Você está na página 1de 78

FELIPE ROSENDO DA SILVA

ANÁLISE HISTOMORFOMÉTRICA NO ENDOMÉTRIO EM MODELO

ECTÓPICO E EUTÓPICOS DE ENDOMETRIOSE EM CAMUNDONGAS

Dissertação apresentada à Universidade

Federal de São Paulo – Escola Paulista de

Medicina, para obtenção do título de Mestre

em Ciências

SÃO PAULO

2021
FELIPE ROSENDO DA SILVA

ANÁLISE HISTOMORFOMÉTRICA DO ENDOMÉTRIO EM MODELO


ECTÓPICO E EUTÓPICOS DE ENDOMETRIOSE EM CAMUNDONGAS

Dissertação apresentada à Universidade

Federal de São Paulo - Escola Paulista de

Medicina, para obtenção do título de Mestre

em Ciências pelo Programa de Pós-graduação

em Ginecologia.

Orientadora:

Prof. Dra. Clélia Rejane Antônio Bertoncini

Co-orientadores:

Prof. Dr. Manuel de Jesus Simões

Prof. Dra. Adriana Aparecida Ferraz Carbonel

SÃO PAULO
2021
Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Prof. Antonio Rubino de Azevedo,
Campus São Paulo da Universidade Federal de São Paulo, com os dados fornecidos pelo(a) autor(a)

Silva, Felipe Rosendo


Análise histomorfométrica no endométrio em modelo ectópico e
eutópicos de endometriose em camundongas / Felipe Rosendo Silva. -
São Paulo, 2021.
XII, 51f.

Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal de São Paulo,


Escola Paulista de Medicina. Programa de Pós-Graduação em
Ginecologia.

Título em inglês: Histomorphometric analysis of the


endometrium in an ectopic and eutopic model of endometriosis in
female mice.

1. endometriose. 2. camundongos. 3. histologia.


UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO
Escola Paulista de Medicina

Programa de pós-graduação em Ginecologia

Chefe do Departamento:

Prof. Dra. Marair Gracio Ferreira Sartori

Coordenador do curso de Pós-graduação:

Prof. Dr. Afonso Celso Pinto Nazário


FELIPE ROSENDO DA SILVA

ANÁLISE HISTOMORFOMÉTRICA DO ENDOMÉTRIO EM MODELO


ECTÓPICO E EUTÓPICOS DE ENDOMETRIOSE EM CAMUNDONGAS

Banca examinadora:

Prof. Dra. Gisela Rodrigues da Silva Sasso


Prof. Dra. Fernanda Teixeira Borges
Prof. Dr. Joaquim Evêncio Neto

Suplentes:

Prof. Dr. Ricardo Santos Simões


Prof. Dr. José Maria Soares Junior
“Que o teu trabalho seja perfeito para que,
mesmo depois da sua morte, ele permaneça.”
“As mais lindas palavras de amor são ditas no
silêncio de um olhar.’
Leonardo Da Vinci
SUMÁRIO
AGRADICMENTOS ESPECIAIS .................................................................................................. I
AGRADECIMENTOS.................................................................................................................. III
LISTA DE FIGURAS ..................................................................................................................... V
LISTA DE TABELAS...................................................................................................................VII
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS.................................................................................. VIII
RESUMO ...................................................................................................................................... XI
ABSTRACT ................................................................................................................................. XII
1. INTRODUÇÃO................................................................................................................. - 1 -
2. REVISÃO DE LITERATURA....................................................................................... - 5 -
2.1. Útero............................................................................................................. .................. - 6 -
2.2. Endométrio ..................................................................................................................... - 7 -
2.3. Ciclo menstrual................................................................................................................ - 8 -
2.4. Endometriose .................................................................................................................. - 9 -
2.5. Características morfológicas da endometriose.............................................................. - 15 -
2.6. Ciclo estral..................................................................................................................... - 17 -
2.7. Modelo experimental de endometriose........................................................................ - 17 -
3. OBJETIVOS.................................................................................................................... - 21 -
3.1. Objetivo geral:............................................................................................................... - 22 -
3.2. Objetivos específicos: .................................................................................................... - 22 -
4. MATERIAL E MÉTODOS .......................................................................................... - 23 -
4.1. Animais .......................................................................................................................... - 24 -
4.2. Indução de endometriose.............................................................................................. - 24 -
4.3. Grupos experimentais.................................................................................................... - 26 -
4.4. Retirada dos órgãos....................................................................................................... - 27 -
4.5. Cortes histológicos......................................................................................................... - 27 -
4.6. Análise histomorfométrica............................................................................................. - 27 -
4.7. Destinos das carcaças .................................................................................................... - 28 -
4.8. Métodos estatísticos...................................................................................................... - 28 -
5. RESULTADOS ............................................................................................................... - 29 -
6. DISCUSSÃO.................................................................................................................... - 34 -
7. CONCLUSÃO ................................................................................................................. - 39 -
8. REFÊNCIA BIBLIOGRÁFICA .................................................................................. - 41 -
9. ANEXO ............................................................................................................................ - 50 -
AGRADECIMENTOS ESPECIAIS
A DEUS, por sua gentiliza e sabedoria, por me ouvir e me atender em

todas as horas de dificuldade, por me acalmar nas horas de turbulência que passei durante a

minha trajetória até aqui. Agradeço a sua proteção nas horas que precisava de conforto, só posso

dizer obrigado por mostrar que estou no caminho certo.

A MINHA FORÇA INTERIOR, que junto com bom Senhor DEUS, que

me deu forças e fibra para lutar e mostrar que sou capaz, mesmo que muitos estavam apostando

ao contrário. Isso fez com que eu ficasse mais forte e destinado a feitos nunca antes por mim

imaginados. Mesmo em todas as horas que pensei em parar tudo, essa força me fez pensar e

repensar que tudo só seria uma fase, para algo maior e que meus erros serviriam de aprendizado

para tentar novamente. Cair e levantar cada vez mais forte, e que eu seria merecedor de tudo

que conquistei e que irei conquistar, porque lutei para isso.

A minha linda MÃE dona ROSILENE, que é uma das pessoas que mais

amo nesse mundo, que me deu forças para lutar, acreditou em mim quando mais ninguém

acreditava, se importou comigo quando eu mais precisei, nos desentendemos mas o amor

venceu na nossa relação de mãe e filho, um o amor eterno que nunca se perdera. Agradeço por

toda paciência que teve comigo durante todo esse tempo, todas conversas que tivemos sobre a

vida, meu destino e tudo que irei realizar e o que já realizei, acho que ela não tem ideia de como

foi importante nessa trajetória e obrigado pelo simples fato de me amar.

Ao meu PAI senhor EDSON, que não deixou eu me abater e nem desistir

e me fez acreditar que conseguiria passar por todas as dificuldades, que desistir seria o caminho

mais fácil a ser seguido, mas que continuar teria o gosto da vitória que é bem mais agradável.

Agradeço pela a paciência e compreensão, pelas vezes que chegava em casa sério

I
e ele não fazia perguntas, apenas me olhava e se mostrava, muito preocupado. Me ensinou que

ter paciência é uma virtude e eu sabia que ele estaria ali sempre que precisasse e ele nem sabe

como foi importante para mim.

Tem uma pessoa em especial que devo agradecer, foi minha professora de

graduação da Biomedicina e também foi minha orientadora de TCC, Professora Doutora

CAMILLA ESTEVÃO DE FRANÇA, muito obrigado por ser essa pessoa incrível, por ter

me ajudado e ter visto em mim algum potencial para área da pesquisa, se não fosse seu incentivo

nunca teria tentando ir para área científica.

E finalmente aos MEUS AMIGOS, muito obrigado por toda ajuda

possível, todas as conversas, confidências que tivemos durante essa trajetória conturbada, por

todo apoio que vocês me proporcionaram, palavras doces que me mantiveram lúcido e focado.

Por terem lido minha tese várias vezes, auxiliando no que e fosse possível. As vezes sei que

pedia demais, mas nunca se recusaram a me ajudar, por isso me sinto privilegiado por ter a

amizade de vocês. Por todas as piadas que fizeram para levantar meu humor, por toda

choradeira quando disse que iria lagar tudo, mas vocês foram assertivos e me disseram que

jamais deveria pensar nisso, que nasci para vencer. Por todos os passeios e principalmente

cinemas que fomos para tentar desligar da triste situação que estava acontecendo. Não irei citar

nomes, mas o bom entendedor logo vai perceber para quem são esses agradecimentos. Que

essas amizades mantenham-se firmes e que durem por muitos anos, e que ao final de tudo isso

possamos nos encontrar em PARIS para celebrar o sucesso e o avanço da Ciência na luta pela

vida levantando uma taça de champagne.

II
AGRADECIMENTOS
Meus sinceros agradecimentos ao pessoal (alunos e professores) do

laboratório de Histologia e Morfologia da UNIFESP, que me ensinaram e tiveram muita

paciência comigo durante minha trajetória de mestrando e que me acolheram com muito

respeito.

Á UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO- UNIFESO- EPM

por ter me recebido de braços aberto como aluno do programa de Pós-Graduação em

Ginecologia, possibilitando minha titulação e evolução profissional e acadêmica.

Á Doutora ADRIANA APAREIDA FERRAZ CARBONEL, que se

tornou uma grande mentora e amiga, uma das pessoas mais incríveis que tive oportunidade de

conhecer na área da pesquisa acadêmica durante minha estadia sendo também uma das pessoas

que mais ficou ao meu lado, que mais acreditou no meu potencial, que acreditou na minha

capacidade de ser grande, que me fez sonhar alto, que errar é humano, que na vida teremos

inúmeras batalhas para serem vencidas. Só tenho a agradecer, por todo apoio que me deu, por

ter feito de tudo e mais um pouco para eu não escolher o caminho mais fácil e desistir de tudo.

Tudo que me foi ensinado todas as orientações, palavras de incentivo e puxões de orelhas, pode

ter certeza que vou levar para vida toda, todo aprendizado que me proporcionou foi benéfico

para meu amadurecimento acadêmico e pessoal, que sem sua ajuda nada disso teria acontecido,

meus sinceros agradecimento.

III
Ao Professor Doutor MANUEL DE JESUS SIMÕES, por sua humildade

e capacidade de mostrar e dividir seu conhecimento científico, por ter acreditado no meu

potencial e agradeço por toda paciência que teve comigo

E a Professora Doutora CRISTIANE DAMAS GIL, tivemos pouco

contato durante esse tempo percorrido, mas tenho que agradecer pelo carinho e o interesse no

meu trabalho e também por ter percebido que tenho capacidade para desenvolver grandes

projetos acadêmicos.

Aos ANIMAIS EUTANASIADOS NESSA TESE, pela contribuição

para pesquisa, meu eterno agradecimento.

IV
LISTA DE FIGURA
Figura 1-Fotomicrografia do útero. (Fonte: SlideShare, 2010) ............................................... Pg.6

Figura 2- Imagem da lesão de endometriose, cisto endometrioses detectado por laparoscópica


na cavidade abdominal. (Fonte: Amo Acalentar)....................................................................Pg.16

Figura 3-Imagem do implante no abdomen do camundongo. Implante de tecido endometrial


ectópico na cavidade abdominal de camundongo Balb/c: O quadrado representado pela letra
(A) são ponto de lesões vermelhas e a Bolinha representado pela letra (B) são ponto de lesões
pretas. Adaptação do modelo original (Somigliana et al., 1999)..............................................Pg.18

Figura 4- Diagrama esquemático do procedimento para obtenção de modelo animal de


endometriose. (Adaptado de Somigliana et al., 1999).............................................................Pg.26

Figura 5- Fluxograma da distribuição das camundongas nos 3 grupos. Sendo que: Grupo I -
(controle) animal saudável sem qualquer intervenção; Grupo II - (Sham) animal saudável que
será submetido aos mesmos procedimentos do animal modelo de endometriose, porém não
recebera o implante endometrial ectópico. Grupo III – (Endometriose) animal com implante
endometrial ectópico..................................................................................................................Pg.26

Figura 6- Imagens referentes ao modelo de endometriose, note no grupo GI (controle) não


ocorreu nenhuma alteração anatômica do tecido endometrial, o mesmo aconteceu com o grupo
GII (Sham) que recebeu solução salina representado na figura (A). Já no grupo GIII
(endometriose), notamos importantes mudanças estruturais no tecido, observem na figura (B) a
presença de pontos de lesões pretas que foram identificados por círculos. Na figura (C),
identificado com um quadrado observem que endométrio mostra uma modificação anatômica,
o mesmo encontra-se bem mais robusto do que o normal e notem que ao lado temos um ponto
de lesão escuro identificado com um círculo. A figura (D) identificado com uma seta
encontramos um foco de lesão vermelho................................................................................Pg.30

Figura 7-Fotomicrografias do endométrio, nota-se que no grupo I (Controle) as glândulas estão


representadas na forma de um quadrado, perfis de vasos sanguíneos foram identificados em
forma de círculos e a seta indica a camada do endométrio. Não encontramos nenhuma
anormalidade neste grupo. No grupo II (sham), observem a fotomicrografia, glândulas
identificadas na forma de um quadrado, perfis de vasos sanguíneos estão identificados em forma
de círculos e a seta indica a camada do endométrio. Notamos uma leve mudança na

V
espessura desse endométrio. Já no grupo III (endometriose) as glândulas estão representadas na
forma de um quadrado, perfis de vasos sanguíneos identificados em forma de círculos e a seta
indica a camada do endométrio. Observamos que o endométrio está mais espesso, contém mais
vasos sanguíneos, na varredura das lâminas encontramos o endométrio de uma forma
desordenada. Objetiva 200x, em coloração de HE ................................................................... Pg.32

VI
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Caracterização do Modelo de endometriose nos diferentes grupos de estudo
............................................................................................................................................Pg.31

Tabela 2 - Médias e desvios padrão dos grupos (G1, G2 E G3)................................................Pg.33

VII
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLA
Abreviatura Descrição

ACOs Anticoncepcionais orais combinados.

AINEs Anti-inflamatórios esteroides.

Balb/c Espécie de camundongos de camundongo escolhida para


realização desse trabalho.

BSO salpingectomia-ooforectomia bilateral.

C57BL/6 Espécie de camundongos.

CD147 Uma proteína e fator anti-apoptótico.

CA125 Marcador tumoral que se origina no epitélio celômico.

CM Ciclo menstrual.

CA-72 Marcador tumoral.

CA15-3 Marcador tumoral.

CA19-9 Marcador tumoral.

CO2 Dióxido de carbono.

DNA Ácido desoxirribonucleico.

VIII
ER Receptor de estrogênio.

ESR1 e ERS2 Receptores de estrogênio alfa e beta.

FSH Hormônio folícular estimulante.

GnRH Hormônio liberador de gonadotrofina.

G1 Grupo de camundongo saudável sem qualquer intervenção.

G2 Grupo Sham animal saudável, mas que teve os mesmos


procedimentos que o grupo endometriose, porém não recebeu
o implante ectópico, mas em seu lugar recebeu solução salina.

G3 Grupo de camundongo com endometriose com implante


endometrial ectópico.

H.E hematoxilina e eosina.

IL-1 Interleucina-1.

IL-6 Interleucina-6.

IL-8 Interleucina-8.

LH Hormônio luteinizante.

NRs Receptores nucleares.

PG Prostaglandina.

IX
PGR Receptor de progesterona.

PP14 Marcador.

RM Ressonância magnética.

TNF-α Fator de necrose tumoral alfa.

TATI Marcador.

VEGF Crescimento endotelial vascularizado.

X
RESUMO
RESUMO

Objetivo: Realizar um modelo de endometriose em camundongos isogênicos Balb/c,


implantando tecido endometrial ectópico. Avaliar a histomorfometria dos tecidos endometriais
ectópico e eutópicos de camundongo controles e receptores. Método: Foram utilizados21
camundongos Balb/c fêmea entre 7 a 8 semanas, que foram divididos em 4 grupos, sendo que
primeiro grupo contém 3 camundongos doadores e o restante possuiu6 camundongos por
grupos. Grupo 1- Controle, são animais saudáveis não tiveram nenhum procedimento; Grupo
2-Sham, são animais que tiveram os mesmos procedimentos do animal modelo de
endometriose, porém não receberam o implante endometrial ectópico em seu lugar receberam
solução salina; Grupo 3- endometriose, os animais tiverem intervenções com implante
endometrial ectópico. Os camundongos do G1 e G3 foram tratados com 17 β estradiol diluídos
em óleo de rícino e tratados 1 vez por semana durante 4 semanas consecutivas. A administração
do 17 β estradiol foi utilizada para sincronizar a fase do ciclo estral. Após os tratamentos
aguardamos 2 semanas e no final realizamos a eutanásia dos camundongos doadores, retiramos
os cornos uterinos e o endométrio, para ser inoculado no grupo G3. Para tal procedimento
utilizamos cloridrato cetamina e xilazina como anestésico. Após este procedimento de indução
à endometriose, todos os animais foram eutanasiados para remoção dos cornos uterinos e o
endométrio que foram imersos em paraformaldeído a 4% para realização de processamento
histológico e coloração com H.E para obtenção das análises histomorfometricas e obtenção de
dados estatísticos. Resultado: Analisamos a área de superfície dos implantes e evidenciamos
importantes sítios de implantação de tecido endometrial na parede abdominal das
camundongas, com crescimento local de tecido, mostrando importantes lesões e aderências,
além de cistos escuros. Notamos que no grupo endometriose ocorreu um aumento no número
de vasos sanguíneos GIII e glandulares GIII (GIII ≥GI e GIII. P>0,001). Além do evidente
espessamento do epitelial endometrial GIII, quando comparados com o controle GI e Sham GII
(GIII ≥GI e GIII. P>0,001). Notamos também um aumento no número de eosinófilos (GIII (GIII
≥GI e GIII. P>0,001). Conclusão: O modelo empregado é de fácil execução e boa
reprodutibilidade, capaz de reproduzir as características morfológicas da endometriose, além
de possibilitar a obtenção de análises histomorfométricas do endométrio, mostrando que o
modelo reproduzido está relacionado a patogênese da endometriose.

Palavras chaves: Endometriose, modelo de endometriose, camundongos, histomorfometria.

XI
ABSTRACT
ABSTRACT

Objective: To carry out a model of endometriosis in isogenic Balb/ mice, implanting ectopic
endometrial tissue. To evaluate the histomorphometry of the ectopic and eutopic endometrial
tissues of control and receptor mice. Method: 21 female Balb / mice between 7 and 8 weeks
were used, which were divided into 4 groups, with the first group containing 3 donor mice and
the remainder having 6 mice per group. Group 1- Control, healthy animals have not had any
procedure; Group 2 -Sham, are animals that had the same procedures as the model animal of
endometriosis, but did not receive the ectopic endometrial implant. In their place they received
saline solution; Group 3 - endometriosis, the animals had interventions with an ectopic
endometrial implant. The G1 and G3 mice were treated with 17 β estradiol diluted in castor oil
and treated once a week for 4 consecutive weeks. The administration of 17 β estradiol was used
to synchronize the phase of the estrous cycle. After the treatments, we waited 2 weeks and at
the end we performed the euthanasia of the donor mice, removed the uterine horns and the
endometrium, to be inoculated in the G3 group, for this procedure we used ketamine and
xylazine hydrochloride as an anesthetic. After this endometriosis induction procedure, all
animals were euthanized to remove the uterine horns and the endometrium that were immersed
in 4% paraformaldehyde to perform histological processing and staining with H.E to obtain
histomorphometric analyzes and obtain statistical data.Result: We analyzed the surface area of
the implants and found important sites of implantation of endometrial tissue in the abdominal
wall of the mice, with local tissue growth, showing important lesions and adhesions, in addition
to dark cysts. We noticed that in the endometriosis group there was an increase in the number
of blood vessels GIII and glandular GIII (GIII ≥GI and GIII. P> 0.001). In addition to the
evident thickening of the GIII endometrial epithelial, when compared with the GI and Sham
GII control (GIII ≥GI and GIII. P> 0.001). We also noticed an increase in the number of
eosinophils (GIII (GIII ≥GI and GIII. P> 0.001). Conclusion: The model used is easy to
perform and has good reproducibility, capable of reproducing the morphological characteristics
of endometriosis in addition to enabling the achievement of histomorphometric analyzes of the
endometrium, showing that the model reproduced is related to the pathogenesis of
endometriosis.

Keywords: Endometriosis, endometriosis model, mice, histomorphometry.

XII
1. INTRODUÇÃO

-1-|P á gi n a
Tese de Mestrado – Felipe Rosendo Da Silva
INTRODUÇÃO

A endometriose é uma patologia considerada crônica multifatorial, sua


caracterização é feita pelo implante de tecido endometrial fora da cavidade uterina, podendo se
aderir em várias estruturas do corpo humano feminino; seu maior foco de lesão se encontra na
cavidade abdominal tendo diferentes tipos de lesões, que podem ser: focos de lesão negra, ponto
de lesão vermelha, cistos endometrióticos e mancha de lesão avermelhada, cada um tem uma
morfometria diferente em termos de diâmetro, estrutura, cor e espessura (MACER, TAYLOR.,
2012).
A patologia afeta severamente mulheres na idade fértil, seus sintomas mais
comuns são infertilidade, dor crônica na pelve, distúrbio no clico menstrual, influenciando no
seu fluxo de sangramento podendo aumentá-lo ou diminuí-lo. A patogênese da dor associada à
endometriose ainda se encontra incerta, existe relatos em artigos científicos, que o crescimento
endometrial ectópico progride em inervações autonômicas e sensoriais podendo auxiliar na
manutenção do desenvolvimento ectópico e persistência do fenótipo da dor (ZHENG et tal.,
2020).
A endometriose tem alguns aspectos parecidos com neoplasias. Esses
aspectos são: aumento dependente do estrogênio, crescimento progressivo e inativo, tendência
a metástase e recorrência. A endometriose pode ser classificada em quatro estágios que se
baseiam na sua gravidade, localização, quantidade e tamanho dos foco das lesões. Sendo assim
temos o estagio I- doença mínima, estágio II- doença leve, estágio III- doença moderada e o
estágio IV- doença grave. Porém esta classificação em estágios não é bem-sucedida em prever
a sintomatologia e a investigação clínica destas pacientes (MEHEDINTU et al., 2014). A
patogênese completa da endometriose encontra-se ainda desconhecida, mas existem várias
teorias na literatura. Uma delas que ainda continua sendo bem respeitada no meio científico é
a teoria da menstruação retrógrada que foi proposto por Sampson na década de 1920, da
imunidade alterada, metaplasia celômica e disseminação metastática. Na atualidade
pesquisadores estão propondo pesquisas em células-tronco e origens genéticas da doença, mas
nada ainda consegue determinar seu mecanismo (SAMPSON, 1927; MACER, TAYLOR,
2012; PODGAEC et al., 2018).
Os tratamentos mais utilizados nos casos de endometriose são tratamento
hormonal inibindo o ciclo menstrual, com intuito de diminuir focos de células endometriais.
Isso têm um efeito limitado e podem produzir efeitos colaterais indesejados sem muita eficaz
na sintomatologia da dor. No tratamento cirúrgico, que geralmente é feito por meio de vídeo -
laparoscopia e que tem como objetivo cauterizar os focos de endometriose e retirar as
-2-|P á gi n a
Tese de Mestrado – Felipe Rosendo Da Silva
INTRODUÇÃO

aderências formadas pela doença. Alguns nódulos são retirados para análise depois da cirurgia.
A patologia tem grande índice de recorrência, a taxa de incidência parece diminuir após o
procedimento cirúrgico que seria a remoção dos fragmentos por laparoscopia, sendo que a
medida menos invasiva utilizada nessas pacientes (REZAI et al., 2019).
A endometriose é bem complexa e suas condições de comorbidades
associadas sugerem uma abordagem mais profunda para entender fisiopat ologia da doença e
assim tentar delinear sua etiologia. Um tratamento mais eficaz e definitivo, para construir uma
base mais sólida e consistente de informações sobre genes associados à endometriose e
antologias, ajudará a impulsionar mais rapidamente as pesquisas focadas no entendimento da
patologia e da etiologia da endometriose. Tendo uma base solida de conhecimento isso vai
abriras portas para novos projetos de pesquisa científica e melhorias (JOSEPH, MAHALE,
2019). Sendo assim os pesquisadores tentaram encontrar modelos de animais para elucidar uma
maior compreensão dos mecanismos patogênicos, tentando encontrar novos mecanismos para
uma terapia definitiva e para um tratamento mais eficaz e menos nocivo para essas pacientes.
No modelo de roedor autólogo ou singênico o sistema imunológico se
encontra intacto proporcionado estudo de investigação entre o sistema imunológico e as células
endometrióticas dentro do microambiente peritoneal. Na maioria dos modelos os cornos
uterinos de camundongos fêmeas das espécies BALB/C, C57BL/6 ou ratos Wistar, são
removidos cirurgicamente, os fragmentos endometriais são recolhidos por punção dérmica de
biópsia ou separação mecânica, podendo ser injetados no camundongo receptor na cavidade
peritoneal ou suturado na parede peritoneal do mesmo animal. Os modelos de roedores
singênico têm uma capacidade de fornecer evidencias mais contundentes, sobretudo em relação
a eficiência de compostos antiangiogênicos no diâmetro e densidade dos microvasos e o
crescimento e sobrevida das lesões endometrióticas, já sendo descrito em artigos científicos,
que roedores afetados pela indução da endometriose tem uma fertilidade comprometida,
demonstrada pela redução em suas ninhadas, peso dos embriões até mesmo a infertilidade, que
é sintoma mais descrito em mulheres com endometriose (LAGANÁ et al., 2018).
Baseando-se na literatura e no modelo do pesquisador Italiano Edgardo
Somigliana publicado em 1999, sobre o assunto, neste projeto será produzido e caracterizado
um novo modelo de endometriose em camundongo, tendo em vista um aperfeiçoamento dos
modelos descritos pela literatura (SOMIGLIANA et al., 1999; FETTBACK, 2010).
Para alcançar o objetivo da produção deste novo modelo animal de
endometriose, foram realizadas análises do processo de ovulação e morfologia. Por meio de
técnica cirúrgica, de transplante de fragmento de tecido endometrial na cavidade intraperitoneal
-3-|P á gi n a
Tese de Mestrado – Felipe Rosendo Da Silva
INTRODUÇÃO

da fêmea receptora, sendo ambos doador e receptor isogênicos Balb/c; foram analisados os
parâmetros histomorfométricos em lâminas histológicas em moleculares das amostras de
tecidos. Foram analisadas células de esfregaço vaginal na sincronização do ciclo estral; assim,
foi estabelecido um modelo animal de endometriose a partir de técnicas e combinações de
diferentes métodos descritos na literatura.
Isto permitirá futuramente usar procedimentos menos invasivos e
quimicamente menos lesivos, com o intuito de melhorar a coleta de dados e contribuir para o
desenvolvimento de terapia para a endometriose.

-4-|P á gi n a
Tese de Mestrado – Felipe Rosendo Da Silva
2. REVISÃO DE LITERATURA

-5-|P á gi n a
Tese de Mestrado – Felipe Rosendo Da Silva
REVISÃO DE LITERATURA

2.1. Útero

O útero consiste de três camadas de tecidos, sendo elas: miométrio,


perimétrio e endométrio, são tecidos que se moldam no decorrer do ciclo menstrual mensal
mais especificamente durante as fases da reprodução (KUPERMAN et al., 2020). O perímetro
é a camada externa também conhecida como túnica serosa, fazendo parte do peritônio visceral;
sua composição consiste de epitélio pavimentoso simples e tecido conjuntivo areolar. O
perimétrio recobre a bexiga formando a escavação da vesico uterina que recobre o reto
formando a escavação retouterina. A camada média é o miométrio que é composto por três
subcamadas de fibras musculares lisas a vascularizadas, as mais espessas se encontram no fundo
do útero e a mais fina no colo do útero. O endométrio é a camada interna, sendo muito
vascularizada dividindo-se em duas partes; uma delas é o estrato funcional que reveste a
cavidade uterina que se desprende durante a menstruação; já seu estado basal é permanente,
portanto, é uma camada profunda que em cada ciclo menstrual dá origem a um novo estrado
funcional. Sendo que o endométrio possui três componentes sendo eles: uma camada interna de
epitélio colunar simples que reveste o lúmen, estroma endometrial subjacente que é uma região
espessa da lâmina própria que tendo um tecido conjuntivo areolar e glândulas endometriais
uterinas.

Figura.1 – Fotomicrografia do útero. (Fonte: SlideShare., 2010).

-6-|P á gin a
Tese de Mestrado – Felipe Rosendo Da Silva
REVISÃO DE LITERATURA

A estrutura microscópica dos pólipos endometriais é constituída por


glândulas e estroma, tendo sua diferenciação baseada no tipo não funcional ou funcional do seu
epitélio; Porém alguns pólipos do tecido endometrial apresentam um tipo de reação funcional
cíclica semelhante ao endométrio adjacente, observando-se um tipo imaturo no endométrio,
com glândulas irregulares, que respondem pouco a progesterona. Histologicamente se
reconhece pelo estroma fibroso e vasos sanguíneos com paredes grossas e espessas, como a
camada basal, podendo ser acompanhada do seu eixo, sendo revestido por epitélio glandular
normal atrófico ou com outras alterações hiperplásicas simples. Além da classificação
histológica podemos classificá-los como: atróficos, hiperplásicos e funcionais. Sabe-se que
nessa classificação não implica a conduta do paciente, como nos casos de hiperplasias
endometriais. Sendo que as respostas proliferativas à ação estrogênica têm papel na gênese dos
pólipos carcinoma endometrial.
Os receptores de progesterona e estrógenos estão presentes em grande
quantidade no epitélio glandular dos pólipos que no endométrio adjacente no período menacme,
o que não acontece da mesma maneira em seu estroma, onde tem menor quantidade de
receptores da progesterona, sendo sugerido que estes receptores têm um importante papel na
fisiopatologia dos pólipos endometriais na pós-menopausa (NOGUEIRA, 2015).

2.2. Endométrio

O endométrio é um tecido que reveste o interior da cavidade endometrial.


Morfologicamente é dividido tanto em camadas funcional transitório e o basal profundo
permanente. A camada funcional ocupa aproximadamente dois terços da espessura endometrial
e tem diferentes compartimentos celulares: o epitélio glandular, o epitélio luminal, o estroma e
os compartimentos vasculares. Já é na camada basal profunda onde residem as células tronco,
que essas populações de células-tronco progenitoras do endométrio se diferenciam em células
do estroma e células epiteliais. Elas contribuem para a manutenção e reposição eficientes do
endométrio que é importante para restaurar a integridade endometrial com a menstruação
(CRITCHLEY et al., 2019). Além de ambas camadas terem vasos sanguíneos e células sistema
imunológico, sendo que o número de células varia de acordo com fase do ciclo de ameaça no
endométrio normal.

-7-|P á gin a
Tese de Mestrado – Felipe Rosendo Da Silva
REVISÃO DE LITERATURA

Devido a regulagem hormonal, o endométrio passa por modificações


cíclicas que podem ser divididas em fases: fase secretora que corresponde a fase lútea no ovário,
proliferativa que corresponde a fase folicular no ovário e fase menstrual que corresponde ao
primeiro sangramento do ciclo menstrual. O hormônio estrogênio é um hormônio predominante
durante a fase proliferativa e muitos estudos mostraram que ele pode inibir a atividade autofagia
no endométrio (RUIZ-ALONSO et al., 2012; YANG et al., 2019).

A função do endométrio é preparar o útero para a fecundação, e manter a


gravidez, sendo que se essa implantação não ocorrer entra a menstruação no lugar, esse processo
é regulado por esteroides e vias alternativas. A menstruação é um evento regulado por
esteroides, esse endométrio é preparado de progesterona, que se não for fecundado acontece
sua descamação (menstruação), sendo que a saída da progesterona é um gatilho para a
menstruação. O endométrio menstruado é como se fosse um tecido ferido, tem que ser reparado
mensalmente. Esse reparo é rápido sem formar cicatrizes residuais ou perda de função e o reparo
endometrial envolve uma série de mecanismos inflamatórios, angiogênese remodelação do
tecido e formação de novo tecido. Para fecundação desse endométrio ocorrer é necessário
caracterizar o estado de receptividade do endométrio para prevenção de falhas que poderão
prejudicar as funções reprodutivas do endométrio (CRITCHLEY et al., 2019).

2.3. Ciclo menstrual

O ciclo menstrual é uma resposta fisiológica de grande importância para o


entendimento de algumas modificações biológicas no organismo feminino. Algumas pesquisas
sugerem que as variações do ciclo menstrual típico podem variar entre 21 a 35 dias.
Quando as mulheres se encontram no ciclo menstrual (CM) apresentam
alterações hormonais, que estão associadas à alterações no útero, na vagina, nos ovários, nas
mamas e na secreção de hormônios gonadotróficos (FRANZEN, 2012). Ambos os hormônios
aumentam e diminuem duas vezes seu nível durante o clico, sendo que a progesterona é
dominante na segunda metade do ciclo, enquanto o estrogênio é mais proeminente na primeira
fase.
Durante a fase folicular que pode correr entorno de 7° dia, o hipotálamo
estimula a hipófise para liberação de um hormônio chamado de hormônio folículo-estimulante
(FSH); isso transmite para o folículo que se encontra dentro de um dos ovários, contendo um

-8-|P á gin a
Tese de Mestrado – Felipe Rosendo Da Silva
REVISÃO DE LITERATURA

óvulo que se amadureça. No decorrer do período que esse folículo amadurece, se inicia o
aumento de estrogênio. Na fase de ovulação por volta 14° dia, ocorre um pico de estrogênio,
fazendo que a hipófise libere um aumento do hormônio luteinizante (LH). O LH faz com que o
ovário libere o óvulo já amadurecido que vai ser levado pela trompa de Falópio. A fase lútea
acontece entorno do 21° dia e vai até final do ciclo. No processo desta fase o óvulo é liberado
se desloca em direção ao útero para ser fertilizado, enquanto isso os níveis de progesterona se
encontram aumentados durante a fase lútea, tendo por objetivo o de preparar o útero
antecipando a fertilização deste óvulo. Se esse ovário não for fertilizado acontece uma queda
drástica e rápida dos níveis de estrogênios e progesterona. Com a queda dos níveis de hormônio
iniciam-se as contrações do revestimento liso resultando na descamação do útero sendo assim
chamada de menstruação e tudo recomeça novamente (COLORADO et al., 2020).

2.4. Endometriose

As células endometriais saem pelas trompas uterinas durante o período


menstrual e se aderem às cavidades fora do sistema reprodutor. Isso ocorre por causa do refluxo
menstrual, onde células viáveis com capacidade de se aderirem acabam invadindo,
implantando-se e proliferando-se no peritônio, afetando cerca de 6 a 10% das mulheres em
idade reprodutiva. O porcentual destas mulheres com dor crônica, infertilidade ou ambas
chegam a 35 a 50%. No entanto a endometriose é mal diagnosticada associando a uma latência
média de 6 a 7 anos desde o começo dos sintomas até o diagnóstico definitivo (BURNEY,
GIUDICE, 2012; PEREIRA, 2013).
Como a maior característica da endometriose é a presença de tecido
funcional semelhante ao endométrio, que se localiza fora da cavidade uterina, os mais comuns
são no peritônio pélvico, septo retovaginal e nos ovários, sendo que raramente podem se
localizar no pericárdio, sistema nervoso central e pleura (NÁCUL, SPRITZER, 2010).Um dos
principais sintomas aparentes são as dores na região pélvica e infertilidade em mulheres na
idade reprodutiva, sendo que estes sintomas podem ser: dor na fase pré-menstrual, sangramento
menstrual intenso ou regular, alterações intestinais durante a menstruação (KRALEVSKI,
2017).
O sintoma mais prevalente é a dor que tem consequências na vida sexual
destas pacientes como a qualidade do coito e o comprometendo da atividade sexual em geral,
afetando sua autoestima e sua própria satisfação sexual. A dor causa consequências negativas

-9-|P á gin a
Tese de Mestrado – Felipe Rosendo Da Silva
REVISÃO DE LITERATURA

na saúde psicológica, qualidade de vida e relacionamentos íntimos. Não apenas as relações


íntimas, mas todos os tipos de relações sociais são comprometidos. Com a solidão vivenciada
em decorrência do isolamento social, isso pode acarretar quadros de depressão, ansiedade e
estresse emocional causando um quadro de agressividade impulsionado pelo sintoma da dor
(DELLA CORTE et al., 2020).
O sangramento cíclico estimulado hormonalmente pelo depósito
endometriótico pode ajudar em uma reação inflamatória local e adesão fibrosa. Podendo se
diferenciar em endometrioma ou cisto de chocolate no caso de implantes profundos no ovário.
Sendo que esses implantes endometriais causam variações moleculares e celulares (ILHAN et
al., 2019).
As células endometriais são estimuladas por hormônios ovarianos que se
aderem em diferentes locais, sendo os mais comuns: os ovários, bexiga, tuba uterina e ureteres,
e seu desenvolvimento cria um cisto vascularizado podendo ser capaz de se desenvolver nos
locais que foram se aderindo (CARDOSO et al., 2011).
As alterações hormonais podem ser um potente influenciador destas
células endometriais de terem a capacidade de se proliferarem. Há muita evidência clínica e
molecular que a endometriose é dependente de um distúrbio no estrogênio. Também há relatos
de resistências à progesterona na fisiopatologia da endometriose. Essas lesões mostram uma
redução acentuada na expressão do receptor de progesterona em relação ao endométrio eutópico
e uma ineficiência do receptor B da progesterona e uma desregulação dos genes responsivos à
progesterona na fase lútea (BURNEY, GIUDICE, 2012).
Os implantes ectópicos respondem à progesterona e estrogênio, que
produzem uma série de mediadores inflamatórios, imunomoduladores e proteínas envolvidas
na progressão oxidativa, que dura até fase final do ciclo menstrual. Tendo um aumento na
produção de citocinas inflamatórias, nas células inflamatórias pode ocorrer inflamação pélvica
devido à resposta sistemática e local do sistema imunológico. Mediadores inflamatórios e
fatores de crescimento secretados por leucócitos peritoneais estão relacionados à patogêneses
da endometriose, sendo possível notar o aumento do número de células endometriais nos locais
ectópicos, enquanto um grande número de células e mediadores inflamatórios, macrófagos
peritoneais, como enzimas proteolíticas, prostaglandinas (PG), IL-1 e fator de necrose tumoral
(TNF) são produzidas no fluído peritoneal de pacientes que foram diagnosticados com a
patologia Hoje em dia não se encontra um consenso sobre os valores de fatores inflamatórios
como biomarcadores da endometriose (ILHAN et al., 2019).

- 10 - | P á g i n a
Tese de Mestrado – Felipe Rosendo Da Silva
REVISÃO DE LITERATURA

Esses focos podem ser classificados como superficiais ou profundos, sua


profundidade pode ser maior ou menor de que 5 mm, é um dado relevante tanto na severidade
dos sintomas quanto na abordagem terapêutica. A presença de focos endometriais está
associada às alterações anatômicas, imunológicas, endócrinas e inflamatórias no período
pélvico, causadas pela liberação da prostaglandina possibilitando o aparecimento do processo
de aderência, tendo uma diferenciação de graus dos cistos (CROSERA et al., 2010).
A endometriose não possui uma etiologia definida, mas existem algumas
hipóteses que podem explicar sua origem: uma das teorias que continua sendo respeitada no
meio científico é a teoria do Sampson, que propõe um refluxo menstrual. Sendo assim a teoria
da menstruação retrógada, que é a saída do tecido endometrial através das trompas de Falópio
para a cavidade abdominal pode ser implantada nos órgãos pélvicos e cavidade peritoneal. Essas
células endometriais são capazes de sobreviver fora do útero acompanhadas de um
desequilíbrio. entre fatores pró e anti-apoptóticos, já foi constatado que o marcador (CD147) é
um desses fatores anti-apoptótico, e sua presença expressa uma influência sobre a sobrevivência
de células epiteliais uterinas humanas fora da cavidade do útero (DAÍ et al., 2018); a
menstruação retrógada, é observada apenas em 70% a 90% das mulheres e a endometriose
ocorre em apenas 7% a 10% das mulheres, assim sugerindo pode haver outros fatores na
etiologia da endometriose, a menstruação retrógada, não deixa claro a ocorrência de
endometriose em locais extra pélvicos (SAMPSON, 1927; JOSEPH,MEHEDINTU et al., 2014;
MAHALE, 2019).
Pesquisas sugerem que o endométrio eutópico de mulheres com
endometriose também demostra defeito de metilação do Ácido desoxirribonucleico (DNA),
dando origem à expressão gênica alterada e causando resistência à progesterona. Esse fenômeno
já foi demostrado em um modelo de endometriose em camundongo. Esses dados apoiam a
hipótese de que, durante o processo de menstruação retrógada, populações epigeneticamente
anormais de células do estroma no endométrio eutópico podem ser escolhidas para sobreviver
como implantes endometrióticos na região pélvica (BULUN et al., 2019).
A teoria da metaplasia celômica que sugere um processo metaplásico do
mesotélio peritoneal na endometriose, sendo que essa teoria ainda apoia a transformação do
epitélio germinativo em endometriose ovariana. Atualmente foi proposto que células-troncos
circulantes possam estar envolvidas na transformação de células-tronco hematopoiéticas
pluripotentes em células endometriais na cavidade peritoneal. Temos a deficiência ou disfunção
imunológica que pode prejudicar a sobrevivência das células endometriais, implementação das
lesões, tendo uma alta taxa de recorrência após o tratamento. Embora suas causas sejam ocultas,
- 11 - | P á g i n a
Tese de Mestrado – Felipe Rosendo Da Silva
REVISÃO DE LITERATURA

já é comprovado que as causas da endometriose sejam multifatoriais essas teorias estão


descritas para elucidar uma etiologia que ainda se encontra incerta (MAKIYAN, 2017).
Na revisão feita por (BURNEY, GIUDICE, 2012) sugere fortes evidências
de que a endometriose é realmente uma condição inflamatória pélvica onde o líquido peritoneal
apresenta um aumento de concentração de macrófagos ativos e perfil inflamatório no eixo
citocina/quimiocina (ROLLA, 2019). Devido a esse aumento abrupto de macrófagos presente
no líquido peritoneal eles devem desempenhar um papel importante na fisiopatologia da
endometriose. Há bastante evidências acumuladas de uma atividade alterada e disfuncional de
macrófagos isolados do tecido endometrial ectópico localizado na cavidade peritoneal
(GARCÍA-IBAÑNEZ et al., 2020). Também há relatos de ligar uma proteína semelhante à
haptoglobina (se liga aos macrófagos e reduz sua capacidade fagocitose) à gêneses da
endometriose. Já tendo sido descrito em outros trabalhos, ele reforça o relato de aumento da
produção de interleucina-6 (IL-6), fator de inibição da migração de macrófagos, alterações
interleucina-8 (IL-8) e fatores de necrose tumoral alfa (ROLLA, 2019).
As técnicas de imagem são muito úteis no início do diagnóstico da
patologia, temos: ultrassonografia com Doppler colorido e tomografia computadorizada,
ressonância magnética (RM); que apresentam uma alta precisão diagnóstica no diagnóstico de
endometriose colorretal (88 e 92%), endometriose profunda dos ligamentos uterossacrais (85 e
88%) e endometriose vaginal (77 e 70%) (DELLA CORTE et al., 2020) mas a RM tem sua
visualização principal a endometriose ovariana e não peritoneal. O exame retal digital é uma
boa ferramenta para avaliar nódulos que infiltram a parede retal ou nódulos do septo
retovaginal. Nas imagens de ultrassom obtemos evidências clássicas de pacientes que tem essa
morbidade, são elas: um cisto unilocular com ecogenicidade de fluido homogênea de baixo
nível que tem uma aparência de vidro fosco e fluxo vascular moderado ou fraco (DELLA
CORTE et al., 2020).Para uma real comprovação é necessário uma verificação histológica e
patológica da presença de glândulas/estroma endometriais que é uma combinação da técnica de
laporascopia, que por muitos médicos é considerada técnica de padrão ouro para confirmação
e cauterização das lesões endometriais. A laparoscopia tem suas desvantagens, sendo invasiva
dependendo da capacidade e habilidade do cirurgião para inspeção visual e precisa da cavidade
pélvica que representam os principais problemas, sendo constatado que nem sempre é capaz de
detectar as lesões infiltradas profundas, tendo vários casos não diagnosticados. Atualmente
estão tentando achar meios mais precisos e métodos menos invasivos para um melhor
diagnóstico, evitando tanta demora e procedimentos desnecessários e ineficazes. Muitos
estudos que demonstram uma associação de níveis séricos elevados de marcador (CA125) em
- 12 - | P á g i n a
Tese de Mestrado – Felipe Rosendo Da Silva
REVISÃO DE LITERATURA

pacientes com endometriose, é possível que eles sejam usados como bimarcadores durante o
diagnóstico. Nestes estudos identificaram-se que mulheres europeias-americanas e asiáticas,
demonstram a superioridade do CA125 sobre a razão plaquetária-linfócito no diagnóstico de
endometriose de níveis moderado e leves. Em mulheres chinesas foram observados níveis até
graves, mas o nível de CA125 não pode ser usado isoladamente como biomarcador para
diagnóstico devido a sua baixa sensibilidade e especificidade para lesões endometriais, sendo
que umas das preocupação com uso CA125 como biomarcador é que seu nível sérico também
pode ser identificado por outras patologias ginecológicas. Mas é um grande passo para melhoria
de diagnósticos e poderá ser útil em estágio mais avançado como para endometriose combinada
com adenomiose que é uma endometriose mais interna e sua caracterização é formada pel a
presença de glândulas endometriais heterotópicas que se encontram estroma na camada
muscular profunda no miométrio e é cercada por fibrose reativa dos miócitos (MAKIYAN,
2017) ou inflamação pélvica e pode ser usado para diagnóstico de ruptura de endometrial (DAÍ
et al., 2018).
Devido aos diferentes locais que as células endometróticas podem se aderir
é bem provável que aja subconjuntos de diferentes biomarcadores que possam ser um meio
importante para diagnóstico de diferentes fases da endometriose por exemplo mulheres que
contém endometriose peritoneal podem apresentar biomarcadores diferentes das mulheres que
tem endometriose retovaginal (ILHAN et al., 2019).
Há outros marcadores para afins de diagnóstico de endometriose, são eles;
CA-72, CA 15-3 e CA 19-9, mas demonstraram sensibilidade muito baixa na detecção de
endometriose. TATI e PP14 são marcadores inicialmente promissores que se mostraram
elevados na endometriose e correlacionados com a gravidade da doença. No entanto, é
importante ter mais estudos detalhados avaliando sua eficácia podendo ser individuas ou
combinados no intuito de avaliar sua confiabilidade para serem induzidos como uma ferramenta
diagnóstica (BERKER, SEVAL, 2015).
O fator de crescimento endotelial vascular (VEGF), é um dos principais
estímulos para a angiogênese que é a melhoria e a qualidade dos vasos, tornando-se um dos
importantes mecanismos para o avanço das lesões endometrióticas. No meio científico há muita
contradição sobre o significado do VEGF como biomarcador da endometriose. Os níveis de
VEGF podem ser encontrados realçados no sangue periférico fazendo comparação com
mulheres com endometriose e as de controle sendo que vários vão depender do desenho e da
metodologia do estudo A glicodelina, pode contribuir para a progressão da endometriose e
infertilidade que está relacionada a patologia é uma proteína que derivada do endométrio com
- 13 - | P á g i n a
Tese de Mestrado – Felipe Rosendo Da Silva
REVISÃO DE LITERATURA

propriedades contraceptivas, angiogênicas e imunossupressoras, podendo ser liberada pelas


lesões endometrióticas no soro e no líquido peritoneal (ILHAN et al., 2019).
Atualmente existem várias diretrizes, que concordam que estas condições
debilitantes da endometriose requerem um tratamento meticuloso e de longo prazo. No
tratamento é recomendado o uso das progestinas como terapia hormonal, e continua sendo
primeira linha de tratamento para aliviar o sintoma mais característico da endometriose que é a
dor, mas a primeira linha de tratamento pode ou deve ser acompanhada por outras opçõe s de
tratamento. O dienogeste 2mg é indicado por dia e composto por progesterina da quarta geração
que recebeu sua aprovação como opção de tratamento da endometriose na União Europeia no
ano de 2009. O dienogeste, se liga ao receptor de progesterona, quando for usado
continuamente, tem ação de inibir a secreção sistêmica de gonadrofina e também possui efeitos
anti-inflamatórios e antiproliferativos em locais que se encontram as lesões endometróticas, as
propriedades antiangiogênicas e antiproliferativas, um diferencial do dienoestes e de outras
progestinas da mesma classe. O tratamento médico tem que ter um princípio fundamental de
equilibrar a eficácia clínica e o alívio dos sintomas, para melhoria de vida dessas portadoras
(MUJI et al., 2020).
A primeira linha de tratamento pode começar com o uso de medicamentos
de baixo custo que são facilmente encontrados, mas isso depende do grau da endometriose
nessas pacientes, são utilizados os anti-inflamatórios esteroides (AINEs), outros analgésicos
(paracetamol e opioides), a pílula anticoncepcional oral combinada, progestinas tradicionais
ou mais recentes que são acetato de medroxiprogesterona, noretisterona, dienogest ,hormônio
liberador de gonadotrofina (GnRH) entre outros (DELLA CORTE et al., 2020).
O tratamento que usa anticoncepcionais orais combinados (ACOs) tem
uma eficiência inicial da dor, mas perde sua eficácia a longo prazo. É um tratamento com pouca
evidência clínica comprovada. Existe alguns dados que aponta efeitos adversos na progressão
da patologia.
O fármaco ElagolizNR, o antagonista de GnRh oral foi introduzido
recentemente na linha de tratamento, tem poucos efeitos colaterais como redução no fogacho
uma boa eficácia na redução da dor e interrupção do avanço da doença usando em um período
prolongado, 200 –mg dose diária. Porém foi relatado surgimento de efeitos colaterais
prejudiciais moderados sobrea densidade óssea mencionado na literatura, sugerindo que esse
fármaco seja usado com reserva hormonal (ROLLA, 2019).
A terapia cirúrgica é necessária quando o avanço da doença se encontra
em estágio avançado e a dor pélvica se torna intratável, sem ter obtido resultado satisfatório
- 14 - | P á g i n a
Tese de Mestrado – Felipe Rosendo Da Silva
REVISÃO DE LITERATURA

com terapia medicamentosa. Existem várias técnicas cirúrgicas diferentes que podem ser
realizadas como a remoção dos cistos endometrióticos ou excisão, ablação do nervo uterosacral,
histerectomia com salpingectomia-ooforectomia bilateral (BSO) e neurectomia pré-sacral. Para
prevenir a recorrência e melhoria da sintomatologia, a remoção do endometrioma é bem mais
vantajoso do que é a drenagem. A técnica de histerectomia sem BSO é menos eficaz devido á
estimulação hormonal, podendo ocorrer mais lesões endometrióticas. Já a histerectomia com
BSO pode afetar negativamente a saúde óssea e cardíaca e leva à menopausa precoce. O
tratamento cirúrgico extremo é recomendado para pacientes que demostram falha no tratamento
conservador (GREENE et al., 2016).
A substituição de células estromais endometriais eutópicas defeituosas por
células boas pode ser uma abordagem terapêutica com grande potencial futuramente. Sendo
que algumas pesquisas sugerem que células estromais endometriais normais podem servir como
uma fonte de células-tronco adultas para serem aplicadas como um tratamento terapêutico
futuramente, com mais evidência da sua eficácia (BULUN et al., 2019).

2.5. Características morfológicas da endometriose

As características morfológicas da endometriose são: ressecamento, cistos


e podendo encontrar outros tipos de lesões (podendo ser observado na figura 2). Um dos
métodos de diagnóstico que é recomendado é laparoscopia, que tem como um objetivo de
avaliação a extensão da doença, sendo também uma forma de iniciar o tratamento. Em nível
moderado a laparoscopia operatória é indicada para a remoção dos focos (JACOBSON et al.,
2010). Existe a drenagem que é feita pela eletrocoagulação e vaporização a laser com Dióxido
de carbono (CO2) dos tecidos endometriais é uma forma de tratamento, mas essas técnicas
apresentam certo grau de risco para a reserva ovariana, por causa da remoção tecidual ou por
lesão térmica no córtex ovariano durante a ablação (FURNESS et al., 2004; HUGHES et al .,
2007).

- 15 - | P á g i n a
Tese de Mestrado – Felipe Rosendo Da Silva
REVISÃO DE LITERATURA

Figura.2 – Imagem da lesão de endometriose, cisto endometrioses detectado por laparoscópica


na cavidade abdominal. (Fonte: Amo Acalentar).

Além do tratamento cirúrgico, estas pacientes podem se submeter ao


tratamento hormonal que tem como objetivo bloquear a função ovariana.
Na abordagem em pré-operatório são prescritos por cirurgiões o análogo
GnRH, sua justificativa é de facilitar a cirurgia devido a diminuição da inflamação,
vascularização das lesões e aderência da endometriose. Podendo ainda contribuir para
diminuição de dores pós-operatório e aumento das taxas de gravidez espontânea (FURNESS et
al., 2004; HUGHES et al., 2007).
Os farmacológicos recomendados para dor associados à endometriose são
as combinações de progestogênios isolados, estro progestogênicas e análogos de GnRH. São
basicamente agentes que inibem o crescimento dos implantes por reação decidual e atrofia do
endométrio ou podendo por meio da supressão dos hormônios esteroides ovarianos e induzindo
o estado de hipoestrogenismo. O GnRH é um decapeptídeo que é secretado pelo hipotálamo na
forma de pulsos na circulação portal. Portanto a pulsatilidade é importante para manter a síntese
e secreção dos hormônios luteinizante (LH) e folículo-estimulante (FSH) pela hipófise. Se tiver
alguma a modificação na molécula original do GnRH original, substâncias conhecidas como
análogos do GnRH, que podem ser antagonistas ou agonistas vão agir inibindo a produção
dessas gonadotrofinas (LIMA et al., 2017).
O uso de análogos do GnRH tem como objetivo, criar um ambiente
desfavorável aos implantes ectópicos, sua produção causa um estado de pseudo menopausa
(hipogonadismo, hipogonadotrófico). Tendo um desencadeamento de sintomas característicos
- 16 - | P á g i n a
Tese de Mestrado – Felipe Rosendo Da Silva
REVISÃO DE LITERATURA

de uma síndrome climatérica como ressecamento vaginal, fogachos, diminuição da libido,


insônia, cefaleia, mastalgia, desânimo, perda mineral óssea, irritabilidade entre outros (LIMA
et al., 2017).
Na experimentação animal, a triptorrelina, um análogo do GnRH que é
muito utilizado para supressão ovariana em humanos, também se mostrou eficaz no bloqueio
do ciclo estral de camundongos (HORICKS et al., 2015).

2.6. Ciclo estral

Em camundongos o ciclo estral tem uma duração em média de 4 á 5 dias


que são divididos em 4 fases: proestro, estro, metaestro e diestro. Essas fases são identificadas
pela predominância do tipo celular encontrado na vagina. Na fase de proestro ocorre uma
predominância de células epiteliais nucleadas, na fase de estro o tipo celular predominante é a
célula epitelial cornificada, no metaestro são observados três tipos celulares: células epiteliais
nucleadas, cornificadas e leucócitos; no diestro o tipo celular predominante é de leucócitos
(BYERS et al., 2012).

2.7. Modelo experimental de endometriose

Em vários estudos, os autores desenvolveram modelos experimentais de


endometriose, tendo a finalidade de observar a resposta do endométrio ectópico, podendo ter
uma diferenciação entre ectópicos e eutópicos e verificando comportamento da gestação e
tentando minimizar o efeito da infertilidade que a endometriose causa tentando buscar novas
terapias mas eficazes e os animais mais utilizados são de pequeno porte: coelhos, ratos e
camundongos.
Nos projetos experimentais podem-se encontrar métodos cirúrgicos em
pequenos animais que são classificados em dois tipos: homólogos e heterólogos. Em modelos
homólogos o endométrio é obtido do útero de um animal, o endométrio pode ser saturado ou
disperso na cavidade peritoneal, no heterólogo se injetam células humanas endometriais em
animais imunodeficientes por via subcutânea ou intraperitoneal, e em cada uma das técnica s
usa-se a histologia para verificar as lesões que foram obtidas (MARIANO, 2015).
Portanto uma grande parte dos estudos com modelos animais de
endometriose pretende compreender os aspectos fisiopatológicos,e o mais investigado é a

- 17 - | P á g i n a
Tese de Mestrado – Felipe Rosendo Da Silva
REVISÃO DE LITERATURA

infertilidade desta doença. Consistente com esse modelo patogênico o autotransplante de


tecidos uterinos para a cavidade peritoneal em ratas, resultou em implantes endometrióticos
estáveis.
Esses implantes cresceram de forma comparável ao endométrio eutópico,
compostas de glândulas endometriais e estroma, e com prostaglandina F (202 ng / mg) em
concentrações semelhantes às medidas no tecido uterino (205 ng / mg).
Em um estudo da disfunção imunológica em endometriose, foi criado com
sucesso o modelo de endometriose em camundongos isogênicos imunocompetentes (C57BL/6
e BALB/c), de modo que se verificou a presença e crescimento do endométrio implantado em
sítios ectópicos, os quais foram induzidos por inoculação de fragmentos endometriais
singênicas via pequena incisão laparotómica no espaço peritoneal (Figura 3) (SOMIGLIANA
et al., 1999; PETERSE, 2016).

Figura.3 – Imagem do implante no abdômen do camundongo. Implante de tecido endometrial


ectópico na cavidade abdominal de camundongo Balb/c: O quadrado representado pela letra
(A) são ponto de lesões vermelhas e a Bolinha representado pela letra (B) são ponto de lesões
pretas. Adaptação do modelo original (SOMIGLIANA et al., 1999).

Em pesquisas recentes demonstram que mulheres com endometriose


apresentaram alterações em parâmetros relacionados à inflamação e a vascularização, tais como
- 18 - | P á g i n a
Tese de Mestrado – Felipe Rosendo Da Silva
REVISÃO DE LITERATURA

o fator de necrose tumoral-α (TNF-α) pró-inflamatório, interleucina-6 (IL-6) anti-inflamatório


e o fator de crescimento endotelial vascular (VEGF), medidos no soro e fluídos foliculares.
Esses parâmetros mostraram-se aumentados em mulheres com endometriose em relação aos
padrões observados em uma mulher saudável (SINGH et al., 2016), mas em outros estudos não
mostra que os níveis VEGF estão aumentados comparando mulheres que tem endometriose
com mulheres saudáveis, sendo que estes aumentos são constatados em modelos animais de
endometriose, pode ser por ter um início controlado de condições experimentais. Há uma vasta
quantidade de estudo de modelo animal que mostra o aumento dos níveis de VEGF em lesões
que se assemelham à endometriose, Infelizmente esses dados são inconsistentes ao tentar
direcionar o VEGF para tratamento de endometriose, mas existe dados que sugerem que VEGF
pode estimular angiogênese na endometriose, sendo que esses resultados tanto de modelos
animais como de humanos tem um impasse para decidir se o VEGF claramente pode ser um
biomarcado apropriado para endometriose (GREENE et al., 2016).
A importância dos fatores inflamatórios TNF-α e IL-6, bem como do
potente fator de angiogênese VEGF, também foi demonstrada em ratas com endometriose
induzida (ILHAM et al., 2016) e posteriormente submetidas à supressão ovariana com o
análogo do GnRH denominado de buserelina. Neste caso, as medidas foram realizadas no fluido
peritoneal antes e após o tratamento com buserelina, tendo-se observado uma diminuição
significativa nesses parâmetros após o bloqueio da ovulação. Como a buserelina também é
utilizada no tratamento clínico de mulheres com dificuldade de engravidar, este estudo em ratas
por analogia contribuiu para validar os conhecidos efeitos benéficos dos análogos de GnRH;
terapias que utiliza os agonistas do hormônio liberador de gonadotrofina. (GnRh) não é indicado
para uso em longo prazo por conter alguns efeitos colaterais (ROLLA, 2019), e a utilização de
modelos animais para examinar os possíveis mecanismos da ação protetora de drogas sintéticas
que promovem supressão ovariana.
A via da célula no tecido endometriótico foi bastante pesquisada
principalmente no nível das células estromal endometriótica, que por ter maior quantidade de
lesões exibe a maioria das principais anormalidades moleculares terapeuticamente da
endometriose, resistência a progesterona, produção de estradiol e produção de citocinas. As
células do estroma endometrial ou endometriótica, podem ser mantidas em culturas primárias
para estudar a biologia, já as células epiteliais é um pouco deferente. Mas ainda não há relatos
de mutação somática que tenha sido encontrada nas células estromais endometrioticas, elas
demostram anomalias epigeneticas específicas que podem modificar expressão de fatores-
chave de transcrição, como a produção excessiva do fator esteroidogênico-1, fator de ligação
- 19 - | P á g i n a
Tese de Mestrado – Felipe Rosendo Da Silva
REVISÃO DE LITERATURA

de GATA-6,estrogênio receptor- β, que convenientemente causa inflamação dependente de


estrogênio e expressão deficiente do receptor de progesterona que causa resistência á
progesterona (BULUN et al., 2019).
Os resultados de algumas pesquisas propõem observação nas
características celulares e moleculares da endometriose e isso é um ponto inicial para a
interpretação dos mecanismos complexos da patologia. A menstruação que segue um ciclo
ovulátorio está bem clara a sua associação com endometriose pelo menos nos estágios iniciais.
Vários tipos de tecidos podem estar envolvidos no processo da endometriose. Nesses resultados
deixaram claro a importância estradiol que é essencial para implantação do tecido endometrial
ao peritônio, sobrevivência da lesão, produção de substâncias inflamatórias, como citocinas,
metaloproteinases, prostaglandinas e fatores de crescimento e angiogênese. O receptor de
estrogênio (ER) β é mediador dos efeitos do estradiol na patologia e ativa as vias que aumentam
a sobrevida das lesões, remodelando o tecido peritoneal e pélvico que produz substâncias
inflamatórias, que faz a estimulação de nociceptores nos tecidos pélvicos, assim causando
sintomas clássico que é a dor. O bloqueio da produção de estradiol pode ser farmacológico ou
natural pela menopausa que causa regressão da endometriose e seus sintomas que incluem a
dor. A endometriose tem uma resistência à progesterona devido a uma falha do receptor de
progesterona (PR) nas células estromais endometrióticas (BULUN et al., 2019). A inibição do
estrogênio dá ênfase na importância, o quanto a patogênese da endometriose é dependente dele
e está envolvido na sobrevida das células endometróticas, progressão da lesão e inflamação.
As células estromaisendometrióticas podem exibir uma ampla gama de
genes expressão anormal de receptores nucleares (NRs). Os NRs funcionam como monômeros
e homo/ heterodimeros que regulam a transcrição de genes que são induzidos por hormônios.
Já se sabe que os receptores de estrogênio alfa e beta (ESR1 e ERS2) junto com Receptor de
progesterona (PGR) são os principais receptores de esteroides que estão envolvidos na
fisiopatologia da endometriose. A compreensão do papel NR no processo da patologia pode
revelar oportunidade para desenvolvimento de nova abordagem terapêutica (YILMAZ et al.,
2019).

- 20 - | P á g i n a
Tese de Mestrado – Felipe Rosendo Da Silva
3. OBJETIVOS

- 21 - | P á g i n a
Tese de Mestrado – Felipe Rosendo Da Silva
OBJETIVOS

3.1. Objetivo geral:

Estabelecer um modelo animal de endometriose, fazendo uma


investigação histológica e morfológica de tecidos endometriais ectópicos e eutópicos.

3.2. Objetivos específicos:

1- Reproduzir um modelo de endometriose em camundongos isogênicos


Balb/c pelo implante de tecido endometrial ectópico.
2- Análise histomofométrica do tecido endometrial através da coloração de
hematoxilina e eosina (H.E).

- 22 - | P á g i n a
Tese de Mestrado – Felipe Rosendo Da Silva
4. MATERIAL E MÉTODOS

- 23 - | P á g i n a
Tese de Mestrado – Felipe Rosendo Da Silva
MATERIAL E MÉTODOS

4.1. Animais

Foram utilizados camundongos da linhagem Balb/c fêmeas, 7 a 8 semanas


de idade, criados e mantidos no Laboratório de Experimentação Animal do INFAR/UNIFESP,
credenciado no CONCEA por número 14 da CEUA/UNIFESP. Os animais foram mantidos em
microisoladores (mais de 40 trocas de ar por hora) sob condições padrões de ciclo de luz
claro/escuro (12h/12h), temperatura de (22 ± 2°C), controle de ruído e umidade (55 ± 15% UR)
com fornecimento ad libitum de água esterilizada por filtração e UV e ração para roedores
esterilizada por irradiação, Nuvital CR-1, seguindo as normas estabelecidas pelo biotério.
Todos os procedimentos experimentais foram submetidos à aprovação pelo Comitê de Ética no
Uso de Animais da Universidade Federal de São Paulo UNIFESP/EPM.CEUA
N°:4694020418.

4.2. Indução de endometriose

As lesões endometrióticas foram induzidas no dia 0 por inoculação de


fragmentos finamente cortados de endométrio correspondentes a cerca de 50% (cerca de 15
mg) do tecido endometrial de ambos os cornos uterinos de camundongos singénicos através de
uma pequena incisão laparotômica de linha média vertical no espaço peritoneal logo abaixo do
umbigo. Os camundongos foram tratados com estrógenos em óleo de rícino (Progynon,
Schering, Milão Itália, 100 µg / kg IM.) aos dias -7, 0, 7 e 14. A administração com estrogênio
foi utilizada para sincronizar a fase do ciclo estral.
As amostras uterinas a serem inoculadas foram obtidas a partir de
camundongos singênicos utilizados como doadores. De forma semelhante aos camundongos
induzidos, os camundongos doadores foram tratados com estrogênio no dia -7. No dia 0 um
camundongo doador foi submetido à eutanásia por ministração de anestésicos injetáveis por via
intraperitoneal – Cloridrato de Cetamina (100 mg/Kg) e Xilazina (10 mg/Kg) – seguido de
deslocamento cervical, para cada dois camundongos a serem induzidos com endométrio.
Ambas os cornos uterinos foram removidos utilizando uma técnica asséptica e
subsequentemente colocada numa placa de Petri estéril contendo solução salina normal estéril
(cloreto de sódio 0,9%); Em seguida as amostras uterinas foram suavemente descamadas para

- 24 - | P á g i n a
Tese de Mestrado – Felipe Rosendo Da Silva
MATERIAL E MÉTODOS

separar o músculo uterino do endométrio. Seguindo este procedimento, os tecidos endometriais


foram transferidos para a placa de petri e picados com bisturi. Os fragmentos de endométrio
foram suspensos em 0,8 ml de solução salina normal estéril, por camundongo induzido e
inoculados na cavidade peritoneal, após a administração de anestésicos injetáveis por via
intraperitoneal cloridrato de cetamina (100 mg/Kg) e xilazina (10 mg/Kg). Um exame prévio
foi realizado para garantir que não haverá camadas musculares nos fragmentos a serem
inoculados.
Após a cirurgia de inoculação dos úteros, a fim de promover a
endometriose nos animais receptores, foram ministrado 1 mg/kg via subcutânea de
buprenorfina a cada 8 horas para realizar a analgesia no pós operatório imediato por um período
de 48 horas, em seguida foi ministrado o Tramadol gotas na água de beber com uma dose de
0,5 mg/ml de água até que os animais apresentem sinais de bem-estar, com ausência da dor. Foi
verificado o comportamento do animal, assim como os pelos do dorso e expressão facial com
o intuito de avaliar a dor.
Para confirmar o desenvolvimento do tecido endometrial ectópico do
modelo, aguardamos 21 dias após a indução do endométrio em seguida os camundongos foram
eutanasiados, o abdômen foi inspecionado e lesões endometrióticas foram cuidadosamente
localizadas nos sítios ectópicos na área da superfície. Um diagrama esquemático do
procedimento geral é mostrado na Figura 4.

- 25 - | P á g i n a
Tese de Mestrado – Felipe Rosendo Da Silva
MATERIAL E MÉTODOS

Figura.4–Diagrama esquemático do procedimento para obtenção de modelo animal de


endometriose. (Adaptado de Somigliana et al, 1999).

4.3. Grupos experimentais

Figura.5–Fluxograma da distribuição das camundongas nos 3 grupos. Sendo que: Grupo I -


(controle) animal saudável sem qualquer intervenção; Grupo II - (Sham) animal saudável que
será submetido aos mesmos procedimentos do animal modelo de endometriose, porém não
recebera o implante endometrial ectópico. Grupo III – (Endometriose) animal com implante
endometrial ectópico.

- 26 - | P á g i n a
Tese de Mestrado – Felipe Rosendo Da Silva
MATERIAL E MÉTODOS

4.4. Retirada dos órgãos

Ao final do período experimental todos os animais foram anestesiados com


15 mg/Kg de xilazina (Rompun®, SP, Brasil) associados a 30 mg/Kg de cetamina (Ketalar®,
SP, Brasil) via intraperitoneal, e colocados em posição dorsal. Em seguida foi realizada incisão
abdominal longitudinal na linha média, sendo retirado o útero, onde uma parte será
imediatamente mergulhada em nitrogênio líquido para a análise de biologia molecular e outra
parte em formaldeído a 10% (tampão-fosfato 10 mM, pH 7,4) para posterior processamento
histológico de inclusão em parafina. Ao final da retirada do útero, os animais foram
eutanasiados pelo aprofundamento do plano anestésico e descartado segundo as normas
vigentes na Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP).

4.5. Cortes histológicos

Os endométrios de cada animal foram fixados em paraformaldeído a 4%


(tampão fosfato) por 24 horas e depois desidratado em concentrações crescentes de álcool,
diafanizado pelo xilol e impregnados pela parafina liquida em estufa, regulada à temperatura
de 60 ℃, segundo a metodologia preconizada por Michalany (1998). A inclusão foi realiza de
tal maneira que pode ser observado nas lâminas histológicas, cortes transversais da região dos
cornos uterinos. Em sequência, os blocos foram cortados em micrótomo do tipo Minot, ajustado
para 4 µm com distância entre os cortes de 50µm de acordo com o preconizado por (REGAN
et al., 2005).
Os cortes assim obtidos, foram colocados em lâminas previamente untadas
com albumina de Mayer e mantidos em estufas a temperaturas de 37 ℃, durante 24 horas, para
secagem em colagem. Três lâminas de cada animal foram então submetidas ao método de
coloração pela hematoxilina e eosina (H.E), para análises histomorfometricas.

4.6. Análise histomorfométrica

A avaliação das lâminas foram realizada no laboratório de Biologia da


Estrutural e Funcional da Disciplina de Histologia e Biologia Estrutural da Escola Paulista de
Medicina/Universidade Federal de São Paulo (EPM/UNIFESP). Analisamos a espessura do

- 27 - | P á g i n a
Tese de Mestrado – Felipe Rosendo Da Silva
MATERIAL E MÉTODOS

endométrio x 10(µm2), número de glândulas/área (n/µm2) números de vasos/área (n/µm²) . As


lâminas foram capturadas através de uma câmera de alta resolução (AxioCamICc da Carl Zeiss)
adaptada ao microscópio de luz (AxioLab, Carl Zeiss) com objetivas de 40X que foram
transmitidas ao computador com programa Windows 7 Ultimate. As medidas foram feitas com
auxílio do software AxioVision Se 64 Rel 4.9.1(Carl Zeiss).

4.7. Destinos das carcaças

As carcaças dos animais foram colocadas em sacos brancos de infectantes


e armazenadas no freezer próprio para esta finalidade, após eutanásia e colheita do endométrio.
No final do dia, os sacos foram retirados do freezer e colocados em container apropriados para
matérias infectantes para serem recolhidos pela prefeitura de São Paulo.

4.8. Métodos estatísticos

Para a análise dos resultados foram utilizados, One-way ANOVA seguido


do teste de Tukey. Foram considerados estatisticamente significativos experimentos cujo valor
de p foi menor que 5% (p ≤ 0,05) para significância estatística. Os cálculos foram feitos com o
programa SPSS versão13 (SPSS, Chicago, IL).

- 28 - | P á g i n a
Tese de Mestrado – Felipe Rosendo Da Silva
5. RESULTADOS

- 29 - | P á g i n a
Tese de Mestrado – Felipe Rosendo Da Silva
RESULTADOS

Figura.6–Imagens referentes ao modelo de endometriose, note no grupo GI (controle) não


ocorreu nenhuma alteração anatômica do tecido endometrial, o mesmo aconteceu com o grupo
GII (Sham) que recebeu solução salina representado na figura (A). Já no grupo GIII
(endometriose), notamos importantes mudanças estruturais no tecido, observem na figura (B) a
presença de pontos de lesões pretas que foram identificados por círculos. Na figura (C),
identificado com um quadrado observem que endométrio mostra uma modificação anatômica,
o mesmo encontra-se bem mais robusto do que o normal e notem que ao lado temos um ponto

- 30 - | P á g i n a
Tese de Mestrado – Felipe Rosendo Da Silva
RESULTADOS

de lesão escuro identificado com um círculo. A figura (D) identificado com uma seta
encontramos um foco de lesão vermelho.

Tabela 1. Caracterização do Modelo de endometriose nos diferentes grupos de estudo. Note


que no grupo GIII (endometriose) há a presença de todos os aspectos de alteração anatômica e
suas respectivas lesões.

Grupo I Grupo II Grupo III


Controle Sham Endometriose
Alteração anatômica do tecido endometrial Ausente Ausente Presente
Pontos de lesões pretos Ausente Ausente Presente
Cisto endometriótico Ausente Ausente Presente
Foco de lesão vermelho Ausente Ausente Presente

- 31 - | P á g i n a
Tese de Mestrado – Felipe Rosendo Da Silva
RESULTADOS

Figura.7 –Fotomicrografias do endométrio, nota-se que no grupo I (Controle) as glândulas estão


representadas na forma de um quadrado, perfis de vasos sanguíneos foram identificados em
forma de círculos e a seta indica a camada do endométrio. Não encontramos nenhuma
anormalidade neste grupo. No grupo II (sham), observem a fotomicrografia, glândulas
identificadas na forma de um quadrado, perfis de vasos sanguíneos estão identificados em forma
de círculos e a seta indica a camada do endométrio. Notamos uma leve mudança na espessura
desse endométrio. Já no grupo III (endometriose) as glândulas estão representadas na forma de
um quadrado, perfis de vasos sanguíneos identificados em forma de círculos e a seta indica a
camada do endométrio. Observamos que o endométrio está mais espesso, contém mais vasos

- 32 - | P á g i n a
Tese de Mestrado – Felipe Rosendo Da Silva
RESULTADOS

sanguíneos, na varredura das lâminas encontramos o endométrio de uma forma desordenada.


Objetiva 200x, em coloração de H.E.

Tabela 2. – Médias e desvios-padrão da espessura do endométrio, contagem de números de


glândulas e números de vasos em camundongos fêmeas da linhagem Balb/c, que se encontra
dividido em 3 grupos de comparação; controle, sham e endometriose (GIII ≥GI e GIII.
P>0,001).

Grupo I Grupo II Grupo III


Controle Sham Endometriose
22,86 ± 7,95 29,01 ± 9,37 43,64 ± 5,21
Espessura do endométrio x10³ (µm²)

Números de glândulas/área (n/µm²) 11,54 ± 7,52 6,333 ± 4,34 16,80 ± 12,0

20,04 ± 11,6 19,95 ± 6,64 29,05 ± 10,0


Números de vasos/área (n/µm²)

Número de eosinófilos (n/µm²) 20.21± 4,62 18.16± 7,32 32,45± 8,08

- 33 - | P á g i n a
Tese de Mestrado – Felipe Rosendo Da Silva
6. DISCUSSÃO

- 34 - | P á g i n a
Tese de Mestrado – Felipe Rosendo Da Silva
DISCUSSÃO

Endometriose é definida como a presença de glândulas endometriais e


estroma fora da cavidade uterina, predominantemente, mas não exclusivamente, no
compartimento pélvico. É uma condição inflamatória crônica dependente de estrogênio que
afeta mulheres em seu período reprodutivo e está associada a dores pélvicas e infertilidade
(GIUDICE, 2010).
A hipótese patogênica sustentada pelas evidências baseia-se no chamado
fenômeno da menstruação retrógrada (PARAZZINI et al., 2012). Fragmentos endometriais
viáveis são conduzidos através das trompas de Falópio, possivelmente por um gradiente de
pressão originado de contrações uterinas dessinérgicas. Assim que alcançam a cavidade
peritoneal, podem se implantar, crescer e invadir estruturas pélvicas. A probabilidade deste
evento é influenciada epidemiologicamente por qualquer fator menstrual, reprodutivo ou
pessoal que aumentaria a contaminação pélvica por endométrio regurgitado (PARAZZINI et
al., 2013).
Para compreenderemos as mudanças morfológicas que ocorrem no tecido
endometrial, decidimos reproduzir um modelo que pudesse ter implantação e crescimento
celular em locais ectópicos. Decidimos estabelecer um modelo animal de endometriose,
fazendo uma investigação nos tecidos endometriais ectópicos e eutópicos.
Os modelos experimentais de endometriose criados cirurgicamente em
pequenos animais são classificados em dois tipos: homólogos e heterólogos. Nos modelos
homólogos, o endométrio é obtido do útero do animal e suturado ou disperso na cavidade
peritoneal (AMARAL et al., 2009).
No modelo heterólogo, fragmentos endometriais de humanos são
injetados por via intraperitoneal ou subcutânea, em ambos, lesões endometrióticas são
identificadas morfologicamente neste modelo (AMARAL et al., 2009).
Embora o uso de modelos em primatas seja considerado o melhor modelo,
seu alto custo, e as considerações éticas atuais, tornam o trabalho com esses animais restritivos.
As comparações são dificultadas pelo grande número de técnicas experimentais utilizadas e
pelo grande intervalo filogenético entre os não primatas e os humanos. Sendo que os não
primatas não têm ciclos menstruais e não desenvolvem endometriose espontânea. Ao passo que,
as camundongas além do baixo custo, elas ovulam espontaneamente, e a fase lútea é mais curta
que nos humanos.
Por outro lado, compreendemos que as camundongas não menstruam
como os humanos e portanto, não há sangramento cíclico aparente e em seguida, o reparo
- 35 - | P á g i n a
Tese de Mestrado – Felipe Rosendo Da Silva
DISCUSSÃO

de tecido subsequente as células do estroma eendometriótico. No entanto, nossos dados


mostram claramente o desenvolvimento das lesões endometrióticas que não apenas seus
tamanhos se tornam maiores, mas também a extensão da lesão é aumentada no grupo
endometriose (GIII).
As lesões endometrióticas produzidas nas camundongas são diferentes das
encontradas em humanos, consistindo em cistos que contém fluído seroso claro, sem evidência
de neoangiogênese.
Estudos mostram que o reparo de tecido subsequente nas camundongas se
dá pela secreção de fatores de ativação das plaquetas, como trombina e tromboxano A2,
juntamente com o aumento da angiogênese na endometriose devido ao aumento da expressão
de genes como o VEGF e assim um aumento da permeabilidade vascular , o que resultaria em
extravasamento de plaquetas e agregação na endometriose (ZHANG et al., 2017; GUO et al.,
2016).
Apesar dessas diferenças, os modelos experimentais são de grande
importância para o estudo da doença e o teste de novas modalidades terapêuticas.
Neste estudo, optamos pelo modelo experimental com camundongas, pelo
baixo custo, embasamento prévio da literatura e da resistência desses animais às infecções. Esta
técnica foi descrita por Edgardo Somigliana em 1999, o modelo animal de endometriose foi
amplamente utilizado descrito pela literatura, sendo que uma vez que a técnica cirúrgica seja
simples se torna mais eficiente tendo sucesso no desenvolvimento dos implantes.
Nenhum camundongo morreu durante todo o curso do experimento e só
consideramos pertencente ao grupo GIII, animais que obtiveram alterações morfológicas do
tecido.
Nossos resultados mostram sucesso do modelo de endometriose utilizando
camundongos isogênicos Balb/c pelo implante de tecido endometrial ectópico. Isso porque
utilizar camundongos isogênicos possibilita maior similaridade genética entre as camundongas.
A taxa de sucesso no desenvolvimento macroscópico de lesões de
endometriose foi satisfatória. Entretanto, as lesões não são claras o suficiente para serem
distinguidas do tecido normal adjacente, que dificultou a determinação da área superficial das
lesões, variáveis essenciais no experimento. Especificamente nestes animais não consideramos
para as análises, somente os que obtiveram total alteração morfológica do tecido (Fig.6).
O principal parâmetro analisado no presente estudo foi a área de superfície
dos implantes e neste quesito obtivemos sucesso com os resultados, pois evidenciamos
importantes sítios de implantação de tecido endometrial na parede abdominal das
- 36 - | P á g i n a
Tese de Mestrado – Felipe Rosendo Da Silva
DISCUSSÃO

camundongas, com crescimento local de tecido, mostrando importantes lesões e aderências,


além de cistos escuros. (Fig. 6).
Embora a expressão "endometriose experimental" seja utilizada na
literatura, a rigor, o presente estudo envolveu fragmentos de endométrio normal na parede
abdominal de camundongas saudáveis. Contudo, a correlação real desses focos do tecido
endometrial com a endometriose humana é desconhecida (ROSA E SILVA, 2004).
No entanto, a ampla utilização de protocolos de pesquisa com
endometriose experimental em modelos animais se justifica na medida em que uma avaliação
completa dos implantes em humanos não é viável, uma vez que os métodos diagnósticos são
invasivos (videolaparoscopia ou laparotomia). O desenvolvimento da endometriose
experimental em camundongas segundo o modelo de Somigliana foi satisfatório
(SOMIGLIANA et al., 1999).
Nos propomos a avaliar também os aspectos histomorfometricos do tecido
endometrial com objetivo de verificar as importantes alterações morfológicas do tecido
endometrial. Assim, notamos que o grupo endometriose mostrou um aumento no número de
vasos sanguíneos GIII e glandulares GIII (GIII ≥GI e GIII. P>0,001). Além do evidente
espessamento do epitelial endometrial GIII, quando comparados com o controle GI e Sham GII
(GIII ≥GI e GIII. P>0,001).
Nossos dados corroboram com os resultados encontrados na literatura,
pois lesões em camundongos são encontradas em locais semelhantes aos locais de lesão
humana, sãoresponsivos aos hormônios, expressam morfologia comparável à das lesões
humanas, são organizados com glândulas, epitélio e estroma (JONES et al., 2014; BURNS et
al., 2012, 2018).
De fato, quando analisamos os aspectos morfológicos do tecido
endometrial das camungongas Balb/c, notamos um aumento no número de eosinófilos (GIII
(GIII ≥GI e GIII. P>0,001), mostrando que nestas camundongas a endometriose envolve
também processos inflamatórios como encontrado em humanos (SCHMIDT et al., 2019).
A resposta inflamatória com a presença do aumento dos eosinófilos no
tecido endometrial no grupo GIII, oferece a oportunidade de futuramente medir parâmetros, do
sistema imunológico ou inflamatório antes e após a indução da doença.
Embora a endometriose experimental seja fundamentalmente diferente da
endometriose espontânea, o desenvolvimento desses modelos permite a avaliação de hipóteses
muito específicas (GRUMMER, 2006).

- 37 - | P á g i n a
Tese de Mestrado – Felipe Rosendo Da Silva
DISCUSSÃO

Nosso projeto descreveu um modelo de endometriose de camundongo que


oferece a chance de explorar totalmente a fisiopatologia desta complexa patologia. O modelo
reflete de perto a condição humana como um distúrbio inflamatório dependente de estrogênio,
exibindo características semelhantes do endométrio menstrual, o que contribui para o
aparecimento patológico de lesões peritoneais.
Esperamos que o uso deste modelo forneça informações para estudos
futuros que investiguem o papel das células imunes e do tecido menstrual no desenvolvimento
da endometriose, avance nossa compreensão dos mecanismos da doença da endometriose e
permita a identificação para a terapia da endometriose e estudos de novos alvos e mecanismos
moleculares subjacentes à fisiopatologia da endometriose.

- 38 - | P á g i n a
Tese de Mestrado – Felipe Rosendo Da Silva
7. CONCLUSÃO

- 39 - | P á g i n a
Tese de Mestrado – Felipe Rosendo Da Silva
CONCLUSÃO

O modelo empregado é de fácil execução e boa reprodutibilidade, capaz


de reproduzir as características morfológicas da endometriose, além de possibilitar a obtenção
de análises histomorfometricas do endométrio. Nossas análises mostram que o modelo
reproduzido está relacionado a patogênese da endometriose.

- 40 - | P á g i n a
Tese de Mestrado – Felipe Rosendo Da Silva
8. REFÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

- 41 - | P á g i n a
Tese de Mestrado – Felipe Rosendo Da Silva
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

Amaral VF, Lago EA, Kondoacbc-pr WK, Guarita-Souza LC, Francisco JC. Desenvolvimento
de modelo experimental de endometriose em ratas. Rev. V. 36, n. 3, p. 250-255, Julho 2009.

Andrade AZ, Rodrigues JK, Dib LA, Romão GS, Ferriani RA, Junior AJ, Navarro PAAS.
Marcadores séricos de estresse oxidativo em mulheres inférteis com endometriose. Rev. Bras.
Ginecol. Obstet. Rio de Janeiro, v. 32, n. 6, p. 279-285 Junho 2010.

Amreen S, Kumar P, Gupta P, Rao P. Evaluation of Oxidative Stress and Severity of


Endometriosis. J Hum Reprod Sci. 2019 Jan-Mar; 12(1):40-46.

Berker B, Seval M. Problems with the diagnosis of endometriosis. Womens Health (Lond).
2015 Aug; 11(5):597-601.

Burney RO, Giudice LC. Pathogenesis and pathophysiology of endometriosis. FertilSteril. 2012
Sep; 98(3):511-9.

Bulun SE, Yilmaz BD, Sison C, Miyazaki K, Bernardi L, Liu S, Kohlmeier A, Yin P, Milad M,
Wei J. Endometriosis. Endocr Rev. 2019 Aug 1; 40(4):1048-1079.

Burns KA, Thomas SY, Hamilton KJ, Young SL, Cook DN, Korach KS. 2018. Early
/endometriosis in females is directed by immune-mediated estrogen receptor α and IL-6 cross
talk. Endocrinology 159(1):103–118.

Burns KA, Rodriguez KF, Hewitt SC, Janardhan KS, Young SL, Korach KS. 2012. Role of
estrogen receptor signaling required for endometriosis-like lesion establishment in a mouse
model. Endocrinology 153(8):3960–3971.

Byers SL, Wiles MV, Dunn SL, Taft RA (2012) Mouse Estrous Cycle Identification Tool and
Images. PLoS ONE 7(4): e35538.

Burney RO, Giudice LC: Pathogenesis and pathophysiology of endometriosis. FertilSteril.


2012;98(3):511–9. 10.1016/j.fertnstert.2012.06.029

- 42 - | P á g i n a
Tese de Mestrado – Felipe Rosendo Da Silva
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

Carbonel AAF, Simões RS, Girão JHC, et al. Isoflavones in gynecology. Revista da Associacao
Medica Brasileira (1992). 2018 Jun;64(6):560-564.

Calió ML, Marinho DS, Ko GM, Rodrigues R, Carbonel AF, Oyama LM, Ormanji M, Guirao
TP, Calió PL, Simões MJ, Nascimento TL, Ferreira AT, Bertoncini CRA (2014)
Transplantation of bone marrow mesenchymal stem cells decrease superoxide, apoptosis and
lipid peroxidation in brain of a spontaneously stroke model. Free Radic Biol Med. 2014,
70:141-154.

Cardoso ÉPS, Anselmo NM, Miguel KJ, Silva ABC. Endometriose em diferentes faixas etárias:
Perspectivas atuais no diagnóstico e tratamento da doença. Revista Ciência et Praxis, Brasil, v.
4, n. 8, p. 53-58, 2011.

Colorado LH, Edwards K, Dinh L, Ha S, Liu D, Luu A, Trang S, Yu-Ting TH, Schmid KL.
Associations between the menstrual cycle, lifestyle factors and clinical assessment of the ocular
surface: a prospective observational study. BMC Womens Health. 2020 Feb 7; 20(1):23.

Critchley HOD, Maybin JA, Armstrong GM, Williams ARW. Physiology of the Endometrium
and Regulation of Menstruation. Physiol Rev. 2020;100(3):1149-1179.

Crosera AMLV, Vieira CHF, Samama M, Martinhago CD, UenoJ. Tratamento da endometriose
associada à infertilidade - revisão da literatura, v. 38, n. 5, p. 252-256 Maio 2010.

Dai Y, Li X, Shi J, Leng J. A review of the risk factors, genetics and treatment of endometriosis
in Chinese women: a comparative update. Reprod Health. 2018 May 21; 15( 1):82.

Della Corte L, Di Filippo C, Gabrielli O, Reppuccia S, La Rosa VL, Ragusa R, Fichera M,


Commodari E, Bifulco G, Giampaolino P. The Burden of Endometriosis on Women's Lifespan:
A Narrative Overview on Quality of Life and Psychosocial Wellbeing. Int J Environ Res Public
Health. 2020 Jun 29;17(13):4683.

Fettback, P. B. T. (2010). Expressão qualitativa de genes relacionados à atividade de células


tronco em mulheres inférteis com endometriose peritoneal.
- 43 - | P á g i n a
Tese de Mestrado – Felipe Rosendo Da Silva
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

Furness S, Yap C, Farquhar C, CheongYC. Preand post-operative medical therapy for


endometriosis surgery. Cochrane Database of Systematic Reviews 2004, Issue3. Art.
No.:CD003678.

Franzen R. Efeito do ciclo menstrual na produção de força: revisão de literatura Porto alegre:
p.1-31, 2012.

García-Ibañez P, Yepes-Molina L, Ruiz-Alcaraz AJ, Martínez-Esparza M, Moreno DA,


Carvajal M, García-Peñarrubia P. Brassica Bioactives Could Amelioratethe Chronic
Inflammatory Conditionof Endometriosis. Int J Mol Sci. 2020 Dec 10;21(24):9397.

Giudice, LC Prática clínica. Endometriose. N. Engl. J. Med. 362, 2389–2398 (2010).

Guo S.W., Du Y., Liu X. Endometriosis-derived stromal cells secrete thrombin and
thromboxane A2, inducing platelet activation Reprod. Sci, 23 (2016), pp. 1044 -1052.

Greene AD, Lang SA, Kendziorski JA, Sroga-Rios JM, Herzog TJ, Burns KA. Endometriosis:
where are we and where are we going? Reproduction. 2016; 152(3):R63‐R78.

Grümmer R. Animal models in endometriosis research. Hum Reprod Update. 2006 Sep-Oct;
12(5):641-9.

Horicks F, Van Den Steen G, Houben S, Englert Y, Demeestere I. Folliculogenesis Is Not Fully
Inhibited during GnRH Analogues Treatment in Mice Challenging Their Efficiency to Preserve
the Ovarian Reserve during Chemotherapy in This Model. PLoS One. 2015 Sep 1 ;
10(9):e0137164.

Hughes E, Brown J, Collins JJ, Farquhar C, Fedorkow DM, Vanderkerchove P. Ovulation


suppression for endometriosis for women with subfertility. Cochrane Database of Systematic
Reviews 2007, Issue3. Art. No.:CD000155.

İlhan M, Süntar İ, Demirel MA, Yeşilada E, Keleş H, Küpeli Akkol E. A mixture of St. John's
wort and sea buckthorn oils regresses endometriotic implants and affects the levels of
- 44 - | P á g i n a
Tese de Mestrado – Felipe Rosendo Da Silva
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

inflammatory mediators in peritoneal fluid of the rat: A surgically induced endometriosis


model. Taiwan J Obstet Gynecol. 2016 Dec; 55(6):786-790.

Ilhan M, Gürağaç Dereli FT, Akkol EK. Novel Drug Targets with Traditional Herbal Medicines
for Overcoming Endometriosis. Curr Drug Deliv. 2019; 16(5):386-399.

Joseph S, Mahale SD. Endometriosis Knowledgebase: a gene-based resource on endometriosis.


Database (Oxford). 2019 Jan 1;2019. pii: baz062.

Jones RC. The effect of a luteinizing hormone releasing hormone (LRH) agonist (Wy-40,972),
levonorgestrel, danazol and ovariectomy on experimental endometriosis in the rat. Acta
Endocrinol. 1984; 106(2):282-8.

Jones RE, Lopez KH. 2014. The female reproductive system. In: Human Reproductive Biology.
4th Edition. Cambridge, MA:Academic Press, 23–50.

Keenan JA, Williams-Boyce PK, Massey PJ, Chen TT, Caudle MR, Bukovsky A. Regressão
de explantes endometriais em um modelo de endometriose de rato tratado com os moduladores
imunológicos loxoribina e levamisole. FertilSteril. 1999; 72 (1): 135-41.

Kuperman T, Gavriel M, Gotlib R, Zhang Y, Jaffa A, Elad D, GrisaruD.Tissue-engineered


multi-cellular models of the uterine wall. Biomech Model Mechanobiol. 2020 Jan 29.

Laganà AS, Garzon S, Franchi M, Casarin J, Gullo G, Ghezzi F. Translational animal models
for endometriosis research: a long and windy road. Ann Transl Med. 2018 Nov; 22.

Lima, W. C., Cardoso, T. O., Morte, J. S. B., Bicalho, G. A., Caetano, I. F., Uchoa, R. B., &
Souza, J. H. K. (2017). O uso do análogo do GnRH no tratamento da endometriose. Revista de
Iniciação Científica da Universidade Vale do Rio Verde, 7(1).

Lin X, Dai Y, Tong X, Xu W, Huang Q, Jin X, Li C, Zhou F, Zhou H, Lin X, Huang D, Zhang
S. Excessive oxidative stress in cumulus granulosa cells induced cell senescence contributes to
endometriosis-associated infertility. Redox Biol. 2020 Feb; 30:101431.
- 45 - | P á g i n a
Tese de Mestrado – Felipe Rosendo Da Silva
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

Magalhães EFV, Ferreira HP, Castro JHS, Filho JCR. Sistematização da Assistência de
Enfermagem a uma Paciente com Neoplasia de Colo Uterino: Estudo de Caso. Revista
Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento - NC: 9180 - ISSN: 2448-0959 p 1-7.

Macer ML, Taylor HS. Endometriosis and infertility: a review of the pathogenesis and
treatment of endometriosis-associated infertility. Obstet GynecolClin North Am. 2012
Dec;39(4):535-49.

Mariano AFS. Analise morfológica e histoquímica da endometriose induzida em ratas após o


tratamento com extrato etanólico de Bumeliasartorum Mart. Universidade Federal Rural De
Pernambuco; 2015, p 1-75. Dissertação de mestrado.

Makiyan Z. Endometriosis origin from primordial germ cells. Organogenesis. 2017 Jul 3;
13(3):95-102.

Mehedintu C, Plotogea MN, Ionescu S, Antonovici M. Endometriosis still a challenge. J Med


Life. 2014; 7(3):349‐357.

Michalany J. Técnica histológica em Anatomia Patológica. Editora MIchalany, 3°Ed., São


Paulo, 1998.

Murji A, Biberoğlu K, Leng J, Mueller MD, Römer T, Vignali M, Yarmolinskaya M. Use of


dienogest in endometriosis: a narrative literature review and expert commentary. Curr Med Res
Opin. 2020 Mar 16:1.

Nácul A, Spritzer P. Aspectos atuais do diagnóstico e tratamento da endometriose. Rev. Bras.


Ginecol. Obstet. Rio de Janeiro, v. 32, n. 6, p. 298-307, Junho 2010.

Nogueira AA. Pólipos endometriais. Ver Bras Ginecol Obstet. 2005; 27(5): 289-92.

Parazzini F, Cipriani S, Bravi F, Pelucchi C, Chiaffarino F, Ricci E, Viganò P. A metaanalysis


on alcohol consumption and risk of endometriosis. Am J Obstet Gynecol. 2013 Aug;
209(2):106.e1-10
- 46 - | P á g i n a
Tese de Mestrado – Felipe Rosendo Da Silva
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

Parazzini F. et al. A meta-analysis on alcohol consumption and risk of endometriosis. Am. J.


Obstet. Gynecol. 209, 106.e1–10 (2013).

Parazzini, F., Vercellini, P. &Pelucchi, C. in Endometriosis science and practice (eds Giudice,
L. C., Johannes, L. H. & Healy, D. L.) 19–26 (Wiley-Blackwell Publishing, 2012).

Pereira FEX.G. Desenvolvimento e validação de um modelo de endometriose subcutânea em


ratas para estudo de prováveis mecanismos fisiopatológico e do efeito de drogas. Faculdade
Federal do Ceará. Fortaleza, p 1-78, 2013. Dissertação de mestrado

Podgaec S, Caraça DB, Lobel A, Bellelis P, Lasmar BP, Lino CA, et al. São Paulo: Federação
Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO); 2018. (Protocolo
FEBRASGO - Ginecologia, no. 32/ Comissão Nacional Especializada em Endometriose).

Punaro GR, Maciel FR, Rodrigues AM, Rogero MM, Bogsan CS, Oliveira MN, Ihara SS,
Araujo SR, Sanches TR, Andrade LC, Higa EM. Kefir administration reduced progression of
renal injury in STZ-diabetic rats by lowering oxidative stress. Nitric Oxide. 2014 Feb 15; 37:53-
60.

Rezai S, Giovane RA, Mann T, Patil NM, Bardawil E, Henderson CE, Guan X. Laparoscopic
Vessel Endometriosis Resection Surgery: A Case Report and Review of Literature. Case Rep
Obstet Gynecol. 2019 Dec 12; 2019:1375208.

Regan KS, Cline JM, Creasy D, Davis B, Foley GL, Lanning L, Latendresse JR, Makris S,
Morton D, Rehm S, Stebbins K; STP Ovary Evaluation Working Group. STP position paper:
ovarian follicular counting in the assessment of rodent reproductive toxicity. Toxicol Pathol.
2005; 33(3):409-12.

Rolla E. Endometriosis: advances and controversies in classification, pathogenesis, diagnosis,


and treatment. F1000Res. 2019 Apr 23; 8:F1000 Faculty Rev-529.

Rosa e Silva, JC. Desenvolvimento de um modelo experimental de endometriose em coelha


[dissertação]. Ribeirão Preto (SP): Universidade de São Paulo; 2004.
- 47 - | P á g i n a
Tese de Mestrado – Felipe Rosendo Da Silva
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

Ruiz-Alonso M, Blesa D, Simón C. The genomics of the human endometrium. Biochim


Biophys Acta. 2012 Dec;1822(12):1931-42.

Sampson JA: Peritoneal endometriosis due to the menstrual dissemination of endometrial tissue
into the peritoneal cavity. American Journal of Obstetrics&Gynecology. 1927;14(4):422–469.
10.1016/S0002-9378(15)30003-X

Silva A, Scheneider J, Leite T, Kraievski E. Tratamento fisioterapêutico na endometriose.


Revista Conexão eletrônica. Três Lagoas: Aems, v. 14, n. 1, p 217-227, 2017.

Singh AK, Dutta M, Chattopadhyay R, Chakravarty B, Chaudhury K. Intrafollicular


interleukin-8, interleukin-12, and adrenomedullin are the promising prognostic markers of
oocyte and embryo quality in women with endometriosis. J Assist Reprod Genet. 2016 Oct;
33(10):1363-1372.

Somigliana E, Viganò P, Rossi G, Carinelli S, Vignali M, Panina-Bordignon P. Endometrial


ability to implant inectopic sites can be prevented by interleukin-12 in a murine model of
endometriosis. Hum Reprod. 1999;14(12):2944-50.

Schor E, Freitas V, Soares Jr. JM, Simões MJ, Baracat ED. Endometriose: modelo experimental
em ratas. Ver Bras Ginecol Obstet. 1999; 21(5):281-4.

Schenken RS, Asch RH. Surgical induction of endometriosis in the rabbit: effects on fertility
and concentrations of peritoneal fluid prostaglandins. FertilSteril. 1980; 34( 6):581-7.

Scutiero G, Iannone P, Bernardi G, Bonaccorsi G, Spadaro S, Volta CA, Greco P,Nappi L.


Oxidative Stress and Endometriosis: A Systematic Review of the Literature. Oxid Med CellL
ongev. 2017; 2017:7265238.

Schmidt S. BPA Replacement Chemical Concern: New Evidence from a Mouse Model of
Endometriosis. Environ Health Perspect. 2019 Sep; 127(9):94004.

- 48 - | P á g i n a
Tese de Mestrado – Felipe Rosendo Da Silva
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

Vitale SG, Capriglione S, Peterlunger I, La Rosa VL, Vitagliano A, Noventa M, Valenti G,


Sapia F, Angioli R, Lopez S, Sarpietro G, Rossetti D, Zito G. The Role of Oxidative Stress and
Membrane Transport Systems during Endometriosis: A Fresh Look at a Busy Corner. Oxid
Med Cell Longev. 2018 Mar 21; 2018:7924021

Winarto H, Tan MI, Sadikin M, Wanandi SI. ARID1A Expression is Down Regulated by
Oxidative Stress in Endometriosis and Endometriosis-Associated Ovarian Cancer. Transl
Oncogenomics. 2017 Feb 24; 9:1177272716689818.

Yang S, Wang H, Li D, Li M. Role of Endometrial Autophagy in Physiological and


Pathophysiological Processes. J Cancer. 2019; 10(15):3459-3471. Published 2019 Jun 9.

Yilmaz BD, Bulun SE. Endometriosis and nuclear receptors. Hum Reprod Update. 2019 Jul
1;25(4):473-485.

Zheng P, Jia S, Guo D, Chen S, Zhang W, Cheng A, Xie W, Sun G, Leng J, Lang J.Central
Sensitization-Related Changes in Brain Function Activity in a Rat Endometriosis-Associated
Pain Model. J Pain Res. 2020 Jan 13; 13:95-107.

Zhang Q, Liu X, Guo SW. Progressive development of endometriosis and its hindrance by anti-
platelet treatment in mice with induced endometriosis. Reprod Biomed Online. 2017 Feb;
34(2):124136.

- 49 - | P á g i n a
Tese de Mestrado – Felipe Rosendo Da Silva
9. ANEXO

- 50 - | P á g i n a
Tese de Mestrado – Felipe Rosendo Da Silva
ANEXO

- 51 - | P á g i n a
Tese de Mestrado – Felipe Rosendo Da Silva

Você também pode gostar