoeira enquanto expressão artística brasileira que mistura esporte,
luta, filosofia, dança e musicalidade.
Todo mundo já deve ter visto uma roda de capoeira - mesmo que somente em um filme ou numa
pintura. A cena é familiar: praticantes se reúnem em um círculo e ao centro dois capoeiristas
executam movimentos de ataque e defesa. As demais pessoas cantam e tocam instrumentos. É a
música que conduz o ritmo dos jogadores.
Mas, você sabe de onde vem a capoeira e por que ela é um símbolo nacional?
A capoeira surgiu como resposta a violência a qual os escravizados eram submetidos em tempos
coloniais e imperiais no Brasil. A partir de golpes e movimentos corporais ágeis, a luta permitia que
eles se defendessem das brutais perseguições dos capitães do mato, cuja atribuição era capturar
quem havia fugido.
Para não levantarem suspeitas – os senhores de engenho proibiam que praticassem qualquer tipo de
esporte – os capoeiristas adaptaram os movimentos e adicionaram elementos coreográficos e
musicais, camuflando seu verdadeiro significado. Após a abolição da escravatura, a prática continuou
sendo vista como subversiva e apenas em 1937 deixou de ser considerada criminosa pelo Código
Penal brasileiro.
Acredita-se que a origem do nome capoeira tenha relação aos locais onde o esporte era praticado: em
campos abertos e sem vegetação. Esta técnica era também uma forma de preservar a cultura de
origem e desenvolver laços entre os praticantes.
Hoje, a capoeira é considerada umas das maiores manifestações culturais brasileiras e é reconhecida
mundialmente como prática que une o esporte e a arte. A música é um dos elementos que distingue

105
esta modalidade de outras lutas. Inclusive, é essencial para que o praticante seja considerado um
capoeirista completo. Além dos movimentos corporais, os praticantes devem também saber tocar
instrumentos de origem afro-brasileira como o atabaque, o agogô e o berimbau. Este último é o
principal dos instrumentos e também o mais famoso e mundialmente associado à capoeira. Existem
ainda diferentes maneiras de toques, como o "toque de cavalaria", que era utilizado para avisar aos
capoeiristas que a polícia estava se aproximando.

A capoeira no mundo
A celebração do Dia Mundial da Capoeira está prevista no Artigo 10 da Convenção Internacional da
Capoeira, documento que criou a Federação Internacional dessa arte. O objetivo é congregar todas as
comunidades de capoeira ao redor do mundo e estabelecer um organismo único de regulamentação
do esporte.
Em 2014, a prática foi reconhecida como Patrimônio Imaterial da Humanidade pela Unesco
(Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura). Assim, a tradição passa a ser vista
como uma filosofia de mundo, buscando manter o respeito entre comunidades, promover integração
social e salvaguardar a memória de resistência do povo vindo da África.
No Brasil, a Roda de Capoeira já havia sido reconhecida pelo Iphan como Patrimônio Cultural Brasileiro
desde julho de 2008 - conquista essa que reflete mais de oito décadas de combate contra o
preconceito à prática.
(CÂMARA DOS DEPUTADOS., 2021)

ATIVIDADES
1 − Leia a letra da música “Faca de Tucum”.
Faca de tucum / A faca que matou Besouro / Face de tucum / Zum zum zum
Cordão de Ouro
Foi a faca de tucum que / matou Besouro mangangá / na fazenda maracangalha
/ na época antiga lá na Bahia
Da traição nem jesus escapou / quanto mas Besouro mangagá / morreu um
grande guerreiro / mas hoje lembrado na capoeira
Fazenda Maracangalha / onde o fato aconteceu / tinha o corpo fechado / mas
seu patuá não lhe protegeu
Sobrou pra São Caetano / por que o patrão não queria pagar / coitado desse
patrão / que não conhecia Besouro mangangá
Fonte: https://cob-capoeira.com/faca-de-tucum/. Acesso em 18 nov. 2023.

A) Explique quais trechos fazem referência à religiosidade, apontando os elementos cristãos e de


matriz africana na música.

2 − Leia o texto:
Na década de 30, Getúlio Vargas tomou o poder, derrubando o presidente
Washington Luis, e, segundo Capoeira (1999, p. 25), “permitiu a prática (vigiada)
da capoeira: somente em recintos fechados e com alvará da polícia”.
(Fountoura; Guimarães, 2002, p. 144)

A) Explique o motivo da capoeira, no governo Vargas, ser permitida somente de forma vigiada.

106
3 – Leia os textos:
Texto 1
Proporcionando a seus praticantes [da capoeira] a oportunidade de um diálogo
de saberes no âmbito da roda de jogo, este espaço de realização cultural se
configura como uma unidade da diversidade, onde processos de decoloniais
são potencializados. A Capoeira assim pode ser dinamizada em vista do
reconhecimento de saberes afro-brasileiros de profundo significado ancestral,
pelo que se integram culturas, identidades individuais e coletivas, em seu
aspecto intercultural, patrimonial, enquanto herança cultural imaterial.
(Pertussatti, 2017, p. 3)

Texto 2
[...] a colonialidade construiu a ideia de que tudo aquilo que é originário dos
povos colonizadores (ou seja, europeus) é melhor, mais sofisticado e que,
portanto, deve ser mais valorizado do que a história e a cultura dos povos
colonizados.
[...]
O decolonialismo surge, então, como uma alternativa para enxergar essas
questões – além de dar visibilidade a povos e culturas silenciados durante
séculos. Como uma forma de resistência, a ideia é desconstruir padrões e
perspectivas impostas, promovendo autonomia e liberdade em termos sociais,
culturais, políticos, religiosos e econômicos às nações como um todo, mas
também em uma esfera micro, a indivíduos, grupos e movimentos sociais. (DI
SPAGNA, 2023)
A partir da leitura e conexão entre os dois textos responda às questões:

A) Por que o estudo da capoeira pode ser considerado decolonial?


B) Qual a importância do pensamento decolonial para o combate ao racismo?

4 – Leia os textos:
Texto 1
[...] foi nas Américas que a diáspora africana teve a sua amplitude máxima. Os
africanos e os seus descendentes, chamados em geral africanos-americanos
(expressão recém-substituída por afro-americanos), desempenharam um papel
de forte importância no desenvolvimento de todas as sociedades do Novo
Mundo, desde a descoberta da região pelos europeus, ao final do século XV, até
os tempos modernos. Qualquer que tenha sido o número de africanos em tal ou
qual país, a África imprimiu, na América, a sua marca profunda e indelével.
(Knight, 2010, 876-877)

Texto 2
Para Falcão, a inclusão da capoeira nas instituições de ensino representa uma
situação inusitada (1995, p. 10). O que causa sua admiração é que a prática da
capoeiragem era, há algumas décadas, uma ação marginal, passiva de
penalidades previstas no Código Penal Brasileiro. Essa conquista deve-se
principalmente à aproximação da capoeira com a educação física. A partir daí, a
educação física reconhece os valores sócio-educativos e esportivos da capoeira,
apropriando-se do seu conteúdo e inserindo-a como disciplina ou mesmo em
projetos integrantes do currículo das escolas de ensino fundamental e médio,
tanto em instituições públicas como privadas. (Campos, 2009, p. 87)

A) Elabore um parágrafo refletindo sobre a importância da capoeira nas escolas e em outros


ambientes educativos.

107
IMPACTOS SOCIOAMBIENTAIS NA CAPITANIA DAS MINAS GERAIS NO SÉCULO
XVIII

Queridos estudantes!

Nesse planejamento de História abordaremos os problemas socioambientais causados pela mineração no


século XVIII em Minas Gerais. A relevância desse tema se dá pela realidade que vivemos hoje no estado
em que a mineração tem causado diversos problemas ambientais e que no século XVIII trouxe uma
mudança social grande para a região, haja visto que durante o ciclo do ouro houve uma migração em
massa.

Impactos ambientais causados pela mineração

Pode-se definir a atividade mineradora como a exploração de recursos minerais – concentração de


minerais e/ou rochas com valor econômico viável em determinada região do planeta e que podem se
apresentar sob a forma metálica, não metálica, além dos estados sólido, líquido e gasoso, como ferro,
granito, carvão, petróleo e gás natural, respectivamente. A mineração propicia o acesso de indústrias
às matérias-primas para a criação de bens de consumo que são utilizados profissional e
cotidianamente, o que classifica esta atividade econômica atualmente como uma das mais
importantes no Brasil e no mundo.
Em contrapartida, a prática mineradora pode gerar graves impactos ambientais, por vezes
irreversíveis – um gerador de consequências muitas vezes de longa duração capazes de atingir não
apenas indivíduos que trabalham diretamente com a atividade, mas também biomas e pessoas que
residem próximas ao local explorado. Os problemas ambientais desenvolvidos podem apresentar
impactos hídricos, biológicos, atmosféricos e geomorfológicos, sendo os principais: Remoção da
vegetação na área de extração e evasão de animais habitantes da área; contaminação dos solos;
sedimentação e poluição de rios por indevido descarte de material sem aproveitamento; poluição do
ar (quando há queima de material); intensificação de processos erosivos; poluição de recursos
hídricos por produtos químicos utilizados na extração mineral; contaminação das águas por
vazamento de minerais extraídos; dentre outros. A poluição e contaminação de corpos d’água ocorre
normalmente por descarte errôneo de rejeitos produzidos durante o processo de mineração ou pelo
próprio minério.
A facilidade na realização do procedimento de forma equivocada se dá por vezes pela existência de
minas ilegais, mas, principalmente, pela falta de fiscalização em determinados locais, sendo possível
utilizar este último como uma das justificativas para a ocorrência de tantos desastres ambientais
causados por mineradoras no Brasil. De acordo com o diretor da RTA Ambiental, Vanderlei Oliveira,
ex-secretário de meio ambiente de Cubatão (SP), “Não há uma fiscalização efetiva do poder público
para evitar esses acidentes. A mineração é uma atividade que muda muito ao longo da vida útil do
projeto e, por isso, necessita de vigilância periódica”.
Um dos acidentes ambientais mais marcantes dos últimos anos foi o rompimento da barragem de
Fundão, controlada pela Samarco, na cidade de Mariana (MG). As consequências do desastre, além da
perda de algumas vidas e do prejuízo econômico, foram a contaminação de recursos hídricos, com
destaque para o Rio Doce, além de ecossistemas marinhos e terrestres.
Assim como este, diversos outros acidentes já ocorreram no Brasil. Entre eles estão o despejo de mais
de 174 toneladas de minério em córrego em Santo Antônio do Grama, Minas Gerais (2018) pelo
rompimento do maior mineroduto (por onde se transporta minério) do mundo e o vazamento de

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rejeitos de bauxita da barragem da mineradora norueguesa Hydro Alunorte no Nordeste do Pará.
Diante de tantos casos de acidentes com consequências ambientais desastrosas, além dos casos
desconhecidos pela mídia, é visível a urgente necessidade de uma fiscalização mais rigorosa, tanto
dos processos de mineração, quanto da manutenção das construções para exploração e descarte dos
dejetos.
(PET, 2018)

ATIVIDADES
1 – Observe a tabela:

Fonte: (Stumpf, 2017, p. 536)

De acordo com a tabela responda:

A) Qual grupo mais cresceu e qual mais diminuiu no período?


B) Proporcionalmente, aumentou ou diminuiu a quantidade de mulheres no período?
C) Na sua opinião, por que houve essa mudança no número de brancos, pardos e pretos?

2 – Leia o texto:
As vilas mineiras foram, por muito tempo, reunião de pequenos arraiais situados
nos vales, onde se juntava o ouro de aluvião. Vila Rica formou-se a partir dos
arraiais de Nossa Senhora do Pilar de Ouro Preto, Padre Faria e Antônio Dias,
situados em três vales contíguos do fundo dos quais começaram a subir pelas
encostas dos morros. Pode-se imaginar como eram rústicas essas vilas, com o
aspecto alongado de caminhos que as casas de barro e de pau-a-pique
custeavam.
O ímpeto urbanizador trouxe como uma de suas consequências um convívio
entre populações muito mais íntimo do que em qualquer outro ponto da colônia.
Essa intimidade não só favoreceu a emergência dos conflitos como propiciou a

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aplicação de medidas punitivas. Normalizar a população e cobrar impostos
tornaram-se necessidades prementes, e os acampamentos de faiscadores da
véspera foram subitamente assaltados por uma legião de burocratas
portugueses. (Souza, 2017, 131)

A) Explique como era o convívio entre os imigrantes que chegavam à Vila Rica.
B) Porque o convívio era dessa maneira.
C) Como o governo português lidou com essa situação?

3 – Leia o texto:
Desde que chegou o primeiro colono a Minas Gerais, sucessivas gerações têm
queimado árvores e vegetação a fim de limpar a terra, para a mineração ou para
a agricultura. Isso explica a aparência desolada da maior parte da região, nos
dias presentes. Os ápices dos pontos mais altos, como o ltacolomi e o Itambé,
provavelmente seriam tão despidos então quanto são hoje, mas as encostas
inferiores das montanhas deveriam ser, muito provavelmente, cobertas de
espessa vegetação. A mesma coisa se pode dizer dos vales dos rios,
profundamente cavados pela erosão, de solo enriquecido pelo depósito milenar
de húmus, proveniente das pesadas chuvas anuais, entre setembro e abril,
muitas vezes acompanhadas de temporais violentos, carregados de coriscos e
trovões. (Boxer, 1969, p. 60)

A) Quais os problemas causados pela mão humana ao meio ambiente no século XVIII?

4 − Leia o folder:
O desastre de Mariana

Fonte: (MPF, 2015)

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A) O folder criado pelo Ministério Público Federal traz as consequências do rompimento de uma
barragem de rejeitos de uma mineradora em Mariana. Elabore um folder semelhante a este
dando dicas para pessoas e empresas de como preservar o meio ambiente.

5 − Leia o texto:

De acordo com o relato do Padre português André João Antonil, a sede que
incomodava a jornada penosa dos bandeirantes pelas terras desconhecidas da
América Portuguesa conduziu à descoberta do ouro. Em torno das águas se
formaram as primeiras povoações urbanas das Minas, como o núcleo de
Nossa Senhora do Carmo. (Tedeschi, 2014, p. 11)

A) Explique qual a importância dos rios para a formação da sociedade mineira no século XVIII.

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REFERÊNCIAS
BOXER, C. R. A idade de ouro do Brasil: dores de crescimento de uma sociedade colonial. 2. ed. rev.
São Paulo: Cia. Ed. Nacional, 1969. 390p. (Brasiliana. v.341).
CAMPOS, H. A capoeira na escola. In:__. Capoeira Regional: a escola de Mestre Bimba, EDUFBA:
Salvador. 2009. p. 86–94. Disponível em https://backoffice.books.scielo.org/id/p65hq/pdf/campos-
9788523217273-10.pdf. Acesso em 19 nov. 2023.
DI SPAGNA, J. Repertório: entenda conceitos da decolonialidade para usar na redação. Disponível
em: <https://guiadoestudante.abril.com.br/dica-cultural/repertorio-entenda-conceitos-da-
decolonialidade-para-usar-na-redacao/>. Acesso em: 19 nov. 2023.
FONTOURA, Adriana Raquel Ritter; GUIMARÃES, Adriana Coutinho de Azevedo. História da capoeira.
Revista da Educação Física, Maringá, v. 13, n. 2, p. 141-150, 2. sem. 2002. Disponível em:
https://periodicos.uem.br/ojs/index.php/RevEducFis/article/download/3712/2553/. Acesso em: 18
nov. 2023.
KNIGHT, Franklin W. A diáspora africana. In: ADE AJAYI, J. F. Ade (ed.). História geral da África:
África do século XIX à década de 1880. 1. ed. Brasília: Unesco, 2010. v. VI, cap. 28, p. 875-904. ISBN
978-85-7652-128-0. Disponível em: https://unesdoc.unesco.org/ark:/48223/pf0000190254. Acesso
em: 19 nov. 2023.
MINISTÉRIO Público Federal. O desastre - Caso Samarco. https://www.mpf.mp.br/grandes-casos/caso-
samarco/o-desastre. Acesso em 20 nov. 2023.
PARLAMENTO Jovem brasileiro. A história da capoeira no Brasil. Disponível em
https://www2.camara.leg.br/a-camara/programas-institucionais/experiencias-
presenciais/parlamentojovem/noticias_para_voce/a-historia-da-capoeira-no-brasil. Acesso em 18 dez.
2023.
PERTUSSATTI, M. Capoeira: diálogo de saberes como possibilidade de valorização da (s) identidade
(s) afro-brasileira (s) e do patrimônio imaterial. RELACult - Revista Latino-Americana de Estudos em
Cultura e Sociedade, v. 3, 31 dez. 2017. Disponível em
https://periodicos.claec.org/index.php/relacult/article/view/518/294. Acesso em 19 nov. 2023.
PET. Impactos ambientais causados pela mineração. 2018. Disponível em
https://www.petesa.eng.ufba.br/blog/impactos-ambientais-causados-pela-mineracao. Acesso em 18 dez.
2023.
SOUZA, Laura de Mello e. Desclassificados do ouro: a pobreza mineira no século XVIII. 5. ed. Rio de
Janeiro: Ouro Sobre Azul, 2017. 297 p.
STUMPF, R. G. Minas contada em números – A capitania de Minas Gerais e as fontes demográficas
(1776-1821). Revista Brasileira de Estudos de População, v. 34, n. 3, p. 529–548, 20 dez. 2017.
Disponível em https://www.scielo.br/j/rbepop/a/5grnC6VxzZ7ng7c6yLXqxvb/#. Acesso em 20 nov.
2023.
TEDESCHI, D. M. R. O caminho das águas na América Portuguesa: a rede de abastecimento de
Mariana no século XVIII. Agua y Territorio / Water and Landscape, n. 3, p. 10–17, 9 jul. 2014.
Disponível em https://revistaselectronicas.ujaen.es/index.php/atma/article/view/1418/1204. Acesso em
20 nov. 2023.

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