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UNIVERSIDADE DE LISBOA

FACULDADE DE MEDICINA VETERINÁRIA

EFEITO DA GABAPENTINA NO COMPORTAMENTO DE FELINOS SUBMETIDOS A


OVARIOHISTERECTOMIA/ORQUIECTOMIA EM CONTEXTO DE REAVALIAÇÃO PÓS-
CIRÚRGICA

RITA LOURENÇO RODRIGUES

ORIENTADORA:
Doutora Maria Teresa da Costa Mendes Vitor
Villa de Brito

TUTORA:
Dra. Cheila Soraia Carvalho Teodoro

2021
UNIVERSIDADE DE LISBOA

FACULDADE DE MEDICINA VETERINÁRIA

EFEITO DA GABAPENTINA NO COMPORTAMENTO DE FELINOS SUBMETIDOS A


OVARIOHISTERECTOMIA/ORQUIECTOMIA EM CONTEXTO DE REAVALIAÇÃO PÓS-
CIRÚRGICA

RITA LOURENÇO RODRIGUES

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO INTEGRADO EM MEDICINA VETERINÁRIA

JÚRI ORIENTADORA:
PRESIDENTE: Doutora Maria Teresa da Costa Mendes Vitor
Doutor José Manuel Chéu Limão Oliveira Villa de Brito

VOGAIS: TUTORA:
Doutora Ilda Maria Neto Gomes Rosa Dra. Cheila Soraia Carvalho Teodoro
Doutora Maria Teresa da Costa Mendes Vitor
Villa de Brito

2021
Anexo 3 – DECLARAÇÃO RELATIVA ÀS CONDIÇÕES DE REPRODUÇÃO DA TESE OU DISSERTAÇÃO

Nome: Rita Lourenço Rodrigues

Título da Tese ou Dissertação: Efeito da gabapentina no comportamento de felinos submetidos a


ovariohisterectomia/orquiectomia em contexto de reavaliação pós-cirúrgica

Ano de conclusão (indicar o da data da realização das provas públicas): 2021


Designação do curso de
Mestrado ou de
Doutoramento: Mestrado Integrado em Medicina Veterinária
Área científica em que melhor se enquadra (assinale uma):
Clínica Produção Animal e Segurança Alimentar
Morfologia e Função Sanidade Animal

Declaro sobre compromisso de honra que a tese ou dissertação agora entregue corresponde à que foi aprovada pelo júri
constituído pela Faculdade de Medicina Veterinária da ULISBOA.

Declaro que concedo à Faculdade de Medicina Veterinária e aos seus agentes uma licença não-exclusiva para arquivar e
tornar acessível, nomeadamente através do seu repositório institucional, nas condições abaixo indicadas, a minha tese ou
dissertação, no todo ou em parte, em suporte digital.

Declaro que autorizo a Faculdade de Medicina Veterinária a arquivar mais de uma cópia da tese ou dissertação e a, sem
alterar o seu conteúdo, converter o documento entregue, para qualquer formato de ficheiro, meio ou suporte, para efeitos de
preservação e acesso.

Retenho todos os direitos de autor relativos à tese ou dissertação, e o direito de a usar em trabalhos futuros (como artigos
ou livros).

Concordo que a minha tese ou dissertação seja colocada no repositório da Faculdade de Medicina Veterinária com o
seguinte estatuto (assinale um):
1. Disponibilização imediata do conjunto do trabalho para acesso mundial;
2. Disponibilização do conjunto do trabalho para acesso exclusivo na Faculdade de Medicina Veterinária durante
o período de 6 meses, 12 meses, sendo que após o tempo assinalado autorizo o acesso mundial*;
* Indique o motivo do embargo (OBRIGATÓRIO)

Nos exemplares das dissertações de mestrado ou teses de doutoramento entregues para a prestação de provas na
Universidade e dos quais é obrigatoriamente enviado um exemplar para depósito na Biblioteca da Faculdade de Medicina
Veterinária da Universidade de Lisboa deve constar uma das seguintes declarações (incluir apenas uma das três):
1. É AUTORIZADA A REPRODUÇÃO INTEGRAL DESTA TESE/TRABALHO APENAS PARA EFEITOS DE
INVESTIGAÇÃO, MEDIANTE DECLARAÇÃO ESCRITA DO INTERESSADO, QUE A TAL SE COMPROMETE.
2. É AUTORIZADA A REPRODUÇÃO PARCIAL DESTA TESE/TRABALHO (indicar, caso tal seja necessário, nº
máximo de páginas, ilustrações, gráficos, etc.) APENAS PARA EFEITOS DE INVESTIGAÇÃO, MEDIANTE
DECLARAÇÃO ESCRITA DO INTERESSADO, QUE A TAL SE COMPROMETE.
3. DE ACORDO COM A LEGISLAÇÃO EM VIGOR, (indicar, caso tal seja necessário, nº máximo de páginas,
ilustrações, gráficos, etc.) NÃO É PERMITIDA A REPRODUÇÃO DE QUALQUER PARTE DESTA
TESE/TRABALHO.
Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade de Lisboa, 19 de Abril de 2021

Assinatura: __________________________________________________________________________

i
Agradecimentos
O primeiro agradecimento, como não poderia deixar de ser, é dedicado à Professora
Maria Teresa Villa de Brito, que me acolheu numa altura de grande aflição. Guardo com
carinho todas as nossas reuniões, com o equilíbrio perfeito entre trabalho e relaxamento.
Ao Professor Telmo Nunes, por ajudar esta batata tecnológica a entender os
tortuosos caminhos da estatística.
De seguida, um grande agradecimento ao Hospital Veterinário do Arco do Cego,
onde não só aprendi o B-A-BA de ser uma excelente profissional, mas também onde
conheci pessoas que levo para a vida. Devo uma palavra especial de agradecimento à Dra.
Cheila Teodoro, o melhor exemplo que podia pedir, à Catarina Cardoso, que me ensinou a
importância do TLC, à Dra. Filipa Belo, por desenvolver o meu pensamento crítico e à Dra.
Marilisa Cunha por me ter ajudado a encontrar o meu caminho. Deixo ainda uma palavra de
carinho à Dra. Teresa Umbelino, Duarte Reis, Liliana Coelho, Mariana Dias e Hilma Querub.
Ao meu eterno quinteto, o meu porto de abrigo e força de vontade durante estes 6
anos – à Frutas, por ser a melhor amiga que podia pedir, mesmo em todos os maus
bocados, à Rita Silva, por ter conseguido manter a amizade, mesmo com os momentos de
choque devido aos feitios semelhantes, à Rita Vinha, por ser a humildade em pessoa e a
cola deste grupo e ao Pedro que, pronto… É o nosso bully.
Ao 55, por ser o meu 55. Ao Gonçalo, à Sofia, à Joana, ao Barão, ao Calimero, à
Tânia, à Sara, à Rafa, à Mags, à Sandra, à Madeira, à Tondy, à Maria Isabel e à Madalena,
obrigada por terem aceitado acampar naquela casa algures em Benfica e serem a família
que escolhi.
À VETuna, o meu maior motivo de orgulho em toda a FMV. Imaginar uma vida em
Medicina Veterinária sem a VETuna é algo impossível – levo comigo os jantares, os
festivais, os prémios, os ensaios, os convívios. Completaram os meus 6 anos de estudo e foi
um orgulho poder representá-los. Há, claro, um lugar especial para as pandeiretas.
Ao André, por me mostrar a importância dos capítulos em cada história.
Por fim, um agradecimento à minha família. Ao Ushy, Fluffy e Luna, as estrelinhas
mais brilhantes do céu. Ao Lucky, Noah e Lara, metade do amor que corre neste coração. À
Daniela, por ser um exemplo de perseverança neste mundo feito para os homens. Ao Tiago,
por ter sempre uma palavra amiga e por ser o meu defensor, desde que me lembro. Ao
Miguel, por ter trazido para a minha vida o Lucky, motivo que me levou até Veterinária, e por
ser um exemplo do que é viver. Ao meu pai, que sempre falou de mim com um imenso
orgulho que nunca conseguiu esconder. Mas o meu maior agradecimento é para a minha
mãe. Por ter acreditado em mim. Por tudo o que fez, sem nunca pedir nada em troca. Por
fazer das tripas, coração, para que conseguisse ser o melhor de mim. Não há palavras para
te agradecer. Apenas espero um dia conseguir ser um terço da mulher que és.

ii
Resumo: Efeito da Gabapentina no Comportamento de Felinos submetidos a
Ovariohisterectomia/Orquiectomia em Contexto de Reavaliação Pós-cirúrgica

A popularidade do gato doméstico e a preocupação com o seu bem-estar têm vindo


a aumentar nos últimos anos. No entanto, os cuidados médico-veterinários não
acompanharam esse desenvolvimento, muito provavelmente pela perceção, por parte do
titular, do stresse sentido pelo seu gato em ambiente hospitalar. Numa tentativa de controlar
este stresse, têm sido testadas diversas estratégias, nomeadamente a administração de
gabapentina, um fármaco análogo estrutural do neurotransmissor GABA, precedentemente
à vinda ao centro de atendimento médico-veterinário.
No presente estudo, foi avaliado o potencial efeito ansiolítico da gabapentina a 100
mg, administrada pré-cirurgicamente em ovariohisterectomias e orquiectomias de felinos,
através de uma avaliação comportamental, baseada no Cat Stress Score (CSS), que avalia
dez parâmetros: postura corporal, abdómen, membros posteriores, cauda, cabeça, olhos,
pupilas, orelhas, vibrissas e vocalização. Neste estudo, foram incluídos 31 felinos, com
idades compreendidas entre os 6 meses e os 7 anos, em estado hígido e com pesos entre
os 2,500 e os 5,000 kg. Estes animais foram divididos aleatoriamente em dois grupos:
aqueles que tomaram gabapentina e aqueles que tomaram placebo, no dia da cirurgia. A
avaliação foi feita em seis ocasiões: na consulta pré-cirúrgica, no dia da cirurgia (antes e
depois da mesma) e em três consultas pós-cirúrgicas (3, 10 e 30 dias após a cirurgia).
Relativamente ao primeiro momento de avaliação, não foram encontradas diferenças
significativas de valores de stresse entre género, peso ou idade. No segundo momento de
avaliação (dia de administração da cápsula), verificou-se que o grupo placebo apresentou
valores de stresse significativamente mais elevados (p=0,04), quando comparados com os
restantes momentos. Entre grupos, as diferenças foram significativas ao nível de postura
corporal, abdómen e cauda (p=0,01, p=0,04 e p=0,02, respetivamente). Apesar dos
restantes parâmetros não apresentarem valores significativamente diferentes, as
observações do grupo gabapentina obtiveram sempre valores mais baixos. Relativamente
às reavaliações, apenas se verificaram diferenças significativas na postura corporal e
abdómen (p=0,01 e p=0,03, respetivamente), na primeira consulta pós-cirúrgica. No entanto,
uma vez mais, a maioria das avaliações obteve valores inferiores no grupo gabapentina.
Os resultados reforçam a ideia de que o internamento é um momento de elevado
stresse para os felinos e corroboram a utilização de gabapentina como ansiolítico, em
situações potencialmente causadoras de stresse agudo para o animal, como o caso do
internamento pré-cirúrgico.

Palavras-Chave: Gato, Stress, Tranquilizante, Comportamento.

iii
Abstract: Effect of Gabapentin on Behaviour of Felines submitted to
Ovariohysterectomy/Orchiectomy in Post-surgical Reassessment Context

The popularity of the domestic cat and concern for its well-being have been
increasing in recent years. However, veterinary care did not follow this growth, most likely
due to the owner’s perception of the stress felt by his cat in a hospital environment. In an
attempt to control it, several strategies have been tested, including pre-hospital
administration of gabapentin, a structural analogue drug of the neurotransmitter GABA.
In the present study, the potential anxiolytic effect of pre-surgical administration of
gabapentin at 100 mg was evaluated, specifically before feline ovariohysterectomies and
orchiectomies, through a behavioral evaluation, based on the Cat Stress Score (CSS), which
analyzes ten parameters: posture, abdomen, legs, tail, head, eyes, pupils, ears, whiskers
and vocalization.
Thirty-one cats, aged between six months and seven years, in a healthy state and
with weights between 2,500 kg and 5,000 kg were included in the study. They were randomly
divided in two groups: those whom was administered gabapentin and those whom was
administered the placebo, on the day of surgery. Six evaluation moments were performed:
the pre-surgical consultation, on the day of the surgery (before and after) and three post-
surgical consultations (3, 10 and 30 days after surgery).
Regarding the first moment of evaluation, no significant differences in stress values
were found in gender, weight or age. In the second moment of evaluation (day of capsule
administration), it was found that the placebo group presented significantly higher stress
values when compared with the remaining moments (p=0,04). Between groups, the
differences were significant for the body posture, abdomen and tail (p=0,01, p=0,04 and
p=0,02, respectively). Although the remaining parameters did not have significantly different
values, the observations of the gabapentin group always obtained lower values. Regarding
the reassessments, there were only significant differences in the posture and abdomen in the
first post-surgical consultation (p=0,01 and p=0,03, respectively). However, most evaluations
were lower in the gabapentin group.
The results reinforce the idea that hospitalization is a time of high stress for cats and
corroborate the use of gabapentin as anxiolytic, in situations potentially causing acute stress
for the animal, such as the case of pre-surgical hospitalization.

Keywords: Cat, Stress, Tranquilizer, Behavior.

iv
Índice
Agradecimentos ..................................................................................................................... ii
Resumo ................................................................................................................................. iii
Abstract ................................................................................................................................. iv
Lista de Figuras .................................................................................................................... vii
Lista de Gráficos .................................................................................................................. vii
Lista de Tabelas .................................................................................................................. viii
Lista de Abreviaturas ........................................................................................................... viii
Parte I: Descrição das atividades desenvolvidas no estágio curricular ...................................1
Parte II: Revisão bibliográfica .................................................................................................3
1. O gato doméstico ...............................................................................................................3
1.1. Relação com os co-específicos ....................................................................................3
1.2. Relação com os seres humanos ..................................................................................5
2. Stresse ...............................................................................................................................6
2.1. Fisiologia do stresse ....................................................................................................7
2.2. Avaliação dos índices de stresse .................................................................................8
2.2.1. Parâmetros fisiológicos..........................................................................................8
2.2.2. Parâmetros bioquímicos ........................................................................................9
2.2.2.1. Cortisol sérico .................................................................................................9
2.2.2.2. Rácio cortisol/creatinina urinário .....................................................................9
2.2.2.3. Metabolitos fecais do cortisol ........................................................................10
2.2.3. Avaliação de parâmetros comportamentais .........................................................10
2.3. Coping .......................................................................................................................10
2.4. Consequências do stresse .........................................................................................11
2.4.1. Consequências do stresse agudo........................................................................11
2.4.2. Consequências do stresse crónico ......................................................................12
2.5. Stresse felino em contexto médico-veterinário ...........................................................13
3. Gabapentina .....................................................................................................................17
3.1. Mecanismo de ação ...................................................................................................18
3.2. Farmacocinética.........................................................................................................18
Parte III: Efeito da Gabapentina no Comportamento de Felinos submetidos a
Ovariohisterectomia/Orquiectomia em Contexto de Reavaliação Pós-cirúrgica ....................20
1. Introdução ........................................................................................................................20
2. Materiais e métodos .........................................................................................................21
2.1. Animais ......................................................................................................................21
2.2. Critérios de inclusão...................................................................................................21
2.3. Critérios de exclusão..................................................................................................21

v
2.4. Procedimento experimental........................................................................................21
2.4.1. Avaliação comportamental em consulta pré-cirúrgica (C1) ..................................22
2.4.2. Dia da esterilização .............................................................................................22
2.4.2.1. Avaliação comportamental pré-cirúrgica (C2)................................................22
2.4.2.2. Avaliação comportamental pós-cirúrgica (C3) ...............................................23
2.4.3. Avaliação comportamental em consultas pós-cirúrgicas (C4, C5 e C6) ...............23
2.5. Análise estatística ......................................................................................................23
3. Resultados .......................................................................................................................24
3.1. Caraterização da amostra ..........................................................................................24
3.2. Resultados gerais do CSS .........................................................................................26
3.2.1. Postura corporal ..................................................................................................26
3.2.2. Abdómen .............................................................................................................26
3.2.3. Membros posteriores ...........................................................................................27
3.2.4 - Cauda ................................................................................................................28
3.2.5 - Cabeça...............................................................................................................28
3.2.6 – Olhos .................................................................................................................29
3.2.7 – Pupilas ..............................................................................................................30
3.2.8 – Orelhas..............................................................................................................30
3.2.9 – Vibrissas............................................................................................................31
3.2.10 – Vocalização .....................................................................................................32
3.2.11 – Valor médio de CSS ........................................................................................32
4. Discussão .........................................................................................................................34
4.1. Limitações do estudo .................................................................................................34
4.2. Discussão de resultados obtidos ................................................................................36
4.2.1. Caraterização da amostra ...................................................................................36
4.2.2. Avaliações comportamentais ...............................................................................37
4.2.2.1. Diferenças em C2 .........................................................................................37
4.2.2.2. Diferenças ao longo das consultas pós-cirúrgicas.........................................39
5. Conclusão ........................................................................................................................41
6. Referências Bibliográficas ................................................................................................42
7. Anexos .............................................................................................................................50

vi
Lista de Figuras
Figura 1 – Ilustração do comportamento de gato; o gato submisso evita contato com o gato
dominante. Adaptado de Levine (2008) ..................................................................................4
Figura 2 – Representação simplificada da resposta ao stresse, com ativação do eixo
simpático-adrenal e do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal (original).........................................7
Figura 3 – Posturas corporais do gato de acordo com o seu medo e agressividade.
Adaptado de Bowen e Heath (2005).....................................................................................14
Figura 4 – Expressões faciais de acordo com a agressividade e o medo. Adaptado de
Bowen e Heath (2005)..........................................................................................................15
Figura 5 – Interpretação da comunicação do gato, de acordo com as diferentes posições
corporais e expressões faciais do gato. Adaptado de Levine (2008) ....................................15
Figura 6 - Estrutura da GABA e da Gabapentina. Adaptado de Greenplatt e Greenplatt
(2018)...................................................................................................................................17

Lista de Gráficos
Gráfico 1 – Distribuição da amostra em estudo de acordo com o género e toma de
gabapentina ou de placebo. ................................................................................................ viii
Gráfico 2 – Distribuição de idade dos felinos da amostra em estudo de acordo com o género
.............................................................................................................................................24
Gráfico 3 - Comparação dos valores médios obtidos nas observações referentes à postura
corporal dos gatos em estudo (n=31). ..................................................................................26
Gráfico 4 - Comparação dos valores médios obtidos nas observações referentes ao
abdómen dos gatos em estudo (n=31). ................................................................................27
Gráfico 5 - Comparação dos valores médios obtidos nas observações referentes aos
membros posteriores dos gatos em estudo (n=31). ..............................................................27
Gráfico 6 - Comparação dos valores médios obtidos nas observações referentes à cauda
dos gatos em estudo (n=31). ................................................................................................28
Gráfico 7 - Comparação dos valores médios obtidos nas observações referentes à cabeça
dos gatos em estudo (n=31). ................................................................................................29
Gráfico 8 - Comparação dos valores médios obtidos nas observações referentes aos olhos
dos gatos em estudo (n=31). ................................................................................................29
Gráfico 9 - Comparação dos valores médios obtidos nas observações referentes às pupilas
dos gatos em estudo (n=31). ................................................................................................30
Gráfico 10 - Comparação dos valores médios obtidos nas observações referentes às
orelhas dos gatos em estudo (n=31). ...................................................................................31

vii
Gráfico 11 - Comparação dos valores médios obtidos nas observações referentes às
vibrissas dos gatos em estudo (n=30). .................................................................................31
Gráfico 12 - Comparação dos valores médios obtidos nas observações referentes à
vocalização, dos gatos em estudo (n=31). ...........................................................................32
Gráfico 13 - Comparação dos valores médios obtidos nas observações referentes à média
do CSS, dos gatos em estudo (n=31). ..................................................................................33

Lista de Tabelas
Tabela 1 – Distribuição do número de horas em cada serviço do HVAC................................2
Tabela 2 – Protocolo anestésico utilizado para esterilização dos felinos machos e felinos
fêmeas .................................................................................................................................23
Tabela 3 - Tabela resumo das médias e respetivos desvio-padrão de CSS de acordo com o
peso, no total e de acordo com o género..............................................................................25
Tabela 4 – Tabela resumo das médias e respetivos desvio-padrão de CSS de acordo com a
idade, no total e de acordo com o género. ............................................................................25

Lista de Abreviaturas
ACTH – Hormona adrenocorticotrófica
AINE – Anti-inflamatórios não esteróides
CAMV – Centro de atendimento médico-veterinário
CCV – Coronavírus canino
CIF – Cistite idiopática felina
C1 – Primeiro momento de avaliação (consulta pré-cirúrgica)
C2 – Segundo momento de avaliação (no dia da cirurgia, pré-cirurgicamente)
C3 – Terceiro momento de avaliação (no dia da cirurgia, pós-cirurgicamente)
C4 – Quarto momento de avaliação (primeira consulta pós-cirúrgica, três dias após a
cirurgia)
C5 - Quinto momento de avaliação (segunda consulta pós-cirúrgica, dez dias após a
cirurgia)
C6 - Sexto momento de avaliação (terceira consulta pós-cirúrgica, trinta dias após a cirurgia)
CPV – Parvovírus canino
CRH – Hormona de libertação da corticotrofina
CSS – Cat Stress Score
FeLV – Vírus da leucemia felina
FFP – Feromona facial felina
FIV – Vírus da imunodeficiência felina

viii
FSH – Hormona folículo-estimulante
GABA – Ácido gama-aminobutírico
GG – Grupo gabapentina
GnRH – Hormona de libertação da gonadotrofina
GP – Grupo placebo
HHA – Hipotálamo-hipofisário-adrenal
HVAC – Hospital Veterinário do Arco do Cego
IIQ – Intervalo interquartil
kg - quilograma
LAT1 – Transportadores de L-aminoácidos 1
LH – Hormona luteinizante
mg - miligrama
MIMV – Mestrado Integrado em Medicina Veterinária
MV – Médico veterinário
PAAF – Punção aspirativa com agulha fina
SA – Simpático-adrenal
SNA – Sistema nervoso autónomo
SNC – Sistema nervoso central
SNS – Sistema nervoso simpático

ix
Parte I: Descrição das atividades desenvolvidas no estágio curricular
O estágio curricular do Mestrado Integrado em Medicina Veterinária (MIMV) foi
realizado no Hospital Veterinário do Arco do Cego (HVAC), em Lisboa, sob orientação da
Dra. Cheila Teodoro, com início a 2 de setembro de 2019 e término a 29 de fevereiro de
2020, com uma carga horária de 1030 horas.
As atividades foram realizadas em diferentes períodos do dia (diurnos, noturnos,
feriados e fins de semana), num horário que intercalava, semanalmente, os turnos diurnos
das 9h às 18h e das 14h às 22h, os noturnos, das 19h às 9h e os turnos de feriados e fins-
de-semana, das 8h às 20h.
No decorrer do estágio curricular foi possível contactar com todas as áreas clínicas
disponíveis no HVAC, nomeadamente consultas de medicina interna e de outras
especialidades, internamento, cirurgia, emergências médicas, imagiologia e serviço de
patologia clínica. Pontualmente, também foi possível acompanhar as realizadas ao
domicílio.
Nas consultas de medicina interna, preventiva e de especialidade, acompanhou-se e
participou-se na anamnese, no exame físico geral, na contenção dos pacientes, na
administração de vacinas e realizaram-se colheitas de amostras biológicas, tais como
cerúmen, sangue, urina e de massas, por punção aspirativa com agulha fina (PAAF).
Também foi possível contatar com os titulares, com o intuito de os instruir para os
cuidados de higiene e bem-estar dos seus animais, assim como realizar aconselhamento
nutricional e fornecer informações sobre prevenção de doenças infeciosas. Auxiliou-se ainda
na realização dos exames complementares de diagnóstico e na administração da
terapêutica preconizada. Quando necessário, foi dado apoio à realização de eutanásia.
Sempre que fosse viável, realizava-se no final da consulta uma discussão sobre os
diagnósticos diferenciais, os exames complementares de diagnóstico, os planos
terapêuticos e o esclarecimento de dúvidas sobre o caso clínico.
As consultas de especialidade de comportamento animal, com a Dra. Teresa
Umbelino, primaram pela aprendizagem de novos conceitos de manipulação do paciente,
problemas mais comuns nas espécies felinas e caninas e a sua abordagem farmacológica.
No internamento, realizou-se o acompanhamento da evolução dos pacientes,
participando-se na monitorização dos animais hospitalizados. Para tal, foram avaliados
alguns parâmetros básicos, como o tempo de repleção capilar, a frequência cardíaca e
respiratória, a temperatura retal, a monitorização da viabilidade dos cateteres, a medição da
pressão arterial, o doseamento de valores de glicémia e/ou de corpos cetónicos, a
preparação e administração da medicação (por via oral, subcutânea, endovenosa e
intramuscular). Sob a supervisão do médico veterinário (MV) ou enfermeiro assistente,
foram também executadas colheitas de sangue e urina para análise, colocação de cateteres

1
endovenosos, monitorização de transfusões sanguíneas, algaliação em felinos machos,
toracocenteses, limpeza de feridas e realização de pensos. Auxiliou-se também na
preparação de altas médicas.
Na área de cirurgia, foi feita a preparação pré-cirúrgica dos animais, especificamente
a realização de análises pré-cirúrgicas, administração da pré-medicação e anestesia,
tricotomia, lavagem e antissepsia da área cirúrgica e intubação. Além disso, foi possível
fazer a monitorização anestésica, participar na cirurgia como ajudante de cirurgião,
inclusivamente em cirurgias laparoscópicas e ainda a monitorização pós-cirúrgica. Sob
supervisão do MV assistente, foram realizadas orquiectomias e ovariohisterectomias de
felinos, como cirurgiã principal.
Na área da imagiologia, auxiliou-se na realização de radiografias digitais,
ecocardiografias e ecografias abdominais, apoiando a contenção, o posicionamento dos
animais e a interpretação das imagens obtidas.
No serviço de patologia clínica, foram realizadas e interpretadas análises, tais como
hemograma (incluindo elaboração e avaliação microscópica de esfregaços sanguíneos),
análises bioquímicas sanguíneas, tipificação do grupo sanguíneo, testes rápidos de
diagnóstico [Leishmaniose, perfil geral de hemoparasitas, parvovírus canino (CPV) e
coronavírus canino (CCV), vírus da imunodeficiência felina (FIV) e vírus da leucemia felina
(FeLV)] e análises de urina. Foi também possível realizar, observar e interpretar citologias e
ainda preparar e enviar amostras para análise laboratorial.
Durante e após o período de estágio, foram feitas avaliações comportamentais pré e
pós-cirúrgicas de felinos submetidos a ovariohisterectomia e orquiectomia.

Tabela 1 – Distribuição do número de horas em cada serviço do HVAC

Serviço Nº de horas
Medicina interna 440
Internamento 320
Cirurgia 70
Emergência 80
Imagiologia 60
Patologia clínica 60
Total 1030

2
Parte II: Revisão bibliográfica
1. O gato doméstico
Para se tentar perceber a resposta felina ao stresse e a importância em minimizá-lo,
é preciso examinar as características físicas e comportamentais desta espécie,
compreendendo a sua singularidade (Graça Pereira et al. 2014a).
O gato doméstico (Felis catus) descende do gato selvagem africano (Felis lybica) e
as duas espécies permanecem fortemente relacionadas. A sua domesticação ocorreu há
cerca de 5 000 anos, muito mais recente quando comparada com a do cão, que data de há
20 000 anos (Griffin and Hume 2006; Overall 2013).
Há cerca de 10 000 anos, quando foi documentado o início da relação entre
humanos e felinos, esta assentava num processo de tolerância por parte do homem em
relação aos gatos, visto que estes eram atraídos pelos roedores que destruíam as
plantações de cereais. Não havendo a intenção de domesticar, esta relação de mutualismo
não requeria uma seleção genética do comportamento inato do gato (Overall 2013; Merola
et al. 2015). Assim, e contrariamente a outras espécies, a domesticação do gato pouco
alterou as suas características estruturais e comportamentais, pelo que se mantêm muitos
dos instintos dos antepassados selvagens (McCune 2010).
Os gatos são verdadeiros carnívoros e predadores extremamente eficazes, com uma
grande capacidade para evitar o perigo, possuindo uma excelente resposta de “fuga ou luta”
(do original fight-or-flight) (Griffin 2009; Rodan 2010). Apresentam os sentidos bastante
apurados, nomeadamente uma visão muito sensível a movimentos, que funciona na
perfeição até no crepúsculo do dia (McCune 2010). A sua capacidade auditiva atinge o
espectro utilizado por morcegos e por ratos, permitindo-lhe detetar animais que comunicam
em ondas de alta frequência. O olfato e o tato são, também, particularmente adaptados à
caça (Griffin and Hume 2006; McCune 2010). Tal como o seu antecessor, para além de
predador, o gato é também uma presa, pelo que esconder-se é um comportamento
adaptativo ao ambiente (Overall and Dyer 2005; Stella and Croney 2016).

1.1. Relação com os co-específicos


A diversidade de fisionomia e de comportamentos observados atualmente surgiu nos
últimos 100 anos (Overall and Dyer 2005). De facto, o gato possui uma variedade de estilos
de vida, que varia desde o gato doméstico muito sociável, até ao gato errante que
perambula (free-roaming), não social e que não permite manipulação (Griffin and Hume
2006).
Os gatos errantes vivem em grupos relativamente estáveis, as colónias, as quais têm
uma base matrilinear e são constituídas pelas fêmeas relacionadas entre si e pela sua

3
descendência. Por princípio, os machos estão afastados do seu grupo de nascença, mas
podem permanecer na colónia para ajudar no cuidado dos mais jovens, até serem sexual ou
socialmente maduros (Overall and Dyer 2005; Ellis 2009; Overall 2013; Suchak and Lamica
2018). O tamanho do grupo varia de acordo com os recursos ambientais existentes,
nomeadamente a abundância de comida (Levine 2008; Bradshaw 2016).
Apesar dos gatos serem seres sociais, são solitários no momento da caça, podendo
apanhar pequenas presas, várias vezes ao dia (Crowell-Davis et al. 2004; McCune 2010;
Landsberg et al. 2013).
Dentro de cada grupo social, observam-se comportamentos de afiliação entre
determinados indivíduos, sugerindo que existem relações de preferência. Estes
comportamentos incluem brincadeiras, higienização mútua, fricção (rubbing) e o contato
físico em momentos de descanso (Soennichsen and Chamove 2002; Ellis 2009).
Para além dos laços de afiliação, existe ainda um conjunto de relações de
dominância-subordinação que são mais comuns em grupos de dois a três gatos. O status
dominante é obtido por um ritual de sinais e não pela luta. O gato dominante olha fixamente
para o animal subordinado, enquanto se aproxima de forma assertiva, com as orelhas eretas
e a base da cauda elevada. Por outro lado, o subordinado exibe comportamentos como
evitar o contato ocular, baixar as orelhas, virar a cabeça e inclinar-se para trás (Figura 1).
Em casos extremos, pode mesmo baixar-se e expor o abdómen (Crowell-Davis et al. 2004).

Figura 1 – Ilustração do comportamento de gato; o gato submisso evita contato com o gato
dominante. Adaptado de Levine (2008)

4
Embora os gatos dominantes tenham prioridade de acesso à comida, água, espaço e
escolha de parceiro sexual, outros fatores influenciam a sua obtenção, nomeadamente a
motivação para os adquirir (Crowell-Davis et al. 2004; Bowen and Heath 2005). Assim,
apesar de se poder falar em dominância, em contexto de colónia, em comunidades mais
numerosas são raras as relações hierárquicas verdadeiramente lineares, sendo a
cooperação a base de muitos dos comportamentos observados (Bradshaw 2016).
Os gatos reconhecem os membros da colónia e trabalham em conjunto para
manterem afastados animais não relacionados com aquela, comunicando através de
posturas corporais subtis (Crowell-Davis et al. 2004). Estas, associadas a expressões
faciais, posições da cauda e vocalização, têm como finalidade a prevenção de lutas por
alimento ou território, evitando os riscos de um confronto direto (Bowen and Heath 2005;
Rodan 2010).

1.2. Relação com os seres humanos


Apesar de ser o animal de companhia preferido de muitos seres humanos, o gato é
uma criatura complexa, cujas necessidades e respostas comportamentais não são ainda
totalmente compreendidas (Overall 2013).
O interesse no comportamento felino tem vindo a aumentar, dado que os problemas
comportamentais estão entre as principais razões pelas quais os gatos são devolvidos,
abandonados ou encaminhados para eutanásia, situação muito condicionada, em Portugal,
pelo decreto-lei nº27/2016 (Scarlett et al. 1999; Graça Pereira et al. 2014b; Diário da
República 2016).
A socialização precoce com o homem, conforme é feita, influencia bastante a
perceção do gato relativamente ao mesmo (Ellis 2009; Landsberg et al. 2013). No entanto,
diversos fatores afetam esta relação, tais como a predisposição genética, particularmente o
temperamento do pai, e o ambiente (Reisner et al. 1994; McCune 1994; Rodan et al. 2011).
O período mais adequado para a socialização sucede entre as 2 e as 7 semanas de idade
(Bowen and Heath 2005; Rodan et al. 2011). Assim, os gatos que tiveram experiências
edificantes durante este período vão lidar melhor com o stresse, mostrar menos temor e
aprender tarefas mais rapidamente (Landsberg et al. 2013). É de realçar que um gato, de
qualquer idade, pode aprender e adaptar-se ao homem e a novas situações. Para tal, serão
necessárias mais experiências benéficas e um maior tempo de aprendizagem (Rodan 2010).
Todavia, estima-se que aproximadamente 20% dos gatos estão geneticamente predispostos
a ter comportamentos defensivos para com o homem, que não são afetados por uma
socialização prolongada (Gourkow et al. 2014). É, ainda, importante referir que são animais
excelentes na aprendizagem através da observação; por exemplo, se a mãe for bem

5
socializada e calma perto de pessoas, os jovens serão mais sociáveis e calmos também
(Crowell-Davis et al. 2004).
Apesar de apresentar uma vida bastante diferente dos gatos errantes, o doméstico
de interior (indoor) apresenta as mesmas bases comportamentais. Deste modo, a vinda de
um novo animal ou de um novo ser humano, a perda de contacto social ou a diminuição da
oportunidade de aprender com outros gatos podem levar a problemas comportamentais
(Overall and Dyer 2005).
Devido a stresse ou a doença, os gatos tornam-se mais inativos, diminuindo os seus
comportamentos normais, tais como os seus hábitos alimentares, a sua higienização e a
excreção dos seus produtos biológicos (Tanaka et al. 2012). Assim, é de grande importância
mantê-los num ambiente enriquecido e estimulante, de forma a preservar o seu bem-estar e
facilitar o reconhecimento precoce de doença (Rochlitz 1999).

2. Stresse
Stresse é um termo com diversas conotações, frequentemente utilizado em contexto
médico-veterinário, nomeadamente em situações despoletadas pelo medo ou pela
ansiedade. Apesar de coexistirem em variados contextos e de partilharem entre si algumas
respostas fisiológicas, é importante fazer a distinção entre stresse, medo e ansiedade
(Levine 2008).
De acordo com Tynes (2014), o medo é uma resposta emocional normal que ocorre
quando o animal se apercebe que, uma determinada situação, é perigosa e tem como
finalidade ajudá-lo a escapar da mesma. Por sua vez, a ansiedade, é a antecipação de um
perigo futuro, desconhecido, imaginário ou real e, quando tem um caracter crónico, pode ter
um efeito coibitivo no animal (Levine 2008; Seksel 2014; Tynes 2014; WSAVA 2018).
De modo simplista, considera-se que o stresse é uma resposta fisiológica (cognitiva,
emocional ou somática) ativada para ajudar o animal a lidar com um determinado estímulo.
Apesar de estar, normalmente, associado a uma conotação negativa, o objetivo básico do
stresse é manter a homeostasia, quer em situações nocivas ou perigosas, quer nalgumas
situações aprazíveis (McMillan 2008; Dhabhar 2009).
A resposta ao stresse é extremamente específica e depende do tipo, da duração e
da intensidade do estímulo que a desencadeou. Podem considerar-se dois tipos de
estímulos: os físicos (por exemplo, calor ou frio extremo, choque elétrico, privação de sono,
doença ou traumatismo) e os psicológicos (por exemplo, medo, ansiedade, conflito ou
sentimento de falta de controlo) (McMillan 2008). Para além disso, a perceção que o animal
tem relativamente ao estímulo também vai influenciar a sua resposta, sendo mais intensa
quando este é percecionado como inescapável ou incontrolável (Clark et al. 1997; Griffin
and Hume 2006; McMillan 2008; Notari 2009). Assim, percebe-se a existência de uma

6
diversidade considerável de padrões de respostas fisiológicas, com a finalidade de preservar
a integridade do organismo.
Apesar de, em situações particulares, o stresse ser uma resposta saudável, normal e
importante a curto prazo, pode tornar-se prejudicial quando ativada por longos períodos
(Levine 2008). Deste modo, a duração do stresse é um dos fatores a ter em conta nos
efeitos a nível biológico. De facto, é necessário fazer uma distinção entre stresse agudo,
com a duração compreendida entre minutos e horas, e stresse crónico, persistente por
várias horas ou mesmo dias, semanas ou meses (Dhabhar 2009).

2.1. Fisiologia do stresse


Diferentes estímulos levam ao aparecimento de diferentes respostas de stresse. Os
estímulos de pequena magnitude têm respostas comportamentais, realizadas pelo sistema
nervoso central (SNC) e pela atividade muscular voluntária, que visam o regresso à
homeostasia. Em princípio, o animal evita o estímulo, porém, a resposta comportamental
pode não ser suficiente e, à medida que a magnitude do estímulo aumenta, pode ser
necessária a adição de recursos fisiológicos, bioquímicos e cognitivos para uma resposta
rápida do corpo à situação (Moberg 2000).
A resposta ao stresse é tradicionalmente considerada como um conjunto de
respostas neuroendócrinas e compreende maioritariamente dois eixos: 1) o eixo simpático-
adrenal (SA), que inclui o sistema nervoso simpático (SNS) e a medula da adrenal,
responsável pela libertação de catecolaminas e 2) o eixo hipotálamo-hipofisário-adrenal
(HHA), que envolve o hipotálamo, a hipófise anterior e o córtex da adrenal, responsável pela
libertação de glucocorticóides (Figura 2) (Clark et al. 1997; McMillan 2008; Notari 2009).

Figura 2 – Representação simplificada da resposta ao stresse, com ativação do eixo simpático-


adrenal e do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal (original)

7
O eixo SA é responsável pelas mudanças normalmente associadas à resposta fuga
ou luta (Mills et al. 2012). A secreção de catecolaminas (epinefrina e norepinefrina) leva ao
aumento da frequência e da contratilidade cardíaca, ao aumento da pressão arterial e ao
aumento da frequência respiratória e à vasoconstrição periférica. Esta última surge,
sobretudo, nos aparelhos ou sistemas não essenciais a estas situações, como o aparelho
digestivo. A epinefrina estimula ainda a glicólise, gluconeogénese e a lipólise, com a
finalidade de fornecer energia ao animal (Levine 2008; McMillan 2008; Dhabhar 2009).
Concomitantemente, é ativado o eixo HHA, mas os seus efeitos manifestam-se mais
tardiamente e são mais gerais. Assim, após a perceção do estímulo aversivo, o hipotálamo
secreta a hormona de libertação da corticotrofina (CRH) que, por sua vez, estimula a
hipófise anterior a libertar hormona adrenocorticotrófica (ACTH). Esta vai estimular a
secreção de glucocorticóides a partir do córtex da adrenal (Clark et al. 1997; Notari 2009).
Os glucocorticóides têm efeitos catabólicos e imunossupressores, podendo ainda
afetar o crescimento. Apesar do aumento destas hormonas ser benéfico a curto prazo, tem
efeitos deletérios quando prolongado no tempo, ainda que seja intermitentemente (McMillan
2008).
A ativação do eixo HHA vai ainda facilitar a aprendizagem e a criação de memória,
para que, numa situação semelhante, o animal responda rapidamente. No entanto, os
estímulos muito intensos podem privilegiar respostas impulsivas, dominadas pelo medo,
alterando a aprendizagem do animal (Notari 2009; Graça Pereira 2014a).
De acordo com Clark (1997), os estímulos psicológicos, como ansiedade e falta de
controlo das situações, são mais eficazes na estimulação do sistema HHA.

2.2. Avaliação dos índices de stresse


Dada a grande variação individual na resposta aos mais diversos estímulos, não é
expectável que um só indicador seja apropriado para medir corretamente os níveis de
stresse (Moberg 2000). De facto, a combinação de critérios fisiológicos (temperatura
corporal, pressão arterial, frequências cardíaca e respiratória) ou bioquímicos (concentração
de cortisol sérico, urinário ou fecal) com critérios comportamentais seria o mais indicado,
dado que as diferentes variáveis isoladamente podem ter uma interpretação ambígua (Griffin
and Hume 2006; Nibblett et al. 2015).

2.2.1. Parâmetros fisiológicos


A libertação de catecolaminas, na resposta ao stresse, leva a um aumento das
frequências cardíaca e respiratória, da temperatura retal e da pressão arterial (Rand et al.
2002; Rodan 2010; Quimby et al. 2011; Nibblett et al. 2015). No entanto, são diversas as
situações que podem influenciar estes parâmetros, como as doenças cardíacas ou as

8
doenças respiratórias, razão pela qual devem ser complementados com outra forma de
avaliação (Quimby et al. 2011).

2.2.2. Parâmetros bioquímicos


A maioria dos estudos sobre os níveis de stresse em gatos avalia a ativação do eixo
HHA e alterações nas concentrações de cortisol. O agudo é, normalmente, quantificado
através do cortisol sérico. Já o crónico é quantificado através da urina, usando-se o rácio
cortisol/creatinina, ou das fezes, através do doseamento de cortisol nas mesmas (Hirsch
2016).

2.2.2.1. Cortisol sérico


A concentração de cortisol sérico é frequentemente utilizada como indicador de
stresse no homem e nos outros animais (McCobb et al. 2005). Com efeito, poucos minutos
após o estímulo, os seus níveis aumentam e as concentrações atingem o seu pico entre os
5 e os 15 minutos. Esta alteração rápida facilita a deteção de stresse agudo, mesmo em
situações como a manipulação (Hirsch 2016).
A principal desvantagem do doseamento do cortisol sérico é o facto de ser um
procedimento invasivo, que requer a preparação do animal, nomeadamente tricotomia e
desinfeção, assim como a sua imobilização durante a colheita de sangue. A manipulação
pode aumentar os níveis de stresse e, potencialmente, influenciar os resultados (McCobb et
al. 2005; WSAVA 2018). Para além disso, o cortisol é libertado de forma pulsátil, pelo que
não deve ser usado como biomarcador único (Graça Pereira 2014a).

2.2.2.2. Rácio cortisol/creatinina urinário


A utilidade da análise do cortisol urinário para avaliação da resposta do sistema
adrenal aos agentes de stresse já foi validada em felídeos domésticos e não-domésticos
(Carlstead et al. 1992). A principal vantagem do rácio cortisol-creatinina urinário é o facto de
ser uma medida não invasiva, que reflete a concentração média de cortisol sérico, durante o
tempo de produção da urina (McCobb et al. 2005).
Esta técnica apresenta algumas desvantagens, nomeadamente o facto de não ser
prática a colheita livre, em casos com mais de um gato por ambiente doméstico, e o
resultado ser afetado por hematúria (Hirsch 2016). Para além destas desvantagens, apenas
15% do cortisol é excretado através da urina (Graham and Brown 1996).

9
2.2.2.3. Metabolitos fecais do cortisol
Cerca de 82% do cortisol é excretado nas fezes, possibilitando a análise dos seus
metabolitos para determinação dos níveis de stresse (Hirsch 2016). Os metabolitos refletem
a média de cortisol durante o tempo de produção das fezes e a recolha da amostra é feita
de forma não invasiva, não afetando os resultados (Graham and Brown 1996). As amostras
devem ser colhidas e preparadas frescas, de modo a certificar que ainda contêm os níveis
biologicamente representativos dos metabolitos do cortisol (Graham and Brown 1996;
Schatz and Palme 2001).

2.2.3. Avaliação de parâmetros comportamentais


As avaliações comportamentais são uma alternativa à medição fisiológica dos níveis
de stresse em gatos, indicando a forma como o animal está a lidar com o ambiente.
A Cat Stress Score (CSS) é um método padrão que tem por base uma escala de 7
níveis, que varia do “completamente relaxado” (fully relaxed) ao “aterrorizado” (terrorized),
sendo frequentemente utilizada para avaliação dos índices de stresse (Kessler and Turner
1997; McCobb et al. 2005; Tanaka et al. 2012; Moore and Bain 2013; Rehnberg et al. 2015;
van Haaften et al. 2017; Pankratz et al. 2018). A escala descreve detalhadamente os
comportamentos e os sinais corporais que ajudam a distinguir, rapidamente e de forma não
invasiva, um gato com elevados níveis de stresse de um gato com níveis de stresse
diminutos (McCobb et al. 2005). A principal desvantagem prende-se com o facto de ser uma
medição subjetiva, pois tem por base os comportamentos demonstrados em pequenos
intervalos de tempo (Broadley et al. 2014). Assim, e apesar de ser amplamente utilizado, até
à data, este método não foi claramente validado com outras avaliações, como por exemplo a
concentração de cortisol (McCobb et al. 2005).

2.3. Coping
Os animais não respondem de igual forma quando confrontados com uma situação
que entendem como perigosa. Alguns controlam-na rapidamente, outros ignoram ou lidam
com pouco sucesso com a mesma e existem ainda os que entram num estado de
passividade e resignação (Clark et al. 1997).
O coping é um processo complexo e refere-se à capacidade de reduzir a resposta
ativada pelo agente de stresse, ao incentivar comportamentos, por parte do animal, que
controlam a reação a um dado evento aversivo (Stella et al. 2013).
Existem, pelo menos, duas formas de lidar com situações aversivas: a forma ativa,
na qual o animal resiste ativamente, tentando remover o estímulo ou fugindo rapidamente
deste; e a passiva, na qual o animal se retira de forma mais gradual (Ellis 2009). A

10
estratégia ativa parece ser mais eficaz num ambiente familiar ao gato, enquanto a passiva é
mais adequada em condições desconhecidas. O próprio animal apresenta preferência por
adotar uma ou outra estratégia. A forma de lidar com stresse é determinada geneticamente
e influenciada por experiências prévias, idade, relações sociais e interação humano-animal
(Clark et al. 1997; Moberg 2000).
Quando os mecanismos de coping se encontram sobrecarregados, os animais são
incapazes de lidar com o stresse e podem surgir alterações de bem-estar (Kessler and
Turner 1997).

2.4. Consequências do stresse


A maioria dos estímulos que leva a uma resposta de stresse é de curta duração. No
entanto, mesmo o stresse agudo pode ser suficientemente intenso para criar um
desequilíbrio nas funções biológicas do organismo, predispondo o animal a um estado pré-
patológico ou mesmo patológico (Moberg 2000). Para além de prejudicial ao bem-estar
individual, o stresse está frequentemente associado a alterações comportamentais, mais ou
menos incomodativas para os titulares, como o spraying ou aumento da agressividade,
podendo levar ao abandono ou eutanásia dos animais (Amat et al. 2016).
Existem, cada vez mais, estudos que evidenciam a associação entre o stresse e a
presença de doenças (Moberg 2000; Tanaka et al. 2012; Broadley et al. 2014; Gourkow et
al. 2014). De acordo com Graça Pereira (2014b), a implementação de estratégias que
reduzem os níveis de stresse felino tem um papel adjuvante na terapêutica das doenças
crónicas.
É importante referir que, para além de afetar alguns parâmetros fisiológicos como a
pressão arterial, o stresse tem, também, impacto nas análises laboratoriais, nomeadamente
ao nível do doseamento da glucose, sendo detetadas hiperglicemia e hipertensão arterial,
muitas vezes difíceis de diferenciar de verdadeiras alterações patológicas (Rand et al. 2002;
Gruen et al. 2013; Nibblett et al. 2015). A nível de hemograma encontra-se frequentemente
o leucograma de stresse, caraterizado por leucocitose, neutrofilia sem desvio à esquerda,
linfopenia e eosinopenia, em situações crónicas (Dhabhar 2009; Stella et al. 2013).

2.4.1. Consequências do stresse agudo


A nível agudo, os sinais de stresse são maioritariamente uma manifestação da
ativação do SNS, nomeadamente hipersiália, náusea, vómito, diarreia e ainda alterações
cardiovasculares, frequentemente observados em contexto médico-veterinário (Notari 2009).
Este conjunto de sinais clínicos não específicos são normalmente chamados
comportamentos de doença (Stella et al. 2013)

11
2.4.2. Consequências do stresse crónico
Os sinais de stresse crónico podem ser menos evidentes para o detentor, mas são
mais deletérios para o bem-estar animal (Hirsch 2016). De forma geral, todas as funções
biológicas são afetadas pelo stresse, nomeadamente a imunocompetência, o metabolismo,
a reprodução e o comportamento. Assim, um animal que experiencie stresse grave pode
adoecer ou ser incapaz de se reproduzir ou de se desenvolver apropriadamente (Moberg
2000).
Uma das principais consequências do stresse crónico é provocar a supressão do
sistema imunitário, por ação dos glucocorticóides (McCobb et al. 2005; Notari 2009; Gruen
et al. 2013). Estes têm um efeito inibitório no crescimento celular, na proliferação e na
diferenciação da atividade leucocitária, na produção de citoquinas e na formação de
anticorpos. De um ponto de vista evolutivo, a imunossupressão retarda a dor inflamatória
(Notari 2009). No entanto, quando a resposta é extremamente intensa e persistente, pode
levar ao aparecimento de novas infeções ou reativação de infeções latentes (Griffin 1989),
tal como é o caso de herpes vírus felino que está habitualmente implicado na doença
respiratória em gatos (Tanaka et al. 2012).
A nível digestivo, estão descritas alterações que são secundárias a uma modificação
da integridade da barreira intestinal, com aumento da sua permeabilidade, e a uma reação
inflamatória local (Lambert 2009; Amat et al. 2016). Verifica-se ainda uma alteração da
absorção de água e eletrólitos (Tynes 2014). É frequentemente referida a presença de
ulceração gástrica, secundária à diminuição do fluxo sanguíneo para o trato gastrointestinal,
ao aumento da secreção do ácido gástrico e à diminuição da do muco (Notari 2009; Gruen
et al. 2013).
Uma das afeções mais regularmente associadas ao stresse é a cistite idiopática
felina (CIF), uma doença do trato urinário inferior frequentemente diagnosticada em gatos
(Gunn-Moore and Cameron 2004; Stella et al. 2013). O mecanismo fisiopatológico ainda não
é totalmente compreendido, mas sabe-se que a camada protetora da bexiga, composta por
glicosaminoglicanos, é defeituosa em gatos com CIF e, consequentemente, há uma
alteração da permeabilidade da bexiga. A sobreativação crónica do SNS, em animais com
stresse, pode potenciar o desenvolvimento da doença (Buffington 2002; Cameron et al.
2004; Amat et al. 2016).
A nível dermatológico, sabe-se que o stresse pode potenciar ou perpetuar o prurido
em determinadas doenças, nomeadamente na dermatite atópica ou na dermatite acral por
lambedura (Amat et al. 2016).
No stresse crónico, o comportamento sexual é diminuído ou inibido, pela diminuição
da maioria das hormonas sexuais [hormona de libertação da gonadotrofina (GnRH),
hormona luteinizante (LH), hormona folículo-estimulante (FSH) e esteróides sexuais] (Clark

12
et al. 1997). Pensa-se que esta diminuição seja secundária ao aumento dos glucocorticóides
em circulação (Breen and Mellon 2014). As alterações no sistema nervoso autónomo (SNA),
do qual faz parte o SNS, também originam alterações na líbido sexual, podendo resultar em
impotência (Graça Pereira 2014a).
Em termos comportamentais, os animais ficam menos ativos e menos responsivos
ao meio envolvente. Os titulares podem referir que os animais estão menos interessados em
brincar e passam mais tempo a dormir ou escondidos (Ellis 2009; Tanaka et al. 2012).
Uma das alterações mais frequentemente observadas é a anorexia e consequente
perda de peso (McCobb et al. 2005; Gruen et al. 2013). Esta é particularmente preocupante
devido ao risco de surgir lipidose hepática, especialmente em gatos obesos que mostram
anorexia como resposta ao stresse (Carr 2002; Amat et al. 2016).
Os comportamentos compulsivos também podem ser observados, nomeadamente o
síndrome de hiperestesia felina, a alopécia psicogénica e o picacismo (Beaver 2003;
Gourkow and Fraser 2006; Notari 2009; Amat et al. 2016). Para além disso, verifica-se um
aumento da frequência de spraying (Levine 2008; Graça Pereira et al. 2014a).
O stresse crónico prejudica a capacidade de aprendizagem e memória, devido à
exposição excessiva das estruturas cerebrais, como o hipocampo, aos corticosteróides
(Notari 2009; Mills et al. 2012).
A ativação crónica do eixo HHA pode ainda facilitar a existência de comportamentos
agressivos, pelo que um animal em stresse mais facilmente responde agressivamente
quando estimulado (Amat et al. 2008).

2.5. Stresse felino em contexto médico-veterinário


A visita a um centro de atendimento médico-veterinário (CAMV) é, em princípio, uma
altura de stresse para o gato (Anseeuw et al. 2006). O ambiente hospitalar tem tendência a
despoletar a sensibilidade dos sentidos felinos, em particular o olfato apurado, que vai
detetar os odores desconhecidos, frequentemente deixados por outros gatos em stresse.
Muitas vezes, para eliminar estes odores, são utilizadas soluções de lavagem, as quais têm
um cheiro muito agressivo. Para além disso, os animais estão rodeados por sons intensos e
desconhecidos, por movimentos súbitos, por objetos novos e, muitas vezes, têm de lidar
com o aproximar de estranhos, quer sejam humanos ou quer sejam outros animais (McCune
1994; Rodan 2010; Overall 2013; Stella et al. 2013).
Em ambientes novos, os gatos são particularmente propensos a ter stresse agudo e
medo, com uma libertação quase imediata de adrenalina (Griffin 2009). As principais
respostas de medo no gato são o “congelar” (freeze), ter comportamentos normais mas que
se encontram fora de contexto (fiddle ou fidget), fugir (flight) ou lutar (fight). Porém, o gato
evita ao máximo esta última resposta (Notari 2009). Os gatos que se sentem encurralados

13
ou confinados evitam os indivíduos desconhecidos e adotam comportamentos
característicos de presa, com tendência para a fuga, bem como reações de defesa (Rodan
et al. 2011; Gruen et al. 2013).
Estas últimas, tipicamente vistas como agressividade, podem ser secundárias ao
medo, nomeadamente se o gato tiver a sensação de que não tem controlo sobre o
ambiente, se estiver mal socializado ou se tiver tido experiências nocivas prévias. A
agressividade pode ainda ser consequência de dor, muitas vezes difícil de detetar, dado que
se tratam de animais que não a demonstram facilmente (Moffat 2008; Rodan 2010).
Consequentemente, um gato que seja agressivo em ambiente hospitalar pode não o ser
verdadeiramente (Amat et al. 2008).
Tradicionalmente, a manipulação dos animais de companhia focava-se muito na
eficiência de atendimento e pouco no bem-estar animal (Moffat 2008). A contenção foi
instituída muito cedo em Medicina Veterinária, de modo a proteger os profissionais de
saúde, particularmente contra doenças zoonóticas, como a Cat Scratch Disease (Yin 2009;
Overall 2013). Esta contenção tornava a manipulação do paciente mais segura, limitando a
sua movimentação durante os procedimentos. No entanto, apesar de priorizar a segurança,
a contenção aumenta o medo e, consequentemente, o risco de agressão em diversos
pacientes (Moffat 2008; Rodan 2010).
Com o conhecimento atual podem adaptar-se as técnicas de manipulação, sabendo
que, no caso do gato, é melhor uma menor contenção (Anseeuw et al. 2006; Levine 2008;
Rodan 2010). Deste modo, os estados de ansiedade e de medo são reduzidos, e as
manifestações comportamentais que podem dificultar ou mesmo impedir o exame de estado
geral são minimizadas (Hudec and Griffin 2020).
Na medida em que o gato faz grande parte da sua comunicação através de posturas
corporais e expressões faciais, ainda que subtis, estas podem dar informações ao MV sobre
como agir e, assim, reduzir comportamentos agressivos (Figura 3) (Yin 2009).

Figura 3 – Posturas corporais do gato de acordo com o seu medo e agressividade. Adaptado de
Bowen e Heath (2005)

14
Antes da manipulação de qualquer animal, a linguagem corporal deve ser avaliada,
nomeadamente a orientação das orelhas, abertura dos olhos e tamanho da pupila, posição
da cauda e a postura corporal no geral (Figuras 4 e 5) (Moffat 2008; Ellis 2009).

Agressividade

Medo

Figura 4 – Expressões faciais de acordo com a agressividade e o medo. Adaptado de Bowen e


Heath (2005)

Figura 5 – Interpretação da comunicação do gato, de acordo com as diferentes posições corporais e


expressões faciais do gato. Adaptado de Levine (2008)

15
Os gatos que se encontram relaxados têm tendência a explorar o ambiente, expondo
o seu corpo; o pescoço está esticado e a cabeça levantada, os olhos abertos e as pupilas
não dilatadas, as orelhas eretas e viradas para a frente e a cauda levantada ou solta atrás
do corpo. Os amedrontados estão tensos e tentam parecer mais pequenos, através de uma
postura agachada, cabeça baixa e evitando contato ocular direto; baixam e escondem a
cauda e achatam as orelhas (McCune 1994; Moffat 2008; Yin 2009; Lloyd 2017; Pankratz et
al. 2018). No caso de serem incapazes de fugir, podem bufar e reagir agressivamente.
Alguns gatos podem tentar parecer maiores, adotando a postura de gato assanhado
(designado em certas regiões como Gato de Halloween), em que se colocam em pontas dos
dígitos, com a cauda ereta e as costas arqueadas; esta postura é também acompanhada
por piloereção (McCune 1994; Lloyd 2017).
Apesar de se considerar que os gatos mais refratários à manipulação são os que
apresentam maiores níveis de stresse, McCune (1994) relatou que os gatos mais inativos,
tipicamente em freeze, se encontram em maior stresse (McCune 1994; Rehnberg et al.
2015).
De acordo com Anseeuw (2006), o maneio low stress é uma ferramenta muito útil a
utilizar em consulta. Este passa pela utilização de análogos sintéticos da feromona facial
felina, como o Feliway®, por uma comunicação calma com tom de voz baixo, por evitar o
contacto visual direto, pela realização de procedimentos tranquilamente e sem movimentos
bruscos, permitindo que o animal se afaste, se assim o desejar.
O exame físico deve ser feito onde o animal se sente mais seguro, devendo ser dada
a oportunidade deste sair sozinho da transportadora. Se tal não se verificar, o exame deve
ser realizado na parte inferior da mesma. No caso de gatos muito assustados, pode optar-se
por diminuir as luzes e tapar o gato com uma toalha, dentro da transportadora (Anseeuw et
al. 2006).
Após a realização de procedimentos mais complexos, deve deixar-se o animal
descontrair e recompensar o comportamento com guloseimas ou massagens (Anseeuw et
al. 2006; Rodan et al. 2011), nomeadamente na região temporal, entre os olhos e as orelhas
(Soennichsen and Chamove 2002) e na zona do queixo e pescoço (Rodan et al. 2011). Os
comportamentos indesejados devem ser ignorados e o gato não deve ser punido, verbal ou
fisicamente, dado que a punição aumenta a ansiedade, podendo até escalar à agressividade
(Yin 2009; Gruen et al. 2013; Lloyd 2017).
Sabendo que os gatos aprendem com a experiência e apenas uma visita a um
CAMV pode ter um impacto a longo prazo no comportamento do animal, é da
responsabilidade do MV almejar uma prática que diminua o stresse nos animais,
aumentando a sua complacência em contexto de consulta (Moberg 2000; Lloyd 2017). Em
situações em que o maneio low stress não é suficiente, pode ser utilizada uma abordagem

16
farmacológica, nomeadamente medicação ansiolítica de ação rápida, como trazodona ou
dexmedetomidina (Nibblett et al. 2015; van Haaften et al. 2017). Mais recentemente, tem
sido sugerida a utilização de gabapentina antes da ida ao CAMV para reduzir o stresse nos
gatos, durante as visitas ao mesmo (Shafford 2015).

3. Gabapentina
A gabapentina [ácido 1-(aminometil)ciclohexano acético] é um fármaco
estruturalmente análogo ao ácido gama-aminobutírico (GABA), o principal neurotransmissor
inibitório do SNC (Singh et al. 1996; Mao and Chen 2000); a diferença assenta na adição de
um grupo ciclohexil à cadeia (Figura 6) (Cai et al. 2012). Inicialmente, a gabapentina era
usada como relaxante muscular e antiespasmódico, tendo sido aprovada a sua utilização
como anticonvulsivo, em 1993 (Grubb 2010).

Figura 6 - Estrutura da GABA e da Gabapentina. Adaptado de Greenplatt e Greenplatt (2018)

Atualmente, em Medicina Humana, para além do tratamento de convulsões parciais,


com ou sem generalização secundária, a gabapentina é também utilizada no controlo de dor
neuropática, melhorando significativamente o alívio de sintomas, tais como hiperalgesia e
alodinia (Mao and Chen 2000; Curros-Criado and Herrero 2007). Diversos estudos têm
comprovado também a sua eficácia na redução da dor pós-operatória, quando é associada
a opióides, em protocolos analgésicos multi-modais (Dirks et al. 2002; Rorarius et al. 2004;
Al-Mujadi et al. 2006; Kong and Irwin 2007; Pypendop et al. 2010). A gabapentina é, ainda,
usada no controlo da perturbação bipolar, ansiedade, depressão e perturbações de humor,
particularmente em casos em que não há resposta aos antidepressivos e/ou
benzodiazepinas (Cheng and Chiou 2006; Grubb 2010; Greenblatt and Greenblatt 2018).
Em Medicina Veterinária, a gabapentina é utilizada de forma idêntica,
nomeadamente no controlo de dor crónica e como tratamento adjuvante de convulsões
(Plumb 2009). De acordo com Steagall (2018), a administração pré-cirúrgica daquela alivia a
dor após a cirurgia, sendo útil em protocolos analgésicos multimodais, principalmente
quando os anti-inflamatórios não esteróides (AINE) estão contraindicados.
No caso específico dos gatos, a gabapentina é usada no tratamento da síndrome da
hiperestesia felina (Cochrane 2007) e tem sido, cada vez mais, utilizada como método de
sedação no domicílio, numa administração única, com doses entre 50 a 100 mg/gato

17
(Shafford 2015), no intuito de diminuir a ansiedade associada a deslocações aos CAMV (van
Haaften et al. 2017; Hudec and Griffin 2020), a viagens (van Haaften et al. 2017) e a outras
situações causadoras de stresse. Pankratz (2018) demonstrou que o uso deste fármaco
também diminui o medo, em gatos de comunidade.

3.1. Mecanismo de ação


O mecanismo de ação no organismo é ainda desconhecido, no entanto, sabe-se que
apesar de estruturalmente semelhante ao neurotransmissor GABA, a gabapentina não
apresenta afinidade com os recetores GABAA e GABAB, não influencia a sua síntese nem a
sua recaptação, não tendo atividade nos sistemas neuronais GABAérgicos (Singh et al.
1996; De-Paris et al. 2000; Mao and Chen 2000; Cheng and Chiou 2006).
Atualmente pensa-se que o mecanismo de ação passa pela ligação da gabapentina
à subunidade α2δ dos canais de cálcio dependentes de voltagem no SNC. Tal ligação
provoca uma inibição do influxo de cálcio e subsequentemente a diminuição da libertação de
neurotransmissores excitatórios, como o glutamato. Além disso, a gabapentina também
diminui a libertação de noradrenalina e da substância P, justificando as suas propriedades
anticonvulsivas, antinocicetivas e, possivelmente, ansiolíticas (Cheng and Chiou 2006;
Taylor 2009; Bockbrader et al. 2010; Greenblatt and Greenblatt 2018; Sinn 2018; Mathieson
et al. 2020).

3.2. Farmacocinética
A gabapentina pode ser administrada com ou sem alimento (Gidal et al. 1998). Após
administração oral, é lentamente absorvida, e no gato atinge o pico de concentração
plasmática aos 100 ± 22 minutos (Siao et al. 2010; Hudec and Griffin 2020). O tempo de
semi-vida do fármaco é cerca de 3 horas (Sinn 2018).
A absorção é influenciada pela presença de transportadores de L-aminoácidos 1
(LAT1) ao longo do tubo digestivo, que facilitam a passagem do fármaco do lúmen intestinal
até à circulação sistémica (Kong and Irwin 2007). Os LAT1 estão maioritariamente presentes
no intestino delgado, onde a absorção de gabapentina é máxima, enquanto que ao nível do
cólon é reduzida (Gidal et al. 1998; Bockbrader et al. 2010). Dada a possibilidade de
saturação do transportador, as concentrações plasmáticas de gabapentina não aumentam
proporcionalmente com um aumento da dose (Bockbrader et al. 2010; Grubb 2010).
A biodisponibilidade nas espécies estudadas é elevada, rondando os 89% no gato; o
volume de distribuição é relativamente baixo, o que é consistente com a sua elevada
solubilidade em meio aquoso e baixa ligação a proteínas plasmáticas (Siao et al. 2010).
Nos gatos, a metabolização hepática da gabapentina é praticamente inexistente
(Plumb 2009; Bockbrader et al. 2010) e, nesta espécie, conhecem-se poucas interações

18
farmacológicas relevantes. Contudo, no ser humano, a toma concomitante com antiácidos
pode reduzir a sua absorção até 20% (Kong and Irwin 2007; Grubb 2010).
A excreção da gabapentina é maioritariamente renal, estando a clearance plasmática
muito correlacionada com a taxa de filtração glomerular. Assim, os pacientes com função
renal alterada necessitam de ajustes na dose (Bockbrader et al. 2010, Ahmed et al. 2017).
O principal efeito secundário das administrações únicas é a sedação que, por norma,
é temporária e está relacionada com a dose do fármaco. Além disso, foram também
descritos, em casos pontuais, ataxia, hipersiália, vómito e diarreia (Grubb 2010; Hudec and
Griffin 2020).
O facto de ser um fármaco relativamente seguro, com poucas interações, poucos
efeitos secundários e preço baixo torna-o de elevado interesse em Medicina Veterinária.

19
Parte III: Efeito da Gabapentina no Comportamento de Felinos submetidos a
Ovariohisterectomia/Orquiectomia em Contexto de Reavaliação Pós-cirúrgica
1. Introdução
A popularidade do gato doméstico, assim como a preocupação com o seu bem-estar,
têm vindo a aumentar, de forma regular, nos últimos anos (Suchak and Lamica 2018). No
entanto, contrariamente ao que seria expectável, os cuidados médico-veterinários não
acompanharam esse crescimento (van Haaften et al. 2017). De acordo com um estudo de
Lue et. al. (2008), o número de gatos que é conduzido a um CAMV menos de uma vez por
ano é significativamente superior ao número de cães que se encontram na mesma situação
(72% vs 42%). No mesmo estudo, verificou-se que as visitas destes últimos são duas vezes
mais frequentes que as de gato, com uma média de 2,3 por ano vs 1,1 por ano. Os titulares
dos cães são, geralmente, mais preocupados do que os dos gatos na obtenção de cuidados
vacinais (73% vs 55%), exames físicos regulares (67% vs 49%) e cuidados orais (22% vs
9%).
O motivo para esta diferença de comportamento entre os detentores de cães e de
gatos assenta em diversos fatores, entre os quais a perceção, por parte do titular do gato,
que o seu animal sente mais stresse, tanto na viagem como no CAMV. Deste modo,
acabam por evitar consultas para procedimentos preventivos, o que muitas vezes dificulta a
deteção ou prevenção precoce de doenças (Rodan 2010, Hudec and Griffin 2020). Para
além deste fator, os sinais de doença e de dor nesta espécie são muito subtis e dificilmente
reconhecidos, o que pode atrasar a procura de cuidados médico-veterinários (Rodan 2010).
Numa tentativa de contornar a relutância que os detentores sentem em levar o seu
animal aos CAMV, têm sido testadas diversas estratégias, de entre as quais a utilização do
fármaco gabapentina previamente à consulta (van Haaften et al. 2017; Pankratz et al. 2018;
Hudec and Griffin 2020).
De acordo com Buckley (2019), é possível inferir, com moderada a forte evidência,
que a gabapentina pode ser útil na redução dos índices de stresse agudo em gatos que são
submetidos a intervenções veterinárias. No entanto, é ainda necessária a demonstração da
sua eficácia como agente farmacológico na redução de stresse mais prolongado.
No presente trabalho, o objetivo é estudar a utilização pré-cirúrgica de gabapentina,
em pacientes felinos, nomeadamente em orquiectomias e ovariohisterectomias eletivas, e
aferir o seu efeito no stresse dos mesmos, através de avaliações comportamentais feitas
recorrendo ao Cat Stress Score (CSS).
A hipótese em estudo é que a utilização pré-cirúrgica de gabapentina reduz os níveis
de stresse nos animais, mesmo nas consultas subsequentes, quando comparada com um
placebo.

20
2. Materiais e métodos
2.1. Animais
Neste estudo, prospetivo, cego e randomizado, foram incluídos 31 gatos saudáveis
(n=31), com a devida autorização dos respetivos titulares.
Após a admissão, foi atribuído um número ao animal, por ordem de entrada no
estudo. Os gatos foram divididos em dois grupos: o grupo A (números ímpares) e o grupo B
(números pares) que receberam, respetivamente, a cápsula A ou a cápsula B. Sendo um
estudo cego, até ao final do mesmo, a equipa médico-veterinária não sabia qual das
cápsulas continha o princípio ativo ou qual era o placebo, tendo a atribuição sido feita por
uma pessoa externa ao HVAC.
No final do estudo, foi revelado que a cápsula A correspondia ao placebo e a cápsula
B a gabapentina. A partir deste momento os animais foram divididos em dois grupos: Grupo
Gabapentina (GG) e Grupo Placebo (GP).

2.2. Critérios de inclusão


Foram incluídos no estudo felinos com esterilização previamente programada pelo
titular, com uma idade mínima de 6 meses, saudáveis e com pesos compreendidos entre os
2,500 e os 5,000 kg, cujos titulares se comprometiam a vir às três reavaliações pós-
cirúrgicas.

2.3. Critérios de exclusão


Foram excluídos gatos com historial prévio de internamento e de doenças crónicas
conhecidas. Dado que a dose de gabapentina a administrar foi 100 mg e se almejava uma
concentração de 20 a 40 mg/kg por animal, foram também excluídos gatos com um peso
inferior a 2,500 kg e peso superior a 5,000.
Os de comunidade também não foram incluídos, por não ser possível assegurar as
três reavaliações.

2.4. Procedimento experimental


Os níveis de stresse foram avaliados de acordo com à CSS (Anexo 1), em seis
momentos diferentes: na consulta pré-cirúrgica (C1), no dia da cirurgia [1h após entrada no
hospital (C2) e 30 minutos antes da alta (C3)] e em 3 consultas pós-cirúrgicas [3 dias (C4),
10 dias (C5) e 30 dias após a cirurgia (C6)].

21
2.4.1. Avaliação comportamental em consulta pré-cirúrgica (C1)
Aquando da chegada do titular com o animal, foi pedido que aguardassem na sala de
espera, enquanto a rececionista preenchia os pontos 1 e 2 da Ficha de Estudo (Anexo 2).
Cada gato tinha a sua ficha, onde eram apontadas todas as informações necessárias e as
suas avaliações.
Após entrada no consultório, a transportadora era aberta e era recolhida a anamnese
e feito o preenchimento do ponto 3 da Ficha de Estudo. Durante este tempo o animal podia
sair da transportadora livremente. Cerca de 5 minutos após a entrada no consultório, era
feita uma avaliação comportamental. Caso o animal não saísse por si, a tampa superior da
transportadora era retirada e era feita a avaliação com este dentro da mesma. Qualquer
manipulação do gato, nomeadamente o exame físico, pesagem e colheita de sangue, era
efetuada posteriormente à avaliação para não influenciar os resultados. Durante a mesma, o
animal conseguia ver o seu titular, mas não era permitida interação.
No final da consulta, era dada ao titular a respetiva cápsula (A ou B) e este era
instruído a administrar o seu conteúdo por via oral, 2 horas antes do regresso do gato ao
hospital veterinário, no dia da cirurgia. Este regime de medicação foi escolhido com base
nos dados farmacocinéticos específicos da espécie, dado que o pico plasmático da
gabapentina é obtido cerca de 100 ± 22 minutos após administração oral (van Haaften et al.
2017). A cápsula era administrada em jejum ou associado a um pouco de comida.

2.4.2. Dia da esterilização


2.4.2.1. Avaliação comportamental pré-cirúrgica (C2)
Na admissão do gato para intervenção cirúrgica, a rececionista preenchia o ponto 4
da Ficha de Estudo. O animal era colocado na jaula 3 ou na jaula 6 do internamento dos
gatos, onde estava sempre ativo um difusor de Feliway®. Uma hora após a sua colocação
na jaula, era preenchido o ponto 5 da respetiva Ficha de Estudo e feita a avaliação
comportamental, através da observação da linguagem corporal do gato, em silêncio, sem o
confrontar.
Posteriormente, o felino era preparado para a cirurgia. No caso dos machos, a
intervenção era feita sob sedação profunda, de acordo com o protocolo presente na tabela
2. Após aquela, era realizada a tricotomia e desinfeção da zona periescrotal e
posteriormente, a orquiectomia. Sempre que necessário, a sedação era aprofundada.
Relativamente às fêmeas, estas eram sedadas conforme o protocolo indicado na
tabela 2. Após cateterização venosa era realizada a tricotomia e desinfeção do abdómen. A
indução anestésica era realizada com propofol, sendo posteriormente mantida com
isoflurano. Em alguns casos foi necessário recorrer a resgates analgésicos intraoperatórios.

22
Tabela 2 – Protocolo anestésico utilizado para esterilização dos felinos machos e felinos fêmeas

Felinos machos Felinos fêmeas


Pré-medicação: dexmedetomidina (7,5 µg/kg
IM) + metadona (0,3 mg/kg IM) + alfaxalona
Sedação profunda: dexmedetomidina (15
(0,5 mg/kg IM)
µg/kg IM) + metadona (0,3 mg/kg IM) +
Indução: propofol (0,5 a 1 mg/kg IV, de
ketamina (2 mg/kg IM)
acordo com dose-efeito).
Caso necessário aprofundar: alfaxalona (0,5
Manutenção: isoflurano (1 a 1,5%)
mg/kg IM)
Resgate analgésico: fentanilo (2.5µg/kg IV)
e/ou ketamina (0,5mg/kg IV)

2.4.2.2. Avaliação comportamental pós-cirúrgica (C3)


No final da esterilização, era feita a reversão do efeito da dexmedetomidina, com
atipamazol, sendo utilizado metade do volume de dexmedetomidina, usado na sedação ou
pré-medicação. O animal era colocado na respetiva jaula, onde recuperava da anestesia. A
alta era marcada após o despertar do animal e 30 minutos antes desta, era preenchido o
ponto 6 da ficha, com a respetiva avaliação comportamental.

2.4.3. Avaliação comportamental em consultas pós-cirúrgicas (C4, C5 e C6)


Nas reavaliações, ao 3º, 10º e 30º dia, o procedimento era semelhante ao da
consulta pré-cirúrgica, não havendo colheita sanguínea.

2.5. Análise estatística


A informatização dos resultados obtidos nas Fichas de Estudo foi efetuada em folha
de cálculo de Microsoft Excel 365 ®, através da construção de uma base de dados.
A normalidade dos valores obtidos foi avaliada utilizando o teste Shapiro-Wilk.
Quando os valores obtidos seguiam uma distribuição normal, a comparação entre grupos
tinha por base a média e desvio padrão. Por outro lado, se a normalidade não se verificasse,
a comparação entre grupos tinha por base a mediana e intervalo interquartil (IIQ).
Como as observações comportamentais eram repetidas seis vezes por cada
animal, recorreu-se ao modelo linear misto para determinar se as diferenças obtidas entre
os dois grupos (gabapentina vs placebo) eram estatisticamente significativas. Foram
utilizados como fatores fixos a toma de gabapentina ou placebo e o momento de avaliação
(C1, C2, C3, C4, C5 e C6) e como fator aleatório o animal. Considerou-se um resultado
estatisticamente significativo quando o valor de p (p-value) era menor do que 0,05 (p<0,05),
levando à rejeição da hipótese nula.
A análise estatística foi realizada no programa de R®, versão 4.0.3, em associação
com a extensão Rcmdr.

23
3. Resultados
3.1. Caraterização da amostra
Dos 31 gatos estudados, 17 eram do sexo feminino e 14 do sexo masculino. Das 17
fêmeas, 9 receberam placebo e 8 receberam gabapentina. Dos 14 machos, 7 receberam
placebo e outros 7 receberam gabapentina (Gráfico 1).

Gráfico 1 – Distribuição da amostra em estudo de acordo com o género e toma de gabapentina ou


de placebo.

29,03%
25,81%
22,58% 22,58%

A amostra era constituída por 27 gatos de raça indeterminada e quatro pertencentes


aos tipos: Bosques da Noruega, British Short Hair, Scottish Fold e Sphynx.
O intervalo de idades variou entre os 6 e os 87 meses, com uma mediana de 9
meses (Gráfico 2).

Gráfico 2 – Distribuição de idade dos felinos da amostra em estudo de acordo com o género

Idade
Masculino (n=14) (meses) Feminino (n=17)
14,29% |||||||||||||| 2 ≥12 8 ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||| 47,06%
28,57% |||||||||||||||||||||||||||| 4 9 a 11 2 ||||||||||| 11,76%
57,14% ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||| 8 6a8 7 ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||| 41,18%

O peso dos gatos variou entre os 2,500 e os 5,000 kg, sendo a média de 3,699 kg.
Consequentemente, a dose de gabapentina administrada variou entre os 20 e os 40 mg/kg,
como pretendido.
Previamente à administração de qualquer fármaco, foi feito um estudo das
caraterísticas do animal, de modo a definir um comportamento base.

24
O efeito do peso na avaliação comportamental, em C1, encontra-se resumido na
tabela 3, no geral e em função do género.

Tabela 3 - Tabela resumo das médias e respetivos desvio-padrão de CSS de acordo com o peso, no
total e de acordo com o género.

Grupo
Total Fêmea Macho
Peso
n Média n Média n Média
(kg)
≤4 20 2,94 ± 0,76 15 2,93 ± 0,59 5 2,98 ± 1,22
>4 11 2,54 ± 0,74 2 2,70 ± 0,99 9 2,50 ± 0,73

Verifica-se que animais com pesos superiores a 4 kg obtiveram um valor de CSS


mais baixo, quer no geral quer de acordo com o género. Quando se avalia o grupo com
peso inferior a 4 kg, os machos apresentam um valor insignificantemente superior e, no
grupo com peso superior a 4 kg, o valor de CSS mais elevado é obtido nas fêmeas.
A avaliação comportamental de C1, tendo em conta o efeito da idade, no geral e em
função do género, está resumida na tabela 4.

Tabela 4 – Tabela resumo das médias e respetivos desvio-padrão de CSS de acordo com a idade, no
total e de acordo com o género.

Grupo
Total Fêmea Macho
Idade
n Média n Média n Média
(meses)
<24 27 2,81 ± 0,76 14 2,86 ± 0,63 13 2,76 ± 0,90
≥24 4 2,70 ± 0,90 3 3,10 ± 0,52 1 1,50 ± NA

Para animais com idade superior a 24 meses verificou-se um valor de CSS


ligeiramente mais baixo. No entanto, em específico nas fêmeas, a média é mais elevada
neste grupo. Nos machos, verificou-se o inverso.
A média de CSS é mais baixa nestes últimos, seja com idade inferior ou superior a
24 meses, quando comparada com a das fêmeas.

25
3.2. Resultados gerais do CSS
3.2.1. Postura corporal
Com exceção do primeiro momento de avaliação, os resultados obtidos no GG foram
mais baixos do que no GP (Gráfico 3). Contudo, apenas em C2 e C4 é que as diferenças
foram estatisticamente significativas (p = 0,01).
No GP, verificou-se uma descida gradual e ligeira dos valores obtidos entre C4 e C6;
no GG, entre estes momentos de avaliação, verificou-se uma subida, mais evidente de C4
para C5 (Gráfico 3).

Gráfico 3 - Comparação dos valores médios obtidos nas observações referentes à postura corporal
dos gatos em estudo (n=31).
p=0,01

Gráfico 4 - Comparação dos valores médios obtidos nas observações referentes à postura dos gatos
p=0,01
Valor médio postura corporal

em estudo (n=31).

Gráfico 5 - Comparação dos valores médios obtidos nas observações referentes à postura dos gatos
em estudo (n=31).

Gráfico 6 - Comparação dos valores médios obtidos nas observações referentes à postura dos gatos
em estudo (n=31).

Momento de avaliação
Legenda: A azul está representado o GP e a rosa o GG. Os valores cuja diferença é estatisticamente significativa
estão assinalados com um retângulo amarelo (p<0,05). No eixo X, estão representados os momentos de
avaliação: C1 – consulta pré-cirúrgica; C2 – no dia da cirurgia, pré-cirurgicamente; C3 – no dia da cirurgia, pós-
cirurgicamente; C4 – primeira consulta pós-cirúrgica; C5 – segunda consulta pós-cirúrgica; C6 – terceira consulta
pós-cirúrgica

3.2.2. Abdómen
Legenda: A azul está representado o GP e a rosa o GG. Os valores cuja diferença é estatisticamente significativa
Relativamente
estão assinalados com umao abdómen,
retângulo verificou-se
amarelo que,
(p<0,05). No eixonoX, primeiro e último os
estão representados momentos
momentos de de
avaliação: C1 – consulta pré-cirúrgica; C2 – no dia da cirurgia, pré-cirurgicamente; C3 – no dia da cirurgia, pós-
avaliação, o GG
cirurgicamente; C4 –apresentou valores
primeira consulta mais elevados
pós-cirúrgica; comparativamente
C5 – segunda ao GP;
consulta pós-cirúrgica; C6 – nos restantes
terceira consulta
pós-cirúrgica
momentos, os obtidos foram mais baixos no GG. No entanto, a diferença entre grupos só foi
estatisticamente significativa nos momentos de avaliação C2 e C4, (p=0,04 e p=0,03,
respetivamente)
Legenda: A azul está(Gráfico 4). o GP e a rosa o GG. Os valores cuja diferença é estatisticamente significativa
representado
estão assinalados com um retângulo amarelo (p<0,05). No eixo X, estão representados os momentos de
Verificou-se
avaliação: C1 – consultaainda um aumento
pré-cirúrgica; C2 – no progressivo
dia da cirurgia,epré-cirurgicamente;
marcado dos valoresC3 – noobtidos, entre pós-
dia da cirurgia, C4
cirurgicamente; C4 – primeira consulta pós-cirúrgica; C5 – segunda consulta pós-cirúrgica; C6 – terceira consulta
e C6, no GG (Gráfico 4).
pós-cirúrgica

Legenda: A azul está representado o GP e a rosa o GG. Os valores cuja diferença é estatisticamente significativa
estão assinalados com um retângulo amarelo (p<0,05). No eixo X, estão representados os momentos de
avaliação: C1 – consulta pré-cirúrgica; C2 – no dia da cirurgia, pré-cirurgicamente; C3 – no dia da cirurgia, pós-
cirurgicamente; C4 – primeira consulta pós-cirúrgica; C5 – segunda consulta pós-cirúrgica; C6 – terceira consulta
pós-cirúrgica

26
Gráfico 11 - Comparação dos valores médios obtidos nas observações referentes ao abdómen dos
gatos em estudo (n=31).

p=0,03
Gráfico 12 - Comparação dos valores médios obtidos nas observações referentes ao abdómen dos
p=0,04
gatos em estudo (n=31).
Valor médio abdómen

Gráfico 13 - Comparação dos valores médios obtidos nas observações referentes ao abdómen dos
gatos em estudo (n=31).

Gráfico 14 - Comparação dos valores médios obtidos nas observações referentes ao abdómen dos
gatos em estudo (n=31).

Momento de avaliação
Legenda: A azul está representado o GP e a rosa o GG. Os valores cuja diferença é estatisticamente significativa
estão assinalados com um retângulo amarelo (p<0,05). No eixo X, estão representados os momentos de
avaliação: C1 – consulta pré-cirúrgica; C2 – no dia da cirurgia, pré-cirurgicamente; C3 – no dia da cirurgia, pós-
cirurgicamente; C4 – primeira consulta pós-cirúrgica; C5 – segunda consulta pós-cirúrgica; C6 – terceira consulta
pós-cirúrgica

3.2.3.
GráficoMembros
posteriores
7 - Comparação dos valores médios obtidos nas observações referentes ao abdómen dos
gatos em
Deestudo
forma(n=31).
geral,Legenda: A azul
os valores está representado
obtidos o GP
na avaliação e a membros
dos rosa o GG. posteriores
Os valores cuja diferença
foram maisé
estatisticamente significativa estão assinalados com um retângulo amarelo (p<0,05). No eixo X, estão
representados
baixos no GG, osquando
momentos de avaliação:
comparado comC1 – consulta
o GP. pré-cirúrgica;
No entanto, C2 – no
em nenhum dia da se
momento cirurgia, pré-
verificou
cirurgicamente; C3 – no dia da cirurgia, pós-cirurgicamente; C4 – primeira consulta pós-cirúrgica; C5 – segunda
uma diferença
consulta significativa
pós-cirúrgica; (p>0,05)
C6 – terceira consulta(Gráfico 5).
pós-cirúrgica

Gráfico 19 - Comparação dos valores médios obtidos nas observações referentes aos membros
Gráfico 8 - Comparação dosposteriores dos gatos
valores médios emnas
obtidos estudo (n=31). referentes ao abdómen dos
observações
gatos em estudo (n=31).
Valor médio membros posteriores

Gráfico 20 - Comparação dos valores médios obtidos nas observações referentes aos membros
pélvicosmédios
Gráfico 9 - Comparação dos valores dos gatos em estudo
obtidos (n=31).
nas observações referentes ao abdómen dos
gatos em estudo (n=31).Legenda: A azul está representado o GP e a rosa o GG. Os valores cuja diferença é
estatisticamente significativa estão assinalados com um retângulo amarelo (p<0,05). No eixo X, estão
representados
Gráfico 21 -osComparação
momentos de dosavaliação: C1 – obtidos
valores médios consultanas
pré-cirúrgica;
observações – no dia aos
C2 referentes da membros
cirurgia, pré-
cirurgicamente; C3 – no dia da cirurgia, pós-cirurgicamente;
pélvicos C4 – primeira
dos gatos em estudo (n=31).consulta pós-cirúrgica; C5 – segunda
consulta pós-cirúrgica; C6 – terceira consulta pós-cirúrgica

Gráfico 22 - Comparação dos valores médios obtidos nas observações referentes aos membros
pélvicos dos gatos em estudo (n=31).
Gráfico 10 - Comparação dos valores médios obtidos nas observações referentes ao abdómen dos
gatos em estudo (n=31).Legenda: A azul está representado o GP e a rosa o GG. Os valores cuja diferença é
estatisticamente significativa estão assinalados com um retângulo amarelo (p<0,05). No eixo X, estão
representados os momentos de avaliação: C1 – consulta pré-cirúrgica; C2 – no dia da cirurgia, pré-
cirurgicamente; C3 – no dia da cirurgia, pós-cirurgicamente; C4 – primeira consulta pós-cirúrgica; C5 – segunda
Momento de avaliação
consulta pós-cirúrgica; C6 – terceira consulta pós-cirúrgica
Legenda: A azul está representado o GP e a rosa o GG. No eixo X, estão representados os diferentes momentos
de avaliação: C1 – consulta pré-cirúrgica; C2 – no dia da cirurgia, pré-cirurgicamente; C3 – no dia da cirurgia,
pós-cirurgicamente; C4 – primeira consulta pós-cirúrgica; C5 – segunda consulta pós-cirúrgica; C6 – terceira
consulta pós-cirúrgica

Gráfico 15 - Comparação dos valores médios obtidos nas observações referentes aos membros
pélvicos dos gatos em estudo (n=31).Legenda: A azul está representado o GP e a rosa o GG. No eixo X,
27
estão representados os diferentes momentos de avaliação: C1 – consulta pré-cirúrgica; C2 – no dia da cirurgia,
pré-cirurgicamente; C3 – no dia da cirurgia, pós-cirurgicamente; C4 – primeira consulta pós-cirúrgica; C5 –
segunda consulta pós-cirúrgica; C6 – terceira consulta pós-cirúrgica
3.2.4 - Cauda
Verificou-se que, excetuando em C1 e C6, o GG apresentou valores mais baixos
comparativamente ao GP. Esta diferença foi estatisticamente significativa em C2 (p=0,02)
(Gráfico 6).
A partir do quarto momento de avaliação observou-se uma subida gradual da média
dos valores obtidos do GG, igualando-se ao GP no sexto momento de avaliação.

Gráfico 27 - Comparação dos valores médios obtidos nas observações referentes à cauda dos gatos
em estudo (n=31).
p=0,02

Gráfico 28 - Comparação dos valores médios obtidos nas observações referentes à cauda dos gatos
p=0,02
em estudo (n=31).
p=0,02
Valor médio cauda

Gráfico 29 - Comparação dos valores médios obtidos nas observações referentes à cauda dos gatos
p=0,02
em estudo (n=31).

Gráfico 30 - Comparação dos valores médios obtidos nas observações referentes à cauda dos gatos
em estudo (n=31).

Momento de avaliação
Legenda: A azul está representado o GP e a rosa o GG. Os valores cuja diferença é estatisticamente significativa
estão assinalados com um retângulo amarelo (p<0,05). No eixo X, estão representados os momentos de
avaliação: C1 – consulta pré-cirúrgica; C2 – no dia da cirurgia, pré-cirurgicamente; C3 – no dia da cirurgia, pós-
cirurgicamente; C4 – primeira consulta pós-cirúrgica; C5 – segunda consulta pós-cirúrgica; C6 – terceira consulta
pós-cirúrgica

3.2.5 - Cabeça
Gráfico 23 - Comparação dos valores médios obtidos nas observações referentes à cauda dos gatos
A nível
em estudo daLegenda:
(n=31). cabeça,A aazul
diferença entre grupos
está representado o GP não
e a foi
rosamuito
o GG.marcada
Os valores(Gráfico 7). Os
cuja diferença é
estatisticamente significativa estão assinalados com um retângulo amarelo (p<0,05). No eixo X, estão
resultados obtidos foram ligeiramente inferiores nos momentos C1, C2, C4 e C5 para o GG
representados os momentos de avaliação: C1 – consulta pré-cirúrgica; C2 – no dia da cirurgia, pré-
cirurgicamente;
e idênticos nos – no dia da cirurgia,
C3 momentos pós-cirurgicamente;
de avaliação C3 e C6. C4 – primeira
Não consulta
existiram pós-cirúrgica;
diferenças C5 – segunda
estatisticamente
consulta pós-cirúrgica; C6 – terceira consulta pós-cirúrgica
significativas (p>0,05) (Gráfico 7).

Gráfico 24 - Comparação dos valores médios obtidos nas observações referentes à cauda dos gatos
em estudo (n=31).

Gráfico 25 - Comparação dos valores médios obtidos nas observações referentes à cauda dos gatos
em estudo (n=31).Legenda: A azul está representado o GP e a rosa o GG. Os valores cuja diferença é
estatisticamente significativa estão assinalados com um retângulo amarelo (p<0,05). No eixo X, estão
representados os momentos de avaliação: C1 – consulta pré-cirúrgica; C2 – no dia da cirurgia, pré-
cirurgicamente; C3 – no dia da cirurgia, pós-cirurgicamente; C4 – primeira consulta pós-cirúrgica; C5 – segunda
consulta pós-cirúrgica; C6 – terceira consulta pós-cirúrgica

Gráfico 26 - Comparação dos valores médios obtidos nas observações referentes à cauda dos gatos
em estudo (n=31).Legenda: A azul está representado o GP e a rosa o GG. Os valores cuja diferença é
estatisticamente significativa estão assinalados com um retângulo amarelo (p<0,05). No eixo X, estão
representados os momentos de avaliação: C1 – consulta 28 pré-cirúrgica; C2 – no dia da cirurgia, pré-
cirurgicamente; C3 – no dia da cirurgia, pós-cirurgicamente; C4 – primeira consulta pós-cirúrgica; C5 – segunda
consulta pós-cirúrgica; C6 – terceira consulta pós-cirúrgica
Gráfico 35 - Comparação dos valores médios obtidos nas observações referentes à cabeça dos
gatos em estudo (n=31).

Gráfico 36 - Comparação dos valores médios obtidos nas observações referentes à cabeça dos
gatos em estudo (n=31).
Valor médio cabeça

Gráfico 37 - Comparação dos valores médios obtidos nas observações referentes à cabeça dos
gatos em estudo (n=31).

Gráfico 38 - Comparação dos valores médios obtidos nas observações referentes à cabeça dos
gatos em estudo (n=31).

Momento de avaliação
Legenda: A azul está representado o GP e a rosa o GG. No eixo X, estão representados os momentos de
avaliação: C1 – consulta pré-cirúrgica; C2 – no dia da cirurgia, pré-cirurgicamente; C3 – no dia da cirurgia, pós-
cirurgicamente; C4 – primeira consulta pós-cirúrgica; C5 – segunda consulta pós-cirúrgica; C6 – terceira consulta
pós-cirúrgica

3.2.6 – Olhos
Gráfico 31 - Comparação dos valores médios obtidos nas observações referentes à cabeça dos
gatos em
Deestudo (n=31).
um modo Legenda:
geral, os Avalores
azul está representado
obtidos foram omais
GP ebaixos
a rosa no
o GG.
GG,Noainda
eixo X,que
estão
a
representados os momentos de avaliação: C1 – consulta pré-cirúrgica; C2 – no dia da cirurgia, pré-
diferença nãoC3
cirurgicamente; – no significativa
fosse dia da cirurgia,(p>0,05) 8).–Aprimeira
(Gráfico C4
pós-cirurgicamente; exceção foi o pós-cirúrgica;
consulta momento de – segunda
C5avaliação
consulta pós-cirúrgica; C6 – terceira consulta pós-cirúrgica
C5, em que os resultados foram mais baixos no GP.

Gráfico 43
Gráfico 32 -- Comparação
Comparação dos
dos valores
valores médios
médios obtidos
obtidos nas
nas observações
observações referentes
referentes aos
à cabeça
olhos dos
dos
gatos em estudo (n=31).
gatos em estudo (n=31).

Gráfico 3344- -Comparação


Gráfico Comparaçãodos
dos valores médios obtidos
valores médios obtidosnas
nasobservações
observaçõesreferentes
referentes à olhos
aos cabeçadosdos
gatos em estudo (n=31).Legenda: A azul
gatosestá representado
em estudo o GP e a rosa o GG. No eixo X, estão
(n=31).
representados os momentos de avaliação: C1 – consulta pré-cirúrgica; C2 – no dia da cirurgia, pré-
Valor médio olhos

cirurgicamente; C3 – no dia da cirurgia, pós-cirurgicamente; C4 – primeira consulta pós-cirúrgica; C5 – segunda


consulta pós-cirúrgica; C6 – terceira consulta pós-cirúrgica
Gráfico 45 - Comparação dos valores médios obtidos nas observações referentes aos olhos dos
gatos em estudo (n=31).

Gráfico 34 - Comparação dos valores médios obtidos nas observações referentes à cabeça dos
Gráfico 46 - Comparação dos valores médios obtidos nas observações referentes aos olhos dos
gatos em estudo (n=31).Legenda: A azul está representado o GP e a rosa o GG. No eixo X, estão
gatosC1em– estudo
representados os momentos de avaliação: (n=31).
consulta pré-cirúrgica; C2 – no dia da cirurgia, pré-
cirurgicamente; C3 – no dia da cirurgia, pós-cirurgicamente; C4 – primeira consulta pós-cirúrgica; C5 – segunda
consulta pós-cirúrgica; C6 – terceira consulta pós-cirúrgica

Momento de avaliação
Legenda: A azul está representado o GP e a rosa o GG. No eixo X, estão representados os momentos de
avaliação: C1 – consulta pré-cirúrgica; C2 – no dia da cirurgia, pré-cirurgicamente; C3 – no dia da cirurgia, pós-
cirurgicamente; C4 – primeira consulta pós-cirúrgica; C5 – segunda consulta pós-cirúrgica; C6 – terceira consulta
pós-cirúrgica

Gráfico 39 - Comparação dos valores médios obtidos nas observações referentes aos olhos dos
gatos em estudo (n=31).Legenda: A azul está representado o GP e a rosa o GG. No eixo X, estão
representados os momentos de avaliação: C1 – consulta pré-cirúrgica; C2 – no dia da cirurgia, pré-
cirurgicamente; C3 – no dia da cirurgia, pós-cirurgicamente; C4 – primeira consulta pós-cirúrgica; C5 – segunda
consulta pós-cirúrgica; C6 – terceira consulta pós-cirúrgica
29
3.2.7 – Pupilas
A diferença entre grupos não foi significativa (p>0,05) em nenhum momento de
avaliação, no que toca às pupilas (Gráfico 9). Verificou-se que, o valor obtido em C2, para o
GP, foi particularmente elevado, assim como o valor C3 em ambos os grupos, com uma
diferença estatisticamente significativa (p=0,01) para as restantes observações. Este último
resultado era expectável na medida em que, à hora da avaliação comportamental, os
animais ainda se encontravam a recuperar da anestesia, estando muitos deles em midríase.
Observou-se ainda uma variação idêntica dos valores, entre os grupos, ao longo das
consultas pós-cirúrgicas.

Gráfico 51 - Comparação dos valores médios obtidos nas observações referentes às pupilas dos
gatos em estudo (n=31).

Gráfico 52 - Comparação dos valores médios obtidos nas observações referentes às pupilas dos
p=0,01 p=0,01
gatos em estudo (n=31).
* *
Valor médio pupilas

Gráfico 53 - Comparação dos valores médios obtidos nas observações referentes às pupilas dos
gatos em estudo (n=31).

Gráfico 54 - Comparação dos valores médios obtidos nas observações referentes às pupilas dos
gatos em estudo (n=31).

Momento de avaliação
Legenda: A azul está representado o GP e a rosa o GG. O asterisco amarelo representa uma diferença
estatisticamente significativa entre o valor de C2 e C3 quando comparado com os restantes momentos, para o
GP. No eixo X, estão representados os momentos de avaliação: C1 – consulta pré-cirúrgica; C2 – no dia da
cirurgia, pré-cirurgicamente; C3 – no dia da cirurgia, pós-cirurgicamente; C4 – primeira consulta pós-cirúrgica; C5
– segunda consulta pós-cirúrgica; C6 – terceira consulta pós-cirúrgica

3.2.8 – Orelhas
Gráfico 47 - Comparação dos valores médios obtidos nas observações referentes às pupilas dos
Apesar
gatos em estudode, num Legenda:
(n=31). modo geral, a média
A azul dos valores
está representado ter esido
o GP inferior
a rosa o GG.noOGG, verificou-se
asterisco amarelo
representa uma diferença estatisticamente significativa entre o valor de C2 e C3 quando comparado com os
uma subida progressiva destes ao longo das avaliações (Gráfico 10).
restantes momentos, para o GP. No eixo X, estão representados os momentos de avaliação: C1 – consulta pré-
C2 –outro
cirúrgica;Por no dia da cirurgia,
lado, no pré-cirurgicamente; C3 – no dia da
GP, entre os momentos decirurgia, pós-cirurgicamente;
avaliação C2 e C5, houveC4 – primeira
uma
consulta pós-cirúrgica; C5 – segunda consulta pós-cirúrgica; C6 – terceira consulta pós-cirúrgica
diminuição da média de valores, atingindo, no entanto, o valor mais elevado em C6.

Gráfico 48 - Comparação dos valores médios obtidos nas observações referentes às pupilas dos
gatos em estudo (n=31).

Gráfico 49 - Comparação dos valores médios obtidos nas observações referentes às pupilas dos
gatos em estudo (n=31).Legenda: A azul está representado o GP e a rosa o GG. O asterisco amarelo
representa uma diferença estatisticamente significativa entre o valor de C2 e C3 quando comparado com os
restantes momentos, para o GP. No eixo X, estão representados os momentos de avaliação: C1 – consulta pré-
cirúrgica; C2 – no dia da cirurgia, pré-cirurgicamente; C3 – no dia da cirurgia, pós-cirurgicamente; C4 – primeira
consulta pós-cirúrgica; C5 – segunda consulta pós-cirúrgica; C6 – terceira consulta pós-cirúrgica

30
Gráfico 50 - Comparação dos valores médios obtidos nas observações referentes às pupilas dos
gatos em estudo (n=31).Legenda: A azul está representado o GP e a rosa o GG. O asterisco amarelo
representa uma diferença estatisticamente significativa entre o valor de C2 e C3 quando comparado com os
Gráfico 59 - Comparação dos valores médios obtidos nas observações referentes às orelhas dos
gatos em estudo (n=31).

Gráfico 60 - Comparação dos valores médios obtidos nas observações referentes às orelhas dos
gatos em estudo (n=31).
Valor médio orelhas

Gráfico 61 - Comparação dos valores médios obtidos nas observações referentes às orelhas dos
gatos em estudo (n=31).

Gráfico 62 - Comparação dos valores médios obtidos nas observações referentes às orelhas dos
gatos em estudo (n=31).

Momento de avaliação
Legenda: A azul está representado o GP e a rosa o GG. No eixo X, estão representados os momentos de
avaliação: C1 – consulta pré-cirúrgica; C2 – no dia da cirurgia, pré-cirurgicamente; C3 – no dia da cirurgia, pós-
cirurgicamente; C4 – primeira consulta pós-cirúrgica; C5 – segunda consulta pós-cirúrgica; C6 – terceira consulta
pós-cirúrgica

3.2.9 – 55
Gráfico - Comparação dos valores médios obtidos nas observações referentes às orelhas dos
Vibrissas
gatos em estudo (n=31).Legenda: A azul está representado o GP e a rosa o GG. No eixo X, estão
Com os
representados a exceção
momentosdo de momento
avaliação: de
C1 avaliação C5, verificou-se
– consulta pré-cirúrgica; C2 – que
no diao GG obteve pré-
da cirurgia, os
cirurgicamente; C3 – no dia da cirurgia, pós-cirurgicamente; C4 – primeira consulta pós-cirúrgica; C5 – segunda
valores mais baixos,
consulta pós-cirúrgica; não havendo,
C6 – terceira contudo, diferenças estatisticamente significativas
consulta pós-cirúrgica
(p>0,05) (Gráfico 11).
Gráfico 56 - Comparação dos valores médios obtidos nas observações referentes às orelhas dos
Relativamente ao GP, verificou-se,
gatos ema estudo
partir de C2, uma descida progressiva da média
(n=31).
de valores ao longo das avaliações.
Gráfico 57 - Comparação dos valores médios obtidos nas observações referentes às orelhas dos
gatos em estudo (n=31).Legenda: A azul está representado o GP e a rosa o GG. No eixo X, estão
Gráfico 67 - os
representados Comparação
momentos dosde valores
avaliação: C1 –obtidos
médios naspré-cirúrgica;
consulta – no diaàsda
observaçõesC2referentes vibrissas
cirurgia,dos
pré-
cirurgicamente; C3 – no dia da cirurgia, pós-cirurgicamente;
gatos em estudoC4 – primeira consulta pós-cirúrgica; C5 – segunda
(n=30).
consulta pós-cirúrgica; C6 – terceira consulta pós-cirúrgica

Gráfico 58 - Comparação dos valores médios obtidos nas observações referentes às orelhas dos
gatos em estudo (n=31).Legenda: A azul está representado o GP e a rosa o GG. No eixo X, estão
Valor médio vibrissas

Gráfico 68 - os
representados Comparação
momentos dosde valores
avaliação: C1 –obtidos
médios naspré-cirúrgica;
consulta – no diaàsda
observaçõesC2referentes vibrissas
cirurgia,dos
pré-
cirurgicamente; C3 – no dia da cirurgia, pós-cirurgicamente;
gatos em estudoC4 – primeira consulta pós-cirúrgica; C5 – segunda
(n=30).
consulta pós-cirúrgica; C6 – terceira consulta pós-cirúrgica

Gráfico 69 - Comparação dos valores médios obtidos nas observações referentes às vibrissas dos
gatos em estudo (n=30).

Gráfico 70 - Comparação dos valores médiosMomento de avaliação


obtidos nas observações referentes às vibrissas dos
gatos em estudo (n=30).
Legenda: A azul está representado o GP e a rosa o GG. No eixo X, estão representados os momentos de
avaliação: C1 – consulta pré-cirúrgica; C2 – no dia da cirurgia, pré-cirurgicamente; C3 – no dia da cirurgia, pós-
cirurgicamente; C4 – primeira consulta pós-cirúrgica; C5 – segunda consulta pós-cirúrgica; C6 – terceira consulta
pós-cirúrgica

Gráfico 63 - Comparação dos valores médios obtidos nas observações referentes às vibrissas dos
gatos em estudo (n=30).Legenda: A azul está representado o GP e a rosa o GG. No eixo X, estão
representados os momentos de avaliação: C1 – consulta 31 pré-cirúrgica; C2 – no dia da cirurgia, pré-
cirurgicamente; C3 – no dia da cirurgia, pós-cirurgicamente; C4 – primeira consulta pós-cirúrgica; C5 – segunda
consulta pós-cirúrgica; C6 – terceira consulta pós-cirúrgica
3.2.10 – Vocalização
O gráfico 12, relativo à vocalização, mostra uma subida gradual dos valores obtidos
para o GG, até C4 e, a partir deste momento, uma descida. No GP, observou-se uma
descida marcada de C2 a C4 e uma subida de C4 a C6.

Gráfico 75 - Comparação dos valores médios obtidos nas observações referentes à vocalização, dos
gatos em estudo (n=31).

Gráfico 76 - Comparação dos valores médios obtidos nas observações referentes à vocalização, dos
gatos em estudo (n=31).
Valor médio vocalização

Gráfico 77 - Comparação dos valores médios obtidos nas observações referentes à vocalização, dos
gatos em estudo (n=31).

Gráfico 78 - Comparação dos valores médios obtidos nas observações referentes à vocalização, dos
gatos em estudo (n=31).

Momento de avaliação

Legenda: A azul está representado o GP e a rosa o GG. No eixo X, estão representados os momentos de
avaliação: C1 – consulta pré-cirúrgica; C2 – no dia da cirurgia, pré-cirurgicamente; C3 – no dia da cirurgia, pós-
cirurgicamente; C4 – primeira consulta pós-cirúrgica; C5 – segunda consulta pós-cirúrgica; C6 – terceira consulta
pós-cirúrgica

3.2.11 –71Valor
Gráfico - Comparação
médio dedos CSS
valores médios obtidos nas observações referentes à vocalização, dos
gatos em estudo (n=31).Legenda: A azul está representado o GP e a rosa o GG. No eixo X, estão
Apesar
representados os de, em geral,
momentos de os valoresC1médios
avaliação: obtidos
– consulta no GG terem
pré-cirúrgica; C2 – sido
no diamais
da baixos,
cirurgia, não
pré-
cirurgicamente; C3 – no dia da cirurgia, pós-cirurgicamente; C4 – primeira consulta pós-cirúrgica; C5 – segunda
houve nenhum momento
consulta pós-cirúrgica; emconsulta
C6 – terceira que pós-cirúrgica
as diferenças entre grupos fossem estatisticamente
significativas (p>0,05) (Gráfico 13).
É de notar que o valor de CSS em C2 foi particularmente elevado no GP, com uma
Gráfico 72 - Comparação dos valores médios obtidos nas observações referentes à vocalização, dos
diferença estatisticamente significativa
gatos(p=0,04), quando
em estudo (n=31).comparada com os valores obtidos
nos restantes momentos de avaliação, para o mesmo grupo.
Gráfico 73 - Comparação dos valores médios obtidos nas observações referentes à vocalização, dos
gatos em estudo (n=31).Legenda: A azul está representado o GP e a rosa o GG. No eixo X, estão
representados os momentos de avaliação: C1 – consulta pré-cirúrgica; C2 – no dia da cirurgia, pré-
cirurgicamente; C3 – no dia da cirurgia, pós-cirurgicamente; C4 – primeira consulta pós-cirúrgica; C5 – segunda
consulta pós-cirúrgica; C6 – terceira consulta pós-cirúrgica

Gráfico 74 - Comparação dos valores médios obtidos nas observações referentes à vocalização, dos
gatos em estudo (n=31).Legenda: A azul está representado o GP e a rosa o GG. No eixo X, estão
representados os momentos de avaliação: C1 – consulta pré-cirúrgica; C2 – no dia da cirurgia, pré-
cirurgicamente; C3 – no dia da cirurgia, pós-cirurgicamente; C4 – primeira consulta pós-cirúrgica; C5 – segunda
consulta pós-cirúrgica; C6 – terceira consulta pós-cirúrgica

32
Gráfico 83 - Comparação dos valores médios obtidos nas observações referentes à média do CSS,
dos gatos em estudo (n=31).

Gráfico 84 - Comparação dos valores médios obtidos nas observações referentes à média do CSS,
dos gatos em estudo (n=31).
p=0,04
*
Valor médio CSS

Gráfico 85 - Comparação dos valores médios obtidos nas observações referentes à média do CSS,
dos gatos em estudo (n=31).

Gráfico 86 - Comparação dos valores médios obtidos nas observações referentes à média do CSS,
dos gatos em estudo (n=31).

Momento de avaliação
Legenda: A azul está representado o GP e a rosa o GG. O asterisco amarelo representa uma diferença
estatisticamente significativa entre o valor de C2 quando comparado com os restantes momentos, para o GP. No
eixo X, estão representados os momentos de avaliação: C1 – consulta pré-cirúrgica; C2 – no dia da cirurgia, pré-
cirurgicamente; C3 – no dia da cirurgia, pós-cirurgicamente; C4 – primeira consulta pós-cirúrgica; C5 – segunda
consulta pós-cirúrgica; C6 – terceira consulta pós-cirúrgica

Legenda: A azul está representado o GP e a rosa o GG. O asterisco amarelo representa uma diferença
estatisticamente significativa entre o valor de C2 quando comparado com os restantes momentos, para o GP. No
eixo X, estão representados os momentos de avaliação: C1 – consulta pré-cirúrgica; C2 – no dia da cirurgia, pré-
cirurgicamente; C3 – no dia da cirurgia, pós-cirurgicamente; C4 – primeira consulta pós-cirúrgica; C5 – segunda
consulta pós-cirúrgica; C6 – terceira consulta pós-cirúrgica

Legenda: A azul está representado o GP e a rosa o GG. O asterisco amarelo representa uma diferença
estatisticamente significativa entre o valor de C2 quando comparado com os restantes momentos, para o GP. No
eixo X, estão representados os momentos de avaliação: C1 – consulta pré-cirúrgica; C2 – no dia da cirurgia, pré-
cirurgicamente; C3 – no dia da cirurgia, pós-cirurgicamente; C4 – primeira consulta pós-cirúrgica; C5 – segunda
consulta pós-cirúrgica; C6 – terceira consulta pós-cirúrgica

Legenda: A azul está representado o GP e a rosa o GG. O asterisco amarelo representa uma diferença
estatisticamente significativa entre o valor de C2 quando comparado com os restantes momentos, para o GP. No
eixo X, estão representados os momentos de avaliação: C1 – consulta pré-cirúrgica; C2 – no dia da cirurgia, pré-
cirurgicamente; C3 – no dia da cirurgia, pós-cirurgicamente; C4 – primeira consulta pós-cirúrgica; C5 – segunda
consulta pós-cirúrgica; C6 – terceira consulta pós-cirúrgica

33
4. Discussão
4.1. Limitações do estudo
O estudo foi realizado em ambiente hospitalar, tornando-o autêntico relativamente
aos estímulos que o animal podia sentir. No entanto, dificultou o controlo de alguns
parâmetros, nomeadamente ao nível da intensidade dos estímulos sentidos pelos felinos.
A escolha dos procedimentos cirúrgicos prendeu-se com o facto de serem bastante
frequentes na prática clínica, simples e eletivos. De acordo com Murray et al. (2009),
qualquer gato cujo objetivo não seja a criação deve ser esterilizado, de forma a controlar a
sobrepopulação, mas também para evitar doenças do foro reprodutivo, infecioso ou
comportamental, ainda que tal possa estar relacionado com um aumento do risco de
obesidade. Por outro lado, o nível de dor expectável para este tipo de intervenção encontra-
se entre o ligeiro e o moderado (Mathews 2000), podendo considerar-se equivalente entre
todos os animais em estudo.
Optou-se pela inclusão de animais sem história prévia de internamento ou de
doenças crónicas conhecidas, para que um contacto anterior com o MV não influenciasse de
alguma forma o seu comportamento. Assim, na sua maioria foram incluídos jovens e todos
eles no seu estado hígido, com pesos compreendidos entre os 2,500 kg e os 5,000 kg, para
que a dose de gabapentina a administrar se encontrasse no intervalo definido. O
temperamento não foi critério de exclusão, pois de outra forma poder-se-ia estar a introduzir
uma certa tendência nos resultados. A primeira limitação foi, então, o tamanho da amostra,
condicionado pelos fatores acima referidos, para além de que era necessária a autorização
informada dos titulares, assim como a sua complacência até ao final do estudo,
nomeadamente na vinda às três reavaliações pós-cirúrgicas.
A segunda limitação relacionou-se com a ausência de controlo sobre as condições
ambientais, nomeadamente ruídos diversos e odores que poderiam influenciar a avaliação
comportamental. Segundo Cannon e Rodan (2016), a separação de espécies é um dos
aspetos mais importantes para diminuir o stresse em gatos, dado que não se sentem
confortáveis na proximidade de cães desconhecidos. Num estudo de McCobb et al. (2005),
comprovou-se que felinos em áreas com muita exposição a cães apresentavam níveis mais
elevados de stresse. No estudo de Baltz (2016), os dados recolhidos demonstraram que os
CAMV diferenciados (isto é, com zonas específicas para o atendimento de felinos) possuem
um maior cuidado em aplicar protocolos mais adequados de maneio e, no geral, os gatos
apresentam menores níveis de stresse.
Mesmo sendo o HVAC um CAMV Cat Friendly, com uma separação física entre a
receção de cães e de gatos, tal como no internamento, estes últimos podem detetar os
odores assim como ouvir o ladrar dos cães. Para além deste facto, parte do estudo foi
realizado em contexto de pandemia COVID-19, pelo que a limitação do número de pessoas

34
na sala de espera fez com que muitas vezes os titulares e respetivos animais tivessem de
aguardar no exterior, onde os gatos estavam sujeitos a estímulos mais intensos e
diversificados.
O tempo de espera foi também um fator a ter em conta, sendo a terceira limitação.
Num estudo de McCune (1994), os animais que esperaram mais tempo antes da chegada
ao abrigo, mesmo antes de serem colocados na jaula, apresentaram com maiores níveis de
stresse. Uma vez que não foi possível garantir o mesmo tempo de espera para todos os
animais, pode ter-se induzido maior stress nos que esperaram mais tempo pela consulta.
A dificuldade em garantir que o animal era sempre visto pelo mesmo staff terá sido a
quarta limitação deste estudo. Segundo Nibblett et al. (2015), a familiaridade para com o
MV, assim como a manipulação low stress, diminuem consideravelmente o nível de cortisol
sérico, o que demonstra a importância destes fatores para as diversas situações vistas
como desafiantes para o animal. Deste modo, seria ideal que os gatos tivessem as
consultas sempre com o mesmo MV e, se possível, com o mesmo pessoal auxiliar.
Apesar de, no presente estudo, as avaliações comportamentais terem sido
realizadas pela autora, o exame físico do animal era efetuado pelo MV assistente; o horário
rotativo impedia que as avaliações pós-cirúrgicas fossem sempre acompanhadas pelo
mesmo profissional, ainda que fosse sempre utlizada uma manipulação low stress.
A quinta e última limitação relacionou-se com a forma de avaliação de stresse. De
acordo com Buckley (2019), a utilização exclusiva do CSS pode subestimar o nível de
stresse do animal, porque gatos passivos ou inativos são geralmente assinalados com
valores baixos. Por exemplo, o fake sleep é uma forma de defesa passiva, utilizada por
gatos em stresse. No entanto, por não estar contemplado na CSS, é avaliada com valores
baixos que não correspondem ao estado do animal (Kessler and Turner 1997; McCobb et al.
2005). Para colmatar esta falha, poder-se-ia ter avaliado os parâmetros fisiológicos, como a
frequência cardíaca e respiratória, de forma a aumentar a confiança dos dados obtidos
(Buckley 2019).
Apesar de frequentemente utilizada para aferir o nível de stresse em gatos, os níveis
mais altos da escala [medroso (fearful), muito medroso (very fearful) e aterrorizado
(terrorized)] suscitam dúvidas se, na verdade, a medição não será relativa ao medo que o
animal sente (Stella and Croney 2016). No entanto, a relação complexa entre emoções e
stresse, a nível fisiológico, comportamental e funcional, resulta numa dificuldade na
distinção entre os conceitos, o que, por sua vez, leva a uma utilização quase sinonímica dos
mesmos na literatura (McMillan 2008; Lloyd 2017).

35
4.2. Discussão de resultados obtidos
4.2.1. Caraterização da amostra
A primeira avaliação comportamental (C1), ainda sem o efeito de qualquer fármaco,
permitiu obter um comportamento base do gato em ambiente não familiar. Assim, alterações
significativas daquela, a partir deste momento, poderiam ser consequência da experiência, e
resultante aprendizagem, no CAMV. As diversas caraterísticas, inerentes ao animal, devem
ser tidas em conta, pois influenciam a forma como este percebe e lida com as situações,
tendo efeito nos comportamentos observados.
Segundo Stella e Croney (2016), gatos com pesos superiores a 4 kg são
tendencialmente mais ansiosos. Esta ansiedade poderá ser secundária às comorbidades (e
respetivo stresse) associadas ao excesso de peso. No presente estudo, os animais com
peso superior a 4 kg obtiveram uma média de CSS inferior (2,54 vs 2,94, tabela 4), apesar
de não existirem diferenças significativas. Este resultado pode dever-se ao sexo dos
animais: dos onze gatos com peso superior a 4 kg, nove eram machos. O género masculino
teve os resultados de CSS tendencialmente mais baixos, ainda que, novamente, a diferença
não fosse significativa. É importante frisar que as duas fêmeas com peso superior a 4 kg
tinham treze meses e eram possivelmente de raça (tipo Bosques da Noruega e tipo British
Short Hair). Apesar de, no presente estudo, não se ter estudado o efeito da raça no stresse,
sabe-se que esta tem influência no temperamento do animal (Amat et al. 2016). O British
Short Hair é uma raça com um temperamento agradável e muito amigável, tal como o
Bosques da Noruega, também uma calma e amigável, mas menos tolerante à excessiva
manipulação (Fraser 2012).
A própria personalidade influencia a facilidade com que o animal se adapta a
determinada situação que, por sua vez, depende da socialização precoce, predisposição
genética e ambiente em que se encontra (Lloyd 2017). O estilo de vida do gato pode, assim,
influenciar a sua capacidade de lidar com novos estímulos: os gatos de vida outdoor estão
expostos aos mais diversos estímulos e, pela habituação, tendem a expressar menores
níveis de stresse; um estilo de vida exclusivamente de interior pode aumentar a ansiedade
em situações novas, comprometendo a sua capacidade de lidar com elas (Dybdall et al.
2007; Levine 2008)
De acordo com McCune (1994), os gatos mais velhos têm uma menor probabilidade
de se esconder e de inibir comportamento normal, durante o internamento. Porém, as
observações de Kessler e Turner (1997) contrariaram esta conclusão, afirmando que a
idade não tem influência no processo de adaptação às situações. Num estudo de Lopes
(2011), o autor defende a observação de um maior número de atitudes sociais, maior
frequência de comportamento exploratório e menor dificuldade de contenção em animais
mais jovens. Apesar de nestes trabalhos não haver um esclarecimento sobre o que é

36
considerado um gato “velho”, a partir dos 8 anos é frequentemente referido como maturo
(Fraser 2012). No entanto, neste estudo, a idade máxima incluída foi de sete anos e apenas
quatro animais apresentavam uma idade superior a dois anos. Fazendo uma comparação
de CSS entre os gatos com idade inferior e com idade superior a dois anos (tabela 3),
verificou-se que não existia uma diferença significativa (2,70 vs 2,81, respetivamente). No
entanto, estes resultados devem ser interpretados com cautela, dado que existem 27
animais no grupo com idade inferior aos 24 meses e apenas 4 gatos com idade superior
àquela.

4.2.2. Avaliações comportamentais


De acordo com a CSS, os valores obtidos relativamente ao nível de stresse para o
GG variaram entre o 1,09 (completamente relaxado) e o 4,73 (entre o muito tenso e o
assustado). Por outro lado, no GP, o valor mínimo obtido foi de 1,70 (entre o completamente
relaxado e ligeiramente relaxado) e 5,64 (entre o assustado e o muito assustado). De acordo
com a interpretação do gráfico 13, relativamente ao CSS total, verificou-se que, apesar de
haver uma diferença entre o GG e o GP, marcada por valores de stresse mais baixos no
primeiro grupo, esta não era estatisticamente significativa.
No entanto, a média de CSS é feita pela classificação de vários parâmetros, divididos
em: 1) sinais posturais, nomeadamente a postura corporal, abdómen, membros posteriores,
cauda e cabeça e 2) sinais faciais, especificamente olhos, pupilas, orelhas, vibrissas e
vocalização. Em três dos dez parâmetros da escala (postura corporal, abdómen e cauda)
verificaram-se diferenças estatisticamente significativas entre grupos, obtendo o GG valores
mais baixos.
A nível da postura corporal (gráfico 3) e abdómen (gráfico 4), esta diferença foi
significativa em dois momentos: C2 e C4. A nível da cauda (gráfico 6), a diferença é
significativa em C2; os valores obtidos nestes momentos são sempre mais baixos no GG.

4.2.2.1. Diferenças em C2
A permanência em ambiente hospitalar está associada a uma alteração na rotina dos
felinos, influenciando negativamente o nível de stresse (Quimby et al. 2011). Assim, é de
importância primordial tornar o internamento o mais adaptado possível à natureza felina.
A International Cat Care tem publicadas guidelines para tornar o ambiente do
internamento agradável para o gato. O HVAC, para além de possuir internamento
independente para gato e para cão, apresenta uma disposição de jaulas que evita que os
animais se encarem uns aos outros. Para além disso, está sempre presente um difusor de
Feliway®, uma feromona sintética, que simula a fração F3 da feromona facial felina (FFP)
que já provou ajudar a criar uma sensação de bem-estar no gato e reduzir comportamentos

37
relacionados com a ansiedade. A utilização de FFP pode reduzir o stresse da
hospitalização, tendo um efeito calmante nos gatos previamente à anestesia (Kronen et al.
2006; Ellis 2009; Amat et al. 2016; DePorter 2016). Estes fatores podem contribuir para uma
diminuição do stresse do animal e dado que, de acordo com Griffin e Hume (2006), o efeito
dos diversos estímulos de stresse é cumulativo, o controlo de fatores externos é de extrema
importância nestes casos.
As diferenças obtidas em C2, no dia da cirurgia (em que foi administrada a cápsula),
foram as expectáveis e já tinham sido documentadas noutros estudos, nomeadamente van
Haaften et al. (2017) e Pankratz et al. (2018). No entanto, os resultados referem-se apenas
ao CSS como total e não aos vários parâmetros individuais, pelo que não se pode fazer uma
comparação completa com os resultados do presente estudo, relativamente a uma possível
ação da gabapentina mais específica a nível corporal ou facial.
É também importante frisar que no estudo de van Haaften et al. (2017), o efeito da
gabapentina foi avaliado em contexto de transporte e consulta e o estudo de Pankratz et al.
(2018) avaliou o efeito da gabapentina em gatos de comunidade, quando confinados em
jaulas. Ambas as situações podem ser consideradas menos estimulantes para o animal,
quando são comparadas com o ambiente pré-cirúrgico e, de acordo com van Haaften et al.
(2017), o potencial ansiolítico de gabapentina a 100 mg poderá não ser suficiente em
situações de elevado stresse.
Torna-se importante olhar para os resultados obtidos no CSS do GP, no gráfico 13: a
avaliação comportamental de C2 obteve valores de CSS muito superiores aos restantes
momentos de avaliação, com uma diferença significativa (p=0,04), para este grupo. Este
facto é corroborado pelos obtidos na avaliação das pupilas: pela análise do gráfico 9,
verificou-se que os obtidos para o GP, em C2, foram muito superiores aos das restantes
avaliações, com uma diferença estatisticamente significativa (p=0,01). Tal facto, pode
atribuir-se ao stresse sentido pelos animais em contexto de internamento, dado que
estimulação do SNS e consequente libertação de catecolaminas tem como consequência
uma midríase mais ou menos marcada. É importante frisar, na leitura do mesmo gráfico, que
se verificaram valores igualmente elevados em C3, sendo esta midríase secundária aos
efeitos do opióide, mesmo após recuperação anestésica (Dyson 2008; Robertson 2008).
Este efeito foi visível em ambos os grupos.
Assim, apesar de não haver uma diferença significativa entre o GG e GP, percebe-se
que a administração de gabapentina preveniu o aumento significativo de CSS. De um modo
geral, neste momento de avaliação, todos os parâmetros obtiveram valores mais baixos no
GG. De salientar que os parâmetros postura corporal, abdómen e cauda tiveram diferenças
estatisticamente significativas (p=0,01, p=0,04 e p=0,02, respetivamente).

38
De acordo com Overall (2013), os sinais faciais são mais rápidos a transmitir a
resposta a um dado estímulo, quando comparados com a postura corporal. A ausência de
diferença estatisticamente significativa pode dever-se ao facto do ambiente do internamento
ser muito estimulante para o animal, dado que segundo Lloyd (2017), os gatos podem
experienciar stresse intenso ao serem separados dos detentores e colocados numa jaula;
deste modo, a gabapentina 100 mg pode não ter surtido efeito ansiolítico suficiente. Por
outro lado, a ambiguidade da escala de CSS nos parâmetros faciais, associado à subtileza
das alterações ao nível da face, pode ter resultado numa falha de deteção de diferenças
evidentes pelo observador.
A nível postural, as diferenças entre níveis de stresse são mais marcadas, sendo
mais fácil detetar alterações de comportamento do animal, como por exemplo, quando o
animal está agachado ou quando tem a cauda entre os membros. No homem, a
gabapentina era utilizada como relaxante muscular, pelo que não se pode excluir a hipótese
de esta ter mais efeito nos parâmetros corporais do que a nível facial.
Hudec e Griffin (2020) estudaram o efeito de uma administração única de
gabapentina, antes da ida de felinos ao CAMV, através do doseamento da concentração de
cortisol. Segundo estes autores, a administração de gabapentina aumentava a probabilidade
de reduzir até 25% a concentração sérica de cortisol. No entanto, apesar destas
concentrações serem mais baixas no grupo que recebeu gabapentina, as diferenças não
foram estatisticamente significativas. No mesmo estudo, cego e randomizado, o autor
principal foi capaz de identificar 14 dos 16 gatos que haviam recebido gabapentina, pelo que
considerou que a diminuição nos comportamentos típicos de stresse era devida ao efeito
sedativo da gabapentina e não à supressão do eixo HHA.
No presente estudo não foram detetados efeitos secundários da gabapentina, como
a sedação, frequentemente referida na literatura, nem nas doses mais altas administradas.

4.2.2.2. Diferenças ao longo das consultas pós-cirúrgicas


O trabalho de De-Paris et al. (2000), demonstrou, no rato, a ausência de efeito da
gabapentina na memória. Apesar de não se esperar um efeito amnésico com o uso daquela,
a sua utilização no dia da cirurgia objetivava a diminuição do stresse sentido pelo animal,
especialmente em contexto de internamento e, deste modo, evitar a associação do CAMV a
uma experiência traumática.
Nas avaliações pós-cirúrgicas só se detetaram diferenças estatisticamente
significativas entre grupos ao nível da postura corporal (p=0,01) e do abdómen (p=0,04),
ambas na primeira consulta pós-cirúrgica (C4). Novamente, a justificação pode dever-se à
maior facilidade em detetar alterações a nível corporal do que a nível facial.

39
Não obstante, nas restantes observações os valores médios tendem a ser mais
baixos no GG, com exceção em: C4, no que se refere à vocalização, em C5 aos olhos, às
orelhas e às vibrissas, em C6, ao abdómen, cauda e cabeça.
De acordo com o estudo de van Haaften et al. (2017), verificou-se que os valores de
CSS no transporte e no exame físico diminuíram com o aumento do número de visitas. De
acordo com estes autores, este facto devia-se à manipulação de forma gentil e ausência de
procedimentos invasivos durante as visitas, que corrobora a importância do maneio low
stress e das experiências positivas, de forma a evitar ansiedade nas consultas
subsequentes.
No presente estudo, verificou-se uma subida gradual do CSS ao longo das consultas
pós-cirúrgicas, no GG, ainda que se tenha mantido mais baixo, quando comparado com GP.
Ainda que não haja uma justificação para esta subida, o facto de no GP o valor de CSS se
manter relativamente estável fortalece a importância do maneio low stress, adotado no
HVAC.
Apesar do presente estudo visar avaliar o efeito da gabapentina, não se pode
negligenciar a influência do ambiente nos resultados. Como já referido nas limitações,
apesar de se ter tentado controlar as diversas variáveis, o ambiente hospitalar dificultava o
controlo de alguns estímulos, como os olfatórios, visuais e auditivos, que podem predispor
um estado com maior nível de stresse no gato.

40
5. Conclusão
Para muitos médicos veterinários, tornou-se normal ou aceitável que os animais de
companhia tivessem medo de estar em ambiente hospitalar. Com a crescente preocupação
do bem-estar animal, torna-se imperativo desfazer este pensamento de forma a tornar as
visitas o mais agradáveis possível para o animal.
Não é demais salvaguardar a importância de compreender a natureza felina e usá-la
como aliada no maneio dos gatos, primando pela manipulação low stress e, quando
necessário, associar a abordagem farmacológica.
Contrariamente ao referido na literatura, no presente estudo, os animais com pesos
superiores a 4 kg não apresentaram níveis de stresse mais elevado. Também, não se
encontraram diferenças significativas de stresse entre os animais mais jovens e os mais
idosos e, apesar do género masculino apresentar, geralmente, valores de CSS mais baixos,
esta diferença voltou a não ser significativa. No entanto, estas situações podem dever-se ao
tamanho reduzido da amostra.
Até à data, sabe-se que uma administração única de gabapentina pode ser benéfica
para diminuir as respostas de stresse durante os procedimentos realizados duas a três
horas após a administração. Neste estudo, apesar de existir uma ausência de diferenças
estatisticamente significativas entre grupos, não se pode negligenciar a tendência de valores
mais baixos de CSS em praticamente todas as observações associadas ao GG,
corroborando a observação de Buckley (2019), onde é possível inferir, com moderada a
forte evidência, que o fármaco pode ser útil na redução do stress agudo secundário a
intervenções veterinárias, em gatos. É, no entanto, necessária a demonstração da eficácia
de gabapentina como agente farmacológico na redução do stresse mais prolongado, através
da sua utilização repetida, como por exemplo, durante a hospitalização.
Por fim, os resultados obtidos no estudo são promissores e a sua reprodução, em
ambiente controlado e com uma amostra mais numerosa, pode demonstrar a importância da
administração de gabapentina, antes do internamento pré-cirúrgico, associando o seu efeito
ansiolítico às evidências crescentes do seu efeito analgésico.

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49
7. Anexos
Anexo 1 – Cat Stress Score

Anexo 2 – Cat Stress Score

Anexo 3 – Cat Stress Score

Anexo 4 – Cat Stress Score

50
Anexo 5 – Ficha de Estudo

FICHA DE ESTUDO
Anexo 6 – Ficha de Estudo
1. Identificação do animal:
Anexo 7 – Ficha de Estudo Nº de estudo:
a. Nome: ________________
b. Idade: _____________ Nº de estudo:
c. Sexo: _____________ Anexo 8 – Ficha de Estudo
d. Tutor: ________________________________________________ Nº de estudo:
e. Peso:_______
Nº de estudo:

2. Na sala de espera, antes da consulta pré-anestésica

a. Nome da rececionista: ____________________________________________________

Nº de gatos: ____ Nº de cães: ____ Nº de pessoas: ____

b. Transportadora:

Sim Não
Tapada ____ Solto ____
Destapada ____ Trela ____

3. Na consulta pré-anestésica

a. Nome do veterinário: ______________________________________________

b. Presença de estagiários? __________________________________________


b.1. Se sim, quantos? ______________________________________________

c. Tipo de contenção:
Contenção física ____ Contenção química ____ Não se aplica ____

d. Feromonas:
Sim ____ Não ____

e. Verificou-se, em consulta, algum momento de stress considerável (p.e. na recolha de


sangue)? Se sim, qual?
__________________________________________________________________________

f. Cat Stress Score:

Postura corporal Abdómen Membros posteriores Cauda Cabeça

Olhos Pupilas Orelhas Vibrissas Vocalização

g. Resultado da Cat Stress Score: ______

51
4. Na sala de espera, no dia da intervenção cirúrgica

a. Nome da rececionista: ____________________________________________________

Nº de gatos: ____ Nº de cães: ____ Nº de pessoas: ____

b. Transportadora:

Sim Não
Tapada ____ Solto ____
Destapada ____ Trela ____

c. Hora de chegada: _____

5. No internamento, antes da intervenção cirúrgica

a. Nome do veterinário de internamento: ______________________________________________

Nº de gatos internados: ____ Nº de cães internados: ____

b. Jaula do animal: _____

c. Cat Stress Score:

Postura corporal Abdómen Membros posteriores Cauda Cabeça

Olhos Pupilas Orelhas Vibrissas Vocalização

d. Resultado da Cat Stress Score:____

e. Tempo entre a entrada do animal no internamento e a sua intervenção: ______

f. Protocolo anestésico utilizado: ____________________________________________________

6. No internamento, pós intervenção cirúrgica

a. Nome do veterinário de internamento: ______________________________________________

b. Cat Stress Score:

Postura corporal Abdómen Membros posteriores Cauda Cabeça

Olhos Pupilas Orelhas Vibrissas Vocalização

c. Resultado da Cat Stress Score: ______

d. Hora da alta: _______

52
7. Na sala de espera, antes da primeira avaliação pós-cirúrgica:

a. Nome da rececionista: ____________________________________________________

Nº de gatos: ____ Nº de cães: ____ Nº de pessoas: ____

b. Transportadora:

Sim Não
Tapada ____ Solto ____
Destapada ____ Trela ____

8. Na primeira avaliação pós-cirúrgica:

a. Nome do veterinário: ______________________________________________

b. Presença de estagiários? __________________________________________


b.1. Se sim, quantos? ______________________________________________

c. Tipo de contenção:
Contenção física ____ Contenção química ____ Não se aplica ____

d. Feromonas:
Sim ____ Não ____

e. Verificou-se, em consulta, algum momento de stress considerável (p.e. na recolha de


sangue)? Se sim, qual?
__________________________________________________________________________

f. Cat Stress Score:

Postura corporal Abdómen Membros posteriores Cauda Cabeça

Olhos Pupilas Orelhas Vibrissas Vocalização

g. Resultado da Cat Stress Score: ______

9. Na sala de espera, antes da segunda avaliação pós-cirúrgica:

a. Nome da rececionista: ____________________________________________________


Nº de gatos: ____ Nº de cães: ____ Nº de pessoas: ____

b. Transportadora:

Sim Não
Tapada ____ Solto ____
Destapada ____ Trela ____

53
10. Na segunda avaliação pós-cirúrgica:

a. Nome do veterinário: ______________________________________________

b. Presença de estagiários? __________________________________________


b.1. Se sim, quantos? ______________________________________________

c. Tipo de contenção:
Contenção física ____ Contenção química ____ Não se aplica ____

d. Feromonas:
Sim ____ Não ____

e. Verificou-se, em consulta, algum momento de stress considerável (p.e. na recolha de


sangue)? Se sim, qual?
__________________________________________________________________________

f. Cat Stress Score:

Postura corporal Abdómen Membros posteriores Cauda Cabeça

Olhos Pupilas Orelhas Vibrissas Vocalização

g. Resultado da Cat Stress Score: ______

11. Na sala de espera, antes da terceira avaliação pós-cirúrgica:

a. Nome da rececionista: ____________________________________________________

Nº de gatos: ____ Nº de cães: ____ Nº de pessoas: ____

b. Transportadora:

Sim Não
Tapada ____ Solto ____
Destapada ____ Trela ____

12. Na terceira avaliação pós-cirúrgica:

a. Nome do veterinário: ______________________________________________

b. Presença de estagiários? __________________________________________


b.1. Se sim, quantos? ______________________________________________

c. Tipo de contenção:
Contenção física ____ Contenção química ____ Não se aplica ____

d. Feromonas:
Sim ____ Não ____

54
e. Verificou-se, em consulta, algum momento de stress considerável (p.e. na recolha de
sangue)? Se sim, qual?
__________________________________________________________________________

f. Cat Stress Score:

Postura corporal Abdómen Membros posteriores Cauda Cabeça

Olhos Pupilas Orelhas Vibrissas Vocalização

g. Resultado da Cat Stress Score: ______

55

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