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UNIVERSIDADE FEDERAL DE RORAIMA

PRÓ-REITORIA DE ENSINO E GRADUAÇÃO


CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS
CURSO DE BACHARELADO EM MEDICINA VETERINÁRIA

ANA LETICIA FILIZZOLA VASCONCELOS

OBSTRUÇÃO URETRAL EM UM FELINO MACHO: RELATO DE CASO

BOA VISTA, RR
2021
ANA LETICIA FILIZZOLA VASCONCELOS

OBSTRUÇÃO URETRAL EM UM FELINO MACHO: RELATO DE CASO

Trabalho de conclusão de curso apresentado


ao curso de graduação em Medicina
Veterinária da Universidade Federal de
Roraima como pré-requisito para a conclusão
do curso e obtenção do título de bacharel em
Medicina Veterinária. Orientadora: Profa: Dra
Heloísa Pinto de Godoy Siqueira

Boa Vista, RR
2021
ANA LETICIA FILIZZOLA VASCONCELOS

OBSTRUÇÃO URETRAL EM UM FELINO MACHO: RELATO DE CASO

Trabalho de conclusão de curso apresentado


ao curso de graduação em Medicina
Veterinária da Universidade Federal de
Roraima como pré-requisito para a conclusão
do curso e obtenção do título de bacharel em
Medicina Veterinária.

Profa: Dra Heloísa Pinto de Godoy Siqueira


Orientadora / Curso de Medicina Veterinária – UFRR

Profa: Bruna Martins Mota


Membro / Curso de Medicina Veterinária – UFRR

Médica Veterinária Érica Cunha Kunzler Machado


Membro Externo / Consultório Veterinário AGROTEO
À minha avó Marilda da Silva Filizzola (in
memoriam), minha Mãe Isabel Filizzola
Vasconcelos e meus tios Arnaldo Carneiro
Gomes e Maria do Socorro Filizzola Gomes,
por terem transmitido os valores e os princípios
que fazem de mim quem eu sou hoje.
AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar, à minha família, Isabel Filizzola, Maria do Socorro,


Arnaldo Gomes e Isabela Filizzola, por todo incentivo, apoio, paciência e amor
incondicional que me concederam ao longo destes anos, e que, mesmo com a
minha ausência nessa reta final, compreenderam a situação e sempre me deram
forças para continuar. Em especial a minha avó, Marilda da Silva Filizzola (in
memoriam), que onde quer que esteja, sei que está torcendo muito por mim.
Saudade.
Às minhas amigas da faculdade, Karla Daniela, Ana Clara, Bruna Mota,
Flavia Duart, Larissa Tomé, Mylenna Ivina, Pâmela Silva, Raiane Rodrigues,
Vyctória Bessa e Luisa Lima, que tornaram essa trajetória mais leve e divertida.
Choramos, sorrimos e vencemos mais um caminho juntas, desejo todo sucesso a
vocês, pois sei que são e serão grandes Médicas Veterinárias. Minha eterna
gratidão e amizade.
Ao meu namorado, Eustáquio Macedo, por todo incentivo, companheirismo e
carinho, por estar comigo a cada instante e, mesmo nos momentos de aperreio,
conseguir me tranquilizar e me fazer enxergar que no final tudo daria certo. Sem o
seu suporte eu não teria conseguido. Obrigada por tanto.
À querida equipe Batistella/RR, Alzinéia, Lidiane, Patrick e Amanda, por me
apoiarem na finalização desse curso e me oferecem um ombro amigo e conselhos
nos dias em que minha única vontade era desistir. Especialmente, a minha amiga-
chefe-professora, Amanda Meneghin, que me acolheu, apoiou, incentivou e sempre
me recebeu de braços abertos nos momentos de desespero, me ajudando de todas
as formas que era capaz. Você foi essencial no fim desse ciclo, sua amizade foi um
grande presente que a Batistella trouxe para minha vida.
Aos meus colegas e supervisores de estágio da clínica veterinária
VetCompany, Luciana Moraes, Alessandro Carvalho, João Clímaco, Ismael Braz,
Rafaela Teixeira, Marcelo Faustino, Rodrigo Pantoja e Arissa Vasconcelos, que
sempre me tiravam um sorriso no final do dia e tornaram a experiência do ESO a
melhor que eu poderia ter. Nunca irei me esquecer das nossas conversas e risadas
regadas a lanches e coca cola. Essa rotina com vocês foi fundamental na conclusão
desse período.
À Cibele Mota, Joana Palomino e Catherine Menezes, obrigada pelos longos
anos de amizade. Vocês são as melhores amigas que eu poderia ter.
A todos meus amigos, em particular ao grupo SA, que de alguma forma
colaboraram para eu conseguir encerrar esse ciclo, seja com palavras motivadoras
ou conversas reconfortantes, vocês foram imprescindíveis em cada pedacinho dessa
rotina conturbada.
Aos animais que já passaram pela minha vida, que contribuíram
despertando esse sonho incrível de ser médica veterinária, especialmente aos meus
filhos de quatro patas, que me ensinaram o quão conflitante, mas gratificante, é ser
tutora e veterinária, mostrando o quão tênue é esse laço que une a medicina ao
caloroso amor deles.
À professora Fabíola Niederauer Flores, por inicialmente ter me orientado e
dedicado seu tempo a mim. Obrigada pelo carinho e grandes ensinamentos.
À minha orientadora, Heloisa Pinto de Godoy Siqueira, por todo
aprendizado, ajuda e paciência que viabilizou a realização deste trabalho. Obrigada
por acreditar em mim. Você é uma profissional inspiradora.
Ao meu coorientador, Daniel Dourado Guerra Segundo, por todas as
correções necessárias que somaram com o desenvolvimento desse TCC.
A todos os professores do curso de Medicina Veterinária, minha gratidão,
respeito e admiração, obrigada por compartilharem todo conhecimento e
colaborarem com mais esse degrau na minha vida. Aprendi muito com todos vocês.
Meu muito obrigada a todos, que contribuíram de alguma forma para chegar
aonde cheguei.
"Existem duas maneiras de nos refugiarmos
das agruras da vida: a música e os gatos."
(Albert Schweitzer)
RESUMO

Doença do Trato Urinário Inferior dos Felinos (DTUIF) é o termo utilizado para se
referir a qualquer enfermidade que afeta a vesícula urinária ou a uretra dos gatos
domésticos. Acomete principalmente felinos machos, de vivência intradomiciliar e
com baixa ingestão de água. Tem como principais sinais clínicos disúria, hematúria
e polaciúria, que podem estar relacionados a obstrução uretral ou não. A obstrução
uretral representa grande risco à vida do paciente e a condições clínicas que o
conduzem à necessidade de intervenção terapêutica imediata. Em casos
recorrentes, deve-se indicar a cirurgia de uretrostomia perineal. O resultado pós-
cirúrgico evita novas obstruções, mas também pode acarretar complicações se não
houver o cuidado adequado. Desta forma, o objetivo desse trabalho foi relatar o caso
de um felino, macho, de 5 anos de idade, que apresentava anorexia, inapetência e
estrangúria. A partir do diagnóstico de obstrução uretral, foi realizado o
procedimento de desobstrução, contudo, após 25 dias o animal apresentou recidiva,
sendo indicado a cirurgia de uretrostomia perineal. No entanto, o felino apresentou
complicações, uma vez que o pós-operatório não foi realizado de forma apropriada,
o que levou o animal a um quadro de estenose e, posteriormente, a efetuação do
procedimento cirúrgico para correção da estenose.

Palavras-chave: DTUIF. Gatos. Uretrostomia perineal. Estenose.


ABSTRACT

Feline lower urinary tract disease (FLUTD) is the term used to refer to any pathology
affecting domestic felines' urinary vesicles or urethras. It affects indoor living, low
water intake, male cats, mainly. Its key symptoms are dysuria, hematuria, and
pollakiuria which may or may not be related to the urethral obstruction. Urethral
obstruction represents enormous risks for the patient's life, leading to conditions that
require immediate therapeutic intervention. In recurrent episodes, perineal
urethrostomy must be indicated, whose results prevent new obstructions, but may
also entail complications if not properly taken care. Along these lines, the objective of
this essay was to report the case of a five-year-old male cat, struggling with anorexia,
inappetence, and stranglehold. Starting with the urethral obstruction diagnosis, a
clearance procedure took place, until 25 days later when the animal began relapsing,
which led to the perineal urethrostomy. However, since postoperative care wasn't
properly provided, the animal suffered from stenosis, which later required surgical
intervention.

Keywords: FLUTD. Cats. Perineal Urethrostomy. Stenosis


LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Diagrama do trato urinário inferior de um felino


macho.....................17
Figura 2 - Enriquecimento ambiental de brinquedos para felinos....................26
Figura 3 - Animal no pós-cirúrgico sem colar
elizabetano................................29
Figura 4 - Estenose do óstio uretral e deiscência de
sutura.............................29
Figura 5 - Sonda uretral no pós-cirúrgico da correção da
estenose..................30
Figura 6 - Pontos cirúrgicos após 5 dias da realização da correção de
estenose por uretrostomia
perineal.................................................................30
Figura 7 - Pontos cirúrgicos após 7 dias da
cirurgia.........................................31
Figura 8 - Óstio uretral cicatrizado após retirada dos
pontos............................31
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Resultado do exame laboratorial de hemograma do paciente felino,


macho, 5 anos, 3,8 kg, realizado em Boa
Vista/RR..........................27
Tabela 2 - Resultado do exame bioquímico do paciente felino, macho, 5 anos,
3,8 kg, realizado em Boa Vista/RR..................................................27
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABINPET - Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de


Estimação
CIF – Cistite Idiopática Felina
DTUIF – Doença do Trato Urinário Inferior de Felinos
GAG’s – Glicosaminoglicanos
pH – Potencial Hidrogeniônico
IV - Intravenosa
SC – Subcutânea
SID – Uma vez ao dia
Mg/kg – Miligramas por quilograma
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO....................................................................................................... 14
2 REVISÃO DE LITERATURA..................................................................................16
2.1 A IMPORTÂNCIA DOS FELINOS NA MEDICINA VETERINÁRIA......................16
2.2 ANATOMIA DO TRATO URINARIO INFERIOR DE FELINOS MACHOS...........17
2.3 CARACTERIZAÇÃO DA DOENÇA DO TRATO URINÁRIO INFERIOR DE
FELINOS................................................................................................................... 18
2.3.1 Doença não-obstrutiva do trato urinário inferior.........................................18
2.3.1.1 Cistite Idiopática Felina..................................................................................18
2.3.2 Condições obstrutivas do trato urinário inferior.........................................19
2.3.2.1 Tampões uretrais...........................................................................................19
2.3.2.2 Urolitíase........................................................................................................19
2.4 MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS DE FELINOS ACOMETIDOS POR DOENÇA DO
TRATO URINÁRIO INFERIOR DE FELINOS............................................................20
2.5 MÉTODOS DIAGNÓSTICOS..............................................................................20
2.5.1 Exames radiográficos e ultrassonográficos................................................21
2.5.2 Exames laboratoriais......................................................................................21
2.6 ABORDAGENS TERAPÊUTICAS.......................................................................22
2.6.1 Gatos não-obstruídos.....................................................................................22
2.6.2 Gatos obstruídos............................................................................................23
2.7 MÉTODOS DE PREVENÇÃO DA DOENÇA DO TRATO URINÁRIO INFERIOR
DE FELINOS............................................................................................................. 25
3 RELATO DE CASO................................................................................................26
4 DISCUSSÃO.......................................................................................................... 31
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................... 36
REFERÊNCIAS......................................................................................................... 37
15

1 INTRODUÇÃO

A Doença do trato urinário inferior felino (DTUIF) é caracterizada por um


processo inflamatório das vias urinárias inferiores, que pode ser classificada em dois
grupos principais: o primeiro, onde o processo inflamatório da uretra é associado a
presença de cristais ou cálculos, e o segundo grupo, aquele onde agentes
infecciosos, traumas, neoplasias da uretra e até fatores idiopáticos, como a Cistite
Idiopática Felina (CIF) podem estar relacionados a formação da enfermidade
(MARSHALL, 2011; SENIOR, 1990; WEISSOVA E NORSWORTHY, 2011).
De acordo com Martins et al. (2013), o perfil dos gatos que são acometidos
pela doença inclui machos, castrados, obesos, sedentários, de um a dez anos de
idade, que convivem com outros animais e se alimentam unicamente de ração seca,
além de possuírem uma baixa ingestão de água durante o dia.
As manifestações clínicas mais comuns envolvem hematúria, disúria,
polaciúria, lambedura genital excessiva e obstrução uretral completa e incompleta
(JUNIOR; CAMOZZI, 2015). A obstrução da uretra pode ocorrer por oclusão
mecânica, quando há acúmulo de sedimentos no local da obstrução, como tampões
uretrais e urólitos, ou neoplasisas; por oclusão anatômica, quando há lesão na uretra
que causa esse bloqueio; e por oclusão funcional, quando há excessiva resistência
da musculatura do colo vesical ou da uretra resultando na inabilidade de micção
(GALVÃO, 2010).
Em gatos, a obstrução uretral é umas das afecções de urgência mais
comuns na rotina veterinária apresentando uma maior predisposição em gatos
machos, pelo fato de anatomicamente apresentarem uma uretra com diâmetro
menor, comparado com a da fêmea (LITTLE, 2015). Gatos que tem uma dieta
industrializada unicamente seca apresentam uma propensão maior a obstrução
(RECHE; HAGIWARA; MAMIZUKA, 1998). A formação de plugs e cristais na uretra
são os achados mais frequentes e a principal queixa dos tutores envolve a micção
em locais inapropriados (JUNIOR; CAMOZZI, 2015).
As manifestações clínicas podem ser tornar sistêmicas caso a obstrução não
seja resolvida entre 24 e 48 horas, apresentando sinais como letargia, fraqueza,
vômito e anorexia, além de desequilíbrios eletrolíticos e ácidos-básicos que
necessitam de uma rápida estabilização do paciente. O diagnóstico, de forma rápida
e direta, junto com a história clínica e exames complementares, é realizado durante
16

o exame físico por meio da palpação da bexiga, onde o gato demonstrará dor
(LITTLE, 2015; MARSHALL, 2011).
De acordo com Galvão (2010), o animal obstruído apresenta um elevado
risco de evoluir para óbito, portanto deve ser tratado como caso de emergência e o
tratamento consiste na correção dos efeitos sistêmicos da uremia, no alívio da
obstrução e na prevenção da sua recidiva. Caso os protocolos clínicos não sejam
eficazes, o procedimento cirúrgico é recomendado. Nesses casos, a técnica mais
utilizada é a uretrostomia perineal (CARVALHO et. al, 2020).
17

2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 A IMPORTÂNCIA DOS FELINOS NA MEDICINA VETERINÁRIA

Os animais de estimação estão cada vez mais inseridos na rotina dos seres
humanos. A relação homem-animal ocorre há anos, sendo a relação com os felinos
a mais atual, há cerca de 10 mil anos atrás, onde os gatos eram domesticados
apenas para controlar o número de ratos, pois estes comiam grãos destinados a
alimentação humana. Essa domesticação inicial do gato não resultou em
modificações comportamentais, contudo, posteriormente, a influência do ser humano
no comportamento felino foi tornando-se cada vez mais significativa (GRISOLIO et
al., 2017; PAZ, 2013).
No Brasil, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Produtos para
Animais de Estimação (ABINPET), a população total de animais de estimação é de
144,3 milhões, sendo destes, 25,6 milhões de felinos (ABINPET, 2019). O gato, foi o
animal que mais cresceu como escolha para domesticação, cerca de 8,1% desde
2013 até 2019 (INSTITUTO PET BRASIL, 2019). Com esse alto número de felinos
domesticados, a procura por profissionais especializados nessa espécie vem
aumentando gradativamente, tornando-se necessário o aprofundamento nessa área
clínica da medicina veterinária (GRISOLIO et al., 2017).
Devido à rotina movimentada da população brasileira, há pouco tempo
disponibilizado para os animais no dia a dia dos tutores, sendo a espécie felina mais
adepta à essas situações comparadas aos cães, pois os gatos domésticos
mantiveram características comportamentais de seus antecessores selvagens. No
entanto, se o animal não tiver recursos ambientais suficientes para expressar seu
comportamento natural, pode haver o surgimento de situações que desencadeie
estresse e ansiedade, que podem contribuir para o aparecimento de alterações
comportamentais e enfermidades em diversos sistemas, como cardiovascular,
locomotor, digestivo e urinário (LIMA et al., 2020).
Os felinos domésticos são frequentemente acometidos por doenças do trato
urinário inferior, sendo este um termo generalista que se refere a qualquer distúrbio
que envolva problemas na bexiga ou na uretra dos gatos (NELSON; COUTO, 2015).
Uma causa importante da Doença do Trato Urinário Inferior de Felinos (DTUIF) é a
obstrução uretral de gatos machos, comum na rotina clínica veterinária e
18

considerada como emergência, pois causa diversos desequilíbrios sistêmicos que


podem levar o animal a óbito (SANTOS, 2018).

2.2 ANATOMIA DO TRATO URINARIO INFERIOR DE FELINOS MACHOS

De acordo com Kaufmann et al. (2009), o trato urinário inferior de felinos é


constituído pela vesícula urinária e uretra.
A vesícula urinária é um órgão musculomembranoso oco que tem como
função armazenar urina, e seu tamanho e posição variam de acordo com a
quantidade de urina que contém. Este órgão pode ser dividido em três partes: ápice
cranial, corpo intermediário e colo caudal. A mucosa da vesícula urinária possui
pregas quando está vazia, e quando há distensão essas pregas somem, com
exceção de duas que se prolongam da abertura ureteral até o colo e formam a crista
uretral, que é contínua com a uretra (KAUFMANN et al., 2009; KONIG et al., 2011).
No macho, além de conduzir o transporte da urina ao meio externo, a uretra
também transporta o sémen e as secreções seminais (KONIG et al., 2011). A uretra
dos gatos machos passa o canal pélvico (uretra pélvica) e continua pelo pênis
(uretra peniana), e a próstata, que está posicionada no meio da uretra pélvica, divide
a uretra em pré-prostática, prostática e pós-prostática (FIGURA 1). Ao contrário da
uretra das fêmeas, a do macho é mais alongada, estreita e menos distensível,
apresentando maior predisposição à quadros obstrutivos uretrais (FIGURA 2)
(BARROS, 2016; KONIG et al., 2011).
Figura 1 - Diagrama do trato urinário inferior de um felino macho.

Fonte: adaptado de HOSTUTLER et al. (2005).


19

2.3 CARACTERIZAÇÃO DA DOENÇA DO TRATO URINÁRIO INFERIOR DE


FELINOS

A DTUIF é diagnosticada com frequência na clínica médica veterinária,


porém existe grande dificuldade em indicar precisamente sua etiologia, pois é
multifatorial e idiopática. Essa doença é caracterizada por uma série de sinais
clínicos relacionados a um processo inflamatório da vesícula urinária e/ou uretra,
como hematúria, disúria, polaciúria, periúria e obstrução uretral . Apresenta diversos
fatores de risco como obesidade, sedentarismo, domesticação inadequada,
estresse, convivência com outros felinos, manejos alimentar e sanitários incorretos,
ingestão de ração seca e baixo consumo hídrico (LENZI, 2015; RECHE; CAMOZZI,
2015; ROSA, 2010).

Segundo Ettinger e Feldman (2016), as causas mais comuns da DTUIF são


a cistite idiopática, tampões uretrais e a urolitíase. Porém, em casos raros, também
pode ser desencadeada por malformações congênitas, neoplasias, distúrbios
inflamatórios iatrogênicos ou neurológicos.

2.3.1 Doença não-obstrutiva do trato urinário inferior

2.3.1.1 Cistite Idiopática Felina

A Cistite Idiopática Felina (CIF) pertence ao grupo de etiologias da DTUIF e


tem sido apontada como uma das principais causas da formação de doença não-
obstrutiva do trato urinário, cerca de 50% a 60% dos casos (BOAVISTA, 2015). É
caracterizada por uma inflamação da vesícula urinária que gera sintomatologia do
trato urinário inferior e, geralmente, resolve-se de forma espontânea ao fim de 4 a 7
dias, com utilização ou não de tratamento (HOSTUTLER et al., 2005; WEISSOVA;
NORSWORTHY, 2011).

O estresse é o maior fator predisponente da doença, contudo, mudanças


ambientais, nutricionais, raça, sexo e idade também podem induzir a enfermidade
(OLIVEIRA et al., 2017). Para BOAVISTA (2015), a CIF tem diversos fatores não
elucidados que compõe a sua etiologia, sendo a relação com os glicosaminoglicanos
(GAG’s) a hipótese mais aceita.
20

Os glicosaminoglicanos (GAG’s) revestem o epitélio da vesícula urinária e


promovem uma proteção contra microorganismos e substâncias que podem se fixar
nesse epitélio. A excreção de GAG’s em felinos com CIF é diminuída quantitativa e
qualitativamente, demonstrando que a vesícula pode estar mais suscetível a
inflamação devido ao contato do epitélio vesical com substâncias nocivas da urina
(RECHE; HAGIWARA, 2004).

2.3.2 Condições obstrutivas do trato urinário inferior

2.3.2.1 Tampões uretrais

Boavista (2015) afirma que, cerca de 10 a 21% dos gatos machos


diagnosticados com DTUIF apresentam tampões uretrais. Acredita-se que, no
processo de formação dos tampões uretrais, há constantes inflamações da vesícula
urinária associadas à cristalúria, que induzem a diminuição da integridade vascular
vesical, levando a um aumento da concentração na urina de proteínas, leucócitos,
hemácias, bactérias, vírus, células epiteliais e outros debris do lúmen vesical que,
consequentemente, induzem a formação dos tampões (SIQUEIRA, 2020).

2.3.2.2 Urolitíase

A urolitíase é a formação de cálculos dentro do trato urinário, que acomete


de 20% a 23% dos casos de felinos diagnosticados com DTUIF obstrutiva
(BOAVISTA, 2015). A presença de urólitos ou cristais causam irritação no epitélio
das vias urinárias, e, junto a um potencial hidrogeniônico (pH) favorável, formam
cálculos e sedimentos (PORTELA, 2016).

Os gatos são animais que naturalmente possuem uma baixa ingestão hídrica
durante o dia, e esse fator torna sua urina hipersaturada que os deixam mais
predispostos à formação de urólitos (GUNN-MOORE, 2003). Contudo, fatores como
sexo, dieta, pH da urina, obesidade, estilo de vida, distúrbios metabólicos e uso de
fármacos também devem ser considerados predisponentes à formação de urólitos,
sendo os de estruvita e oxalato de cálcio os mais encontrados em felinos (WAKI;
KOGIKA, 2015).
21

2.4 MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS DE FELINOS ACOMETIDOS POR DOENÇA DO


TRATO URINÁRIO INFERIOR DE FELINOS

Os sinais clínicos habituais da DTUIF iniciam-se com a polaciúria, com ou


sem obstrução, estrangúria, periúria e hematúria, que consiste em várias tentativas
do gato de urinar em locais não usuais de micção, com ejeção de poucos jatos de
urina com a coloração avermelhada ou não. Nestes casos, é comum a associação
de uremia, anorexia e prostração ao quadro clínico (FORRESTER, 2004).
No felino que se encontra obstruído, os sinais clínicos dependem do grau e
da duração da obstrução, porém são clássicos de doença do trato urinário inferior,
acompanhada com a incapacidade de urinar, além de apresentarem desidratação,
apatia e anorexia (GALVÃO, 2010; WEISSOVA; NORSWORTHY, 2011). Esta
situação preocupante chama atenção dos tutores, pois o animal permanece em
posição de micção por muito tempo sem expelir urina, vocaliza devido ao
desconforto e lambe incansavelmente a genitália e o abdômen, demonstrando dor e
angústia, sendo o principal motivo de procurarem ajuda profissional (FORRESTER,
2004; ROSA, 2010).

2.5 MÉTODOS DIAGNÓSTICOS

O diagnóstico pode ser alcançado realizando um exame clínico e físico do


trato urinário inferior e região perineal circundante do paciente de forma detalhada,
além de uma anamnese bem feita, observando possíveis fatores ambientais que
possam contribuir na ocorrência da doença, correlacionando com os sinais clínicos.
O auxílio de exames complementares radiográficos, ultrassonográficos e exames
laboratoriais, como urinálise, hemograma e dosagem de enzimas bioquímicas são
imprescindíveis, pois constituem uma importante ferramenta para determinar a
evolução e o prognóstico do animal (ROSA, 2010; LENZI, 2015).
Clinicamente, durante o exame físico, o paciente sem obstrução aparenta
estar sadio, com a bexiga pequena, levemente espessada e sem dificuldades para
ser esvaziada, contudo, pode ou não demonstrar uma palpação abdominal dolorosa
(GRAUER, 2003; RECHE; CAMOZZI, 2015). No entanto, o paciente obstruído
apresenta a bexiga repleta, firme, distendida e sensível, causando dor à palpação,
sendo provável que o animal não a permita. O pênis encontra-se hiperêmico e
edemaciado, podendo apresentar necrose na sua extremidade, por conta da
22

lambedura excessiva do órgão. Debris cristalinos também podem ser encontrados


depositados ao redor do pênis, prepúcio e períneo (MARSHALL, 2011).

2.5.1 Exames radiográficos e ultrassonográficos

A radiografia abdominal, que envolve a uretra pélvica e peniana, e a


ultrassonografia, são exames indicados em todos os casos para descartar a
presença de urólitos radiopacos e tampões uretrais cristalinos, sendo a ultrassom o
exame mais indicado para a detecção de urólitos na bexiga e a radiografia para a
detecção da presença deles na uretra (GALVÃO, 2010; NORSWORTHY et al.,
2011).
A avaliação ultrassonográfica traz uma boa precisão no diagnóstico de
cálculos vesicais, além de analisar a integridade do trato urinário superior e inferior
verificando a presença de tampões e urólitos na vesícula que possam migrar para a
uretra, e assim, gerar a obstrução (GALVÃO, 2010). Durante a ultrassom, também
pode-se observar de forma menos invasiva e bastante confiável, o espessamento da
parede vesical se a bexiga estiver consideravelmente distendida (RECHE;
CAMOZZI, 2015; SILVA et al., 2013).

2.5.2 Exames laboratoriais

Para analisar o grau da infecção vesical ou uretral, desequilíbrios hídrico


eletrolíticos e ácido básico e a função renal e hepática do paciente, exames de
hemograma e bioquímica sérica são extremamente importantes, além de sugerirem
informações gerais sobre a saúde do felino (SILVA et al., 2013).
No caso de animais obstruídos, é indicada a avaliação da função renal por
meio de marcadores séricos, como a uréia e a creatinina, pois estes podem
apresentam quadros de azotemia que variam de indetectável a grave, visto que
depende de quanto tempo o animal apresenta a obstrução (NORSWORTHY et al.,
2011). Discreta hiponatremia, hipercalemia, hipermagnesemia, hiperfosfatemia,
hiperglicemia, hiperproteinemia, hipocalcemia, hipocloremia e azotemia pós-renal
estão entre os achados laboratoriais mais usuais nos exames bioquímicos de um
paciente obstruído (ROSA, 2010).
23

A urinálise é um exame essencial para todos os gatos que estiverem


apresentando sinais clínicos de DTUIF e as amostras deverão ser avaliadas em até
60 minutos após coleta. Há diversos métodos para realização da coleta da urina,
contudo, a cistocentese tornou-se padrão pois há benefícios como a facilidade na
realização, tolerância pelos pacientes e as amostras não estão contaminadas pelo
trato urogenital distal (LITTLE, 2012).
Gatos obstruídos apresentam no exame de urina intensa hematúria,
justificada pelo processo inflamatório da vesícula urinária e pela sua distensão.
Neste exame, também é possível obter informações como o pH urinário, o grau de
hematúria, a presença de células inflamatórias, bactérias e/ou cristais na urina,
sendo o resultado da urinálise tipicamente caracterizado por anormalidades que
indicam inflamação que podem estar associadas a infecção ou não (CORGOZINHO;
SOUZA 2003; SIQUEIRA, 2020).
De acordo com Corgozinho e Souza (2003), se a urinálise for indicativa de
piúria ou bacteriúria, a cultura da urina deve ser realizada e caso haja qualquer
crescimento bacteriano na amostra urinaria colhida por cistocentese, haverá a
presença de infecção. Staphylococus spp. e Proteus spp. são bactérias produtoras
de urease, que quando se encontram presentes na urina, favorecem a formação de
urólitos de estruvita. No sedimento urinário, são encontrados poucos leucócitos e a
cristalúria é incerta.
Para selecionar protocolos terapêuticos corretos, a análise do urólito deve
ocorrer para analisar sua composição e mediar uma forma de dissolver e prevenir
uma nova formação de cálculos (ROSA, 2010).

2.6 ABORDAGENS TERAPÊUTICAS

Para instituição de um tratamento adequado, cada caso deve ser avaliado


individualmente, sendo necessário a realização de um bom histórico e anamnese do
animal para obter informações importantes como, se é a primeira vez que ocorre a
doença ou é recidiva, se o animal encontra-se obstruído e como está seu estado
clínico (RECHE; CAMOZZI, 2015).

2.6.1 Gatos não-obstruídos


24

Segundo Little (2012), o felino não obstruído tem uma terapêutica voltada
para a melhoria do manejo ambiental, redução de possíveis fatores estressantes,
alterações alimentares, aumento da ingestão hídrica do paciente e tratamento
medicamentoso. De modo geral, a doença tem resolução clínica entre 5 a 10 dias,
contudo, o paciente poderá apresentar quadros de dor e desconforto nos momentos
de crise, que devem ser controlados com uso de analgésicos e anti-inflamatórios
(GUNN-MOORE, 2003; RECHE; CAMOZZI, 2015).

2.6.2 Gatos obstruídos

O gato obstruído deve ser tratado como emergência, devido as alterações


hidroeletrolíticas e acidobásicas que podem levar o animal a morte, e seu tratamento
deve ser baseado no tempo de duração e no grau da obstrução. O tratamento tem
como objetivo, primeiramente, corrigir as alterações sistêmicas por meio da
fluidoterapia e reposição de eletrólitos, pois gatos com obstrução uretral podem
apresentar desidratação de moderada a grave e diferentes graus de distúrbios
eletrolíticos e azotemia (LITTLE, 2015; SILVEIRA et al., 2016; SOUZA, 2003).
Segundo Silveira et al. (2016), devido as complicações sistêmicas que o
quadro obstrutivo pode acarretar, a primeira intervenção terapêutica aconselhada é
a estabilização do paciente, visando a correção da desidratação, hipovolemia,
hipercaliemia e azotemia, administrando fluidoterapia de ringer com lactato por via
intravenosa, controlando a dor e promovendo sedação ou anestesia para realização
de procedimento de descompressão da vesícula urinária por métodos de
cistocentese e cateterização uretral para viabilizar a excreção urinária (HOSTUTLER
et al., 2005).
A cistocentese é indicada antes do reestabelecimento do fluxo uretral, para
descompressão da vesícula urinária quando esta encontra-se hiperdistendida,
proporcionando um alívio temporário dos efeitos adversos causados pela obstrução,
além de diminuir os riscos da ruptura da vesícula durante a sondagem. Esse
procedimento também viabiliza a coleta de urina não contaminada para análise,
cultura e antibiograma (HOSTUTLER et al., 2005; SOUZA, 2003).
Pode-se realizar uma massagem peniana objetivando a eliminação de
tampões uretrais ou cálculos que possam estar na porção distal da uretra, e, caso
não haja êxito, pode ser feito uma compressão suave na bexiga. Caso o fluxo
25

urinário não volte, o próximo passo é a introdução de uma sonda uretral que deve ter
a ponta arredondada, ser atraumática, flexível e lubrificada com lubrificante estéril
para realização do procedimento (GALVÃO, 2010; LITTLE, 2015).
A sonda é introduzida até alcançar a oclusão mecânica para realizar a
hidropropulsão com solução salina estéril, que promove uma pressão sobre o
conteúdo obstrutor fazendo com que ele vá para o interior da vesícula urinária e haja
a desobstrução. Após esse processo, faz-se necessário a realização da lavagem
vesical, que consiste na introdução e remoção de solução salina diversas vezes até
que se obtenha uma urina clara e livre de cristais e sangue, sendo que a maioria dos
tampões uretrais são expelidos da uretra após essa técnica (NELSON; COUTO,
2010; SOUZA, 2003).
Após a desobstrução, é recomendado a permanência da sonda urinária por
24 a 48 horas para evitar que ocorra recidiva do quadro obstrutivo e seja realizado
lavagens vesicais constantes (GALVÃO, 2010; SOUZA, 2003). Também deve ser
feito administração de analgésicos e anti-inflamatórios para alívio da dor e reposição
hidroeletrolítica (RECHE; HAGIWARA; MAMIZUKA, 1998). Segundo Little (2015), o
uso de antibióticos deve ser instituído apenas quando há resultado positivo de
infecção sistêmica ou do trato urinário, pois grande parte dos animais obstruídos
apresentam urina estéril, e o uso indiscriminado de antibioticoterapia pode induzir à
uma resistência bacteriana.
Após a retirada da sonda, o animal deve ser mantido em observação
hospitalar por 24 horas para avaliação da vesícula urinária e da recorrência da
obstrução (NELSON; COUTO, 2010; SOUZA, 2003).
De acordo com Waldron (2011), quando a cateterização da uretra não é
eficaz no processo de desobstrução ou o felino sofre por recorrentes episódios de
obstrução uretral não responsivos ao tratamento clínico, a conduta mais adequada é
a indicação da uretrostomia perineal. A uretrostomia perineal é um procedimento
cirúrgico, adjuvante à terapia clínica, que consiste na criação de uma fístula na
uretra pélvica três a quatro vezes maior do que a abertura uretral peniana fisiológica
junto com a amputação do pênis, tornando mais difícil a obstrução uretral
(CORGOZINHO, 2006; SOUZA, 2003).
Após a cirurgia, é necessário a utilização de colar elisabetano para evitar
trauma na ferida cirúrgica e sondas uretrais devem ser evitadas pois podem levar a
26

estenose, infecção bacteriana e deiscência das suturas (CORGOZINHO, 2006;


MACPHAIL, 2014).
As complicações mais comuns decorrentes da uretrostomia, são infecção
bacteriana do trato urinário inferior, quadros de estenose uretral, extravasamento de
urina e deiscência de sutura (WALDRON, 2011).
Conforme Souza (2003), a infecção bacteriana urinária nessa cirurgia, pode
ocorrer por conta da retirada uma porção da uretra, pela formação de um orifício
uretral muito grande ou pela proximidade do orifício uretral com o ânus. A deiscência
da sutura ocorre quando não são seguidas as medidas recomendadas no pós-
operatório da cirurgia e o felino acaba efetuando a automutilação.
A estenose uretral é a complicação mais preocupante e geralmente é
resultado da realização de um estoma demasiadamente pequeno ou do vazamento
urinário subcutâneo pós-operatório, formação de tecido de granulação subcutâneo,
uso de sondas uretrais após a cirurgia e trauma na ferida cirúrgica por lambedura
excessiva. Quando ocorre esse tipo de complicação, a cirurgia de reparo da
uretrostomia para reabertura da fístula uretral deve ser realizada rapidamente para
evitar alterações sistêmicas que possam comprometer a saúde do animal, pois o
quadro obstrutivo se instala novamente (OLIVEIRA, 2016; SILVA et al., 2017;
SOUZA, 2003).

2.7 MÉTODOS DE PREVENÇÃO DA DOENÇA DO TRATO URINÁRIO INFERIOR


DE FELINOS

Little (2015), informa que a profilaxia da DTUIF é baseada na alimentação


balanceada dos felinos, com controle de minerais e do pH, na redução de fatores
estressantes na rotina e métodos de enriquecimento ambiental, que possam
possibilitar ao animal a expressão dos seus comportamentos naturais (FIGURA 2).
O aumento da ingestão hídrica do gato é um dos fatores mais importantes
na prevenção da doença, uma vez que, com esse aumento na ingestão de água, a
urina que é formada torna-se mais diluída e, consequentemente, a concentração de
agentes nocivos é menor. Portanto, a estimulação da ingestão hídrica deve ser feita,
colocando mais recipientes espalhados pelo ambiente ou oferecendo alimento úmido
para o felino (RECHE; CAMOZZI, 2015).
27

Em casas multicat, é ideal que haja múltiplos recursos para os diversos


gatos. Vasilhas de comida, água, caixas de areia em quantidades adequadas e
frequentemente limpas, áreas de descanso e de sono são recursos que necessitam
estar espalhados pelo ambiente, dado que gatos consideram estressante competir
por eles diariamente (LITTLE 2015).

Figura 2 – Enriquecimento ambiental de brinquedos para felinos.

Fonte: Adaptado de HOSTUTLER et al. (2005).

3 RELATO DE CASO

Um felino, macho, SRD, pesando 3,8kg, castrado e de 5 anos de idade, com


queixas de anorexia, inapetência e estranguria sem sucesso de micção há 1 dia, foi
atendido em uma Clínica Veterinária localizada no município de Boa Vista, Roraima.
O animal era alimentado apenas com ração seca e ingeria pouca quantidade
de água por dia. A tutora relatou que há poucos dias o felino havia fugido de casa.
No exame físico, durante a inspeção, o paciente apresentava moderado grau de
desidratação e o pênis hiperêmico e edemaciado. Durante a palpação abdominal o
animal demonstrou desconforto na vesícula urinária, que se encontrava repleta e
distendida, configurando um quadro característico de obstrução uretral.
A fim de corrigir o estado de desidratação, o animal foi submetido à
fluidoterapia intravenosa (IV) com ringer com lactato e coleta de sangue para
28

realização de hemograma completo de análises bioquímicas (glicose sérica,


creatinina, ureia, fósforo sérico, albumina, proteínas totais e globulina).

Tabela 1 – Resultado do exame laboratorial de hemograma do paciente


felino, macho, 5 anos, 3,8 kg, realizado em Boa Vista/RR.

EXAME RESULTADOS INTERVALO DE


REFERÊNCIA
Eritrócito 8,52 M/µL 5.30 – 10.60
HCT 65,9% 29.7 – 44.5
HGB 11,8 g/dL 9.2 – 15.4
MCV 77,4 fL 38.1 – 53.9
MHC 13,9 pg 11.5 – 19.2
RDW 19% 17.3 – 22.0
RETIC 28,4 K/µL 3.0 – 50.0
Leucócitos 24,65 K/µL 5.50 – 19.50
NEU 18,10 K/µL 2.50 – 12.50
LYM 1,39 K/µL 0.40 – 6.80
MONO 1,35 K/µL 0.15 – 1.70
EOS 3,62 K/µL 0.10 – 0.79
BASO 0,19 K/µL 0.00 – 0.10
PLQ 660 K/µL 175 - 600
HCT: Hematócrito; HGB: Hemoglobina; MVC: Volume Celular Médio; MCH: Hemoglobina Celular
Média; RDW: amplitude de distribuição dos eritrócitos; RETIC: Reticulócitos; NEU: Neutrófilos; LYM:
Linfócitos; MONO: Monócitos; EOS: Eosinófilos; BASO: Basófilos; PLQ: Plaquetas.

Tabela 2 – Resultado do exame bioquímico do paciente felino, macho, 5


anos, 3,8 kg, realizado em Bos Vista/RR.

EXAME RESULTADOS INTERVALO DE


REFERÊNCIA
GLU 139 mg/dL 74 - 159
CREA —.— mg/dL 0.8 – 2.4
BUN >130mg/dL 16 - 36
29

PHOS 15,6 mg/dL 3.1 – 7.5


TP 6,6 g/dL 5.7 – 8.9
ALB 2,7 g/dL 2.2 – 4.0
GLOB 3,9 g/dL 2.8 – 5.1
GLU: Glicose; CREA: Creatinina; BUN: Nitrogênio Ureico Sanguíneo; PHOS: Fósforo; TP: Proteínas
totais; ALB:Albumina; GLOB: Globulina.
Para realização do procedimento de desobstrução, a indução anéstesica foi
feita com propofol de 2mg/kg IV e diazepam 0,5mg/kg pela mesma via. Foi realizada
a tricotomia da região perineal e antissepsia com Clorexidine 2% e álcool 70%. Antes
de proceder a manobra de desobstrução, realizou-se massagem no pênis do
paciente para facilitar a remoção de possíveis tampões ou plugs da uretra peniana.
Foi utilizado cateter 22G sem mandril, lubrificado com lidocaína 2% em gel e
efetuada a hidropropulsão com solução de cloreto de sódio 0,9% a fim de remover
os detritos da uretra até a completa desobstrução. Após a desobstrução, foi efetuada
a lavagem vesical diversas vezes até se obter uma solução límpida, utilizando uma
sonda uretral flexível n°04. Após as lavagens, a sonda não foi fixada. O paciente
ficou em observação por 24 horas e procedeu-se fluidoterapia de reposição e
manutenção, com solução de ringer com lactato, analgesia com fentanil na dose de
0,02 mg/kg IV e dipirona na dose de 25 mg/kg IV.
No dia seguinte, o animal recebeu alta hospitalar e a tutora foi instruída com
explicações de cuidados com o gato e orientações de alteração de ração e manejo,
na qual foi indicada uma ração de uso terapêutico específica para felinos com
obstrução e técnicas para aumento do consumo de água do animal.
Após 25 dias, o paciente retornou a clínica com recidiva no quadro clínico. Foi
realizado tentativas de desobstrução, mas sem obtenção de sucesso. Em razão da
impossibilidade da desobstrução uretral do paciente, optou-se desta forma, pela
realização da uretrostomia perineal.
No pós-operatório, foi realizada fluidoterapia IV com ringer com lactato,
meloxicam 0,2% dose de 0,05 mg/kg via subcutânea (SC) uma vez ao dia (SID),
dipirona 50% 114mg/kg a cada 12 horas via SC e enrofloxacino 2,5% na dose de 0,4
mg/kg SID. Após 24 horas de internação o animal recebeu alta hospitalar.
Quatro dias após a cirurgia, o paciente retornou a clínica com recidiva do
quadro clínico. A tutora relatou que o animal constantemente retirava o colar
elizabetano (FIGURA 3) e durante a avaliação foi observado que o óstio uretral
30

apresentava estenose e deiscência de sutura (FIGURA 4). Foi realizado o


procedimento de correção de uretrostomia perineal. O animal retornou para casa no
mesmo dia sendo prescrito meloxicam 0,2mg/kg dois comprimidos SID durante 3
dias e após sete dias apresentou quadro de estenose novamente.

Figura 3 – Animal no pós-cirúrgico sem colar elizabetano.

FONTE: Arquivo Pessoal (2020).

Figura 4 – Estenose do óstio uretral e deiscência de sutura.

FONTE: Arquivo Pessoal (2020).

O animal deu entrada em uma nova clínica na cidade de Boa Vista/RR, com
quadro obstrutivo causado pela estenose da uretrostomia. O felino apresentava
dificuldade de micção, polaciúria, distensão e dores abdominais. Desta forma, sendo
novamente submetido à realização da correção cirúrgica da estenose. O paciente foi
encaminhado para internação e no pós-operatório, foi sondado com sonda uretral n.
06, que ficou fixada durante três dias para observação do reestabelecimento do fluxo
urinário (FIGURA 5).
31

Figura 5 – Sonda uretral no pós-cirúrgico da correção da estenose.

Fonte: Arquivo Pessoal (2020).

Após a retirada da sonda, o animal permaneceu dois dias internado para


observação de quadro clínico e cicatrização dos pontos cirúrgicos (FIGURA 6).

Figura 6 – Pontos cirúrgicos após 5 dias da realização da correção de estenose por


uretrostomia perineal.

Fonte: Arquivo Pessoal (2020).

O paciente recebeu alta hospitalar, sendo prescrito enrofloxacina 25mg/kg


um comprimido SID por 10 dias, e meloxicam 0,5mg/kg um comprimido SID por 3
dias. Foi exigido que o animal usasse o colar elizabetano até a retirada dos pontos.
Após 10 dias da cirurgia, foi realizada a retirada dos pontos e a cicatrização estava
completa (FIGURA 8).
32

Figura 7 – Pontos cirúrgicos após 7 dias da cirurgia.

Fonte: Arquivo Pessoal (2020).

Figura 8 – Óstio uretral cicatrizado após retirada dos pontos.

Fonte: Arquivo Pessoal (2020).

4 DISCUSSÃO

Segundo Portella (2016), gatos com perfil indoor, sedentários, castrados,


com ingestão de ração seca e pouco consumo de água, são os animais
frequentemente mais acometidos pela doença, sendo este o perfil do gato neste
33

relato de caso clínico. Interligando com o que foi encontrado em alguns estudos
realizado por Reche, Hagiwara e Mamizuka (1998), Balbinot et. al (2006) e Galvão
et. al (2010), onde 88% dos felinos acometidos pela DTUIF eram machos, 48%
castrados, 80% recebiam apenas alimentação seca e 42,8% apresentavam-se na
faixa etária de 4 a 6 anos, sendo esta a de maior risco.
No estudo de Balbinot et. al (2006), notou-se que animais com acesso à
outras fontes de água apresentaram duas vezes menos chance de ocorrência da
DTUIF comparado àqueles que bebiam somente água de um único pote, indicando
que uma maior ingestão hídrica aumenta o fluxo urinário e dificulta a obstrução
uretral, diferente do que foi relatado no presente caso, uma vez que o animal fazia
pouca ingestão de água durante o dia, aumentando as chances da ocorrência da
doença.
Os sinais clínicos apresentados pelo felino não foram exatamente os
mesmos que Boavista (2015) e Galvão (2010) referiram em seus estudos, onde
mostraram que o principal sinal clínico foi a hematúria, seguido da polaciúria e
prostração. Contudo, de acordo com Corgozinho e Souza (2003), Nelson e Couto
(2015) e Little (2015) os sinais apresentados neste relato são clássicos de DTUIF
obstrutiva.
Além disso, foi verificado pênis arroxeado e edemaciado, distensão da
vesícula urinária e dor abdominal durante a avaliação do exame físico, semelhante
aos relatos de Galvão (2010), Souza (2003), Reche e Camozzi (2015) e Xavier Jr.
et. al (2020).
O diagnóstico da obstrução do presente caso foi realizado por meio do
histórico, anamnese, inspeção do paciente e realização de hemograma completo de
análises bioquímicas, porém sem a realização da urinálise e exames de imagem
como radiografia e ultrassonografia. Rosa (2010) relata que o diagnóstico de
obstrução uretral é baseado no histórico clínico e exame físico do paciente,
contudo, a avaliação radiográfica e ultrassonográfica, além de exames laboratoriais
de urinálise, cultura e antibiograma, são ferramentas que podem ser utilizadas para
auxiliar o diagnóstico e verificar a existência de cálculos vesicais e/ou outros
distúrbios que afetam o trato urinário inferior, como por exemplo hidronefrose, devido
ao quadro de congestão urinária.
No presente relato de caso, o exame de hemograma completo apresentou
um aumento anormal na concentração do hematócrito. Conforme constatado no
34

exame físico, o animal apresentava desidratação e, dessa forma, de acordo com


Martins et. al (2013), pode acontecer hemoconcentração por desidratação,
semelhante a pesquisa retrospectiva de Segev et al. (2011) que demonstrou uma
elevação de 35%, no hematócrito de gatos com obstrução uretral.
O animal também apresentou leucocitose relacionada a neutrofilia e
eosinofilia, que provavelmente deve estar ligada ao estresse, uma vez que situações
de dor, medo e transporte aumentam a produção de catecolaminas que evidenciam
no hemograma um quadro de leucograma por estresse, caracterizado por
leucocitose, neutrofilia, linfopenia e eosinofilia (LAURINO, 2009). Martins et. al
(2013) também relata que quadros de leucocitose podem ser uma resposta à
inflamação do trato urinário inferior, sendo o quadro de neutrofilia, basofilia e
eosinofilia manifestado neste relato ligado à inflamação do trato urinário inferior e
estresse.
Diferente do que foi observado neste caso, Horta (2006) e Xavier Jr. (2020),
encontraram casos de trombocitopenia como principal alteração plaquetária, no
entanto, a trombocitose encontrada no presente relato pode estar relacionada ao
quadro de hemoconcentração.
Nos achados das análises de bioquímica sérica, não foi observado
hiperglicemia, diferente do que foi relatado por Horta (2006) e nem foi mensurada a
concentração sérica de potássio, visto que é a alteração laboratorial mais descrita
em casos de obstrução uretral (HORTA, 2006). A alta concentração de ureia e
fósforo foram as alterações mais significativas, achado, que provavelmente está
relacionado à redução da capacidade de excreção urinária nos pacientes obstruídos
(ZANOTTO, 2016). Não foi possível constatar quadro de azotemia no felino do
presente relato pois, os níveis de creatinina não foram mensurados.
Em um estudo realizado por Cunha (2008), concluiu-se que, a estabilização
hidroeletrolítica do paciente obstruído, é mais eficaz quando utilizada a solução
cristalóide isotônica de ringer com lactato, como foi realizado no presente relato.
Para indução anéstesica, previamente ao protocolo de desobstrução,
utilizou-se diazepam que, segundo Martin et. al (2011), é benéfico para o paciente
obstruído, pois promove profunda depressão do sistema nervoso central, ação
antiarritmogênica e miorrelaxamento, especialmente da musculatura lisa uretral. O
propofol é agente anestésico mais utilizados para desobstrução uretral, pela
35

vantagem de oferecer um período de latência e ação rápida, com ausência de


efeitos cumulativos (MARTIN et. al, 2011).
Após o protocolo de desobstrução, Galvão et. al (2010), Souza (2003),
Marshall (2011) e Little (2015), recomendam a permanência da sonda urinária em
sistema de cateter fechado por 24 a 48 horas, devido a ocorrência de obstrução
novamente nesse período, após alívio da obstrução primária, diferindo do que foi
realizado no felino do presente relato, onde a sonda não foi fixada e o animal
apresentou recidiva no quadro clínico apenas 25 dias após a desobstrução.
Segundo Martin et al. (2011) e Corgozinho (2006), por volta de 30 a 40% dos
gatos obstruídos apresentam recidivas obstrutivas recorrentes de manejo clínico
insatisfatório ou obstruções incorrigíveis, sendo indicado a realização de
uretrostomia perinal. O paciente do presente relato caracteriza um caso recidivante
incorrigível, necessitando da intervenção cirúrgica de uretrostomia perineal.
Após a primeira cirurgia, o animal em questão não fez o uso correto do colar
elizabetano no pós-operatório, indo contra as recomendações de Souza (2003),
Corogozinho (2006) e MacPhill (2014), que preconizam o uso do colar para evitar
deiscência de sutura e automutilação, complicações comuns da cirurgia de
uretrostomia perineal.
Outra complicação observada neste relato, foi a estenose uretral, que
conforme Smith (2002) não é tão comum, o que vai de acordo com um estudo
realizado por Bass et. al (2005), onde 59 gatos foram submetidos a uretrostomia
perineal e apenas 7 felinos apresentaram quadros de estenose.
A estenose uretral pode se desenvolver por tecido de granulação em
excesso ao redor da ferida, técnica cirúrgica inadequada e utilização de sonda
uretral no pós-operatório (SOUZA, 2003). Contudo, a utilização de sonda uretral
como causa de quadro de estenose, difere do presente relato, uma vez que o felino
apenas obteve cicatrização completa da ferida cirúrgica, após a segunda
intervenção, quando utilizou a sonda por 3 dias no pós-operatório, juntamente com o
uso adequado do colar elizabetano.
Corgozinho (2006), em seu estudo com 16 felinos submetidos a uretrostomia
perineal, utilizou no pós-operatório norfloxacino na dose de 22mg/kg a cada 12
horas e meloxicam na dose de 0,1mg/kg por cinco dias, indo de encontro com o
protocolo prescrito ao paciente deste relato, visto que norfloxacino é um
antimicrobiano da classe das fluoroquinolonas assim como a enrofloxacina descrita
36

nesse relato (SILVA; HOLLENBACH, 2010). Em contrapartida, apesar da


enrofloxacina ser um antimicrobiano amplamente utilizado na medicina veterinária,
sua utilização em gatos deve ser cautelosa, uma vez que, um dos seus efeitos
adversos é a degeneração de retina, que pode levar a cegueira irreversível
(MENDES; TROMBETTA; AMARAL, 2019).
37

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Realizou-se uma revisão de literatura acerca da Doença do Trato Urinário


Inferior de Felinos, com ênfase na sua forma obstrutiva, evidenciando a ocorrência
em felinos machos, devido suas características anatômicas que favorecem o
aparecimento de tal afecção.
Por se tratar de uma enfermidade de grande impacto na saúde dos gatos
acometidos, o conhecimento da sua patogênese e das alterações sistêmicas que ela
provoca, podem determinar o êxito do tratamento e sobrevivência do paciente.
No relato de caso deste trabalho, foi possível observar que o sucesso do
procedimento de desobstrução e da cirurgia de uretrostomia perineal, depende de
vários fatores, dentre eles, a conduta pós cateterizarão uretral, onde há a
necessidade da permanência da sonda no felino por pelo menos 48 horas, e a
habilidade e técnica cirúrgica do cirurgião pós uretrostomia, bem como a importância
dos cuidados pós-operatórios.
38

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39

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