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UNIVERSIDADE PAULISTA

SYLVIA VENÂNCIO RIBEIRO LEITE DE CARVALHO

OBESIDADE EM FELINOS:
revisão de literatura

BAURU
2021
UNIVERSIDADE PAULISTA

SYLVIA VENÂNCIO RIBEIRO LEITE DE CARVALHO

OBESIDADE EM FELINOS:
revisão de literatura

Trabalho de conclusão de curso para obtenção do título


de graduação em Medicina Veterinária apresentado à
Universidade Paulista - UNIP.
Orientador: Prof. Dr. Paulo Sérgio dos Santos Teixeira

BAURU
2021
CIP - Catalogação na Publicação

Carvalho, Sylvia Venâncio Ribeiro Leite de


OBESIDADE EM FELINOS: REVISÃO DE LITERATURA / Sylvia
Venâncio Ribeiro Leite de Carvalho. - 2021.
48 f. : il. Color

Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) apresentado ao


Instituto de Ciência da Saúde da Universidade Paulista, Bauru, 2021.
Área de Concentração: Saúde
Orientador: Prof. Dr. Paulo Sérgio dos Santos Teixeira.

1. Saúde Felina. 2. Distúrbio Nutricional. 3. Manejo Alimentar. I.


Teixeira, Paulo Sérgio dos Santos (orientador). II.Título.

Elaborada pelo Sistema de Geração Automática de Ficha Catalográfica da Universidade Paulista


com os dados fornecidos pela autora.
SYLVIA VENÂNCIO RIBEIRO LEITE DE CARVALHO

OBESIDADE EM FELINOS:
revisão de literatura

Trabalho de conclusão de curso para obtenção do título


de graduação em Medicina Veterinária apresentado à
Universidade Paulista - UNIP.
Orientador: Prof. Dr. Paulo Sérgio dos Santos Teixeira

Aprovado em: ___/___/_____

BANCA EXAMINADORA

_____________________________ ___ /__/____


Prof. Dr. Paulo Sérgio dos Santos Teixeira
Universidade Paulista - UNIP

_____________________________ ___ /__/____


Prof. Dr. Carlos Eduardo Fonseca Alves
Universidade Paulista - UNIP

_____________________________ ___ /___/____


Profª. Mª Maria Valeria de Toledo Rodovalho
Universidade Paulista - UNIP
Dedico esse trabalho a minha família, em
especial, ao meu avô paterno, “In
Memorian”, que sempre foi um excelente
médico, servindo de exemplo e inspiração,
primeiro para meu pai, que também seguiu
carreira na Medicina, e depois para mim,
que, mesmo seguindo na Medicina
Veterinária, pretendo ser tão boa
profissional como eles.
AGRADECIMENTOS

Primeiramente gostaria de agradecer à Deus, pois não sou nada sem Ele.
Aos meus pais, por toda ajuda para conquistar esse sonho.
Agradeço ao meu orientador, Paulo Teixeira, por aceitar conduzir o meu
trabalho de pesquisa, e aos membros da banca examinadora, por aceitarem o convite
para participar.
Aos tutores que cederam as fotos de seus gatos para este trabalho, muito
obrigada.
Gratidão a Emily Moreira, melhor amiga de faculdade, que se tornou irmã de
coração, tão querida e importante, muito além da graduação, amizade que quero
manter para sempre.
Sou grata também a minha amiga de longa data, Paula Petroff, médica
veterinária, que me deu muitos conselhos profissionais, além dos cuidados especiais
com meus animais que ficaram doentes e ou vieram a falecer nos meus primeiros
anos de graduação.
A todos os veterinários que pacientemente compartilharam seus
conhecimentos comigo durante minhas aulas práticas e estágios, os meus sinceros
agradecimentos, em especial as médicas veterinárias Bruna Ávila, “In Memorian”,
Luciana Sandrin e Manoela Ferreira, minhas queridas supervisoras de estágio, que,
além do muito que me ensinaram, me inspiram a ser uma profissional dedicada e
estudiosa.
A Manoela Ferreira, mais um agradecimento especial, pela inspiração na minha
escolha da área de especialização, além de toda ajuda com dicas e treinamentos
durante o estágio.
Ao amado e querido Bruce, “In Memorian”, minha eterna lembrança da
importância de estarmos sempre atentos no exercício da profissão.
Por fim, agradeço de coração a todos que direta ou indiretamente fizeram parte
da minha formação.
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 10
2 REVISÃO DA LITERATURA ................................................................................................ 11
2.1 A obesidade felina .............................................................................................................. 11
2.1.1 Etiologia ........................................................................................................................... 12
2.1.1.1 Gênero e castração ...................................................................................................... 12
2.1.1.2 Idade ............................................................................................................................. 13
2.1.1.3 Influência do tutor e do ambiente................................................................................. 14
2.2 O tecido adiposo e as comorbidades e riscos associados à obesidade........................... 15
2.2.1 Síndrome metabólica ...................................................................................................... 17
2.2.1.1 Dislipidemia .................................................................................................................. 18
2.2.1.2 Diabetes Mellittus e resistência insulínica ................................................................... 19
2.2.1.3 Lipidose Hepática ......................................................................................................... 20
2.2.2 Afecções articulares ........................................................................................................ 20
2.2.3 Afecções dermatológicas ................................................................................................ 21
2.2.4 Afecções urinárias ........................................................................................................... 21
2.2.5 Afecções cardiovasculares ............................................................................................. 22
2.2.6 Risco anestésico ............................................................................................................. 22
2.3 Diagnóstico ......................................................................................................................... 23
2.3.1 Ressonância magnética e tomografia computadorizada ............................................... 23
2.3.2 Absorciometria de raio-X de dupla energia .................................................................... 23
2.3.3 Impedância bioelétrica .................................................................................................... 24
2.3.4 Peso corporal .................................................................................................................. 24
2.3.5 Medições morfométricas ................................................................................................. 25
2.3.6 Inspeção e palpação diretas ........................................................................................... 26
2.3.7 Escore de Condição Corporal (ECC) .............................................................................. 27
2.4. Tratamento ........................................................................................................................ 29
2.5 Prevenção........................................................................................................................... 33
3 MATERIAL E MÉTODO........................................................................................................ 34
4 DISCUSSÃO ......................................................................................................................... 35
5 CONCLUSÃO........................................................................................................................ 36
REFERÊNCIAS ........................................................................................................................ 37
RESUMO

Este estudo apresentou uma abordagem sobre a obesidade em felinos e os principais


aspectos relacionados às implicações desta patologia para a saúde destes. Foram
pontuados componentes que trazem uma visão mais abrangente dos problemas
relacionados com o excesso de peso patológico em gatos, enfatizando a importância
da prevenção da obesidade, do controle de peso, do manejo alimentar e
principalmente da necessidade de comprometimento, participação ativa e
responsabilidade dos tutores, no sentido de não incentivar dietas inadequadas e o
sedentarismo desses animais. A justificativa para o estudo centrou-se na
oportunidade de mostrar a necessidade de haver atenção e cuidados mais incisivos
com a alimentação dos felinos, uma vez que este distúrbio nutricional pode influenciar
negativamente na saúde deles, especialmente quando as comorbidades são
desenvolvidas. O objetivo deste trabalho foi realizar uma revisão bibliográfica sobre
obesidade felina, seguindo procedimentos que envolvem o levantamento, a análise e
a leitura do material teórico encontrado em publicações referentes ao assunto em
questão. A metodologia aplicada foi a revisão sistemática de literatura realizada por
meio de pesquisa bibliográfica, utilizando a base de dados: SCIELO (Scientific
Electronic Library Online), e periódicos: PREVETMED (Preventive Veterinary
Medicine) e PUBVET (Publicações em medicina veterinária e zootecnia), utilizando
descritores nos idiomas português e inglês, considerando publicações realizadas
entre os anos de 1992 a 2021. Concluiu-se que a obesidade em felinos é uma
patologia que traz complicações para sua saúde e qualidade de vida, apontando para
papel essencial do tutor na prevenção do excesso de peso desses animais, validando,
quando necessário, um tratamento devidamente orientado pelo médico veterinário,
com manejo alimentar correto e atividades físicas adequadas.

Palavras-Chave: Saúde felina. Distúrbio nutricional. Manejo alimentar.


ABSTRACT

This study presented an approach to obesity in felines and the main aspects related to
the implications of this pathology for their health. Components that bring a more
comprehensive view of the problems related to pathological overweight in cats were
scored, emphasizing the importance of obesity prevention, weight control, food
management and especially the need for commitment, active participation and
responsibility of guardians, in the sense of not encouraging inadequate diets and the
sedentary lifestyle of these animals. The justification for the study focused on the
opportunity to show the need for more incisive attention and care with the cats' diet,
since this nutritional disorder can negatively influence their health, especially when
comorbidities are developed. The objective of this work was to carry out a literature
review on feline obesity, following procedures that involve the survey, analysis and
reading of theoretical material found in publications referring to the subject in question.
The methodology applied was a systematic literature review carried out through
bibliographical research, using the database: SCIELO (Scientific Electronic Library
Online), and journals: PREVETMED (Preventive Veterinary Medicine) and PUBVET
(Publications in veterinary medicine and zootechnics), using descriptors in Portuguese
and English, considering publications from 1992 to 2021. It was concluded that obesity
in felines is a pathology that brings complications to their health and quality of life,
pointing to the essential role of the tutor in prevention of overweight in these animals,
validating, when necessary, a treatment properly guided by the veterinarian, with
correct feeding management and adequate physical activities.

Key-words: Feline health. Nutritional disorder. Feed management.


10

1 INTRODUÇÃO

A obesidade é um dos principais distúrbios nutricionais encontrados em gatos.


Sua etiologia é multifatorial, envolvendo fatores de risco relacionados direta e/ou
indiretamente ao animal (ZORAN, 2010). O principal fator desencadeador do excesso
de peso é um desequilíbrio entre a energia consumida e a energia gasta, seja pelo
excesso de ingestão de alimentos ou pela baixa metabolização (GERMAN, 2010).
Nas últimas três décadas a obesidade felina aumentou notavelmente
(COURCIER et al., 2012). Ao longo dos anos, diversos estudos vem demonstrando
que o excesso de peso não é uma mera alteração da estética, e sim uma doença, que
atualmente se destaca dentre os maiores problemas nutricionais dos animais de
estimação devido a suas consequências associadas (GERMAN, 2010), como a
síndrome metabólica, desordens ortopédicas e cardiorrespiratórias, diabetes mellitus,
doenças do trato urinário, além de tumores, alterações cutâneas e imunológicas
(CARVALHO, 2014), que podem diminuir a longevidade e qualidade de vida e também
aumentar o risco anestésico (GERMAN, 2010; NELSON; COUTO, 2015).
O diagnóstico é possível através de métodos de aplicabilidade simples, como
o Escore de Condição Corporal (LAFLAMME, 1997). O tratamento é longo e se baseia
no ajuste de ingestão calórica. Para que seja efetivo, depende do comprometimento
do tutor em cumprir as orientações veterinárias. No entanto, nem sempre os clientes
seguem a dieta ou recomendações de manejo alimentar de forma consistente
(ABOOD; VERTON-SHAW, 2021).
A prevenção é a melhor forma de controle dessa enfermidade. Apesar de
apresentar etiologia multifatorial, com alguns fatores de risco não manipuláveis, há
variáveis que podem ser modificadas para a redução da ocorrência da obesidade
(COURCIER et al., 2010). Os proprietários devem ser orientados por seu veterinário
de confiança sobre práticas adequadas para evitar o sobrepeso.
Tendo em vista o aumento da ocorrência da obesidade nos felinos domésticos,
os riscos e as comorbidades a ela associados, bem como a importância de demonstrar
isso aos tutores, este trabalho objetivou explanar particularidades desta doença,
através de uma revisão de literatura, apresentando suas causas, consequências,
métodos diagnósticos, estratégias de tratamento e prevenção.
11

2 REVISÃO DA LITERATURA

2.1 A obesidade felina

Obesidade é descrita como uma doença crônica associada ao acúmulo


excessivo de tecido adiposo no organismo, que pode comprometer as funções
fisiológicas do animal, sendo decorrente de um desequilíbrio entre a ingestão e o
gasto energético (TILLEY; SMITH, 2014).
Consequentemente, define-se como excesso o peso corporal 15 a 20% acima
do ideal, devido ao acúmulo de gordura. Com frequência, as manifestações negativas
na saúde começam nesse nível e são praticamente uma certeza quando o excesso
do peso ideal alcança os 30% (LITTLE, 2015). A American Veterinary Medical
Association (AVMA) endossou recentemente uma recomendação para uma definição
uniforme, segundo a qual um cão ou gato está obeso quando pesar 30% acima de
seu peso ideal (KIPPERMAN; GERMAN, 2018).
A análise visual, palpação e a avaliação do ECC (Escore de Condição Corporal)
são algumas das formas mais simples de mensurar o excesso de peso nos felinos.
Em animais com sobrepeso, as costelas não são palpadas facilmente, devido ao
aumento de gordura na região. Outro ponto a se considerar é arredondamento da
silhueta, perda da definição da cintura e início de abaulamento do abdômen. Já os
obesos passam a apresentar costelas impalpáveis, e notável cobertura de gordura
também nas áreas lombar, inguinal, facial, abdominal e nos membros (LAFLAMME,
2006).
Há diversos estudos internacionais que relatam e documentam os índices
crescentes da obesidade em cães e gatos (LUND et al., 2006; MAO et al., 2013;
ROBERTSON, 2002), assim estima-se que pelo menos 25 a 40% da população
canina e felina domiciliada esteja obesa (CARVALHO, 2014).
Evidenciada como problema nutricional mais comum em cães e gatos, sua
etiologia é complexa e multifatorial, resultando da interação de estilo de vida,
influência genética, e fatores como sexo, raça, idade, castração e uso de
medicamentos (ZORAN, 2010).
O excesso de gordura corporal frequentemente resulta em efeitos adversos à
saúde. De acordo Tilley e Smith (2014) até mesmo um excesso moderado na gordura
corporal pode aumentar a morbidade e diminuir o tempo de vida.
12

2.1.1 Etiologia

Existem duas principais causas para o surgimento da obesidade: as naturais e


as adquiridas. De acordo com Carciofi (2005) as principais causas naturais são fatores
genéticos, idade, raça e alterações hormonais e as causas adquiridas são
sedentarismo/ausência de atividade física, castração, utilização de medicamentos e
consumo alimentar descontrolado.
O desequilíbrio entre a energia consumida e a energia gasta, seja pelo excesso
de ingestão de alimentos ou pela baixa metabolização é a principal causa do excesso
de peso. Tal desequilíbrio ocasiona um balanço positivo prolongado, e os fatores
determinantes podem ser diversos (ZORAN, 2010).

2.1.1.1 Gênero e castração

A castração influencia na fisiologia e no comportamento do gato predispondo-


o à obesidade, que é a sequela mais relevante (LARSEN, 2017). De acordo com os
autores Jericó et. al. (2015), o sexo feminino é mais acometido, sendo que as fêmeas
castradas apresentam o dobro do risco de ficarem obesas. Isso ocorre porque as
fêmeas possuem uma taxa metabólica basal mais baixa que os machos
(DEBASTIANI, 2018).
Entretanto, há certa controversa na literatura veterinária referente a redução do
metabolismo após a castração (GERMAN, 2006). Estudos apontam que os hormônios
sexuais, principalmente o estrógeno, são reguladores importantes do metabolismo de
ingestão alimentar (JERICÓ et al., 2015). Recentemente foi demonstrado que o
estrógeno inibe a lipogênese, sendo determinante na síntese de adipócitos (SILVA et
al., 2017).
Dessa maneira, após a castração, os hormônios sexuais parecem ter
influência no desenvolvimento da obesidade, por agir diretamente nos centros
cerebrais, afetando a saciedade (p. ex., núcleos hipotalâmicos), e, indiretamente, no
metabolismo celular e nos hormônios reguladores da ingestão alimentar (JERICÓ et
al., 2015).
Courcier et al. (2010) apontam em seu estudo que animais adultos castrados
de ambos os sexos estão predispostos ao surgimento da obesidade, no entanto,
observaram que avaliação da condição corporal de gatos de pelo longo pode ser mais
13

difícil para os proprietários, sinalizando o tamanho da pelagem também como um fator


predisponente.
Os autores Brooks et al. (2014) e Michel e Scherk (2012) observam uma
propensão de animais castrados a terem maior apetite, especialmente na espécie
felina, em particular os machos castrados. O apetite aumentado levará a um aumento
do peso se o fornecimento de alimento for maior, independentemente do metabolismo
estar menos ativo ou não (PÖPPL, 2018).
Outro ponto observado por Pöppl (2018), é uma tendência dos animais
castrados a diminuírem a quantidade de atividade física, principalmente os machos
(Figura 1).

Figura 1 – Gato macho castrado acima do peso.

Fonte: Arquivo pessoal (2021) - fotos autorizadas pela tutora.

Para Larsen (2017), o aumento da ingestão de alimentos é provavelmente o


fator de maior influência no ganho de peso em gatos castrados. Lund et al. (2005)
demonstraram que rações classificadas como "Premium" possuem influência sobre o
ganho de peso em gatos machos, castrados e com idade entre cinco e nove anos,
devido a sua elevada densidade calórica (acima de 30%).

2.1.1.2 Idade

Um aumento de peso demasiadamente elevado em animais muito jovens é um


fator de risco considerável para o desenvolvimento de obesidade na fase adulta
(ZORAN, 2010).
14

Em animais adultos, geralmente ocorre a obesidade hipertrófica, devido a


hiperestimulação dos adipócitos pela gordura excedente no organismo, enquanto que,
em animais em fase de crescimento, ocorre a obesidade hiperplásica, decorrente da
superalimentação energética (GUIMARÃES, TUDURY, 2006; MENDES et al., 2013).
Estes mesmos autores explicam que animais jovens possuem tendência a
apresentar um balanço energético maior, relacionados aos processos anabólicos
inerentes ao crescimento.
Alguns autores pontuam que os animais de meia idade são mais propensos a
tornarem-se obesos. No entanto, não há um consenso da faixa etária de risco, com
Lund et al. (2005) considerando esta entre 5 a 11 anos, Colliard et al. (2009) de 2 a 9
anos, Courcier et al. (2012) de 7 a 10 e Russel et al. (2000) como até 13 anos.
Há certa redução no risco de ganho de peso conforme o animal torna-se mais
velho, podendo ser devido à ocorrência de doenças relacionadas a senilidade que
interferem no metabolismo e diminuem o peso, como o hipertireoidismo felino e a
doença renal crônica (ETTINGER; FELDMAN, 2004). Courcier et al. (2012) apontam
uma tendência ao estado de caquexia ou magreza em animais acima de 15 anos,
sendo rara a obesidade.

2.1.1.3 Influência do tutor e do ambiente

A forte relação afetiva entre o gato e o proprietário se mostrou como um fator


de risco para o desenvolvimento da obesidade (KIENZLE; BERGLER, 2006). Muitos
dos vícios adquiridos pelos “pets” são de responsabilidade dos tutores (APTEKMANN
et al., 2014b).
Os autores de um estudo sobre a relação dos tutores com seus animais
concluíram que os donos de gatos com sobrepeso eram mais próximos de seus gatos,
humanizando-os mais e possivelmente usando-os como um substituto para a
interação humana (KIENZLE; BERGLER, 2006). Tal estudo apontou ainda que os
donos de gatos com sobrepeso passavam mais tempo observando-os comer e menos
tempo brincando com eles do que os donos de gatos magros.
Os autores Teng et al. (2020) apontam o ato do gato implorar por alimento
como fator de risco à obesidade, pois é um comportamento persuasivo que convence
seu proprietário a fornecer comida extra. No mesmo estudo, os autores ainda relatam
que, às vezes, os donos de gatos podem interpretar mal os comportamentos de busca
15

por atenção como implorar por comida e, consequentemente, alimentá-los demais.


Sloth (1992) sugere que os proprietários que obedecem voluntariamente
quando seu animal de estimação implora por comida podem fazê-lo por considerarem
ser psicologicamente recompensador.
Carvalho (2014) pontua que o estilo de vida corrido está intimamente associado
ao sedentarismo dos tutores e, naturalmente, dos seus animais de companhia.
Geralmente, quando os tutores não têm hábitos de se exercitar, tampouco o fazem
com seus animais. Neste sentido, o autor aponta correlação entre as taxas de
crescimento da incidência da obesidade na população humana e na população
canina/felina. Outro fator destacado pelo autor é que o tipo de alimentação tem grande
influência no desenvolvimento e progressão do ganho de peso, seja pela vasta
diversidade de opções de petiscos ou pelo pouco conhecimento e orientação do tutor
sobre a quantidade de alimento diária recomendada para seu animal.
O local em que o animal vive também influencia, porque o espaço físico e a
ausência de enriquecimento ambiental interferem nos hábitos, tanto comportamentais,
quanto alimentares, levando à obesidade (APTEKMANN et al., 2014a).

2.2 O tecido adiposo e as comorbidades e riscos associados à obesidade

O tecido adiposo, que hoje é reconhecido como um órgão endócrino, tem


participação ativa no metabolismo de carboidratos e lipídios, na regulação energética
e nas cascatas inflamatórias (KERSHAW; FLIER, 2004). As alterações no
metabolismo de gatos obesos podem, em parte, ser causadas por alterações nos
hormônios envolvidos na regulação metabólica (HOENIG, 2007).
A obesidade é um estado inflamatório permanente de baixo grau, que está
relacionado à secreção constante de adipocinas. Dentre as mais importantes,
destacam-se os hormônios leptina, adiponectina e resistina, e as citocinas fator de
necrose tumoral alfa (TNFα) e interleucina 6 (IL-6) (CARVALHO, 2014).
As adipocinas influenciam os processos fisiológicos como o inflamatório, imune
e o metabolismo de glicose e lipídios (LIMA et al., 2021). Quando o animal está
sobrenutrido ou obeso, o controle destes processos é modificado, podendo, a longo
prazo, predispor a mudanças no metabolismo energético basal e a doenças como
diabetes mellitus e lipidose hepática, particularmente no felino doméstico (CLARK;
HOENIG, 2016).
16

A leptina é um hormônio que diminui a ingestão alimentar, aumenta o gasto


energético e regula o catabolismo das gorduras e carboidratos (FREITAS, 2013).
Carvalho (2014) discorre que a concentração plasmática deste hormônio fica maior
conforme o escore corporal aumenta, buscando a reversão do ganho de peso via
sinalização endógena. O autor descreve ainda que o estado de obesidade pode levar
a hiperleptinemia (resistência à leptina), possivelmente por diminuição da afinidade
com seus receptores ou alterações na sensibilidade dos tecidos-alvo a suas ações.
A adiponectina é o hormônio mais produzido pelos adipócitos e promove a
sensibilidade insulínica por vários mecanismos, como a simplificação da rota de
oxidação de gorduras e glicose nos tecidos periféricos, inibição da gliconeogênese
hepática e supressão da resposta inflamatória (HOENIG et al., 2007). Em
contrapartida, a obesidade reduz significativamente a expressão gênica e
concentração plasmática deste hormônio, pois promove a diminuição da expressão
de seus receptores nos tecidos muscular e hepático e causa feedback inibitório na
sua secreção via citocinas como TNFα e IL-6 (KIL; SWANSON, 2010).
Nas articulações, a adiponectina está relacionada a maior proliferação de
condrócitos, de síntese de colágeno tipo II e de proteoglicanos, bem como menor
mineralização da matriz cartilaginosa (FRYE et al., 2016). Estas funções são
prejudicadas com a redução na concentração de adiponectina causada pela
obesidade.
A resistina é outra adipocina e é induzida pela adipogênese, embora
provavelmente seja originada principalmente pelos macrófagos do tecido adiposo em
humanos (REA; DONNELLY, 2004). Seus níveis são elevados com a obesidade. É
uma importante antagonista das ações da insulina (CARVALHO, 2014). Estudos de
seu papel em cães e gatos ainda estão em processo de evolução.
Além de hormônios, os adipócitos também produzem citocinas pró-
inflamatórias como o TNFα e IL-6, responsáveis por ativar o sistema imunológico em
resposta a processos infecciosos ou neoplásicos (CARVALHO, 2014). Na situação de
obesidade, cresce a quantidade de macrófagos no tecido adiposo, incitando uma
maior produção e expressão dessas substâncias devido ao aumento de tecido
adiposo.
A desregulação na produção destas substâncias pode desencadear diversas
complicações locais e sistêmicas, sendo tanto um fator predisponente quanto um
perpetuante de uma série de afecções multissistêmicas (CARVALHO, 2014). A
17

associação de algumas dessas alterações pode desencadear o surgimento da


síndrome metabólica (SM). A SM representa um conjunto de fatores de risco que
podem promover o desenvolvimento de anormalidades metabólicas e doenças como
diabetes mellitus (DM), dislipidemia e hipertensão (CLARK; HOENIG, 2016).

2.2.1 Síndrome metabólica

Atualmente há uma grande discussão se o conceito de síndrome metabólica


(SM) se aplica a cães e gatos. Na literatura as opiniões divergem referente a utilização
da nomenclatura “SM” para esses animais, dado que o impacto dela não é observado
de forma clara em cães e gatos como é em humanos, especialmente no que se refere
às questões cardiovasculares (VERKEST, 2014). Entretanto, diversos indícios
apontam que os mesmos acontecimentos caracterizados na SM humana podem ser
vistos em cães e gatos obesos (TVARIJONAVICIUTE et al., 2012).
O aumento de gordura corporal e a resistência à insulina são os principais
fatores de risco para seu desenvolvimento, em humanos e gatos obesos (HOENIG,
2012). Outros aspectos incluem inflamação sistêmica e aumento do estresse oxidativo
(GERMAN, 2006). Ademais, em 20% dos casos de SM ocorre disfunção das células
beta-pancreáticas levando ao Diabetes Mellittus (HENSON et al., 2011).
Quando se tornam obesos, os gatos apresentam resistência insulínica com
acentuada redução da eficácia da glicose, da mesma forma que ocorre em humanos
(HOENIG, 2012; 2014). Cada quilograma de peso adquirido conduz a uma perda de
30% de sensibilidade à insulina (HOENIG, 2011). Um estudo acompanhou 16 gatos
que tiveram um aumento de peso corporal de 44,2% ao longo de 10 meses,
evidenciando a diminuição a sensibilidade tecidual à insulina e redução da eficácia da
glicose em cerca de 52% (APPLETON et al., 2001).
Para Linder e Mueller (2014) a obesidade pode ser considerada como uma
condição inflamatória crônica, pois pacientes com essa enfermidade apresentam
mediadores inflamatórios em níveis aumentados.
Segundo Pazos (2016), existe uma relação cíclica entre obesidade, inflamação
e resistência insulínica, e este ciclo é mantido por concentrações maiores de leptina
pró-inflamatória e menores de adiponectina anti-inflamatória, contribuindo com a
persistência da SM (Figura 2). Porém, esta situação é reversível. Os autores Carciofi
et al. (2005), Linder e Mueller (2014) e Hoenig et al. (2007) apontam que as
18

concentrações séricas de adiponectina e leptina podem voltar ao normal conforme o


gato perde peso.

Figura 2 - Esquema do círculo de manutenção da síndrome metabólica

Fonte: PAZOS (2016)

O autor Pöppl (2018) destaca que "a grande questão acerca do conceito de SM
é que sua identificação não altera os tratamentos propostos para as diversas
condições que a compõe". Logo, de acordo com o autor, "o emprego dessa
terminologia pode ser um aliado no combate à obesidade como uma forma de
caracterizar melhor os perigos que a condição de sobrepeso representa" (PÖPPL,
2018).

2.2.1.1 Dislipidemia

A alteração metabólica em pacientes obesos causada pelo aumento da


secreção de adipocinas, assim como a ausência dos efeitos protetores da
adiponectina, predispõem à ocorrência de dislipidemias, principalmente a
hipertrigliceridemia (CARVALHO, 2014).
A hiperlipidemia corresponde ao aumento plasmático de triglicerídeos,
colesterol ou ambos, o quais são os lipídeos séricos de maior relevância clínica
(SILVA et al., 2017). Mas nem sempre ocorrerá apenas aumento lipídico em gatos
com sobrepeso e obesidade, conforme demonstrado em um estudo onde estes
animais apresentaram dislipidemias com aumento de colesterol lipoproteína de baixa
densidade (LDL) e redução de colesterol lipoproteína de alta densidade (HDL)
(MURANAKA et al., 2011).
19

A hiperlipidemia aumenta a chance de incidência de pancreatite e resistência


insulínica, sendo um dos mecanismos que explicam a maior probabilidade de
desenvolvimento de diabetes mellittus em cães e gatos obesos (CARVALHO, 2014).

2.2.1.2 Diabetes Mellittus e resistência insulínica

O termo Diabetes Mellittus (DM) engloba diversos desarranjos metabólicos. Em


cães e gatos são reconhecidos dois tipos de DM, o insulinodependente (ID) ou tipo 1
e o não insulinodependente (NID) ou tipo 2, sendo a classificação em tipos 1 ou 2
mais aplicada aos humanos (LAWALL, 2012).
De acordo com Vandendriessche (2020), o DMNID é provavelmente a
endocrinopatia felina mais comum, sendo diagnosticada em 95% dos gatos
diabéticos. Em felinos obesos, o diabetes mellittus advém da resistência insulínica e
do desarranjo funcional das células beta pancreáticas, sendo que,
independentemente da quantidade de insulina secretada estar aumentada, diminuída
ou normal ela é insuficiente para superar a resistência insulínica no tecido periférico
(LAWALL, 2012).
A resistência insulínica ocorre quando o estado de inflamação crônica de baixo
grau, gerado pela obesidade, ativa o recrutamento de macrófagos aos adipócitos em
resposta a quimiotaxia e assim liberam adipocinas pró-inflamatórias, que podem
promover alterações intracelulares que influenciam diretamente na fosforilação dos
substratos do receptor tirosina-quinase (RTK), que são os receptores celulares
específicos de insulina (LÊ et al., 2011).
Consequentemente, as células tissulares do animal, especialmente miócitos,
adipócitos e hepatócitos, não respondem corretamente à insulina e não conseguem
absorver a glicose circulante com facilidade, resultando em hiperglicemia, que
demanda maior produção deste hormônio, e assim, sobrecarrega as células β
pancreáticas, causando pancreatite e levando ao DM.
Segundo Lawall (2012) o pâncreas consegue aumentar a secreção de insulina
por tempo limitado, porém, a manutenção dessa secreção exacerbada a longo prazo
requer um aumento no número e tamanho das células β pancreáticas, caso contrário,
será estabelecida a DM. Essa adaptação pancreática ocorre em apenas 20% dos
gatos obesos, os demais apresentam hipoinsulinemia e tornam-se diabéticos
(HOENIG, 2011).
20

2.2.1.3 Lipidose Hepática

A lipidose hepática é o acúmulo excessivo de lipídeos nos hepatócitos que


ultrapassa a capacidade do fígado de metabolizá-los e removê-los, prejudicando
gravemente o funcionamento deste órgão (RODRIGUES, 2009).
A obesidade é citada como principal fator de risco para ocorrência da lipidose
hepática idiopática, de acordo com Twedt (2010), e, geralmente, acomete gatos de
meia idade ou idosos. A infiltração de gordura no fígado pode ocorrer por uma dieta
rica em carboidratos e lipídeos, que são convertidos em ácidos graxos, e, depositados
como triglicerídeos nas células hepáticas (RODRIGUES, 2009).
Esse aumento de gordura intra-hepática também pode ser secundário a
períodos prolongados de jejum (anorexia) e/ou perda de peso muito brusca em felinos
obesos (SILVA, 2012).

2.2.2 Afecções articulares

Em felinos obesos as patologias locomotoras de maior ocorrência são a ruptura


do ligamento cruzado, luxação patelar, lesão de tecidos moles e a artrite (LUND et al.,
2005). Embora os gatos sejam menos propensos do que os cães ao desenvolvimento
de artrite clinicamente evidente, a obesidade pode levá-los a manifestá-la devido à
sobrecarga que o excesso de peso gera às estruturas ósseas e suas articulações
(MENDES, 2017).
As articulações mais afetadas são a coxofemoral e a úmero-radio-ulnar
(GERMAN; MARTIN, 2010). Estudos apontam que a hiperlipidemia predispõe à
inflamação articular, pois aumenta o estresse oxidativo, prejudicando os condrócitos
(MEDINA-LUNA et al., 2017; JEUSSETE et al., 2005). Ademais, a síntese de colágeno
tipo II e de proteoglicanos, bem como o controle de proliferação de condrócitos e da
mineralização da matriz cartilaginosa são afetados pela diminuição de adiponectina
em decorrência da obesidade.

2.2.3 Afecções dermatológicas

A sobrecarga sobre as articulações e / ou a artrite geram dor, fazendo com que


21

o animal se locomova menos e fique mais tempo deitado e inativo, limitando seu gasto
energético, além de influenciar no desenvolvimento de dermatopatias (MENDES,
2017).
As dermatopatias são frequentemente vistas em animais com graus elevados
de obesidade e, de acordo com Lund et al. (2005), ocorrem devido à incapacidade do
gato obeso se lamber e higienizar seus pelos, visto que, tal hábito é de fundamental
para manutenção da saúde da pele e pelos dos felinos.
Animais em estágio de obesidade mórbida perdem a capacidade de se limpar
e se tornam tão inativos que podem desenvolver de escaras de decúbito (Figura 3)
(GERMAN; MARTIN, 2010).

Figura 3 - Gato siamês macho, de 9 anos, castrado, obeso mórbido (ECC 9), com 12,9 kg,
apresentando escaras de decúbito

Fonte: GERMAN; MARTIN (2010)

2.2.4 Afecções urinárias

A doença do trato urinário inferior felino (DTUIF) compreende diversas


patologias que afetam a bexiga e a uretra, sendo a cistite aguda e urolitíase as mais
comuns (Mendes, 2017). Segundo Bartges (2010) "a obesidade está associada ao
aumento da incidência de litíase urinária por estruvita e tampões uretrais de matriz
cristalina, urolitíase por oxalato de cálcio e cistite idiopática."
Gatos obesos, tanto machos quanto fêmeas, geralmente se tornam mais
preguiçosos e inativos, tendendo a beberem menos água e a irem menos vezes à
22

caixa sanitária, elevando a concentração da urina e predispondo à formação de


urólitos (RECHE et al., 1998). A diminuição da frequência de micção alcaliniza o pH
urinário e, dessa forma, favorece a formação de cristais e de urólitos, particularmente
os de estruvita (OSBORNE et al., 2004).
A DTUIF é mais comum em animais com sobrepeso, sedentários, que não têm
acesso à rua, cuja alimentação é a ração seca e que, geralmente, convivem com mais
gatos (RECHE; CAMOZZI, 2015). De acordo com o estudo de Pusoonthornthum et al.
(2012), gatos acima do peso ideal apresentaram quatro vezes mais chances de
desenvolverem DTUIF do que gatos dentro do peso.

2.2.5 Afecções cardiovasculares

Não há muitos estudos sobre as alterações cardiovasculares decorrentes da


obesidade em gatos. Borlini (2013) demonstrou em sua pesquisa que, dos oito gatos
obesos analisados, seis exibiram aumento de espessura do ventrículo esquerdo em
diástole, e dois apresentaram aumento do diâmetro do ventrículo esquerdo em
diástole e sístole, sugerindo sobrecarga de volume.
Comparados a gatos com ECC ideal, gatos obesos apresentaram pressão
arterial sistólica mais elevada, de acordo com o estudo feito por Champion (2011).
Ademais, remodelamento cardíaco (com aumento do diâmetro de septo
interventricular), arritmia sinusal e sobrecarga atrial esquerda foram outros achados
observados em gatos obesos no mesmo estudo. No entanto, Hoenig (2012) afirma
que, diferentemente de humanos, gatos obesos não desenvolvem hipertensão clínica.

2.2.6 Risco anestésico

Gatos obesos possuem maior risco em anestesias e cirurgias, o que pode


limitar uma série de intervenções (NELSON; COUTO, 2015). A obesidade pode
afetar o volume de distribuição, biodisponibilidade e depuração dos fármacos
(REZENDE et al. 2021). Anestésicos lipossolúveis podem sofrer deposição nos
adipócitos, o que dificulta o cálculo de dose anestésica e aumenta o risco de
intervenções cirúrgicas em pacientes obesos (GERMAN, 2006).
23

2.3 Diagnóstico

A obesidade em gatos pode ser diagnosticada por meio de diversos métodos


que avaliam a composição corporal utilizando aparelhos, como a ressonância
magnética, tomografia computadorizada, densitometria por duplo feixe de raios X
(DEXA), impedância bioelétrica, dentre outros. Entretanto, a maioria desses métodos
não são viáveis na rotina clínica, sendo mais utilizados em pesquisas (ELLIOTT,
2006).
Determinar se um gato apresenta sobrepeso é simples, em contrapartida, a
determinação precisa do grau de sobrepeso e do peso ideal é complicada (LITTLE,
2015). Apesar disso, é possível obter um diagnóstico prático de obesidade utilizando
métodos não invasivos, através da avaliação clínica, como o peso corporal (PC),
medidas morfométricas, inspeção e palpação diretas e o escore de condição corporal
(ECC).
É altamente recomendável que se crie a rotina de avaliar os pacientes obesos
de forma criteriosa, buscando identificar comorbidades metabólicas ou
cardiovasculares (TVARIJONAVICIUTE et al., 2012).

2.3.1 Ressonância magnética e tomografia computadorizada

Técnicas de imagem como ressonância magnética quantitativa (RMQ) e


tomografia computadorizada (TC) podem ser utilizadas para determinar a quantidade
de gordura corporal, fornecendo a localização exata dos depósitos de tecido adiposo
no organismo (HOENIG, 2011).
Entretanto, o uso prático destes métodos é limitado pelo custo, pela
necessidade de conhecimento técnico e anestesia geral, e, no caso da TC, pela
exposição à radiação (BUELUND et al. 2011).

2.3.2 Absorciometria de raio-X de dupla energia

A absorciometria de raio-X de dupla energia (DEXA) fornece o percentual de


gordura corporal em relação à massa total e diferentes regiões do corpo. A técnica
utiliza raios-X de duas energias para estimar o conteúdo mineral ósseo, a massa
magra e a massa gorda (HOELMKJAER; BJORNVAD 2014). Os resultados de DEXA
24

mostraram uma boa correlação com a análise química da composição corporal em


cães e gatos (SPEAKMAN et al. 2001).
DEXA é considerado o método mais preciso e padronizado para gatos
(BORGES et al. 2008, BUELUND et al. 2011). Entretanto, esta técnica considera que
a hidratação da massa livre de gordura é constante e, por isso, a precisão pode ser
afetada pelo nível de hidratação muscular (SPEAKMAN et al. 2001).
Esse procedimento tem diversas desvantagens, como a exposição à radiação,
a necessidade de sedação, o custo do aparelho e a necessidade de perícia técnica,
limitando a aplicabilidade ao ambiente de pesquisa (GERMAN 2010; BJORNVAD et
al., 2011; JERICÓ et al., 2014; TARKOSOVA et al., 2016).

2.3.3 Impedância bioelétrica

É um método não invasivo e rápido para quantificar massa magra e massa


gordurosa. A mensuração é feita com a utilização de eletrodos. Uma corrente elétrica
de baixa frequência e alta tensão é emitida por eletrodos distais, captada por eletrodos
proximais e transferida para o aparelho que faz a análise, e, de acordo com a
resistência dos tecidos à passagem dessa corrente (bioimpedância), é determinada a
composição corporal (MENDES, 2017).
A condutância elétrica é proporcional ao teor de água do tecido (JEUSETTE et
al., 2010). O tecido muscular é constituído de 72% a 74% de água, enquanto o tecido
adiposo é praticamente anidro (MENDES, 2017). Sendo assim, a gordura possui baixa
condutância e maior resistência à corrente elétrica, servido de medida para
quantificação deste tecido no organismo.
Deve-se levar em consideração que o estado de hidratação pode interferir nos
resultados (ELLIOT, 2006).

2.3.4 Peso corporal

É uma medição simples e acessível, porém necessita ser registrado e


atualizado regularmente para servir como parâmetro. O peso corporal de cada gato
deve ser medido a cada consulta para possibilitar a detecção de mudanças ao longo
do tempo e para facilitar uma intervenção dietética precoce para prevenção da
obesidade (BROOKS et al. 2014). Para animais pequenos e médios a faixa de
25

normalidade fica em torno de três a cinco quilos (MENDES et al., 2013). Entretanto, o
peso corporal ideal varia de acordo com a conformação do animal e este parâmetro
não fornece informações sobre a composição corporal (BJORNVAD et al. 2011).
Sendo assim, este indicador não é recomendado como método único de
avaliação, pois, além de não avaliar massa de gordura e massa muscular, é limitado
pela grande variação entre raças, faixas etárias e sexo (JERICÓ et al., 2014).

2.3.5 Medições morfométricas

Medições dos perímetros foram desenvolvidas para calcular o percentual de


gordura corporal (%GC) em gatos (BUELUND, et al., 2011; WITZEL et al., 2014). De
acordo com Elliott (2006), o Índice de Massa Corporal Felina™ (IMCF™) é
estabelecido com as medidas da circunferência torácica em centímetros (CT) na altura
da nona costela cranial, e da distância em centímetros entre a patela e a tuberosidade
calcânea (DPC), conforme ilustrado na Figura 4, aplicando-se a fórmula %GC = 1,5 x
(CT – DPC)/9, ou consultando um gráfico de referência (Figura 5).

Figura 4 - Locais de medição da CT da DPC

Fonte: Imagem do aplicativo Cat's Health - feline BMI adaptada


26

Figura 5 - Diagrama do Índice de Massa Corporal Felina

Fonte: ELLIOTT (2006)

Estas práticas são consideradas objetivas e confiáveis (ELLIOTT, 2006), dada


a sua correspondência com a técnica DEXA, porém, a sua eficiência para aplicação
nas diferentes raças/conformações corpóreas não é bem estabelecida (MENDES,
2017).

2.3.6 Inspeção e palpação diretas

Este método consiste basicamente na realização de um simples exame físico


inspecionando o animal e palpando suas costelas (Figura 6). Quando o gato está no
peso ideal, as costelas são facilmente palpáveis e, quando visto dorsalmente, o corpo
deve apresentar forma de ampulheta. Gradil costal não facilmente palpável, com
perda da definição central da silhueta (cintura), abdome abaulado a partir do último
par de costelas, depósitos de gorduras evidentes na inserção da cauda, dorsalmente
ao fêmur e/ou na região inguinal, são indicativos de obesidade (GUIMARÃES;
TUDURY, 2006).
27

Figura 6 – Exame físico de felina com sobrepeso.

Fonte: arquivo pessoal (2021) - fotos autorizadas pela tutora.

2.3.7 Escore de Condição Corporal (ECC)

O sistema de ECC funciona por pontuação, classificando a condição corpórea


em escores de cinco ou nove pontos. Esse exame apresenta boa correspondência
quantitativa de gordura corporal do animal e é simples de ser realizado na clínica
veterinária (GERMAN, 2010). Apesar de ser considerado um método subjetivo, a
avaliação do ECC apresenta uma boa correlação com o percentual de gordura obtido
pela técnica de absorciometria de raios-x de dupla energia (BJORNVAD et al. 2011).
A escala numérica que varia de 1 a 9 pontos permite uma avaliação mais exata
da condição nutricional do animal e é o mais amplamente aceito (JERICÓ et. al.,
2014). De acordo com a classificação, os índices de 1 a 3 são indicativos que o animal
está abaixo do peso, de 4 e 5 apontam uma faixa de peso ideal, e de 6 a 9 representam
um quadro de sobrepeso a obesidade.
Conforme determinado por DEXA, a classificação de nove pontos (Figura 7)
correlaciona a avaliação da composição corporal e percentual de gordura corporal (%
GC). Nesta escala, a pontuação de escore corporal estabelece que cada ponto acima
do ideal equivale de 10% a 15% de adiposidade. Dessa forma, um gato com ECC=7
28

está excedendo cerca de 20% a 30% do peso corporal ideal (JERICÓ et. al., 2014).

Figura 7 – Sistema de avaliação da condição corporal felina, mostrando a pontuação a partir do


número 5, que é considerado como escore de condição corpórea ideal

Fonte: Manual de obesidade canina e felina Nestlé Purina, ABEV, 2014.

Os autores Baldwin et al. (2010) observam como ponto fraco nos sistemas ECC
o fato de que não fornecem uma avaliação da massa magra e, consequentemente,
não se pode avaliar o catabolismo muscular. O catabolismo muscular pode ocorrer
em animais feridos e ou doentes, subnutridos ou sobrenutridos, e é particularmente
fácil de passar despercebido em indivíduos com sobrepeso e obesos, porque o
excesso de gordura corpórea pode mascarar a perda muscular (Baldwin et al. 2010).
Apesar disso, o ECC tem sido largamente aplicado no meio científico para
29

diagnóstico e acompanhamento do cronograma emagrecimento (ELLIOTT, 2006).

2.4. Tratamento

O tratamento consiste basicamente na perda de peso (Figura 8), induzida pela


diminuição do consumo calórico para um nível abaixo do gasto, e requer a
manutenção do peso atingido a longo prazo para ser bem-sucedido (TILLEY; SMITH,
2014). Além disso, a perda de peso deve ocorrer de forma saudável, eliminando a
massa corporal gorda e preservando a magra (HOENIG, 2011).

Figura 8 – Gato que passou de 15 kg para 7,7 kg com tratamento para obesidade.

Fonte: Amo meu pet (2021)

O ideal é que o veterinário obtenha um histórico da dieta atual do paciente


antes de iniciar o tratamento, para saber quais os tipos de alimento ofertados (ração,
petiscos, comida da refeição do tutor), quantidade e frequência que são oferecidas,
além de acesso a alimentação na rua, se isso for da rotina do gato.
Little (2015) afirma que, previamente ao programa de perda de peso, pode ser
útil solicitar ao proprietário que elabore um diário da alimentação fornecida, durante 1
ou 2 semanas. Segundo a autora, o levantamento dessas informações pode servir de
ajuda na conscientização dos proprietários a respeito do papel que eles
30

desempenham na obesidade do gato, além de prover informações úteis ao prontuário.


O êxito no tratamento da obesidade depende da conscientização do proprietário
(JERICÓ et al., 2015).
Para atingir o peso corporal ideal, é necessário modificar a dieta. O manejo
nutricional adequado deve apresentar um aporte calórico restrito (CASE et al., 2010).
Geralmente, oferecer uma quantidade menor do mesmo alimento não dá bons
resultados, pois o organismo do gato está acostumado e essa redução não induzirá a
mudança no metabolismo, podendo inclusive levar a deficiências (LITTLE, 2015).
De acordo com Vandendriessche (2020), uma dieta para estes pacientes deve
ser hipocalórica, rica em fibras e proteínas e pobre em carboidratos solúveis, e é
interessante que seja enriquecida com antioxidantes e L-carnitina. A autora aponta
que a dieta hipocalórica com grande quantidade de fibra insolúvel permite ao tutor o
fornecimento de um volume maior de alimentos, colaborando com a manutenção da
saciedade entre as refeições. A fração de fibra insolúvel na comida retarda a absorção
de nutrientes, conforme explica a autora, e assim auxilia no controle da glicemia.
Aumentar o ter proteico na dieta é uma boa estratégia para redução de peso
dos gatos, devido à adaptação limitada de suas enzimas gliconeogênicas que
participam do catabolismo de proteínas hepáticas sob reduzido consumo de
aminoácidos (PAZOS, 2016). Na espécie felina, o catabolismo proteico se mantém
acelerado mesmo com baixa ingestão de proteína, e isso pode acontecer como
consequência da restrição alimentar numa dieta com um alimento comum
(VASCONCELLOS et al. 2009).
Um alto teor proteico na dieta de gatos obesos com SM proporciona
consequências benéficas na produção de energia e manutenção da sensibilidade
insulínica (KLEY et al. 2009) além de minimizar a perda de massa muscular durante
o tratamento (GERMAN, 2006; VASCONCELLOS et al. 2009; VANDENDRIESSCHE,
2020).
Por sua vez, os antioxidantes neutralizam os efeitos negativos da inflamação
crônica associada à obesidade, e a L-carnitina facilita o uso de gordura - em vez de
glicose - como fonte de energia pelas células (VANDENDRIESSCHE, 2020).
Dietas úmidas geralmente proporcionam maior saciedade e, além disso,
podem melhorar a saúde urinária, pois, a cistite recorrente é uma comorbidade comum
em gatos diabéticos e / ou obesos (JERICÓ et al., 2014; VANDENDRIESSCHE,
2020). Porém, o mais importante é garantir que o gato goste do alimento, e, de acordo
31

com a autora, alguns gatos só gostam de ração seca.


Seja qual for a dieta e escolhida para a perda de peso do animal, é preciso
calcular a quantidade diária de alimento a ser oferecido e não fornecer nada além do
estabelecido (PÖPPL, 2016).
Para elaborar a dieta define-se um peso meta inicial, que não deve ser inferior
a 15% do atual, para evitar a ocorrência de transtornos metabólicos (MENDES et al.,
2013; PÖPPL, 2018). Estabelecido isso, pode-se estipular uma redução semanal de
e 0,5 a 1% do peso total (PÖPPL, 2018). Atingido o peso meta inicial, determina-se
uma nova meta, seguindo assim, até o paciente atingir o peso meta final.
Segundo a autora Remillard (2010, p. 99) “a perda de peso é um processo lento
e constante que pode levar de 12 a 18 meses para atingir o peso desejado. ” Perdas
de peso semanais abaixo de 1% são esperadas, mas, por menor que seja, cada
conquista deve ser elogiada pelo veterinário, para manter o tutor empenhado (PÖPPL,
2018).
De acordo com Pöppl et al. (2016), um cálculo simples para prescrição inicial
de uma dieta é a estimativa do requerimento energético em repouso (RER), o qual
pode ser realizado através da fórmula: RER (kcal/dia) = 70 x (peso ideal estimado em
kg)⁰·⁷⁵. O autor descreve que a partir do resultado do cálculo do RER do paciente, é
possível determinar requerimento energético diário para perda de peso, sendo de 0,8
x RER para gatos, porém, é comum que alguns felinos necessitem receber menos do
que 0,8 x RER, sendo mais efetivo oferecer de 0,6 a 0,7 x RER.
O tratamento deve ser implementado antes do surgimento das comorbidades
relacionadas à obesidade. Caso contrário, o animal provavelmente precisará tratá-las
também.
O sucesso do tratamento é totalmente dependente da adesão do tutor. Nesse
sentido, é preciso que toda e qualquer mudança a ser implementada leve em
consideração as possibilidades do tutor e as preferências do gato, caso contrário, o
cumprimento das alterações propostas é bastante improvável (VANDENDRIESSCHE,
2020). O veterinário deve fornecer ao menos duas opções de dietas para o cliente
escolher qual ele consegue cumprir.
Deve-se considerar dietas caseiras bioadequadas formuladas de acordo com
as particularidades do felino caso a dieta com alimento extrusado estiver sendo
seguida corretamente e mesmo assim não atingir as metas (REMILLARD, 2010).
Na Figura 9 há um organograma sobre os critérios e a abordagem terapêutica
32

para a obesidade em animais de estimação.

Figura 9 - Interação médico-veterinário/proprietário diante de um animal obeso.

(VASCONCELLOS; BORGES; CARCIOFI, 2015)

Pöppl et al. (2016), enfatizam que é interessante possibilitar o


fornecimento alguns petiscos, contanto que possuam baixa densidade energética e
não ultrapassem 10% das calorias calculadas para o paciente, sendo que estas
calorias devem ser subtraídas da quantidade do alimento oferecido. Partir os petiscos
33

autorizados em pequenos pedaços e fornecê-los aos poucos também é útil, segundo


os autores Pöppl et al. (2016), e eles explicam estas estratégias servem para não
privar totalmente o tutor do costume de agradar seu pet e como incentivo para que
não burlem/abandonem o programa de perda de peso.
Outras dicas válidas dadas pelos autores Pöppl et al. (2016): a troca do pote
de refeição do animal por um de tamanho menor, para evitar a impressão de vazio,
ou maus tratos, devido a pequena porção de alimento que deve ser fornecida a cada
refeição; e que os tutores preparem seus alimentos e façam suas refeições longe dos
animais em dieta de emagrecimento/manutenção de peso, para evitar que eles fiquem
implorando por comida, e também para mudar o hábito de fornecer restos alimentares
e / ou petisquinhos não autorizados.
A atividade física complementa a terapia dietética, auxiliando na perda de
gordura e preservando o tecido magro (PAZOS, 2016). Para felinos, podem ser feitas
atividades lúdicas, com a utilização de brinquedos que escondem os alimentos
(GERMAN, 2006).
Independentemente da estratégia de emagrecimento adotada, deve haver
acompanhamento da mesma (PAZOS, 2016). O plano de tratamento tem mais
chances de ser bem-sucedido com acompanhamento e reavaliações frequentes do
animal para controle de peso (GERMAN, 2006). Preconiza-se que monitorado seja
feito a cada 15 a 30 dias, e que o programa de redução de peso seja ajustado, caso
necessário, para manter o emagrecimento constante (DEAGLE et al, 2014).
Quando o animal atinge o peso ideal, é necessário estabelecer uma dieta de
manutenção e continuar com o monitoramento, para que ele não volte a engordar.

2.5 Prevenção

Saad (2004) preconiza que a prevenção da obesidade seja ser realizada desde
os primeiros meses de vida do animal, pois os filhotes tendem a comer
descontroladamente, ingerindo mais do que sua necessidade energética. Partindo
disso, a autora pontua que é comum o estômago do animal dilatar, estimulando, na
fase adulta, que ingira grandes quantidades de alimento, predispondo à obesidade.
Uma ampla abordagem sobre a obesidade felina envolve ações que evitem ou
dificultem ao máximo o seu surgimento (GOMES, 2017). É descrito na literatura que
há uma incompatibilidade geral entre a identificação da condição corporal dos gatos
34

por profissionais e pelos proprietários (COLLIARD et al., 2009; ÖHLUND et al., 2018).
Um sistema ECC ilustrado pode ser uma ferramenta útil para a educação do
proprietário com relação a prevenção, diagnóstico e tratamento da obesidade
(JERICÓ et. al., 2014).
Muitos donos de gatos obesos ignoram a doença, pois os efeitos nocivos à
saúde não costumam aparecer imediatamente. Conforme desenvolve as
comorbidades, o animal passa a demonstrar clinicamente suas complicações, como
dispneia, fadiga, intolerância ao exercício e dores articulares, fato que pode ser
evitado se houver um melhor entendimento sobre o problema pelo dono do animal
(REMILLARD, 2010; JERICÓ et al., 2015).
Deve ser informado ao tutor sobre os ajustes alimentares necessários após a
castração do animal, explicando sobre o ganho de peso quando se mantem a mesma
quantidade e tipo de alimento. O fornecimento de alimentos deve ser adequado à nova
condição de menor atividade física do animal (PÖPPL, 2018).
O uso de abordagens proativas como estratégias de gerenciamento nutricional
pode ajudar a prevenir o ganho de peso e as consequências negativas associadas
(LARSEN, 2017).
A estimulação de atividades físicas faz parte tanto do tratamento quanto da
prevenção da obesidade. Como gatos normalmente não são levados para passear, a
prática de brincadeiras dentro de casa, com o uso de brinquedos comprados ou
improvisados, é uma forma de fazer o animal se exercitar (LITTLE, 2015).
Manter o gato ativo, com brincadeiras e ou enriquecimento ambiental, saber e
respeitar a quantidade indicada de consumo da ração/alimentação e de guloseimas e
petiscos são algumas atitudes pontuais e simples para prevenção da obesidade
(PÖPPL, 2018).
Para os autores Ogoshi et al. (2015) o fator que mais condiciona cães e gatos
a uma vida saudável é uma nutrição correta, ou seja, o manejo alimentar adequado
colabora com a saúde e bem-estar dos pets.

3 MATERIAL E MÉTODO

Foi realizada uma revisão sistemática da literatura sobre o tema “Obesidade


em felinos” utilizando a base de dados Scientific Electronic Library Online (SciELO) e
35

periódicos Preventive Veterinary Medicine (PREVETMED), Publicações em medicina


veterinária e zootecnia (PUBVET), Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e
Zootecnia, Veterinary Clinics of North America: Small Animal Practice, Journal of
Feline Medicine and Surgery, aplicando as palavras-chave: saúde felina, distúrbio
nutricional e manejo alimentar, nos idiomas inglês e português, reunindo e
comparando os diferentes dados encontrados nas fontes de consulta e listando os
principais relacionados ao tema.
Referente ao período de coleta de dados, foram consideradas para a pesquisa
publicações realizadas no período de 1992 a 2021. A amostra inicial contou com uma
somatória de 137 artigos, e para a elaboração deste estudo, foram selecionados 63
estudos, nas línguas: portuguesa e inglesa. Complementarmente, obras literárias e
trabalhos acadêmicos e websites que tratavam de dados oficiais no Brasil e no exterior.

4 DISCUSSÃO

A partir da análise dos materiais selecionados para a realização desta revisão


bibliográfica, as informações foram organizadas e permitiram o aprofundamento no
assunto proposto. Os estudos foram agrupados de acordo com a similaridade do tema,
abordando as seguintes categorias relacionada a obesidade em felinos: 1) A
obesidade felina; 2) O tecido adiposo e as comorbidades e riscos associados à
obesidade; 3) Diagnóstico; 4) Tratamento; 5) Prevenção.
Considerou-se elementos pontuais para delinear de modo claro as informações
referentes ao tema, no intuito da confirmação de uma base teórica capaz de alinhar
os propósitos discutidos neste estudo, frisando a necessidade de uma maior atenção
relacionada aos cuidados com a saúde felina.
Sabendo que a obesidade é capaz de alterar de forma negativa a saúde do
animal, seu estudo se torna fundamental para conhecer as causas e consequências,
bem como as possíveis formas de coibir a extensão do agravo, além de fornecer
informações precisas para o correto diagnóstico, tratamento e formas de prevenção.
O conhecimento do médico veterinário acerca dos diversos aspectos
envolvidos com esta patologia, não torna a solução necessariamente mais fácil, pois,
de acordo com os autores Jericó et al. (2015), Pazos (2016) e Vandendriessche
(2020), é preciso convencer quem efetivamente é responsável pelo pet. Os autores
36

Abood e Verton-Shaw (2021) apontam que o entendimento da gravidade do caso por


parte do tutor e seu comprometimento com as instruções veterinárias são
fundamentais para o tratamento funcionar.
Há mais de uma década, autores como Colliard et al. (2009), Courcier et al.
(2010) Jericó et al. (2015), Gomes (2017), Öhlund et al. (2018), relatam que a falta de
um trabalho de prevenção pode derivar da insuficiência de disseminação de
informação por parte dos clínicos veterinários sobre os aspectos nutricionais e
comportamentais dos felinos, associada ao não reconhecimento da obesidade como
uma doença pelos tutores. Com as evidências de estudos e pesquisas, a exemplo das
publicadas por Remillard (2010), Witzel (2014), Vasconcellos et al. (2015), Pöppl el al.
(2016), Pazos (2016), Larsen (2017), Vandendriessche (2020), Abood e Verton-Shaw
(2021), os profissionais podem se preparar para defender com mais vigor a
importância de se reconhecer a doença e de preveni-la ou tratá-la.

5 CONCLUSÃO

Concluiu-se que a obesidade é uma patologia crônica multifatorial com diversas


comorbidades associadas que prejudicam a saúde e qualidade de vida dos felinos, e
que o tutor deve receber orientações veterinárias educativas para que enxergue isto
e, dessa forma, previna o seu surgimento ou, realize o tratamento adequadamente,
quando indicado.
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